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Científico:
Bases Para a Educação Científica
Formação Inicial e
Continuada
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IFMG
Daniel Afonso de Mendonça Toledo
1ª Edição
Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021
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Sobre o material
Formulário de
Sugestões
Bons estudos
Prof. Daniel Afonso de Mendonça Toledo
Apresentação do curso
Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.
Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando
eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado:
Objetivos
Será abordado a história da humanidade, os primórdios, as
primeiras revoluções científicas humanas, que nos permitiram
avançar rumo à modernidade e aos conceitos e métodos da
ciência moderna e pós-moderna.
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A dominação dos Homo sapiens, como espécie que conhecemos, um ser unânime
dentro dos hominídeos na terra, se deu à um grande marco que está pautado no curso em
questão, como ponto chave para o desenvolvimento científico humano, estamos falando da
revolução cognitiva (4).
A partir do marco zero, os homens se tornaram cada vez mais diferentes, complexos
e com uma capacidade de cognição cada vez maior, isso trouxe um senso cada vez mais
apurado de coletividade e da importância de se manter em bandos. A espécie que teve um
maior sucesso nesse quesito, sem sombra de dúvidas foi a que hoje conhecemos como
Homo sapiens, simplesmente Nós. Enquanto outras espécies não conseguiam se organizar
em números maiores de indivíduos, os Homo sapiens passaram a se organizar em bandos
cada vez maiores. Tal fato se deveu, principalmente à revolução cognitiva, que trouxe a eles
a capacidade de seguirem, ao invés de um ou mais líderes, com a necessidade das relações
físicas e afetivas, mitos ou histórias, que passavam a compor o imaginário coletivo, portanto
promovia um agregado muito maior de indivíduos e todos passavam a seguir tal imaginário,
como se fosse um líder, porém sem a dependência das relações físicas, das fraquezas
individuais humanas (4).
Agora, com tais níveis de organização, o poder do Homo sapiens se torna absoluto,
a ponto de provocar verdadeiros massacres e dominação por onde passavam. Além disso,
a propagação do Homo sapiens se torna global. Saímos da África em direção à Ásia, Europa,
Oceania, América. Dominamos o mundo e passamos a desenvolver ciência e tecnologia que
nos permitia cada vez mais nos fortalecermos e explorar o meio em que vivíamos. Éramos
exímios caçadores-coletores com tecnologias, as ciências avançavam entre os humanos (4).
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Figura 1 – A localização geográfica de três espécies do gênero Homo no globo terrestre e o período aproximado
de tempo referente à migração do Homo sapiens no globo terrestre (traços e setas vermelhas).
Fonte:https://commons.wikimedia.org/w/index.php?title=Special:Search&search=homo+sapiens+migration+w
orld+&fulltext=1&profile=default&ns0=1&ns6=1&ns12=1&ns14=1&ns100=1&ns106=1#/media/File:Spreading_
homo_sapiens.jpg (acessado em 18 Dez. 2020).
O Homo sapiens, agora como única espécie existente dentro do gênero homo, há
cerca de 10 a 15 mil anos atrás, iniciava uma ruptura do modo de vida e comportamental,
passando de caçador-coletor, homens nômades que saíam a medida do necessário para
capturar alimentos e recursos diversos, para agricultores e criadores de espécies em uma
área fixa e determinada.
O termo utilizado no título, “A grande revolução – O paradigma existencial” foi usado
propositalmente para chamar atenção e diz respeito a um caminho que o homem adotou,
contrário ao que praticou ao longo de milhares de anos, mas que embora fundamental para
estarmos aqui hoje, discutindo nesse texto os avanços e brilhantismo da ciência e evolução
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como os Chineses, terem uma escrita tão diferente do que temos acesso e estamos
acostumados a conviver? (6)
Os Hindus, datando em torno de 3000 a.C, contribuíram com a arquitetura,
urbanismo, higiene. Os Chineses, também em torno de 3000 a.C, se desenvolveram como
exímios agricultores, desenvolvendo técnicas importantes. Desenvolveram a escrita
Chinesa, as escolas políticas de Confúcio (Kung-Fu-Tzu), grande filósofo e pensador chinês.
Confúcio viveu de 551 a 479 a.C e trata-se de um grande pensador da história humana (6).
Da China vem o Ábaco - apesar de controversa a definição da origem, porém os Chineses
aperfeiçoaram e depois os Romanos - é um instrumento de cálculo em sistema decimal,
considerado como uma extensão do ato de se contar nos dedos (9). Dentre os muitos
desenvolvidos; o mais popular utiliza uma combinação de dois números-base (2 e 5) para
representar números decimais. Mas os mais antigos ábacos usavam números sexagesimais
representados por fatores de 5, 2, 3 e 2 por cada dígito (6,9).
Após esse breve relato sobre as civilizações antigas e contribuição científica, vamos
caminhar para entendermos de fato a Ciência. É importante entender que, como
mencionado, os Homo sapiens, desde sua origem, produzem conhecimento científico,
porém, tais conhecimentos descendem da necessidade de desenvolvimento na sociedade
e não como uma prática sistemática e metódica para busca de saberes relacionados à nossa
natureza, as leis naturais, funcionamento e composição das “coisas”, do universo.
Portanto, falar em ciência da maneira que entendemos e pensar no início do que
podemos hoje chamar de um método, nos afunila para uma civilização, que será de fato a
grande contribuinte para a criação daquilo que temos como Ciência. O próximo tópico trará
aqueles que estabeleceram a ciência como entendemos e seguimos, desde a antiguidade
até hoje e que tanto contribuiu e contribuiu para nosso desenvolvimento como sociedade,
com as revoluções e domínio absoluto humano do planeta e quem sabe, de partes fora dele.
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Semana 2 – A “construção” do método e sistematização da
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ciência
Objetivos
Entendimento dos principais acontecimentos, autores e
construção da ciência durante a antiguidade, idade média e
moderna. Entenderemos o método científico e como
fundamentou a ciência moderna e pós-moderna.
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Ele foi o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do tomismo.
Sua influência no pensamento ocidental é considerável. Ao contrário de muitas correntes da
Igreja na época, Tomás admirava e adotou as ideias de Aristóteles, confrontando-as e
criando um equilíbrio frente ao racionalismo aristotélico, convergindo com ensinamentos e
dogmas da igreja (tomismo). Referia-se a Aristóteles como "o Filósofo". É considerado um
dos grandes responsáveis pela estruturação das escolas e universidades católicas, que
ganharam a Europa e posteriormente foram os berços para que o mundo saísse dos
domínios e opressão típicos da idade média (18).
É importante ressaltar que não foi obra da igreja a criação das universidades, tendo
a primeira sido criada em Bologna e depois nos arredores da catedral de Notre Dame, em
Paris. Posteriormente as universidades passaram a ser ligadas à igreja e nobreza, ou seja,
as instituições universitárias passam a ser braços da igreja e tomam os ensinamentos de
São Tomás de Aquino como norteador (Tomismo) (18).
Apesar de termos, obviamente muitos exemplos, pensadores, sábios que
contribuíram para o desenvolvimento humano, deixando legados importantes, é necessário
entender que o período em si, durou cerca de 1000 anos, e grande parte do que se produzia
era voltado para explicar o inexplicável, ou seja, dogmas e mitos do cristianismo. A medida
que determinados conhecimentos naturalmente se distanciavam de tais dogmas, era
reprimido e prontamente diluído.
Os alquimistas, mesmo muitos sendo padres, eram observados de perto, sofriam
grande pressão para que não saíssem dos “trilhos”. Referências do período, com genialidade
e mentalidade fértil, como Tomás de Aquino, canalizou toda sua sabedoria e brilhantismo
para conectar ensinamentos racionais, aristotélicos e encaixá-los nos dogmas e mitos da
igreja, ou seja, trata-se de um período que mesmo que se tenha muita história e bons nomes
para discutir, que contribuíram, ficou muito aquém do desenvolvimento do conhecimento
humano que se poderia ter obtido.
Imaginemos, quem sabe, se não tivéssemos 1000 anos tão subaproveitados na nossa
história, se poderíamos entender muito mais da nossa natureza, fenômenos físicos, termos
tecnologias que nos permitiriam corrigir e contornar problemas que afligem a humanidade.
Se pudermos atribuir algo realmente produtivo na idade média, foi sem dúvidas o
desenvolvimento das universidades, que gerou, de forma irreversível uma guinada na mente
humana. A escolástica e o tomismo, eram a base do ensino nessas instituições, ou seja,
fortemente ligadas a explicar questões da igreja, o que obviamente reprimia o pensamento
e livre manifestação intelectual. Porém, tal fato não impedia de muitos pensadores e alunos,
mesmo ligados ao clero, pudessem se tornar cada vez mais questionadores, inquietos,
levando assim, ao longo de centenas de anos, à uma ruptura, um processo que culminou no
fim da característica reprimida da educação, pensamento e ciência da idade média (6).
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O renascimento pode ser caracterizado como o início da ruptura, marcado por ideias
e pensamentos que se opunham fortemente à escolástica e tomismo que eram dogmáticos
e limitadores. Compreende um período, embora não definido com exatidão, entre o século
XIV e XVII. Associado à um enfraquecimento da igreja, que não poderia mais reprimir com
a força de outrora. O pensamento questionador e libertador passaria a fluir pela mente de
alguns autores que se sentiam mais confortáveis em se manifestar nesse período (19).
Guilherme de Ockham (1285 – 1347), foi um frade franciscano, filósofo, que se opôs
duramente à filosofia escolástica e ao tomismo, embora o mesmo tenha praticado por boa
parte da vida. Por suas ideias e contestações, Ockham foi excomungado da igreja e fugiu
para a Baviera, hoje território Alemão. Esse fato foi muito importante e simbólico para
determinar eventos que culminariam na contestação dos dogmas da igreja, levando à
Reforma protestante, idealizada por Martinho Lutero (1483 – 1546) na própria Alemanha, no
Renascimento, com a ascensão de pensadores contestadores praticando arte dotada de
ciências e depois à Revolução Científica (6).
Nesse período surgiu também, apesar de já se ter algo parecido na China inventado
por um artesão denominado Bi Sheng (990 – 1051), a imprensa, com Johannes Gutenberg
(1400 – 1468), o que viabilizou mudanças profundas na forma com que a informação era
difundida, popularizando ideias. Pinturas repletas de conotações científicas, mensagens
ocultas foram produzidas, corroborando com essa ascensão do pensamento humano (20).
As ciências médicas passaram a ser praticadas com mais intensidade e com menos
restrições em relação ao corpo humano, as universidades dissecavam, abriam corpos e já
adotavam as aulas de anatomia como padrão. Conforme já mencionado anteriormente,
quando se falou sobre a idade média, o grande alquimista e médico Paracelso inventou
formas de utilização de fármacos, introduziu a bioquímica e os estudos que originaram o que
hoje conhecemos como medicamentos (17).
Nesse período tivemos a existência de uma das figuras mais brilhantes e geniais de
todos os tempos, Leonardo da Vinci (1452 – 1519). Da Vinci foi um gênio, multidisciplinar,
enciclopedista, que contribuiu em várias áreas do conhecimento como: Anatomia, Geologia,
Botânica, Hidráulica, Ótica, Matemática, Arquitetura, Engenharias, Filosofia e até mesmo em
engenharia de guerra. Da Vinci rompeu com a escolástica, e tampouco seguia as ideias
clássicas, como alguns autores da renascença adotava. Nunca publicou uma obra e o que
se sabe são provindas de inúmeras anotações para si mesmo e obras, protótipos, pinturas
e relatos. Da Vinci nunca se preocupou com um método, com a sistematização da ciência,
um padrão, portanto não contribuiu significativamente para o método científico moderno,
onde queremos chegar e foco desse curso. Também nunca produziu no intuito de ser
compreendido pelo coletivo, o que de fato é algo na contramão da ciência como conhecemos
e como deve ser (6).
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que antes era “magia” se torna ciência. Nomes como Robert Boyle (1627 – 1691), que para
os Ingleses é o pai da química e Antoine-Laurent de Lavoisier (1743 – 1794), pai da química
para a maioria, marcaram esse processo. Lavoisier publicou o livro Traité élémentaire de
chimie (tratado elementar de química) publicado em 1789. É considerado o primeiro livro
texto de química devido ao uso sistemático de instrumentos de precisão, metodologia
rigorosa nos experimentos e por negar a teoria do flogisto postulado pela alquimia. Foi
fundamental para a criação do que entendemos como química e junto de outros clássicos
monumentais como a “Física de Aristóteles”, “Almagesto” de Ptolomeu, os “Printipia” de
Newton é considerado um dos trabalhos mais importantes e influentes da história da ciência
(6,10).
Figura 3 – (A) Imagem e pintura de Isaac Newton e ao lado sua principal obra, uma das edições do “Principia”.
(B) Imagem e pintura de Lavoisier e ao lado uma das páginas do seu livro “Traité élémentaire de chimie”.
Fonte:https://commons.wikimedia.org/w/index.php?search=Isaac+Newton&title=Special:Search&profile=adva
nced&fulltext=1&advancedSearchcurrent=%7B%7D&ns0=1&ns6=1&ns12=1&ns14=1&ns100=1&ns106=1#/m
edia/File:Sir_Isaac_Newton_(1643-1727).jpg (acessado em 18 Dez. 2020).
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Antoine_Lavoisier_Trait%C3%A9_%C3%89l%C3%A9mentaire_de_C
himie_1789.jpg (acessado em 18 Dez. 2020).
https://en.wikipedia.org/wiki/Antoine_Lavoisier#/media/File:David__Portrait_of_Monsieur_Lavoisier_(cropped)
.jpg (acessado em 18 Dez. 2020).
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Semana 3 – Capacidade de entender ciência x desenvolvimento
humano
Objetivos
Discutiremos o método científico na contemporaneidade, os
feitos científicos, a difusão da ciência para o entendimento dos
termos e aceitação/entendimento social da ciência.
Popper questiona a ciência como definidora de suas verdades, seu absolutismo e diz
que é necessário que a filosofia trabalhe em conjunto. Isso se dá após percebermos que a
ciência não é absoluta em seus resultados e nem deve ser, pois se assim for, deixa de ser
plena, deixa de abrir portas, deixa de ser questionadora e questionada, o que sabemos ser
fundamental para o crescimento e produção do conhecimento. Grandes trabalhos e
descobertas, que duraram por anos como absolutas, fruto da pesquisa de grandes
pensadores foram, através de avanço científico e tecnológico, sendo refutadas e ou
flexibilizadas. Enquanto conhecimentos que eram absolutos simplesmente se desfizeram
outros foram relativizados, flexibilizados ou minimizados, por conta do avanço cientifico e
novas práticas mais modernas, com resultados mais satisfatórios. Todo esse raciocínio,
definimos como “o paradigma dominante” da ciência e nesse ponto, temos um momento da
“quebra do paradigma dominante”.
É bastante prudente dizermos que além de Einstein, Planck (1900), Bohr (1913),
Heisenberg, contribuíram significativamente para a quebra do paradigma newtoniano. Nesse
contexto, adentramos em uma nova perspectiva, uma nova visão da ciência,
contemporânea. Observações e experimentações são relativas, não se pode observar e
experimentar a física quântica em vários aspectos, mas pode-se concluir algo sobre ela. As
conclusões não são absolutas e se muda informações que conduziram o raciocínio científico
muda as conclusões. O método científico é elevado de um simples conjunto de regras e
passos a serem seguidos, a um processo elaborado, indefinido e contínuo. Assim o método
passa a ser justificado como uma descrição e a discussão, amplas e contínuas, de quais
critérios básicos são utilizados no processo de investigação científica (6,25).
Enquanto na ciência clássica, da idade média e moderna, que podemos entender
como ciência Aristotélica e Moderna, o conhecimento justificado e provado naquele
momento era aceito como verdadeiro, na ciência e método contemporâneos, o objetivo é
obter uma investigação constante e não achar a verdade. Assim, a ciência necessita de 2
aspectos: Um subjetivo, que cria, que projeta e o objeto que testa e confronta e não há uma
lógica para descoberta, entenda-o como um processo.
Não há mais sentido a concepção mecanicista que faz distinções entre ciências
naturais e ciências sociais, ainda mais que os avanços recentes da física e da biologia
rechaçam tal dualismo. Ademais, ao contrário do que ocorria na ciência moderna, no
paradigma emergente a inteligibilidade da natureza é presidida por conceitos, teorias,
metáforas e analogias das ciências sociais, na tentativa, inclusive, de aproximar as ciências
da humanidade. Todo o conhecimento científico-natural é científico-social; todo
conhecimento é local e total; todo conhecimento é autoconhecimento; todo conhecimento
científico visa a se constituir em senso comum (25).
Portanto é necessário que as ciências sejam praticadas por um processo amplo e
complexo, em harmonia e interação com as ciências sociais, humanas, que interaja com as
realidades das pessoas e leve em consideração questões culturais, costumes. Não
confundamos o que foi dito com uma flexibilização da ciência e aceitação de ideias baseadas
em cultura, costumes e humanidades, porém, os conhecimentos, o método tem que levar
em conta e trabalhar com esses espectros, pois se assim não se faz, se torna imutável,
absoluto, ditatorial, e vimos que o conhecimento feito dessa forma em algum momento se
contradiz e cai por terra. Também, é necessário entender que a ciências e seus avanços só
fazem sentido se tiverem consequência para as pessoas, para isso devem interagir com as
questões humanas, como mencionado (25).
Portanto, o método científico abordado dessa forma, além de ser um caminho sem
fim, produtivo e não absoluto, aceitando novas informações e perspectivas, desde que sigam
a lógica e o método, regras básicas, precisa se difundir no senso comum, se tornar real na
vida das pessoas e assim criar uma ciência forte, transformadora e reflexiva. Nesse ponto,
concluímos nosso conteúdo, alertando que na humanidade, o capitalismo, a exploração de
mitos e costumes, acabam por separar romper com essa lógica. Assim, o que percebemos,
são massas de pessoas que não conseguem entender o método e nem se quer mensurar
ciências. Tais pessoas, baseado em emoções, achismos e negacionismos, passam a
produzir informações danosas, que se espalham por nosso sistema altamente interativo
permitido pela internet. Alguns, por oportunismo e estratégia de ganhar popularidade,
recursos, dinheiro e poder fazem uso da ignorância científica para manipular e moldar a
opinião pública. Isso se intensifica quando veículos de informação dão espaço como se
fossem o contraditório à ciência séria, produzida corretamente, a partir de um método
científico.
É necessário urgentemente que a educação seja prioridade de uma vez por todas, de
forma geral, e com grande enfoque na educação científica. Só é possível combater a
ignorância, a inutilidade de determinadas informações e neutralizar os efeitos catastróficos
de teóricos da conspiração, negacionistas e pseudocientistas, como suas pseudociências,
baseadas em emoção, com educação científica, que parte do entendimento do método, das
bases da ciência, como fazemos nesse curso.
Por fim, é importante que entendamos que quanto menos informações, quanto
menos educação e quanto menos entendemos do método científico e a construção do
pensamento científico humano, mais tendemos a “crer” e aceitar ideias estapafúrdias de
várias naturezas, perigosíssimas para o progresso humano, que podem ser danosas para
1 - CORDEIRO, Antonio Rodrigues. Gênese da vida humana. Cienc. Cult., São Paulo , v.
60, n. spe1, p. 60-62, July 2008 .
2 - LEVI-STRAUSS, C. O cru e o cozido. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
3 - WRANGHAM, R. Pegando fogo: por que cozinhar nos tornou humanos. Rio de
Janeiro: J. Zahar, 2010.
4 - HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. Porto Alegre:
L&PM Editores S. A., 2018.
5 - GHIDINI, Rafael. MORMUL, Najla Mehanna. Revolução agrícola neolítica e o
surgimento do Estado classista: breve construção histórica. Revista de Ciências do
Estado. Belo Horizonte: v. 5, n. 1, 2020.
6 – CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 2004.
7 – SANTOS, António Ramos. A historiografia e o tempo na Mesopotâmia. Cultura
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8 - ENCLOSURE. In Encyclopædia Britannica. 2013. Disponível em:
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9 - OLIVEIRA, P. C. et al. Uma Rota pelos Instrumentos de Cálculo. v. 20, p.15, 2019.
10 - ROSA, Carlos Augusto de Proença. História da Ciência: Da Antiguidade ao
Renascimento Científico. 2. ed., Brasília: FUNAG, 2012.
11 - POLITO, A, M. Mota; FILHO, O. L. Silva. A filosofia da natureza dos pré-Socráticos.
Cad. Bras. Ens. Fís., v. 30, n. 2: p. 323-361, 2013.
12 - MCKEON, R. The basic works of Aristotle. New York: The Modern Library, 2001.
13 – KOCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: Teoria da ciência e
iniciação à pesquisa. 34. ed., Petrópolis: Vozes, 2015.
14 - RODRIGUES NETO, Guilherme. Euclides e a geometria do raio visual. Sci stud.,
São Paulo, v. 11, n. 4, p. 873-892, 2013.
15 - BITTAR, Eduardo C. B. O aristotelismo e o pensamento árabe: Averróis e a
recepção de Aristóteles no mundo medieval. Rev. Port. de História do Livro, Lisboa, n.
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16 - RASCHIETTI, Matteo. A importância e o legado de Alberto Magno na controvérsia
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17 - LUGONES BOTELL, Miguel; et.al. Paracelso. Rev Cubana Med Gen Integr, Ciudad
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18 - SANTOS ,Ivanaldo Oliveira. Tomás de Aquino e o século XIII. Ágora Filosófica. N.1,
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19 - DAMIÃO, A. P. O Renascimento e as origens da ciência moderna: Interfaces
históricas e epistemológicas. História da Ciência e Ensino: construindo interfaces. v. 17,
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20 - FLORENTINO, Luiz Felipe. Os reflexos da imprensa na Reforma Protestante e
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21 - MARICONDA, Pablo Rubén. Galileu e a ciência moderna. Cadernos de Ciências
Humanas - Especiaria. v. 9, n.16, p. 267-292. 2006.
22 - ZATERKA, L., and BARBOSA, G.L.A. Francis Bacon e a constituição do ideal
científico moderno. In: MOURA, B. A., and FORATO, T. C. M., comps. Histórias das
ciências, epistemologia, gênero e arte: ensaios para a formação de professores [online].
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23 - PINO, Angel. Ciência e educação: a propósito do bicentenário do nascimento de
Charles Darwin. Educ. Soc., Campinas , v. 30, n.108, p. 845-866, 2009.
24 - SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências na transição para
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25 - RIBEIRO, Wallace Carvalho; et.al. Paradigma tradicional e paradigma emergente:
Algumas implicações na educação. Ens. Pesqui. Educ. Ciênc. v. 12, n. 1, p. 27-
42, 2010
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Currículo do autor
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Glossário de códigos QR (Quick Response)
Mídia digital
Síntese da semana 3.
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