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Constitucional
PROFESSORAS
Me. Heloisa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
FICHA CATALOGRÁFICA
Curadoria
Maira Vanessa da Rocha CDD - 22 ed. 342.08
Revisão Textual
Cindy Mayumi Okamoto Luca
Ilustração
Impresso por:
Bruno Cesar Pardinho Figueiredo,
Geison Ferreira da Silva
Fotos Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Shutterstock
Caro Aluno;
É com muita alegria que me dirijo a você durante este
nosso estudo.
Meu nome é Heloísa Alva Cortez Gonçalves , sou gra-
duada em Direito pela Unicesumar, Pós Graduada em Di-
reito Constitucional –Universidade Estadual de Maringá,
Pós Graduada em Direito Público – UGF/RJ, e Pós Gra-
duada em Direito Ambiental – Universidade Internacio-
nal de Curitiba, Mestre em Direito – UNICESUMAR, tendo
concluído o primeiro módulo de formação especializada
(Master/ Doutorado) em Teoria Crítica pela Universidad
Pablo de Olavide – Espanha, sou advogada, e professora
universitária das disciplinas de Direito Constitucional, Di-
reitos Humanos e Direito Ambiental.
Elaborei este material a você de maneira sistematizada,
e de fácil acesso, para contribuir com sua formação nesta
importantíssima matéria que é o Direito Constitucional.
Nossa matéria é considerada uma das mais importan-
tes da grade do curso de Direito, pois, além de ser a base
normativa de todo o sistema jurídico, é a responsável por
embasar de legalidade a existência das demais matérias,
o direito constitucional é amplamente cobrado em todos
os concursos que envolvem matéria jurídica.
A paixão pelo Direito Constitucional motiva minha vida
acadêmica desde muito cedo, entusiasmo este que pro-
curarei passar a você querido acadêmico.
Vários temas podem ser compreendidos na sua tota-
lidade a partir da matéria constitucional. Aquele que de-
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5
Me. Isis Carolina Massi Vicente
http://lattes.cnpq.br/6454598405069146
REALIDADE AUMENTADA PENSANDO JUNTOS
Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
ce. Aproxime seu dispositivo móvel
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA
1
13 2
25
DIREITO DIREITOS SOCIAIS
CONSTITUCIONAL
3
37 4
53
DIREITO DE DIREITOS
NACIONALIDADE: POLÍTICOS
A CONDIÇÃO
JURÍDICA DO
ESTRANGEIRO
5
63
PARTIDOS
POLÍTICOS
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
6
71 7
85
ESTADO FEDERAL ESTADO FEDERAL
8
99 9
107
UNIÃO: NATUREZA ESTADOS
JURÍDICA, FEDERADOS
COMPETÊNCIAS E
BENS
10
117
MUNICÍPIOS
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
11
127 12
135
DISTRITO FEDERAL INTERVENÇÃO
E TERRITÓRIOS FEDERAL E
INTERVENÇÃO
DOS ESTADOS NOS
MUNICÍPIOS
13
143 14
149
ORDEM SOCIAL SEGURIDADE
SOCIAL, SAÚDE,
PREVIDÊNCIA
E ASSISTÊNCIA
SOCIAL
15
167
EDUCAÇÃO,
CULTURA E
DESPORTO
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
16
177 17
189
DESPORTO CIÊNCIA E
TECNOLOGIA:
COMUNICAÇÃO
SOCIAL
18
205 19
229
MEIO AMBIENTE: FAMÍLIA, CRIANÇA,
ÍNDIOS ADOLESCENTE E
IDOSO
20
241
DAS DISPOSIÇÕES
CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICAS
1
Direito
Constitucional
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
14
UNICESUMAR
Direito Constitucional
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
17
UNIDADE 1
Constitucionalismo
Klaus Stern afirma que o termo "constitucionalismo", apesar de ser recente, está
ligado a uma ideia bastante antiga: a existência de uma Constituição nos Estados,
independentemente do momento histórico ou do regime político adotado. Ainda
que a Constituição, em sentido moderno, tenha surgido apenas a partir das guer-
ras religiosas dos séculos XVI e XVII, pode-se dizer que todos os Estados, mesmo
os absolutistas ou totalitários, sempre possuíram uma norma básica, expressa ou
tácita, responsável por conferir o poder soberano (STERN, 1987).
Kildare Gonçalves Carvalho define o constitucionalismo a partir de uma
perspectiva jurídica e sociológica. Em termos jurídicos, reporta-se a um sistema
normativo enfeixado na Constituicao e que se encontra acima dos detentores do
poder. Já sociologicamente, representa um movimento social que dá sustentação
à limitação do poder, inviabilizando que os governantes possam fazer prevalecer
os próprios interesses e regras na condução do Estado (CARVALHO, 2006).
Portanto, o constitucionalismo pode ser definido como uma forma de limitar
o poder do governante e de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos a
partir de um documento chamado Constituição.
A história do constitucionalismo não é, senão, a busca pelo homem político,
das limitações do poder absoluto exercido pelos detentores do poder, assim como
o esforço de estabelecer uma justificação espiritual, moral ou ética da autoridade,
ao contrário da submissão cega à facilidade da autoridade existente (LOEWENS-
TEIN,1 970).
O desenvolvimento dessas ideias ao longo do tempo fez surgir diferentes
fases do constitucionalismo. Analisaremos as diferentes etapas dessa evolução
histórica a seguir.
Dentre tantas eras, dois grandes movimentos constitucionais podem ser destaca-
dos: o antigo e o moderno. Todavia, analisaremos brevemente a evolução histórica
do constitucionalismo em etapas.
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UNICESUMAR
19
UNIDADE 1
d. Constitucionalismo norte-americano
Os contratos de colonização marcaram os Estados Unidos da América do
Norte. Os peregrinos, ao chegarem na América, fixaram, por mútuo consenso, as
regras para governar. Foi firmado pelos chefes das famílias a bordo do Mayflo-
wer o célebre “Compact”, de 1620, estabelecendo-se a Fundamental Orders of
Connecticut de 1639. Dessa forma, a organização do governo foi feita pelos go-
vernados. A Declaration of Rights do Estado de Virgínia de 1776 foi outro marco
dessa época.
f. Constitucionalismo contemporâneo
Nesta etapa do constitucionalismo, encontramos a noção de constituição
programática. O totalismo constitucional significa que as constituições contêm
informações sociais, estabelecendo, como consequências, normas programáticas
(metas que o Estado quer atingir).
Esse fato traz dois problemas:
- A existência de normas programáticas que são praticamente inalcançáveis
pela maioria dos Estados.
20
UNICESUMAR
- Normas que não são implementadas por simples falta de motivação política
dos administradores e governantes responsáveis.
As normas inalcançáveis precisam ser retiradas do corpo constitucional, po-
dendo figurar, no máximo, como objetivos a serem alcançados a longo prazo, e
não como declarações de realidades utópicas. Já as normas que não são imple-
mentadas por falta de motivação política precisam ser cobradas do Poder Públi-
co com mais força. A participação da sociedade e de organismos de controle e
cobrança, como o Ministério Público, é essencial (RAMOS, 2010).
Portanto, no constitucionalismo contemporâneo, é cobrada uma maior efe-
tivação das normas constitucionais.
g. Constitucionalismo do futuro
Busca efetivar os direitos de terceira geração/dimensão (fraternidade e soli-
dariedade), para estabelecer um equilíbrio entre o constitucionalismo moderno
e alguns excessos do contemporâneo. O futuro do constitucionalismo deve estar
influenciado até se identificar com a verdade, a solidariedade, a continuidade, a
participação, a integração e a universalidade. Eles significam:
■ Verdade: a Constituição não pode gerar falsas expectativas, só prometer
o que pode cumprir.
■ Solidariedade: nova perspectiva da igualdade, pautada na solidariedade
dos povos.
■ Consenso: fruto do consenso democrático.
■ Continuidade: na reforma constitucional, deve-se levar em conta os avan-
ços alcançados.
■ Participação: a integração dos corpos intermediários da sociedade deve
estar presente.
■ Integração: a integração moral, ou seja, ética entre os povos deve ocorrer
a partir de órgãos supranacionais.
■ Universalização: refere-se à consagração dos direitos fundamentais in-
ternacionais nas constituições futuras, fazendo prevalecer o princípio da
dignidade da pessoa humana de maneira universal e afastando qualquer
forma de desumanizaçãoLENZA, 2022, p. 52.
21
UNIDADE 1
h. Neoconstitucionalismo
Após a Segunda Guerra Mundial, um movimento vagaroso, detectado, sobre-
tudo, na jurisprudência das cortes constitucionais, foi dando um novo caráter às
ordens jurídicas nacionais. Por esse movimento, as constituições outrora obser-
vadas como repositórios de divisão de competência e definição de programas
genéricos a entes públicos, foram alcançando um novo patamar, qual seja o de
documentos vinculantes dos poderes públicos, dotados de efetividade e de apli-
cabilidade, inclusive, em relação à particulares. A constituição passa a ter uma
onipresença na ordem jurídica, evocando um esforço constante dos tribunais
para concretização. O princípio da dignidade humana toma lugar de destaque
de todo o sistema ARAÚJO & NUNES JR, 2021, p. 5.
Uma nova perspectiva em relação ao constitucionalismo, denominada cons-
titucionalismo pós-moderno, pós-positivismo ou, ainda, neoconstitucionalismo,
passa a se desenvolver. O neoconstitucionalismo tem uma preocupação mais
avançada à medida que não mais se deseja apenas limitar o poder do governante
a partir da Constituição, mas também buscar a eficácia da Constituição, fazendo
com que o texto seja mais efetivo, especialmente para a concretização dos direitos
fundamentais LENZA, 2022.
O neoconstitucionalismo objetiva concretizar as prestações materiais pro-
metidas pela sociedade, para servir de instrumento para a concretização de
um Estado Democrático Social de Direito. No neoconstitucionalismo, obje-
tiva-se a concretização dos direitos fundamentais e a garantia de condições
dignas mínimas.
É a primazia da aplicação direta da Constituição, orientada especialmente
por princípios, e fundada em uma forte atividade judicial, que faz da efetividade
dos direitos fundamentais a principal razão de ser do neoconstitucionalismo. O
neoconstitucionalismo adota o caráter de mecanismo ou técnica de efetividade
do texto constitucional, especialmente dos direitos fundamentais, o que natural-
mente destaca a importância do Judiciário no contexto da relação com os demais
poderes ARAÚJO e NUNES JR, 2021, p. 7.
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UNICESUMAR
Soberania e constitucionalismo
Considerações finais
NOVAS DESCOBERTAS
Assista ao filme Robin Hood. Historicamente, o filme remete ao ano de 1215. Observe
o surgimento do constitucionalismo durante a Idade Média e o surgimento positivado
de uma constituição limitando poderes do governante. Analise os efeitos disso sobre a
sociedade inglesa.
23
Responda a questão a seguir para revisar a matéria.
2. Sabemos que a Constituição é a lei maior de um Estado, cujo primeiro marco na Era
Medieval e do próprio Constitucionalismo foi a Magna Carta de 1215, outorgada na
Inglaterra pelo Rei João Sem Terra. Sendo assim, historicamente as Constituições
buscaram limitar os poderes dos Governantes e garantir os direitos aos cidadãos.
Contudo, há uma nova perspectiva em relação ao Constitucionalismo, que objetiva
não mais limitar o poder do governante por meio da Constituição, mas também
fazer com que seu texto seja mais efetivo e voltado a busca pela concretização dos
direitos fundamentais. Analise as alternativas abaixo e assinale a que corresponde
corretamente a este movimento (FONTE: a autora, 2022):
a) Constitucionalismo social;
b) Constitucionalismo moderno;
c) Neoconstitucionalismo;
d) Novo constitucionalismo;
e) Universalização do Constitucionalismo;
24
2
Direitos Sociais
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Prezado aluno,
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UNICESUMAR
O começo de tudo
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UNIDADE 2
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UNICESUMAR
Direitos Sociais
29
UNIDADE 2
b. Direito à saúde
O Art. 196 da Constituição Federal (seção II – da Saúde) dispõe que a saúde
é um direito de todos e dever do Estado garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos. Também
objetiva o acesso universal igualitário às ações e aos serviços para promoção, pro-
teção e recuperação.
Portanto, a saúde é um Direito Social. Ela está no rol dos chamados direitos
fundamentais.
O direito à saúde constitui um desdobramento do próprio direito à vida. Logo,
não poderia deixar de ser considerado um direito fundamental do indivíduo
(ARAÚJO e NUNES JR, 2021, p. 546.).
O direito à saúde está vinculado a dois princípios constitucionais: o acesso
universal e o acesso igualitário. O princípio do acesso universal sustenta que os
recursos e as ações na área de saúde pública devem ser destinados ao ser humano
enquanto gênero, não podendo ficar restritos a um grupo, categoria ou classes
de pessoas. Já o princípio do acesso igualitário defende a ideia de que as pessoas
na mesma situação clinica devem receber igual atendimento, inclusive, no que se
refere aos recursos utilizados, aos prazos para internação e realização de exames,
consultas etc (ARAÚJO e NUNES JR, 2021, p. 546.).
O direito à saúde contempla o fornecimento de remédios, de acordo com o
Art. 198, inciso II, da Constituição Federal e o Art. 6, inciso I, d, da Lei nº 8.080/90,
que afirma que está incluída no campo de atuação do Sistema Único de Saúde
(SUS) a assistência terapêutica integral, inclusive, a farmacêutica.
c. Direito à alimentação
O direito à alimentação foi reconhecido pela Comissão de Direitos Humanos
da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993. Essa decisão enriqueceu a
Carta dos Direitos de 1948, colocando em primeiro lugar, entre os direitos do ci-
dadão, a alimentação. No Brasil, a Emenda Constitucional nº 64/2010 introduziu
o direito à alimentação no rol dos Direitos Sociais.
A Lei nº 11.346/2006 (regulamentada pelo Decreto nº 7.272.2010) havia
criado o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), obje-
tivando assegurar o direito à alimentação adequada.
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UNICESUMAR
d. Direito ao trabalho
O direito ao trabalho é um instrumento para assegurar e implementar a exis-
tência digna. O Art. 170, caput, da Constituição Federal dispõe essa proteção cons-
titucional. Já o Art. 7 da Constituição Federal dispõe os direitos dos trabalhadores
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria da condição social deles.
Nas relações trabalhistas, os direitos fundamentais derivam dos seguintes
valores: liberdade e igualdade. Eles são voltados à proteção da integridade física,
moral, psicológica, para assegurar uma vida digna.
O Art. 7 da Constituição Federal, na parte final, estabelece “outros que visem à me-
lhoria de sua condição social (BRASIL, 1988, p. 18). Isso demonstra que o rol contem-
plado é exemplificativo, incluindo outros direitos fundamentais dispostos nas leis traba-
lhistas e no texto constitucional, podendo ser ampliados por emendas constitucionais.
Os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (Art. 1, inciso III
da Constituição Federal), os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (Art. 1, in-
ciso IV da Constituição Federal), a valorização do trabalho humano e da justiça social
(Art. 170 da Constituição Federal), a busca pelo pleno emprego (Art. 170, inciso VIII
da Constituição Federal) e o primado do trabalho como base da ordem social (Art.
193 da Constituição Federal) são alguns artigos que visam à proteção do trabalhador.
A Emenda Constitucional nº 28/2000, no Art. 7, inciso XXIX, unificou o
prazo prescricional para as ações referentes aos créditos resultantes das relações
de trabalho. Além disso, inexiste constitucionalmente qualquer diferença de tra-
tamento entre os trabalhadores urbanos e rurais. Já no Art. 7, inciso XXXIV, a
Constituição Federal assegura a igualdade de direitos entre os trabalhadores com
vínculo empregatício permanente e os avulsos.
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UNIDADE 2
32
UNICESUMAR
Considerações finais
Saiba mais
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UNIDADE 2
PENSANDO JUNTOS
Dentre os direitos sociais, qual é o mais carente de investimentos no Brasil? Por quê?
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1. Historicamente, a busca pelos direitos sociais fez parte da evolução, sendo fruto
de muitas lutas sociais. No entanto, foram evidenciados com mais força após a 2ª
Guerra Mundial, com a implementação do Estado Social nos países Europeus arra-
sados pela guerra. Contudo, o Brasil nunca vivenciou um modelo de Estado Social tal
qual o Europeu, mas a Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição
Cidadã, promulgada após um longo período ditatorial, tinha a necessidade de prever
de forma expressa os direitos sociais. Desta forma, analise as alternativas abaixo e
assinale a que dispõe corretamente sobre a previsão dos direitos sociais na Consti-
tuição Federal de 1988 (FONTE: a autora, 2022).
R: a resposta correta está na letra “d”, já que os Direitos Sociais previstos na Cons-
tituição Federal deveriam ser cumpridos pelo Estado a partir da promulgação da
Constituição Federal de 1988, ainda que não em grau máximo/satisfatório como
deveria ser em razão da falta de recursos públicos.
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3
Direito de
Nacionalidade: A
Condição Jurídica
do Estrangeiro
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Olá aluno,
cial relevância e que repercute nos campos cível, criminal e até político.
UNIDADE 3
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UNICESUMAR
Conceito
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UNIDADE 3
Brasileiro nato
Como regra geral prevista no Art. 12, inciso I da Constituição Federal (CF), o
Brasil, país de imigração, adotou o critério ius solis. Essa regra, porém, é atenuada
em diversas situações. É brasileiro nato:
• Qualquer pessoa que nascer no território brasileiro (República Federativa
do Brasil), mesmo que seja filho de pais estrangeiros. Os pais estrangeiros, no
entanto, não podem estar a serviço de seu paí (ius solis) (Art. 12, I, “a” CF).
• Serão considerados brasileiros natos aqueles que, mesmo tendo nascido no
exterior, sejam filhos de pai ou mãe brasileiros e qualquer deles (o pai ou a mãe,
ou ambos) que esteja a serviço da República Federativa do Brasil (administração
direta ou indireta) (ius sanguinis + serviço do Brasil) (Art. 12, I, “b” CF).
“A expressão '"a serviço do Brasil" há de ser entendida não só como a ativida-
de diplomática que que afeta ao Poder Executivo, mas também como qualquer
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UNICESUMAR
Brasileiro naturalizado
O pedido de naturalização
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UNIDADE 3
Naturalização ordinária
Encontra previsão no art. 12, II, "b" da Constituição Federal e art. 67 da Lei
13.445/2017, a naturalização extraordinária dar-se-á quando os estrangeiros, de
qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais
de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, requisitarem a nacionalidade
brasileira.
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UNICESUMAR
Regra geral
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UNIDADE 3
soa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução
de processo em curso.
■ Crime comum: o naturalizado poderá ser extraditado somente se praticou
o crime comum antes da naturalização.
■ Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins: caso seja comprovado o
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei, o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado, não importando o
momento da prática do fato típico, seja antes, seja depois da naturalização.
Assim o brasileiro nato jamais poderá ser extraditado. Para o naturalizado,
aplica-se o seguinte:
■ “A primeira, de eficácia plena e aplicabilidade imediata, se a natura-
lização é posterior ao crime comum pelo qual procurado” (LENZA,
2012, p. 1103).
■ “A segunda (de eficácia limitada, aplicabilidade mediata e reduzida, acres-
cente-se), no caso de naturalização anterior ao fato, se se cuida de tráfico
de entorpecentes: aí, porém, admitida, não como a de qualquer estrangei-
ro, mas, sim, ‘na forma da lei’, e por ‘comprovado envolvimento’ no crime:
a essas exigências de caráter excepcional não basta a concorrência dos
requisitos normais de toda extradição, quais sejam a dúplice incriminação
do fato imputado e o juízo estrangeiro sobre a seriedade da suspeita. (...);
para a extradição do brasileiro naturalizado antes do fato, porém, que só
a autoriza no caso de seu ‘comprovado envolvimento’ no tráfico de dro-
gas, a Constituição impõe à lei ordinária e criação de um procedimento
específico, que comporte a cognição mais ampla da acusação na medida
necessária à aferição da concorrência do pressuposto de mérito, a que
excepcionalmente subordinou a procedência do pedido extraditório: por
isso, a norma final do art. °, LI, CF, não é regra de eficácia plena, nem de
aplicabilidade imediata” (Ext. 541 – Rel. p/ o AC. Min. Sepúlveda Pertence,
j. 07.11.91, Plenário, DJ de 18.12.92 e Ext. 934-QO, Rel. Min. Eros Grau, j.
09.09.2004, Plenário, DJ de 12.11.2004 (LENZA, 2022, p. 664).
44
UNICESUMAR
Expulsão
O art. 54 da Lei 13.445/2017, define o que vem a ser expulsão, como sendo uma
medida administrativa de retirada obrigatória de migrante ou visitante do território
nacional, juntamente com o impedimento de reingresso por prazo determinado.
Todavia, será passível a expulsão aqueles que cometerem crime de genocídio,
crime contra a humanidade, crime de guerra ou de agressão, nos termos definidos
pelo Estatuto de Roma do tribunal Penal Internacional de 1998, ou os que come-
teram crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas
a gravidade e possibilidades de ressocialização em território nacional, desde que
haja transito em julgado (art. 54, § 1º, I e II da Lei 13445/2017).
Importante destacar que conforme art. 55 da Lei 13.445/2017, não ocorre-
rá a expulsão quando a medida for inadmitida pela legislação brasileira ou o
expulsando tiver filho brasileiro sob a égida de sua guarda ou dependência ou
tiver pessoa nacional sob sua tutela, bem como tiver conjuge ou companheiro
residente no Brasil, ou ainda tiver ingressado no Brasil até os 12 anos de idade e
residindo aqui desde então e por fim, tratar-se de pessoa com mais de 70 anos e
que resida aqui no Brasil há mais de 10 anos, considerados a gravidade e funda-
mento sa expulsão.
No processo que objetiva a expulsão deverá haver a garantia do contraditório
e da ampla defesa (art. 58 da Lei 13.445/2017).
45
UNIDADE 3
Deportação
Banimento
46
UNICESUMAR
O Art. 12, § 3°, da Constituição Federal de 1988 estabelece que alguns cargos
da adminis da Administração Públicatração pública serão ocupados somente
por brasileiros natos, fazendo expressa diferenciação em relação aos brasileiros
naturalizados. Esse fato é perfeitamente possível, já que é introduzido pelo poder
constituinte originário. Assim, são privativos de brasileiros natos, os cargos:
■ De Presidente e Vice-Presidente da República.
■ De Presidente da Câmara dos Deputados.
■ De Presidente do Senado Federal.
■ De Ministro do STF.
■ De carreira diplomática.
■ De oficial das Forças Armadas.
■ De Ministro de Estado da Defesa.
47
UNIDADE 3
De acordo com o Art. 12, § 4°, I, somente o brasileiro naturalizado poderá perder
a nacionalidade em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
Conselho da República
De acordo com a nova redação conferida ao Art. 222, caput, da CF/88, pela EC
nº 36/2002, a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de
sons e imagens é privativa:
■ A brasileiros natos.
■ A brasileiros naturalizados há mais de 10 anos.
■ A pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no país.
Perda da nacionalidade
48
UNICESUMAR
49
UNIDADE 3
Conclusão
EXPLORANDO IDEIAS
A Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017, instituiu a Lei de Migração e revogou a Lei nº 6.815,
de 1980, conhecida como Estatuto do Estrangeiro.
Você sabia que, embora a Lei de Migração de 2017 tenha deixado de criminalizar con-
dutas previstas no Estatuto do Estrangeiro, como a declaração falsa para o processo de
transformação do visto, o processo de naturalização ou para a obtenção de passaporte
para estrangeiro, essas condutas ainda continuam configurando crime?
Isso, porque, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), por meio de decisão da quinta turma,
compreendeu que, com a revogação da Lei nº 6815/1980 - Estatuto do Estrangeiro, não há
que se falar em abolitiu criminis, pois o crime encontra-se tipificado no Art. 299 do Código
Penal, devido à continuidade normativa típica.
Dessa forma, a declaração falsa segue tipificada em outro dispositivo.
50
1. O Brasil, desde sua descoberta, contou com a imigração de pessoas de diversas na-
cionalidades, sendo que nos períodos de pós-guerras mundiais tivemos um notável
ingresso de imigrantes. Contemporaneamente, estamos recebendo muitos imigran-
tes Venezuelanos, Ucranianos e Sírios, que identificaram aqui uma possibilidade de
conseguirem melhores condições de vida, após terem sofrido com conflitos ou con-
dições políticas em seus países de origem. Sem dúvida, o Brasil é conhecido por ser
um país receptivo e miscigenado, contudo, ainda que se busque pela igualdade de
direitos entre brasileiros natos e naturalizados, existem alguns cargos previstos pela
Constituição Federal que só podem ser ocupados por brasileiros natos. Desta forma,
analise as alternativas abaixo e assinale a única que traz somente cargos privativos
de brasileiros natos: (FONTE: a autora, 2022)
R: a resposta correta é a letra “b”, conforme art. 12, §3º, da Constituição Federal, são
cargos privativos de brasileiros natos, Presidente e Vice-Presidente da República;
Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do
STF; carreira diplomática; oficial das Forças Armadas; Ministro de Estado da Defesa.
51
4
Direitos Políticos
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Olá aluno,
Você sabia que o exercício dos Direitos Políticos é a base para o exer-
públicos.
UNIDADE 4
Os Direitos Políticos são instrumentos que a Constituição Federal utiliza para ga-
rantir o exercício da soberania popular. Há a atribuição de poderes aos cidadãos,
para que interfiram na condução da coisa pública, seja direta, seja indiretamente.
Segundo Pedro Lenza (LENZA, 2022, p. 1385.), é possível classificar os regi-
mes democráticos em:
a) A democracia direta, em que o povo exerce por si o poder, sem representantes.
b) A democracia representativa, na qual o povo, soberano, elege representan-
tes, outorgando-lhes poderes, para que, em nome deles e para o povo, governem
o país.
c) A democracia semidireta ou participativa. Trata-se de um “sistema híbrido”,
uma democracia representativa, com peculiaridades e atributos da democracia
direta. Segundo Mônica de Melo (apud LENZA, 2022, p. 1122), constitui um
mecanismo capaz de propiciar, “além da participação direta, concreta do cidadão
na democracia representativa, controle popular sobre os atos estatais”.
54
UNICESUMAR
Democracia direta
Iniciativa popular
55
UNIDADE 4
Como núcleo dos direitos políticos, surge o direito de sufrágio, que se caracteriza
tanto pela capacidade eleitorall ativa (direito de votar) quanto pela capacidade
eleitoral passiva (direito de ser votado, elegibilidade).
■ Capacidade eleitoral ativa
O exercício do sufrágio ativo se dá pelo voto, que pressupõe:
a) Alistamento eleitoral na forma da lei (título eleitoral).
b) Nacionalidade brasileira (Art. 14, § 2° CF).
c) Idade mínima de 16 anos (Art. 14, § 1°, II, “c”).
d) Não ser conscrito durante o serviço militar obrigatório.
Assim, o alistamento eleitoral e o voto são:
■ Obrigatórios para maiores de 18 e menores de 70 anos de idade.
■ Facultativos para maiores de 16 e menores de 18 anos de idade, analfabe-
tos e maiores de 70 anos de idade.
56
UNICESUMAR
57
UNIDADE 4
■ Inelegibilidades
De acordo com o Art. 14, § 4°, são absolutamente inelegíveis, ou seja, não podem
exercer a capacidade eleitoral passiva em relação a qualquer cargo eletivo:
■ Inalistável (quem não pode ser eleitor não pode eleger-se).
■ Analfabeto (o analfabeto tem direito à alistabilidade e, portanto, direito
de votar, mas não pode ser eleito, pois não possui capacidade eleitoral
passiva).
■ Inelegibilidades relativas.
A inelegibilidade, nesse caso, dá-se, conforme as regras constitucionais, em
decorrência da função exercida, de parentesco ou se o candidato for militar.
Também pode ocorrer em virtude das situações previstas em lei complementar
conforme Art. 14, § 9° da CF.
■ Inelegibilidade relativa em razão da função exercida (por motivos
funcionais).
58
UNICESUMAR
O Art. 14, § 6°, estabelece que, para concorrer a outros cargos, o Presidente da
República, os governadores de estados e do Distrito Federal e os prefeitos devem
renunciar aos respectivos mandatos até 6 meses antes do pleito.
Até onde abrangeria a expressão "outros cargos"? O Supremo Tribunal Federal
(STF), defende que a desincompatibilização não abrange candidatura a reeleição
para mandato sucessivo do chefe do Executivo, aplicando-se somente para a can-
didatura a outros cargos do Executivo ou para cargos do Legislativo.
Finalmente, em relação aos vices, a mencionada regra da desincompatibili-
zação não incide, na medida em que são mencionados no Art. 14, § 6°, exceto
se tiverem, nos 6 meses anteriores ao pleito, sucedido ou substituído os titulare
(LENZA, 2022, p. 1401.).
■ inelegibilidade relativa em razão do parentesco
A intenção, com esta regra, é evitar a perpetuidade ou a alongada presença
de familiares no poder. O Art. 14, § 7°, sustenta que são inelegíveis, no território
da circunscrição do titular, o conjugue e os parentes consanguíneos ou afins, até
segundo grau ou por adoção, do:
a) Presidente da República.
b) Governador do estado, território ou Distrito Federal;
c) Prefeito.
d) Ou quem os haja substituído dentro dos 6 meses anteriores ao pleito, salvo
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
A Súmula Vinculante n. 18/2009 afirma que “a dissolução da sociedade ou do
vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta inelegibilidade prevista no §
7. ° do artigo 14 da Constituição Federal”.
■ Militares
Conforme expressamente prevê o Art. 14, § 8°, o militar alistável é elegível.
Para tanto, deverá atender às seguintes condições:
a) Menos de 10 anos de serviço: deverá afastar-se da atividade.
59
UNIDADE 4
60
UNICESUMAR
61
1. A democracia originou-se na Grécia antiga, em que o povo deliberava de forma direta
sobre todas as questões da pólis (cidade). Mas de lá para cá muita coisa mudou e
devido à complexidade de nossa sociedade contemporânea é impossível que todos
participemos de forma direta de todos os processos decisórios do Estado, razão
pela qual hoje vivenciamos a democracia indireta, em que o povo escolhe seus re-
presentantes por meio de eleições. Desta forma, e com base no processo eleitoral
brasileiro, analise as alternativas abaixo e assinale a correta:
a) Para os cargos do legislativo é permitida uma única reeleição para mandato su-
cessivo;
b) Os analfabetos não podem votar ou serem votados;
c) O voto é facultativo apenas para os menores de 16 anos;
d) A idade mínima para ser eleito como Presidente da República e seu Vice e como
Senador é de 35 anos;
e) Para ser eleito como Vereador é preciso ter a idade mínima de 21 anos, enquanto
que para Governador e seu Vice a idade será de 35 anos;
62
5
Partidos
Políticos
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
UNIDADE 5
Conceito
64
UNICESUMAR
Já para José Afonso da Silva (2010, p. 395), partido político “é uma agremiação
de um grupo social que se propõe organizar, coordenar e instrumentar a vontade
popular com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de governo. No
dizer de Pietro Virga, "são associações de pessoas com uma ideologia ou interesses
comuns, que, mediante uma organização estável (Partei-Apparati), miram exercer
influência sobre a determinação da orientação política do país" (SILVA, 2010, p 395).
Regras constitucionais
Assegura-se aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento.
A constituição dos partidos políticos se consolida na forma da lei civil,
perante ao Serviço de Registro Civil de Pessoas Jurídicas do local da sede,
conforme caput do Art. 8º da Lei nº 9.096/95. Adquirida personalidade jurí-
dica, o partido deverá observar os requisitos necessários para a constituição
definida dos órgãos e a designação dos dirigentes na forma do estatuto, para
que os dirigentes nacionais promovam o registro do estatuto do partido junto
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Definitivamente, os partidos políticos são verdadeiras instituições, pessoas
jurídicas de direito privado, na medida em que a constituição deles se dá de
acordo com a lei civil, no caso, a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73). Essa
regra é corroborada pelos arts. 45 e 985 do novo Código Civil, que, ao trazer as
disposições gerais, estabelece o início da existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, pre-
65
UNIDADE 5
Fidelidade partidária
66
UNICESUMAR
Conclusão
O povo tem o poder de exercer a soberania popular por meio do voto. A Cons-
tituição Federal, no Artigo 17, dispõe sobre a criação de partidos políticos, as-
segurando a liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos
políticos, independentemente de autorização do Estado. O TSE reconheceu, aos
partidos políticos e às coligações, o direito de preservar a vaga obtida pelo sistema
proporcional (deputados federais, estaduais, distritais e vereadores), quando, sem
justa causa, houver pedido de cancelamento de filiação partidária ou de trans-
ferência do candidato eleito por um partido para legenda diferente. Os partidos
políticos são considerados pessoas jurídicas de direito privado. A rígida cláusula
de barreira, somente será aplicada a partir das eleições de 2030, consoante a EC
97/2017 que estabeleceu regras de transição (LENZA, 2022).
67
UNIDADE 5
EXPLORANDO IDEIAS
68
1. Os partidos políticos são essenciais para estrutura de um Estado Democrático
de Direito, já que são constituídos por pessoas reunidas em torno de um mesmo
programa político tendentes a realizar seu programa de governo. No Brasil há
liberdade para organização de partidos políticos, contudo esta liberdade não é
irrestrita. Dessa forma, considerando os partidos políticos analise as alternativas
abaixo e assinale a correta:
69
6
Estado Federal
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Conceito
72
UNICESUMAR
O povo pode ser definido como aqueles que se encontram no território e fora
dele, no exterior, mas que estão presos a um sistema de poder ou ordenamento
normativo pelo vínculo da cidadania.
Já território é definido como a base geofísica de exercício do Poder Político e
o limite jurídico de atuação por parte do Estado (DALLARI, 1998).
O governo representa o conjunto de órgãos estatais realizadores das funções por
intermédio das quais o Estado objetiva os determinados fins (ZIMMERMAN, 2005).
Surgimento
73
UNIDADE 6
74
UNICESUMAR
Bryce, citado por Gilmar Mendes, traduz, com precisão, a ideia de autonomia
e soberania exercida pelo Estado Federal:
75
UNIDADE 6
76
UNICESUMAR
77
UNIDADE 6
Federação brasileira
78
UNICESUMAR
Classificação
Estado unitário
Estado composto
Chama-se Estado composto a forma mais complexa de Estado, que surge a partir
da reunião de duas ou mais entidades políticas em um mesmo território. Pode-se
classificar em quatro espécies de Estado Composto: I) união pessoal; II) união
real; III) confederação; e IV) federação. Analisemos cada uma delas.
79
UNIDADE 6
Repartição de competências
80
UNICESUMAR
81
UNIDADE 6
Quando se menciona existir competência privativa, significa que ela pode ser
delegada. Já a competência exclusiva, não.
Gilmar Mendes (2013) afirma que inexistem quaisquer diferenças entre as
competências privativas e exclusivas, pois ambas traduzem a mesma ideia.
A afirmação de Gilmar Mendes (2013) tem fundamento na própria Consti-
tuição Federal, que não estabelece qualquer distinção entre as duas espécies de
competência.
Sobre a delegação, ela se encontra no Art. 22, parágrafo único, e no Art. 84,
parágrafo único, demonstrando ser a delegação excepcional. Sobre a competência
privativa, encontramos nos dispositivos 51, ,52 e 61, § 1 da CF.
82
1. Por meio da leitura do artigo 1º da Constituição Brasileira nos deparamos com a
seguinte redação: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união in-
dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:”. Sendo assim, observamos que o
Brasil é uma Federação. Diante do conceito de Federação e com base nos preceitos
constitucionais sobre o tema, analise as alternativas abaixo e assinale a única que
dispõe corretamente sobre o tema:
Resposta: letra D
83
7
Estado Federal
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
UNIDADE 7
Conceito
A intervenção pode ser definida como uma medida excepcional de natureza polí-
tica. Consiste na possibilidade de afastamento temporário da autonomia política
de um ente federativo, quando verificadas as hipóteses taxativamente previstas
na Constituição Federal (CF) (NOVELINO, 2012).
Uma das características do Estado federal é a autonomia. A intervenção federal,
enquanto mecanismo constitucional de intromissão do ente central em assuntos
dos Estados-membros, é antítese da autonomia, por suprimi-la temporariamente,
a fim de preservar outros valores constitucionalmente protegidos. É regra cons-
titucional a não intervenção, conforme arts. 34 e 35 da CF (NOVELINO, 2012).
A União, ao intervir nos Estados, afronta a soberania deles? Não, a União,
ao proceder a intervenção, está defendendo a unidade e a estabilidade do
sistema federativo.
86
UNICESUMAR
87
UNIDADE 7
88
UNICESUMAR
Formas de intervenção
89
UNIDADE 7
36, III, segunda parte, ambos da CF. Para prover a execução de uma
lei federal, a intervenção dependerá de provimento de representação
do Procurador Geral da República pelo STF.
90
UNICESUMAR
Intervenção estadual
91
UNIDADE 7
Conclusão
EXPLORANDO IDEIAS
Num Estado Federal como o nosso é reconhecida a autonomia dos Estados-membros que
implica na descentralização do poder, tanto administrativa quanto política. Assim, o Estado-
-membro pode legislar com as limitações impostas pela Constituição Federal. No tocante à
soberania, os Estados-membros abrem mão dela em favor da União, sendo-lhes vedado o
direito de secessão, cabendo a esta, em nome de todos os demais, exercer a devida coerção,
se necessária, para evitar eventual movimento no sentido de se obter a soberania ou mesmo
molestar a autonomia de outro Estado-membro.
92
UNICESUMAR
Por ser medida extrema, e dado o princípio da autonomia dos Estados-membros, a inter-
venção federal é excepcional e visa “preservar a integridade política, jurídica e física da
federação” conforme enumeração taxativa no art. 34 da CF/88, verbis:
I) manter a integridade nacional;
II) repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III) pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV) garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V) reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo
motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias ficadas nesta Constituição, dentro
dos prazos estabelecidos em lei;
VI) prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII) assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações
e serviços públicos de saúde.
Está em discussão a possibilidade de intervenção federal no Distrito Federal em razão das
denúncias envolvendo o Governador e seu Vice, entre outras autoridades. Com a decreta-
ção da prisão preventiva do Governador pelo Superior Tribunal de Justiça, o Procurador-
-Geral de República requereu a intervenção federal no Distrito Federal. Resta saber se será
deferida e efetivada. É verdade que o instituto da intervenção federal, embora largamente
esmiuçado, tanto no texto constitucional quanto pela doutrina, é de aplicação excepcional,
sendo por demais conhecidas suas implicações jurídicas, mas pouco se falando do seu as-
pecto político e prático. É que não se pode afastar assim levianamente, a todo o momento,
a autonomia do Estado-membro, e tanto o é que raras foram as vezes que tal ocorreu.
Poucos foram os casos em que a intervenção federal a pedido do Procurador-Geral da
República foi cogitada, e raros ainda em que foi efetivada. Na história política recente do
país, pós-constituição de 1988, só houve uma tentativa de intervenção de repercussão a
requerimento do Procurador Geral de República.
Nos termos do art. 36, III, da CF/88 o então Procurador-Geral da República, Aristides Jun-
queira Alvarenga, propôs intervenção federal no Estado de Mato Grosso (Intervenção Fede-
ral nº 114-MT), no famigerado caso Matupá quando delinquentes presos na cadeia pública
foram linchados por populares enfurecidos. O Supremo Tribunal Federal não deferiu a me-
dida. Foi uma violação de direitos humanos, dentro outros rumorosos casos que se segui-
ram que, sem dúvida, redundou na introdução no texto constitucional, pela EC nº 45/2004,
do inciso V-A do art. 109, dando como competente a Justiça Federal para o julgamento das
causas relativas a direitos humanos, pondo ainda mais limites à autonomia estadual.
93
UNIDADE 7
94
UNICESUMAR
95
UNIDADE 7
96
1. O Estado Federal assegura autonomia de todos os entes Federativos de que o exercí-
cio de suas funções sejam realizados com base nos preceitos Constitucionais, sendo
assim, a regra geral é a não intervenção. Todavia, a própria Constituição Federal
autoriza de forma excepcional a intervenção. Considerando seus conhecimentos
sobre este instituto que só poderá ser utilizado de forma excepcional, analise as
alternativas abaixo e assinale a correta:
Resposta: letra B
97
8
União: Natureza
Jurídica,
Competências e
Bens
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me.Isis Carolina Massi Vicente
União
100
UNICESUMAR
José Afonso da Silva (1992) afirma que a União é constituída pela congre-
gação das comunidades regionais que vêm a ser os Estados-membros. Então,
quando se fala em federação, estamos nos referindo à união dos estados. No
caso brasileiro, seria a união dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Por isso, diz-se União Federal (SILVA, 1992).
Com a reunião dos Estados-membros em decorrência de um pacto fede-
rativo, surge a necessidade de uma ordem central que venha a corporificá-lo,
incluindo as competências que, em homenagem a ele, não devem pertencer
a cada um dos entes federados, mas à ordem central. Só assim ficaria carac-
terizada a existência de um único Estado, de um só país, dotado de soberania
e fundamentado em uma Constituição. Essa ordem central é a União Federal
(ARAUJO, 2011).
A União age em nome da federação e, internacionalmente, representa o
país, ou seja, o Brasil.
A União, unidade federativa, forma-se pela reunião de partes por meio
do pacto federativo. A União Federal mais os Estados-membros, o Distrito
Federal e os municípios, todos autônomos, compõem a República Federativa
do Brasil (LENZA, 2022).
A União, portanto, exerce dois papéis:
a) Interno: é pessoa jurídica de direito público interno e autônoma, pois
possui capacidade de autogoverno, auto-organização, autoadminis-
tração, autolegislação, tendo autonomia financeira, administrativa
e política.
b) Internacionalmente: a União representa a República Federativa do
Brasil (LENZA, 2022).
Michel Temer (1998) observa que a União é uma figura de duas faces. Age em
nome próprio como em nome da federação. Ora se manifesta por si, como
pessoa jurídica de capacidade política, ora em nome do Estado federal.
Portanto, a União pode ser definida como uma pessoa jurídica de direito
público interno que não se confunde com a República Federativa do Brasil.
A União, assim como os demais entes que compõem a federação brasileira,
possui apenas autonomia. No plano internacional, exerce as atribuições de-
correntes da soberania do Estado brasileiro.
101
UNIDADE 8
Capital federal
A capital federal do Brasil é Brasília. Todavia, o que é a capital federal? Brasília não se
enquadra no conceito geral de cidades, por não ser sede de município. Representa uma
inovação, pois a Constituição Federal brasileira de 1967/69 dizia ser o Distrito Federal a
capital da União. A lei orgânica do Distrito Federal, no Art. 6, dispõe que Brasília, além
de ser capital do Brasil, é sede do governo do Distrito Federal (DF) (LENZA, 2022).
Antes de Brasília, as capitais do Brasil foram Salvador e Rio de Janeiro. A trans-
ferência de sede foi prevista na Constituição de 1946 (ADCT, art. 4).
A Constituição Federal, no Art. 20, dispõe sobre os bens da União;
Competências
Competência significa a capacidade jurídica de agir atribuída aos entes estatais. Ve-
jamos as principais competências.
a) Competência administrativa ou material
Para fechar o tema da competência, deve-se notar que parte da doutrina distingue
as leis federais das leis nacionais. As leis nacionais seriam aquelas que expressam
a vontade da federação e se aplicam a todos os entes estatais. Já as leis federais
exteriorizam a vontade da União, como o regime jurídico dos servidores públicos
civis da União (Lei nº 8.112/1990).
c) Regiões administrativas ou de desenvolvimento
A Constituição Federal dispõe que a União incentivará a recuperação das terras áridas
e cooperará com pequenos e médios proprietários rurais para fontes de água e irriga-
ção nas regiões sujeitas a secas periódicas (Art. 43, § 3 CF). Já a Emenda Constitucional
(EC) nº 89/2015 estabelece que, durante 40 anos, a União deverá aplicar na região
Nordeste, preferencialmente no semiárido, recursos para irrigação (LENZA, 2022).
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) (LC nº 66/91),
a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) (LC nº 67/91), a
Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) (LC nº 134/2010) e a
Superintendência do Desenvolvimento do Centro Oeste (SUDECO) são exemplos
de regiões administrativas ou de desenvolvimento.
Após desvios de valores de verbas públicas, houve a extinção da SUDENE, e da
SUDAM, por meio das MPs n. 2.156-5 e 2.157-5 de 24.08.2001. Depois, foram criadas
pelo presidente Fernando Henrique Cardoso as agências de desenvolvimento do
nordeste (ADENE) e da Amazônia (ADA), de natureza autárquica, vinculadas ao
Ministério da Integração Nacional (LENZA, 2022).
O prédio da Sudene é localizado em Recife.
A LC nº 124/2007 veio instituir a SUDAM novamente, e a LC n. 125/2007 ins-
tituiu a SUDENE.
Bens da União
104
UNICESUMAR
Conclusão
105
1. A União juntamente com os Estados membros, Distrito Federal e Municípios com-
põem a República Federativa do Brasil. Contudo, a União age em nome da Federação
e internacionalmente representa o Brasil. Certo é que a Constituição estabelece os
bens públicos que são de titularidade da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal. Com base exclusivamente nos bens que são de competência da
União, analise as alternativas abaixo e assinale a que estiver correta:
Resposta: letra B
106
9
Estados
Federados
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
desses Estados.
UNIDADE 9
O sistema federativo brasileiro é constituído por três atores importantes, pouco nos
importando se eles afetam de forma direta ou indireta esse sistema, a saber: a União,
como ente maior e agregado aos demais, o Estado, como uma unidade territorial e
política menor e, finalmente, a menor de todas as unidades, que é o município.
Esta unidade tem como proposta principal analisar as características e a natureza
jurídica do Estado e os deveres e os direitos dele em relação ao pacto federativo. É
importante ressaltar que, no sistema federativo, os estados elegem os senadores, que
são os responsáveis por defender os interesses junto ao pacto federativo.
É necessário delinear as autonomias dos estados diante do pacto fede-
rativo. Em outras palavras, é preciso explorar a capacidade de organização
política, jurídica e econômica. Também é preciso questionar a possibilidade,
ou não, de se desligarem desse pacto.
Estados federados
108
UNICESUMAR
Natureza jurídica
Competências privativas
109
UNIDADE 9
Competências comuns
Também existem as competências comuns, que são aquelas que os estados federados
exercem em conjunto com outros membros do pacto federativo. Vejamos quais são elas:
a) Competência material comum
110
UNICESUMAR
Autonomia
111
UNIDADE 9
112
UNICESUMAR
Um Estado fragmentado da
origem a dois ou mais estados ou
SUBDIVISÃO territórios federais. Os antigos
estados que originam as novas
unidades deixam de existir.
Para que esses fenômenos áconteçam, vários requisitos precisam ser esgotados,
como a aprovação da população diretamente interessada, por meio de plebiscito,
a aprovação do congresso por lei complementar e a manifestação positiva da
Assembleia Legislativa do respectivo Estado.
Conclusão
113
UNIDADE 9
EXPLORANDO IDEIAS
114
1. Os Estados Federados possuem capacidade de autogoverno, auto legislação, au-
toadministração e auto-organização. Contudo, a competência e a autonomia que
assistem aos Estados Federados não são absolutas, havendo, inclusive competên-
cia comum ou concorrente, conforme preleciona a Constituição Federal. Com base
nas competências inerentes aos Estados Federados analise as alternativas abaixo e
assinale a correta:
Resposta correta: D
115
10
Municípios
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Natureza jurídica
Conforme Art. 41, inciso III do Código Civil, são pessoas jurídicas de direito
público interno: os municípios. Isso significa que os municípios possuem direitos
e deveres na ordem pública interna.
118
UNICESUMAR
Criação
119
UNIDADE 10
Esta competência pode ser exercida, além do município, pelos demais membros do
pacto federativo.
Quando exerce essa competência, o município pratica: zelo pela guarda da Cons-
tituição, das leis e das instituições democráticas; conservação do patrimônio público;
saúde e assistência pública; proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
proteção ao meio ambiente; combate à poluição em qualquer de suas formas; preser-
vação de florestas, fauna e flora; promoção de programas de construção de moradias
e melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico, nos moldes do Art.
23 da CF; manutenção com cooperação técnica e financeira da União e do Estado;
e serviços de atendimento à saúde da população, conforme Art. 30, incisos VI e VII
da CF (FACHIN, 2012).
120
UNICESUMAR
Autonomia
121
UNIDADE 10
Assim como afirmamos, os municípios se organizam por meio de lei orgânica e, con-
forme Art. 29 da CF, "o Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos".
O conteúdo das leis orgânicas deve, primeiro, observar a Constituição Estadual
e os princípios estabelecidos na Constituição Federal.
A composição das Câmaras Municipais é feita da seguinte forma: com a EC nº
58/2009, novos limites para a composição das Câmaras Municipais poderiam ser
observados, e novos percentuais para o total de despesa do Poder Legislativo Mu-
nicipal. Apesar da Emenda Constitucional ter previsão de aplicação em 2008 e em
2010 sobre o percentual das despesas, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu
que elas só seriam aplicadas para as eleições de 2012.
Em 2012, várias manifestações contrárias ao aumento de vereadores ocorreram
em vários municípios do país. Analisemos as funções dos vereadores e dos prefeitos
que exercem a capacidade de auto-organização nos municípios.
Vereadores: o Art. 29, VIII, dispõe que os vereadores têm inviolabilidade de opi-
niões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do município. A
inviolabilidade traduz a imunidade material dos parlamentares municipais, afastando
as responsabilidades civil e penal apenas em relação às manifestações relacionadas
ao exercício do mandato, exteriorizadas nos limites territoriais do município. Há,
também, proibições e incompatibilidades similares aos membros do congresso, con-
forme Art. 29, IX da CF.
Prefeitos: apenas podem ser julgados em crimes comuns (inclusive, do-
losos contra a vida) pelo Tribunal de Justiça (Art. 29, X da CF). Caso o cri-
me seja praticado em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, a
122
UNICESUMAR
competência será do Tribunal Regional Federal (Art. 109, IV c/c e Art. 29, X
CF). Em se tratando de crime eleitoral, a competência é do Tribunal Regional
Eleitoral. A Câmara precisa autorizar o julgamento do prefeito por crimes
comuns? Não! Somente em caso de crimes de responsabilidade próprios, é
atribuído à Câmara Municipal o papel de julgar o prefeito conforme Art. 31
da CF (LENZA, 2022).
Segundo os arts. 79 e 83 da Constituição Federal, aplicam-se, com as de-
vidas adaptações para o âmbito municipal, aos prefeitos os dispositivos refe-
rentes ao presidente. Portanto, para afastamento do município por mais de
quinze dias, é necessária a autorização da Câmara dos Vereadores, sob pena
de sanção estabelecida pela lei orgânica do município.
“
O município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos
com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços
dos membros da câmara municipal, que a promulgará, atendidos
os princípios estabelecidos nesta constituição.
123
UNIDADE 10
Regiões metropolitanas
“
Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, consti-
tuídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar
a organização, o planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum.
124
UNICESUMAR
Conclusão
EXPLORANDO IDEIAS
125
1. O Brasil possui atualmente mais de 5 mil municípios, sendo que os Municípios
também integram o pacto federativo brasileiro possuindo competências privativas
e comuns com os demais entes federativos. Partindo do pressuposto que os Muni-
cípios são regidos pela Lei Orgânica Municipal, devendo seguir o que encontra-se
previsto na Constituição do Estado a que pertence, bem como na Constituição
Federal, analise as assertivas abaixo e assinale a que dispõe corretamente sobre
os Municípios:
Resposta: letra C
126
11
Distrito Federal e
Territórios
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Conceito
128
UNICESUMAR
Natureza jurídica
Auto-organização
“
O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á
por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício de dez dias,
e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulga-
rá, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
129
UNIDADE 11
Autolegislação
130
UNICESUMAR
Autoadministração
Competências tributárias
Territórios
131
UNIDADE 11
Conclusão
EXPLORANDO IDEIAS
132
1. O Distrito Federal foi criado para abrigar a sede da União, mas não podemos con-
fundi-lo com um Estado-membro ou com o município, mas precisamos lembrar que
sua natureza é sui generis, ou seja, há aspectos análogos a Estados, mas também
há aqueles que são análogos aos municípios. Partindo das especificidades, diver-
gências e similaridades do Distrito Federal com os Estados e Municípios, analise
as alternativas abaixo e assinale a que traz a assertiva correta:
Resposta: letra E
133
12
Intervenção
Federal e
Intervenção dos
Estados nos
Municípios
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Direito.
Conceito
136
UNICESUMAR
137
UNIDADE 12
138
UNICESUMAR
Intervenção estadual
139
UNIDADE 12
O Art. 36, § 3 da CF dispõe que a dispensa, neste caso, refere-se ao decreto que
se limita a suspender a execução do ato impugnado, se a medida bastar ao resta-
belecimento da normalidade. De acordo com o Art. 35, IV, o Tribunal de Justiça
que der provimento à representação para assegurar a observância de princípios
indicados na Constituição Estadual ou para prover a execução de lei, ordem ou
decisão judicial, representa a hipótese em que o controle político é dispensado.
No entanto, se a suspensão não for suficiente, o governador decretará a
intervenção no município (se refere à intervenção estadual em município),
submetendo esse ato à Assembleia Legislativa.
Importante mencionar que a Súmula 637 do STF dispõe que não cabe re-
curso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido
de intervenção estadual em município.
140
UNICESUMAR
Conclusão
A regra adotada pela Constituição Federal é a de que a União não intervirá nos
Estados, nem no Distrito Federal. Isso, porque a intervenção é um mecanismo
de caráter excepcional que permite a supressão temporária da autonomia de um
ente federativo para restaurar a ordem e a normalidade das instituições democrá-
ticas. Em razão da igualdade entre a União e os estados, a intervenção também é
medida excepcional e extrema. As hipóteses que autorizam a intervenção estão
descritas na Constituição Federal e devem ser taxativamente observadas. Caberá
ao Presidente da República decretar a intervenção federal. Na intervenção esta-
dual, essa tarefa caberá ao governador do estado.
PENSANDO JUNTOS
EXPLORANDO IDEIAS
141
1. A República Federativa do Brasil é constituída pela União indissolúvel entre União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. Ainda que o objetivo seja a pacificidade e o
respeito aos preceitos federativos, há situações em que este Pacto pode ser amea-
çado, cabendo, portanto, uma ação mais incisiva chamada de Intervenção e que
se encontra prevista constitucionalmente, bem como as hipóteses e competências
para sua decretação. Desta forma, com base no instituto da Intervenção, analise as
alternativas abaixo e assinale a que dispõe corretamente sobre o tema:
Resposta: letra D
142
13
Ordem Social
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
da ordem social e os meios que ele pode usar para concretizar essa
determinação constitucional.
UNIDADE 13
144
UNICESUMAR
Fundamentos e objetivos
Segundo o Art. 193 da Constituição Federal, a ordem social tem, como base, o
primado do trabalho. Os objetivos são o bem-estar e a justiça social, estabelecen-
do perfeita harmonia com a ordem econômica, que se funda, nos termos do Art.
170, caput, na valorização do trabalho e na livre iniciativa:
“Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como
objetivo o bem-estar e a justiça sociais" (BRASIL, 1988, p. 117).
"Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho hu-
mano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferencia-
do conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituí-
das sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer ati-
vidade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos,
salvo nos casos previstos em lei" (BRASIL, 1988, p. 109).
O constituinte reuniu os mais variados assuntos sob o título da ordem
social: a seguridade social, a educação, a cultura e o desporto, a ciência e a
tecnologia, a comunicação social, o meio ambiente, a família, a criança, o
adolescente, o jovem, o idoso e os índios. Algumas dessas matérias não são
sociais e não têm qualquer relação entre si (NOVELINO, 2012).
145
UNIDADE 13
Segundo José Afonso da Silva (2007, p. 758) ter como objetivo “o bem-
-estar e a justiça social, quer dizer que as relações econômicas e sociais do
país, para gerarem o bem estar hão de propiciar trabalho e condições de
vida, material, espiritual, e intelectual, adequada ao trabalhador e sua fa-
mília, e que a riqueza produzida no país, para gerar justiça social, há de ser
equanimemente distribuída".
O primado do trabalho como base da ordem social coloca acima de outros
aspectos econômicos como decorrência de sua imprescindibilidade à promo-
ção da dignidade da pessoa humana. A partir do momento em que contribui
com o labor para o progresso da sociedade a qual pertence, o indivíduo se
sente útil e respeitado. Sem ter qualquer perspectiva de obter um trabalho de-
cente, com uma justa remuneração e com razoáveis condições para exercê-lo,
a própria dignidade do indivíduo acaba sendo atingida. Para que possa gerar
justiça social, a riqueza produzida no país há de ser equanimente distribuída,
de modo a assegurar os parâmetros ideais para a existência digna, oferecendo
a todos uma condição social no qual o bem-estar deve ser patente a partir da
verificação do padrão de vida da comunidade (NOVELINO, 2013).
Conclusão
EXPLORANDO IDEIAS
A ordem social tem como base o primado do trabalho. Os objetivos são o bem estar social
e a justiça social. O ser humano é o destinatário dos direitos sociais.
146
1. A ordem social está prevista no artigo 193 da Constituição Federal, que estabelece
que “A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem
estar e a justiça sociais”. Observa-se então que como ordem social identificamos a
seguridade social, a educação, a cultura, a ciência e tecnologia e o meio ambiente,
por exemplo. Desta forma, e considerando as normas sobre o tema podemos
afirmar que:
Resposta: letra C
147
14
Seguridade
Social, Saúde,
Previdência
e Assistência
Social
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Conceito
150
UNICESUMAR
151
UNIDADE 14
Financiamento
A seguridade social deverá ser financiada por toda a sociedade de forma direta e
indireta. A lei precisa estabelecer que os recursos provenham dos orçamentos da
União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípiose outras contribuições.
152
UNICESUMAR
Saúde
153
UNIDADE 14
“
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido median-
te políticas sociais e econômicas que visem á redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário ás
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação" (BRA-
SIL, 1988. p. 118-119).
“
“São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao
Poder Público dispor, nos termos da lei sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de
direito privado" (BRASIL, 1988, p. 119).
154
UNICESUMAR
Questão que pode ser incluída no rol das políticas para um acesso universal ao
sistema de saúde é a quebra de patente de medicamentos. No Brasil, foi utilizada
como forma de concretizar a política pública. O melhor exemplo sobre a quebra
de patente de medicamentos é para o tratamento da AIDS e o Programa Nacional
de Doenças Sexualmente transmissíveis. Antes da ocorrência, o deferimento de
pedidos para a obtenção do coquetel era extremamente comum no Supremo Tri-
bunal Federal (STF) e os custos com a compra eram elevados (MENDES, 2013).
■ Ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde: na
adoção de políticas públicas para a saúde, encontra-se grande problema
na execução.
155
UNIDADE 14
156
UNICESUMAR
Financiamento do SUS
“
“O financiamento do SUS será viabilizado por meio de recursos do
orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, bem como de outras fontes. O art. 55 do
ADCT dispõe que: até que seja aprovada a lei de diretrizes orçamen-
tárias, trinta por cento, no mínimo, do orçamento da seguridade
social, excluído o seguro desemprego, serão destinados ao setor de
saúde” (MENDES, 2013, p. 625- 626).
157
UNIDADE 14
O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou audiência pública para coletar sub-
sídios e informações de diversos setores da sociedade a serem utilizados na de-
finição de critérios a serem observados judicialmente nos casos de prestações
relacionadas às políticas públicas da área da saúde. Para a resolução desse caso,
deve-se analisar a existência, ou não, de política estatal que abranja a prestação
de saúde pleiteada pela parte. Podem incorrer em duas hipóteses:
a) A prestação está incluída nas políticas sociais e econômicas formu-
ladas pelo SUS: há direito aquela política. O judiciário não a cria, só
determina o cumprimento.
b) A prestação pleiteada de saúde não está incluída nas políticas sociais
e econômicas formuladas pelo SUS por omissão legislativa ou admi-
nistrativa, decisão administrativa de não fornecê-la ou vedação legal
à dispensação.
158
UNICESUMAR
De acordo com o Art. 199 da CF, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
As instituições privadas podem participar de forma complementar ao SUS, se-
gundo diretrizes as dele, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
Portanto, a assistência à saúde é de livre iniciativa privada, mas essa prestação
não pode ser feita de qualquer modo. A participação de instituições privadas no
SUS é instrumentalizada por meio de contratos ou convênios, preferencialmente
com entidades filantrópicas ou sem fins lucrativos. Instituições privadas com fins
lucrativos também podem participar, mas não podem receber recursos públicos
para auxílios (NOVELINO, 2012).
O Art. 199, § 3 da Constituição Federal estabelece que a assistência à saúde é
livre à iniciativa privada, sendo vedada a participação direta ou indireta de em-
presas ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde do país, salvo nos casos
previstos em lei.
159
UNIDADE 14
“
“É boa opção para um sistema de saúde pautado pela descentrali-
zação e pela escassez de recursos, em que a consequência imediata
é a necessidade da busca por alternativas para sanar deficiências
orçamentárias. Nesse quadro, especial relevância assumem os de-
nominados organismos do terceiro setor, como as Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público e as Organizações Sociais”
(MENDES, 2013, p. 630).
O direito à saúde pode ser exigido perante os órgãos do Poder Judiciário. O STF
decidiu que o Estado deve satisfazer ao direito fundamental à saúde. O poder
público não pode se mostrar indiferente ao problema da saúde da população,
sob pena de incidir em grave comportamento inconstitucional. A distribuição
gratuita, às pessoas carentes, de medicamentos essenciais à preservação da vida e/
ou saúde é um dever que o Estado não pode deixar de cumprir (FACHIN, 2012).
Portanto, a saúde é um direito imprescindível para a existência humana. A
Declaração de Jacarta de 1997 afirma que a saúde é um direito humano funda-
mental para o desenvolvimento econômico e social das pessoas e da sociedade.
160
UNICESUMAR
Previdência social
161
UNIDADE 14
c) Benefícios
162
UNICESUMAR
Segundo o Art. 201, § 2 da CF, o benefício não pode ser inferior ao salário míni-
mo. Há previsão de reajuste dos benefícios para preservar o valor real, sem ficar
estagnado. A revisão dos benefícios não pode ser vinculada ao salário mínimo,
em virtude de expressa vedação, conforme Art. 7, IV da CF.
A EC nº 41/2003 alterou o teto máximo para o valor dos beneficiários do
regime geral da Previdência Social para R$ 2.400,00. Esse valor é atualizado pelo
Ministério da Previdência Social e pelo Ministério da Fazenda.
Prevê, ainda, o § 11 do Art. 201, que os ganhos habituais do empregado serão
incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente
repercussão em benefícios.
Além disso, no § 12 do Art. 201, a CF estipula que a lei disporá sobre sis-
tema especial de inclusão previdenciária com alíquotas diferenciadas para
atender aos trabalhadores de baixa renda e, inclusive aqueles que encontram
em situação de informalidade e aqueles sem renda própria e que se dediquem
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito da residência, desde que
pertencentes às famílias de baixa renda.
Assistência social
“
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem
por objetivos:
163
UNIDADE 14
Existem princípios que regem a assistência socia. São eles (FACHIN, 2012):
■ Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências
de rentabilidade econômica.
■ Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação
assistencial alcançável pelas demais políticas públicas.
■ Respeito a dignidade do cidadão, à autonomia e ao direito a benefícios
e serviços de qualidade, convivência familiar, e comunitária, vedando-
-se qualquer comprovação vexatória de necessidade.
■ Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação.
■ Divulgação ampla dos benefícos, serviços, programas e projetos as-
sistenciais.
164
UNICESUMAR
Conclusão
O Art. 194 da Constituição Federal inaugura o capítulo II, que versa sobre a segu-
ridade social. Os direitos à saúde, à previdência e à assistência social são efetivados
pela seguridade social. O sistema da seguridade compreende um conjunto inte-
grado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade. Essas atitudes
são estruturadas e organizadas por meio de lei. Os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social podem ser divididos em dois sistemas: contribu-
tivo e não contributivo. A saúde e a assistência social fazem parte do sistema não
contributivo, cujos recursos para existência provêm da arrecadação de tributos.
EXPLORANDO IDEIAS
165
1. Seguridade Social tem sido um tema amplamente debatido nos últimos anos, es-
pecialmente em decorrência de sua vertente previdenciária já que questiona-se até
quando o sistema previdenciário brasileiro é sustentável e se a força de trabalho
atual viria a gozar deste benefício futuramente. Sendo assim, e com base em seus
conhecimentos sobre a seguridade social analise as assertivas abaixo e assinale a
que estiver correta:
Resposta: letra A
166
15
Educação,
Cultura e
Desporto
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
e à cultura em geral.
UNIDADE 15
Conceito
168
UNICESUMAR
169
UNIDADE 15
Objetivos da educação
Princípios
Segundo o Art. 206, o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
"I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola" (BRASIL,
1988, p. 123): o princípio da igualdade de condições é concretizado pela norma
que assegura o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um, conforme Art. 208, V, CF.
"II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber" (BRASIL, 1988, p. 123): expressa o princípio da liberdade do ensino, ou seja,
liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber.
Novelino (2012) afirma que a liberdade de aprender é concretizada em diver-
sos dispositivos, como a garantia de padrão de qualidade, no Art. 206, VII da CF,
a adoção de ações que conduzam à melhoria da qualidade do ensino, no Art 214,
III, e a fixação de conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a
assegurar a formação básica comum e o respeito aos valores culturais e artísticos
nacionais e regionais, conforme Art. 201 da CF (NOVELINO, 2012).
Se há a liberdade de aprender, como ficaria a questão do ensino religioso
nas escolas?
O ensino religioso deve ser de matrícula facultativa, sendo disciplina com horá-
rios normais nas escolas públicas de ensino fundamental. Sobre o conteúdo, poderá
ser: confessional (transmissão de dogmas princípios de uma religião), interconfes-
sional (ensinados princípios comuns às várias religiões) e não confessional (voltado
à exposição de várias religiões). A Lei nº 9.394/96 estipulava que o ensino religioso
seria oferecido nas escolas públicas em caráter confessional ou interconfessional.
Contudo, houve uma alteração nessa lei em 1997. Atualmente, os conteúdos do
ensino religioso são definidos após o sistema de ensino ouvir a entidade civil, sen-
do assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa e vedada qualquer forma
170
UNICESUMAR
171
UNIDADE 15
Conclusão
172
UNICESUMAR
173
UNIDADE 15
174
UNICESUMAR
175
1. Todos sabemos que só a Educação transforma uma pessoa, uma vida e uma nação.
Por esta razão, a Constituição Federal de 1988, além de incluir a Educação junta-
mente com os demais direitos sociais também estabeleceu em seu artigo 205, “que
a Educação deve ser promovida visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Mas em
que pese nos depararmos com a universalidade da Educação, muito se questiona
acerca de sua qualidade. Sobre a educação e sua relevância, analise as alternativas
abaixo e assinale a que estiver correta:
Resposta: letra C
176
16
Desporto
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
do desporto.
Compondo a educação
como um todo, temos
o desporto, que são as
atividades esportivas, de
modo geral, necessárias
à uma formação educa-
cional que se propõe a
ser completa, ou seja, a
parte intelectual e a parte
física e de lazer.
Esta unidade tem a
proposta de trabalhar
com o desporto e discutir o papel do Estado e da sociedade na composição de
entidades dirigentes das mais diversas atividades desportivas.
Nas atividades desportivas, o Estado brasileiro garante e defende a presença dos
privados, seja na condução, seja na promoção de eventos, campeonatos e outros,
criando, inclusive, os Tribunais Desportivos para julgar os casos envolvendo essas
atividades específicas, sem, contudo, tirar a possibilidade de que a justiça comum
tenha competência para atuar.
Cultura e desporto
A cultura está prevista no Art 215 da Constituição Federal (CF), a qual afirma
que o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso
às fontes da cultura nacional. Além disso, apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.
Segundo José Afonso da Silva (2007, p. 802), “o direito à cultura é um direito
constitucional que exige ação positiva do Estado, cuja realização efetiva postula
uma política cultural oficial. A ação cultural do Estado há de ser ação afirmativa
que busque realizar a igualação dos socialmente desiguais, para que todos, igual-
mente, aufiram os benefícios da cultura”.
Cultura compreende tudo o que o homem tem realizado e transmitido com
o passar dos tempos na sua passagem pela Terra. Envolve o comportamento, o
desenvolvimento intelectual, as crenças, enfim, o aprimoramento tanto dos va-
lores espirituais quanto materiais do indivíduo (BASTOS, 1997).
178
UNICESUMAR
179
UNIDADE 16
Desporto
180
UNICESUMAR
“
Os direitos sociais objetivam a formação do ser humano integral:
agente da sociedade, das relações de trabalho, construtos do mun-
do moderno e, ao mesmo tempo, um ser relacional, humano, que,
desse modo, deve integrar sua vida com o lazer, o convívio familiar
e a prática desportiva. Assim, o desporto, quer como forma de la-
zer, quer como parte da atividade educativa, quer ainda em caráter
profissional, foi incorporado ao nosso sistema jurídico no patamar
de norma constitucional.
Modalidades de desporto
Nos termos do Art. 217, caput, e incisos I a IV, da CF/88, bem como dos arts. 1°
e 3° da Lei nº 9.615/98, conhecida como Lei Pelé, que instituiu normas gerais
sobre desporto e prevê outras providências, o desporto pode ser reconhecido em
qualquer das seguintes manifestações:
■ Desporto formal: é regulado por normas nacionais e internacionais e pe-
las regras de prática desportiva de cada modalidade aceitas pelas respec-
tivas entidades nacionais de administração do desporto.
181
UNIDADE 16
182
UNICESUMAR
Nos termos do Art. 217, caput da CF, ao Estado é atribuído o dever de fomentar
as práticas desportivas formais e não formais. Isso significa que o Estado deve
incentivar. Se, por um lado, o papel do Estado é de fomento, por outro, o papel
de prestação foi atribuído às entidades desportivas dirigentes e associações com
autonomia para organização e funcionamento (Art. 217, I), significando impor-
tante desdobramento das regras contidas nos arts. 5°, XVII, e 8° da CF/88.
Como se regulamenta a destinação dos recursos para o desporto?
Nos termos do Art. 217, II, a destinação de recursos públicos para a pro-
moção do desporto deverá ser:
■ Prioritária: para o desporto educacional.
■ Em casos específicos: para o desporto de alto rendimento. É válido lem-
brar que o desporto de alto rendimento pode ser classificado em profis-
sional e não profissional. Uma vez que o treinamento entre eles deverá ser
diferenciado (Art. 217, III), parece que a priorização deve ser direcionada
ao desporto não profissional.
183
UNIDADE 16
184
UNICESUMAR
Estatuto do Torcedor
185
UNIDADE 16
Conclusão
EXPLORANDO IDEIAS
PENSANDO JUNTOS
186
1. Uma boa formação não prescinde apenas de Educação, mas também carece de
acesso a cultura e ao desporto. Por esta razão, verificamos a proteção constitucional
referente ao acesso a cultura em no caput do artigo 215 que “O Estado garantirá a
todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional,
e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Contu-
do, este é um pequeno trecho da Carta Constitucional sobre o tema, tamanha a sua
relevância. Agora, com base no que dispõe a Constituição Federal sobre a Cultura,
assinale a alternativa certa:
Resposta: letra A
187
17
Ciência e
Tecnologia:
Comunicação
Social
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
ciência e à tecnologia.
e a tecnologia.
Direito.
UNIDADE 17
Para uma nação que também precisa se desenvolver no campo tecnológico, que,
aliás, a participação, praticamente inexiste desenvolvimento econômico, tratar da
ciência e da tecnologia deve ser uma atividade essencial e imprescindível.
No universo de abrangência da ciência e da tecnologia, temos a comunicação
social, que nada mais é do que o conjunto de meios disponíveis para que os cida-
dãos tenham acesso à informação e possam exercer a liberdade de expressão. Nos
séculos XX e XXI, a liberdade de expressão exercida no “boca a boca”, assim como
se fazia no início da modernidade, está fadada a repercussão quase que nula.
O uso de meios tecnológicos acessíveis pode e deve facilitar o exercício da liber-
dade de expressão. Contudo, a partir deste momento, surgem problemas advindos
da invasão da privacidade, das ofensas de ordem moral e outros, sobre os quais a
Constituição Federal (CF) tem o dever de apontar os caminhos a serem buscados
para o exercício da liberdade e as punições necessárias para coibir o abuso.
Conceito
190
UNICESUMAR
A promoção deve ser entendida como o dever do Estado de, por si, realizar as
tarefas derivadas da ciência e da tecnologia. Trata-se da atuação direta do Estado,
destacando-se o papel das universidades e dos institutos de pesquisa.
Nesse sentido, em 15 de março de 1985 foi criado, pelo Decreto nº 91.146, o
Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pela formulação e implementa-
ção da Política Nacional de Ciência e Tecnologia (LENZA, 2022).
No Art. 218, no capítulo IV, intitulado "Da Ciência, Tecnologia e Inovação", a
CF afirma que o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico.
A pesquisa básica receberá tratamento prioritário do Estado.
Deverá o Estado também incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa,
a inovação e a capacitação científica e tecnológica e a inovação.. Para tanto, deverá
estabelecer incentivos, inclusive, para as instituições privadas.
O Art. 213, § 2° dispõe que as atividades de pesquisa, extensão, estímulo e fo-
mento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de educação
profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público.
Modalidades de pesquisa
191
UNIDADE 17
192
UNICESUMAR
Comunicação social
História
193
UNIDADE 17
194
UNICESUMAR
195
UNIDADE 17
Proibição de censura
Censura significa o uso, pelo Estado ou por um grupo de poder, a fim de con-
trolar e impedir a circulação de informação. No entanto, a censura não é compatível
com o regime democrático, sendo totalmente defeso quaisquer atos de censura.
Afirma o Art. 5, inciso IX CF:
“É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comuni-
cação, independentemente de censura ou licença” (BRASIL, 1988, on-line).
Art. 220, § 2º da CF: “é vedada toda e qualquer censura de natureza política,
ideológica e artística" (BRASIL, 1988, on-line).
A proibição da censura não significa que não haja controle. Todos as entida-
des de comunicação e propagação de informações, especialmente a televisão, que,
atualmente, é uma das mais importantes propagadoras de informação, sofrem
controle administrativo nos moldes do Art. 21, XVI, controle judicial conforme
arts. 5 XXXV e art. 223, § 5, autorregulação e controle social, conforme Art. 224.
Um exemplo de controle estatal diante das informações repassadas pode
ser visualizado em propagandas de alguns produtos, como bebidas alcoólicas,
agrotóxicos, tabaco, medicamentos e serviços de terapias. Todas estão sujeitas a
restrições, sempre constando a advertência sobre os malefícios decorrentes do
uso, conforme Art. 220, § 4 da CF (FACHIN, 2012).
A Lei nº 5.250/1967 não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988,
por isso, inexiste no Brasil, atualmente, lei que regule o direto de imprensa.
Em 1991, foi publicada a Lei nº 8.389, a qual regulamenta o comando contido
na Constituição Federal sobre a criação do Conselho de Comunicação Social
como órgão auxiliar do Congresso Nacional.
O Art. 224, decorrente do Art. 403 do Anteprojeto da Comissão Afonso Ari-
nos, estabeleceu que o Congresso Nacional instituiria, como órgão auxiliar das
questões referentes à comunicação social e na forma da lei, o Conselho de Co-
municação Social. Regulamentando o aludido dispositivo constitucional, a Lei nº
196
UNICESUMAR
197
UNIDADE 17
198
UNICESUMAR
Direito de antena
199
UNIDADE 17
O Art. 45, II e III, da Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições), estabeleceu que,
encerrado o prazo para a realização das convenções no ano das eleições, é
vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em
seu noticiário:
■ Usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que,
de qualquer forma, degrade ou ridicularize candidato, partido ou co-
ligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito.
■ Veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou con-
trária a candidato, partido, coligação, seus órgãos ou representantes,
por exemplo.
200
UNICESUMAR
Conclusão
201
UNIDADE 17
EXPLORANDO IDEIAS
O juiz da 16ª Vara Cível de São Paulo julgou parcialmente procedente o pedido e determi-
nou que, em todo o país, não mais se exigisse o diploma de jornalismo para o exercício da
profissão. A referida decisão foi reformada pela 4.ª Turma do TRF-3. Diante desse fato, o
MPF interpôs recurso extraordinário sustentando que o Decreto-Lei nº 972/69, que esta-
belece requisitos para o exercício da profissão de jornalista, não teria sido recepcionado,
especialmente diante da regra dos arts. 5.º XIII, e 220, caput e § 1°. Portanto, foi revogado.
Buscando dar efeito suspensivo ao referido RE, o MPF ajuizou ação cautelar (AC 1.406)
com o objetivo de “garantir efetividade ao recurso extraordinário interposto e evitar a
ocorrência de graves prejuízos àqueles indivíduos que estavam a exercer a atividade jor-
nalística, independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de
curso superior específico”. O Ministro Relator, Gilmar Mendes, deferiu a medida cautelar,
que foi referendada pelo Pleno, dando efeito suspensivo ao RE (n. 511.961), permitindo
que qualquer pessoa desempenhe a atividade de jornalista sem a necessidade de apre-
sentação do diploma.
Em 17 de junho de 2009, por 8 a 1, o STF derrubou a exigência de diploma para o exercício
da profissão de jornalista:
“O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício
das liberdades de expressão e de informação. O jornalismo é a própria manifestação e
difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada.
Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno
da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são ativida-
des que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas
de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5. °, inciso XIII,
da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em
conjunto com os preceitos do art. 5. °, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição,
que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral.
[...] No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto
às qualificações profissionais. O art. 5. °, incisos IV, IX, XIV, e o art. 220, não autorizam o
controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista.
Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no momento
do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que,
em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação,
expressamente vedada pelo art. 5.º, inciso IX, da Constituição. A impossibilidade do esta-
belecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que
não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fisca-
lização desse tipo de profissão. O exercício do poder de polícia no Estado é vedado nesse
campo em que imperam as liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do
STF: Representação n. 930, Redator p/ o acórdão Ministro Rodrigues Alckmin, DJ, 2-9-1977”
(RE 511.961, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 17.06.2009, Plenário, DJE de 13.11.2009).
202
1. O período em que vigeu a ditadura militar no Brasil foi marcado pela censura e a
impossibilidade de liberdade de expressão. Porém, com o advento da Constituição
Federal de 1988, marco da redemocratização e da retomada de direitos preocu-
pou-se em expressar em sua redação, por meio do artigo 220 “A manifestação do
pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo
ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”.
Esse marco constitucional refletiu no cenário cultural, literário e jornalístico. Sobre
este tema de grande importância e relevância, analise as alternativas abaixo e assinale
a única que estiver correta:
Resposta: letra B
203
18
Meio Ambiente:
Índios
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Esta unidade tem como proposta tratar de um tema importante para um país
de dimensão continental como o Brasil, que são as questões pertinentes ao meio
ambiente à preservação dos últimos redutos indígenas.
A Constituição Federal (CF) de 1988 sustenta , dentre as preocupações,
o dever do Estado brasileiro de tutelar de forma direta a proteção e a preser-
vação do meio ambiente e dos indígenas, que, na realidade, são os autênticos
e originários brasileiros.
Assim, esta unidade expõe e explica a preocupação e o dever do Estado com a
demarcação das áreas de preservação ambiental e das áreas necessárias aos índios,
para que eles mantenham a cultura e possam sobreviver da caça, da pesca e dos
produtos da natureza, como o fizeram por milhares de anos.
Conceito
206
UNICESUMAR
207
UNIDADE 18
208
UNICESUMAR
EC n. 1/69: trouxe o termo ecológico pela primeira vez no Art. 172, dis-
pondo que a lei regularia, mediante prévio levantamento ecológico, o apro-
veitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades. O mau uso
da terra impediria o proprietário de receber incentivos e auxílios do governo.
Constituição Brasileira de 1988: trouxe um capítulo próprio sobre o
meio ambiente e previu outras garantias no Art. 225, caput, estabelecendo
que: “todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo, e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se
ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações" (BRASIL, 1988, on-line).
Sobre o contexto histórico das constituições brasileiras, Édis Milaré (1991,
p. 3) aponta:
“
Marco histórico de inegável valor, dado que as Constituições que
precederam a de 1988 jamais se preocuparam da proteção do
meio ambiente de forma específica e global. Nelas sequer uma
vez foi empregada a expressão meio ambiente, a revelar total des-
preocupação com o próprio espaço em que vivemos.
O dever de preservação será por parte do Estado e da coletividade, uma vez que
o meio ambiente não é um bem privado ou público, mas bem de uso comum do
povo. Caracteriza-se como res omnium, que significa coisa de todos, e não como
res nullius. Trata-se de um direito que, apesar de pretender a cada indivíduo, é
de todos ao mesmo tempo e, ainda, das futuras gerações (LENZA, 2022) .
O texto constitucional inova, pois estabelece uma justiça distributiva entre
as gerações, visto que as gerações do presente não poderão utilizar o meio am-
biente sem pensar no futuro das gerações posteriores, bem como na sadia qua-
lidade de vida, intimamente ligada à preservação ambiental (DERANI, 1997).
Por que proteger constitucionalmente o direito ao meio ambiente? Qual
é o artigo constitucional que o faz?
“
O caráter de fundamentalidade do direito a um meio ambiente
equilibrado reside no fato de ser indispensável a qualidade de
vida sadia, que por sua vez, é essencial para que uma pessoa tenha
condições dignas de vida. Por ser um limite expresso ás ativida-
209
UNIDADE 18
210
UNICESUMAR
211
UNIDADE 18
Responsabilização ambiental
Dos índios
212
UNICESUMAR
“
As comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que, con-
tando com uma continuidade histórica das sociedades anteriores à
invasão e à colonização que foi desenvolvida em seus territórios, con-
sideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão
decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras
seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua
existência continuada como povos, em conformidade com seus pró-
prios padrões culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos.
No Brasil, em 1934, apareceu pela primeira vez a proteção aos índios na cons-
tituição brasileira, denominando-os de silvícolas. A proteção aos silvícolas foi
mantida nos textos que seguiram (1937, 1946, 1967, EC n. 1/69). Importa notar
que a expressão silvícolas significa “aquele que nasce ou vive na selva; selvagem”
(MICHAELIS, [2022], on-line).
A Constituição Federal de 1988 substituiu a palavra "silvícolas" por "índios" e
reconhece aos índios a organização social, costumes, línguas, crenças e tradições e
os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Além disso, prevê
que os índios e as respectivas comunidades e organizações são partes legítimas para
ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, conforme art. 109, XI da
CF, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo, demonstrando
a intenção constitucional de proteção aos interesses indígenas (MORAES, 2010).
A Constituição de 1988 é, sem dúvida, a que mais se preocupou com os direitos
indígenas, dedicando um capítulo específico ao tema, além de consagrar diversos
dispositivos protetivos aos índios. A fim de assegurar a proteção da identidade e a
preservação do habitat natural desse segmento, foram reconhecidos expressamente
a organização social, os costumes, as línguas, as crenças, as tradições, e os direitos
originários sobre as terras tradicionalmente ocupadas (NOVELINO, 2012).
213
UNIDADE 18
Princípios
214
UNICESUMAR
dades indígenas, bem como objetivou assegurar sua sobrevivência física e cultural.
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, apesar de serem previstas
como bens da União (Art. 20, XI), destinando-se à posse permanente dos silvícolas,
são inalienáveis e indisponíveis. Os direitos sobre elas são imprescritíveis. Nos termos
da S. 650/STF, as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios não alcançam as ter-
ras de aldeamento extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.
A vinculação à União está reforçada no Art. 22, XIV, que estabelece ser competência
privativa da União legislar sobre as populações indígenas. Por essas características e
por possuírem destinação específica, embora não previstas expressamente no Art. 99,
II, do Código Civil (CC), as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios podem
ser classificadas como bens públicos de uso especial (LENZA, 2022).
■ Conceito
Nos termos do Art. 231, § 6.º, são nulos e extintos, não produzindo efeitos jurí-
dicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras
tradicionalmente ocupadas pelos índios ou a exploração das riquezas naturais
do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
Contudo, os atos que se apresentem como de relevante interesse público da
União, segundo o que dispuser lei complementar, podem não ser considerados
nulos, e não sofrer extinção.
Por consequência, a nulidade e a extinção de referidos atos não gerarão qualquer
direito à indenização ou a ações contra a União, em face do órgão de assistência do
índio (Fundação Nacional do Índio – FUNAI , vinculada ao Ministério da Justiça)
ou perante os próprios silvícolas, salvo na forma do que dispuser a lei no tocante às
benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé (LENZA, 2022 , p. 1530.).
215
UNIDADE 18
Importa notar que cabe a União “velar e impedir a prática de atos atentató-
rios aos direitos dos índios sobre as terras por eles ocupadas, que são bens dela”
(SILVA, 2007, p. 868).
216
UNICESUMAR
De acordo com o Art. 231, caput, são reconhecidos aos índios a organização so-
cial, costumes, línguas, crenças, tradições e os direitos originários sobre as terras
que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os bens. As terras indígenas, por iniciativa e sob orientação do
órgão federal de assistência ao índio (FUNAI), serão administrativamente demar-
cadas, de acordo com o processo estabelecido no Decreto nº 1.775/96, devendo
referida demarcação administrativa ser aprovada por Portaria do Ministro da
Justiça, que será homologada pelo Presidente da República e, posteriormente, re-
gistrada em livro próprio do Serviço do Patrimônio da União (SPU) e do registro
imobiliário da comarca da situação das terras(LENZA, 2022).
Entendeu o STF ser dispensada a manifestação do Conselho de Defesa Nacional
durante o processo homologatório, mesmo que a terra indígena se situe em região da
fronteira (MS 25.483, Rel. Min. Carlos Britto, j. 04.06.07, DJ de 14.09.2007).
217
UNIDADE 18
“
A importância jurídica da demarcação administrativa homolo-
gada pelo Presidente da República – ato estatal que se reveste de
presunção júris tantum de legitimidade e de veracidade – reside
na circunstância de que as terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios, embora pertencentes ao patrimônio da União (CF, art. 20,
XI), acham-se afetadas, por efeito de destinação constitucional, a fins
específicos voltados, unicamente, à proteção jurídica, social, antro-
pológica, econômica e cultural dos índios, dos grupos indígenas e
das comunidades tribais” (RE 183.188, Rel. Min. Celso de Mello, j.
10.12.96, DJ de 14.02.97).
218
UNICESUMAR
219
UNIDADE 18
■ “O usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes nas terras
indígenas (art. 231, § 2.º, da Constituição Federal) pode ser relativizado
sempre que houver, como dispõe o art. 231, § 6.º, da Constituição, rele-
vante interesse público da União, na forma de lei complementar;
■ O usufruto dos índios não abrange o aproveitamento de recursos hídri-
cos e potenciais energéticos, que dependerá sempre de autorização do
Congresso Nacional;
■ O usufruto dos índios não abrange a pesquisa e lavra das riquezas mine-
rais, que dependerá sempre da autorização do Congresso Nacional, asse-
gurando-se lhes a participação nos resultados da lavra, na forma da lei;
■ O usufruto dos índios não abrange a garimpagem nem a faiscação, deven-
do, se for o caso, ser obtida a permissão de lavra garimpeira;
■ O usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da política de defesa
nacional; a instalação de bases, unidades e postos militares e demais inter-
venções militares, a expansão estratégica da malha viária, a exploração de
alternativas energéticas de cunho estratégico e o resguardo das riquezas de
cunho estratégico, a critério dos órgãos competentes (Ministério da Defesa
e do Conselho de Defesa Nacional), serão implementados independente-
mente da consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI;
■ A atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal na área indígena, no
âmbito de suas atribuições, fica assegurada e se dará independentemente
de consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI;
■ O usufruto dos índios não impede a instalação, pela União Federal, de
equipamentos públicos, redes de comunicação, estradas e vias de trans-
porte, além das construções necessárias à prestação de serviços públicos
pela União, especialmente os de saúde e educação;
■ O usufruto dos índios na área afetada por unidades de conservação fica
sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade;
■ O Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade respon-
derá pela administração da área da unidade de conservação também
afetada pela terra indígena com a participação das comunidades in-
dígenas, que deverão ser ouvidas, levando-se em conta os usos, as tra-
dições e os costumes dos indígenas, podendo para tanto contar com
a consultoria da FUNAI;
220
UNICESUMAR
221
UNIDADE 18
Esse precedente, certamente, servirá de paradigma para tantos outros que tramitam na
Corte, como o da demarcação da reserva indígena Caramuru Catarina Paraguaçu, en-
volvendo a etnia Pataxó Hã-hã-hãe (Bahia – ACO 312 – liminar deferida para a perma-
nência dos índios), assim como as áreas indígenas Parabure (Mato Grosso – ACO 304)
e Kaigang (Rio Grande do Sul – ACO 469) (matéria pendente de julgamento pelo STF).
Estabelece o Art. 232 que os índios, suas comunidades e organizações são partes
legítimas para ingressar o juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo
o Ministério Público em todos os atos do processo.
“
Reconduz à comunidade de direito que existia no seio da gentilida-
de.‘Os bens da gens pertenciam conjuntamente a todos os gentílicos.
E este direito se distinguia do de cada um em particular, por não
ser exclusivo, mas indiviso e inalienável e indissoluvelmente ligado
à qualidade de membro da coletividade’”. (SILVA, 2007, p. 870).
Nos termos do Art. 109, XI, aos juízes federais compete processar e julgar a disputa
sobre direitos indígenas. Entretanto, o que seria disputa sobre direitos indígenas?
A posição do STF se dá, a fim de estabelecer a competência da Justiça Federal
para processar e julgar os feitos que versem sobre questões ligadas:
■ À cultura indígena.
■ Aos direitos sobre as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
■ A interesses constitucionalmente atribuíveis à União, como as infrações pra-
ticadas em detrimento de bens e interesse da União ou de suas autarquias e
empresas públicas.
222
UNICESUMAR
“
“Competência criminal. Conflito. Crime praticado por silvícolas,
contra outro índio, no interior da reserva indígena. Disputa sobre
direitos indígenas como motivação do delito. Inexistência. Feito de
Competência da Justiça Comum. Recurso improvido. Votos vencidos.
Precedentes. Exame. Inteligência do art. 109, incs. IV e XI, da CF. A
competência penal da Justiça Federal, objeto do alcance do disposto
no art. 109, XI, da Constituição da República, só se desata quando
a acusação for de genocídio, ou quando, na ocasião ou motivação
de outro delito de que seja índio o agente ou a vítima, tenha havido
disputa sobre direitos indígenas, não bastando seja aquele imputado
a silvícola, nem que este lhe seja vítima e, tampouco, que haja sido
praticado dentro de reserva indígena” (RE 419.528, Rel. p/ o acórdão
Min. Cezar Peluso, j. 03.08.2006, DJ de 09.03.2007).
223
UNIDADE 18
Nos termos do Art. 210, § 2º da CF, o Ensino Fundamental regular será minis-
trado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a
utilização das línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
Dessa forma, a CF entende que, no tocante às comunidades indígenas, não
se pode estabelecer processos de aprendizagem somente na língua portugue-
sa. Em igual medida, está vedada a utilização de processos que utilizem so-
mente as línguas maternas e processos próprios de aprendizagem dos índios.
Assegura-se, assim, para as comunidades indígenas, uma educação escolar
diferenciada, específica, intercultural e bilíngue (LENZA, 2022).
Como será coordenada a educação indígena? Quem o faz?
Nos termos do Decreto nº 26/91, ficou atribuída ao Ministério da Educa-
ção a competência para coordenar as ações referentes à educação indígena, em
todos os níveis e modalidades de ensino, ouvida a FUNAI, sendo referidas as
ações desenvolvidas pelas Secretarias de Educação dos estados e municípios
em consonância com as Secretarias Nacionais de Educação do Ministério da
Educação.
Já o Art. 78 da Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) estabelece que cabe ao Sistema de Ensino da União, com a colabo-
ração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios,
desenvolver programas integrados de ensino e pesquisa para a oferta de edu-
cação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes
objetivos:
■ Proporcionar aos índios, comunidades e povos, o acesso à recuperação
de suas memórias históricas, a reafirmação das identidades étnicas e a
valorização de suas línguas e ciências.
■ Garantir aos índios e às respectivas comunidades e aos povos, o acesso
às informações e conhecimentos técnicos e científicos da sociedade na-
cional e demais sociedades indígenas e não indígenas (LENZA, 2022).
224
UNICESUMAR
“
“No Brasil, desde o século XVI, a oferta de programas de educa-
ção escolar às comunidades indígenas esteve pautada pela cate-
quização, civilização e integração forçada dos índios à sociedade
nacional. Dos missionários jesuítas aos positivistas do Serviço
de Proteção aos Índios, do ensino catequético ao ensino bilín-
gue, a tônica foi uma só: negar a diferença, assimilar os índios,
fazer com que eles se transformassem em algo diferente do que
eram. Nesse processo, a instituição da escola entre grupos in-
dígenas serviu de instrumento de imposição de valores alheios
e negação de identidades e culturas diferenciadas. Só em anos
recentes esse quadro começou a mudar. Grupos organizados da
sociedade civil passaram a trabalhar junto com comunidades
indígenas, buscando alternativas à submissão desses grupos,
como a garantia de seus territórios e formas menos violentas de
relacionamento e convivência entre essas populações e outros
segmentos da sociedade nacional. A escola entre grupos indí-
genas ganhou, então, um novo significado e um novo sentido,
como meio para assegurar o acesso a conhecimentos gerais sem
precisar negar as especificidades culturais e a identidade daqueles
grupos. Diferentes experiências surgiram em várias regiões do
Brasil, construindo projetos educacionais específicos à realida-
de sociocultural e histórica de determinados grupos indígenas,
praticando a interculturalidade e o bilinguismo e adequando-se
ao seu projeto de futuro” (LENZA, 2022, p. 1539).
Ainda, importa citar a existência de minorias que devem ser protegidas, em es-
pecial, com atuação forte do Ministério Público Federal. São elas:
■ Os quilombolas.
■ As comunidades extrativistas.
■ As comunidades ribeirinhas e os ciganos.
“
“Todos esses grupos têm em comum um modo de vida tradicional
distinto da sociedade nacional de grande formato. De modo que o
grande desafio para a 6.ª CCR, e para os Procuradores que militam
em sua área temática, é assegurar a pluralidade do Estado brasilei-
ro na perspectiva étnica e cultural, tal como constitucionalmente
determinada” (MPF..., 2013, on-line).
225
UNIDADE 18
A terra deve ser vista como um modo de assegurar a existência digna, pois con-
sagra um direito fundamental que é o da moradia, protegido pela CF no Art. 6º.
A terra é essencial para a manutenção dessas pessoas e da cultur. Se “pri-
vado da terra, o grupo tende a se dispersar e a desaparecer, tragado pela
sociedade envolvente”. "Por isso, a perda da identidade coletiva para os inte-
grantes destes grupos costuma gerar crises profundas, imenso sofrimento e
uma sensação de desamparo e de desorientação, que dificilmente encontram
paralelo entre os integrantes da cultura capitalista de massas. Mutatis Mutan-
dis, romper os laços de um índio ou de um quilombola com seu grupo étnico
é muito mais do que impor o exílio do seu país para um típico ocidental”.
Conclusão
226
UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
A Constituição Federal, no A no Art. 225, protege o meio ambiente, entendido em sentido amplo. Já
o Art. 215, caput, e §1 do mesmo diploma, protege a manifestação cultural. Algumas práticas com
animais são permitidas, apoiando-se neste artigo, mas seria essa a intenção do legislador? Vejamos.
Calf Roping: bezerros com 40 dias de vida são tracionados no sentido contrário em que correm,
erguidos e lançados violentamente ao solo em uma prática que, além de causar lesões, pode
levá-los a morte.
Laçada dupla: prática em que o peão laça a cabeça de um garrote, enquanto o outro laça as per-
nas traseiras. Na sequência, o animal é esticado, ocasionando danos na coluna vertebral e lesões
orgânicas (AGRAV 419.225.5/5 2007).
Animais em circo: para realizar tarefas, como dançar, andar de bicicleta, tocar instrumentos, pu-
lar em argolas, dentre outras, os animais são submetidos a treinamento que, regularmente, en-
volve chicotadas, choques elétricos, chapas quentes, correntes e outros meios que os violentam.
A alimentação e o descanso, muitas vezes, são inadequados e insuficientes(PL N. 7.291/2006).
Sobre os rodeios, a Lei nº 10.519/2002 prevê que o rodeio de animais compreende as atividades
de montaria ou de cronometragem e as provas de laço, nas quais são avaliados a habilidade do
atleta em dominar o animal com perícia e desempenho do próprio animal. O STF ainda não en-
frentou a questão sobre rodeios, estando pendente a ADI 3.595, ajuizada pelo então governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin, com pedido liminar contra o Código de Proteção aos Animais do
Estado, que proibiu, nesse estado, as provas de rodeio e espetáculos que envolvam uso de ins-
trumentos que induzam o animal a se comportar de forma não natural (LENZA, 2022). Proibição
de tratamento cruel aos animais: art. 225, p. 1, VII CF.
EXPLORANDO IDEIAS
227
1. Todos temos direito a um meio ambiente equilibrado. Tenho certeza que você já
ouviu essa frase ao menos uma vez. Sabemos assim, que o meio ambiente equili-
brado é que possibilita que tenhamos vida e qualidade de vida, razão pela qual é
imprescindível a proteção e preservação ao meio ambiente e isso reflete no povo
indígena, primórdios ocupantes de nossas terras, que precisam da natureza para
sua sobrevivência por meio da caça e pesca. Sobre este tema tão relevante, analise
as alternativas abaixo e assinale a que estiver correta:
Resposta: letra E
228
19
Família, Criança,
Adolescente e
Idoso
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
o adolescente e o idoso.
ao adolescente.
UNIDADE 19
Conceito
O conceito de família pode ser analisado sob duas acepções: ampla e restrita. No
primeiro sentido, a família é o conjunto de todas as pessoas ligadas pelos laços
do parentesco, com descendência comum, englobando, também, os afins, o que
230
UNICESUMAR
“
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado.
231
UNIDADE 19
Dessa forma, a Constituição Federal (CF) afirma que é dever do Estado fornecer
especial proteção à família, instituição que é tida como a base da sociedade civil.
O conceito de família foi ampliado pelo texto de 1988, visto que, para efei-
to de proteção pelo Estado, também foi reconhecida como entidade familiar
a união estável entre homem e a mulher, devendo a lei facilitar a conversão
em casamento. A CF também reconhece a família monoparental, deixando
o antigo modelo patriarcal e hierarquizado como única forma de existência.
“Prioriza-se, portanto, a família socioafetiva á luz da dignidade da pessoa
humana, com destaque para a função social da família, consagrando a igual-
dade absoluta entre cônjuges e os filhos” (LENZA, 2022, p. 1493.).
O Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão histórica, ampliou o en-
tendimento sobre união estável, na ADI 4.277 e na ADPF 132, em 05 de maio
de 2011, ao reconhecer como constitucional a união estável entre pessoas do
mesmo sexo, tendo sido dada interpretação conforme a CF. Portanto, o Art.
1723 do Código Civil (CC) deve ser interpretado de outra maneira, não sendo
possível a alegação para impedir o reconhecimento da união entre pessoas
do mesmo sexo como entidade familiar. Em razão do princípio da dignidade
da pessoa humana (Art. 1, III), do direito à intimidade (Art. 5, X), da não
discriminação (art. 3, IV) e da igualdade (art. 5, caput) todos da CF, devem
ser considerados entidade familiar e precisam ter tratamento e proteção por
parte do Estado.
Divórcio
232
UNICESUMAR
Seria possível o reconhecimento da união estável para uma relação em que uma
menor de 14 anos, estuprada, veio a se casar com o agressor, para a extinção de
punibilidade, quando era admitida?
Note-se o pronunciamento do STF:
“Réu estuprou uma sobrinha aos nove anos de idade e com ela manteve rela-
ções sexuais até os doze anos, quando a engravidou. A partir daí, os dois passaram
a viver maritalmente [...]” (RE 418.376).
O Art. 107, VII do Código Penal (CP) previa a extinção da punibilidade pelo
casamento do agente com a vítima nos crimes contra os costumes. Contudo, no
caso proposto, decidido em 2006, o STF, por 6 votos a 3, entendeu que não se
aplica a extinção da punibilidade em razão da gravidade do crime e por existir a
violência presumida. O Estado tem o dever de coibir a violência no âmbito das
relações familiares e de proteger as crianças e os adolescentes. Assim, a relação
não se caracterizou como união estável (LENZA, 2022).
233
UNIDADE 19
234
UNICESUMAR
■ Educação.
■ Profissionalização.
■ Lazer.
■ Cultura.
■ Dignidade.
■ Respeito.
■ Liberdade.
■ Convivência familiar e comunitária.
Além disso, a CF assegura uma proteção especial, que abrange (Art. 227, p. 3 CF):
■ Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre àqueles que tenham
menos de 18 anos. A idade mínima para trabalho é de 16 anos, e 14 anos
para modalidade aprendiz.
■ Assegurar o acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola.
■ Acolher, sob a forma de guarda, criança ou adolescente órfão ou aban-
donado.
■ Através de programas do governo, atuar na prevenção e atendimento
especializado as crianças, adolescentes e jovens dependentes de entor-
pecentes, ou drogas.
Adoção
A adoção deve ser assistida pelo Poder Público, conforme art. 227, inciso 5 da CF,
e pela lei nacional da adoção (lei n. 12.010/2009).
Não há como se falar em “filhos legítimos ou de sangue” e filhos adotivos,
ambos são considerados filhos, não sendo permitida qualquer discriminação,
sendo assegurados os mesmos direitos inclusive sucessórios.
Podem ocorrer:
■ Adoção por homossexual ou casal transexual;
■ Adoção internacional (art. 51 e 52 ECA)
235
UNIDADE 19
Inimputabilidade penal
Idoso
“
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defen-
dendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados prefe-
rencialmente em seus lares.
236
UNICESUMAR
O idoso é aquele que tem idade igual ou superior a 60 anos (Lei nº 10.741/2003,
art. 1). Assim, o Estatuto adota o critério da idade. Por esse motivo, estabelece
um sistema de proteção integral e de absoluta prioridade nas seguintes formas:
■ Atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos
públicos e privados prestadores de serviços à população.
■ Destinação privilegiada de recursos públicos.
■ Preferência na formulação e na execução de políticas públicas.
■ Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio
do idoso com as demais gerações.
■ Priorização do atendimento do idoso por sua própria família em de-
trimento do atendimento asilar, exceto para aqueles que não tenham
condições de manutenção da própria sobrevivência.
■ Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria
e gerontologia, e na prestação de serviços aos idosos.
■ Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de in-
formações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de
envelhecimento.
■ Acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.
■ Prioridade no recebimento da restituição do imposto de renda.
237
UNIDADE 19
Conclusão
PENSANDO JUNTOS
238
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
239
1. Todos nós sabemos a importância da família na formação e desenvolvimento de um
indivíduo. A importância do tema levou o Constituinte a positivar na Carta Constitucio-
nal esse instituto, mas sem dúvida quando pensamos no núcleo familiar prontamente
identificamos que as crianças e os idosos merecem atenção especial face a sua maior
vulnerabilidade. Sendo assim, o artigo 226 da Constituição Federal especificou que
as família é a base da sociedade, merecendo proteção do Estado. Considerando o
instituto família e, considerando, ainda, os preceitos Constitucionais analise com
atenção as assertivas abaixo e assinale somente a que estiver correta:
Resposta: letra D
240
20
Das Disposições
Constitucionais
Específicas
Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
Me. Isis Carolina Massi Vicente
Conceito
Assim como aponta Ferreira Pinto (1988), o direito constitucional pode ser
compreendido como o ramo do direito público que expõe, interpreta e siste-
matiza os princípios e as normas fundamentais do Estado. Trata-se de uma
ciência positiva das constituições, desde que elas sejam compreendidas em
sentido jurídico, como um corpo codificado de leis fundamentais e, ainda, em
sentido político social, como o conjunto de costumes e usos sobre o exercício
e a transmissão da autoridade ou o valor das liberdades públicas dentro de
um determinado ambiente histórico (FERREIRA, 1998).
Para Santi Romano (1977), o direito constitucional pode ser entendido como
tronco e o ponto de partida do Direito, ao qual se prendem, mas do qual também
derivam os vários ramos da mesma ordenação. Ele é o início de todo direito do
Estado e cada um dos ramos dele o pressupõe, sendo, por assim dizer, gerados e
amparados por ele, sem que com ele possam ser confundidos (ROMANO, 1977).
242
UNICESUMAR
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UNIDADE 20
244
UNICESUMAR
“
Art. 2º - No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá,
através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitu-
cional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presiden-
cialismo) que devem vigorar no País.
245
UNIDADE 20
Portanto, não se pode afirmar que somente a lei é fonte do direito constitucional.
O que influenciou o legislador constituinte brasileiro?
O Brasil se inspirou nos legisladores francês americano, alemão e português.
No século XIX, o Direito Constitucional brasileiro foi influenciado pelo Direito
Público francês. A presença do poder moderador na CF se deve à influência de
Benjamin Constant, publicista francês. A forma de governo, consubstanciada na
Monarquia, era uma concepção tipicamente francesa.
A partir do final do século XIX, e, sobretudo, durante o século XX, o Direito
Constitucional dos Estados Unidos da América. O Estado federal, a República e o
Presidencialismo, consagrados na Constituição norte-americana, foram transpor-
tados para a Constituição brasileira de 1891. Ademais, essa Constituição tomou por
paradigma a dos Estados Unidos da América do Norte, elaborada pela Convenção
de Filadélfia, com a qual apresenta muitas semelhanças (FACHIN, 2012).
Já no século XX, sem rejeitar o constitucionalismo norte-americano, a in-
fluência foi do Direito Constitucional da Alemanha. A Constituição de Weimar
de 1919 e, mais tarde, a Constituição de Bonn, de 1949, foram referências para
o Direito Constitucional brasileiro. Nas últimas décadas, de modo especial, a
doutrina constitucionalista alemã, consolidada por Robert Alexy, Peter Haberle,
Friedrich Muller, e Konrad Hesse, traz lições seguidas pela doutrina constitucio-
nalista brasileira, notadamente no campo da interpretação constitucional.
Já na década de 1980, houve uma forte influência do Direito Constitucional
português. a Constituição da República Portuguesa de 1976 inspirou o consti-
tuinte brasileiro em vários temas, como a inconstitucionalidade por omissão, o
habeas data e a dignidade da pessoa humana. A doutrina constitucionalista por-
tuguesa também vem exercendo influência em pesquisadores brasileiros. Jorge
Miranda, José Joaquim Gomes Canotilho, Paulo Ferreira da Cunha e outros são
alguns portugueses estudados amplamente no Brasil (FACHIN, 2012).
Por fim, para fechar o tema, importa indagar: existem lacunas na CF?
Para Gilmar Mendes (2013), a dificuldade para o intérprete da CF pode estar
na circunstância de se deparar com uma situação não regulada pela carta, mas
que seria de se esperar que o constituinte sobre ela dispusesse. Mais inquietante,
pode acontecer de um fato real se encaixar perfeitamente no que impor uma nor-
ma, cuja incidência, contido, produz resultados inaceitáveis. Nesses casos, fala-se
em lacuna da CF. A lacuna pode ser definitiva, na fórmula precisa e concisa de
Jorge Miranda, como situação constitucionalmente relevante não prevista.
246
UNICESUMAR
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UNIDADE 20
“
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente
a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havi-
da por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
sessão legislativa.
Conclusão
EXPLORANDO IDEIAS
O estado do Acre omitiu a expressão "sob a proteção de Deus" em sua Constituição Es-
tadual, a qual foi questionada perante o STF pelo Partido Social Liberal. O STF definiu a
questão entendendo que o preâmbulo é irrelevante juridicamente e a expressão “sob a
proteção de Deus” não é norma de reprodução obrigatória na Constituição Estadual, não
tendo força normativa (ADI 2.076 – AC, Rel. Min. Carlos Velloso).
248
1. As Cartas Constitucionais costumam ser marcos de rompimentos, dando ensejo a
períodos de transição. Isso fica claro quando analisamos o histórico das Constitui-
ções e identificamos uma alternância entre Constituições outorgadas, que são as
impostas pelo governante e promulgadas, que são as democráticas, instituídas por
uma Constituinte. Perpassando por este breve histórico, temos que a Constituição
Federal de 1988 foi promulgada, e veio com a finalidade de promover uma transição,
um novo recomeço após um longo período ditatorial. Mas para que essa transição
seja plena e possa regulamentar algumas situações, é que nos deparamos com o Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias-ADCT. Considerando a Carta Constitu-
cional de 1988 e o respectivo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias bem
como as normas Constitucionais, analise as assertivas abaixo e assinale a correta:
a) A Constituição Federal goza de cláusulas pétreas que são aquelas que não podem
ser suprimidas, alteradas ou incluídas por emenda Constitucional;
b) O preâmbulo tem o escopo de demonstrar a ruptura com o ordenamento cons-
titucional anterior e o surgimento de um novo estado;
c) O preâmbulo constitucional obrigatoriamente devem ser seguidos em sua inte-
gralidade pelas Constituições Estaduais e Municipais;
d) O poder Constituinte originário é identificado também quando da propositura
de emendas constitucionais;
e) As normas constantes no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias não
possuem o mesmo status de norma Constitucional.
Resposta: letra B
249
CONCLUSÃO GERAL
UNIDADE 20
Caro(a) aluno(a),
Em um Estado Democrático de Direito, é de fundamental importância o estu-
do e o conhecimento do Direito Constitucional, pois ele é a norma maior e a que
estabelece a identidade que o Estado deve ter, além de determinar as estruturas e
os alcances das instituições de poder que compõem o Estado.
Neste material, ficou claro que a Constituição Federal de 1988 tem uma carga
muito grande de direitos que protegem os historicamente excluídos de nossa
história, assim como nos permite verificar a preocupação em tutelar os direitos
dos índios, das crianças, dos adolescentes e dos idosos, todos cidadãos que se
encontram em condição frágil frente às adversidades do mundo moderno.
250
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252