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Lógica

Matemática
PROFESSOR
Dr. Ricardo Cardoso de Oliveira

ACESSE AQUI O SEU


LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE

FICHA CATALOGRÁFICA

Coordenador(a) de Conteúdo U58 Universidade Cesumar - UniCesumar.


Antoneli da Silva Ramos Lógica Matemática / Ricardo Cardoso de Oliveira. -
Projeto Gráfico e Capa Indaial, SC : Arqué, 2023.

André Morais, Arthur Cantareli e 224 p. : il.


Matheus Silva
ISBN papel xxxxxxxxxxxxxxx
Editoração ISBN digital xxxxxxxxxxxxxxx
Adrian Marçareli dos Santos
Design Educacional “Graduação - EaD”.
Ivana Martins 1. Lógica 2.Matemática 3. Cálculo. 4. Ricardo Cardoso
de Oliveira 1. 5. I. Título.
Curadoria
Luana Brutscher
CDD - 511.3
Revisão Textual
Erica F. Ortega
Ilustração Núcleo de Educação a Distância.
Eduardo Aparecido, Welington Vainer Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.
Fotos
Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Shutterstock
Impresso por:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
02511400
Ricardo Cardoso de Oliveira

Olá, aluno(a), sou o professor Ricardo. Sou bacharel em


Engenharia Química pela Universidade Estadual de Ma-
ringá (UEM) e licenciado em Matemática pela Universi-
dade Cesumar. Sou especialista em Inovações no Ensino
da Matemática pela UNICESUMAR, mestre e doutor na
área de Desenvolvimento de Processos pela UEM. Atual-
mente curso mestrado em Bioestatística na UEM. Atuei
como professor de Matemática, Química e Física no en-
sino fundamental e médio entre os anos de 2006 e 2009.
Desde 2008, atuo como professor no ensino superior mi-
nistrando diferentes disciplinas, como Lógica Matemáti-
ca, Matemática Financeira, Cálculo Diferencial e Integral,
Geometria Analítica, Equações Diferenciais, Mecânica dos
Fluidos, Termodinâmica e Fenômenos de Transportes.
Durante a minha primeira graduação, participei do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica
(PIBIC) e desenvolvi estudos na área de micro e ultrafil-
tração, área esta que acabei escolhendo para os estudos
de mestrado e doutorado.
Atualmente faço parte do quadro de professores da
Unicesumar e ministro as disciplinas de Lógica Matemá-
tica, Geometria Analítica, Cálculo Diferencial e Integral,
Pesquisa Operacional e Cálculo Numérico.

http://lattes.cnpq.br/1827765984672389
LÓGICA MATEMÁTICA

Caro(a) aluno(a), você deve saber que a Matemática é uma ciência que pauta os co-
nhecimentos que denominamos de abstratos e concretos. Sabemos que a Matemática
busca situar, de modo estruturado e claro, conceitos e técnicas para a compreensão de
diversos fenômenos e situações. Por exemplo, entre os tópicos de estudo da Matemá-
tica, estão os números e operações, as estruturas algébricas, as formas geométricas,
a probabilidade, a análise de dados e outros. Apenas observe o seu redor e analise:
onde a Matemática está inserida? Agora, analise além e tente responder as perguntas:
o que fundamenta tudo isso? Como tudo isso faz sentido?
“Isso tudo” faz sentido e é fundamentado porque a Matemática é construída a partir
da lógica. A Lógica discute o uso do raciocínio em alguma atividade e ela é a disciplina
tida como normativa e do raciocínio válido, sendo denominada de lógica formal. Essa
lógica formal é baseada na validação de um argumento, com base em leis, e não pelo
seu conteúdo.
Prezados(as) alunos(as), vamos raciocinar um pouco. O que é um número primo?
Quando dois números são primos entre si? Por que a raiz quadrada de dois é um
número irracional? Aliás, o que é um número irracional? Por que o determinante de
uma matriz Perceba que, quando efetuamos questionamentos matemáticos, as res-
postas corretas a esses questionamentos precisam ser bem fundamentadas e que
quase sempre a resposta é fruto de uma argumentação. Agora, como proceder essa
argumentação? Ou ainda, como provar, a partir de proposições verdadeiras, que um
argumento é válido? Nesse sentido, a disciplina de Lógica Matemática possibilitará a
você, caro(a) aluno(a), criar bases e estruturas para tal. Você será apresentado(a) a um
arsenal de informações que fundamenta, por exemplo, todo o curso de Cálculo Dife-
rencial e Integral, todo o curso de Geometria Analítica e Álgebra Linear.
Ao longo deste curso, vamos começar pelo básico, definindo as estruturas lógicas
(lógica simbólica) e passando para a lógica formal, que é quando faremos uso da infe-
rência puramente formal e pautada em regras. Os conteúdos que abordaremos neste
material são de extrema importância à Matemática e, também, às demais áreas do
saber, como, por exemplo, programação e em tecnologia da informação.
Diante do exposto, você se sente preparado(a)? Quais são as dificuldades que você
considera menos familiares diante do seu histórico de conhecimento e interações pro-
fissionais? Você, enquanto aluno(a), qual resgate consegue fazer? Você já tinha pensado
no quanto essas questões apontadas e abordadas se relacionam e no quanto elas estão
presentes no seu futuro como professor de Matemática?
Por exemplo, como podemos provar que a hipotenusa de um triângulo retângulo
isósceles e com catetos unitários é um número irracional? Aliás, como provar que esse
número é irracional? A demonstração por contradição é a chave dessa demonstração.
Assim, espero encontrá-lo(a) disposto(a) a discutir problemas que, num primeiro mo-
mento, podem parecer sem sentido ou fora de contexto. Espero encontrá-lo(a) dispos-
to(a) a manter a objetividade em aprender. Espero, muito, encontrá-lo(a) disposto(a) a
promover a transformação no cenário em que você atua. E aí, bora?
RECURSOS DE
IMERSÃO
REALIDADE AUMENTADA PENSANDO JUNTOS

Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
ce. Aproxime seu dispositivo móvel
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA

Professores especialistas e convi-


NOVAS DESCOBERTAS
dados, ampliando as discussões
sobre os temas. Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos
de maneira interativa usando a tec-
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
nologia a seu favor.
Uma dose extra de conhecimento
é sempre bem-vinda. Posicionando
seu leitor de QRCode sobre o códi- OLHAR CONCEITUAL
go, você terá acesso aos vídeos que
Neste elemento, você encontrará di-
complementam o assunto discutido.
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos,
esquemas e fluxogramas os quais te
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar


Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

1
9 2
45
CONECTIVOS EQUIVALÊNCIA
LÓGICOS E IMPLICAÇÕES
E TABELA LÓGICAS
VERDADE

3
91 4 133
MÉTODOS DE QUANTIFICADORES
INFERÊNCIA E LÓGICA DE
PREDICADOS

5
173
O PRINCÍPIO DE
INDUÇÃO FINITA
1
Conectivos
Lógicos e Tabela
Verdade
Dr. Ricardo Cardoso de Oliveira

Olá, caro(a) aluno(a), na primeira unidade do livro de Lógica Matemá-


tica, você terá contato com os conceitos básicos que envolvem essa
importante disciplina. Você aprenderá a identificar uma proposição
lógica, será apresentado às definições dos principais conectivos lógicos
matemáticos, fará uso desses conectivos para escrever proposições
matemáticas e aprenderá a construir uma tabela verdade.
UNIDADE 1

Nas aulas de Matemática do ensino fundamental, é certo que você tenha estudado
sobre a tabuada. Ela é obtida por meio da multiplicação de um número inteiro
pela sucessão dos números naturais: 0, 1, 2, 3, ... A sequência de resultados ob-
tidos por meio dessa multiplicação é denominada de múltiplos de um número.
Por outro lado, em matemática, dizemos que um número inteiro, digamos x, é
múltiplo de um outro número inteiro, digamos y, sendo esse diferente de zero,
quando a divisão de x por y for exata. Nessa condição, podemos afirmar que o
número y é um divisor do número x. Daí, para verificar a divisibilidade de núme-
ros inteiros, basta efetuar a divisão e verificar se ela é ou não exata. Contudo, essa
etapa torna-se demasiadamente trabalhosa e, é natural, a pergunta: será que existe
algum critério ou padrão para verificar a divisibilidade de um número por outro?
Os critérios de divisibilidade dos números inteiros estão baseados no algorit-
mo euclidiano da divisão. Você deve se lembrar que um número é divisível por
outro, não-nulo, quando o resto da divisão é zero. Para não efetuarmos o processo
de divisão, existem alguns critérios de divisibilidade que permitem verificar rapi-
damente se um número inteiro é divisível por outro número inteiro, sem ter que
efetuar a divisão. Por exemplo, um número par é divisível por 2. Um número é
divisível por 3 quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos é divisível
por 3. Um número é divisível por 4 quando termina em 00 ou quando o número
formado pelos dois últimos algarismos da direita é divisível por 4. Um número é
divisível por 5 quando o algarismo das unidades é 0 ou 5. Para ser divisível por 6,
o número precisa ser divisível por 2 e por 3. Quero que você coloque um pouco
de atenção na maneira que se dá o critério de divisibilidade por 4, 5 e 6. Você
percebe que o uso dos conectivos E e OU faz toda a diferença?
Esses critérios de divisibilidade estão relacionados entre si por meio de
padrões e/ou regularidades. Diante desse fato, quero que você me ajude a
criar outros critérios de divisibilidade.
Vamos iniciar com o critério de divisibilidade por 12. Note que o número 780
é divisível por 12, pois ele é divisível por 3 (confira!) e por 4 (confira, também!).
Por outro lado, o número 870 não o é. Embora, seja um número divisível por 3,
não é divisível por 4. Verifique se os números 1672 e 1200 são divisíveis por 12.
Será que existe algum padrão para o critério de divisibilidade por 12?
Agora, vamos analisar se conseguimos criar um critério de divisibilidade por
25. Observe que os números 400, 525, 850 e 1075 são todos divisíveis por 25,
ao passo que o número 615 não o é. Verifique a veracidade dessa última frase!

10
UNICESUMAR

Aproveite e verifique, também, que 1200 é um número divisível por 25 e que 1528
não o é. Será que existe algum padrão para o critério de divisibilidade por 25?
Você deve ter percebido que, para ser divisível por 12, um número inteiro pre-
cisa ser divisível por 3 e por 4. Note aqui que usei o conectivo E que é conhecido
como conjunção. Dessa forma, para ser divisível por 12 é necessário ser divisível
pelos números três e quatro. Já para a divisibilidade por 25, você deve ter notado
que o número inteiro deve ter os dois algarismos finais terminados em 00, 25, 50
OU 75. Observe que fiz uso de um conectivo conhecido como disjunção. Dessa
forma, basta o número ter os dois algarismos finais terminados em 00, 25, 50 ou
75 que teremos os resultados satisfazendo esse critério.
Use o seu Diário de Bordo para anotar as primeiras impressões sobre os
conectivos lógicos e sobre como a disciplina de lógica poderá te auxiliar ao
longo das disciplinas específicas do curso de matemática. Escreva livremente
o que você entendeu, tendo como base os exemplos apresentados e os aspec-
tos importantes para a sua solução.

11
UNIDADE 1

Caros(as) alunos(as), nesta unidade, formalizaremos o conceito dos conectivos


lógicos em uma linguagem formal e sistemática. Normalmente, esse conteúdo
não é apresentado no Ensino Médio, porém, para o melhor desenvolvimento,
rigor e praticidade em Matemática, precisamos falar sobre eles e, também,
estudar as operações envolvendo esses conectivos.
Em Matemática, uma proposição é qualquer sentença declarativa que expri-
me um pensamento de sentido completo e assume um dos dois valores-verdade:
Verdadeiro e Falso, que é denominado valor verdade.
Assim, as sentenças:
i) “Santiago é a capital do Chile.”; ii) “2 é um número par.”; iii) “Dois mais dois
são 10.” são exemplos de proposições, uma vez que podemos atribuir a ela valor
lógico verdadeiro ou falso. Por outro lado, as sentenças: i) “Que lindo!”; ii) “2 é
um número primo?”; iii) “Não corre aqui!” não são exemplos de proposições,
pois no caso da sentença “Que lindo!” temos uma exclamação; da sentença “2
é um número primo?” temos uma interrogação e no caso de “Não corre aqui!”
temos uma sentença imperativa.
De acordo com Alencar Filho (2002), a Lógica Matemática adota como regras
fundamentais do pensamento os seguintes princípios (ou axiomas):
(i) PRINCÍPIO DA IDENTIDADE - “Toda proposição é igual a si mesma”.
(ii) PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO – “Uma proposição não pode
ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo”.
(iii) PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO – “Toda proposição ou é
verdadeira ou é falsa, ou seja, não existe uma terceira possibilidade”.
Alencar Filho (2002) afirma que uma proposição pode ser simples ou com-
posta. Diz-se que uma proposição é simples (ou atômicas) quando vem desa-
companhada de conectivos. Já uma proposição composta é aquela formada
por duas ou mais proposições simples conectadas entre si. Nesse estudo, vamos
denotar as proposições simples e compostas por letras minúsculas ou maiúsculas
do alfabeto latino (a, b, c, d, ..., A, B, C, D, ...).
Os conectivos lógicos são palavras ou símbolos que são empregados para
formar proposições compostas, a partir de proposições simples. Os conectivos
mais usuais em Lógica são: “e”, “ou”, “ou ... ou...”; “se ... então...”, “se, ... e somente se
...”, “não”. Analise o exemplo a seguir.

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UNICESUMAR

São exemplos de proposições simples:


a) p: Buenos Aires é a capital do Argentina.
b) q: 3 é um número primo.
c) r: 200 é divisível por 25.
d) s: Machado de Assis é o autor de Dom Casmurro.
São exemplos de proposições compostas:
e) P: 16 é um quadrado perfeito e 2 é um número primo.
f) Q: Machado de Assis é o autor de Dom Casmurro ou Ricardo é professor.
g) R: Se Machado de Assis é o autor de Dom Casmurro, então 16 é um nú-
mero quadrado perfeito.

NOVAS DESCOBERTAS

A lógica é a ferramenta usada para sustentar as argumentações ma-


temáticas. Nesse vídeo, o professor Maurício Carvalho apresenta a
diferença entre a "lógica formal" e a "lógica informal", evidenciando a
necessidade desta ferramenta não dar margem à dúvida.

O valor lógico de uma proposição com-


posta depende unicamente dos valores
lógicos das proposições simples que a
compõe, ficando por eles univocamente
determinado. Dessa maneira, na prática
a determinação do valor-lógico de uma
proposição composta é feita usando a
tabela verdade. A tabela verdade é
uma tabela na qual são apresentadas
todas as possibilidades para os valores-
-lógicos de uma ou mais proposições.
Agora, faremos um estudo detalhado
de alguns conectivos lógicos.

13
UNIDADE 1

CONECTIVOS LÓGICOS

Sejam P e Q duas proposições, a conjunção das proposições P e Q, denotada por


P ∧ Q , é uma nova proposição que assume valor lógico verdadeiro somente
quando P e Q forem verdadeiras simultaneamente. A tabela verdade do conec-
tivo conjunção é mostrada na Tabela 1.

P Q P∧Q
V V V

V F F

F V F

F F F

Tabela 1 – Tabela verdade do conectivo conjunção \ Fonte: o autor

A conjunção (∧) é lida como “e” e pode ser expressa em palavras como: mas,
todavia, contudo, no entanto, enquanto, embora, além disso, visto que.
Considere que P e Q sejam duas proposições, a disjunção das proposições
P e Q, denotada por P ∨ Q , é uma nova proposição que assume valor lógico
verdadeiro somente quando P ou Q forem verdadeiras simultaneamente, não
necessariamente simultâneas. A disjunção (∨ ) é lida como “ou” e a sua tabela
verdade é mostrada na Tabela 2.

P Q PQ
V V V

V F V

F V V

F F F

Tabela 2 – Tabela verdade do conectivo disjunção \ Fonte: o autor.

14
UNICESUMAR

Considere que P e Q sejam duas proposições, a condicional das proposições P


e Q, denotada por P → Q , é uma nova proposição que assume valor lógico
falso somente quando P for verdadeira e Q for falsa. A disjunção A condicional
(→) é lida como “se... então”, “P é condição suficiente para que Q”, “Q é uma
condição necessária para P” e a sua tabela verdade é mostrada na Tabela 3.

P Q PQ
V V V

V F F

F V V

F F V

Tabela 3 – Tabela verdade do conectivo condicional \ Fonte: o autor.

Alencar Filho (2002) afirma que uma condicional P → Q não afirma que o
consequente Q se deduz ou é consequência do antecedente P. Dessa maneira,
nas condicionais “Se 5 é um número ímpar, então Natal é uma cidade” e “Se
Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, então o dobro de três é oito” não
estão a afirmar, de modo nenhum, que o fato de “Natal ser uma cidade” se deduz
do fato de “5 ser um número ímpar” ou que a proposição “o dobro de três é oito”
é consequência da proposição “Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro”. De
acordo com Gerônimo e Franco (2006), o que uma condicional afirma é unica-
mente uma relação entre os valores lógicos do antecedente e do consequente de
acordo com sua tabela verdade.
Sejam P e Q duas proposições, a bicondicional das proposições P e Q, denotada
por P ↔ Q , é uma nova proposição que assume valor lógico verdadeiro somen-
te quando P e Q forem verdadeiras ou P e Q forem falsas. A condicional (↔) é

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UNIDADE 1

lida como “se ... e somente se”, “P bicondiciona Q” e sua tabela verdade é apre-
sentada na Tabela 4.

P Q PQ
V V V

V F F

F V F

F F V
Tabela 4 – Tabela verdade do conectivo bicondicional \ Fonte: o autor.

Considere que P e Q sejam duas proposições, a disjunção inclusiva das propo-


sições P e Q, denotada por P ∨ Q , é uma nova proposição que assume valor ló-
gico verdadeiro somente quando P ou Q forem falsos e assume valor lógico falso
quando P e Q forem verdadeiros ou falsos simultaneamente. A disjunção inclu-
siva    é lida como “ou ... ou” e sua tabela verdade é apresentada na Tabela 5.

P Q P Q
V V F

V F V

F V V

F F F

Tabela 5 – Tabela verdade do conectivo disjunção inclusiva \ Fonte: o autor.

O latim tem duas palavras diferentes correspondentes aos dois sentidos distintos
da palavra “ou” na linguagem comum. A palavra latina “vel” exprime a disjunção
no seu sentido débil ou inclusivo, ao passo que a palavra “aut” exprime a dis-
junção no sentido forte ou exclusivo (ALENCAR FILHO, 2002).
Agora, considere que seja dada uma proposição P, podemos escrever outra pro-
posição ~ P (lê-se “não P”), denominada negação de P. O valor lógico de ~ P é o
oposto do valor lógico de P. A tabela verdade da negação é apresentada na Tabela 6.

16
UNICESUMAR

P ~P
V F

F V

Tabela 6 – Tabela verdade do conectivo negaçãol \ Fonte: o autor.

O conectivo da negação não liga duas proposições, mas nega a afirmação da pro-
posição que o precede. Trata-se de um conectivo unitário, enquanto os demais
são binários, pois ligam duas proposições.
Dependendo do autor e/ou livro de lógica matemática que podemos fazer con-
sulta, é possível fazer uso de outros símbolos para os conectivos lógicos. Por exemplo,
é comum fazer uso do símbolo ¬ para a negação. Os símbolos • e & são emprega-
dos para a conjunção. E, ainda, o símbolo ⊃ pode ser empregado para a condicional.

17
UNIDADE 1

Caro(a) estudante, vamos analisar alguns exemplos para facilitar a sua compreen-
são sobre o uso dos conectivos lógicos.

Exemplo 2

Considere a proposição “João lê, mas não escreve bem”. Nessa proposição, o
conectivo lógico é
a) disjunção inclusiva.
b) disjunção exclusiva.
c) condicional.
d) bicondicional.
e) conjunção.

Solução: A proposição composta “João lê, mas não escreve bem” é formada pelas
seguintes proposições simples “João lê” e “não escreve bem” que, por sua vez, são
ligadas pelo operado conjunção (mas). Logo, alternativa E.

Exemplo 3

A proposição “uma matriz de ordem quadrada é a matriz em que o número de li-


nhas é igual ao número de colunas” pode ser representada em termos lógicos por
a) P ∨ Q

b)  P  Q   R

c)  P  Q   R

d) P

e) P ∧ Q

18
UNICESUMAR

Solução: Temos que a oração “uma matriz de ordem quadrada é a matriz em que
o número de linhas é igual ao número de colunas” é uma proposição simples.
Logo, sua representação não faz uso de conectivos lógicos e sua representação,
em termos lógicos, é P, pois denota apenas que é uma proposição e responde à
questão a alternativa D.

Exemplo 4

Considere as proposições simples abaixo.


p: “Rafaela é irmã de Luana.”
q: “Luana é filha única.”

Assinale a alternativa que expressa corretamente a proposição composta ~ p ∧ q :

a) Rafaela é irmã de Luana ou Luana é filha única.


b) Rafaela não é irmã de Luana e Luana é filha única.
c) Se Rafaela não é irmã de Luana, então Luana é filha única.
d) Ou Rafaela não é irmã de Luana ou Luana é filha única.
e) Rafaela não é irmã de Luana e Luana não é filha única

Solução: temos as proposições p: “Rafaela é irmã de Luana.” e q: “Luana é filha


única.” A negação de p, denotada por ~p, é redigida como ~p: “Rafaela não é irmã
de Luana.” Dessa forma, a proposição composta ~ p ∧ q é redigida como “Ra-
faela não é irmã de Luana e Luana é filha única” e dessa forma, responde à
questão a alternativa B.

19
UNIDADE 1

Exemplo 5

A representação simbólica correta da proposição “O gato é semelhante ao leão,


assim como a capivara é semelhante ao rato” é:
a) P ↔ Q

b) P

c) P ∧ Q

d) P ∨ Q

e) P → Q

Solução: considere as proposições P: “O gato é semelhante ao leão” e Q: “a capivara


é semelhante ao rato”. Note que dentre os conectivos lógicos estudados aquele que
melhor descreve a proposição composta “O gato é semelhante ao leão, assim como
a capivara é semelhante ao rato” é a bicondicional e, portanto, a representação sim-
bólica dessa proposição é P ↔ Q . Logo, responde à questão a alternativa A.
Definidos os conectivos lógicos, podemos retornar à situação sobre os cri-
térios de divisibilidade por 12 e por 25. Observe que, no caso do critério de
divisibilidade por 12, o número inteiro precisa ser divisível por 3 e por 4, isto
é, fizemos uso do conectivo conjunção. Dessa forma, um número inteiro será
divisível por 12, ou seja, terá valor lógico verdadeiro, quando for divisível por
3 e por 4, ou seja, as duas proposições devem assumir valor lógico verdadeiro.
Por outro lado, um número inteiro, para ser divisível por 25, quando apresentar
os dois algarismos finais terminados em 00, 25, 50 ou 75, isto é, fizemos uso do
conectivo disjunção. Nesse caso, a proposição assume valor lógico verdadeiro
quando os dois últimos dígitos do número inteiro for 00, 25, 50 ou 75, e, caso
contrário, assumirá valor lógico falso.
Agora, vamos aplicar esses conectivos e suas tabelas verdade e calcular o valor
lógico de algumas proposições.

20
UNICESUMAR

Exemplo 6

Assinale a opção que apresenta valor lógico falso.


4
a) 2 = 16 e 2  3  5 .

b) Se 5 = 3 , então 6  3  2 .

c) Ou 3  2  1 ou 4  1  8 .
d) Se 7  3  4 , então 4  2  7 .

2 3
e) 4 = 16 se, e somente se, 8 =2 .

4
Solução: Segue que 2 = 16 assume valor lógico V e 2  3  5 assume valor-ló-
4
gico V e, dessa maneira, a proposição composta “ 2 = 16 e 2  3  5 ” assume
valor lógico V.
5 = 3 assume valor-lógico F e 6  3  2 assume valor-lógico V e, dessa ma-
neira, a proposição composta “Se 5 = 3 , então 6  3  2 ” assume valor-lógico
V.
3  2  1 assume valor-lógico V e a proposição 4  1  8 assume valor-lógico
F. Desse modo, a proposição “Ou 3  2  1 ou 4  1  8 ” assume valor-lógico V.
7  3  4 assume valor-lógico V e 4  2  7 assume valor-lógico F e, des-
sa maneira, a proposição composta “Se 7  3  4 , então 4  2  7 ” assume
valor-lógico F.
3
42 = 16 assume valor-lógico V e o mesmo ocorre com 8 = 2 . Dessa maneira,
a proposição composta “ 42 = 16 se, e somente se, 3 8 = 2 ” assume valor-lógico V.
Logo, apresenta valor-lógico falso a afirmação da alternativa D.

Exemplo 7

Entre as opções abaixo, a única com valor lógico verdadeiro é:


a) Se Brasília é a capital do Brasil, Buenos Aires é a capital da Colômbia.
b) Se Brasília é a capital do Brasil, Paris não é a capital da França.

21
UNIDADE 1

c) Buenos Aires é a capital da Colômbia e Brasília é a capital do Brasil ou


Paris é a capital da França.
d) Brasília é a capital do Brasil e Buenos Aires é a capital da Colômbia ou
Paris é a capital do Canadá.
e) Buenos Aires é a capital da Argentina e Paris não é a capital da França.

Solução: Temos que as proposições “Brasília é a capital do Brasil”, “Buenos Aires é a


capital da Argentina” e “Paris é a capital da França” assumem valor-lógico V. Assim,
“Se Brasília é a capital do Brasil, Buenos Aires é a capital da Colômbia”
assume valor-lógico F.
“Se Brasília é a capital do Brasil, Paris não é a capital da França” assume
valor-lógico F.
“Buenos Aires é a capital da Colômbia e Brasília é a capital do Brasil ou Paris
é a capital da França” assume valor-lógico V.
“Brasília é a capital do Brasil e Buenos Aires é a capital da Colômbia ou Paris
é a capital do Canadá” assume valor-lógico F.
“Buenos Aires é a capital da Argentina e Paris não é a capital da França” as-
sume valor-lógico F.
Logo, apresenta valor-lógico verdadeiro a afirmação da alternativa C.

Exemplo 8

Assinale a alternativa que possui valor lógico FALSO.


a) Se 3  3  6 , então log5 125  2 .

b) Se 3  3  5 , então log5 125  3.

c) 33  6 ou log5 125  2 .

36
d) log6 = 2 se, e somente se, log5 125  3.

125
e) log5 = 3 e log6 36  2.

Solução: Sejam as proposições

22
UNICESUMAR

a) P: 3  3  6 que tem valor lógico V e Q: log5 125  2 que tem valor lógico

F. Assim, como na afirmação temos a condicional, segue da tabela verdade da


condicional que o valor lógico da proposição é F.
b) P: 3  3  5 que tem valor lógico F e Q:log5 125  3que tem valor lógico V.

Assim, como na afirmação temos a condicional, segue da tabela verdade da con-


dicional que o valor lógico da proposição é V.
c) P: 3  3  6 que tem valor lógico V e Q: log5 125  2que tem valor lógico F.

Assim, como na afirmação temos a disjunção, segue que a proposição tem valor
lógico é V.
d) P: log6 36  2 que tem valor lógico V e Q: log5 125  3que tem valor lógico
V. Assim, como na afirmação temos a bicondicional, segue que o valor lógico da
proposição é V.
e) P:log5 125  3que tem valor lógico V e Q: log6 36  2 que tem valor lógico V.
Assim, como na afirmação temos a conjunção, segue que a proposição tem valor
lógico é V.
Portanto, responde à questão a alternativa A.

Exemplo 9

Escreva em notação simbólica a seguinte proposição: “Se o consumo per capita au-
menta e a produção industrial diminui, então há risco de racionamento de energia”.
Solução: Considere as seguintes proposições C: “o consumo de energia au-
menta”; P: “a produção de energia diminui” e R: “há risco de racionamento de
energia”. Note que na afirmação usa-se os termos “se, ... então” e “e” que corres-
pondem aos conectivos lógicos condicional e conjunção, respectivamente. Assim,
em notação lógica a proposição ficará escrita como (C  P )  R .

Exemplo 10

Proposições são sentenças que podem assumir valor lógico verdadeiro — V — ou


falso — F —, mas nunca assumem os julgamentos V e F ao mesmo tempo. Em

23
UNIDADE 1

geral, as letras maiúsculas do alfabeto latino, A, B, C etc., são empregadas para


representar as proposições simples e, por isso, são denominadas letras proposi-
cionais. Alguns símbolos são empregados para construir as chamadas proposi-
ções compostas e esses símbolos, de acordo com Alencar Filho (2002), são: “~”
(não) – empregado para negar uma proposição; “ ∧ ” (e) – empregado para
fazer a conjunção de proposições; “ ∨ ” (ou) – empregado para fazer a dis-
junção de proposições; “ → ” (implicação) – empregado para relacionar condi-
cionalmente as proposições, isto é, “ A → B ” significa “se A, então B”. A propo-
sição “  A ” tem valor lógico contrário ao de A; a proposição “ A ∨ B ” terá valor
lógico F quando A e B forem F, caso contrário será sempre V; a proposição “
A ∧ B ” terá valor lógico V quando A e B forem V, caso contrário será sempre
F; a proposição “ A → B ” terá valor lógico F quando A for V e B for F, caso con-
trário será sempre V.
Considerando as definições apresentadas, as letras proposicionais adequadas
e a proposição “Nem Ricardo é professor nem João é engenheiro”, assinale a opção
correspondente à simbolização correta dessa proposição.
a) ~ ( A)∧ ~ ( B)

b) ~ ( A) → B

c) ~  A  B 

d) ~ ( A)∨ ~ ( B)

e) ~ ( A∨ ~ ( B ))

Solução: considere as proposições A: “Ricardo é professor” e B: “João é engenhei-


ro”. Em termos lógicos, a proposição composta A ∧ B significa “Ricardo é pro-
fessor e João é engenheiro” e a negação dela pode ser redigida como “Nem Ri-
cardo é professor nem João é engenheiro” e, ainda, como “Ricardo não é
professor e João não é engenheiro”. Logo, responde à questão a alternativa A.
O valor-verdade das proposições compostas que acabamos de escrever é ve-
rificado a partir dos valores-verdade atribuídos às proposições simples que as
compõem. Desta maneira, para determinar o valor-verdade para uma proposi-

24
UNICESUMAR

ção composta, usa-se a tabela verdade. A tabela verdade consiste em todas as


combinações possíveis dos valores-verdade das proposições simples.
O número de linhas da tabela verdade depende do número de proposições
simples que a constituem, e esse número é dado por 2n , em que n é o número
de proposições simples.
A seguir, é apresentado um guia para a construção da tabela verdade, onde
há n proposições simples:
Passo 1: determinar o número de linhas da tabela verdade que se deve construir;
n−1
Passo 2: para a primeira proposição simples atribuem-se 2 valores V e
2n−1 valores F, alternados; para a segunda proposição simples atribuem-se 2n−2
valores V e 2n−2 valores F, alternados; para a k-ésima proposição atribuem-se
2n−k valores V e 2n−k valores F, alternados.
Passo 3: observa-se a precedência entre os conectivos, isto é, determina-se a
forma das proposições que ocorrem no problema.
Passo 4: aplicam-se as definições das operações lógicas que o problema exigir.

Exemplo 11

Há um provérbio chinês que diz que “Se o seu problema não tem solução, então
não é preciso se preocupar com ele, pois nada que você fizer o resolverá”.
Qual o número de linhas da tabela verdade correspondente a essa proposição?
a) 4.
b) 8.
c) 16.
d) 18.
e) 20.

Solução: a proposição é formada por três proposições simples: P: “o seu problema


não tem solução”, Q: “não é preciso se preocupar com ele” e R: “nada que você
3
fizer o resolverá”. Assim, o número de ligas da tabela verdade de P2 é 2 = 8 .
Portanto, alternativa B.
Notação: Faremos uso dos sinais: ( ), [ ] e { } para evitar ambiguidades como,
por exemplo, em P  Q  R que pode gerar ambiguidade na hora da interpreta-

25
UNIDADE 1

ções, a saber: podemos fazer a leitura como ( P  Q)  R ou ainda P  (Q  R ) .


Para evitar o uso excessivo desses sinais, estabelecemos uma convenção de priori-
dade na aplicação dos conectivos. Adotamos os conectivos ~ , ∧ , ∨ ,
→ e ↔ em ordem decrescente de prioridade. Em outras palavras, o co-
nectivo ~ tem prioridade em relação aos demais e age na proposição à
direita mais próxima. Também por convenção, os conectivos ∧ e ∨
possuem a mesma ordem de prioridade.

Exemplo 12

Construir a tabela verdade da seguinte proposição:  P ~ P    ~ P  Q  .


Solução: A proposição composta é formada por 2 proposições simples, P e Q.
Assim, a tabela verdade terá 4 linhas. Vamos montar a tabela verdade efetuando
o procedimento etapa a etapa.
Etapa I: Montar a tabela com o par de colunas correspondentes às duas pro-
posições simples, P e Q.

P Q
V V

V F

F V

F F

Etapa II: À direita das colunas das proposições P e Q, traça-se uma coluna para
cada uma dessas proposições e para cara um dos conectivos.

P Q P  ~ P  ~ P  Q
V V

V F

F V

F F

26
UNICESUMAR

Etapa III: Completar as colunas da tabela, escrevendo em cada uma das colunas
os valores lógicos convenientes para as proposições presentes. Nesse caso, são
as proposições P e Q.

P Q P  ~ P  ~ P  Q
V V V V V V

V F V V V F

F V F F F V

F F F F F F

1 1 1 1

Etapa IV: Devido à prioridade do operador negação, vamos calculá-lo primeiro.

P Q P  ~ P  ~ P  Q
V V V F V F V V

V F V F V F V F

F V F V F V F V

F F F V F V F F

1 2 1 2 1 1

Etapa V: Agora, vamos calcular os valores lógicos que estão dentro dos parênteses.

P Q P  ~ P  ~ P  Q
V V V V F V F V F V

V F V V F V F V F F

F V F V V F V F V V

F F F V V F V F F F

1 3 2 1 2 1 3 1

27
UNIDADE 1

Etapa VI: Por fim, a tabela verdade completa ao calcular o valor verdade com
o conectivo condicional.

P Q P  ~ P  ~ P  Q

V V V V F V F F V F V

V F V V F V F F V F F

F V F V V F V V F V V

F F F V V F F V F F F

1 3 2 1 4 2 1 3 1

Exemplo 13

Construir a tabela verdade da seguinte proposição: ( P  Q)   ~ R  .


Solução: A proposição composta é formada por três proposições simples, P, Q e R.
Assim, a tabela verdade terá 8 linhas. Aqui vamos agilizar o processo de construção
da tabela verdade. Vamos dispor os possíveis valores lógicos das proposições P, Q e R
e, também, efetuar o cálculo do valor lógico das proposições dentro dos parênteses.

P Q R P ∧ Q ∨ ~ R
V V V V V V F V

V V F V V V V F

V F V V F F F V

V F F V F F V F

F V V F F V F V

F V F F F V V F

F F V F F F F V

F F F F F F V F

1 2 1 2 1

28
UNICESUMAR

Para finalizar, vamos calcular o valor lógico dos resultados entre parênteses, ago-
ra, submetido ao conectivo disjunção. Dessa forma, a tabela verdade é:

P Q R P ∧ Q ∨ ~ R
V V V V V V V F V

V V F V V V V V F

V F V V F F F F V

V F F V F F V V F

F V V F F V F F V

F V F F F V V V F

F F V F F F F F V

F F F F F F V V F

1 2 1 3 2 1

Exemplo 14

Construir a tabela verdade da seguinte proposição: ~ P   P  R  .


Solução: A proposição composta é formada por duas proposições simples, P e R.
Assim, a tabela verdade terá 4 linhas. Dessa forma, a tabela verdade é:

P R ~ P → P → R
V V F V V V V V

V F F V V V F F

F V V F V F V V

F F V F V F V F

2 1 3 1 2 1

29
UNIDADE 1

Exemplo 15

Construir a tabela verdade da seguinte proposição:  P ~ Q    ~ P  Q  .

Solução: A proposição composta é formada por duas proposições simples, P e Q.


Assim, a tabela verdade terá 4 linhas. Dessa forma, a tabela verdade é:

P Q P ∨ ~ Q ↔ ~ P ∧ Q

V V V V F V F F V F V

V F V V V F F F V F F

F V F F F V F V F V V

F F F V V F F V F F F

1 3 2 1 4 2 1 3 1

Exemplo 16

Construir a tabela verdade da seguinte proposição:


 P  R  
 Q  R  
 P  Q R

Solução: A proposição composta é formada por três proposições simples, P, Q e


R. Assim, a tabela verdade terá 8 linhas. Nesse exemplo, primeiro efetuaremos
as operações lógicas entre parênteses. Em seguida, teremos três opções para ope-
ração: disjunção, bicondicional e condicional. Pela ordem de prioridade, primei-
ro executamos a disjunção, seguida da condicional e, por fim, a bicondicional.
Dessa forma, a tabela verdade é:

30
UNICESUMAR

P Q R P → R ∨ Q → R ↔ P ∧ Q → R
V V V V V V V V V V V V V V V V

V V F V F F F V F F V V V V F F

V F V V V V V F V V V V F F V V

V F F V F F V F V F V V F F V F

F V V F V V V V V V V F F V V V

F V F F V F V V F F V F F V V F

F F V F V V V F V V V F F F V V

F F F F V F V F V F V F F F V F

1 2 1 3 1 2 1 5 1 2 1 4 1

Exemplo 17

Construir a tabela verdade da seguinte proposição:


 P  Q   R    ~ P    ~ Q    ~ R  

Solução: A proposição composta é formada por três proposições simples, P, Q e


R. Assim, a tabela verdade terá 8 linhas. Lembre-se que primeiro executa-se a
operação dentro dos parênteses, para, em seguida, realizar a operação dentro dos
colchetes. Dessa forma, a tabela verdade é:

P Q R P Q ∧ R ↔ ~ P ∨ ~ Q ∨ ~ R
V V V V V∧ V V V F F V F F V F F V

V V F V V V F F F F V V F V V V F

V F V V F F F V F F V V V F V F V

V F F V F F F F F F V V V F V V F

F V V F F V F V F V F V F V F F V

F V F F F V F F F V F V F V V V F

F F V F F F F V F V F V V F V F V

31
UNIDADE 1

F F F F F F F F F V F V V F V V F

1 2 1 3 1 5 2 1 4 2 1 3 2 1

Denomina-se tautologia toda proposição composta cuja última coluna da

sua tabela verdade contém apenas valor-verdade V. Por outro lado, deno-
mina-se contradição toda proposição composta cuja última coluna da sua
tabela verdade contenha apenas valor-verdade F. E, por fim, denomina-se de
contingência toda proposição composta cuja última coluna da sua tabela
verdade contenha V e F como valor-verdade.
As tautologias também são denominadas de proposições logicamente verda-
deiras, as contradições também são denominadas de proposições logicamente
falsas e as contingências também são denominadas proposições indeterminadas.
As proposições compostas dos exemplos 15 e 17 são tautologias, enquanto as
proposições compostas dos exemplos 16 e 18 são contradições. Já as proposições
compostas dos exemplos 13 e 14 são contingências.

32
UNICESUMAR

Exemplo 18

Considere o conectivo lógico ⊗ definido por

P Q P ⊗ Q
V V F

V F F

F V V

F F F

Prove, por meio da tabela verdade, que a proposição composta

 P  Q    P  Q    P  Q   (~ P)

é tautológica.

Solução: De fato, a proposição composta é formada por duas proposições simples,


P e Q. Assim, sua a tabela verdade terá 4 linhas. Dessa forma, a tabela verdade é:

P Q P ∧ Q ⊗ P ↔ Q → P ⊗ Q ∨ ~ P
V V V V V F V V V V V F V F F V

V F V F F F V F F V V F F F F V

F V F F V F F F V V F V V F V F

F F F F F F F V F V F F F V V F

1 2 1 3 1 2 1 4 1 2 1 3 2 1

Portanto, como a última coluna da tabela verdade da proposição composta apre-


senta apenas valor lógico V, dessa forma ela é uma tautologia.

33
UNIDADE 1

Exemplo 19

Considere o conectivo lógico  , denominado negação conjunta, tal que


P  Q é verdadeira quando nem P e nem Q o são. Com base nessas informa-
ções, construa a tabela verdade desse conectivo.
Solução: Observe que o conectivo dado é tal que se P e Q são proposições,
então P  Q é verdadeira quando nem P e nem Q o são. Desse modo, a tabe-
la verdade do conectivo é

P Q P Q
V V F

V F F

F V F

F F V

Exemplo 20

Considerando que  denota o conectivo lógico negação conjunta, qual o


conectivo lógico que substitui D para que a proposição composta
[( P  Q)  P ]D[Q  ( P  Q)] seja sempre contradição?

Solução: Vamos construir a tabela verdade da proposição dada. Note, nesse


caso, que a última operação lógica a ser efetuada será justamente a operação com
o conectivo que devemos encontrar, isso é, o conectivo D . Assim,
P Q P  Q → P D Q  P ∨ Q

V V V F V V V V F V V V

V F V F F V V F F V V F

F V F F V V F V F F V V

F F F V F F F F V F F F

1 2 1 3 1 4 1 3 1 2 1

34
UNICESUMAR

Dizemos que uma proposição composta é uma contradição quando sua tabe-
la verdade encerra, na última coluna de sua construção, com valores lógicos
falsos. Vamos substituir, primeiro o conectivo bicondicional e nesse caso a
tabela verdade fica:

P Q P Q  P ↔ Q  P ∨ Q

V V V F V V V F V F V V V

V F V F F V V F F F V V F

F V F F
 V V F F V F F V V

F F F V F F F F F V F F F

1 2 1 3 1 4 1 3 1 2 1

O que mostra que, com o operador bicondicional, temos uma contradição. Va-
mos substituir, agora, o conectivo condicional e, nesse caso, a tabela verdade fica:

P Q P  Q → P → Q  P ∨ Q

V V V F V V V F V F V V V

V F V F F V V F F F V V F

F V F F V V F F V F F V V

F F F V F F F V F V F F F

1 2 1 3 1 4 1 3 1 2 1

Observe, agora, que no caso do conectivo condicional temos uma contingência.


Vamos substituir, agora, conectivo disjunção e, nesse caso, a tabela verdade fica:

35
UNIDADE 1

P Q P  Q → P ∨ Q  P ∨ Q

V V V F V V V V V F V V V

V F V F F V V V F F V V F

F V F F V V F V V F F V V

F F F V F F F V F V F F F

1 2 1 3 1 4 1 3 1 2 1

Observe, agora, que no caso do conectivo disjunção temos uma tautologia. Va-
mos substituir, agora, conectivo conjunção e, nesse caso, a tabela verdade fica:

P Q P  Q → P ∧ Q  P ∨ Q

V V V F V V V F V F V V V

V F V F F V V F F F V V F

F V F F V V F F V F F V V

F F F V F F F F F V F F F

1 2 1 3 1 4 1 3 1 2 1

Observe que no caso do conectivo conjunção temos uma contradição. Vamos


substituir, agora, conectivo disjunção inclusiva e, nesse caso, a tabela verdade fica:

P Q P  Q → P ∨ Q  P ∨ Q

V V V F V V V V V F V V V

V F V F F V V V F F V V F

F V F F V V F V V F F V V

F F F V F F F V F V F F F

1 2 1 3 1 4 1 3 1 2 1

Observe, então, que no caso do conectivo disjunção inclusiva temos uma tauto-
logia. Vamos substituir, agora, conectivo negação conjunta e, nesse caso, a tabela
verdade fica:

36
UNICESUMAR

P Q P  Q → P  Q  P ∨ Q

V V V F V V V F V F V V V

V F V F F V V F F F V V F

F V F F V V F F V F F V V

F F F V F F F F F V F F F

1 2 1 3 1 4 1 3 1 2 1

Observe, agora, que no caso do conectivo negação conjunta temos uma contra-
dição. Portanto, os conectivos que podem substituir D em
[( P  Q)  P ]D[Q  ( P  Q)] e de forma que a proposição seja uma contra-
dição são: bicondicional, conjunção e a negação conjunta.
Uma área que faz uso dos conectivos lógicos é a engenharia elétrica, em
particular as construções de circuitos elétricos. Vamos explorar esses circuitos
elétricos que fazem uso dos conectivos lógicos que estudamos ao longo dessa
unidade. Considere os circuitos elétricos ilustrados na Figura 1.
Na associação dos interruptores em série, a corrente elétrica passará através do
circuito quando os dois interruptores estiverem ligados. Já no circuito em para-
lelo a corrente elétrica passará através do circuito quando pelo menos um dos
interruptores estiver ligado.
Esse procedimento é rotineiro pelos engenheiros eletricistas e por trás dele
há análise lógica, que foi desenvolvida por George Boole, por volta de 1850. O
procedimento é conhecido hoje como álgebra do Boole e expressa a operação
de um circuito elétrico como uma operação algébrica. Na álgebra booleana as
variáveis e as constante podem assumir apenas dois níveis ou valores: 0 e 1. Dessa
maneira, quando a variável tem nível lógico 0, é traduzido como falso, desliga-
do, baixo e chave aberta. Por outro lado, quando a variável tem nível lógico 1, é
traduzido como verdadeiro, ligado, alto e chave fechada.
Não sei se vocês notaram, mas estamos diante de uma situação que envolve
os famosos conectivos lógicos e é sobre isso que discutimos nessa unidade. Você
pode consultar Hegenberg (2012), Villar (2012) e Rocha (2012) para outros exer-
cícios e aplicações.

37
UNIDADE 1

Vamos retomar o critério de divisibilidade por 12 e construir a tabela verdade


da proposição lógica “Se um número inteiro é divisível por 3 e por 4, então ele é
divisível por 12” e, em seguida, fazer uma análise dos resultados obtidos.
Para construir a tabela verdade, considere as proposições simples, em que x
seja um número inteiro qualquer
P: “x é divisível por 3”.
Q: “x é divisível por 4”
R: “x é divisível por 12”.

Figura 1 – Circuitos elétricos: (a) em série; (b) paralelo / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura há dois circuitos elétricos. O circuito à esquerda é constituído de duas
baterias, seguidas por dois interruptores ligados em série e uma lâmpada. O circuito à direita é consti-
tuído de duas baterias e dois interruptores ligados em paralelo e uma lâmpada. Nos dois circuitos, os
interruptores estão desligados.

A proposição dada, fica escrita em notação lógica, como: ( P  Q)  R . Como


temos 3 proposições simples a tabela verdade terá 8 linhas. Dessa forma a tabela
verdade é

38
UNICESUMAR

P Q R P ∧ Q → R

V V V V V V V V

V V F V V V F F

V F V V F F V V

V F F V F F V F

F V V F F V V V

F V F F F V V F

F F V F F F V V

F F F F F F V F

1 2 1 3 1

o que é numero?

Eis uma pergunta trai-


çoeira e que jamais
deveria ter sido feita.
Isso pois a pergunta
parece simples, e, de
fato, é. No entanto, a
resposta não é. Todos sabemos usar os núme-
ros. Todos sabemos o aspecto de um número.
Todos sabemos contar. No entanto, trata-se de
uma abstração, um conceito mental humano
– derivado da realidade, mas não verdadeira-
mente real. Isso o que vou conversar com vocês
nesse podcast. Faça um cafézinho e bora lá.

39
UNIDADE 1

Na condicional: “se um número inteiro é divisível por 3 e por 4, então ele é divi-
sível por 12” não está a afirmar, de modo nenhum, que o fato de “x ser divisível
por 12” se deduz do fato de “x ser divisível por 3 e x ser divisível por 4” ou que a
proposição “x é divisível por 12” é consequência da proposição “x ser divisível
por 3 e x ser divisível por 4”. O que uma condicional afirma é unicamente uma
relação entre os valores lógicos do antecedente e do consequente de acordo com
sua tabela verdade. Tome a situação em que P e Q assumem valor lógico V, e R
assume valor lógico F, temos que a condicional assume valor lógico F (olhe para
a segunda linha da tabela verdade). Nesse caso, o resto da divisão do número
inteiro x por 12 não é zero e o algoritmo da divisão de Euclides não é verificado.
Análise análoga pode ser feita no critério de divisibilidade por 25, em que po-
de-se construir a tabela verdade da proposição: “se um número é divisível por
25, então os dois algarismos finais são 00, 25, 50 ou 75.” Essa situação deixarei a
cargo de você aluno(a). Você pode consultar Silveira e Silveira (2008) para mais
critérios de divisibilidade.

40
1. Considere as seguintes sentenças:

1 - A quarta parte de um número natural.


2 - Carla é arquiteta.
3 - Mente vazia em corpo vazio.
4 - O dobro de 2 é igual a 5.
5 - Não consuma drogas.
6 - Oitenta e três décimos.

É correto afirmar que são proposições APENAS os itens de números

a) 1, 4 e 5.
b) 2, 4 e 5.
c) 2, 3 e 5.
d) 3 e 5.
e) 2 e 4.

2. Considere a proposição composta “Ricardo faz regime, mas come bolo”. Nessa pro-
posição, o conectivo lógico é:

a) Disjunção inclusiva.
b) Disjunção exclusiva.
c) Condicional.
d) Bicondicional.
e) Conjunção.

3. Sejam P, Q e R proposições lógicas tal que o valor lógico de P, Q e R são, respectiva-


mente, V, V e F. Com base nessas proposições,

a) qual o valor lógico da proposição Q → R?

b) qual o valor lógico da proposição ~ P  ~ R ?

41
4. Resolva os itens a seguir:

a) Considere que as proposições P e Q tenham valor lógico V. Qual o valor lógico


da proposição ~ P  ~ Q ?
b) Considere que a proposição T tenha valor lógico V e a proposição R tenha valor
lógico F. Qual o valor lógico da proposição composta R  ~ T  ?

c) Considere que as proposições P e Q tenham valor lógico V e a proposição R tenha


valor lógico F. Qual o valor lógico da proposição composta  P  R  ~ Q ?
5. A quantidade de linhas da tabela verdade associada à proposição “Se um número
natural é divisível por 2 e é divisível por 3, então ele é divisível por 6.” é igual a:

a) 2.
b) 4.
c) 8.
d) 16.
e) 32.

6. Considere as proposições A, B e C e a tabela abaixo que apresenta as três primeiras


colunas da tabela verdade dessas proposições.

A B C
V V V

F V V

V F V

F F V

V V F

F V F

V F F

F F F

42
Assinale a alternativa que corresponde à última coluna da tabela verdade, de cima
para baixo, da proposição composta C  A B
a) V / F / V / F / F / V / V / V.
b) V / F / V / F / F / V / F / V.
c) V / F / V / F / F / F / V / V.
d) V / F / F / F / F / V / V / V.
e) V / V / F / F / F / V / V / V.

7. Considere que P, Q e R sejam proposições lógicas e que a tabela a seguir apresenta


as três primeiras colunas da tabela verdade de uma proposição construída a partir
dessas proposições.

P Q R
V V V

F V V

V F V

F F V

V V F

F V F

V F F

F F F

Assinale a alternativa que corresponda à última coluna, de cima para baixo, da tabe-
la verdade da proposição composta  P  Q   P  R .

a) V / V / V / V / V / V / F / V.
b) V / F / F / F / V / V / V / V.
c) V / V / V / V / V / V / V / F.
d) F / V / V / F / V / V / F / V.
e) V / V / V / F / F / V / V / V.

43
2
Equivalência
e Implicações
Lógicas
Dr. Ricardo Cardoso de Oliveira

Nessa unidade, vamos estudar maneiras distintas de escrever os


conectivos lógicos. Em situações como essa, em diversas áreas, em
particular na matemática, podemos “cortar” caminhos e realizar as
operações envolvidas com menos trabalho e, nisso, gostamos e temos
interesse. Até porque sobra tempo para mais um cafezinho.
UNIDADE 2

Em 2006, o prêmio Nobel de Química foi para Roger Kornberg. Ele descreveu
como a informação é retirada dos genes e convertida em moléculas chamadas
RNA mensageiro e como estas moléculas transportam a informação às fábricas
de proteínas dentro das células. Bem conversado, em 2006, o prêmio Nobel de
Química foi dado ao processamento de informação.
Dessa forma, uma coisa é certa: à medida que entendemos mais o universo
ao nosso redor, boa parte dele pode ser modelada, e quase toda a modelagem
que nós fazemos do universo de informação ao nosso redor é computacional.

Agora, por falar em linguagem computacional, algo tão comum nos dias de hoje,
vamos admitir que você seja incumbido de avaliar dois programas computacio-
nais de matemática para executar uma mesma tarefa.
Em português, a sequência de comandos dos códigos são:
CÓDIGO 1 - Etapa 1: você entra com um número real qualquer, x; Etapa 2:
subtrair uma unidade do número real x e armazenar a resposta como y; Etapa 3:
adicionar uma unidade ao número real x e armazenar a resposta em z; Etapa 4:
calcular o produto y e z e informar a resposta.
CÓDIGO 2 - Etapa 1: você entra com um número real qualquer, x; Etapa
2: calcular a potência de x ao quadrado e armazenar a resposta em y; Etapa 3:
subtrair uma unidade de y, armazenar em z e informar a resposta.

46
UNICESUMAR

Vamos verificar o que acontece quando substituímos valores numéricos nos


códigos 1 e 2. Vamos iniciar com o código 1. Na etapa 1, vamos considerar que
x seja igual a -2. Assim, na etapa 2, temos que y é igual a – 3 e, na etapa 3, temos
que z é igual a – 1. Por fim, na etapa 4, temos que o produto entre os números
obtidos nas etapas 2 e 3 é igual a 3. Agora, vamos usar o código 2. Vamos iniciar
a etapa 1, considerando, também, que x seja igual a -2. Daí, na etapa 2, temos
que o quadrado de x é igual a 4. Por fim, temos que a diferença entre os números
obtidos nas etapas 2 e 3, do código 2, tem como resultado 3. Observe que os dois
códigos, iniciando com o mesmo valor, isto é, x igual a - 2, fornecem os mesmos
resultados, ou seja, 3. No entanto, o primeiro código faz as operações em quatro
etapas, enquanto o segundo código em 3 etapas. Isso tem impacto significativo
em programação, pois economizamos tempo em não executar uma etapa. Essa
ideia pode ser aplicada também em Lógica Matemática quando definimos as
equivalências e as implicações logicas.
Sugiro, agora, que você escreva esses dois códigos em notação matemática,
ou seja, expresse as sequências de operação por meio de equações matemáticas.
Alguns valores que testamos e resolvemos analiticamente constatamos que
os dois programas entregam a mesma resposta numérica. Observe nos dois có-
digos que as tarefas executadas são distintas, embora ambos os programas en-
tregam sempre as mesmas respostas, pois a expressão algébrica ( x  1)( x  1) é
2
equivalente a expressão algébrica x − 1 .

47
UNIDADE 2

Uma pergunta que surge é: caso os códigos computacionais fossem executados no


mesmo computador, os tempos de execução da tarefa e o gasto de memória são
iguais ou são distintos? E, por quê? Outra pergunta que surge é: embora os códigos
sejam equivalentes, existe preferência a um deles em detrimento do outro? Por quê?
Usaremos essa mesma ideia para falar de equivalência e implicações ló-
gicas que serão úteis nas demonstrações matemáticas. Use o seu Diário de
Bordo para anotar as primeiras impressões sobre equivalência lógica e im-
plicação lógica. Escreva livremente o que você entendeu, tendo como base o
exemplo apresentado e os aspectos importantes para a sua solução.

48
UNICESUMAR

Vimos, anteriormente, que uma proposição composta é tautologia se, e somente


se, seu valor-verdade é sempre V, independentemente do valor lógico das propo-
sições simples que a compõem. Vimos, também, que uma proposição composta
é uma contradição se, e somente se, o seu valor lógico é sempre F, independen-
temente do valor-verdade das proposições simples que a compõem.
Dizemos que P é logicamente equivalente ou apenas é equivalente a Q, se
as duas tabelas verdades forem idênticas. Quando isso ocorrer, temos uma equi-
valência lógica ou bi-implicação. A notação que usaremos para denotar que
P é equivalente a Q é P ≡ Q ou P ⇔ Q .

Vamos ver, a seguir, alguns exemplos que nos auxiliarão a compreender a equi-
valência lógica.

Exemplo 1

Um princípio fundamental do raciocínio lógico, chamado dupla negação, esta-


belece que
~ (~ P) ⇔ P

Assim, a dupla negação é uma equivalência lógica. Para verificar esse fato, vamos
comparar a tabela verdade da proposição ~ (~ P ) que é

49
UNIDADE 2

P ~ ~ P
V V F V

F F V F

3 2 1

com a tabela verdade da proposição P que é

Observe que a segunda coluna da primeira tabela verdade é idêntica a segunda


coluna da segunda tabela verdade. Portanto, temos que ~ (~ P) ⇔ P é uma equi-
valência lógica.

Exemplo 2

Um estudante de Lógica afirmou: “eu não entendi nada”. Embora a dupla nega-
ção seja empregada em língua portuguesa com a ideia de reforço à negação, em
lógica matemática é equivalente a uma afirmação. Dessa forma, o estudante que
afirmou “eu não entendi nada” está na verdade dizendo “eu entendi tudo”.

Exemplo 3

50
UNICESUMAR

Considere o trecho da canção Sampa


de autoria Caetano Veloso:


E foste um difícil
começo
Afasta o que não
conheço
E quem vem de outro
sonho feliz de cidade
Aprende depressa a
chamar-te de realidade
Porque és o avesso do
avesso do avesso do
avesso

Considerando o trecho em destaque e considerando que a cidade de São Paulo, a


quem a música faz referência, como algo agradável e que seu avesso corresponda a
algo ruim, do ponto de vista lógico, é correto concluir que a cidade de São Paulo é algo
a) ruim e bom.
b) ruim.
c) análogo a seu avesso.
d) equivalente a seu avesso.
e) bom.

51
UNIDADE 2

Solução: Note que o avesso do avesso indica uma dupla negação e o avesso,
do avesso, do avesso, do avesso indica uma dupla, dupla negação. Logo, o
trecho da música de Caetano Veloso afirma que São Paulo é uma cidade boa
e responde à questão a alternativa E.

Exemplo 4

Um princípio fundamental do raciocínio lógico, chamado condicional, estabelece que

( P  Q)  ~ P  Q

Assim, a condicional é uma equivalência lógica. Para verificar esse fato, compa-
rar a tabela verdade da proposição P → Q que é

P Q P→Q

V V V

V F F

F V V

F F V

1 1 2
com a tabela verdade da proposição ~ P∨Q que é

P Q ~ P ∨ Q

V V F V V V

V F F V F F

F V V F V V

F F V F V F

2 1 3 1

52
UNICESUMAR

Observe que a terceira coluna da primeira tabela verdade é idêntica à quinta


coluna da segunda tabela verdade. Portanto, temos que ( P  Q)  ~ P  Q é
uma equivalência lógica.

Os símbolos ⇔ e ↔ são distintos, porque no primeiro temos uma


relação tautológica. Já no segundo, temos a operação lógica da bicondicional.
A mesma coisa acontece com os símbolos ⇒ e → . Nesse caso, o sím-
bolo ⇒ denota uma relação de implicação, enquanto → denota a ope-
ração lógica de condicional. Fiquem atentos.

Exemplo 5

Considere a proposição: “Se tenho dinheiro, então sou feliz”. Uma proposição
logicamente equivalente à proposição dada é:
a) Tenho dinheiro e sou feliz.
b) Não tenho dinheiro ou sou feliz.
c) Se não tenho dinheiro, então não sou feliz.
d) Se sou dinheiro, então tenho saúde.
e) Tenho dinheiro e não sou feliz.

53
UNIDADE 2

Solução: Vamos considerar as seguintes proposições P: “Tenho dinheiro” e


Q: “sou feliz”. Em notação lógica, podemos escrever a proposição dada como
P → Q que, por sua vez, é equivalente a escrever ~ P ∨ Q . Assim, uma for-
ma de escrever a proposição dada é “não tenho dinheiro ou sou feliz”. Logo,
responde à questão a alternativa B.

Exemplo 6

Um princípio fundamental do raciocínio lógico, chamado contrapositiva, estabelece que


( P  Q)  (~ Q ~ P)

Assim, a contrapositiva é uma equivalência lógica. Para verificar esse fato, vamos
comparar a tabela verdade da proposição P → Q , que é

P Q P→Q
V V V

V F F

F V V

F F V

1
1 2

com a tabela verdade da proposição ~ Q →~ P , que é

P Q ~ Q → ~ P
V V F V V F V

V F V F F F V

F V F V V V F

F F V F V V F

1 3 2 1

54
UNICESUMAR


Observe que a terceira coluna da primeira tabela verdade é idêntica à quin-
ta coluna da segunda tabela verdade. Portanto, temos que
( P  Q)  (~ Q ~ P) é uma equivalência lógica.

Exemplo 7

Um princípio básico da economia é escrito como uma proposição lógica da se-


guinte maneira “se a taxa de juros SELIC é alta, então a inflação é baixa”. Escreva
essa proposição em notação lógica e, em seguida, escreva formas equivalentes de
expressar essa proposição do ponto de vista lógico.
Solução: Vamos considerar as seguintes proposições P: “a taxa de juros
SELIC é alta” e Q: “a inflação é baixa”. Em notação lógica, podemos escrever
a proposição dada como P → Q que, por sua vez, é equivalente a escrever
~ Q →~ P . Assim, uma forma de escrever a proposição dada é “se a inflação
não é baixa, então os juros bancários não são altos”. No entanto, outra ma-
neira de escrever essa proposição lógica é empregando a definição da condi-
cional, isto é, ~ P ∨ Q . Dessa forma, a proposição fica, também, escrita como
“a taxa de juros SELIC é baixa ou a inflação é alta.”

Exemplo 8

Um princípio fundamental do raciocínio lógico, chamado Leis de De Mor-


gan, estabelecem que
i) ~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q)

ii) ~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q)

Assim, as Leis de De Morgan é uma equivalência lógica. Para verificar esse fato,
vejamos as tabelas verdade, começando com ~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q) , que é
conhecido como negação da conjunção.
Assim, vamos comparar a tabela verdade da proposição composta
~ ( P ∧ Q) que é

55
UNIDADE 2

P Q ~ P ∧ Q

V V F V V V

V F V V F F

F V V F F V

F V F F F

1 1 3 1 2 1

com a tabela verdade da proposição composta (~ P) ∨ (~ Q) que é

P Q ~ P ∨ ~ Q
V V F V F F V

V F F V V V F

F V V F V F V

F F V F V V F

2 1 3 2 1

Observe que a terceira coluna da primeira tabela verdade da proposição com-


posta ~ ( P ∧ Q) é idêntica à quinta coluna da segunda tabela verdade da pro-
posição composta (~ P) ∨ (~ Q) . Portanto, temos que
~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q) é uma equivalência.
Agora, efetuando o mesmo processo para ~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q) que é
conhecido como negação da disjunção. Assim, vamos comparar a tabela verda-
de da proposição composta ~ ( P ∨ Q) que é

56
UNICESUMAR

P Q ~ P ∨ Q
V V F V V V

V F F V V F

F V F F V V

F F V F F F

1 1 3 1 2 1

com a tabela verdade da proposição composta (~ P) ∧ (~ Q) que é

P Q ~ P ∧ ~ Q
V V F V F F V

V F F V F V F

F V V F F F V

F F V F V V F

2 1 3 2 1

Observe que a terceira coluna da primeira tabela verdade da proposição com-


posta ~ ( P ∨ Q) é idêntica à quinta coluna da segunda tabela verdade
da proposição composta (~ P) ∧ (~ Q) . Portanto, temos que
~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q) é uma equivalência lógica.

Exemplo 9

Considere a proposição composta “Beto é alto e Beth é baixa”. A negação dessa


proposição é escrita como:
a) Beto é alto ou Beth é baixa.
b) Beto é baixo e Beth é alta.
c) Beto não é alto ou Beth não é baixa.
d) Beto é baixo e Beth não é alta.

57
UNIDADE 2

e) Beto não é alto e Beth a não é baixa.

Solução: Vamos considerar as seguintes proposições P: “Beto é alto” e Q: “Beth


é baixa”. Em notação lógica, podemos escrever a proposição dada como
P ∧ Q . A negação da conjunção é, de acordo com a lei de De Morgan, equi-
valente a escrever (~ P) ∨ (~ Q) . Assim, a negação da proposição fica escrita
como “Beto não é alto ou Beth não é baixa”.

Exemplo 10

A negação da proposição “x é positivo ou y é ímpar” é


a) x é negativo e y é par.
b) x é negativo ou y é par.
c) x é negativo ou y não é ímpar.
d) x não é positivo e y não é par.
e) x não é positivo ou y é par.

Solução: Vamos considerar as seguintes proposições P: “x é positivo” e Q: “y é


ímpar”. Em notação lógica, podemos escrever a proposição dada como
P∨Q . A negação da disjunção é, de acordo com a lei de De Morgan,
equivalente a escrever (~ P) ∧ (~ Q) . Assim, a negação da proposição fica
escrita como “x não é positivo e y não é ímpar” ou de forma mais elegante, pode-
mos escrever, “x é negativo e y é par”. Logo, responde à questão a alternativa A.

Exemplo 11

Considere a proposição composta “Se t é um número positivo, então y é um


número par”. Assinale a alternativa que corresponda à negação dessa proposição
composta.
a) t é um número positivo e y é um número ímpar.
b) t é um número negativo e y é um número par.
c) t não é um número positivo ou y é um número par.

58
UNICESUMAR

d) t é um número negativo ou y é um número par.


e) t é um número negativo ou y não é um número ímpar.

Solução: Vamos considerar as seguintes proposições P: “t é um número positivo”


e Q: “y é um número par”. Em notação lógica, podemos escrever a proposição
dada como P→Q . Sabemos que ( P  Q)  ~ P  Q . Daí, a
negação de ~ P ∨ Q , isto é, ~ (~ P ∨ Q) , aplicando a lei de De Morgan, é
(~ (~ P) ∧ (~ Q)) . Aplicando a dupla negação, temos que (~ (~ P) ∧ (~ Q)) é
equivalente à ( P ∧ (~ Q)) . Assim, a negação da proposição dada fica “t é positi-
vo e y não é par” ou, de maneira mais elegante, “t é positivo e y é ímpar”. Logo,
responde à questão a alternativa A.

Exemplo 12

A negação da proposição composta “Josiane é prima de Marli e Marli não é


filha única” é:
a) se Josiane é prima de Marli, então Marli é filha única.
b) se Josiane não é prima de Marli, então Marli não é filha única.
c) se Josiane não é prima de Marli, então Marli é filha única.
d) Josiane é prima de Marli e Marli é filha única.
e) Josiane não é prima de Marli ou Marli é filha única.

Solução: Vamos considerar as seguintes proposições P: “Josiane é prima de Mar-


li” e Q: “Marli não é filha única”. Em notação lógica, podemos escrever a propo-
sição dada como P∧Q . A negação da conjunção é, de acordo com
a lei de De Morgan, equivalente a escrever (~ P) ∨ (~ Q) . As-
sim, a negação da proposição dada fica escrita como “Josiane não é prima de
Marli ou Marli é filha única”. Observe, aqui, que a negação da proposição “Mar-
li não é filha única” fica “Marli é filha única” e nesse caso foi empregado a equi-
valência da dupla negação. Logo, responde à questão a alternativa E.

59
UNIDADE 2

Exemplo 13

Um princípio fundamental do raciocínio lógico, chamado comutatividade,


estabelece que

i) PQ  Q P

ii) PQ  Q P

Assim, a comutatividade é uma equivalência lógica. Para verificar esse fato, ve-
jamos as tabelas verdade, começando com P  Q  Q  P , que é conhecido
como comutatividade da conjunção.
Assim, vamos comparar a tabela verdade da proposição composta
P∧Q que é

P Q P Q

V V V V V

V F V F F

F V F F V

F F F F F

1 1 1 2 1

com a tabela verdade da proposição composta Q∧P que é

P Q Q ∧ P

V V V V V

V F F F V

F V V F F

F F F F F

1 1 1 2 1

60
UNICESUMAR

Observe que a quarta coluna da primeira tabela verdade da proposição composta


P∧Q é idêntica à quarta coluna da segunda tabela verdade da proposi-
ção composta Q ∧ P . Portanto, temos que P  Q  Q  P é uma equivalência.
Agora, efetuando-se o mesmo processo para P  Q  Q  P que é conhe-
cido como comutatividade da disjunção. Assim, vamos comparar a tabela ver-
dade da proposição composta P ∨ Q que é

P Q P ∨ Q

V V V V V

V F V V F

F V F V V

F F F F F

1 1 1 2 1

com a tabela verdade da proposição composta Q∨ P que é

P Q Q ∨ P

V V V V V

V F F V V

F V V V F

F F F F F

1 1 1 2 1

61
UNIDADE 2

Observe que a terceira coluna da primeira tabela verdade da proposição composta


P∨Q é idêntica à terceira coluna da segunda tabela verdade da proposição
composta Q ∨ P . Portanto, temos que P  Q  Q  P é uma equivalência
lógica.

Exemplo 14

Ricardo não gosta de feijoada ou Carlos gosta de pão e gosta de bolo. Uma afir-
mação que corresponda à negação lógica dessa é:
a) Carlos não gosta de bolo ou não gosta de pão e Ricardo gosta de feijoada.
b) Ricardo gosta de feijoada e Carlos não gosta de pão e não gosta de bolo.
c) Se Ricardo não gosta de feijoada, então Carlos gosta de pão e bolo.
d) Se Carlos não gosta de pão e bolo, então Ricardo gosta de feijoada.
e) Ricardo gosta de bolo e Carlos gosta de feijoada.

Solução: Vamos considerar as seguintes proposições P: “Ricardo não gosta de


feijoada ” e Q: “Carlos gosta de pão ” e R: “Carlos gosta de bolo”. Em notação
lógica, podemos escrever a proposição dada como P  (Q  R ) . Dessa forma,
devemos calcular ~ [ P  (Q  R )] que, ao aplicar as leis de De Morgan, fica
~ P ∧ ~ (Q ∧ R ) , ou ainda, (~ P)  [(~ Q)  (~ R )] . Agora, usando a comutati-
vidade da conjunção, podemos escrever [(~ Q)  (~ R)]  (~ P) . Agora, vamos
usar a comutatividade do operador disjunção (dentro dos colchetes) e a propo-
sição pode ser reescrita como [(~ R)  (~ Q)]  (~ P) . Assim, a negação da proposição
dada fica escrita como Carlos não gosta de bolo ou não gosta de pão e Ricardo
gosta de feijoada”. Logo, responde à questão a alternativa A.

62
UNICESUMAR

Exemplo 15

Considere a proposição composta: “Se uma pessoa não estuda lógica matemática,
então ela não é licenciada em matemática”. Assinale a alternativa que corresponda
à proposição logicamente equivalente à proposição composta dada.
a) É falso que uma pessoa não é licenciada em matemática ou estuda lógica
matemática.
b) Não é verdade que uma pessoa não é licenciada em matemática e não
estuda lógica matemática.
c) Se uma pessoa não é licenciada em matemática, então ela não estudou
lógica matemática.
d) Uma pessoa é licenciada em matemática ou não estuda lógica matemática.
e) Uma pessoa não é licenciada em matemática ou estuda lógica matemática.

Solução: Considere as seguintes proposições simples P: “uma pessoa estuda ló-


gica matemática” e Q: “uma pessoa é licenciada em matemática ”. A proposição
composta dada pode ser escrita em notação lógica como ~ P →~ Q . Mas, usan-
do algumas regras de equivalência, reescrevemos como segue:
(1) (2 ) ( 3)
~ P ~ Q  ~ (~ P)  (~ Q) (~ Q) ~ (~ P) (~ Q)  P

Observe que na passagem marcada por (1) foi usada equivalência lógica de con-
dicional. Na etapa marcada por (2), foi usada equivalência lógica de comutati-
vidade do operador disjunção. E, por fim, na etapa marcada por (3), foi usada
equivalência da dupla negação. Assim, a proposição composta pode ser escrita
como: “Uma pessoa não é licenciada em matemática ou estuda lógica matemá-
tica”. Portanto, alternativa E.
As principais regras de equivalência lógica são resumidas no Quadro 1.
As proposições estão denotadas por letras maiúsculas e podem ser proposi-
ções simples ou compostas.

63
equivalência lógica nome sigla
UNIDADE 2

1 P  ( P  P) idempotência de ∨ IDN

2 P  ( P  P) idempotência de ∧ IDN

3 ( P  Q)  (Q  P ) comutatividade de ∨ COM

4 ( P  Q)  (Q  P ) COM
comutatividade de ∧
5 ( P  Q)  R  P  (Q  R) associatividade de ∨ ASS

64
6 ( P  Q)  R  P  (Q  R) ∧ ASS
associatividade de

7 ~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q) lei de De Morgan DM

8 ~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q) lei de De Morgan DM
VIRAR PÁGINA
PARA VISUALIZAR

9 P  (Q  R )  ( P  Q)  ( P  R) distributiva de  sobre DIST



10 P  (Q  R )  ( P  Q)  ( P  R) distributiva de ∨�sobre ∧ DIST
11 P ⇔~ (~ P) dupla negação DN

12 ( P  Q)  (~ P  Q) definição de condicional DC

13 ( P  Q)  ( P  Q)  (Q  P) definição de equivalência DE

14 ( P  Q)  R  P  (Q  R) exportação EX

( P  Q)   P  ~ Q   c
15 redução ao absurdo R
c: contradição

16 ( P  Q)  (~ Q ~ P) contrapositiva CP

65
Pc  P
Pc  c
P  ~ ( P)  P
17 contradição C
~ct

c: contradição e t: tautologia

Pt  t
Pt  P
P ~ ( P)  P
18 ~tc
tautologia T

c: contradição e t: tautologia
UNICESUMAR

Quadro 1 – Tabela de regras de equivalências lógicas / Fonte: o autor.


UNIDADE 2

Vamos explorar as ideias apresentadas até aqui e fazer uma analogia com as ope-
rações de adição e multiplicação dentro do conjunto dos números reais que es-
tudamos no ensino fundamental, em particular quando estudamos técnicas de
fatoração e de associação entre essas operações.
Vimos a equivalência lógica P  (Q  R )  ( P  Q)  ( P  R) denominada
de distributiva do operador conjunção sobre operador disjunção. Dessa forma,
temos que a  (b  c)  a  b  a  c , em que a, b e c são números reais, e essa é a
propriedade distributiva da operação de multiplicação sobre a operação de adição.
Vimos a equivalência lógica ( P  Q)  R  P  (Q  R) denominada de
associativa do operador conjunção. Dessa forma, temos que na operação de
adição de números reais →temos que ↔ →
a  (b  c)  (a  b)  c , em que a, b e c
são números reais, e essa é a propriedade associativa da operação de adição;
analogamente para a operação de multiplicação de números reais, onde te-
mos a  (b  c)  (a  b)  c .

66
UNICESUMAR

Vimos a equivalência lógica ( P  Q)  (Q  P ) denominada de comutati-


vidade do operador conjunção. Dessa forma, temos na operação de adição de
números reais que a  b  b  a , em que a e b são números reais, e essa é a
propriedade associativa da operação de adição; analogamente para a operação
de multiplicação de números reais, onde temos a  b  b  a .

Teorema 1

Sejam P1 , P2 , P3 ,..., Q1 , Q2 , Q3 ,... proposições quaisquer. A forma sentencial

P( P1 , P2 , P3 ,..., ) ⇔ (Q1 , Q2 , Q3 ,...)

se, e somente se,


P( P1 , P2 , P3 ,..., ) ↔ (Q1 , Q2 , Q3 ,...)

é uma tautologia.
Para a demonstração desse teorema, consulte Alencar Filho (2002). Agora,
vamos aplicar esse teorema.

Exemplo 16

No exemplo 7, vimos que a contrapositiva estabelece que


( P  Q)  (~ Q ~ P)

ou seja, a contrapositiva é uma equivalência lógica. Assim, segundo este


teorema apresentado, a forma sentencial ( P  Q)  (~ Q ~ P ) é uma
tautologia. De fato,

67
P Q P Q ~ Q ~ P
UNIDADE 2

→ ↔ →
V V V V V V F V V F V

V F V F F V V F F F V

68
F V F V V V F V V V F

F F F V F V V F V V F

1 2 1 4 2 1 3 2 1
VIRAR PÁGINA
PARA VISUALIZAR
UNICESUMAR

Observe que a sexta coluna da tabela verdade da proposição


( P  Q)  (~ Q ~ P ) encerra apenas valores lógicos verdadeiros e, dessa
forma, a proposição é tautológica, como queríamos demonstrar.

Exemplo 17

No exemplo 8, vimos as leis de De Morgan, as quais estabelecem que


i)
~ ( P  Q)  (~ P)  (~ Q)

ii)
~ ( P  Q)  (~ P)  (~ Q)

ou seja, as leis de De Morgan são uma equivalência lógica. Assim, segundo o teo-
rema 1, a forma sentencial ~ ( P  Q)  (~ P)  (~ Q) é uma tautologia. De fato,

69
P Q ~ P Q ↔ ~ P ~ Q

UNIDADE 2


V V F V V V V F V F F V

V F V V F F V F V V V F

F V V F F V V V F V F V

70
F F V F F F V V F V V F

3 1 2 1 4 2 1 3 2 1

Segue, também, que a forma sentencial ~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q) é uma tautologia. De fato,


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UNICESUMAR

P Q ~ P ∨ Q ↔ ~ P
∧ ~ Q

V V F V V V V F V F F V

V F F V V F V F V F V F

F V F F V V V V F F F V

F F V F F F V V F V V F

3 1 2 1 4 2 1 3 2 1

Observe que as duas tabelas verdades são tautológicas, como queríamos demonstrar.
Esse procedimento que acabamos de efetuar nos exemplos 16 e 17 pode ser feito para
todas as equivalências lógicas do Quadro 1. Você como futuro(a) matemático(a) precisa
saber fazer e aplicar essas relações. Agora, vamos aprender sobre as implicações lógicas.
Sejam P e Q duas proposições. Dizemos que P implica logicamente Q, se
Q assumir o valor-lógico V sempre que P for V. Assim, dizemos que temos uma
implicação lógica ou inferência e denotamos por P ⇒ Q .

71
UNIDADE 2

Exemplo 18

Um princípio fundamental do raciocínio lógico, chamado de Modus Ponens,


estabelece que
( P  Q)  P  Q

Assim, Modus Ponens é uma inferência. Para verificar esse fato, vejamos com-
parar a tabela verdade da proposição ( P  Q)  P , que é

P Q P → Q ∧ P
V V V V V V V

V F V F F F V

F V F V V F F

F F F V F F F
1 2 1 3 1

com a tabela verdade da proposição Q, que é

Observe que, na sexta coluna da primeira tabela verdade e na coluna da segunda


tabela verdade, temos que Q é verdadeiro, sempre que ( P  Q)  P é verdadei-
ro. Portanto, temos que ( P  Q)  P  Q é uma inferência.

72
UNICESUMAR

Exemplo 19

Um princípio fundamental do raciocínio lógico, chamado de Modus Tollens,


estabelece que
( P  Q) ~ Q ~ P

Assim, Modus Tollens é uma inferência. Para verificar esse fato, vejamos compa-
rar a tabela verdade da proposição ( P  Q) ~ Q que é

P Q P → Q ∧ ~ Q
V V V V V F F V

V F V F F F V F

F V F V V F F V

F F F V F V V F

1 2 1 3 2 1

com a tabela verdade da proposição ~P, que é

~P

Observe que, na sexta coluna da primeira tabela verdade e na coluna da segunda


tabela verdade, temos que ~P é verdadeiro, sempre que ( P  Q) ~ Q é verda-
deiro. Portanto, temos que ( P  Q) ~ Q  ~ P é uma inferência.
Como diferenciar as implicações lógicas modus ponens e modus tollens?
No modus ponens, você usa a implicação para provar que a consequência é ver-
dadeira ao demonstrar que a premissa é verdadeira. Já no modus tollens, você
usa a implicação para provar que a premissa é falsa ao demonstrar que a con-

73
UNIDADE 2

sequência é falsa. Além disso, pode-se afirmar que que o processo matemático
de demonstração por inferência é uma aplicação do modus ponens, enquanto
o processo por trás da demonstração por redução ao absurdo é uma aplicação
do modus tollens (GERÔNIMO; FRANCO, 2006)

Exemplo 20

Um princípio fundamental do raciocínio lógico, chamado de Silogismo Hipoté-


tico (ou Lei Transitiva) estabelece que
( P  Q)  (Q  R)  P  R

Assim, Silogismo Hipotético é uma inferência. Para verificar esse fato, veja-
mos comparar a tabela verdade da proposição ( P  Q)  (Q  R) que é

P Q R P → Q ∧ Q → R

V V V V V V V V V V

V V F V V V F V F F

V F V V F F F F V V

V F F V F F F F V F

F V V F V V V V V V

F V F F V V F V F F

F F V F V F V F V V

F F F F V F V F V F

1 2 1 3 1 2 1

74
UNICESUMAR

com a tabela verdade da proposição P→R , que é

P R P→R

V V V

V F F

F V V

F F V

1 1 2

Observe que na sétima coluna da primeira tabela verdade e na terceira coluna


da segunda tabela verdade, temos que P → R é verdadeiro, sempre que
( P  Q)  (Q  R) é verdadeiro. Portanto, temos que
( P  Q)  (Q  R)  P  R é uma inferência.
As principais regras de inferência lógica são resumidas no Quadro 2. As
proposições estão denotadas por letras maiúsculas e podem ser proposições
simples ou compostas.

75
UNIDADE 2

implicação lógica nome sigla

1 P  ( P  Q) adição AD

( P  Q)  P simplifica-
2 SIM
ção
( P  Q)  Q
modus
3 ( P  Q)  P  Q ponens
MP

4 ( P  Q) ~ Q ~ P modus
tollens
MT

silogismo
5 ~ P  ( P  Q)  Q disjuntivo
SD

silogismo
hipotético
6 ( P  Q)  (Q  R)  P  R (lei transi-
SH

tiva)

dilema
7 ( P  Q)  ( R  S )  ( P  R )  (Q  S ) construtivo
DC

dilema
8 ( P  Q)  ( R  S )  (~ Q ~ S )  (~ P  ~ R ) DD
destrutivo

contra-
9
c⇒P dição e CeT
P⇒t tautologia

inferência
10 ( P  Q)  ( R  Q)  ( P  R)  R por casos
IC

inferência
11 [ P  (Q  R)] ~ R  P  Q por elimi- IE
nação

12 PQ  PQ união U

Quadro 2 – Tabela de regras de implicações lógicas / Fonte: o autor.

76
UNICESUMAR

Teorema 2

Sejam P1 , P2 , P3 ,..., Q1 , Q2 , Q3 ,... proposições quaisquer. A forma sentencial

P( P1 , P2 , P3 ,..., ) ⇒ (Q1 , Q2 , Q3 ,...)

se, e somente se,


P( P1 , P2 , P3 ,..., ) → (Q1 , Q2 , Q3 ,...)

é uma tautologia.
Para a demonstração desse teorema, consulte Alencar Filho (2002) e Hegen-
berg (2012). Agora, vamos aplicar esse teorema.

Exemplo 21

No exemplo 18, vimos que o Modus Ponens,


( P  Q)  P  Q

é uma inferência. Assim, segundo o teorema apresentado, a forma sentencial


( P  Q)  P  Q é uma tautologia. De fato,

77
UNIDADE 2

P Q P
→ Q ∧ P
→ Q

V V V V V V V V V

V F V F F F V V F

F V F V V F F V V

F F F V F F F V F

1 2 1 3 1 4 1

Observe que a oitava coluna da tabela verdade da proposição ( P  Q)  P  Q


encerra apenas valores lógicos verdadeiros e, dessa forma, a proposição é tauto-
lógica, como queríamos demonstrar.
Esse procedimento que acabamos de efetuar no exemplo 21 pode ser feito
para todas as implicações lógicas do Quadro 2. Você como futuro(a) matemá-
tico(a) precisa saber fazer e aplicar essas relações. Agora, vamos aprender sobre
as implicações lógicas.

78
UNICESUMAR

EXPLORANDO IDEIAS

Sá de Miranda foi o responsável por introduzir o soneto em Portugal e Camões foi o res-
ponsável por seu triunfo, fazendo com que esse gênero poético se consolidasse em terras
lusitanas. Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto de Camões que foi publicado na
segunda edição da obra Rimas, lançada em 1598. Vejamos:

Amor é fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor.

De acordo com Rebeca Fuks, Doutora em Estudos da Cultura, Camões desenvolve seu
poema de amor por meio da apresentação de ideias opostas e usa o recurso de aproxi-
mação de coisas que parecem distantes para explicar um conceito tão complexo como o
amor. Um ponto importante é que o soneto é baseado num raciocínio lógico que leva a
uma conclusão. Essa argumentação fundamentada na apresentação de afirmações que
levam a uma consequência lógica é chamada silogismo.
Fonte: adaptado de Fuks ([2022]).

79
UNIDADE 2

Exemplo 22

Considere as proposições lógicas simples X e Y. Assinale a alternativa que cor-


responda à expressão lógica equivalente à proposição composta X → (~ Y ) ,

a) Y → (~ X )

b) (~ X ) → Y

c) Y→X
d) X ∨ (~ Y )

e) X ∨Y

Solução: No exemplo 4, vimos que ( X  Y )  ~ X  Y . Assim, para a expres-


são lógica poder ser reescrita como segue:

80
UNICESUMAR

(1) (2 ) ( 3)
( X  Y )  (~ X )  (~ Y )  (~ X )  (~ Y )  X  (~ Y )

1. foi usada equivalência lógica de condicional.


2. foi usada equivalência lógica de comutatividade do operador disjunção.
3. foi usada equivalência lógica de condicional.
Portanto, alternativa A.

Exemplo 23

Considere que a proposição: “Se x = 11, então x é primo” tenha valor lógico ver-
dadeiro. Pode-se concluir que:

a) se x ≠ 11 , então x é primo.
b) se x é primo, então x = 11.
c) se x ≠ 11 , então x não é primo.
d) se x não é primo, então x = 11.
e) se x não é primo, então x ≠ 11 .

Solução: Considere as seguintes proposições simples P: “x = 11” e Q: “x é primo”.


A proposição composta dada pode ser escrita em notação lógica como:
P→Q

Mas, usando algumas regras de equivalência, reescrevemos como segue:


(1) (2 ) ( 3)
( P  Q)  (~ P)  (Q)  (Q)  (~ P )  ~ Q  (~ P)

1. foi usada equivalência lógica de condicional.


2. foi usada equivalência lógica de comutatividade do operador disjunção.
3. foi usada equivalência lógica de condicional.
Assim, a proposição pode ser rescrita como “Se x não é primo, então x ≠ 11 ”.

Portanto, alternativa E.

81
UNIDADE 2

Exemplo 24

Assuma que a proposição composta expressa por “Ricardo é louro ou estuda


matemática” tenha valor lógico verdadeiro. Dessa forma, é correto concluir que:
a) se Ricardo é louro, então estuda matemática.
b) se Ricardo estuda matemática, então é louro.
c) se Ricardo não estuda matemática, então não é louro.
d) se Ricardo não é louro, então estuda matemática.
e) Ricardo não pode ser louro e estudar matemática.

Solução: Considere as seguintes proposições simples R: “Ricardo é louro” e S:


“Ricardo estuda matemática”. A proposição composta dada pode ser escrita em
notação lógica como R ∨ S . Mas, usando algumas regras de equivalência, rees-
crevemos como segue:
(1)
R  S  (~ R)  S

(1) foi usada equivalência lógica de condicional.


Assim, a proposição pode ser reescrita como “Ricardo é louro, então estuda
matemática”. Portanto, alternativa D.

Exemplo 25

A negação da proposição composta: “Ludmila é asiática e não é loira” é:


a) Ludmila é loira.
b) Ludmila é asiática e loira.
c) Ludmila não é asiática e é loira.
d) Ludmila não é asiática ou é loira.
e) Ludmila não é asiática e não é loira.

Solução: Considere as seguintes proposições simples


P: “Ludmila é asiática”.
Q: “Ludmila é loira”.
A proposição composta dada pode ser escrita em notação lógica como:

82
UNICESUMAR

P∧ ~ Q

Efetuando a negação dessa proposição composta, temos que:


(1) (2 )
~ [ P  (~ Q)]  (~ P)  (~ (~ Q))  (~ P )  Q

1. foi usada lei de De Morgan.


2. foi usada a equivalência da dupla negação.

Assim, a proposição pode ser rescrita como: “Ludmila não é asiática ou é loira”.
Portanto, alternativa D.

Exemplo 26

A negação da proposição “Maribel gosta de morango ou Laís gosta de cachor-


ro-quente” é:
a) “Maribel gosta de morango e Laís não gosta de cachorro-quente”.
b) “Maribel não gosta de morango e Laís gosta de cachorro-quente”.
c) “Maribel não gosta de morango ou Laís gosta de cachorro-quente”.
d) “Maribel gosta de morango ou Laís não gosta de cachorro-quente”.
e) “Maribel não gosta de morango e Laís não gosta de cachorro-quente”.

Solução: Considere as seguintes proposições simples


P: “Maribel gosta de morango”.
Q: “Laís gosta de cachorro-quente”.
A proposição composta dada pode ser escrita em notação lógica como:
P∨Q

Efetuando a negação dessa proposição composta, temos que:

83
UNIDADE 2

(1)
~ ( P  Q)  (~ P )  (~ Q)

(1) foi usada lei de De Morgan.


Assim, a proposição pode ser resscrita como: “Maribel não gosta de morango
e Laís não gosta de cachorro-quente”. Portanto, alternativa E.

Exemplo 27

A negação lógica da sentença “Se não há vacina, então não há doença” é:


a) Se há vacina, então há saúde.
b) Não há vacina e há doença.
c) Há vacina e não há doença.
d) Não há vacina ou não há doença.
e) Se há saúde, então há doença.

Solução: Considere as seguintes proposições simples


E: “Há vacina”.
F: “Há doença”.
A proposição composta dada pode ser escrita em notação lógica como:
~ E →~ F
Efetuando a negação dessa proposição composta, temos que:
(1) (2 ) ( 3) (4)
~ [~ E ~ F ]  ~ [~ (~ E )  (~ F )]  ~ [ E  (~ F )]  ~ E  ~ (~ F )  ~ E  F

1. foi usada equivalência lógica de condicional.


2. foi usada a definição da dupla negação.
3. foi usada a Lei de De Morgan.
4. foi usada a definição da dupla negação.

Logo, a proposição pode ser reescrita como “Não há vacina e há doença”. Por-
tanto, alternativa B.

84
UNICESUMAR

Você pode consultar Villar (2012) para outros


exemplos e aplicações de lógica matemática.

Estamos chegando ao final desta unidade e algumas perguntas foram feitas no


início dela, a lembrar: i) caso os códigos computacionais fossem executados no
mesmo computador, os tempos de execução da tarefa e o gasto de memória são
iguais ou são distintos? E, por quê? ii) Embora os códigos sejam equivalentes,
existe preferência a um deles em detrimento do outro? Por quê?
Diante do que estudamos nesta unidade, você já consegue responder a essas
questões. Vamos lá! Para a primeira pergunta, temos que o código 1 executa 4
operações, enquanto o código 2, 3 operações. Isso vai impactar no sentido
de tempo, é natural que o tempo de execução do código 1 é maior que o do
código 2 e, além disso, o gasto de memória computacional, também será maior
para o código 1, pois nele executamos mais operações.
Para a segunda pergunta, podemos garantir que o código 2 será preferido ao
código 1. Embora sejam equivalentes, isto é, entreguem a mesma resposta, temos
que o custo computacional de tempo e de memórias para o código 2 são menores
que os do código 1, e isso já explica a seleção do código 2 em relação ao código 1.
Ao final desta unidade, espero que você consiga perceber que as regras de
equivalências e as de inferência lógica são dispositivos que nos auxiliam nos pro-
cessos de demonstração, “encurtando” o caminho do processo. Com isso, temos,
para algumas situações, demonstrações mais rápidas e práticas e, dependendo,
até mesmo idêntica, porém, mais fáceis.

85
1. Mostrar que [( A  B)  ( A  17)]  ( A  17)  ( A  B)

2. Considere a proposição composta escrita como ~ p → q . Assinale a alternativa que


corresponda à proposição composta logicamente equivalente à proposição dada.

a) p→q
b) p →~ q
c) q →~ p
d) ~q→ p
e) ~ q →~ p
3. Considere verdadeira a seguinte afirmativa “Raul é argentino ou lê Borges”. Com base
na afirmativa, é correto concluir que:

a) se Raul é argentino, então lê Borges.


b) se Raul lê Borges, então é argentino.
c) se Raul não lê Borges, então não é argentino.
d) se Raul não é argentino, então lê Borges.
e) Raul não pode ser argentino e ler Borges.

4. Em uma roda de amigos, Maria disse: Sábado vou ao show ou domingo vou ao chur-
rasco. Assumindo que a fala de Maria tenha valor lógico verdadeiro, conclui-se que
ela mente caso:

86
a) for ao show no sábado e não for ao churrasco no domingo.
b) for ao churrasco no sábado e for ao show no domingo.
c) for ao show no sábado e no domingo.
d) não for ao show no sábado e não for ao churrasco no domingo.
e) não for ao churrasco no sábado e nem for ao churrasco no domingo.

5. Um famoso cientista político afirmou que “O poder executivo e as leis vigentes são
incapazes de administrar os conflitos existentes entre os donos dos meios de pro-
dução e a classe de operários, ou de impedir o aumento do espaço político dessas
forças”. Assinale a alternativa que corresponda à negação lógica da afirmação desse
cientista político.

a) O poder executivo e as leis vigentes não são capazes de administrar os conflitos


existentes entre os donos dos meios de produção e a classe de operários nem
de impedir o aumento do espaço político dessas forças.
b) O poder executivo e as leis vigentes não são capazes de administrar os conflitos
existentes entre os donos dos meios de produção e a classe de operários, ou de
impedir o aumento do espaço político dessas forças.
c) O poder executivo ou as leis vigentes não são incapazes de administrar os con-
flitos existentes entre os donos dos meios de produção e a classe de operários,
nem de impedir o aumento do espaço político dessas forças.
d) O poder executivo e as leis vigentes não são incapazes de administrar os conflitos
existentes entre os donos dos meios de produção e a classe de operários, ou de
impedir o aumento do espaço político dessas forças.
e) O poder executivo e as leis vigentes são capazes de administrar os conflitos exis-
tentes entre os donos dos meios de produção e a classe de operários, e de im-
pedir o aumento do espaço político dessas forças.

87
6. Considere a seguinte proposição: “ao final da disciplina, o universitário Rodolfo será
aprovado ou não será aprovado”. Do ponto de vista lógico, a afirmação da proposição
caracteriza:

a) uma negação.
b) uma tautologia.
c) uma equivalência.
d) uma contingência.
e) uma contradição.

7. Proposições são sentenças que podem ser julgadas como verdadeiras — V — ou


falsas — F —, mas não como ambas, simultaneamente. De acordo com esse referen-
cial e considerando os conceitos de lógica, avalie as asserções a seguir e a relação
proposta entre elas.

I - A proposição “ao final da disciplina, o universitário Rodolfo será aprovado e não


será aprovado” é contradição.

PORQUE
II - Independentemente do valor lógico de cada uma das proposições simples que
compõem a proposição composta, ela é sempre falsa.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta


da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

88
O número um...

Números individuais
têm seus próprios
traços característicos
e conduzem a uma
variedade de áreas da
matemática. Sabemos que o número inteiro e po-
sitivo é 1. Ele é a unidade indivisível da aritmética:
o único número positivo que não pode ser obtido
pela soma de dois números positivos menores.
Nesse podcast, vamos discutir algumas particula-
ridades interessantes desse número. Preparados?

Título: Estrelas Além do Tempo


Ano: 2016
Sinopse: Estrelas Além do Tempo
remonta o auge da corrida espacial
entre Estados Unidos e Rússia durante
a Guerra Fria. Como pano de fundo, há
a segregação racial da sociedade que
também se reflete na NASA, onde um
grupo de funcionárias negras é obrigado a trabalhar à parte
do processo. Nesse grupo, estão Katherine Johnson, Dorothy
Vaughn e Mary Jackson, três matemáticas que, além de provar
sua competência dia após dia, precisam lidar com o preconcei-
to para que consigam ascender na hierarquia da NASA.

89
3
Métodos de
Inferência
Dr. Ricardo Cardoso de Oliveira

Olá, caro(a) aluno(a), na terceira unidade do livro de Lógica Matemáti-


ca, você terá contato com os métodos usados para demonstração em
Matemática. Vamos aprender a usar a técnica da demonstração direta,
a técnica da demonstração condicional e a técnica da demonstração
por contradição.
UNIDADE 3

Durante muito tempo, os matemáticos acreditavam que qualquer problema


prático podia ser revolvido operando somente com os números naturais e fra-
cionários. Por volta de 530 a.C., existia na Grécia uma sociedade secreta, cujos
membros ficariam conhecidos com o nome de pitagóricos. O que deu grande
fama aos pitagóricos foi a demonstração de um teorema, provavelmente o mais
conhecido teorema de toda história da Matemática: “em um triângulo retân-
gulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos”. Ao
efetuarem a demonstração desse teorema, os pitagóricos começaram a provar
do próprio veneno. Eles perceberam em um triângulo retângulo isósceles que
a hipotenusa não era um número natural. Os pitagóricos ficaram perplexos.
Concluíram, então, que não conseguiam descobrir um segmento unitário que
coubesse um número inteiro de vezes em cada cateto e na hipotenusa, porque
tal segmento não existia. Dessa forma, a razão entre a hipotenusa e um dos
catetos desse triângulo retângulo não era um número racional! Ficou evidente
que a Matemática precisava de um novo número, que não fosse um número
natural nem pudesse ser escrito como uma razão de dois números naturais:
um número irracional.
Digamos que os catetos desse triângulo retângulo tenham medida de 1 unida-
de de comprimento e, ao aplicar o teorema de Pitágoras, voilà, eis que o primeiro
número irracional a ser descoberto apareceu. Esse número hoje é representado por
2 e que surgiu justamente dessa discussão, uma vez que h2  12  12 , ou seja,
nessa equação o valor numérico de h é tal que h = 2 . Os gregos não conheciam
o símbolo e, simplesmente, diziam “o número que multiplicado por si mesmo
é 2.”
A partir dessa descoberta, foram descobertos muitos outros números irra-
cionais: 3 , 5 , 6 , ... Será que todos eles surgiram desse problema de geome-
tria? Vamos começar tomando um triângulo retângulo isósceles com medida de
cateto igual a 2 unidades de comprimento e, nesse caso, o valor da medida da
hipotenusa é 2 3 . Você consegue descrever outros triângulos retângulos isós-
celes que originam números irracionais? E outros triângulos retângulos com
medidas dos catetos distintos que terão o valor da medida da hipotenusa como
um número irracional? Vamos lá.
Um caso bastante interessante é a espiral de Teodoro, que é obtida a partir de
um triângulo retângulo em que um dos catetos tem medida igual a 1 e a medida
do outro cateto corresponde ao valor da medida da hipotenusa do triângulo re-

92
UNICESUMAR

tângulo anterior. Dessa forma, vemos os novos triângulos retângulos com cateto
menor igual a 1 e cateto maior igual à hipotenusa do triângulo anterior.
Vamos fazer juntos: primeiro tome um triângulo retângulo isósceles com
catetos medindo 1 e nesse caso a hipotenusa mede 2 . Agora, para o segundo
triângulo retângulo, tome a medida de um dos catetos igual a 1 e a medida do
outro cateto igual a 2 e observe, nesse caso, que o valor da medida da hipote-
nusa é igual a 3 que, por sua vez, é um número irracional.
Use essa ideia para encontrar outros números irracionais. Use o seu Diário
de Bordo para anotar as primeiras impressões sobre esses números irracionais
obtidos a partir do teorema de Pitágoras. Escreva livremente o que você entendeu,
tendo como base o exemplo apresentado e os aspectos importantes para a sua
solução. Aproveite e construa esses triângulos retângulos em uma mesma figura
para a construção de uma espiral de Teodoro. Uma pergunta que surge: como
demonstrar que esses números não são racionais?

93
UNIDADE 3

Estudamos anteriormente a validade de proposições por meio da construção e


uso da tabela verdade. Nessa unidade, estudaremos um método de demonstra-
ção, denominado método dedutivo, que é mais rápido, mais eficiente, que não
precisa construir a tabela verdade. Com o uso do método dedutivo, podemos
chegar a conclusões, por meio do uso de uma ou mais proposições.
Define-se um argumento como uma sequência finita de n+1 proposições,
denominadas por H1 , H 2 , H 3 ,..., H n e T em que H1 , H 2 , H 3 ,..., H n são deno-
minadas premissas e T é denominada consequência (conclusão ou tese). Um
argumento de premissas e conclusão é denotado por:
H1 , H 2 , H 3 ,..., H n  T
H
onde se lê: “ 1 2 3
, H , H ,..., H n acarretam em T”, “ H1 , H 2 , H 3 ,..., H n infere
T” ou “ H1 , H 2 , H 3 ,..., H n deduz T”.
O argumento H1 , H 2 , H 3 ,..., H n  T é válido se, e somente se, a conclusão
T é verdadeira todas as vezes em que as premissas H1 , H 2 , H 3 ,..., H n são ver-
dadeiras. Por outro lado, um argumento que não é válido se diz sofisma.

94
UNICESUMAR

Teorema

Um argumento H1 , H 2 , H 3 ,..., H n  T é válido se, e somente se,


H1  H 2  H 3  ...  H n  T é uma tautologia.
Para demonstração desse teorema, consulte Gerônimo e Franco (2006) ou
Alencar Filho (2002). Vamos a alguns exemplos e aplicações, todas aquelas leis
de implicação e inferência que fizemos na unidade anterior e serão empregadas
aqui para efetuar as demonstrações.

Exemplo 1

Verificar a validade do seguinte argumento:

H1 P→Q

H2 Q→R

H3 ~R

T ~P

Solução: Note que temos três hipóteses e queremos provar, a partir das operações
de inferência e equivalência, a validade da tese. Assim, segue que:

Ordem Proposição Justificativa

1 P→Q H1

2 Q→R H2

3 ~R H3

4 P→R 1, 2 Lei transitiva

5 ~P 4, 3 Modus Tollens

95
UNIDADE 3

Note que, com as hipóteses 1 e 2 e a lei transitiva, chegamos ao resultado P → R


. Por fim, com o resultado da etapa 4, a hipótese 3 e Modus Tollens, chegamos ao
resultado ~ P , que é a tese que queríamos demonstrar. Observe que esse proce-
dimento é mais prático e rápido que construir uma tabela verdade.

Exemplo 2

Verificar a validade do seguinte argumento:

H1 P→Q

H2 P∨ R

H3 ~Q

H4 R  (S  T )

T S

Solução: De fato,

Ordem Proposição Justificativa

1 P→Q H1

2 P∨ R H2

3 ~Q H3

4 R  (S  T ) H4

5 ~P 1, 3 Modus Tollens

6 R 2, 5 Silogismo disjuntivo

7 S ∧T 4, 6 Modus Ponens

8 S 7, Simplificação

96
UNICESUMAR

Exemplo 3

Verificar a validade do seguinte argumento:

H1 P→Q

H2 P∨Q

H3 ~P

T C

em que C denota a contradição.


Solução: De fato,

Ordem Proposição Justificativa

1 P→Q H1

2 P∨Q H2

3 ~P H3
4 ~Q 1, 3 Modus Tollens

5 P 2, 4 Silogismo disjuntivo

6 P ∧ (~ P) 3, 5 Conjunção

7 C 6 Contradição

Exemplo 4

Verificar a validade do seguinte argumento:

H1 P→Q

H2 R→S

H3 (Q  S ) ~ M

97
UNIDADE 3

H4 M

T ~ P∧ ~ R

Solução: De fato,

Ordem Proposição Justificativa

1 P→Q H1

2 R→S H2

3 (Q  S ) ~ M H3

4 M H4

5 ~ (Q ∨ S ) 3, 4 Modus Tollens

6 ~ Q∧ ~ S 5, Lei de De Morgan

7 ~Q 6, Simplificação

8 ~S 6, Simplificação

9 ~P 1, 7 Modus Tollens

10 ~R 2, 8 Modus Tollens

11 ~ P∧ ~ R 9, 10 Conjunção

Exemplo 5
Verificar a validade do seguinte argumento:

H1 P→Q

H2 R→S

H3 ~Q∧R

H4 (~ P  S )  X

T X
98
UNICESUMAR

Solução: De fato,

Ordem Proposição Justificativa

1 P→Q H1

2 R→S H2

3 ~Q∧R H3

4 (~ P  S )  X H4

5 Q 3, Simplificação

6 R 3, Simplificação

7 P 1, 5 Modus Tollens

8 S 2, 6 Modus Ponens

9 ~ P∧S 7,8 conjunção

10 X 4, 10 Modus Ponens

Em lógica formal,
para a verificação
da validade de um
argumento pode ser
usado três tipos dis-
tintos de demons-
tração: o método
direto, o método
indireto e o método
direto condicional.
Nos exemplos de 1
a 5, foi usado o mé-
todo direto de de-
monstração.

99
UNIDADE 3

Acabamos de aprender a técnica de demonstração direta. O vídeo a seguir faz


uso dessa técnica de demonstração para provar que, se
um número n é ímpar, então o quadrado dele também é
ímpar. O vídeo é do canal do YouTube TriunfABC.
Na demonstração indireta, também chamada de
demonstração por contradição ou demonstração por
absurdo, validamos o argumento usando a negação da
tese e passamos a usar a contradição como tese, ou seja,
o argumento
H1 , H 2 , H 3 ,..., H n  T

passa a ser escrito como


H1 , H 2 , H 3 ,..., H n , ~ T  c

em que c é a contradição. Daí, procedemos como no método da demonstração direta.

Exemplo 6

Verificar a validade do argumento a seguir, usando demonstração indireta:

H1 ~ ( P ∧ Q)

H2 ~ R→Q

H3 ~P→R

T R

Solução: Usando demonstração indireta escrevemos o argumento apresentado como

100
UNICESUMAR

H1 ~ ( P ∧ Q)

H2 ~ R→Q

H3 ~P→R

H4 R
T c

em que c é a contradição. Desse modo, agora, procedemos como na demonstra-


ção direta. Assim,

Ordem Proposição Justificativa

1 ~ ( P ∧ Q) H1

2 ~ R→Q H2

3 ~P→R H3

4 R H4

5 ~ Q →~ (~ R) 2, Contrapositiva

6 ~Q→R 5, Dupla negação

7 [(~ P)  (~ Q)]  R 3, 6 Inferência por casos

8 ~ ( P  Q)  R 7, Lei de De Morgan

9 R 8, 1 Modus Ponens

10 R∧ ~ R 4, 9 conjunção

11 c 10 Contradição

101
UNIDADE 3

Exemplo 7

Verificar a validade do argumento a seguir, usando demonstração indireta:

H1 (~ P  Q)  R

H2 ( R  S ) ~ U

H3 U

T Q

Solução: Usando demonstração indireta escrevemos o argumento acima como

H1 (~ P  Q)  R

H2 ( R  S ) ~ U

H3 U

H4 Q
T c

em que c é a contradição. Desse modo, agora, procedemos como na demons-


tração direta. Assim,

Ordem Proposição Justificativa

1 (~ P  Q)  R H1

2 ( R  S ) ~ U H2

3 U H3

4 Q H4

5 ~ (R ∨ S ) 2, 3 Modus Tollens

102
UNICESUMAR

6 ~ R∧ ~ S 5 Lei de De Morgan

7 R 6 Simplificação

8 ~ (~ P ∨ Q) 1, 7 Modus Tollens

9 ~ (~ P) ∧ (~ Q) 8 Lei de De Morgan

10 Q 9 Simplificação

11 c 4, 10 Contradição

Exemplo 8

Verificar a validade do argumento a seguir, usando demonstração indireta:

H1 P

H2 Q∨ ~ R

H3 S→R

H4 P  (~ Q  U )

T S

Solução: Usando demonstração indireta escrevemos o argumento anterior como

H1 P

H2 Q∨ ~ R

H3 S→R

H4 P  (~ Q  U )

H5 S

T c

103
UNIDADE 3

em que c é a contradição. Desse modo, agora, procedemos como na demons-


tração direta. Assim,

Ordem Proposição Justificativa

1 P H1

2 Q∨ ~ R H2

3 S→R H3

4 P  (~ Q  U ) H4

5 S H5

6 R 3, 5 Modus Ponens

7 Q 2, 6 Silogismo Disjuntivo

8 ~ Q ∧U 1, 4 Modus Ponens

9 Q 8, Simplificação

10 Q∧ ~ Q 7, 9 conjunção

11 c 10 Contradição

Exemplo 9

Verificar a validade do argumento a seguir, usando demonstração indireta:

H1 (~ P  Q)  R

H2 ( R  S ) ~ U

H3 U

T Q

Solução: Usando demonstração indireta escrevemos o argumento anterior como

104
UNICESUMAR

H1 (~ P  Q)  R

H2 ( R  S ) ~ U

H3 U

H4 Q
T c

em que c é a contradição. Desse modo, agora, procedemos como na demonstra-


ção direta. Assim,

Ordem Proposição Justificativa

1 (~ P  Q)  R H1

2 ( R  S ) ~ U H2

3 U H3

4 Q H4

5 ~ (R ∨ S ) 2, 3 Modus Tollens

6 ~ R∧ ~ S 5 Lei de De Morgan

7 ~R 6 Simplificação

8 ~ (~ P ∨ Q) 1, 7 Modus Tollens

9 ~ (~ P) ∧ (~ Q) 8 Leis de De Morgan

10 Q 9 Simplificação

11 Q∧ ~ Q 4, 10 conjunção

12 c 11 Contradição

105
UNIDADE 3

Na demonstração direta condicional, queremos validar argumentos do tipo


H1 , H 2 , H 3 ,..., H n  ( H → T )

Para demonstrar a validade desse tipo de argumento, consideramos o antecedente


H, como uma premissa ou hipótese adicional e a consequente T será a conclusão
ou tese a ser demonstrada. Assim, o argumento passa a ser reescrito como:
H1 , H 2 , H 3 ,..., H n , H  T

e procedemos como no método da demonstração direta.

106
UNICESUMAR

Exemplo 10

Verificar a validade do argumento a seguir, usando demonstração direta


condicional:

H1 R →U

H2 ~R→S

H3 S  ( P  Q)

T ~U →Q

Solução: Usando demonstração direta condicional escrevemos o argumento an-


terior como

H1 R →U

H2 ~R→S

H3 S  ( P  Q)

H4 ~U

T Q

Desse modo, agora, procedemos como na demonstração direta. Assim,

Ordem Proposição Justificativa

1 R →U H1

2 ~R→S H2

3 S  ( P  Q) H3

4 ~U H4

5 ~ U →~ R 1 Contrapositiva

107
UNIDADE 3

6 ~R 4,5 Modus Ponens

7 S 2, 6 Modus Ponens

8 P∧Q 3,7 Modus Ponens

9 Q 8 Simplificação

Exemplo 11

Verificar a validade do argumento a seguir, usando demonstração direta condicional:

H1 ( P  ~ Q)  S

H2 ~ (S ∨ U )

H3 Q→R

T P  (Q  R )

Solução: Usando demonstração direta condicional escrevemos o argumento an-


terior como

H1 ( P  ~ Q)  S

H2 ~ (S ∨ U )

H3 Q→R

H4 P

T Q∧R

Desse modo, agora, procedemos como na demonstração direta. Assim,

108
UNICESUMAR

Ordem Proposição Justificativa

1 ( P  ~ Q)  S H1

2 ~ (S ∨ U ) H2

3 Q→R H3

4 P H4

5 (~ S ) ∧ (~ U ) 2 Lei de De Morgan

6 ~S 5 Simplificação

7 ~ ( P ∧ ~ Q) 1, 6 Modus Tolens

8 (~ P)∧ ~ (~ Q) 7 Lei de De Morgan

9 P 8 Simplificação

10   Q  8 Simplificação

11 Q 10 Dupla negação

12 C 4, 9 Contradição

13 R 3,11 Modus Ponens

14 Q∧C ∧ R 11, 12, 13 conjunção

15 (Q ∧ R) ∧ C 14 Lei Comutativa

16 (Q ∧ R) 15 Simplificação

109
UNIDADE 3

Exemplo 12

Verificar a validade do argumento a seguir, usando demonstração direta condicional:

H1 (A J)  G

H2 J →~ G

H3 J∨B

T A→ B

Solução: Usando demonstração direta condicional escrevemos o argumento an-


terior como

H1 (A J)  G

H2 J →~ G

H3 J∨B

H4 A

T B

Para o exercício ficar mais emocionante, vamos resolvê-lo por demonstração


indireta. Assim, reescrevemos o argumento anterior como:

H1 (A J)  G

H2 J →~ G

H3 J∨B

H4 A

H5 B

T C

110
UNICESUMAR

em que C é a contradição. Agora, procedemos como na demonstração direta. Assim,

Ordem Proposição Justificativa

1 (A J)  G H1

2 J →~ G H2

3 J∨B H3

4 A H4

5 B H5

6 J 3, 5 Silogismo Disjuntivo

7 G 2, 6 Modus Ponens

8 ~ (A∨ J) 1, 7 Modus Tollens

9 (~ A) ∧ (~ J ) 8 Lei de De Morgan

10 A 9 Simplificação

11 A∧ ~ ( A) 4, 10 conjunção

12 c 11 Contradição

111
UNIDADE 3

Dado um argumento qualquer, não há uma regra para determinar qual tipo de
técnica de demonstração a ser empregado. É claro que resolver exercícios nos
fornece a intuição necessária para decidirmos o melhor caminho. Vejamos al-
gumas situações.

112
UNICESUMAR

Exemplo 13

Demonstre, pelo método dedutivo, a tautologia P  ( P  Q)  P .


Solução: De fato, segue que

Ordem Proposição Regra utilizada

1 P  ( P  Q) H1

2 ( P  P)  ( P  Q) 1 Lei Distributiva

3 P  ( P  Q) 2 Lei de Idempotência

4 ( P  c)  ( P  Q) 3 Contradição

5 P  (c  Q ) 4 Lei Distributiva

6 P  (Q  c) 5 Lei Comutativa

7 P∨c 6 Contradição

8 P 7 Contradição

Logo, o argumento anterior é uma tautologia. Observe que foram usadas apenas
regras de equivalência lógicas. Desse modo, a recíproca P  P  ( P  Q) tam-
bém é válida.

113
UNIDADE 3

Exemplo 14

Usando apenas regras de equivalência, prove que


( P  Q)  ( P  P) ~ (~ Q  P ) .
Solução: De fato, segue que

Ordem Proposição Regra utilizada

1 ( P  Q)  ( P  P) H1

2 ~ [ P ∧ (~ Q)]∧ ~ [ P ∧ ~ P] 1 Condicional

3 ~ [ P ∧ (~ Q)]∧ ~ [c] 2 Contradição

4 ~ [ P ∧ (~ Q)] ∧ T 3 Tautologia

5 ~ [ P ∧ (~ Q)] 4 Tautologia

6 ~ [(~ Q) ∧ P] 5 Comutatividade

Logo, o argumento anterior é uma tautologia. Observe que foram usadas apenas
regras de equivalência lógicas. Desse modo, a recíproca
~ (~ Q  P)  ( P  Q)  ( P  P) também é válida.

Exemplo 15

Usando apenas regras de equivalência, verifique que


( P  Q)  ( P  R)  P  (Q  R) .
Solução: Segue que

114
UNICESUMAR

Ordem Proposição Regra utilizada


1 ( P  Q)  ( P  R) H1

2 [(~ P) ∨ Q)] ∨ [(~ P ) ∨ R ] 1 Condicional

3 [(~ P) ∨ (~ P)] ∨ [Q ∨ R] 2 Comutatividade

4 ~ P ∨ [Q ∨ R] 3 Lei da Idempotência

5 P  (Q  R ) 4 Condicional

Logo, o argumento anterior é uma tautologia. Observe que foram usadas apenas
regras de equivalência lógicas. Desse modo, a recíproca,
P  (Q  R )  ( P  Q)  ( P  R) também é válida.

Exemplo 17

Escreva o argumento a seguir na linguagem do cálculo proposicional e prove sua


validade usando o método dedutivo.
“Se eu não especifico as condições iniciais, meu programa não roda. Se eu
cometo ‘loop infinito’, meu programa não termina. Se o programa não roda ou
se ele não termina, então o programa falha. Portanto, se o programa não falha,
então eu especifiquei as condições iniciais e não cometi ‘loop’ infinito.”
Solução: sejam as proposições P: “eu especifico as condições iniciais”; Q: “meu
programa roda”; R: “eu cometo ‘loop infinito’”; S: “meu programa termina”; U: “o
programa falha”. Temos que o argumento, em notação simbólica, fica escrito como:

H1 ~ P →~ Q

H2 R →~ S

H3 (~ Q ~ S )  U

T ~ U  ( P  ~ R)

115
UNIDADE 3

Usando demonstração direta condicional escrevemos o argumento anterior como

H1 ~ P →~ Q

H2 R →~ S

H3 (~ Q ~ S )  U

H4 U

T P∧ ~ R

Usaremos, agora, a demonstração direta.

Ordem Proposição Regra utilizada

1 ~ P →~ Q H1

2 R →~ S H2

3 (~ Q ~ S )  U H3

4 U H4

5 ~ (~ Q∨ ~ S ) 3, 4 Modus Tollens

6 Q∧S 5, Lei de De Morgan

7 Q 6, Simplificação

8 S 6, Simplificação

9  P 1,7 Modus Tollens

10 P 9, Dupla negação

11 R 2,8 Modus Tollens

12 P∧ ~ R 10, 11 conjunção

116
UNICESUMAR

Exemplo 18

Sobre o time do coração dos amigos Aldo, Baldo e Caldo, sabe-se que:
I - Se Caldo é atleticano, então Aldo não é tricolor.
II - Se Baldo não é gremista, então Aldo é tricolor.
III - Se Baldo é gremista, então Caldo não é atleticano.
Logo, deduz-se que:
a) Aldo é tricolor.
b) Aldo não é tricolor.
c) Caldo é atleticano.
d) Caldo não é atleticano.
e) Baldo é vascaíno.

Solução: Sejam as proposições P: “Caldo é atleticano”, Q: “Aldo é tricolor” e R:


“Baldo é gremista”. Desse modo, as proposições compostas I, II e III são escritas,
em linguagem lógica, respectivamente, como:

H1 P →~ Q

H2 ~ R→Q

H3 R →~ P

Assumindo as premissas H1, H2 e H3 como verdadeiras e usando o método da


demonstração direta, temos:

Ordem Proposição Regra utilizada

1 P →~ Q H1

2 ~ R→Q H2

3 R →~ P H3

4 ~ Q →~ (~ R) 2 Contrapositiva

5 ~Q→R 4 Dupla negação

117
UNIDADE 3

6 ~ Q →~ P 5, 3 Lei Transitiva

7 P →~ P 1, 6 Lei Transitiva

8 (~ P) ∨ (~ P) 7 Condicional

9 ~P 8 Idempotência

Assim, a conclusão é ~ P , ou seja, Caldo não é atleticano. Portanto, alternativa D.

Exemplo 19

Em uma roda de amigos Caio fez as seguintes afirmações:


− “Sou herdeiro e não trabalho.”
− “Se não tiro férias, então trabalho.”
Supondo que as duas declarações sejam verdadeiras, é incorreto concluir
que Caio:
a) É inteligente.
b) Tira férias.
c) Trabalha.
d) Não trabalha e tira férias.
e) Trabalha ou é herdeiro.

Solução: Sejam as proposições P: “Caio é herdeiro”, Q: “Caio trabalha” e R:


“Caio tira férias”. Desse modo, as proposições compostas são escritas, em
linguagem lógica, como:

H1 P∧ ~ Q

H2 ~ R→Q

Assumindo as premissas H1 e H2 como verdadeiras e usando o método da de-


monstração direta, temos:

118
UNICESUMAR

Ordem Proposição Regra utilizada


1 P∧ ~ Q H1

2 ~ R→Q H2

3 P 1 Simplificação

4 Q 1 Simplificação

5   R  2, 3 Modus Tollens

6 R 5 Dupla Negação

7 P∧R 3, 6 conjunção

Assim, a conclusão correta é P ∧ R , ou seja, Caio é inteligente e Caio tira férias.


Logo, é incorreto que Caio trabalha. Portanto, alternativa C.

Exemplo 20

Considerando como verdadeiras as quatro hipóteses a seguir, determine a con-


clusão do argumento a seguir.

H1 P→Q

H2 ~P→R

H3 R →~ S

H4 Q →~ T

119
UNIDADE 3

Solução: Assumindo as premissas H1 até H4 como verdadeiras e usando o método


da demonstração direta, temos:

Ordem Proposição Regra utilizada

1 P→Q H1

2 ~P→R H2

3 R →~ S H3

4 Q →~ T H4

5 P →~ T 1,4 Lei Transitiva

6 ~ P →~ S 2, 3 Lei Transitiva

7 ~ (~ T ) →~ P 5 Contrapositiva

8 T →~ P 7 Dupla Negação

9 T →~ S 8, 6 Lei Transitiva

Assim, a conclusão correta é T →~ S .

Exemplo 22

Se ontem tivesse nevado e tivesse sido um dia muito frio, Kate teria cancelado
a massagem de hoje. Como Kate não cancelou a massagem, então, com certeza,
ontem:
a) Fez calor e não nevou.
b) Foi um dia de céu azul.
c) Não nevou e não fez muito frio.
d) Não nevou ou não fez muito frio.
e) Não nevou e fez pouco frio.

120
UNICESUMAR

Solução: Sejam as proposições P: “ontem nevou”, Q: “ontem fez muito frio”,


“R: “Kate cancelou a massagem”. Desse modo, as proposições compostas são
escritas, em linguagem lógica, como:

H1 ( P  Q)  R

H2 R

Assumindo as premissas H1 e H2 como verdadeiras e usando o método da de-


monstração direta, temos:

Ordem Proposição Regra utilizada

1 ( P  Q)  R H1

2 R H2

3 ~ ( P ∧ Q) 1, 2 Modus Tollens

4 (~ P) ∨ (~ Q) 3 Lei de Demorgam

Assim, a conclusão correta é (~ P) ∨ (~ Q) , ou seja, “Ontem não nevou ou ontem


não fez frio”. Portanto, alternativa D.

Exemplo 23

Qual a conclusão do argumento a seguir?

H1 P  (Q  R )

H2 (Q  R )  S

H3 S →~ T

H4 ~ T →~ U

H5 U
?

121
UNIDADE 3

Solução: Assumindo as premissas H1 até H5 como verdadeiras e usando o mé-


todo da demonstração direta, temos:

Ordem Proposição Regra utilizada

1 P  (Q  R ) H1

2 (Q  R )  S H2

3 S →~ T H3

4 ~ T →~ U H4

5 U H5
6 ~(~T) 4, 5 Modus Tollens

7 T 6 Dupla negação

8 S 3, 7 Modus Tollens

9 ~ (Q ∨ R) 2, 8 Modus Tollens

10 P 1, 9 Modus Tollens

Portanto, a conclusão correta é ~P.

Exemplo 24

Considere que as seguintes proposições são premissas de um argumento:


■ Caio é o presidente da empresa e Tião é um conselheiro.
■ Caio não é o presidente da empresa ou Adão impõe penas disciplinares
na forma da lei.
■ Se Adão é o vice-presidente da empresa, então Tião não é o corregedor.

Com base nas definições apresentadas no texto, assinale a opção em que a pro-
posição apresentada, junto com essas premissas, forma um argumento correto.

122
UNICESUMAR

a) Se Tião é corregedor, então Adão é o vice-presidente da empresa.


b) Adão não é o vice-presidente da empresa.
c) Tião não é o corregedor.
d) Se Caio é o presidente da empresa, então Adão não é o corregedor.
e) Adão impõe penas disciplinares na forma da lei.

Solução: Sejam as proposições P: “Caio é o presidente da empresa”, Q: “Tião é


um conselheiro”, R: “Adão impõe penas disciplinares na forma da lei”, S: “Adão
é o vice-presidente da empresa”, T: “Tião não é o corregedor”. Desse modo, as
proposições compostas são escritas, em linguagem lógica, como:

H1 P∧Q

H2 ~ P∨ R

H3 S →T

Assumindo as premissas H1 até H5 como verdadeiras e usando o método da


demonstração direta, temos:

Ordem Proposição Regra utilizada

1 P∧Q H1

2 ~ P∨ R H2

3 S →T H3

4 P 1 Simplificação

5 R 2, 4 Silogismo Disjuntivo

6 R  (S  T ) 5, 3 conjunção

7 R 6 Simplificação

Assim, a conclusão correta é R , ou seja, “Adão impõe penas disciplinares na


forma da lei”. Portanto, alternativa E.

123
UNIDADE 3

Exemplo 25

Qual a conclusão da argumentação a seguir, considerando que as hipóteses


são verdadeiras?

H1 ( P  ~ Q)  R

H2 (~ S  R)  T

H3 T

H4 P

Solução: Assumindo as premissas H1 até H4 como verdadeiras e usando o mé-


todo da demonstração direta, temos:

Ordem Proposição Regra utilizada

1 ( P  ~ Q)  R H1

2 (~ S  R)  T H2

3 T H3

4 P H4

5 ~ (~ S ∨ R ) 2, 3 Modus Tollens

6 ~ (~ S ) ∧ (~ R) 5 Lei de De Morgan

7 S ∧ (~ R) 6 Dupla Negação

8 S 7 Simplificação

9 R 7 Simplificação

124
UNICESUMAR

10 ~ ( P ∧ ~ Q) 1, 9 Modus Tollens

11 (~ P)∨ ~ (~ Q) 10 Lei de De Morgan

12 (~ P) ∨ Q 11 Dupla Negação

13 Q 12, 4 Silogismo Disjuntivo

14 S ∧Q 8, 13 conjunção

Assim, a conclusão correta é S ∧ Q .


Você pode consultar Hegenberg (2012), Alencar Filho (2002) e Villar (2012)
para outros exercícios e aplicações.
Voltemos ao início dessa unidade em que abordamos a existência de números
irracionais. A espiral de Teodoro é obtida a partir de um triângulo retângulo de
catetos com medidas iguais a um e, na sequência, novos triângulos retângulos
com cateto menor igual a um e cateto maior igual à hipotenusa do triângulo
anterior, como ilustra a Figura 1.

Figura 1 – Espiral de Teodoro até a


hipotenusa de
17
Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura


apresenta o desenho de uma
espiral de Teodoro, que possui
o formato semelhante ao de um
caracol. O caracol se divide em
dezesseis triângulos retângulos.
Nessa espiral de Teodoro, há um
ponto central e todos os triângu-
los partem deste ponto. Dentro
dos triângulos, há vários núme-
ros que correspondem ao valor
das hipotenusas desses triângu-
los retângulos, que, na sequência,
vai de raiz quadrada de um até a
raiz quadrada de dezessete.

125
UNIDADE 3

A sequência de hipotenusas geradas a partir do cateto unitário na espiral de


Teodoro é:
2 , 3 , 4 , 5 , ...
Embora Theodore termine esta espiral no triângulo retângulo com raiz hipote-
nusa 17, você pode continuar essa construção adicionando mais triângulos re-
tângulos. Em 1958, Erich Teuffel provou que duas hipotenusas da espiral nunca
colidem, não importando o tamanho da espiral. Perceba que, na espiral de Teo-
doro, podemos perceber a existência de outros números irracionais. Em mate-
mática, sabemos que há outros números irracionais, como o p (pi), o e (núme-
ro de Euler), o f (razão áurea) etc. A partir dessa espiral, fizemos uma
demonstração geométrica que alguns números irracionais existem e têm seu
lugar na reta real. De todos os números irracionais, dois deles despertaram ao
longo dos séculos a atenção dos matemáticos de várias partes do mundo: o p e
3
2 . O primeiro está associado ao círculo e à circunferência e o segundo está
associado em dobrar o valor da medida do volume do cubo.

Oi?! Números bei-


jantes, como as-
sim?! O menor nú-
mero igual à soma
de seus próprios divi-
sores é o 6. Dizemos
que o número 6 é o número beijante do pla-
no. Mas, o que são números beijantes? Humm
...certeza de que você está pensando em algo
bom. Nesse podcast, vou explicar sobre a ma-
neira como os antigos gregos distinguiam nú-
meros. Bora lá.

126
UNICESUMAR

Estamos chegando ao final da unidade e, agora, vamos retomar a questão da


demonstração envolvendo números irracionais. Vamos pegar como exemplo o
número 2 e provar, por contradição, que ele não é racional. Primeiramente,
a
devemos lembrar que um número racional é um número da forma de , em
b
que a e b são números inteiros e b não é zero. Admita que x = 2 seja racional,
a a
então 2 = . Como o MDC(a,b) é igual a 1, segue que é fração irredutível.
b 2 b
Assim, escrevemos, também, que a = 2 , isto é, a2 = 2b2 e, consequentemente
b2
a2 é par, e consequentemente, a também o é. Como a = 2b e assumindo que
a = 2k e 2b2 = 4 k 2 , com k inteiro, obtemos b2 = 2k 2 , ou seja, b2 é par e, assim,
a
b também é par. Então, não é irredutível, o que é uma contradição. Por-
b
tanto, 2 é irracional.

127
1. O argumento

H1 ~ ( P ∧ Q)

H2 ~ R→Q

H3 ~P→R

T R

foi demonstrado por contradição, como pode ser observado na tabela a seguir.
Observe, no desenvolvimento da demonstração, que as justificativas das regras de
inferência ou de equivalências lógicas foram substituídas pelas letras A, B, C, D e E.

Ordem Proposição Justificativa

1 ~ ( P ∧ Q) H1

2 ~ R→Q H2

3 ~P→R H3

4 R H4

5 ~ Q →~ (~ R) 2, A

6 ~Q→R 5, Dupla negação

7 [(~ P)  (~ Q)]  R 3,6 B

8 ~ ( P  Q)  R 7, C

9 R 8,1 D

10 R ∧ ~ ( R) 4,9 E

11 c 10 Contradição

128
Acerca dessa demonstração, assinale a alternativa CORRETA.

a) Em A, foi usado silogismo disjuntivo.


b) Em B, foi usada Lei de De Morgan.
c) Em C, foi usado Modus Tollens.
d) EM D, foi usado Modus Ponens.
e) Em E, foi usada a comutatividade.

2. Para verificar a validade do argumento a seguir,

H1 R →U

H2 ~R→S

H3 S  ( P  Q)

T ~U →T

um estudante reescreveu esse argumento como:

H1 R →U

H2 ~R→S

H3 S  ( P  Q)

H4 ~U

T Q
Nessa condição, qual foi a técnica de inferência adotada pelo estudante?

a) Demonstração indireta.
b) Demonstração por contradição.
c) Demonstração direta.
d) Demonstração direta condicional.
e) Demonstração indireta condicional.

129
3. A seguir, é apresentado o quadro de demonstração de um argumento realizado por
um estudante de matemática, na disciplina de Lógica.

Ordem Proposição Justificativa

1 R →U H1

2 ~R→S H2

3 S  ( P  Q) H3

4 ~U H4

5 ~ U →~ R 1A

6 ~R 4,5 B

7 S 2, 6 C

8 P∧Q 3,7 D

9 Q 8E

Observe, nesse quadro, que as justificativas das regras de inferência ou de equiva-


lências lógicas foram substituídas pelas letras A, B, C, D e E. Considerando a demons-
tração dada, assinale a alternativa correta.

a) Em A, foi empregada a exportação.


b) Em B, foi empregado Modus Ponens.
c) Em C, foi empregado Modus Tollens.
d) Em D, foi empregada idempotência.
e) Em E, foi empregada a contrapositiva.

130
4. Para verificar a validade do seguinte argumento

H1 P→Q

H2 P∨ R

H3 ~Q

H4 R  (S  T )

T S

um estudante usou a demonstração direta e obteve o seguinte quadro a seguir e,


como pode ser observado, a proposição formada a partir da operação lógica reali-
zada foi omitida.

Ordem Proposição Justificativa

1 P→Q H1

2 P∨ R H2

3 ~Q H3

4 R  (S  T ) H4

5 ~P 1, 3 Modus Tollens

6 ? 2, 5 Silogismo disjuntivo

7 ? 4, 6 Modus Ponens

8 ? 7, Simplificação

131
Nessas condições, analise as afirmações que seguem.

I - Na linha de ordem 5, a proposição resultante é ~P.


II - Na linha de ordem 6, a proposição resultante é ~R.
III - Na linha de ordem 7, a proposição resultante é T ∧S .
IV - Na linha de ordem 7, a proposição resultante é T∨S.

Qual o número de afirmações corretas?

a) 0.
b) 1.
c) 2.
d) 3.
e) 4.

132
4Quantificadores
e Lógica de
Predicados
Dr.Ricardo Cardoso de Oliveira

O interesse do cálculo de predicados consiste em quantificar os pre-


dicados. Dessa forma, ao invés de isolarmos as proposições P(1), P(2),
... estaremos interessados no estudo simultâneo de toda a classe de
proposições P(x) obtidas a partir do predicado P. Dessa forma, a estra-
tégia é quantificar os predicados e é esse assunto que será abordado
nessa unidade. Bons estudos.
UNIDADE 4

Os polígonos são figuras geométricas fechadas, obtidas a partir de segmentos de


reta. Os polígonos são caracterizados por apresentar os seguintes elementos: ân-
gulos, vértices, diagonais e lados. De acordo com o número de lados que possuem,
esses polígonos recebem nomes especiais, tais como: triângulo, quadrilátero, pen-
tágono, hexágono, heptágono, octógono, eneágono e assim por diante. Com certeza
você deve se recordar das suas aulas de matemática no ensino fundamental.
Os quadriláteros são polígonos de quatro lados e que possuem quatro vérti-
ces. Sabemos que a soma dos ângulos internos de qualquer quadrilátero é igual
a 360° e as suas diagonais são duas diagonais que ligam dois vértices não conse-
cutivos. Eis que alguns quadriláteros recebem nomes especiais como trapézio,
paralelogramo, retângulo, losango e quadrado.
De acordo com Silveira e Marques (2008), os trapézios são quadriláteros
que têm dois lados paralelos e são classificados em trapézio retângulo, trapézio
isósceles e trapézio escaleno. Os paralelogramos são quadriláteros que têm dois
pares de lados paralelos e de mesma medida. Esses paralelogramos recebem
nomes específicos de acordo com as suas características: quadrado, retângulo
e losango. Os quadriláteros que não possuem lados paralelos são chamados
de quadriláteros irregulares. Retângulos são paralelogramos que têm todos os
ângulos internos retos (ou seja, iguais a 90°). Os losangos são paralelogramos
em que todos os lados têm a mesma medida e que suas diagonais se encontram
em seus pontos médios formando ângulo reto. Por fim, quadrados são parale-
logramos em que a medida dos lados tem valores iguais e todos os ângulos são
retos. Faça esboços geométricos das afirmações apresentadas. As afirmações
que foram feitas são procedentes, segundo seus esboços?
De posse de todas essas informações podemos começar a formular perguntas:
“Todo quadrilátero tem lados dois a dois paralelos?”, “Existe quadrado que é
retângulo?”, “Todo quadrado é retângulo?”, “Algum losango que é retângulo?”
E por aí vai. Chegou a hora de começarmos a formatar esse conhecimento e
responder essas perguntas.
Use o seu Diário de Bordo para anotar as primeiras impressões sobre esses
quadriláteros. Escreva livremente o que você entendeu, tendo, como base, o tex-
to apresentado. Aproveite e construa um diagrama com esses quadriláteros na
forma de um diagrama de Venn. Uma pergunta que surge: como seria tudo isso,
caso estudássemos apenas triângulos?

134
UNICESUMAR

A lógica proposicional não é suficientemente poderosa para englobar todas as


afirmações necessárias em matemática, isso porque eventualmente precisamos
x2  6 x  0

lidar com expressões do tipo x > 1 , x  y  13 , x ≥ y , e outras, que


não são proposições. De fato, na análise dessas expressões, o principal elemento
de decisão para os valores lógicos não está definido.
Essas sentenças são denominadas de funções proposicionais ou proposi-
ções abertas ou predicados. O sujeito lógico envolvido na sentença é denomi-
nado variável e os elementos que a variável pode assumir (não necessariamente
todos), tornando-a uma proposição, formam o que chamamos de universo de
discurso, que nesse curso vamos denotar por U.
Dessa forma, ao trabalharmos com uma proposição aberta, devemos expli-
citar a variável e o universo de discurso. Note que uma proposição aberta pode
x  y  13

conter mais de uma variável como é o caso da expressão .

135
UNIDADE 4

Exemplo 1

Considere a proposição aberta P(x): “ x > 1 ” e o universo de discurso U = {2, 3,


399}. Note que
■ P(2) assume valor lógico V, pois 2 > 1 é uma proposição verdadeira.
■ P(3) assume valor lógico V, pois 3 > 1 é uma proposição verdadeira.
■ P(399) assume valor lógico V, pois 399 > 1 é uma proposição verdadeira.

Note, nesse caso, que TODO elemento de U faz da proposição aberta P(x) uma
proposição verdadeira.

136
UNICESUMAR

Exemplo 2

Considere a proposição aberta Q(x): “ x  x  6  0 ” e o universo de discurso


2

U  {3, 0, 2} . Note que


■ Q(-3) assume valor lógico V, pois (3)  (3)  6  0 é uma propo-
2

sição verdadeira.
■ Q(0) assume valor lógico F, pois (0)  (0)  6  0 é uma proposição falsa.
2

■ Q(2) assume valor lógico V, pois (2)  (2)  6  0 é uma proposição


2

verdadeira.

Observe, nesse caso, que EXISTE algum elemento de U faz da proposição aberta
Q(x) uma proposição verdadeira e ALGUM elemento a faz falsa.

137
UNIDADE 4

NOVAS DESCOBERTAS

Existe e para todo são dois termos bastante empregados em Mate-


mática e são utilizados nas construções de sentenças. O professor
Maurício Carvalho do Canal do YouTube Portal da Matemática OBMEP
nos apresenta a diferenciação entre esses dois quantificadores de
uma maneira bem acessível.

Podemos operar as proposições abertas da mesma forma que as proposições,


usando, inclusive, os mesmos operadores lógicos. Dessa forma, obtemos novas
proposições a partir de outras mais simples.
Para transformar proposições abertas em uma proposição, fazemos uso dos
quantificadores. O interesse do cálculo de predicados consiste em “quantificar”
os predicados, obtendo-se e estudando-se classes de proposições, ao invés de
isolarmos proposições P(2), P(3), Q(-3) como fizemos nos exemplos 1 e 2.
A ideia é o estudo simultâneo de todas as classes de proposições P(x) obtidas
a partir de um predicado P. Para tanto, a estratégia será quantificar os predicados,
e as formas mais comuns envolvem dois quantificadores: o universal (para todos)
e o existencial (existe algum) denotados, respectivamente, por ∀ e ∃ . Ao longo
deste capítulo, P(x) denota um predicado arbitrário com variável x.
Vamos considerar um predicado P com variável x, denotado por P(x).
A proposição:
“Para todo sujeito x, a afirmação P(x) é verdadeira”, simbolicamente
expressa por
∀xP ( x)
está associada ao predicado cuja variável x foi quantificada universalmente.
Isto é, o operador ∀xP( x) é verdadeiro quando absolutamente todas as proposi-
ções P(x) são válidas na medida que variamos x dentro do universo de discurso.

Exemplo 3

a) Considere a proposição aberta P(x): “ x ≥ 1” e o universo de discurso o conjunto


dos números naturais positivos. Observe que P(1), P(2), P(3), ... são todas pro-
posições verdadeiras. Nesse caso, dizemos que ∀xP ( x) assume valor lógico V.

138
UNICESUMAR

b) Considere a proposição aberta Q(x): “ x > 0 ” e o universo de discurso o


conjunto dos números inteiros. Observe que Q(1), Q(2), Q(3), ... são to-
das proposições verdadeiras. No entanto, Q(-1) falha, e essa falha acon-
tece também para os demais números inteiros negativos. Nesse caso,
dizemos que ∀xP( x) assume valor lógico F.

ATENÇÃO: observe, a partir do exemplo 3, que é necessário especificar qual


é o universo do discurso U, universo no qual x pode assumir valores, para
que a operação fique bem definida.
Agora, considere a frase
“Existe pelo menos um sujeito x, para o qual a afirmação P(x)
é verdadeira”,
simbolicamente expressa por
∃xP ( x)

está associada ao predicado cuja variável x foi quantificada existencialmente. Isto


é, o operador ∃xP( x) assume valor lógico V quando, ao buscar por um elemen-
to dentro do universo de discurso, encontra esse elemento e a sentença relativa
ao sujeito é verdadeira. Caso contrário, assume valor lógico F.

PENSANDO JUNTOS

Cumpre notar que, sendo P(x) uma proposição aberta, necessita de valor lógico V ou F. No
entanto, e são proposições e, portanto, tem valor lógico, que pode ser V ou F. Acrescen-
ta-se, ainda, que tudo o que fora discutido anteriormente sobre os operadores lógicos,
tabela verdade e métodos de inferência continuam válidos.

Exemplo 4

a) Considere a proposição aberta P(x): “ x ≥ 1 ” e o universo de discurso o con-


junto dos números inteiros. Observe que P(1),P(2),P(3),... são todas propo-
sições verdadeiras. No entanto, P(0), P(-1), ... falham. No entanto, já encon-
tramos pelos menos um elemento que faz ∃xP( x) ter valor lógico V.

139
UNIDADE 4

b) Considere a proposição aberta Q(x): “ x  x  6  0 ” e o universo de


2

discurso o conjunto {0, 1, 2, 3}. Observe que P(2) assume valor lógico V
e, nesse caso, escrevemos ∃xP ( x) ter valor lógico V.

Exemplo 5

No universo do conjunto dos números inteiros, considere o predicado P(x): “


x3 = x ”, determine o valor lógico das proposições a seguir.

a) P(0) assume valor lógico V, pois “ 0 = 0 ”.


3

b) P(1) assume valor lógico V, pois “ 1 = 1 ”.


3

c) P(-1) assume valor lógico V, pois “ (1)  1 ”.


3

d) P(2) assume valor lógico F, pois “ 2 ≠ 2 ”.


3

e) ∀xP ( x) assume valor lógico F. Tome como contraexemplo x = 2.


f) ∃xP( x) assume valor lógico V. Tome como exemplo x = 1.

ATENÇÃO: Sempre que ∀xP ( x) assumir valor lógico falso, devemos apresen-
tar um contraexemplo, ou seja, uma exceção à regra ou lei geral proposta. O
contraexemplo é um exemplo que refuta uma declaração universal. Por outro
lado, quando ∃xP ( x) tem valor lógico V, devemos mostrar um exemplo que
satisfaz a regra.

Exemplo 6
n
a) A proposição (n  N )(2  n ) tem valor lógico falso. Tome como con-
2

2 2
traexemplo n = 2 e observe que 2 = 2 . Nesse caso, os números 3 e 4
também são contraexemplos, pois 2 < 3 e 2 = 4 . Observe que para
3 2 4 2

2
n igual a 1 e quando n é maior ou igual a 5 tem-se que 2 > n .
n

b) O trinômio x + x + 41 foi analisado por Leonard Euler. A proposição


2

 x  Z   ( x 2  x  41) é um número primo tem valor lógico falso. Tome


como contraexemplo x = 40 e nesse caso

140
UNICESUMAR

402  40  41  40(40  1)  41  40  41  41  41(40  1)  412


que é um número composto.
c) A proposição  x  R  [( x  4)  ( x  2) ] tem valor lógico falso. Tome
2 2

como contraexemplo x = 1 e (1  4)  (1  2) , isto é, 5 ≠ 9 .


2 2

Exemplo 7

No universo do conjunto dos números naturais, considere o predicado


P(x): "x é par" . Determine o valor lógico de x[ P( x) ~ P( x)] .
Solução: vamos definir um predicado auxiliar R( x)  P( x) ~ P( x) , isto é,
R( x) :" x é par e x é ímpar "

Assim,
■ Quando x for par, temos que “x é par” tem valor lógico V, “x é ímpar” tem
valor lógico F e “x é par ou x é ímpar” tem valor lógico V.
■ Quando x for ímpar, temos que “x é par” tem valor lógico F, “x é ímpar”
tem valor lógico V e “x é par ou x é ímpar” tem valor lógico V.

Portanto, concluímos que x[ P( x) ~ P( x)] tem valor lógico V.

Exemplo 8

No universo do conjunto dos números naturais, considere o predicado


P(x): "x é par" e Q(x): "x é primo" e determine o valor lógico dos itens abaixo:

a) xP ( x)  Q( x)

b) xP( x)  Q( x)

Solução: vamos definir um predicado auxiliar R( x)  P( x)  Q( x) , isto é,


R(x): “ R(x): "Se x é par, então x é primo."
e decidimos o valor verdade de ∀xR( x) e ∃xR( x) . Note que, de imediato,
podemos afirmar que ∀xR ( x) tem valor lógico F. Basta tomar x = 4 como con-

141
UNIDADE 4

traexemplo. De fato, P(4) tem valor lógico V e Q(4) tem valor lógico F e a con-
dicional R(4)  P(4)  Q(4) tem valor lógico F. Agora, ∃xR ( x) tem valor ló-
gico V. Basta tomar como exemplo x = 2. De fato, P(2) tem valor lógico V e Q(2)
tem valor lógico V e a condicional R(2)  P(2)  Q(2) tem valor lógico V.

Exemplo 9

No universo do conjunto dos números inteiros, considere os predicados


P(x): "x é par"

Q(x): "x é múltiplo de 3"

R( x) :" x 2  3 x  2  0 "
e determine o valor lógico das proposições a seguir.
a) ∀xP ( x) assume valor lógico F. Tome como contraexemplo x = 1, que é ímpar.
b) ∃xP ( x) assume valor lógico V. Tome como exemplo x = 2 , que é par.
c) ∃xQ( x) assume valor lógico V. Tome como exemplo x = 9 , que é múltiplo de 3.
d) ∀xR ( x) assume valor lógico F. Tome como contraexemplo x = 0, e temos
02  3  0  2  0
e) ∃xR ( x) assume valor lógico V. Tome como exemplo x = 1 e temos que
12  3.1  2  0 . Poderíamos ter citado, como exemplo, x = 2.
f) xP ( x)  Q( x) assume valor lógico V. Tome como exemplo x = 6, que é
par e múltiplo de 3.
g) xQ( x)  R( x) assume valor lógico F. Tome como contraexemplo x = 4
e Q(4) assume valor lógico F e R(4), também, assume valor lógico F.
h) h) xQ( x)  R( x) assume valor lógico V. De fato, nesse caso, fica mais
fácil definir um predicado auxiliar, digamos S ( x)  Q( x)  R( x) e estu-
dar o predicado o valor verdade de ∃xS ( x) . Assim, tomo como exemplo
x = 3 e S (3)  Q(3)  R (3) assume valor lógico V, pois Q(3) assume valor
lógico V e R(3) assume valor lógico F.
i) xR ( x)  P ( x) assume valor lógico F. De fato, note que para qualquer
valor de x tal que x ≠ 1 e x ≠ 2 R(x) assume valor lógico F e a condicional
R( x) → P( x) , independentemente do valor lógico de P(x), assume valor
lógico V. Agora, quando x = 1 temos que R(1) assume valor lógico V e P(1)

142
UNICESUMAR

assume valor lógico F e, consequentemente a condicional R(1) → P(1)


assume valor lógico F. Por fim, quando x = 2 temos que R(2) assume valor
lógico V e P(2) assume valor lógico V e, consequentemente a condicional
R(2) → P(2) assume valor lógico V. Portanto, xR ( x)  P ( x) assume
valor lógico F, tome como contraexemplo x = 1.

Exemplo 10
 x 1
M  
1 x 
Seja M a matriz de ordem 2 tal que em que x pode assumir qual-
quer valor real. Nessa condição, determine o valor lógico da proposição “Para
algum número real x, a matriz M não será invertível”.
Solução: sabemos que uma matriz é invertível se o valor do seu determinante
for diferente de zero. Assim, para a matriz M temos que o determinante de M é
x 1
 x2  1
1 x
Nessa situação, M será invertível se x  1  0 . Dentro do conjunto dos números
2

reais x  1  0 assume sempre valor lógico verdadeiro, independentemente do


2

valor de x. Dessa forma, o valor do determinante de M é sempre diferente de zero.


Dessa forma, a proposição dada “para algum número real x, a matriz M não será
invertível” tem valor lógico falso.
Curioso que somos, façamos a demonstração algébrica também. Digamos
que M 1   a b  seja a matriz inversa de M, em que a, b, c e d são número
c d 

reais. Dessa forma, das aulas de Álgebra Linear é sabido que o produto de uma
matriz pela sua inversa, resulta na matriz identidade. Assim,
 x 1  a b  1 0 
1 x  .  c d   0 1 
     
Efetuando a operação de multiplicação matricial do lado esquerdo da ex-
pressão apresentada, resulta em

 ax  b cx  d  1 0 
 a  bx c  dx   0 1 
   

143
UNIDADE 4

que por identidade de matriz nos permite escrever que


 ax  b  1
 a  bx  0


cx  d  0
 c  dx  1

Manipulando algebricamente as equações acima, temos que


x 1 1 x
a , b 2 , c 2 ed 2
x 1
2
x 1 x 1 x 1
Portanto, a inversa da matriz M é

 x 1 
  2 
x 1
2
x 1
M 1   
 1 x 
 x 2  1 x 2  1 

Note, na matriz inversa, que ela existe para todo valor de x no conjunto dos nú-
1
meros reais e o valor de seu determinante é .
x +1
2

144
UNICESUMAR

PENSANDO JUNTOS

Muitas vezes usamos outro quantificador universal cujo símbolo é para denotar que
“existe único”. Note que e a recíproca não é verdadeira. No universo do conjunto dos nú-
meros naturais, considere o predicado P(x): “x é par” e Q(x): “x é primo” podemos escrever
. De fato, o número 2 é o único número par e primo.

Exemplo 11

No universo do conjunto dos números inteiros, considere os predicados

P(x): “ x  5 x  6  0 ”
2

2
Q(x): “ x ≥ x ”

e determine o valor lógico da proposição xP ( x)  Q( x) .


Solução: inicialmente, para constar, devemos lembrar que
x 2  5 x  6  ( x  3)( x  2) . Vamos definir o predicado auxiliar
R( x)  P( x)  Q( x) e vamos determinar o valor verdade do predicado ∀xR ( x)
no conjunto dos inteiros. Assim, vamos avaliar o predicado auxiliar em três regiões:
■ quando x < - 3, temos que R(x) tem valor lógico V, pois P(x) tem sempre
valor lógico F, Q(x) valor lógico V e R( x)  P( x)  Q( x) valor lógico V.

■ quando x = -2 e x = -3 temos que P(x) e Q(x) têm valor lógico V e


R( x)  P( x)  Q( x) valor lógico V.

■ quando x > -2, temos que R(x) tem valor lógico V, pois P(x) tem sempre
valor lógico F, Q(x) valor lógico V e R( x)  P( x)  Q( x) valor lógico V.

Portanto, xP ( x)  Q( x) tem valor lógico V.

No cálculo proposicional, podemos criar proposições novas combinando


conectivos lógicos sobre proposições simples, vide os exemplos anteriores.
Tautologias nos permitem criar regras de equivalência entre proposições, as
quais são usadas na simplificação de expressões lógicas. Há também regras de
inferências. Faremos uso dos recursos já estudados em lógica proposicional

145
UNIDADE 4

para estudar lógica de predicados. Vide as regras de equivalência e inferência


discutidas na Unidade 2.
Há também tautologias próprias nos predicados. Vejamos algumas si-
tuações antes. Dizer que “todos os homens são inteligentes” tem o mesmo signi-
ficado de “não há homem tolo”. Em simbologia lógica, xP ( x) ~ x ~ P ( x) ,
em que P(x) denota o predicado “ser inteligente”. Por outro lado, quando dizemos
que “nem todo homem é sábio” tem o mesmo significado de “há homem tolo”
Observe que a substituição do predicado não invalida a equivalência lógica. Em
simbologia lógica, ~ xP( x)  x ~ P ( x) . Observe, nos dois casos, que a subs-
tituição do predicado não invalida a equivalência lógica.

EXPLORANDO IDEIAS

“A matemática é [...] a ciência mais ciência. Colocada no topo da classificação das ciências,
é a primeira classe das ciências da descorberta, a ciência heurística mais abstrada e a
mais geral, a que faz descobertas de natureza mais suprema. Por ser a mais abstrata das
ciências, podemos dizer que é a mais básica, aquela da qual todas as ciências emprestam
princípios, e que não tira seus princípios de nenhuma outra: a matemática fornece a si
mesma seus princípios; ela é uma ciência que se autofundamenta. [...] A matemática não
se preocupa com a natureza da realidade. Por isso, a matemática, ‘nunca pode ser ciência
positiva, isto é, ciência do real’. [...] A matemática não se preocupa com a verdade de fato
porque suas conclusões são puramente hipotéticas, dependentes única e exclusivamente
dos diagramas e construções formais usados nas provas e cálculos”.
Fonte: Rodrigues (2007, p. 38).

Teorema 1 – Seja P(x) uma proposição com uma variável x em um universo de


discurso. As tautologias a seguir são válidas:
~ xP ( x)  x ~ P ( x)

~ x ~ P( x)  x ~ P( x)

xP ( x) ~ x ~ P ( x)

xP( x) ~ x ~ P ( x)

146
UNICESUMAR

Para demonstração do teorema apresentado, consulte Gerônimo e Franco


(2006) e Hegenberg (2012).

Exemplo 12

Seja o universo de discurso o conjunto dos números reais e considere as propo-


sições P(x): 1 e Q(x): “ x 2 ≥ 1 ”. Verifique o valor lógico de xP ( x)  Q( x)
"x ≥ "
2
Solução: Vamos resolver o exemplo por dois métodos distintos.
1º método: xP ( x)  Q( x) tem valor lógico F. Tome como contraexemplo
3 3 3 1 3 9
x= . Assim, P     tem valor lógico V, Q     1 tem valor
4 4 4 2  4  16
lógico F e a condicional P    Q   tem valor lógico F.
3 3
4 4
2° método: mostrar que xP ( x)  Q( x)  R( x) tem valor lógico F é o mes-
mo que mostrar que ~R(x) tem valor lógico V.

 1
R( x) : x  x     x 2  1
 2
Vamos negar a expressão apresentada:
  1 
~ R ( x) :~ x  x     x 2  1 
  2 
Aplicando a parte i) do teorema apresentado, na expressão anterior, temos:
 1 
~ R( x) : x ~  x     x 2  1 
 2 
Aplicando a definição de condicional, na expressão anterior, temos:
  1 
~ R( x) : x ~  ~  x     x 2  1 
  2 
Aplicando a lei De Morgan, na expressão anterior, temos:

147
UNIDADE 4

 1
~ R( x) : x ~~  x    ~  x 2  1
 2
Daí, resulta em

 1
~ R ( x) : x  x     x 2  1
 2
3 3 1
Tome como exemplo x = . Nessa condição, temos que ≥ tem valor lógico
4 4 2
 
< 1 tem valor lógico V e, portanto, x  x     x 2  1 tem valor lógico V.
9 1
V,
16  2

Exemplo 13

Assinale a opção que apresenta uma proposição logicamente equivalente à ne-


gação da proposição “Todo homem é responsável pelo amor que não pratica”.
a) Todo homem não é responsável pelo amor que não pratica.
b) Algum homem não é responsável pelo amor que não pratica.
c) Todo homem é responsável pelo amor que pratica.
d) Todo homem é responsável pelo desamor que não pratica.
e) Algum homem não é responsável pelo amor que pratica.

Solução: seja a proposição aberta P(x): “homem é responsável pelo amor que não
pratica” e ~P: “o homem não é responsável pelo amor que não pratica”. Em termos
simbólicos temos ∀xP( x) . Daí, sua negação da proposição é

~ xP ( x)  x ~ P ( x)

que, por sua vez, é redigida como “Algum homem não é responsável pelo
amor que não pratica”. Portanto, responde à questão a alternativa B.

148
UNICESUMAR

Exemplo 14

Qual a negação da proposição “Algum funcionário da Unicesumar tem me-


nos de 25 anos”?
a) Todo funcionário Unicesumar tem menos de 25 anos.
b) Não existe funcionário Unicesumar com 25 anos.
c) Algum funcionário Unicesumar tem menos de 25 anos.
d) Nem todo funcionário Unicesumar tem menos de 25 anos.
e) Nenhum funcionário Unicesumar tem menos de 25 anos.

Solução: a proposição P: “algum funcionário Unicesumar tem menos de 25 anos”


pode ser escrita em termos simbólicos como ∃xP ( x) em que P(x): “funcionário
Unicesumar tem menos de 25 anos”. Note que ~P (x): “funcionário da Unicesu-
mar tem mais de 25 anos”. Assim, a negação de ∃xP ( x) é

~ xP( x) ~ x ~ P( x)

ou seja, “nenhum funcionário da Unicesumar tem menos de 25 anos” e, por-


tanto, responde à questão a alternativa E.

Exemplo 15

A negação de “Todos adoeceram e retornaram todos do hospital no sábado” é


a) Ninguém adoeceu, portanto não retornaram todos do hospital no sábado.
b) Ninguém adoeceu ou ninguém retornou do hospital no sábado.
c) Pelo menos um não adoeceu ou alguém não retornou do hospital no sábado.
d) Pelo menos um não adoeceu e alguém não retornou do hospital no sábado.
e) Pelo menos um não adoeceu ou ninguém retornou do hospital no sábado.

Solução: considere as proposições abertas P(x): “x adoeceu” e Q(x): “x voltou do hos-


pital no sábado”. Assim, a proposição “todos adoeceram e retornaram todos no sába-
do”, em termos simbólicos, fica escrita como xP ( x)  xQ( x) A negação dessa
proposição é ~ (xP ( x)  xQ( x))

149
UNIDADE 4

Aplicando lei de De Morgan na expressão apresentada, temos


~ (xP ( x)  xQ( x))  ~ (xP ( x)) ~ (xQ( x))

Agora, aplicando a parte i) do teorema anterior, temos


~ (xP( x)  xQ( x))  ~ (xP ( x)) ~ (xQ( x))  x ~ P( x)  x ~ Q( x)

que é redigida como “pelo menos um não adoeceu ou alguém não retornou
do hospital no sábado” e, portanto, responde à questão a alternativa C.

Exemplo 16

A negação de “Nenhum professor de matemática é casado” é:


a) Há pelo menos um professor de matemática casado.
b) Alguns casados são professores de matemática.
c) Todos os professores de matemática são casados.
d) Todos os casados são professor de matemática.
e) Todos os professores de matemática são solteiros.

Solução: a proposição P: “nenhum professor de matemática é casado” pode


ser escrita em termos simbólicos como ∃xP ( x) em que P(x): “nenhum pro-
fessor de matemática é casado”. A negação de ∃xP( x) , isto é, ~ ∃xP( x) , en-
volve a negação do quantificador nenhum que é “há pelo menos um” ou
“existe algum” ou “há algum”. Dessa forma, ~ ∃xP( x) fica escrito como: “há
pelo menos um professor de matemática casado” ou “existe algum professor
de matemática casado” ou “há algum professor de matemática casado”, por-
tanto, responde à questão a alternativa A.

150
UNICESUMAR

Exemplo 17

Se não é verdade que “alguma atriz de novela não faz atuações interessantes”,
então é verdade que:
a) Todas as atrizes de novela fazem atuações interessantes.
b) Nenhuma atriz de novela faz atuação interessante.
c) Nenhuma atuação interessante é feita por alguma atriz de novela.
d) Nem todas as atrizes de novela fazem atuação interessante.
e) Todas as atuações não interessantes são feitas por atrizes de novela.

Solução: o enunciado dos exercícios diz que “alguma atriz de novela não faz
atuações interessantes” tem valor lógico falso. Dessa forma, sua negação tem
valor lógico verdadeiro. Sabemos que a negação do quantificador alguma é toda.
Assim, a negação de “alguma atriz de novela não faz atuações interessantes” é
escrita como “todas as atrizes de novela fazem atuações interessantes” e, portanto,
responde à questão a alternativa A.

151
UNIDADE 4

Teorema 2 - Sejam P(x) e Q(x) duas proposições com uma variável x em um


universo de discurso, então
[(xP ( x))  (xQ( x))]  x[ P ( x)  Q( x)]

[(xP ( x))  (xQ( x))]  x[ P( x)  Q( x)]

[(xP ( x))  (xQ( x))]  x[ P ( x)  Q( x)]

[(xP ( x))  (xQ( x))]  x[ P ( x)  Q( x)]

Para demonstração do teorema apresentado, consulte Gerônimo e Franco


(2006) ou Hegenberg (2012) ou Alencar Filho (2002).

Exemplo 18

Seja U o universo dos seres humanos e as proposições P(x): “x é homem” e Q(x):


“x é mulher”. Então, a proposição x( P( x)  Q( x)) tem valor lógico verdadeiro
e a proposição [(xP ( x))  (xQ( x))] tem valor lógico falso.
Análogo ao cálculo proposicional, podemos também realizar argumentos na
lógica e predicados. No entanto, regras adicionais de inferência são necessárias
para provar as afirmações envolvendo predicados e quantificadores.
Já estudamos as regras de inferência (proposicionais) com objetivo de con-
cluir resultados verdadeiros através de argumentos legítimos. Agora, estuda-
remos alguns casos simples de regras de inferência em predicados, a saber: a
exemplificação universal, a generalização universal, a exemplificação existencial
e a generalização existencial.
Para a primeira regra de inferência, admita a seguinte proposição como ver-
dadeira: “Todos somos mortais” (premissa). Considerando o predicado M(x): “x
é mortal”, com x no universo dos seres humanos, proposição fica escrita em ter-
mos simbólicos como ∀xM ( x) . Como assumimos verdadeira tal proposição,
na medida que atribuímos sujeitos específicos inferimos legitimamente as sentenças:
M(Sócrates): “Sócrates é mortal”

152
UNICESUMAR

M(Elizabeth II): “Elizabeth II é mortal”


M(Ricardo): “Ricardo é mortal”
que são verdadeiras, e assim por diante. Portanto, parece plausível assumir
como legítimo o argumento (regra): o que vale para todos deve valer para um
sujeito em particular.
Esse enunciado, escrito em notação simbólica, se vale ∀xM ( x) , então vale
para , em que c é um sujeito particular. Essa regra é conhecida como exemplifi-
cação universal (EU) e é resumida na forma:
∀xP ( x)
P (c )
em que P é um predicado qualquer e c é um sujeito escolhido no universo de
discurso. Observe que essa regra elimina o quantificador universal.
A segunda regra de inferência, que é denominada de generalização univer-
sal (GU), permite a quantificação de uma afirmação. Se mostrarmos que P(c)
vale para todo c em um universo de discurso, então podemos concluir que
∀xP ( x) e, dessa forma, fica resumido como:
P (c )
∀xP ( x)
em que P é um predicado qualquer. Observe que essa regra inclui o quanti-
ficador universal.
A terceira regra de inferência, denominada de exemplificação existencial
(EE), formaliza a regra: se P(x) vale para algum x, então P(c) vale para algum
sujeito c convenientemente escolhido. Essa regra fica simbolizada como:
∃xP( x)
P (c )
em que P é um predicado qualquer e c é um sujeito escolhido no universo de
discurso. Observe que essa regra elimina o quantificador existencial.
A última regra, denominada de generalização existencial (GE), diz que: se
P(c) vale para algum sujeito, então, deve valer para ∃xP( x) . A generalização da
regra fica escrita como:

P (c )
∃xP( x)
153
UNIDADE 4

em que P é um predicado qualquer e c é um sujeito escolhido no universo de


discurso. Observe que essa regra inclui o quantificador existencial.
A dedução no cálculo de predicados é feita usualmente pela aplicação
das seguintes etapas:
etapa 1: eliminar os quantificadores, ou seja, usamos EU e EE;
etapa 2: “raciocinando” como já fizemos no cálculo proposicional (Uni-
dades 2 e 3);
etapa 3: introduzindo quantificadores, ou seja, usamos GU e GE.

ATENÇÃO: durante a validação de argumentos envolvendo quantificadores,


a exemplificação existencial (EE) é sempre executada antes da exemplificação
universal (EU) e essa ordem sempre deve ser obedecida, porque o quantificador
universal refere-se a todos os elementos do conjunto. Se, por acaso, a EU fosse
executada antes da EE, o elemento, digamos c, escolhido poderia não ser coin-
cidente com aquele associado em apreço.

Exemplo 19

Prove que o argumento a seguir é legítimo.


Hipótese 1: Todos os ladrões são espertos.
Hipótese 2: João não é esperto.
Conclusão: Logo, João não é ladrão.

Solução: sejam as proposições L(x): “x é ladrão”, E: “x é esperto” e z representa


João. Assim, escrevemos o argumento apresentado, em notação simbólica, como
Hipótese 1: x[ L( x)  E ( x)]

Hipótese 2: ~ E ( z )

Conclusão: ~ L( z )

154
UNICESUMAR

De fato,

ordem proposição justificativa

1 x[ L( x)  E ( x)] Hipótese 1

2 ~ E( z) Hipótese 2

3 L( z ) → E ( z ) 1, EU

4 ~ L( z ) 3,1 Modus Tollens

Portanto, o argumento é legítimo.

Exemplo 20

Prove que o argumento a seguir é legítimo.


Hipótese 1: Toda criança tem direito à educação.
Hipótese 2: Dudu é uma criança.
Conclusão: Logo, Dudu tem direito à educação.

Solução: sejam as proposições C(x): “x é criança”, D: “x tem direito à educação”


e z representa Dudu. Assim, escrevemos o argumento acima, em notação
simbólica, como

Hipótese 1: x[C ( x)  D( x)]


Hipótese 2: C ( z )
Conclusão: D( z )

155
UNIDADE 4

De fato,

ordem proposição justificativa

1 x[C ( x)  D( x)] Hipótese 1

2 C ( z) Hipótese 2

3 C ( z ) → D( z ) 1, EU

4 D( z ) 3,1 Modus Ponens

Portanto, o argumento é legítimo.

Exemplo 21

Assuma que todos os elementos do conjunto de proposições X são elementos do


conjunto Y e que todos os elementos do conjunto X partilham da propriedade da
transitividade. Sabendo que R não é um conjunto vazio, conclui-se que:
a) Todos os elementos do conjunto Y gozam da propriedade da transitivi-
dade.
b) Existem elementos do conjunto Y que não gozam da propriedade da
transitividade.
c) Pelo menos um elemento do conjunto Y goza da propriedade da transi-
tividade.
d) Todos os elementos que gozam da propriedade da transitividade são ele-
mentos de X.
e) Qualquer elemento de Y não goza da propriedade da transitividade.

Solução: sejam as proposições P(x): “x é elemento do conjunto das proposi-


ções X”, Q: “x é elemento de Y”, U(x): “goza da propriedade da transitividade”
e a é um elemento de X. Assim, escrevemos o argumento apresentado, em
notação simbólica, como
Hipótese 1: x[ P( x)  Q( x)]
Hipótese 2: x[ P( x)  U ( x)]

156
UNICESUMAR

Hipótese 3: P(a)
Conclusão: ?
Daí,
Ordem Proposição Justificativa

1 x[ P( x)  Q( x)] Hipótese 1

2 x[ P( x)  U ( x)] Hipótese 2

3 P(a) Hipótese 3

4 P(a) → Q(a) 1, EU

5 P(a) → U (a) 2, EU

6 Q(a) 4,3 Modus Ponens

7 U(a) 5,3 Modus Ponens

8 Q(a) ∧ U (a) 6,7 Conjunção

9 x[Q( x)  U ( x)] 8, GE

Assim, x[Q( x)  U ( x)] é lido como “pelo menos um elemento do conjunto


Y goza da propriedade da transitividade”. Portanto, responde à questão a
alternativa C.

Exemplo 22

Prove que o argumento a seguir é legítimo.


x[ P ( x)  Q( x)]
x[~ R ( x) ~ Q ( x)]
x ~ R ( x)
x ~ P ( x)

Solução: de fato, segue que

157
UNIDADE 4

Ordem Proposição Justificativa

1 x[ P( x)  Q( x)] Hipótese 1

2 x[~ R( x) ~ Q( x)] Hipótese 2

3 ∃x ~ R( x) Hipótese 3

4 ~R(c) 3, EE

5 P (c ) → Q (c ) 1, EU

6 ~ R (c ) → ~ Q (c ) 2, EU

7 ~ (~ Q(c)) →~ (~ R(c)) 6, contrapositiva

8 Q (c ) → R (c ) 7, Dupla Negação

9 P (c ) → R (c ) 5,8 Silogismo Hipotético

10 ~P(c) 9,4 Modus Tollens

11 ∃x ~ P( x) 10, GE

Portanto, o argumento é legítimo.

Exemplo 23

Qual a conclusão do argumento a seguir?

x[ X ( x)  Y ( x)]
X (c )
x  X ( x)  Z ( x)
?

158
UNICESUMAR

Solução: vamos verificar o argumento para encontrar a conclusão. De fato,

Ordem Proposição Justificativa

1 x[ X ( x)  Y ( x)] Hipótese 1

2 x  X ( x)  Z ( x)  Hipótese 3

3 X(c) Hipótese 2

4 X (c ) → Y (c ) 1, EU

5 X (c ) → Z (c ) 2, EE

6 Y(c) 4,3 Modus Ponens

7 Z(c) 5,3 Modus Ponens

8 Y (c ) ∧ Z (c ) 6,7 Conjunção

9 x Y ( x)  Z ( x)  8, GE

Assim, podemos concluir que x Y ( x)  Z ( x)  .

Exemplo 24

Qual a conclusão do argumento a seguir?


Z (c )
~ x[ P( x)  Q( x)]
x  Z ( x)  P( x) 
?

159
UNIDADE 4

Solução: vamos verificar o argumento para encontrar a conclusão. De fato,

Ordem Proposição Justificativa

1 ~ x[ P( x)  Q( x)] Hipótese 2

2 x  Z ( x)  P( x)  Hipótese 3

3 Z(c) Hipótese 1

4 x ~ [ P( x)  Q( x)] 1, negação

5 Z (c ) → P (c ) 2, EE

6 ~ [ P(c) → Q(c)] 4, EE

7 ~ [~ P(c) ∨ Q(c)] 6, definição condicional

8 ~ (~ P(c))∧ ~ Q(c) 7, lei De Morgan

9 P (c ) ∧ ~ Q (c ) 8, dupla negação

10 ~ Q (c ) 9, simplificação

11 ∃x ~ Q( x) 10, GE

Portanto, a conclusão do argumento dado é ∃x ~ Q( x) .

Uma forma simples que se pode usar para provar a validade ou não de um argu-
mento é fazendo uso do diagrama de Venn (diagrama de conjuntos). Essa é uma
maneira informal de demonstração, então fique atento.
Esse procedimento consiste na representação das premissas por diagramas
e, em seguida, a verificação da verdade da conclusão. Analise a situação a seguir:
Hipótese 1: Todos os homens são mortais.
Hipótese 2: Renato é homem.
Conclusão: Renato é mortal.

160
UNICESUMAR

Nessa situação, a premissa 1 (hipóteses 1) está representada pelo diagrama


de Venn da Figura 1. Observe que o conjunto dos homens está contido no
conjunto dos mortais.

Figura 1 – Diagrama de Venn para a situação problema / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: nessa figura, há a representação de dois conjuntos por dois círculos, sendo um
maior, o qual recebe o nome de Mortais, e o outro, menor, que recebe o nome de Homens. O círculo cujo
nome é Homens está totalmente contido no interior do conjunto cujo nome é Mortais.

A premissa 2 (hipótese 2) afirma que Renato é homem, ou seja, ele pertence ao


conjunto menor (conjunto dos Homens) e, desse modo, também faz parte do
conjunto maior (conjunto dos Mortais). Logo, Renato é mortal. Observe que a
conclusão do argumento dado é uma consequência obrigatória das premissas
que foram dadas, ou seja, o argumento dado é válido.

161
UNIDADE 4

NOVAS DESCOBERTAS

Zero é um número?
O zero surgiu pela primeira vez em sistemas de anotar números. Era
um recurso notacional. Só mais tarde foi reconhecido como um nú-
mero propriamente dito, com a permissão de assumir seu lugar como
característica fundamental de sistemas numéricos matemáticos. Nes-
se podcast, vamos discutir sobre o tal número zero. Acesse o QR Code.

Exemplo 25

Considere as seguintes afirmações feitas por um professor de lógica


Afirmação 1: “Alguns A são R”
Afirmação 2: “Nenhum G é R”,
Se ambas as afirmações têm valor lógico verdadeiro, então é necessariamente
verdadeiro que:
a) Nenhum A é G.
b) Algum A não é G.
c) Algum G é A.
d) Nenhum G é A.
e) Algum A é G.

Solução: como nenhum G é R, segue que os elementos comuns de A e R não são


G. Logo, “algum A não é G”. Observe na Figura 2 que os elementos da intersec-
ção do conjunto A com o conjunto R (região hachurada no diagrama de Venn),
por pertencerem também ao conjunto R, não podem ser G. Logo, responde à
questão a alternativa B.

162
UNICESUMAR

Figura 2 – Diagrama de Venn para a situação problema / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: nessa figura, há a representação de dois conjuntos por dois círculos, um conjunto
foi chamado de A e o outro de B. Os dois conjuntos apresentam uma região hachurada em cinza, que
corresponde à interseção dos dois conjuntos.

Exemplo 26

Considere as seguintes afirmações:

-Todo engenheiro deve ter noções de Matemática.


-Alguns funcionários da Unicesumar são engenheiros.

Se as duas afirmações são verdadeiras, então é correto afirmar que:


a) Todo funcionário da Unicesumar deve ter noções de Matemática.
b) Se Joaquim tem noções de Matemática, então ele é engenheiro.
c) Se Joaquim é funcionário da Unicesumar, então ele é engenheiro.
d) Se Joaquim é engenheiro, então ele é funcionário da Unicesumar.
e) Alguns funcionários da Unicesumar podem não ter noções de Matemática.

163
UNIDADE 4

Solução: Vamos considerar N o conjunto de todos aqueles que têm noção de Ma-
temática, E o conjunto de todos os engenheiros e F o conjunto dos funcionários
da Unicesumar são engenheiro. A representação em diagrama de Venn fica como
apresentado na Figura 3. Note que é possível inferir que alguns funcionários da
Unicesumar podem não ter noções de Matemática e, dessa maneira, responde à
questão a alternativa E.

Figura 3 – Diagrama de Venn para a situação problema / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: nessa figura, há a representação de três conjuntos por círculos, um conjunto foi
chamado de N, outro de E e outro de F. O conjunto E está contido no conjunto N. O conjunto F intersecciona
os conjuntos E e F. A parte do conjunto F que não está contida nos conjuntos E e N está hachurada, em cinza.

164
UNICESUMAR

Exemplo 27

Considere que as afirmações seguintes são verdadeiras:


− Todo apreciador de café é inteligente.
− Toda pessoa que não aprecia chá é apreciadora de café.
Com base nessas afirmações, é correto concluir que:
a) Toda pessoa inteligente é apreciadora de café.
b) Todo apreciador de café não aprecia chá.
c) Existem pessoas que não apreciam chá e não são inteligentes.
d) Existem apreciadores de café que apreciam chá.
e) Existem pessoas que não apreciam chá e não são apreciadores de café.

Solução: vamos considerar I o conjunto de todos aqueles que são inteligentes, M


o conjunto de todos os apreciadores de café e N o conjunto de todas as pessoas
que não apreciam chá. A representação em diagrama de Venn fica como apre-
sentado na Figura 4. Note que é possível inferir que existem apreciadores de café
que apreciam chá e, dessa maneira, responde à questão a alternativa D.

Figura 4 – Diagrama de Venn para a situação


problema / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: nessa figura, há a re-


presentação de três conjuntos por círculos, um
conjunto foi chamado de I, outro de M e outro de
N. O conjunto N está contido no conjunto M e o
conjunto M está contido no conjunto I.E e N está
hachurada, em cinza.

165
UNIDADE 4

Exemplo 28

Considere o seguinte argumento:


■ Hipótese 1: Todos os advogados são ricos.
■ Hipótese 2: Os poetas são temperamentais.
■ Hipótese 3: José é advogado.
■ Hipótese 4: Nenhuma pessoa temperamental é rica.
■ Conclusão: José não é poeta.

Use o diagrama de Venn para ilustrar a demonstração do argumento dado.


Solução: vamos considerar R o conjunto de todos as pessoas ricas, A o con-
junto de todos os advogados, T o conjunto de todas as pessoas temperamentais

Figura 5 – Diagrama de Venn para a situação problema/ Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: nessa figura, há a representação de dois conjuntos por círculos e estes conjuntos
são distintos. À esquerda há o conjunto A que está contido no conjunto R e dentro do conjunto A há um
desenho de um homem representando José. À direita está um conjunto P que está contido no conjunto T.

e P o conjunto de todos os poetas. A representação em diagrama de Venn fica


como apresentado na Figura 5. Note que é possível inferir que José não é poeta
e, também, que José não é temperamental.

166
UNICESUMAR

ATENÇÃO: O procedimento usado nos exemplos de 25 a 28 não efetuam a de-


monstração formal e rigorosa, como feito nos exemplos de 19 a 24. Uma sugestão
de atividade é você efetuar as demonstrações formais dos exemplos de 25 até 28.
Você pode consultar Loyola (2014) para outros exercícios.

Exemplo 29

Os quadriláteros são polígonos de quatro lados e que possuem quatro vértices. Al-
guns quadriláteros têm nomes especiais como é o caso do trapézio, do paralelogra-
mo, do retângulo, do losango e do quadrado. Os trapézios têm dois lados paralelos
e são classificados em trapézio retângulo, trapézio isósceles e trapézio escaleno.
Os paralelogramos têm dois pares de lados paralelos e de mesma medida. Estes
paralelogramos recebem nomes específicos de acordo com as suas características:
quadrado, retângulo e losango. Retângulos são paralelogramos que têm todos os
ângulos internos retos e os losangos são paralelogramos em que todos os lados

Figura 6 – Os tipos de quadriláteros/ Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: nessa figura há a representação dos conjuntos de todos os tipos de quadriláteros.
Esses conjuntos foram representados por retângulos para facilitar a compreensão. Começamos de fora
para dentro: dentro de um conjunto denominado de quadriláteros há outros conjuntos de nomes trapézios,
paralelogramos, losangos, quadrados e retângulos. O conjunto trapézio está contido no conjunto quadri-
látero. O conjunto dos paralelogramos está contido dentro do conjunto dos trapézios. Os conjuntos dos
retângulos e dos losangos estão contidos no conjunto dos paralelogramos. A interseção entre os conjuntos
dos retângulos e losangos resulta em um conjunto denominado quadrado.

167
UNIDADE 4

têm a mesma medida e que suas diagonais se encontram em seus pontos médios
formando um ângulo reto. Já os quadrados são paralelogramos em que a medida
dos lados tem valores iguais e todos os ângulos são retos. Acerca das definições
apresentadas, construa um diagrama ilustrando essa classe de polígonos.
Solução: analisando as definições dos quadriláteros, é possível construir o
diagrama de Venn da Figura 6.

Estamos chegando ao final dessa unidade e algumas perguntas foram feitas.


A lembrar: “Todo quadrilátero tem lados dois a dois paralelos?” “Existe
quadrado que é retângulo?” “Todo quadrado é retângulo?”, “Algum losango
que é retângulo?”. Note que nessas perguntas fizemos uso dos quantificadores

168
existencial e universal. Dessa forma, para encerrar, e retornando ao Exemplo
29, podemos afirmar que:
■ Todo quadrado é um retângulo.
■ Todo quadrado é um losango.
■ Alguns retângulos são quadrados.
■ Alguns losangos são retângulos.
■ Todo quadrado é um paralelogramo.
Ao final dessa unidade, espero que você tenha percebido que o uso dos quantifica-
dores é de grande importância para a construção de proposições em Matemática
e que toda esta construção está fundamentada nas ideias de lógicas, nas leis de
equivalência, nas leis de inferências e nas regras de demonstração. Disciplinas como
Cálculo, Álgebra, Geometria e outras fazem uso dessas técnicas para validar seus
teoremas, lemas, proposições etc. Agora, é sua vez de pôr a mão na massa e resolver
os exercícios propostos.

1. A negação da proposição “Todo professor de filosofia usa calças” é:

a) Nenhum professor de filosofia usa calças.


b) Ninguém que usa calças é professor de filosofia.
c) Todos os professores de filosofia não usam calças.
d) Existe alguma pessoa que usa calças e não é professor de filosofia.
e) Existe algum professor de filosofia que não usa calças.

2. Considere verdadeira a seguinte afirmação: “Todas as mulheres bonitas gostam de


tratamento estético”. Com base na afirmação acima, conclui-se que:

a) Alice gosta de tratamento estético.


b) Se uma mulher é feia, então gosta de tratamento estético.
c) Maria, que é feia, não gosta de tratamento estético.
d) Murilo não gosta de tratamento estético.
e) A esposa de Murilo gosta de tratamento estético.

169
3. Qual a negação da proposição “Todos os elementos do conjunto dos naturais são
números positivos”?

a) Todos os elementos do conjunto dos naturais são números negativos.


b) Todos os elementos do conjunto dos naturais não são números positivos.
c) Pelo menos um dos elementos do conjunto dos naturais é um número negativo.
d) Pelo menos um dos elementos do conjunto dos naturais não é um número po-
sitivo.
e) Pelo menos um dos elementos do conjunto dos naturais é o zero.

4. Um professor de lógica afirmou que

Afirmação 1: todo X é Y.
Afirmação 2: se existe algum X que também é Z.

Nessas condições e assumindo que as afirmações têm valor lógico verdadeiro, é


certo que:

a) Existe algum Z que não é Y.


b) Existe algum Y que também é Z.
c) Existe algum X que não é Y.
d) Existe algum Y que não é X.
e) Existe algum Z que não é X.

5. Se nenhum engenheiro vende chocolates e alguns atletas são engenheiros, então

a) Todos os atletas não vendem chocolates.


b) Alguns atletas não vendem chocolates.
c) Alguns atletas feirantes vendem chocolates.
d) Nenhum engenheiro é atleta ou chocolatier.
e) Alguns atletas são chocolatier e engenheiro.

170
6. Um analista de meio ambiente afirmou que

Afirmação 1: todos os carros da marca X possuem motores com baixa potência.


Afirmação 2: alguns carros da marca X são confortáveis.

Considerando que as afirmações do analista de meio ambiente apresentam valor


lógico verdadeiro, é correto inferir que:

a) Apenas carros confortáveis podem ter motor com baixa potência.


b) Todo carro com motor de baixa potência é confortável.
c) Alguns carros confortáveis possuem motor com baixa potência.
d) Apenas os carros confortáveis são da marca X.
e) Todo carro com motor de alta potência é confortável.

7. Afirmar que é verdade que “para todo t, se t é um sapo e se t é preto, então t está
saltando” é logicamente equivalente a dizer que não é verdade que:

a) Alguns sapos que não são pretos estão saltando.


b) Alguns sapos pretos estão saltando.
c) Nenhum sapo preto não está saltando.
d) Existe um sapo preto que não está saltando.
e) Algo que não seja um sapo preto está saltando.

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Introdução à lógica matemática


Autor: Carlos Alberto F. Bispo; Luiz B. Castanheira; Oswaldo Melo S. Filho
Editora: Cengage Learning
Ano: 2011
Sinopse: esta obra foi escrita por docentes da Academia da Força Aérea
(AFA), responsáveis pela disciplina Lógica Matemática, e tem por objetivo dar
ao leitor o fundamento introdutório necessário para o estudo aprofundado
da Lógica.

171
5
O Princípio de
Indução Finita
Dr. Ricardo Cardoso de Oliveira

Olá, caro(a) aluno(a), nesta unidade do livro de Lógica Matemática,


você terá contato com o Princípio de Indução Finita. Você aprende-
rá a efetuar algumas demonstrações matemáticas empregando esse
princípio. Bons estudos.
UNIDADE 5

Durante seus estudos no Ensino Médio é certo que você tenha se deparado com o
estudo de sequências numéricas. Você se lembra das progressões aritméticas e das
progressões geométricas? No geral, quando estamos cursando o Ensino Médio,
nossos professores não estão interessados em demonstrar teoremas e equações
matemáticas. Alguns simplesmente os colocam ali e aplicam em exercícios.
É bem provável que seu professor de matemática, quando explicou a
soma dos termos de uma progressão aritmética, tenha contato uma estória de
que Gauss, um jovem alemão e que mais tarde se tornaria um grande matemático,
era um jovem travesso e que durante uma aula de matemática sua professora fez
sua turma somar todos os números inteiros compreendidos entre 1 e 100. Ele,
em tempo recorde, foi o primeiro a terminar e o único a acertar o resultado
do valor da soma, 5050. Detalhe: sem calculadora.
É claro, que hoje sabemos que os termos dessa soma é uma progressão aritmé-
tica e que a soma é uma série. Temos até equação pronta que nos permite escrever
os termos dessa sequência e outra equação que permite somar os termos dessa
sequência. Vamos analisar a operação:
1+ 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 + ... + 91+ 92 + 93 + 94 + 95 + 96 + 97 + 98 + 99 + 100

O questionamento que surge é: o que observou Gauss, na soma acima, para re-
solvê-la de forma rápida e corretamente?
A grande sacada de Gauss foi ter percebido que a soma do primeiro nú-
mero com o último tem como resultado 101 e que o mesmo acontecia para o
segundo e penúltimo, terceiro e antepenúltimo e assim por diante. Não pas-
sou muito tempo para ele calcular que, ao final, teria 50 resultados iguais a
101 e que a soma exigida pelo professor era igual ao produto 50 por 101. O
pensamento de Gauss norteia a ideia central empregada para demonstrar a
equação da soma dos n primeiros termos de uma PA. Anote essas operações
matemáticas e verifique sua validade, no espaço a seguir.

174
UNICESUMAR

Agora, estudaremos o método de demonstração de proposições abertas de uma


variável, pertencente ao conjunto dos números naturais.
De acordo com Alencar Filho (2002), o Princípio de Indução Finito (PIF)
é um método poderoso de demonstração matemática. Muitas afirmações em
matemática são do tipo
∀n P(n)

em que P(n) denota um predicado sobre o universo do conjunto dos núme-


ros naturais positivos. Um grande obstáculo para provar ∀nP(n) é o fato de
o conjunto universo ser infinito e, em situações como essa, recorremos ao
PIF, cujo enunciado segue.

175
UNIDADE 5

Teorema (1º princípio de indução finita) – Seja P(n) um predicado sobre


o universo do conjunto dos números naturais positivos. Suponha que as duas
afirmações a seguir sejam verdadeiras:
P(1) é verdadeira.
Para todo natural positivo k, se P(k ) é verdadeiro, então P(k + 1) também
é verdadeiro.
Nas condições apresentadas, o PIF afirma que P(n) é verdadeiro para todo
natural positivo n.
Para a demonstração do teorema apresentado, consulte Domingues e Iezzi (2018).
Como imagem para ilustrar o PIF, costuma-se usar o efeito dominó.
Imagine uma fileira infinita de pedrinhas de dominós, todas em pé. Se a
primeira pedra tombar para a frente, fará com que a da frente também tombe e
então todas as pedrinhas tombarão, como ilustrado na Figura 1.

Figura 1 – Efeito dominó e o PIF

Descrição da Imagem: há seis peças de dominós na cor branca e com pontinhos pretos. As duas primeiras
peças do dominó estão caindo e encostadas na terceira, mostrando o efeito dominó.

176
UNICESUMAR

O PIF afirma que o argumento seguinte é legítimo:


P(1)
k [P(k)  P(k+1)]
n P(n)
Gerônimo e Franco (2006) afirmam que o princípio estabelece que devemos
verificar as duas condições enunciadas no teorema. A verificação da primeira
condição é, usualmente, fácil de demonstrar. Na verificação da segunda condição,
devemos provar um teorema auxiliar cuja hipótese é “ P(k ) é verdadeira para um
dado k pertencente ao conjunto dos naturais maior ou igual a 1” e cuja tese é “
P(k + 1) é verdadeira”. Essa é a chamada hipótese de indução.

PENSANDO JUNTOS

Gerônimo e Franco (2006) afirmam que o nome Princípio de Indução Finita não é um
nome apropriado, porque, como se pode observar, esse método é baseado no método
dedutivo e trata-se de uma propriedade relacionada com o conjunto dos números natu-
rais que é um conjunto infinito. Pense a respeito!

177
UNIDADE 5

Vamos ilustrar o método com algumas aplicações nos exemplos que seguem.

Exemplo 1

Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo


n(n  1) .
1 2  3  4  ...  n 
2
Solução: para aplicar o PIF, um passo importante é identificar o predicado. Nesse
caso, definimos o predicado
n(n  1)
P(n) : " 1 2  3  4  ...  n  "
2
11
(  1)
A afirmação P(1) equivale à proposição lógica P(1) : " 1  2 " que é clara-
mente válida. Para fixar notação, observe que P(2) equivale à proposição lógica
2(2  1) que, também, é válida e assim sucessivamente.
P(2) : " 1 2  "
2
Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior
ou igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que
P(k ) é verdadeiro, ou seja, vale a igualdade

k (k  1)
P(k ) : " 1 2  3  4  ...  k  " Eq(3)
2
Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja,

(k  1)(k  2)
P(k  1) : " 1 2  3  4  ...  k  (k  1)  " Eq(4)
2
A pergunta que surge é: como sair da Eq.(1) e chegar na Eq.(2)? Para usar o PIF,
o ponto crucial está em responder essa questão. Uma análise entre os primeiros
membros das equações (1) e (2) já nos dá a dica: a diferença entre os membros é
o fator aditivo (k + 1) . Adicionando (k + 1) em ambos os membros de Eq.(1) e
efetuando as manipulações algébricas necessárias, tem-se que

178
UNICESUMAR

k (k  1)
1 2  3  4  ...  k  (k  1)   (k  1)
2
k (k  1)  2(k  1)
1 2  3  4  ...  k  (k  1) 
2
(k  1)(k  2)
1 2  3  4  ...  k  (k  1) 
2
Dessa forma, o resultado de
n(n  1)
1 2  3  4  ...  n 
2

segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

Exemplo 2

Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo


1 10  102  ...  10n  10n1.
2 n n 1
Solução: defina o predicado P(n) : " 1 10  10  ...  10  10 ". A
2
afirmação P(1) equivale à proposição lógica P(1) : " 1 10  10 " que é clara-
mente válida, pois 11 ≤ 100 . Assim, o passo 1 está verificado.
Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja
maior ou igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admiti-
mos que P(k ) é verdadeiro, ou seja, vale a igualdade

P(k ) : " 1 10  102  ...  10k  10k 1 " Eq(3)


Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja,

P(k  1) : " 1 10  102  ...  10k  10k 1  10 k 2


Eq(4) "
Uma análise entre os primeiros membros das equações (3) e (4) já nos dá a dica:
k +1 k +1
a diferença entre os membros é o fator aditivo 10 . Adicionando 10 em
ambos os membros de Eq.(3) e efetuando as manipulações algébricas necessá-
rias, tem-se que

179
UNIDADE 5

1 10  102  ...  10k  10k 1


1 10  102  ...  10k  10k 1  10k 1  10k 1
1 10  102  ...  10k  10k 1  2  10k 1

k 1 k 1
Agora, note que 2  10  10  10 . Daí, por transitividade segue que

1 10  102  ...  10k  10k 1  2  10k 1  10  10k 1

o que nos permite escrever que


1 10  102  ...  10k  10k 1  10k 2
Dessa forma, o resultado de
1 10  102  ...  10n  10n1
segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

Exemplo 3
n
 1 1  1 n
Prove, usando o PIF, que, para todo número natural positivo    .
n 0 1 0 1
 1 1  1 n
Solução: defina o predicado P(n) : "     ". A afirmação P(1)
0 1
 1   0 1
 1 1  1 1
equivale à proposição lógica P(1) : "     " que é claramente válida,
1  0 1  0 1 
 1 1  1 1
pois     . Assim, o passo 1 está verificado. Só para fixar a notação,
 0 1 0 1 2
 1 1  1 1  1 1  1 0 1 1  1 2 
note que P(2) : "       " .
 0 1  0 1  0 1  0  0 0  1   0 1 
Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior
ou igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que
P(k ) é verdadeiro, ou seja, vale a igualdade
k
 1 1 1 k 
P (k ) : "     " Eq.(5)
0 1 0 1
Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja,

180
UNICESUMAR

k 1
 1 1  1 k  1
P(k  1) : "     " Eq.(6)
0 1 0 1 

Uma análise das equações (5) e (6) já nos dá a dica: devemos multiplicar a equa-
ção (5) por  1 1 . Assim, tem-se que
 
0 1

k
 1 1 1 k 
   
0 1 0 1
k
 1 1  1 1  1 k   1 1
     
0 1 0 1 0 1 0 1

Efetuando a multiplicação matricial, segue que


k 1
 1 1  1 0 1 k 
   
0 1 0  0 0  1
k 1
 1 1  1 k  1
   
0 1 0 1 

Dessa forma, o resultado de


n
 1 1  1 n
   
0 1 0 1
segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

Exemplo 4

Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo


4 n1  1 .
1 4  4 2  ...  4 n 
3

181
UNIDADE 5

2 n 4 n1  1
Solução: defina o predicado P ( n) : " 1  4  4  ...  4  " . A afirma-
411  1 3
ção P(1) equivale à proposição lógica P(1) : " 1 4  " que é claramente
3
válida, pois 5 = 5 . Assim, o passo 1 está verificado.
Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja
maior ou igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admiti-

mos que P(k ) é verdadeiro, ou seja, vale a igualdade

4 k 1  1
P(k ) : " 1 4  4 2  ...  4 k  "
3
Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja,

4 k 2  1
P(k  1) : " 1 4  4 2  ...  4 k  4 k 1  "
3
Uma análise entre os primeiros membros das equações (7) e (8) já nos dá a dica: a
k +1 k +1
diferença entre os membros é o fator aditivo 4 . Adicionando 4 em ambos os
membros de Eq.(7) e efetuando as manipulações algébricas necessárias, tem-se que
4 k 1  1
1 4  4 2  ...  4 k 
3
4 k 1  1 k 1
1 4  4 2  ...  4 k  4 k 1  4
3

o que nos permite escrever que


4 k 1  1 k 1 4 k 1  1 3  4 k 1
1 4  4 2  ...  4 k  4 k 1  4 
3 3
k 1
4 (1 3)  1
1 4  4 2  ...  4 k  4 k 1 
3
k 1
4 (4)  1
1 4  4 2  ...  4 k  4 k 1 
3
k 2
4 1
1 4  4 2  ....  4 k  4 k 1 
3

Dessa forma, o resultado de

182
UNICESUMAR

4 n1  1
1 4  4 2  ...  4 n 
3

segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

Exemplo 4
3
Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo n + 2n é divisível

por 3.
3
Solução: defina o predicado P(n) : " n + 2n é divisível por 3 " . Aqui va-

3
mos usar a seguinte notação para o predicado P(n) : " 3 | n + 2n " (lê-se três

3
divide n + 2n ). A afirmação P(1) equivale à proposição lógica P(1) : " 3 | 3 "

que é claramente válida, pois 3 divide 3. Assim, o passo 1 está verificado.


Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja
maior ou igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admiti-

mos que P(k ) é verdadeiro, ou seja, vale a igualdade

P ( k ) : " 3 | k 3 + 2k " E
Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja,

P(k  1) : " 3 | (k+1)3  2(k  1)  " E


Note que a equação (10) pode ser reescrita como
P(k  1) : " 3 | k 3  3k 2  5k  3 "
E
Uma análise entre os primeiros membros das equações (9) e (11) já nos dá a dica:
2
a diferença entre os membros é o fator aditivo 3k + 3k + 3 . Note que o fator
2 2
aditivo 3k + 3k + 3 é divisível por 3, pois 3(k + k + 1) . Assim, podemos
escrever que

183
UNIDADE 5

3|3(k 2 + k + 1)

Adicionando membro a membro os termos das equações (09) e (12) e efetuando


as manipulações algébricas necessárias, tem-se que
  
3 | k 3  2k  3k 2  3k  3) 
o que nos permite escrever que

3 | k 3  3k 2  5k  3 
3
Dessa forma, o resultado de para todo número natural positivo n + 2n é

divisível por 3 segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

184
UNICESUMAR

Exemplo 5

Segundo Iezzi, Dolce e Degenszajn (2015), uma Progressão Aritmética (PA) é


a sequência de números em que a diferença entre dois termos consecutivos é
sempre a mesma e essa diferença constante é denominada de razão. Dessa forma,
a partir do segundo elemento da sequência, os números que surgem são resul-
tantes da soma da constante com o valor do elemento anterior, isto é, se an é o
n-ésimo termo da PA o termo seguinte, an+1 , é expresso como
an+1  an  r  a1+(n - 1)r em que r é a razão da PA. Use o PIF e prove que a
soma dos n primeiros termos de uma PA é expressa por
Sn 
 a1  an  n , em
2
que Sn é a soma dos n termos.
Solução: inicialmente, defina o predicado

P(n) : " a1  a2  a3  ...  an 


a1
 an  n
"
2

Note que P(1) : " a1 


a
1
 a1  1
 a1 " tem valor lógico verdadeiro e o passo
2
inicial é satisfeito. Agora, vamos ao passo indutivo, em que fixamos k, k maior
ou igual a 1, e assumimos que P(k ) tem valor lógico verdadeiro, isto é, assumimos

que Eq.(13) tem valor lógico verdadeiro.


a  a  k
P(k ) : " a1  a2  a3  a4  ...  ak  1 k " E
2
Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja, precisamos provar que

Eq.(14) tem valor lógico verdadeiro.


 a  a  (k  1) "
P(k  1) : " a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1  1 k 1 E
2
Uma análise entre os primeiros membros das equações (13) e (14) já nos dá a
dica: a diferença entre os membros é o fator aditivo ak +1 . Assim, vamos somar o

termo ak +1 em ambos os lados da Eq.(13). Daí, segue que

185
UNIDADE 5

a1  a2  a3  a4  ...  ak 
a
1
 ak  k
2

a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
a1
 ak  k
 ak 1
2

a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
 a1  ak  k  2ak 1
2
a1k+akk  2ak 1
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2

Mas temos que ak 1  ak  r  a1  kr e, também, que ak  a1  (k  1)r .

Assim, temos que


a1k   a1  (k  1)r  k  2  ak  r 
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2
a1k  a1k  rk  rk  2  a1  (k  1)r  r 
2

a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2
2
2a1k  rk  rk  2a1  2kr
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2
2aa1(k  1)  r (k 2  k )
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2
2a1(k  1)  rk (k  1)
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2
(k  1)(2a1  rk )
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2
(k  1)(a1  a1  rk )
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2
Mas ak 1  a1  kr . Daí,

(k  1)(a1  ak 1)
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
2

Dessa forma, o resultado de

186
UNICESUMAR

Sn 
a
1
 an  n
2
segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

Exemplo 6

Dante e Viana (2019) afirmam que uma Progressão Geométrica (PG) é a se-
quência de números em que o quociente entre dois termos consecutivos é sem-
pre o mesmo e esse quociente constante é denominado de razão. Dessa forma, a
partir do segundo elemento da sequência, os números que surgem são resultan-
tes da multiplicação da constante com o valor do elemento anterior, isto é, se an
é o n-ésimo termo da PG, o termo seguinte, an+1 , é expresso como
an1  an  q  a1  q n em que q é a razão da PG. Use o PIF e prove que a soma

dos n primeiros termos de uma PG é expressa por Sn 



a1 q n  1  , em que S
n
q 1
é a soma dos n termos.
Solução: inicialmente, defina o predicado

P(n) : " a1  a2  a3  ...  an 



a1 q n  1 "
q 1
Note que P(1) : " a1 

a1 q1  1  a " tem valor lógico verdadeiro e o pas-
1
q 1
so inicial é satisfeito. Agora, vamos ao passo indutivo, em que fixamos k, k maior
ou igual a 1, e assumimos que P(k ) tem valor lógico verdadeiro, isto é, assumimos

que Eq.(15) tem valor lógico verdadeiro.

P(k ) : " a1  a2  a3  ...  ak 



a1 q k  1 " E
q 1

187
UNIDADE 5

Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja, precisamos provar que


Eq.(16) tem valor lógico verdadeiro.

P(k  1) : " a1  a2  a3  ...  ak  ak 1 



a1 q k 1  1"
q 1
Uma análise entre os primeiros membros das equações (15) e (16) já nos dá a
dica: a diferença entre os membros é o fator aditivo ak +1 . Assim, vamos somar o

termo ak +1 em ambos os lados da Eq.(15). Daí, segue que

a1  a2  a3  a4  ...  ak 

a1 q k  1
q 1

a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 

a1 q k  1  a
k 1
q 1

a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
 
a1 q k  1  (q  1)ak 1
q 1
k
a1q  a1  qak 1  ak 1
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
q 1

Mas temos que an1  an  q  a1  q n . Assim, temos que

a1q k  a1  a1q k 1  a1q k


a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
q 1
a1  a1q k 1
a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 
q 1

a1  a2  a3  a4  ...  ak  ak 1 

a1 q k 1  1 
q 1

Dessa forma, o resultado de

188
UNICESUMAR

Sn 
 
a1 q n  1
q 1

segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

EXPLORANDO IDEIAS

Vimos que o PIF pode ser empregado para demonstração da equação dos termos de PA e
PG. Já que estamos falando em sequências, a sequência de Fibonacci é bastante famosa.
Nela, de acordo com Pickover (2009), com exceção dos dois primeiros termos, os demais
termos sucessivos são obtidos pela soma dos dois termos antecessores. Assim, a sequên-
cia é escrita como: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, ...
Esses números aparecem em diversos tópicos matemáticos e na natureza. Por exemplo,
no núcleo da flor do girassol, existem duas séries de curvas de sementes com comporta-
mento bastante interessantes. Cada uma dessas série vão para uma direção e o número
de curvas não é o mesmo nas duas séries. Uma dessas séries apresenta 21 curvas dire-
cionadas para a esquerda, e a outra terá 34 para a direita. Se a série tem 34 para um lado,
terá 55 para o outro. Se 55 curvas apontam para uma direção, 89 apontarão para a outra
e assim por diante.
O termo geral da sequência de Fibonacci, para todo número natural positivo, é expresso
como:

 F1  1

 F2  1
F  F  F
 n 2 n n 1

Agora, escreva os 20 primeiros termos dessa sequência e, em seguida, calcule a razão


entre os termos sucessivos. O que você observa?

NOVAS DESCOBERTAS

Nesse vídeo, o professor Fabio Henrique Teixeira de Souza, do Pro-


grama de Iniciação Cientifica da OBMEP, faz a demonstração de uma
“fórmula” fechada para o n-ésimo termo da sequência de Fibonacci.

189
UNIDADE 5

Exemplo 7

Considere que um quadrado cujo lado mede 1 cm é dividido em nove quadrados


idênticos e, da malha resultante, remove-se o quadrado que ocupa a posição cen-
tral. Em seguida, repete-se esse procedimento com cada um dos oito quadrados
restantes, como ilustra a Figura 2.

190
UNICESUMAR

Figura 2 – Representação do exercício / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: há dois quadrados. O quadrado da esquerda foi dividido em nove quadrados
idênticos e o quadrado central está hachurado. O quadrado da direita foi obtido a partir do quadrado da
esquerda, em que cada um dos oito quadrados não hachurados foi dividido em outros nove quadrados
e o quadrado central está hachurado.

Desse modo, na etapa n aplica-se o procedimento descrito a cada um dos quadra-


dos conservados na etapa n -1. Use o PIF e prove a equação que calcula a soma
das áreas dos quadrados removidos
até a etapa n.
Solução: desprende do enun-
ciado que a equação que calcula a
soma das áreas dos quadrados re-
movidas não foi fornecida. Desse
modo, necessitamos determinar
essa equação. Para tal, considere a
Tabela 1 a seguir:

191
UNIDADE 5

Medida do lado do Número de quadrados Área excluída


Etapa
quadrado (cm) conservados (cm2)

2
1 1 8  1
3  
3
2
2 1 8  8  82  1 8
8 2   4
32 3  3
2
3 1 82  8  83  1
2 82
8  3  6
33 3  3

   

n 1 8n1  8  8n 8n1 23n3


 2n
3n 32 n 3
Tabela 1 – Informações sobre as medidas para construção do padrão das áreas removidas
Fonte: o autor.

Logo, a equação que permite o cálculo da soma das áreas dos quadrados remo-
vidos até a etapa n é 23n3 . Agora, vamos empregar o PIF para provar que
Sn  2 n
3
essa equação é válida. De fato, defina o predicado
23 n  3
P(n) : " Sn  "
32 n
23  3 1
Note que P (1) : " S1
  " tem valor lógico verdadeiro e o passo inicial é
32 9
satisfeito. Agora, vamos ao passo indutivo, em que fixamos k, k maior ou igual a
1, e assumimos que P(k ) tem valor lógico verdadeiro, isto é, assumimos que
Eq.(17) tem valor lógico verdadeiro.
23 k  3
P(k ) : " Sn 
"
32 k
Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja, precisamos provar que
Eq.(18) tem valor lógico verdadeiro.
23 k
P(k  1) : " Sk 1  "
32 k 2

192
UNICESUMAR

Uma análise entre os primeiros membros das equações (17) e (18) já nos dá a
dica: a diferença entre os membros é o fator multiplicativo 23 . Assim, vamos
32
23
multiplicar o termo 2 em ambos os lados da Eq.(17). Daí, segue que
3

23 k  3
Sk 
32 k
23 23 k  3 23
Sk . 2  2 k . 2
3 3 3
3k
2
Sk 1  2 k 2
3
Dessa forma, o resultado de
23 n  3
Sn 
32 n

segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

Exemplo 8

Prove, usando o PIF, que o número de maneiras diferentes nas quais podemos
ordenar um conjunto de n elementos é igual a
n !  n  (n  1)  (n  2)  ...  3  2  1.

Solução: inicialmente, defina o predicado


P(n) : " número de maneiras = n !"

Para n igual a 1, temos apenas um elemento no conjunto e, desse modo, há uma


única maneira de ordená-lo. Assim, n! = 1 e
P(1) : " número de maneiras= 1=! 1" tem valor lógico verdadeiro e o passo
inicial é satisfeito. Agora, vamos ao passo indutivo, em que fixamos k, k maior
ou igual a 1, e assumimos que P(k ) tem valor lógico verdadeiro, isto é, assumimos
que Eq.(19) tem valor lógico verdadeiro.

193
UNIDADE 5

P(k ) : " número de maneiras = k !"


Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja, precisamos provar que
Eq.(20) tem valor lógico verdadeiro.
P(k  1) : " número de maneiras  (k  1)!"

Uma análise entre os primeiros membros das equações (19) e (20) já nos dá a
dica: a diferença entre os membros é o fator multiplicativo (k + 1) . Assim, vamos
somar o termo (k + 1) em ambos os lados da Eq.(19). Daí, segue que

" número de maneiras  k !  k  (k  1)  (k  2)  ...  3  2  1"


" número de maneiras  (k  1)  k !  (k  1)  k  (k  1)  (k  2)  ...  3  2  1"
" número de maneiras  (k  1)!  (k  1)  k  (k  1)  (k  2)  ...  3  2  1"

Dessa forma, o resultado de


P(n) : " número de maneiras = n !"

segue pelo PIF. Logo, ∀n P(n) .

Exemplo 9

De acordo com Branco (2010), em Matemática Financeira, um regime de capi-


talização é a forma em que se verifica o crescimento do capital. Dessa forma, o
sistema de capitalização simples é aquele no qual os juros incidem sempre sobre
o valor do capital inicial e os juros devido a um período não rendem mais juros.
Considere o capital inicial C aplicado no sistema de capitalização simples
em uma taxa i por período, durante n períodos. O valor montante (M), que
corresponde ao capital inicial adicionado aos juros do período, pode ser
monitorado na Tabela 2.

194
UNICESUMAR

Saldo devedor Juros apurados no Montante ao final


Período
inicial ($) período ($) do período ($)

1 C C ⋅i C+C ⋅ i=C(1+i)

2 C C ⋅i C(1+i)+C.i=C(1+2i)

3 C C ⋅i C(1+2i)+C.i=C(1+3i)

   
Tabela 2 – Planilha de monitoramento de capital no regime de capitalização simples
Fonte: o autor.

Use o Princípio de Indução Finita e prove que para todo n ∈  o valor do mon-
tante pode ser determinado pela equação M(n)=C(1+in) .
Solução: inicialmente, defina o predicado
P(n) : " M(n)=C(1+in) "

Note que P(1) : " M(1)=C(1+i) " tem valor lógico verdadeiro e o passo inicial é
satisfeito. Agora, vamos ao passo indutivo, em que fixamos k, k maior ou igual a
1, e assumimos que P(k ) tem valor lógico verdadeiro, isto é, assumimos que
Eq.(21) tem valor lógico verdadeiro.
P(k ) : " M(k)=C(1+ik) "

Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja, precisamos provar que


Eq.(20) tem valor lógico verdadeiro.
P(k + 1) : " M(k+1)=C(1+i(k+1)) "

Uma análise entre os primeiros membros das equações (21) e (22) já nos dá a
dica: a diferença entre os membros é o fator aditivo C.i . Assim, vamos somar o
termo C.i em ambos os lados da Eq.(21). Daí, segue que
M(k)=C(1+ik)
M(k)+Ci=C(1+ik)+Ci
M(k+1)=C+Cik+Ci
M(k+1)=C(1+i(k
k+1))

195
UNIDADE 5

Dessa forma, o resultado de


M(n)=C(1+in)

segue pelo PIF. Logo, ∀n P(n) .

De acordo com Gerônimo e Franco (2006), nem todas as demonstrações de


proposições que envolvem predicados que envolvem números naturais podem
ser adaptadas ao 1º princípio de indução finita. Um exemplo clássico disso é a
demonstração do teorema que garante que todo número inteiro não nulo e dife-
rente de 1 é igual ao produto de números primos. Para esses tipos de resultados,
empregamos o teorema que segue:
Teorema (2º princípio de indução finita) – Seja P(n) um predicado sobre
o universo do conjunto dos números naturais positivos. Suponha que as duas
afirmações abaixo sejam verdadeiras:
P(n0 ) é verdadeira para algum n0 ∈  .
Para todo natural positivo k, k ≥ n0 , se P(k ) é verdadeiro, então P(k + 1)
também é verdadeiro.
Nas condições acima, o PIF afirma que P(n) é verdadeiro para todo natural
positivo n ≥ n0 .
Para a demonstração do teorema apresentado, consulte Domingues e Iezzi (2018).

Exemplo 10

Prove, usando o PIF, que a validade da proposição a seguir é verdadeira a partir


de algum n0 ∈ N

 
n0  N , n  n0 , 2n  n2 .

Solução: inicialmente faremos alguns testes para determinar o valor numérico


de n0 . Analise a Tabela 3, apresentada a seguir:

196
UNICESUMAR

n 2n n2
1 2 1

2 4 4

3 8 9

4 16 16

5 32 25

6 64 36

7 128 49

Tabela 3 – Valores investigados para determinar n Fonte: o autor.


0

De acordo com os resultados da Tabela 3, nota-se que P(5) é verdadeiro, pois


25  32  25  52 . Agora, defina o predicado P(n) : " 2n > n2 " . A afirmação
P(5) equivale à proposição lógica P(5) : " 25  32  25  52 " que é claramen-
te válida. Assim, o passo 1, do 2º princípio de indução finita, está verificado.
Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja
maior ou igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admiti-
mos que P(k ) é verdadeiro, ou seja, vale a igualdade

P (k ) : " 2 k > k 2 "


Precisamos provar que P(k + 1) é verdadeiro, ou seja,

P(k  1) : " 2k 1  (k  1)2 "


Uma análise entre os primeiros membros das equações (23) e (24) já nos dá a
dica: a diferença entre os membros é o fator multiplicativo 2. Multiplicando por
2 em ambos os membros de Eq.(23) e efetuando as manipulações algébricas
necessárias, tem-se que
2k  k 2
2  2k  2  k 2
2k 1  2k 2

197
UNIDADE 5

Devemos lembrar que

 k  1  k
2 2

2  k  1  2k
2 2

Assim, podemos escrever que

2k 1  2  k  1  2k 2
2

ou ainda,
2k 1  2  k  1
2

Dessa forma, o resultado de



n0  N , n  5, 2n  n2 
segue pelo PIF. Logo, n  5P(n) .

198
UNICESUMAR

Será que um número pode ser menos que zero? Não


é possível fazer isso com canetas, exceto introduzindo
“canetas virtuais” que você deve para outra pessoa. Então,
obtém-se uma extensão natural do conceito de número
que facilita muito a vida para algebristas e contadores. Há
algumas surpresas: menos vezes menos dá mais. Você
sabe por quê?

NOVAS DESCOBERTAS

Título: O jogo da imitação


Ano: 2014
Sinopse: baseado na história real do gênio da matemática e pai da
computação Alan Turing (1912-1954). Mostra a atuação dele — e de
um grupo de matemáticos e pesquisadores — durante a Segunda Guerra
Mundial para decodificar mensagens da máquina Enigma enviadas pelo
exército nazista para os soldados nas frentes de batalha. O filme também
aborda a vida pessoal do matemático britânico que sofreu preconceito e re-
pressão por conta de sua orientação sexual.

No início desta unidade, começamos com um problema que fora proposto pela
professora de Gauss, que era determinar o valor da soma
1+ 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 + ... + 91+ 92 + 93 + 94 + 95 + 96 + 97 + 98 + 99 + 100
Vimos no Exemplo 1 que a generalização para a soma de n números naturais, isto é,
1+ 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 + ... + 91+ 92 + 93 + 94 + 95 + 96 + 97 + 98 + 99 + 100 + .... + n

n(n  1)
é expressa por 1 2  3  4  ...  n 
2
Dessa forma, queremos mostrar que a soma dos n primeiros termos de uma
progressão aritmética com primeiro termo igual a 1 e razão igual a 1 é
n(n  1) . Agora, vamos tomar um caso particular n =
1 2  3  4  ...  n 
2
100 (situação proposta pela professora de Gauss). Assim,
100(100  1)
1 2  3  4  ...  100   5050
2
que é o resultado obtido por Gauss.

199
1. Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo

3n(n  1) .
3  6  9  12  ...  3n 
2

2. Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo


n( 4 n  2) .
1 5  9  13  ...  ( 4 n  3) 
2

3. Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo n2  (2n  1) .

4. Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo (1 x )n  1 nx .

5. Prove, usando o PIF, que para todo número natural positivo


3n1  1 .
1 31  32  33  ...  3n 
2

6. Prove, usando PIF, a equação do termo geral de uma progressão aritmética.

7. Prove, usando o PIF, que a partir de algum número natural positivo 2n < n ! .

200
UNIDADE 1

ALENCAR FILHO, E. Introdução à Lógica Matemática. São Paulo: Nobel, 2002.

GERÔNIMO, J. R.; FRANCO, V. S. Fundamentos de Matemática: uma introdução à lógica mate-


mática, teoria dos conjuntos, relações e funções. Maringá: Eduem, 2006.

HEGENBERG, L. Lógica. São Paulo: Forense Universitária - Grupo Gen, 2012.

ROCHA, E. Raciocínio lógico para concursos: você consegue aprender. 4. ed. Rio de Janeiro:
Impetus, 2012.

SILVEIRA, E.; SILVEIRA, C. M. Matemática: compreensão e prática. São Paulo: Moderna, 2008.

VILAR, B. Raciocínio lógico: questões comentadas: FCC. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2012.

UNIDADE 2

ALENCAR FILHO, E. Introdução à Lógica Matemática. São Paulo: Nobel, 2002.

FUKS, R. Poema Amor é fogo que arde sem se ver (com Análise e Interpretação). Cultura Ge-
nial, [2022]. Disponível em: https://www.culturagenial.com/poema-amor-e-chama-que-arde-
-sem-se-ver-de-luis-vaz-de-camoes/. Acesso em: 8 ago. 2022.

GERÔNIMO, J. R.; FRANCO, V. S. Fundamentos de Matemática: uma introdução à lógica mate-


mática, teoria dos conjuntos, relações e funções. Maringá: Eduem, 2006.

HEGENBERG, L. Lógica. São Paulo: Forense Universitária - Grupo Gen, 2012.

VILLAR, B. Raciocínio lógico: questões comentadas: FCC. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2012.
UNIDADE 3

ALENCAR FILHO, E. Introdução à Lógica Matemática. São Paulo: Nobel, 2002.

GERÔNIMO, J. R.; FRANCO, V. S. Fundamentos de Matemática: uma introdução à lógica mate-


mática, teoria dos conjuntos, relações e funções. Maringá: Eduem, 2006.

HEGENBERG, L. Lógica. São Paulo: Forense Universitária - Grupo Gen, 2012.

VILLAR, B. Raciocínio lógico: questões comentadas: FCC. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2012.

201
UNIDADE 4

ALENCAR FILHO, E. Introdução à Lógica Matemática. São Paulo: Nobel, 2002.

GERÔNIMO, J. R.; FRANCO, V. S. Fundamentos de Matemática: uma introdução à lógica mate-


mática, teoria dos conjuntos, relações e funções. Maringá: Eduem, 2006.

HEGENBERG, L. Lógica. São Paulo: Forense Universitária - Grupo Gen, 2012.

LOYOLA, R. Raciocínio lógico para concursos: teoria e questões – mais de 600 questões resol-
vidas e propostas. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2014.

RODRIGUES, C. T. Matemática como Ciência mais Geral: Forma da Experiência e Categorias.


COGNITIO-ESTUDOS: Revista Eletrônica de Filosofia, v. 4, n. 1, p. 37-59, 2007.

SILVEIRA, E.; MARQUES, C. Matemática: compreensão e prática. São Paulo: Moderna, 2008.

UNIDADE 5

ALENCAR FILHO, E. Introdução à Lógica Matemática. São Paulo: Nobel, 2002.

BRANCO, A. C. C. Matemática Financeira Aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft Ex-


cel. 3 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

DANTE, L. R.; VIANA, F. Matemática - Volume único: Contexto & aplicações. 4. ed. São Paulo:
Atual, 2019.

DOMINGUES H. H.; IEZZI, G. Álgebra Moderna. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

GERÔNIMO, J. R.; FRANCO, V. S. Fundamentos de Matemática: uma introdução à lógica mate-


mática, teoria dos conjuntos, relações e funções. Maringá: Eduem, 2006.

IEZZI, G.; DOLCE, O.; DEGENSZAJN, D. Matemática: ensino médio. Volume único. 6. ed. São
Paulo: Atual, 2015.

PICKOVER, C. A. The math book. New York: Sterling Publishing, 2009.

202
UNIDADE 1

1. Solução: Sabe-se que uma proposição é qualquer sentença declarativa que exprime
um pensamento de sentido completo e assume um dos dois valores-verdade: Verda-
deiro e Falso. Assim, (1), (3) e (6) não são sentenças, pois não existem sujeitos e pode
assumir valor-verdade V ou F. (5) é uma sentença imperativa e, por isso, não é uma
sentença. Já (2) e (4) são sentenças, pois formam sentenças declarativas, ou seja, para
elas existem sujeito e predicado. Portanto, alternativa E.

2. Solução: A proposição composta “Ricardo faz dieta, mas come bolo” é formada pelas
seguintes proposições simples “Ricardo faz dieta” e “Ricardo come bolo” que, por sua
vez, são ligadas pelo operador conjunção (mas). Logo, alternativa E.

3. Solução:

a) a proposição Q → R tem valor lógico F.


b) a proposição ( ~ P ) ∨ ( ~ R ) tem valor lógico V.
4. Solução: Segue que

a) Se as proposições P e Q são verdadeiras, segue que ( ~ P ) e ( ~ Q ) são F. Assim,


( ~ P ) ∨ ( ~ Q ) , de acordo com a definição de disjunção, também é F.
b) Se a proposição T é V, então ( ~ T ) é F. Assim, de acordo com a definição de
condicional R → ( ~ T ) é V.
c) Se P é V e R é F, então ( P ∧ R ) , de acordo com a definição de conjunção é F.
Temos, agora, que ( P ∧ R ) e ( ~ Q ) são F. Assim, a condicional é V.

5. Solução: Note que a proposição é composta e formada por outras 3 proposições sim-
ples: P1: “o número é divisível por 2”; P2: “o número é divisível por 3” e P3: “o número
é divisível por 6”. Dessa forma, a tabela verdade terá 8 linhas.

6. Solução: Note que há 3 proposições simples – A, B e C – e dessa forma a tabela verdade


apresentará 8 linhas. Respeitando a prioridade das operações, temos que

203
A B C C ↔ A ∧ B

V V V V V V V V

F V V V F F F V

V F V V F V F F

F F V V F F F F

V V F F F V V V

F V F F V F F V

V F F F V V F F

F F F F V F F F

1 3 1 2 1

Logo, alternativa D.

7. Solução: Note que há 3 proposições simples – P, Q e R – e dessa forma a tabela verdade


apresentará 8 linhas. Respeitando a prioridade das operações, temos que

P Q R P → Q ∨ P → R

V V V V V V V V V V

F V V F V V V F V V

V F V V F F V V V V

F F V F V F V F V V

V V F V V V V V F F

F V F F V V V F V F

V F F V F F F V F F

F F F F V F V F V F

1 2 1 3 1 2 1

204
Logo, alternativa A.

UNIDADE 2

1. Solução: Vamos considerar as seguintes proposições P:


( A = B)
e Q:
( A < 17)
Assim, a proposição dada passa a ser reescrita como
( P ∨ Q)∧ ~ Q ⇒ P . Pelo
teorema 2 devemos mostrar que a tabela verdade de
( P ∨ Q)∧ ~ Q → P é tau-
tológica. De fato,

P Q P ∨ Q ∧ ~ Q → P

V V V V V F F V V V

V F V V F V V F V V

F V F V V F F V V F

F F F F F F V F V F

Etapa 1 2 1 3 2 1 4 1

2. Solução: Temos que ~ p → q ⇔ ~~ p ∨ q ⇔ p ∨ q ⇔ q ∨ p ⇔ ~ q → p. Logo,


alternativa D.

3. Solução: Tome as seguintes proposições P: “Raul é argentino” e Q: “Raul lê Borges”.


A proposição “Raul é argentino ou lê Borges” é simbolicamente escrita como P ∨ Q
. Assim, P ∨ Q ⇔ ~ P → Q que é traduzida como “se Raul não é argentino, então
lê Borges”. Responde à questão alternativa D.

4. Considere as proposições P: “Sábado vou ao show” e Q: “domingo vou ao churrasco”.


A proposição dada é escrita em notação lógica como P ∨ Q . Assumindo que essa
proposição tenha valor lógico verdadeiro, temos que sua negação tem valor lógico
falso. A negação de P ∨ Q é ~ P ∧ ~ Q . Conclui-se que ela mentiu se ela não for
ao show no sábado e não for ao churrasco no domingo. Alternativa D.

5. A afirmação dada é “O poder executivo e as leis vigentes são incapazes de administrar


os conflitos existentes entre os donos dos meios de produção e a classe de operários,
ou de impedir o aumento do espaço político dessas forças.” Sua negação fica escrita
como “O poder executivo ou as leis vigentes não são incapazes de administrar os
conflitos existentes entre os donos dos meios de produção e a classe de operários,
nem de impedir o aumento do espaço político dessas forças”. Alternativa C.

205
6. Solução: Considere a proposição P: “Rodolfo será aprovado na disciplina”. Assim, ~P:
“Rodolfo não será aprovado na disciplina”. Logo, (P ou ~P) é uma tautologia. Logo,
alternativa B.

7. Solução: Considere a proposição P: “Rodolfo será aprovado na disciplina”. Assim, ~P:


“Rodolfo não será aprovado na disciplina”. Assumindo que P seja V, então ~P é F e a
proposição composta P ^ ~P é F. Por outro lado, se P é F, então ~P é V e a proposição
composta P ^ ~P é F. Logo, é uma contradição. Portanto, alternativa A.

UNIDADE 3

1. Solução: Usando demonstração indireta escrevemos o argumento como

H1 ~ ( P ∧ Q)

H2 ~ R→Q

H3 ~P→R

H4 ~R

T c

em que c é a contradição. Desse modo, agora, procedemos como na demonstração direta. Assim,

Ordem Proposição Justificativa

1 ~ ( P ∧ Q) H1

2 ~ R→Q H2

3 ~P→R H3

4 R H4

5 ~ Q →~ (~ R ) 2, Contrapositiva

6 ~Q→R 5, Dupla negação

206
Ordem Proposição Justificativa

7 [(~ P ) ∨ (~ Q)] → R 3, 6 Inferência por casos

8 ~ ( P ∧ Q) → R 7, Lei de De Morgan

9 R 8, 1 Modus Ponens

10 R ∧ ~ ( R) 4, 9 conjunção

11 c 10 Contradição

Portanto, em D foi empregado Modus Ponens e responde à questão a alternativa D.

2. Solução: Note que a tese da primeira tabela,


~U →Q , teve a proposição ~ U
adicionada como hipótese na segunda tabela. Esse tipo de técnica de demonstração
é denominado de demonstração condicional ou demonstração direta-condicional.
Alternativa D.

3. Solução: Efetuando demonstração direta, temos

Ordem Proposição Justificativa

1 R →U H1

2 ~R→S H2

3 S → ( P ∧ Q) H3

4 ~U H4

5 ~ U →~ R 1 Contrapositiva

6 ~R 4,5 Modus Ponens

7 S 2, 6 Modus Ponens

8 P∧Q 3,7 Modus Ponens

9 Q 8 Simplificação

207
Portanto, em B foi empregado Modus Ponens. Logo, responde à questão a alternativa B.

4. Solução: Por demonstração direta temos que

Ordem Proposição Justificativa

1 P→Q H1

2 P∨ R H2

3 ~Q H3

4 R → (S ∧ T ) H4

5 ~P 1, 3 Modus Tollens

6 R 2, 5 Silogismo disjuntivo

7 S ∧T 4, 6 Modus Ponens

8 S 7, Simplificação

Assim, são corretas as afirmações I e III, ou seja, há duas afirmações corretas.

UNIDADE 4

1. Solução: sejam as proposições abertas P(x): “professor de filosofia usa calças” e ~P:
“professor de filosofia não usa calças” e o universo de discurso constituído pelos
professores de filosofia. Em termos simbólicos, temos ∀xP ( x ) . Daí sua negação da
proposição é

~ ∀xP ( x) ≡ ∃x ~ P ( x)
Que, por sua vez, é redigida como “professor de filosofia usa calças”. Portanto, responde à
questão a alternativa E.

208
2. Solução: seja a proposição aberta P(x): “mulher bonita gosta de tratamento estético”.
Considerando o universo de discurso o conjunto de todas as mulheres bonitas, temos
em termos simbólicos a proposição “Todas as mulheres bonitas gostam de tratamento
estético” é escrita com ∀xP ( x ) . Usando exemplificação universal (EU), temos que seja
c = a esposa de Murilo. Segue que

∀xP( x)
P (c )

Portanto, responde à questão a alternativa E.

3. Solução: seja a proposição aberta P(x): “elementos do conjunto dos naturais são
números positivos” e, em termos simbólicos, a proposição “Todas elementos do
conjunto dos naturais são números positivos” é escrita como ∀xP ( x ) . A negação
dessa proposição é

~ ∀xP ( x) ≡ ∃x ~ P ( x)
Assim, escrevemos que “Pelo menos um dos elementos do conjunto dos naturais não é um
número positivo”. Logo, responde à questão a alternativa D.

4. Solução: sejam as proposições abertas P(x): “x é elemento de X” e Y: “x elemento de


Y”, Z(x): “x é elemento de Z”, c é elemento de X e o universo de discurso apropriado
para o exercício. Em notação simbólica, temos

∀x[ X ( x) → Y ( x)]
X (c )
∃x [ X ( x) → Z ( x) ]
?
Agora, vamos verificar o argumento para encontrar a conclusão. De fato,

209
Ordem Proposição Justificativa

1 ∀x[ X ( x) → Y ( x)] Hipótese 1

2 ∃x [ X ( x) → Z ( x) ] Hipótese 3

3 X(c) Hipótese 2

4 X (c ) → Y (c ) 1, EU

5 X (c ) → Z (c ) 2, EE

6 Y(c) 4,3 Modus Ponens

7 Z(c) 5,3 Modus Ponens

8 Y (c ) ∧ Z (c ) 6,7 Conjunção

9 ∃x [Y ( x) ∧ Z ( x)] 8, GE

Assim, podemos concluir que existe algum Y que também é Z. Portanto, responde à questão
a alternativa B.

5. Solução: sejam as proposições abertas P(x): “x é engenheiro” e Q: “x vende chocolates”,


Z(x): “x é atleta”, c é um atleta e o universo de discurso apropriado para o exercício.
Em notação simbólica, temos

Z (c )
~ ∀x[ P( x) → Q( x)]
∃x [ Z ( x) → P( x) ]
?

210
Agora, vamos verificar o argumento para encontrar a conclusão. De fato,

Ordem Proposição Justificativa

1 ~ ∀x[ P ( x) → Q ( x)] Hipótese 2

2 ∃x [ Z ( x) → P( x)] Hipótese 3

3 Z(c) Hipótese 1

4 ∃x ~ [ P ( x) → Q ( x)] 1, negação

5 Z (c ) → P (c ) 2, EE

6 ~ [ P (c) → Q (c)] 4, EE

7 ~ [~ P (c) ∨ Q (c)] 6, definição condicional

8 ~ (~ P (c))∧ ~ Q (c) 7, lei De Morgan

9 P (c ) ∧ ~ Q (c ) 8, dupla negação

10 ~ Q (c ) 9, simplificação

11 ∃x ~ Q ( x) 10, GE

Dessa forma, a conclusão nos permite escrever que “alguns atletas não vendem chocolates” e,
responde à questão a alternativa B.

211
6.

Carros com motor


de baixa potência

Marca X

Carros confortáveis

Figura 1 – Representação do exercício 6 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: há dois retângulos. No retângulo superior, está escrito “carros com motor de baixa
potência”. No retângulo inferior, está escrito “carros confortáveis”. Há intersecção entre esses retângulos.
Há um círculo e metade desse círculo está na região de intersecção dos retângulos e a outra metade está
contida no retângulo superior.

212
A partir da construção do diagrama de Venn, apresentado nesta figura, para a situação apre-
sentada é possível concluir que “alguns carros confortáveis possuem motor com baixa potên-
cia” e responde à questão a alternativa C.

7. A proposição dada pode ser escrita como “todo sapo preto está saltando”, o que, de
acordo com o exercício, tem valor lógico verdadeiro. Dessa forma, sua negação tem
valor lógico falso e é escrito como “existe um sapo preto que não está saltando.” Assim,
responde à questão a alternativa D.

UNIDADE 5

1.
Solução: para aplicar o PIF, um passo importante é identificar o predicado. Nesse caso, defini-
mos o predicado
3n(n + 1)
P(n) :"3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3n = " 3(1 + 1)
2 P(1) :"3 = "
A afirmação P (1) equivale à proposição lógica 2 que é claramente vá-
lida.

Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior ou
igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que P(k ) é verda-
deiro, ou seja, vale a igualdade

3k (k + 1)
P (k ) :"3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3k = "
2
Precisamos provar que P (k + 1) é verdadeiro, ou seja,

3(k + 1)(k + 2)
P(k + 1) :"3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3(k + 1) = "
2
A pergunta que surge é: como sair da Eq.(1) e chegar na Eq.(2)? Para usar o PIF, o ponto crucial
está em responder essa questão. Uma análise entre os primeiros membros das equações (1)
e (2) já nos dá a dica: a diferença entre os membros é o fator aditivo 3(k + 1) . Adicionando
3(k + 1) em ambos os membros de Eq.(1) e efetuando as manipulações algébricas neces

213
3k (k + 1)
3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3k =
2
3k (k + 1)
3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3k + 3(k =
+ 1) + 3(k + 1)
2
3k (k + 1) + 6(k + 1)
3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3k + 3(k + 1) =
2
2
3k + 3k + 6k + 6
3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3k + 3(k + 1) =
2
2
3k + 9k + 6
3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3k + 3(k + 1) =
2
2
3(k + 3k + 2)
3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3k + 3(k + 1) =
2
3(k + 1)(k + 2)
3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3k + 3(k + 1) =
2
Dessa forma, o resultado de 3n(n + 1)
3 + 6 + 9 + 12 + ... + 3n =
2
segue pelo PIF. Logo, ∀n P(n) .

2.
Solução: para aplicar o PIF, um passo importante é identificar o predicado. Nesse caso, defini-
mos o predicado

n(4n − 2)
P(n) :"1 + 5 + 9 + 13 + ...(4n − 3) = "
2
1(4 − 2)
A afirmação (1) :"1 = 1" que é claramente
P (1) equivale à proposição lógica P=
válida. 2
Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior ou
igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que P(k ) é verda-
deiro, ou seja, vale a igualdade

k (4k − 2)
P(k ) :"1 + 5 + 9 + 13 + ...(4k − 3) = "
Precisamos provar que
P (k + 1) é verdadeiro, ou seja, 2

214
(k + 1)(4k + 2)
P(k + 1) :"1 + 5 + 9 + 13 + ...(4k − 3) + (4k + 1) = "
2
A pergunta que surge é: como sair da Eq.(1) e chegar na Eq.(2)? Para usar o PIF, o ponto crucial
está em responder essa questão. Uma análise entre os primeiros membros das equações (1)
e (2) já nos dá a dica: a diferença entre os membros é o fator aditivo (4k + 1) . Adicionando
(4k + 1) em ambos os membros de Eq.(1) e efetuando as manipulações algébricas necessá-
rias, tem-se que

k (4k − 2)
1 + 5 + 9 + 13 + ...(4k − 3) =
2
k (4k − 2)
1 + 5 + 9 + 13 + ...(4k − 3) + (4k=
+ 1) + (4k + 1)
2
k (4k − 2) + 2(4k + 1)
1 + 5 + 9 + 13 + ...(4k − 3) + (4k + 1) =
2
2
4k + 6k + 2
1 + 5 + 9 + 13 + ...(4k − 3) + (4k + 1) =
2
(k + 1)(4k + 2)
1 + 5 + 9 + 13 + ...(4k − 3) + (4k + 1) =
2

Dessa forma, o resultado de


n(4n − 2)
1 + 5 + 9 + 13 + ... + (4n − 3) =
2
segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .
3.
Solução: para aplicar o PIF, um passo importante é identificar o predicado. Nesse caso, defini-
mos o predicado
P(n) :" n 2 ≥ (2n − 1)"
A afirmação
P (1) equivale à proposição lógica
P(1) :"12 ≥ (2 − 1)" que é claramente vá-
lida.

Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior ou igual a 1.

215
Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que P(k ) é verdadeiro, ou
seja, vale a igualdade

P(k ) :" k 2 ≥ (2k − 1)"

Precisamos provar que P (k + 1) é verdadeiro, ou seja,

P(k + 1) :"(k + 1) 2 ≥ (2k + 1)"


A pergunta que surge é: como sair da Eq.(1) e chegar na Eq.(2)? Para usar o PIF, o ponto crucial
está em responder essa questão. Uma análise entre os primeiros membros das equações (1)
e (2) já nos dá a dica: a diferença entre os membros é o fator aditivo (2k + 1) . Adicionando
(2k + 1) em ambos os membros de Eq.(1) e efetuando as manipulações algébricas necessá-
rias, tem-se que

k 2 ≥ (2k − 1)
k 2 + 2k + 1 ≥ (2k − 1) + 2k + 1
(k + 1) 2 ≥ 4k

Assim, como k é um número natural positivo, podemos escrever que

4k ≥ 2k + 1
ou ainda,
(k + 1) 2 ≥ 4k ≥ 2k + 1
Dessa forma, o resultado de
n 2 ≥ (2n − 1)
segue pelo PIF. Logo, ∀n P(n) .
4.
Solução: para aplicar o PIF, um passo importante é identificar o predicado. Nesse caso, defini-
mos o predicado
P(n) :"(1 + x) n ≥ 1 + nx "
A afirmação P (1) equivale à proposição lógica P (1) :"(1 + x) ≥ (1 + x)" que é clara-
mente válida.

Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior ou igual a 1.
Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que P(k ) é verdadeiro, ou

216
seja, vale a igualdade

P(k ) :"(1 + x) k ≥ 1 + kx "

Precisamos provar que P (k + 1) é verdadeiro, ou seja,

P(k + 1) :"(1 + x) k +1 ≥ 1 + (k + 1) x "

A pergunta que surge é: como sair da Eq.(1) e chegar na Eq.(2)? Para usar o PIF, o ponto crucial
está em responder essa questão. Uma análise entre os primeiros membros das equações (1)
e (2) já nos dá a dica: a observação entre os membros é o fator multiplicativo (1 + x) . Multi-
plicando (1 + x) em ambos os membros de Eq.(1) e efetuando as manipulações algébricas
necessárias, tem-se que

(1 + x) k ≥ 1 + kx
(1 + x) k (1 + x) ≥ [1 + kx ] (1 + x)
(1 + x) k +1 ≥ (1 + x) + kx(1 + x)
(1 + x) k +1 ≥ 1 + x + kx + kx 2
Sabemos que 1 + x + kx + kx 2 ≥ 1 + x + kx
Dessa forma, o resultado de

(1 + x) k +1 ≥ 1 + x + kx
(1 + x) k +1 ≥ 1 + x(k + 1)

segue pelo PIF. Logo, ∀n P(n) .


5.
Solução: para aplicar o PIF, um passo importante é identificar o predicado. Nesse caso, defini-
mos o predicado
3n +1 − 1
P(n) :"1 + 31 + 32 + 33 + ... + 3n = "
2 32 − 1
A afirmação P (1) equivale à proposição lógica P (1) :"1 + 31 = " que é claramente
válida. 2
Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior ou
igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que P(k ) é verda-
deiro, ou seja, vale a igualdade

217
3k +1 − 1
P(k ) :"1 + 31 + 32 + 33 + ... + 3k = "
2
Precisamos provar que P (k + 1) é verdadeiro, ou seja,

1 2 3 k +1 3k + 2 − 1
P(k + 1) :"1 + 3 + 3 + 3 + ... + 3 = "
2
A pergunta que surge é: como sair da Eq.(1) e chegar na Eq.(2)? Para usar o PIF, o ponto crucial
está em responder essa questão. Uma análise entre os primeiros membros das equações (1) e
(2) já nos dá a dica: a diferença entre os membros é o fator aditivo 3k +1 . Adicionando 3k +1 em
ambos os membros de Eq.(1) e efetuando as manipulações algébricas necessárias, tem-se que

3k +1 − 1
1 + 31 + 32 + 33 + ... + 3k =
2
3k +1 − 1 k +1
1 + 31 + 32 + 33 + ... + 3k + 3=k +1
+3
2
3k +1 − 1 + 2.3k +1
1 + 31 + 32 + 33 + ... + 3k + 3k +1 =
2
k +1
3 (1 + 2) − 1
1 + 31 + 32 + 33 + ... + 3k + 3k +1 =
2
k +2
3 −1
1 + 31 + 32 + 33 + ... + 3k + 3k +1 =
2
Dessa forma, o resultado de
3n +1 − 1
1 + 31 + 32 + 33 + ... + 3n =
2
segue pelo PIF. Logo, ∀n P(n) .

218
6.
a1
Solução: a equação para o termo geral de uma progressão aritmética de primeiro termo e
razão r é an = a1 + (n − 1)r . Assim, definimos o predicado
P(n) :" an = a1 + (n − 1)r "
P (1) equivale à proposição lógica
A afirmação P(1) :" a1 = a1 + (1 − 1)r = a1 " que é cla-
ramente válida.

Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior ou igual a 1.
Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que P(k ) é verdadeiro, ou
seja, vale a igualdade

P(k ) :" ak = a1 + (k − 1)r "

Precisamos provar que P (k + 1) é verdadeiro, ou seja,

P(k + 1) :" ak +1 = ak + r = a1 + kr "


A pergunta que surge é: como sair da Eq.(1) e chegar na Eq.(2)? Para usar o PIF, o ponto crucial
está em responder essa questão. Uma análise entre os primeiros membros das equações (1)
e (2) já nos dá a dica: a diferença entre os membros é o fator aditivo r . Adicionando r em
ambos os membros de Eq.(1) e efetuando as manipulações algébricas necessárias, tem-se que

ak = a1 + (k − 1)r
ak + r = a1 + (k − 1)r + r
ak +=
1 a1 + kr
Dessa forma, o resultado de

an = a1 + (n − 1)r

219
segue pelo PIF. Logo, ∀nP(n) .

7.
Solução: inicialmente faremos alguns testes para determinar o valor numérico de
n0 . Analise
a Tabela 3, apresentada a seguir:

n 2n n!

1 2 1

2 4 2

3 8 6

4 16 24

5 32 120

6 64 720

7 128 5.040

Tabela 3 – Valores investigados para determinar / Fonte: o autor.

De acordo com os resultados da Tabela 3, nota-se que P (4) é verdadeiro, pois


P(4) equi-
4
2 = 16 < 4! = 24 . Agora, defina o predicadoP(n) :"2n < n !" . A afirmação
vale à proposição lógica P(4) :"24 = 16 < 4! = 24" que é claramente válida. Assim, o pas-
so 1, do 2º princípio de indução finita, está verificado.

Vamos ao segundo passo. Seja k um número natural fixado, tal que k seja maior ou
igual a 1. Dessa forma, P(k ) comporta-se como proposição. Admitimos que P(k ) é verda-
deiro, ou seja, vale a igualdade

P(k ) :"2k < k !"

Precisamos provar que P (k + 1) é verdadeiro, ou seja,

P(k + 1) :"2k +1 < (k + 1)!"

220
Uma análise entre os primeiros membros das equações (1) e (2) já nos dá a dica: a diferença
entre os membros é o fator multiplicativo 2. Multiplicando por 2 em ambos os membros de
Eq.(1) e efetuando as manipulações algébricas necessárias, tem-se que

2k < k !
Devemos lembrar que 2 ⋅ 2k < (2k )!
(2k )! =1× 2 × 3 × ... × k × (k + 1) × (k + 2) × ... × (2k )
(k + 1)! = 1× 2 × 3 × ... × k × (k + 1)
Note que

(k + 1)! < (2k )!

Assim, podemos escrever que


2 ⋅ 2k < (k + 1)! < (2k )!
ou ainda,
2k +1 < (k + 1)!
Dessa forma, o resultado de

∃n0 ∈ N , n ≥ 4, ( 2n < n !)
segue pelo PIF. Logo, ∀n ≥ 4P(n) .

221

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