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a cadeia de custódia no direito brasileiro

Chain of custody in Brazilian law

Ionilton Pereira do Vale


Doutor em Ciências Jurídico-Criminais pela Universidade de Lisboa (2015). Mestre em

o
Direito (Direito e Desenvolvimento) pela Universidade Federal do Ceará (2003). Investigador

çã
do Centro de Investigação de Direito Penal e Ciências Criminais da Faculdade de Direito de

la
Lisboa (CIDPCC). Investigador da Fundação de Ciência e tecnologia de Portugal. Especialista
em Direito Processual Penal pela Unifor e especialista em Ciências Jurídico-Criminais pela

u
Universidade de Lisboa. Atualmente é professor de processo penal da Escola Superior da

ic
Magistratura do Estado do Ceará e do Ministério Público do Estado do Ceará, professor em

ve
diversas instituições de ensino públicas e privadas. Atualmente exerce o cargo de Promotor
de Justiça, tendo sido assessor do Procurador-Geral de Justiça por dois biênios.
a ionilton@uol.com.br
a
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Á
b
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rea do Direito: Penal


pr

R A
esumo: Além de outros temas, uma grande ino- bstract: In addition to other topics, a major in-

vação que chegou ao processo penal, por meio da novation that arrived in the criminal process,
o

Lei 13.964/2019, foi a chamada de cadeia de custó- through Law 13,964/2019, was the so-called
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dia, sendo uma série de procedimentos que visam chain of custody, being a series of procedures
us

a garantia da prova no procedimento. A cadeia de that aim to guarantee evidence in the procedure.
custódia é certamente um instituto importante no The chain of custody is certainly an important in-
cl

contexto das provas, que tem a função primordial stitute in the context of evidence, which has the
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de preservar os vestígios deixados pelo crime, ou primary function of preserving the traces left by
seja, o chamado corpo de delito. Ela tem por fi- the crime, that is, the so-called corpus delicti. Its
nalidade a garantia de verificação da cronologia purpose is to guarantee the verification of the ex-
so

existencial da prova, desde o momento em que um istential chronology of the evidence, from the mo-
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vestígio é reconhecido como prova potencial até ment a trace is recognized as potential evidence
o momento em que este é descartado. A cadeia de until the moment it is discarded. The chain of cus-
custódia age como sendo um garantidor de vali- tody acts as a guarantor of the validity of a giv-
dade de uma determinada prova, trazendo, em se- en piece of evidence, bringing into legal form the
de legal os meios (procedimentos) fundamentais fundamental means (procedures) that aim to con-
que visam transmitir a forma como determinada vey the way in which a given piece of evidence
prova deve ser extraída e mantida para análise. should be extracted and maintained for analysis.
São diversos momentos, etapas ou passagens de There are several moments, stages or passages of
atos de preservação da prova, que visa estabelecer evidence preservation acts, which aim to estab-
a segurança jurídica necessária para os operado- lish the necessary legal certainty for legal oper-
res do direito. Certamente, a cadeia de custódia ators. Certainly, the chain of custody becomes a
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ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.
Revista dos Tribunais. vol. 1058. ano 112. p. 219-235. São Paulo: Ed. RT, dezembro 2023.
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vem a ser um instrumento utilíssimo tanto para a very useful instrument for both the prosecution
acusação como para a defesa, visto que o contra- and the defense, since the adversarial process and
ditório e o devido processo legal, deverão estar em due legal process must be in line with technical,
consonância com a perícia técnica, cientifica, que scientific expertise, which can rarely be put under
raramente poderá ser posta sub examen. examination.
Palavras-chave: Cadeia de custódia – Perícia Keywords: Chain of custody – Technical exper-
técnica – Corpo de delito – Vestígios – Reconhe- tise – Body of crime – Trace elements – Recogni-
cimento – Isolamento – Armazenamento – Fixa- tion – Isolation – Storage – Fixation – Collect.
ção – Coleta.

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Sumário: 1. Introdução a cadeia de custódia. 2. Da central de custódia. 3. Elementos da ca-

la
deia de custódia. 3.1. Do início da cadeia de custódia. 3.2. Das etapas da cadeia de custódia.
3.2.1. Do reconhecimento. 3.2.2. Do isolamento. 3.2.3. Da fixação. 3.2.4. Da coleta. 3.2.5. Do

u
acondicionamento. 3.2.6. Do transporte. 3.2.7. Do recebimento. 3.2.8. Do processamento.

ic
3.2.9. Do armazenamento. 3.2.10. Do descarte. 4. Da coleta dos vestígios. 5. Bibliografia.

ve
1. Introdução a cadeia de custódia a
a
id

A aproximação ao tema central do corpo de delito, no contexto do processo penal da


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tradição continental europeia, é reveladora da necessidade de trabalhar diversos “pares teó-


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ricos”, quase sempre em situação de oposição dicotômica, “pares” que são relegados a um
plano de coadjuvantes das explicações esvaziam a pretensão de enquadramento jurídico,
pr

quer do corpo de delito, quer da cadeia da custodia de provas.1


Observa-se que toda mudança tecnológica profunda determina uma mudança social
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em um “fluxo e re-fluxo”, em que a tecnologia surge, ao mesmo tempo de satisfação de ne-


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cessidades, interesses e conflitos sociais. Face a isso, os recentes avanços nas técnicas repro-
us

dutivas confrontam-nos de forma perturbante, com a virtualidade da construção social do


biológico, isto é, a redução da contingência envolvida por recursos a processos seletivos, mas
cl

também com a autonomia e resistência do simbólico que se reconfigura na necessidade de


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ressignificar o material.2
O termo Cadeia de custódia consiste, em termos gerais, em um mecanismo garantidor
so

da autenticidade das evidências coletadas e examinadas, assegurando que correspondem ao


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caso investigado, sem que haja lugar para qualquer tipo de adulteração. Funciona, pois, co-
mo a documentação formal de um procedimento destinado a manter e documentar a his-
tória cronológica de uma evidência, evitando-se, assim, eventuais interferências internas e
externas capazes de colocar em dúvida o resultado da atividade probatória, assegurando, as-
sim, o rastreamento da evidência desde o local do crime até o Tribunal. Fundamenta-se no

1. PRADO, Geraldo. A cadeia de custódia da prova no processo penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Marcial Pons. 2021.
p. 63.
2. RODRIGUES, Benjamin V Silva. Da prova penal. Coimbra: Coimbra Ed., 2009. t. I, p. 40.
ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.
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chamado princípio da “autenticidade da prova”, um princípio básico pelo qual se entende


que determinado vestígio relacionado à infração penal, encontrado, por exemplo, no local
do crime, é o mesmo que o magistrado está usando para formar seu convencimento. Daí o
porquê de tamanho cuidado na formação e preservação dos elementos probatórios no âm-
bito processual penal.3 De forma simplificada, o STJ define a cadeia de custódia como:

“Segundo o disposto no art. 158-A do CPP, ‘Considera-se cadeia de custódia o conjunto


de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do
vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a
partir de seu reconhecimento até o descarte’.”4

o
çã
Perceba-se que a instituição da cadeia de custódia, conquanto regrada, agora, de forma
bem mais pormenorizada, não constitui qualquer novidade no direito brasileiro. Isto por-

la
que, embora de forma esparsa, tanto no âmbito do Código de Processo Penal como da le-

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gislação complementar, são encontrados dispositivos que regulamentam a manutenção e a

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documentação da cronologia que deve conduzir à produção da prova pericial. Isso, aliás, fi-

ve
ca bem claro no art. 6º do CPP, quando dispõe que, logo que tiver conhecimento da prática
de uma infração penal, a autoridade policial deverá preservar (isolar) o local para que nada
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se altere até a chegada dos peritos (inc. I), procedendo, na sequência, tão logo houver a libe-
a
ração pelos peritos, a apreensão dos objetos que tiverem relação com o fato (inc. II) e a co-
id

leta de todas as provas que servirem para a sua elucidação (inc. III). Já o art. 170 do mesmo
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diploma diz que, nas perícias em laboratório, os peritos guardarão material suficiente para
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a eventualidade de novo exame. Ora, dessas previsões infere-se, de modo muito claro, o ob-
pr

jetivo do legislador de preservação (e vem dessa ideia a palavra custódia) das fases que com-
põem a cadeia probatória.5

Eventual inadequação no manuseio e na preservação da fonte de prova pode levar à con-


o

fecção do exame de corpo de delito ou perícia com conteúdo não correspondentes à reali-
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dade do ocorrido. Tal fato poderá levar o juiz a erro. Ainda que se valha do sistema do livre
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convencimento motivado, se o juiz togado formar sua convicção por meio de exame ou pe-
rícia elaborado com elementos informativos não correspondentes à fonte, poderá o juiz ser
cl

induzido a proferir uma decisão ou sentença injusta. No campo da cadeia de custódia das
ex

provas, Geraldo Prado “nos traz como exigência dos princípios da mesmidade e da descon-
fiança”6. Por mesmidade, em similaridade à forma empregada na língua espanhola, que não
so

tem correspondente em português, entende-se a garantia de que a prova valorada é integral


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e exatamente aquela que foi colhida, correspondendo, portanto, “à mesma”.7 A desconfiança


(decorrência salutar em democracia, em que se desconfia do Poder, que precisa ser legitima-
do sempre) consiste na exigência de que a prova (documentos, DNA, áudios etc.) deve ser

3. LIMA, Renato Brasileiro. Manual de processo penal. 8. ed. Salvador: JusPodivm, 2020. p. 717.
4. STJ, HC 653.515/RJ (2021/0083108-7), rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 23.11.2021, 6ª T., DJe 01.02.2022.
5. AVENA, Norberto. Processo penal. 12. ed. São Paulo: Método, 2021. p. 1044-1045.
6. PRADO, Geraldo. Op. cit., p. 94.
7. LOPES JÚNIOR, Aury.VDireito processual penal. 17. ed. São Paulo: Saraiva. 2020. p. 414.

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acreditada e submetida a um procedimento que demonstre que tais objetos correspondem


ao que a parte alega ser.

2. Da central de custódia
Determina a lei que todas as unidades de perícia deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e ao controle dos vestígios. A central poderá ser compartilhada entre
as diferentes unidades de perícia e recomenda-se que sua gestão seja vinculada diretamen-
te ao órgão central de perícia. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central

o
de custódia destinada à guarda e ao controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada

çã
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal (art. 158-E do CPP).
Essa central de custódia é quem doravante fica encarregada da realização dos exames

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periciais, sendo a medida da reserva do possível que cada comarca tenha uma central de

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custódia, para o reconhecimento, o isolamento, a fixação, a coleta, o acondicionamento, o

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transporte, o recebimento, o processamento, o armazenamento e o descarte dos elementos

ve
sensíveis do crime (vestígios).
Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, consig-
a
nando-se informações sobre a ocorrência/inquérito que a eles se relacionam. Por evidente,
a
deve o Perito Geral nomear um funcionário ou perito que, ao receber os vestígios de um cor-
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po de delito, deverá fazer o devido protocolo e controlar a entrada e a saída desses elementos
b

sensíveis do delito praticado.


oi

Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas
pr

e deverá ser registrada data e hora do acesso. De idêntica forma, quando da tramitação do

vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, consignando-se a identificação


do responsável pela tramitação, destinação, data e horário da ação (arts. 4, 4.1-4.4 da Porta-
o

ria 82/2014 da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP). O Código de Processo


iv

Penal tece minucias acerca da Central de Custódia.


us

Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferên-
cl

cia, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação


ex

e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambien-


tais que não interfiram nas características do vestígio. É de grande relevância que a custódia
so

tenha um espaço seguro e condições ambientais em conformidade com a natureza ou as ca-


racterísticas do vestígio. Conforme aduzido por Geraldo Prado citando Fernádez Martínez:
U

“o cálculo hash e à criação de cópia lógica e cópia espelho são providencias de caráter técnico
imprescindíveis para assegurar a integridade e garantir a autenticidade do elemento proba-
tório apreendido.”8
Para a obtenção de uma molécula de DNA é necessária uma extração adequada do mate-
rial genético, para garantir uma amostra na quantidade e qualidade adequadas, outro fator
importante para a qualidade do DNA é a estocagem do DNA extraído, especialmente ao que

V p. 193.
8. PRADO, Geraldo. Op. cit.,

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se refere à temperatura em que ele permanecerá estocado, pois sua estocagem em tempera-
tura inadequada pode causar sua degradação.9
Finalmente, para maior autenticidade dos vestígios, todas as pessoas que tiverem aces-
so ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a ho-
ra do acesso.

3. Elementos da cadeia de custódia


O Art. 158-A é uma norma explicativa que declara o significado do termo “cadeia de cus-

o
tódia”, como sendo: “o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e docu-

çã
mentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.”

la
A cadeia de custódia, como o próprio nome indica, é o caminho, o iter por onde perpas-

u
sam os vestígios do crime. O legislador nomeou esse caminho “história cronológica do vestí-

ic
gio coletados em locais e vítimas do crime”. Pegando de empréstimo um crime de homicídio,

ve
o vestígio é o próprio corpo da vítima, a sede de suas lesões, a maneira como o corpo foi en-
contrado (se em decúbito dorsal, amarrado, cravejado de balas etc.), a existência ou não de
lesões de defesa e assim por diante.
a
a
Importante esclarecer que a cadeia de custódia não está só restrita ao âmbito pericial,
id

mas envolve desde a delegacia policial, quando apreende algum objeto matéria que possa
b

estar relacionado a alguma ocorrência, deve também já no seu recebimento ou achado pro-
oi

ceder com os cuidados da aplicação da cadeia de custódia. E essas preocupações vão além da
pr

polícia e da perícia, estendendo-se aos momentos de trâmites desses objetos da fase do pro-
cesso criminal, tanto no Ministério Público quanto na própria justiça. Os procedimentos da

cadeia de custódia devem continuar até o processo ter transitado em julgado.10


o
iv

3.1. Do início da cadeia de custódia


us
cl

O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com proce-
dimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (art. 158-A,
ex

§ 1º, do CPP).
so

Existem infrações que não deixam vestígios (delicta facti transeuntis), como nos crimes
contra a honra praticada oralmente, no desacato etc. Mas, por outro lado, existem as infra-
U

ções que deixam vestígios materiais (delicta facti permanentis), como o homicídio, o estu-
pro, a falsificação etc. Nesse caso, é necessária a realização de um exame de corpo de delito,
ou seja, a comprovação dos vestígios materiais deixados.11

9. COELHO, E. G. A. et al. Comparação entre métodos de estocagem de DNA extraído de amostras de sangue,
sêmen e pelos e entre técnicas de extração. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec, Minas Gerais, v. 56, n. 1, p. 111-115,
2004.
10. PRADO, Geraldo. Op. cit., p. 158.
11. CAPEZ, Fernando. Curso V de processo penal. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
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Todo crime deixa de uma forma ou outra, vestígios. Até mesmo os crimes contra a hon-
ra, os chamados crimes de palavra deixam vestígios, por exemplo, a ofensa gravada, a amea-
ça feita em forma de cartazes escritos e assim por diante. Dessa forma, podemos dividir os
vestígios, conforme as pistas deixadas, em materiais (rastro permanente) e imateriais (ras-
tro passageiro). Os crimes de vestígios materiais devem ser demonstrados judicialmente
por meio da perícia (exame de corpo de delito). Os delitos de vestígios imateriais devem ser
evidenciados em juízo por todos os demais meios de provas admitidos (testemunhas, docu-
mentos, buscas etc.).12
Dentro do cenário da academia brasileira, nos são apresentadas três classificações dos
vestígios: quanto ao modo de produção, quanto à percepção e quanto à durabilidade. Quan-

o
to ao modo de produção, os vestígios podem ser propositais (aqueles deliberadamente

çã
deixados no local, como uma falsa carta de suicídio) ou acidentais (aqueles produzidos invo-

la
luntariamente pelo agente, como pegadas, impressões digitais, pelos); quanto à percepção,

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os vestígios podem ser visíveis (aqueles que podem ser captados diretamente pelo sentidos

ic
humanos e sem o auxílio de qualquer artifício ou aparelho, como manchas aparentes de san-

ve
gue) ou latentes (aqueles que reclamam a utilização de técnicas ou aparelhos especiais pa-
ra poderem ser observados, como a maioria das impressões digitais). Por fim, os vestígios
a
podem ser classificados quanto à durabilidade, como perenes (aqueles que não desparecem
com o tempo), persistentes (aqueles que não reclamam a ação imediata do perito porque
a
permaneceram indeléveis por um tempo mais longo) ou fugazes (aqueles que desaparecem
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com facilidade, reclamando uma atuação imediata do perito).13


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oi

A lei traz uma inovação, declarando que vestígio é todo objeto ou material bruto, visível
ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. O vestígio, portan-
pr

to, é um objeto (a faca usada o homicídio, o artificio usado no crime de estelionato, a arma

utilizada no crime de roubo e assim por diante). Material bruto, significa material solido,
como uma pedra ou uma arma branca ou de fogo; latente tem dois significados, tanto pode
o

ser aquilo que é oculto14 como aquilo que é imediato ou próximo. Os dois significados têm
iv

aplicação no conceito de material latente. Pode ser um veneno ministrado de forma sub-
us

-reptícia, como o fuzil que foi disparado à queima-roupa. Visível é tudo aquilo que pode
cl

ser visto sem maiores esforços, por exemplo, os Cds ou Dvds falsificados no crime contra a
propriedade imaterial; constatado é tudo aquilo que foi apurado, certificado, investigado,
ex

procurado, sondado e finalmente recolhido é o objeto ou material que foi colhido, buscado,
apanhado. O importante é que o objeto ou material seja ligado, tenha um liame, um nexo
so

com a infração penal.


U

O Brasil, infelizmente não tem uma cultura de preservação do local do crime. Não raro,
os próprios policiais que atendem um chamado acerca de um crime cometido maculam o lo-
cal do crime que deveria ser por eles mesmos preservados. Caso essa maculação do local do

12. NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de direito processual penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. p. 135.
13. DEL-CAMPO, Eduardo Roberto Alcântara. Exame e levantamento técnico pericial de locais de interesse à
justiça criminal: abordagem descritiva e crítica. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Direito, Universi-
dade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: [https://bit.ly/31QyImG]. Acesso em: 12.02.2022.
V Renato Brasileiro. Op. cit., nota 138.
14. No sentido do texto, LIMA,

ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.


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crime tenha sido feita pelo próprio acusado, de molde a esconder os vestígios (o que aconte-
ce de forma quase sistemática), teremos o crime do art. 347 do CP brasileiro, cuja rubrica é
denominada de fraude processual, cuja redação e a seguinte:

“Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o


estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que
não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.”

o
Temos ainda o conceito de vestígios permanentes, que se dá com os chamados crimes

çã
permanentes, como o sequestro, o cárcere privado, a redução análoga a de escravo, posse de

la
armas de fogo, receptação, tráficos de drogas e outros cuja consumação se prolonga com o

u
tempo. Nesses casos os vestígios se prologam enquanto durar o crime ou não cessar a ativi-

ic
dade criminosa.

ve
Muito a propósito confira trechos da decisão contra o parlamentar Daniel Silveira, preso
por ordem do Ministro Alexandre de Moraes:
a
a
“As condutas criminosas do parlamentar configuram flagrante delito, pois na verifica-se,
id
de maneira clara e evidente, a perpetuação dos delitos acima mencionados, uma vez que
o referido vídeo permanece disponível e acessível a todos os usuários da rede mundial de
b

computadores, sendo que até o momento, apenas em um canal que fora disponibilizado,
oi

o vídeo já conta com mais de 55 mil acessos. Relembre-se que, considera-se em flagrante
pr

delito aquele que está cometendo a ação penal, ou ainda acabou de cometê-la. Na presente
hipótese, verifica-se que o parlamentar DANIEL SILVEIRA, ao postar e permitir a divul-

gação do referido vídeo, que repiso, permanece disponível nas redes sociais, encontra-se
o

em infração permanente e consequentemente em flagrante delito, o que permite a consu-


iv

mação de sua prisão em flagrante”15 (maiúsculo no original).


us

Digno de registro que a suprema corte havia mudado a jurisprudência acerca do crime
cl

permanente, pouco tempo atrás, com o tema 280, que transcrevemos a seguir no que tange
ex

ao tráfico de drogas, exigindo a presença de “fundadas razões” na entrada em domicílio do


pretenso traficante de drogas. Restou assim emendado:
so

“Agravo regimental. Recurso extraordinário. Negativa de seguimento. Manutenção.


U

Alegada violação de domicílio por ingresso sem mandado judicial. Demonstração de


fundadas razões. Situação de flagrância. Acórdão desta corte em consonância com o Te-
ma 280/STF. Agravo não provido. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE
nº. 603.616, sob o regime de repercussão geral, firmou a tese de que ‘a entrada forçada em
domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando ampara-
da em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da
casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal

15. Inq 4.781/DF, rel. Min. VAlexandre de Moraes, j. 16.02.2021.

ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.


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do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados’ (Tema 280/STF). 2. Demons-


tradas, na espécie, segundo o acórdão objeto do recurso extraordinário, a existência de
fundadas razões para o ingresso na residência, sem mandado judicial, dada a constatada
situação de flagrância. 3. Decisão agravada que não merece nenhum reparo, pois aplicou
o Tema 280/STF para negar seguimento ao recurso extraordinário. 4. Agravo regimental
não provido16 (grifo nosso).

Dito isso, não é a primeira vez que a atual composição do Supremo Tribunal Federal,
muda a sua jurisprudência (stare decisis) da noite para o dia, como foi o caso da prisão em
segunda instância, em que os nobres ministros, em várias ocasiões, mudaram seu entendi-

o
mento causando intensa insegurança jurídica. No HC 68.726, julgado em 28.06.1991, já sob

çã
o império da Constituição Federal, em decisão unânime, o Pleno do Supremo Tribunal Fe-
deral decidiu que a ordem de prisão decorrente de sentença condenatória confirmada pela

la
segunda instância não colidia com a garantia constitucional da presunção de não culpabili-

u
dade. Contudo, em 05.02.2009, com a composição plenária significativamente alterada em

ic
relação à que participou do julgamento do HC 68.726, o STF promoveu a primeira mutação

ve
constitucional quanto ao alcance da garantia da presunção de não culpabilidade prevista no
art. 5º, LVII, da CF, assentando uma interpretação diametralmente oposta à anteriormente
a
fixada. No julgamento do HC 84.078 (BRASIL, 2010), o Pleno do STF, por maioria de 7 votos
a 4, suplantou o entendimento consolidado no HC 68.726. A Corte asseverou que a execu-
a
id

ção da sentença penal condenatória, na pendência de recursos excepcionais, é incompatível


com o princípio da presunção de não culpabilidade, proibindo a prisão-pena antes do seu
b
oi

trânsito em julgado.17
pr

Os tribunais têm entendimento no sentido que a não preservação do local do crime não
é caso de nulidade, salvo se causar prejuízos para acusação ou defesa.18 Ademais, não há que

se falar em nulidade do feito se o laudo pericial foi realizado de forma meticulosa, descreven-
do de maneira suficiente o local dos fatos e o modo com o corpo da vítima foi encontrado.
o
iv

Tendo em vista que os elementos carreados aos autos demonstram que a Polícia foi a primei-
ra a chegar ao local dos fatos, preservando, assim, a cena do crime até a chegada da perícia
us

técnica, não há que se cogitar em nulidade do feito sob tal argumento.19 A ausência de pre-
cl

servação do local do crime que não inviabiliza o exame pericial é insuficiente para afastar a
ex

qualificadora do rompimento de obstáculo no crime de furto, devidamente atestada por pe-


rito e pela palavra da vítima.20
so

Nos exatos termos da Portaria 82/2014 da Secretaria Nacional de Segurança Públi-


ca (SENASP), o local do crime subdivide-se em: a.1. área imediata: é a área onde ocorreu o
U

16. STJ, AgRg no RE nos EDcl no AgRg no RHC 116792/SP (2019/0243066-2), rel. Min. Jorge Mussi, 13.10.2020,
Corte Especial, DJe 21.10.2020.
17. Disponível em: [www12.senado.leg.br/ril/edicoes/55/217/ril_v55_n217_p135.pdf]. Acesso em: 09.02.2022.
18. TJMG, Recurso em Sentido Estrito 10878190015155001/Camanducaia, rel. Jaubert Carneiro Jaques,
j. 02.02.2021, 6ª Câmara Criminal, DJ 05.02.2021.
19. TJMG, Recurso em Sentido Estrito 10514120053251001/Pitangui, rel. Marcílio Eustáquio Santos,
j. 09.03.2017, 7ª Câmara Criminal, DJ 17.03.2017.
V
20. TJSC, APR 00247084620168240023/Capital, rel. Sérgio Rizelo, j. 05.11.2019, 2ª Câm. Criminal.

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Processo Penal 227

evento alvo da investigação. É a área em que se presume encontrar a maior concentração de


vestígios relacionados ao fato (v.g., interior do quarto da casa em que o feminicídio foi co-
metido); a.2. área mediata: compreende as adjacências do local do crime. A área intermediá-
ria entre o local onde ocorreu o fato e o grande ambiente exterior que pode conter vestígios
relacionados ao fato sob investigação. Entre o local imediato e o mediato existe uma conti-
nuidade geográfica (v.g., jardim da casa onde o agente descartou o instrumento usado para
cometer o delito); a.3. área relacionada: é todo e qualquer lugar sem ligação geográfica direta
com o local do crime e que possa conter algum vestígio ou informação que propicie ser re-
lacionado ou venha a auxiliar no contexto do exame pericial (v.g., casa do agente em que foi
localizada uma camisa suja de sangue).21

o
çã
la
3.2. Das etapas da cadeia de custódia

u
3.2.1. Do reconhecimento

ic
ve
A primeira etapa da cadeia de custódia é o reconhecimento, que é o ato de distinguir um
elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial. Aqui o perito age de
a
forma semelhante ao juiz ao valorar a prova, ou seja, deve distinguir o que é ou não elemento
a
potencial para a produção da prova pericial. É o caso de um homicídio, cuja única prova é o
id

exame de DNA. O assassino teve o cuidado de apagar todos os vestígios do crime, deixando
b

na cena do crime uma bituca ou guimba de cigarro que posteriormente foi extraído o DNA.
oi

Ou ainda como no caso de alguns homicídios através de veneno encontrado na vítima, que
pr

também foi encontrado o copo que o assassino serviu a vítima.22


3.2.2. Do isolamento
o
iv

O isolamento é o ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar
us

o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime. Uma vez realizado
esse isolamento, é proibida a entrada de pessoas estranhas aos encarregados da perícia, as-
cl

sim como a remoção do local ou desfazimento da cena do crime antes da liberação por par-
ex

te do perito responsável. Antes disso, tal remoção ou desfazimento pode implicar na prática
de fraude processual (art. 158-C, § 2º, CPP).23 Aplica-se aqui, por evidente, as considerações
so

que fizemos acerca do art. 158-A, § 1º, do CPP.


U

21. LIMA, Renato Brasileiro. Op. cit., p. 718.


22. Podemos citar a título exemplificativo o caso da indonésia Jessica Kumala Wongso, de 28 anos, que foi presa
acusada de matar envenenada sua amiga, Wayan Mirna Salihin, de 27, na praça de alimentação de um sho-
pping no centro de Jacarta, capital do país. Jessica colocou cianeto no café de Wayan, que teve convulsões
e acabou morrendo no hospital. O crime, segundo a Justiça indonésia, foi premeditado. Ela teria planeja-
do o assassinato porque Wayan era “casada e feliz”. Disponível em: [https://noticias.r7.com/hora-7/fotos/
mulher-poe-veneno-mortal-no-cafe-da-amiga-por-inveja-ela-era-feliz-e-casada-16062018]. Acesso em:
09.02.2022.
V penal. 12. ed. São Paulo: Método, 2021. p. 1048.
23. AVENA, Norberto. Processo

ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.


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228 Revista dos Tribunais • RT 1058 • Dezembro de 2023

3.2.3. Da fixação
Fixação, vem a ser a descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de
crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por
fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial pro-
duzido pelo perito responsável pelo atendimento. A fixação é muito utilizada nos procedi-
mentos do Tribunal do Júri, tendo em vista a regra descrita o art. 165 do CPP24. Regra geral,
as lesões encontradas no cadáver são feitas por meio de exames, provas fotográficas, esque-
mas ou desenhos, devidamente rubricados, como complemento do exame necroscópico ou
cadavérico. Também é comum a fixação os casos de laudos relativos a homicídios culposos,

o
tendo em vista que os peritos descrevem a dinâmica do acidente.

çã
la
3.2.4. Da coleta

u
Coleta é o ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando

ic
suas características e natureza. A coleta faz parte da documentação da história cronológi-

ve
ca do elemento probatório, a demonstrar que muito provavelmente foi garantido o manda-
do jurídico de garantia e autenticidade da prova; não configura um simples relato temporal,
a
mas em atenção à complexidade do elemento probatório cumpre funções relevantes, uma
a
vez que deve descrever: a) os protocolos de coleta /extração do dado ou elemento probató-
id

rio, de sorte a comprovar que não houve supressão, inclusão ou alteração de elementos que
b

afete a qualidade “da prova autêntica e integra”, em atenção ao princípio da “mesmidade”.25


oi

Observe-se que o art. 158-C, declara que a coleta dos vestígios deverá ser realizada preferen-
pr

cialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custó-
dia, mesmo quando for necessária a realização de exames complementares. A observância

da cadeia de custódia de prova é imprescindível para que haja o respeito ao devido processo
legal.26 Como a lei processual penal se aplica de forma irretroativa (salvo, o caso das normas
o

mistas), não há que se falar em perda de uma chance probatória, em razão da não juntada da
iv

gravação original das câmeras de segurança da rua onde se deram os fatos, se o álibi defensi-
us

vo não possui lastro probatório suficiente a garantir verossimilhança ao alegado. Não é pos-
cl

sível falar-se em quebra da cadeia de custódia por inobservância de dispositivos legais que
ex

não existiam à época em que o vestígio foi coletado.27


so

3.2.5. Do acondicionamento
U

O acondicionamento é o procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é em-


balado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e

24. Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo
do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
25. PRADO, Geraldo. Op. cit., p. 168. Mesmidade significa: qualidade daquilo ou daquele que é o mesmo que
outro.
26. STJ, RHC 104.176/RJ (2018/0270095-7), rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 04.05.2021, 6ª T., DJe 14.05.2021.
V
27. TJMG, HC 10000211120696000, rel. Flávio Leite, j. 31.08.2021, 1ª Câmara Criminal, DJ 01.09.2021.

ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.


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Processo Penal 229

biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a co-
leta e o acondicionamento (art. 158-B, V, do CPP).
O art. 158-D do CPP determina algumas regras para o acondicionamento: o recipiente
que irá acondicionar o vestígio deve ser determinado pela natureza do material; além disso,
todos devem ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a
inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. Ademais, o recipiente deve
preservar as características do vestígio, de sorte que impeça qualquer contaminação e va-
zamento, bem como ter grau de resistência e espaço para registro de informações sobre seu
conteúdo.

o
De acordo com o art. 158-D, §§ 1º a 5º, o recipiente destinado ao acondicionamento do

çã
vestígio (um envelope, um frasco, um invólucro imune a variações de temperatura etc.) será
determinado segundo a natureza do material, que deverá ser adequado à preservação de suas

la
características, ter grau e resistência adequado e espaço para registro de informações sobre

u
seu conteúdo, além de ser protegido de contaminação e vazamento. Depois de acomodado

ic
o material, deve o recipiente ser selado com lacre, com numeração individualizada, de mo-

ve
do a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte, que é a etapa
seguinte da cadeia de custódia. Veja-se que a abertura do recipiente apenas poderá ser rea-
a
lizada pelo perito que procederá à sua análise e, motivadamente, por pessoa autorizada por
a
quem tenha autoridade para esse fim (o próprio perito, sob sua responsabilidade; o juiz, se
id

provocado para tanto etc.). Outro detalhe importante é o de que, após cada rompimento de
b

lacre, deve constar na ficha de acompanhamento do vestígio o nome e a matrícula do respec-


oi

tivo responsável, a data, o local e a finalidade da violação. Uma vez realizado o rompimen-
pr

to, o recipiente violado e o respectivo lacre deverão ser acondicionados no interior de outro
recipiente, observando ele as mesmas restrições do anterior e contendo os mesmos dados.28

Em conformidade com esse raciocínio, a título de exemplo, uma disposição do Códi-


o

go que no lugar da prevista no art. 158-D autorizasse o acondicionamento do vestígio sem


iv

respeitar a natureza do material coletado configuraria preceito dispositivo incentivador da


us

violação da cadeia de custódia, e não o contrário. Ainda nesse caso hipotético, com base na
“lei” imaginada, se o funcionário viesse a justificar o acondicionamento do vestígio em um
cl

recipiente impróprio, a cadeia de custódia do vestígio não teria sido implementada, o elo do
ex

acondicionamento estaria rompido e a garantia de integridade e autenticidade da prova es-


taria prejudicada.29
so
U

3.2.6. Do transporte
O transporte dos vestígios do crime é definido pela lei, como o “ato de transferir o vestí-
gio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, tem-
peratura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características originais,
bem como o controle de sua posse” (art. 158-B, VI, do CPP).

28. AVENA, Norberto. Op. cit., p. 1049-1050.


V p. 170.
29. PRADO, Geraldo. Op. cit.,

ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.


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230 Revista dos Tribunais • RT 1058 • Dezembro de 2023

Os comentários anteriores acerca do acondicionamento também são plenamente apli-


cáveis ao transporte, uma vez que ele deve obedecer às condições adequadas (embalagens,
veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas característi-
cas originais, bem como o controle de sua posse.
Dessa forma, com vistas à preservação de vários meios de prova, prevê-se que os órgãos
de polícia criminal levem a cabo determinados atos ou providências cautelares, seja no âm-
bito da análise e preservação dos vestígios do crime. (coisas e lugares), seja na colheita de
informações sobre os agentes do crime e a sua reconstituição, seja por meio da apreensão
conservação de objetos no decurso de revistas e buscas.30 Nos casos das amostras biológi-
cas, a cadeia de custódia deve ser a mais curta possível para evitar a degradação do mate-

o
çã
rial. Deve-se evitar o manuseio desnecessário, como troca de recipientes ou embalagens. No
exemplo citado, o cadáver será transportado em caminhão do Instituto Médico Legal, com

la
condições adequadas para sua preservação.31

u
ic
3.2.7. Do recebimento

ve
O recebimento é o ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser docu-
a
mentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade
a
de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, có-
id

digo de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identifi-


b

cação de quem o recebeu.


oi

Como toda a parte destinada as etapas da cadeia de custódia são normas explicativas por
pr

excelência, o recebimento dos vestígios ora transportados ou simplesmente acondicionados


também foi objeto de minúcias por parte do legislador ordinário. Essas minúcias poderiam

ser colocadas a parte como um adendo à lei, mas o legislador ordinário achou por bem nor-
o

matizá-los, o que andou muito bem por sinal. Depois da coleta, e caso os vestígios precisem
iv

serem transportados, deve-se observar por parte do(s) perito(s) uma série de procedimen-
us

tos ou protocolos, destinados à segurança a cadeia de custódia ou do histórico dos vestígios


deixados pelo crime. A lei fala no mínimo de informações referentes à segurança do trans-
cl

porte e identificação dos vestígios, o que significa que nada impede que o perito geral ou o
ex

perito diretor da Central da cadeia de custódia possa implementar outros diversos (sem ol-
vidar, contudo, o que está descrito na lei), para assegurar a fidedignidade das informações.
so

Observe-se que, segundo a lei, o perito deve estar no lugar onde os vestígios estão. No caso
de um crime de homicídio, por exemplo, o cadáver deve ser transportado com o nome do
U

local que ocorreu o homicídio, o nome de quem transportou o cadáver para exame e assim
por diante.
Dessa forma, além do número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacio-
nada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, na-
tureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu,

30. RODRIGUES, Benjamin Silva. Op. cit., p. 222.


V Op. cit., p. 723.
31. LIMA, Renato Brasileiro.

ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.


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Processo Penal 231

pode o responsável pela cadeia de custódia também implementar outros protocolos aná-
logos ao que a lei já dispõe, por exemplo, especificar o invólucro em que os vestígios estão
acondicionados. Por exemplo os vestígios de DNA em conformidade com o direito compa-
rado são constituídos, introduzidos e conservados em ficheiros de dados automatizados de
dados pessoais e amostras de voluntários e suspeitos para comprovação, por exemplo.32 Ou-
tro exemplo fornecido pela doutrina supranacional é o caso de vestígios de impressões di-
gitais e provas genéticas33, que em sua segunda modalidade (de identificação criminal) diz
respeito à obrigatoriedade da coleta de material genético para cadastro geral de condenados
em crimes praticados com violência grave contra a pessoa ou por quaisquer dos crimes pre-
vistos no art. 1º da Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8.072/1990), consoante se vê da norma

o
contida no art. 9º-A da Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/1984), com a nova redação con-

çã
ferida pela Lei 13.964/2019.34

u la
3.2.8. Do processamento

ic
ve
O processamento vem a ser o exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo
com a metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de
a
se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito.
a
O processamento vem a ser o exame pericial em si. Segundo se infere, é nesse momento
id

em que o perito faz ou executa o exame pericial, por exemplo, os vestígios de pólvora no exa-
b

me residuográfico, a constatação da toxidade da substância no exame preliminar ou defini-


oi

tivo de drogas estupefacientes, o exame do cadáver os crimes de homicídio e demais perícias.


pr

A perícia é adequada à natureza dos vestígios. Caso seja de natureza biológica, é realizada o
próprio laboratório da perícia forense. Em cada Estado Brasileiro existem setores especia-

lizados em perícia. Nas perícias de local de crime busca-se coletar o máximo de vestígios
o
iv
us

32. RODRIGUES, Benjamin Silva. Op. cit., p. 350. A Lei portuguesa 5/2008 estabelece em seu art. 26: 1 – Os
perfis de ADN e os correspondentes dados pessoais: a) Quando integrados no ficheiro previsto na alínea a)
cl

do n.º 1 do artigo 15.º, são conservados por tempo ilimitado, salvo se, por meio de requerimento escrito, o
ex

titular revogar expressamente o consentimento anteriormente prestado; b) Quando integrados no fichei-


ro previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 15.º, são conservados por tempo ilimitado, salvo se for obtida a
identificação, caso em que os perfis são eliminados mediante despacho do magistrado titular do processo;
so

c) Quando integrados no ficheiro previsto na alínea c) do n.º 1 do artigo 15.º, são conservados até que haja
identificação, caso em que são eliminados mediante despacho do magistrado titular do processo, ou até ser
U

solicitada pelos parentes a eliminação do perfil de que sejam titulares, mediante requerimento escrito.
33. Art. 5º da Lei 12.037/2009: A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que
serão juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de
investigação. Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3º, a identificação criminal poderá incluir a
coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético.
34. OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de processo penal. 25. ed. São Paulo: Método. 2021. p. 506. Cf: Art. 9º-A.
O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem como por crime contra
a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será submetido, obrigatoriamente,
à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica ade-
quada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional. (Redação dada pela Lei 13.964, de
2019). V
ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.
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232 Revista dos Tribunais • RT 1058 • Dezembro de 2023

possíveis para que se tenha uma prova material irrefutável. E nas ocorrências que envolvem
uso de arma de fogo é comum encontrar vestígios bem peculiares, tais como cápsulas defla-
gradas, estojos e projéteis, que são fragmentos de munições utilizadas em disparos de arma
de fogo. O exame de balística deve ser realizado através de máquinas e técnicas adequadas e
consiste em atestar se determinado projétil saiu de uma arma específica ou se as cápsulas de
munições pertencem à mesma arma.

3.2.9. Do armazenamento

o
O armazenamento vem a ser o procedimento referente à guarda, em condições adequa-

çã
das, do material a ser processado, guardado para realização de contra perícia35, descartado
ou transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente.

la
O art. 158-D e seus parágrafos estabelecem que o recipiente para acondicionamento do

u
vestígio será determinado pela natureza do material. Portanto, a depender do material é que

ic
teremos a guarda em recipientes próprios.

ve
A Portaria 82 de 16.07.2014 da SNSP – Secretaria Nacional de Segurança Pública, regu-
lamentou a cadeia de custódia em âmbito nacional. a
Dessa forma, o recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela
a
id
natureza do material, podendo ser utilizados: sacos plásticos, envelopes, frascos e caixas
descartáveis ou caixas térmicas, entre outros. Todos os recipientes deverão ser selados com
b

lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e idoneida-


oi

de do vestígio durante o transporte. O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar


pr

suas características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado


e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. Todos os vestígios coletados de-
verão ser registrados individualmente em formulário próprio, no qual deverão constar, no
o

mínimo, as seguintes informações: a. especificação do vestígio; b. quantidade; c. identifica-


iv

ção numérica individualizadora; d. local exato e data da coleta; e. órgão e o nome/identifi-


us

cação funcional do agente coletor; f. nome /identificação funcional do agente entregador e o


cl

órgão de destino (transferência da custódia); g. nome/identificação funcional do agente re-


ex

cebedor e o protocolo de recebimento; h. assinaturas e rubricas; i. número de procedimento


e respectiva unidade de polícia judiciária a que o vestígio estiver vinculado.
so

3.2.10. Do descarte
U

O descarte é o procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação


vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. O descarte, portanto, é a última

35. CONTRAPERÍCIA é a nova perícia realizada em material depositado em local seguro e isento que já te-
ve parte anteriormente examinada, originando prova que está sendo contestada. Por seu turno, a CON-
TRAPROVA: é o resultado da contraperícia. Disponível em: [https://diariodasleis.com.br/legislacao/
federal/227818-cadeia-de-custudia-de-vestugios-estabelece-as-diretrizes-sobre-os-procedimentos-a-se-
V
rem-observados-no-tocante-u-cadeia-de-custudia-de-vestugios.html]. Acesso em: 16.02.2022.

ale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.


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Processo Penal 233

etapa da fase relativa à etapa da cadeia de custódia e consequência natural do fato dos vestí-
gios não mais interessar ao processo penal. Trata-se de procedimento referente à liberação
do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização ju-
dicial. (Anexo I, letra i da Portaria 82/2014).
É o caso do tráfico de drogas, que, consoante a lei especial (art. 50, § 4º, da Lei 11.343/2006)
que determina que a destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competen-
te no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.

4. Da coleta dos vestígios

o
çã
A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará
o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a

la
realização de exames complementares (art. 158-C do CPP).

u
A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará

ic
o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a

ve
realização de exames complementares.
Observe-se que a lei fala que a coleta dos vestígios será realizada preferencialmente por
a
perito oficial, o que dá margem para interpretação, ante os termos do art. 158-C do CPP, de
a
que não seja, obrigatoriamente, realizada por perito oficial, podendo ser por 2 (duas) pes-
id

soas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica,


b

entre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.36 Além disso,
oi

todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de for-
pr

ma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. O recipiente


deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação e va-

zamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu
o

conteúdo. O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motiva-
iv

damente, por pessoa autorizada (item 3.6-3-8 da Portaria 82/2014).


us

Ademais, a superveniência de sentença condenatória não tem o condão de prejudicar a


análise da tese defensiva de que teria havido quebra da cadeia de custódia da prova, em razão
cl

de a substância entorpecente haver sido entregue para perícia sem o necessário lacre. Isso
ex

porque, ao contrário do que ocorre com a prisão preventiva, por exemplo – que tem nature-
za rebus sic standibus, isto é, que se caracteriza pelo dinamismo existente na situação de fa-
so

to que justifica a medida constritiva, a qual deve submeter-se sempre a constante avaliação
U

do magistrado –, o caso dos autos traz hipótese em que houve uma desconformidade entre
o procedimento usado na coleta e no acondicionamento de determinadas substâncias su-
postamente apreendidas com o paciente e o modelo previsto no Código de Processo Penal,
fenômeno processual, esse, produzido ainda na fase inquisitorial, que se tornou estático e
não modificável e, mais do que isso, que subsidiou a própria comprovação da materialidade
e da autoria delitivas.37

36. TJSC, RSE 00023211120198240030, rel. Sidney Eloy Dalabrida, j. 09.12.2021, 4ª Câm. Criminal.
37. STJ, HC 653.515/RJ, rel.VMin. Rogerio Schietti Cruz, j. 23.11.2021, 6ª T., DJe 01.02.2022.

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234 Revista dos Tribunais • RT 1058 • Dezembro de 2023

Todos os vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados co-
mo descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal respon-
sável por detalhar a forma do seu cumprimento.
A autenticação de uma prova é um dos métodos que assegura ser o item apresentado
como aquilo que se afirma ele ser denominado pela doutrina de princípio da mesmidade.38
A lei é peremptória ao afirmar que “É proibida a entrada em locais isolados bem como a
remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito res-
ponsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização.”

o
5. Bibliografia

çã
la
AVENA, Norberto. Processo penal. 12. ed. São Paulo: Método, 2021.
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

u
ic
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Revista dos Tribunais. vol. 1058. ano 112. p. 219-235. São Paulo: Ed. RT, dezembro 2023.
ProCeSSo Penal 235

PESQUISAS DO EDITORIAL
área do direito: Penal

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• Cadeia de custódia, rastreabilidade probatória, de Carlos Edinger – RBCCrim 120/237-257;
• Dado informático como fonte de prova penal confiável(?): apontamentos procedimentais sobre a

o
cadeia de custódia digital, de Carlos Hélder C. Furtado Mendes – RBCCrim 161/131-161;

çã
• Garantias constitucionais na produção probatória e o descaso com a cadeia de custódia, de Alen-

la
car Frederico Margraf e Natália Mendes Pesch – RDCI 106/225-246;

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• Investigações corporativas e aproveitamento da prova no processo penal: o problema da quebra

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da cadeia de custódia, de Douglas Rodrigues da Silva – RDPec 9/53-82; e

ve
• Prova penal: da semiótica à importância da cadeia de custódia, de Ana Luisa Zago de Moraes –
RBCCrim 132/117-138.
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vale, Ionilton Pereira do. Da cadeia de custódia no direito brasileiro.


Revista dos Tribunais. vol. 1058. ano 112. p. 219-235. São Paulo: Ed. RT, dezembro 2023.

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