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3 CADEIA DE CUSTÓDIA
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Essa nova sistemática no Código de Processo Penal foi inserida pela Lei n.º 13.964/19 — conhecida
como pacote anticrime — e trata da documentação de uma evidência. A preocupação do legislador foi tecer
todo um procedimento que visa garantir a integridade da prova, para que, quando submetida ao
contraditório, chegue absolutamente íntegra.
A cadeia de custódia da prova pode responder a um binômio, que é a autenticidadee integridade.
Ex.: ao se fazer um exame de sangue, existe todo um procedimento a ser seguido pelo atendente,
como lavar as mãos, usar luva, mostrar a seringa e a agulha e informar que estão lacradas, mostrar a etiqueta
com os dados do paciente e fazer a coleta do sangue. Todo esse procedimento tem como objetivo dar
segurança. Por isso, deve haver a documentação da evidência, com o fim de dar segurança.
O conceito de cadeia de cadeia de custódia está presente no artigo 158-A do CPP, acrescido a esse
código pela Lei n.º 13.964/19, que diz:
Segundo o professor Wilson Palermo, reside na preservação dos vestígios que futuramente poderão
se transformar em verdadeiras provas no curso do processo penal, garantindo-se, assim, a idoneidade e a
integridade.
Note que o início da cadeia de custódia pode ser dar por qualquer agente público envolvido nas
diligências.
Segundo o professor Wilson Palermo, não necessariamente um objeto reconhecido como vestígio
estará na cena do delito; por esse motivo, abriu-se a possibilidade de se iniciar uma cadeia de custódia com
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
Art. 158-A.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
3. CONCEITO DE VESTÍGIO
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4. VESTÍGIO E INDÍCIO
Segundo o professor Wilson Palermo, vestígio não se confunde com indício. Vestígio é a matéria;
indício é a circunstância. Conforme o art. 239 do Código de Processo Penal:
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com
o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Segundo o professor Wilson Palermo, a cadeia de custódia possui duas fases, que são a externa e a
interna.
A Fase externa é a fase que abrange o local de crime e eventual áreas relacionadas.
A Fase interna, por sua vez, diz respeito ao tratamento do vestígio e sua perícia, englobando o
armazenamento ou o descarte do material.
1. Reconhecimento
2. Isolamento
3. Fixação
4. Coleta
5. Acondicionamento
6. Transporte
7. Recebimento
8. Processamento
9. Armazenamento
10.Descarte
1. Reconhecimento
É o ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial. Ou
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2. Isolamento
É o ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar os ambientes imediato,
mediato e relacionado aos vestígios e ao local do crime.
Referente a esse conceito, é importante definir o que são esses três ambientes:
• Ambiente imediato: é a área abrangida pelo corpo de delito e seu entorno. É o local em que se
encontra a maioria dos vestígios materiais. Ex.: quarto em que ocorreu o homicídio;
• Ambiente mediato: é adjacente ao local imediato. Há um vínculo físico/geográfico com o local do
delito. Ex.: quintal da casa em que o criminoso deixou uma blusa;
• Ambiente relacionado: não tem conexão física/geográfica com a cena do crime, mas guarda
relação com a prática delituosa. Ex.: casa do criminoso, para onde ele pode ter levado a arma do
homicídio.
ATENÇÃO!
Segundo o professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater a
critérios lógicos, entendendo que é possível que as etapas de reconhecimento eisolamento possam ocorrer
de maneira cíclica, ou seja, podem ser invertidas.
3. Fixação
4. Coleta
É o ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características
e sua natureza.
5. Acondicionamento
É o procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de
acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação de data,
hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento.
6. Transporte
7. Recebimento
É o ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo,
informações referentes ao: número de procedimentoe à unidade de polícia judiciária relacionada; ao local
de origem; ao nome de quem transportou o vestígio; ao código de rastreamento; à natureza do exame; ao
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8. Processamento
9. Armazenamento
10. Descarte
ATENÇÃO!
Segundo o professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater a
critérios lógicos; ele entende que são possíveis pequenas inversões, desde que não comprometa a
integridade, nem se perca a história do vestígio, atendendo assim o princípio da eficiência.
Segundo o professor Wilson Palermo, cadeia de custódia e corpo de delito não se confundem, pois:
A cadeia de custódia representa todos os procedimentos que são utilizados para manter, preservar,
rastrear a posse e manuseio dos vestígios desde o seu reconhecimento até o descarte. Já o corpo de delito é
a base residual do crime, sem o que ele não existe (Genival França).
Vale lembrar que, se a infração penal deixar vestígio, é indispensável o exame de corpo de delito,
conforme o art. 158 do Código de Processo Penal.
A doutrina, assim como o STJ, oscila entre a ilicitude e nulidade, não havendo, hoje, um
posicionamento majoritário. Veja:
O STJ analisou caso concreto em que parte do conteúdo da interceptação telefônica desapareceu.
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Esse desaparececimento gera dúvida à autenticidade. Diante dessa dúvida, o STJ reconheceu a ilicitude da
prova;
STJ reconheceu nulidade da prova. Por ser caso de nulidade, é necessário que se comprove o
prejuízo, sob pena dessa nulidade não ser reconhecida:
Esta Corte Superior possui entendimento de que a prova produzida durante a interceptação
não pode servir apenas aos interesses do órgão acusador, sendo imprescindível a
preservação da sua integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado o exercício da ampla
defesa, tendo em vista a impossibilidade da efetiva refutação da tese acusatória.
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-
se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
Segundo o Art. 158-C, a coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a
realização de exames complementares.
Segundo o professor Wilson Palermo, a coleta deve ser feita necessariamente por perito oficial ou
por peritos ad hoc.
Essa regra admite apenas uma exceção, que seria aquela justificada por questões de segurança,
determinadas no próprio local, diante de eventual comprometimento da integridadefísica dos componentes
da equipe que participam das diligências, devendo ter autorização do Delegado de Polícia e liberação do
perito, com a sua supervisão, para ter ciência da forma como o material foi coletado.
Segundo o professor Wilson Palermo, o perito criminal irá eleger o melhor método para a busca de
vestígios. Cita que os métodos existentes podem ser:
• Em linha;
• Em linha cruzada;
• Em quadrante; ou
• Em espiral.
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O órgão central de perícia oficial de natureza criminal é responsável por detalhar a forma do
cumprimento do tratamento dos vestígios coletados no curso do inquérito ou processo.
A disciplina da cadeia de custódia deve ser observada tanto na fase pré-processual quanto na fase
processual penal.
Segundo o parágrafo segundo do artigo 158-C do CPP, é proibida a entrada em locais isolados e a
remoção de qualquer vestígio do local de crime, salvo se o local for liberado pelo perito responsável e sob
pena de responder pelo crime de fraude processual.
Deve o Delegado de Polícia analisar o dolo do agente que promove a retirada de vestígiosdo local do
crime, pois essa remoção pode justamente ter sido feita para preservação do vestígio.
Os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, deforma a garantir
a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
O recipiente ainda deverá:
1. Individualizar o vestígio;
2. Preservar suas características;
3. Impedir contaminação e vazamento;
4. Ter grau de resistência adequado; e
5. Ter espaço para registro de informações sobre seu conteúdo.
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Cada vez que houver rompimento do lacre, deve-se fazer constar na ficha deacompanhamento de
vestígio:
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e
ao controle dos vestígios.
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente
ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a
classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar
condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas
e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a
data e horário da ação.
O material periciado será encaminhado para central de custódia após a realização da perícia.
No período entre a realização da perícia e o armazenamento, o material é devolvido à central de custódia;
Se a central de custódia não possuir espaço ou condições de armazenar determinado material,
deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósitodo referido material em local
diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial denatureza criminal.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
custódia, devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições
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