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ARA 1054– PROCESSO PENAL APLICADO

Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha


E-mail: izimar.dalboni@estacio.br
(22)98175-9191
Teoria Geral da prova

Os professores Aury Lopes Junior e Pedro Zucchetti Filho analisaram o princípio do nemu tenetur
se detegere e procedimento probatório de reconhecimento de pessoa, a fim de esclarecer sobre o
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direito do réu em não comparecer ao ato. O artigo tem o titulo o direito do acusado de não
comparecer ao reconhecimento pessoal, e traz, dentre outras, as ponderações abaixo:
“...não sendo o imputado objeto do processo e não estando obrigado a submeter-se a qualquer tipo
de ato probatório, sua presença física na audiência, para fins de reconhecimento, depende não das
autoridades, mas exclusivamente de sua decisão — sobre a qual, dada a amplitude do nemo tenetur,
nenhuma censura ou reprovação pode recair.” Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-mar-
08/limite-penal-direito-acusado-nao-comparecer-reconhecimento-pessoal.
Acesso em: 21 maio de 2022.

Considerando o princípio do nemu tenetur se detegere, poderia o réu sofrer algum tipo de
sanção por não se submeter a procedimento probatório em seu desfavor?
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Finalidade
A prova tem por objetivo a reconstrução dos fatos investigados no processo, buscando a maior
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coincidência possível com a realidade histórica, isto é, com a verdade dos fatos. ( Eugênio Pacelli)
Destaca-se que a gestão da prova está nas mãos das partes.
De acordo com Aury Lopes Jr. “Somente havendo prova robusta, forte, altamente confiável, de
indiscutível qualidade epistêmica, que se traduza em um alto grau de verossimilhança, de
probabilidade (ou certeza, para quem admite essa categoria na perspectiva processual), que supere
toda e qualquer dúvida fundada sobre questões relevantes do caso penal, é que autoriza uma
sentença penal condenatória, pois é apta a superar a barreira do “acima da dúvida razoável” e
consegue dar conta do nível de exigência da garantia da presunção de inocência”.

Conceito
A prova está ligada à busca ou à construção da verdade no processo. Através da prova busca-se
convencer
Profª o juiz
Mestra: sobreDalboni
Izimar uma verdade,
Cunhaum conhecimento. O termo vem do latim probatio, que
significa izimar.dalboni@estacio.br
E-mail: experimentação, exame, confirmação, reconhecimento.
Assim, prova é o instrumento ou o meio através do qual as partes pretendem formar a
convicção (22)98175-9191
do julgador em um determinado processo.
Teoria Geral da prova

Nosso Código de Processo Penal (CPP) trata “Da Prova”, em seu título VII. A regulamentação
abrange disposições gerais e, em seguida, a disciplina de diversos meios específicos de prova. O
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artigo 155, que inicia o tratamento do tema, traz diversos conceitos essenciais para sua
compreensão contemporânea: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.”
Do dispositivo legal, podemos extrair que:
O julgador é o destinatário da prova;
O sistema de apreciação da prova é o do livre convencimento motivado (persuasão racional);
Os julgadores devem apresentar as razões de seu entendimento, ou seja, fundamentar sua
conclusão;
É imprescindível a garantia do contraditório.
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Elemento informativo
Colhido ao longo do procedimento investigativo, é de natureza inquisitiva. A exemplo do inquérito
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policial, não há a necessária participação dialética das partes, isto é, sem que seja viabilizado o
contraditório e a ampla defesa.

Provas
Produzido sob o crivo do contraditório, isto é, durante o curso do processo, perante o magistrado e
com a participação das partes.

ATENÇÃO
Nos termos do dispositivo supramencionado, é inportante registrar que o julgador pode utilizar
elementos informativos colhidos na investigação para fundamentar a condenação de um réu, apenas
não pode baseá-la exclusivamente neles, devendo apresentar em suas razões também provas.
Havendo
Profª apenasIzimar
Mestra: elementos informativos,
Dalboni Cunhao acusado deve ser necessariamente absolvido.
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Atos de prova Atos de investigação

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Dirigem-se a convencer o juiz de uma afirmação.
Não se referem a uma afirmação, mas a uma hipótese.

Estão a serviço do processo e integram o processo penal. Estão a serviço da investigação preliminar, isto é, da fase pré-
processual e para o cumprimento de seus objetivos.
Dirigem-se a formar a convicção do juiz para o julgamento Servem para a formação da opinio delicti do acusador.
final.
Servem à sentença. Não estão destinados à sentença, mas a demonstrar a
probabilidade do fumus commissi delicti para justificar o
processo (recebimento da ação penal) ou o não processo
(arquivamento);também servem para adoção de medidas
cautelares.
Exigem estrita observância da publicidade, contradição e Não exigem estrita observância da publicidade, contradição e
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imediação. imediação, pois podem ser restringidas
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São praticados perante o juiz que julgará o processo. Podem ser praticados pelo Ministério Público ou pela Polícia
Judiciária
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Provas cautelares
São aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo,
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podendo ocorrer tanto na fase investigativa quanto na fase processual e, em regra, demandam autorização
judicial.

Provas irrepetíveis
São aquelas que, uma vez produzidas, não podem ser colhidas novamente em razão do perecimento ou
destruição da fonte de prova, muitas vezes por causa do decurso do tempo. É o que ocorre, por exemplo, com
os vestígios decorrentes de uma lesão corporal. Assim, é necessário que o exame pericial seja realizado o
quanto antes. Também podem ocorrer na fase investigatória e em juízo, sendo que, em regra, não dependem
de autorização judicial, nos termos do art. 6º, inciso VII, do CPP, que preconiza que a autoridade policial
deverá, dentre outras diligências, determinar que se proceda a exame de corpo de delito e quaisquer outras
perícias.
ATENÇÃO
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Nos termosizimar.dalboni@estacio.br
E-mail: do dispositivo supramencionado, é importante registrar que o julgador pode utilizar elementos
informativos colhidos na investigação para fundamentar a condenação de um réu, apenas não pode baseá-la
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exclusivamente neles, devendo apresentar em suas razões também provas. Havendo apenas elementos
informativos, o acusado deve ser necessariamente absolvido.
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Provas antecipadas
São aquelas produzidas com a observância do contraditório e perante a autoridade judicial, mas em momento
processual distinto daquele legalmente previsto, como na hipótese insculpida no art. 225 do CPP, que permite
a tomada antecipada de depoimento em razão do risco de testemunha haver desaparecido ou falecido ao
tempo da instrução criminal, seja, exemplificativamente, por razões de enfermidade ou por velhice. Imperiosa a
autorização judicial para tal, bem como a demonstração da situação de urgência e relevância.

No mesmo sentido, é a autorização contida no art. 366 do CPP, coadunando-se com o disposto na súmula nº
455 do STJ, exigindo que “a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do
CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo”.

Porém, há diversos precedentes no próprio STJ entendendo possível a antecipação da colheita da prova
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testemunhal, Izimar
com base Dalboni
no art. 366 doCunha
CPP, nas hipóteses em que as testemunhas são policiais, tendo em vista
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a relevante probabilidade de esvaziamento da prova pela natureza da atuação profissional, marcada pelo
contato diário com fatos criminosos (Acórdãos do STJ: RHC 044898/SP, HC 425852/SP e HC 438916/SP).
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Provas antecipadas

Atenção!
O depoimento especial, que consiste no procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou
testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária, e que, nos termos da Lei nº13.431/2017,
deverá, sempre que possível, ser realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial,
garantida a ampla defesa do investigado, quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos ou,
ainda, em caso de violência sexual (art. 11).

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Meios de prova, fontes de prova e ônus da prova
• Meios de prova
São os instrumentos processuais disponíveis para a produção da prova em procedimento contraditório, a
exemplo da prova testemunhal e da confissão.
• Meios de obtenção da prova
São instrumentos frequentemente extraprocessuais que objetivam o encontro de provas ou fontes de prova, a
exemplo da interceptação telefônica e da busca e apreensão.
• Meios extraordinários de obtenção da prova
São as técnicas especiais de investigação - conceito adotado por parte da doutrina para nominar os
instrumentos avançados e mais vanguardistas previstos na Lei 12.850/13, como a colaboração premiada, a
ação controlada e a infiltração.
• Fontes de prova
SãoProfª Mestra:
as pessoas ouIzimar
coisas Dalboni
das quais Cunha
emana a prova. Assim, as pessoas que servirão como testemunhas são
E-mail:
fontes izimar.dalboni@estacio.br
de prova, possibilitando a produção do depoimento, meio de prova. Por sua vez, documentos ou mesmo
um cadáver, também podem ser fontes de prova, permitindo a produção de uma prova pericial, por exemplo.
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Meios de prova, fontes de prova e ônus da prova.

• Ônus da prova
O objetivo da prova é influenciar no convencimento do magistrado, sendo objeto desta os fatos que necessitem
de demonstração, a exemplo da imputação contida na denúncia ou queixa-crime.
Nos termos do art. 156 do CPP, a prova da alegação incumbirá a quem a fizer. Considerando que a conduta
criminosa narrada na inicial e sua autoria são imputadas pela acusação, indubitavelmente a atividade
probatória no processo recai precipuamente sobre ela.

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Meios de prova, fontes de prova e ônus da prova.

• Ônus da prova

Porém, há duas correntes quanto ao ônus probatório no processo penal.


1ª corrente- Majoritária
Entende que recai sobre a acusação o ônus de provar algumas especificidades, como a ocorrência do fato
típico, a autoria e/ou participação, a relação de causalidade e o dolo ou culpa (elemento subjetivo). Assim, a
existência de eventual excludente de ilicitude ou de culpabilidade alegada pela defesa, recai sobre esta o ônus
da prova.

2ª corrente – Minoritária
Profª
Todo o Mestra: Izimar seria
ônus provatório Dalboni da Cunha
acusação, incluindo-se a inexistência de excludente de ilicitude ou
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culpabilidade, sob o argumento de que qualquer dúvida deve sempre favorecer a Defesa (invocando o velho
brocardo latino “in dubio pro reo”).
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Teoria Geral da prova

Meios de prova, fontes de prova e ônus da prova.

• ARA 1054– PROCESSO PENAL APLICADO


Ônus da prova

Porém, há duas correntes quanto ao ônus probatório no processo penal.


1ª corrente- Majoritária
Entende que recai sobre a acusação o ônus de provar algumas especificidades, como a ocorrência do fato
típico, a autoria e/ou participação, a relação de causalidade e o dolo ou culpa (elemento subjetivo). Assim, a
existência de eventual excludente de ilicitude ou de culpabilidade alegada pela defesa, recai sobre esta o ônus
da prova.

2ª corrente – Minoritária
Todo o ônus provatório seria da acusação, incluindo-se a inexistência de excludente de ilicitude ou
Profª Mestra:
culpabilidade, sobIzimar Dalboni
o argumento Cunha
de que qualquer dúvida deve sempre favorecer a Defesa (invocando o velho
E-mail:latino
brocardo izimar.dalboni@estacio.br
“in dubio pro reo”).
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Meios de prova, fontes de prova e ônus da prova.

ARA
• Ônus 1054– PROCESSO PENAL APLICADO
da prova
O art. 156 do CPP expressamente faculta ao juiz:
I - Ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida.
A doutrina e a jurisprudência são uníssonas ao sustentar a vedação da iniciativa acusatória do
magistrado na fase investigativa.

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Meios de prova, fontes de prova e ônus da prova.

• ÔnusARA 1054– PROCESSO PENAL APLICADO


da prova
II - Determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Tem prevalecido o entendimento de que o magistrado pode determinar, de forma subsidiária e
fundamentada, a produção de provas que entender necessárias para o esclarecimento de
determinado ponto (invocando-se o princípio da busca da verdade real e o sistema da
persuasão racional).
Há corrente que sustenta que o juiz deva permanecer absolutamente inerte e se, ao final da
instrução, possuir qualquer dúvida, deve absolver o réu com base no princípio do in dubio pro
reo. (art. 386, VI, CPP )
O Profª Mestra:
art. 3º-A Izimarincluído
do CPP, Dalbonipela
CunhaLei nº 13.964/2019, que introduziu a figura do “Juiz de
Garantias”,
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estabelece que o processo penal terá estrutura acusatória, vedando
expressamente a iniciativa do juiz na fase de investigação, bem como a substituição da
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atuação probatória do órgão de acusação.
Teoria Geral da prova
Procedimento probatório
O procedimento probatório compreende quatro etapas:
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1. Proposição PROCESSO
- Ocorre no momento em que há PENAL APLICADO
o requerimento de provas a serem produzidas
na instrução processual ou no requerimento de juntada aos autos de provas pré-constituídas.

2. Admissão - Se dá no momento em que o juiz defere o pedido de provas pleiteado ou


determina a juntada das provas.

3. Produção - Concretiza-se no momento em que a prova é realizada sob o crivo do


contraditório, por exemplo, oitiva de testemunhas, ou com a juntada da prova pré-constituída,
em que temos um contraditório diferido, postergado.
Atenção: A partir do momento em que a prova é produzida, incide o princípio da comunhão
Profª
das Mestra:
provas, Izimar
ou seja, Dalboni
a prova Cunha
pertence ao processo e não apenas à parte que a produziu.
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4. Valoração – Trata-se do momento em que o julgador debruça-se sobre o conjunto das
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provas produzidas para formar o seu convencimento.
Teoria Geral da prova
Classificação das provas
1. Quanto ao objeto
ARA 1054– PROCESSO PENAL APLICADO
Provas diretas: são aquelas que guardam relação com a própria imputação criminal, isto é,
com o fato criminoso que é objeto do processo. Exemplo: o testemunho prestado por pessoa
que presenciou a ocorrência da infração penal.

Provas indiretas: a despeito de não estarem diretamente relacionadas à imputação criminal,


mostram-se relevantes para demonstração de determinada circunstância que permite
inferências lógicas sobre o próprio fato criminoso. Exemplo: o álibi.

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Teoria Geral da prova
Classificação das provas
2. Quanto à previsão legal
ARA 1054– PROCESSO PENAL APLICADO
Provas nominadas: são aquelas que encontram expressa previsão legal de seu nomen
juris (denominação legal de um instituto jurídico), independentemente de haver descrição do
procedimento probatório.
• Provas nominadas típicas: caso haja previsão também do procedimento probatório a ser
seguido, a doutrina majoritária classifica a prova como nominada e típica.
• Provas nominadas atípicas: havendo apenas o nomen juris legalmente previsto, teremos
a prova nominada atípica.

Provas inominadas: são aquelas que não foram legalmente previstas, sendo possível a sua
Profª Mestra:
utilização Izimar
por força Dalboni probatória.
da liberdade Cunha
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Teoria Geral da prova
Teoria da inadmissibilidade das provas ilícitas

ARA
Embora 1054–probatória,
haja liberdade PROCESSO PENAL
esta não é absoluta. APLICADO
A persecução penal não pode se dar a
qualquer preço, os fins não justificam os meios.
Assim temos a garantia constitucional e processual penal previstas no art. 5º, LVI : “são
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”, bem como no art. 157 do
CPP, que estabelece a inadmissibilidade das referidas provas e determina que sejam
desentranhadas do processo.

Embora o legislador não faça distinção entre prova ilícita e ilegítima, a doutrina ainda faz esta
distinção.

Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha


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Teoria Geral da prova
Teoria da inadmissibilidade das provas ilícitas

ProvaARA ilícita, 1054–


por força doPROCESSO
art. 157 do CPP, é aPENAL APLICADO
obtida em violação a normas constitucionais ou
legais. Em outras palavras: prova ilícita é a que viola regra de direito material, seja
constitucional ou legal, no momento da sua obtenção (confissão mediante tortura).
A noção de prova ilícita está diretamente vinculada com o momento da obtenção da prova (não
com o momento da sua produção, dentro do processo).
O momento da obtenção da prova, como se vê, tem seu locus, em regra, fora do processo (ou
seja, é extraprocessual).
Exemplo: a confissão obtida mediante tortura.
Prova ilegítima é a que viola regra de direito processual no momento de sua produção em
juízo (ou seja: no momento em que é produzida no processo).
Profª Mestra:
Exemplos: oitiva Izimar Dalboni
de pessoas queCunha
não podem depor, como é o caso do advogado que não pode
E-mail:
nada izimar.dalboni@estacio.br
informar sobre o que soube no exercício da sua profissão (art. 207, CPP); interrogatório
sem a presença de advogado; colheita de um depoimento sem advogado etc.
(22)98175-9191
A prova ilegítima é sempre intraprocessual (ou endoprocessual).
Teoria Geral da prova
Teoria da inadmissibilidade das provas ilícitas

ProvaARA ilícita, 1054–


por força doPROCESSO
art. 157 do CPP, é aPENAL APLICADO
obtida em violação a normas constitucionais ou
legais. Em outras palavras: prova ilícita é a que viola regra de direito material, seja
constitucional ou legal, no momento da sua obtenção (confissão mediante tortura).
A noção de prova ilícita está diretamente vinculada com o momento da obtenção da prova (não
com o momento da sua produção, dentro do processo).
O momento da obtenção da prova, como se vê, tem seu locus, em regra, fora do processo (ou
seja, é extraprocessual).
Exemplo: a confissão obtida mediante tortura.
Prova ilegítima é a que viola regra de direito processual no momento de sua produção em
juízo (ou seja: no momento em que é produzida no processo).
Profª Mestra:
Exemplos: oitiva Izimar Dalboni
de pessoas queCunha
não podem depor, como é o caso do advogado que não pode
E-mail:
nada izimar.dalboni@estacio.br
informar sobre o que soube no exercício da sua profissão (art. 207, CPP); interrogatório
sem a presença de advogado; colheita de um depoimento sem advogado etc.
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A prova ilegítima é sempre intraprocessual (ou endoprocessual).
Teoria Geral da prova

ARA 1054– PROCESSO PENAL APLICADO


Teoria da inadmissibilidade das provas ilícitas

A Lei 13.869/2019, que dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade, tipifica como crime,
em seu art. 25 proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou
fiscalização, por meio manifestamente ilícito, bem como o uso de prova com prévio
conhecimento de sua ilicitude, em desfavor do investigado ou fiscalizado.

Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha


E-mail: izimar.dalboni@estacio.br
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Teoria Geral da prova
Prova derivada
São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o
nexoARA 1054–
de causalidade PROCESSO
entre umas e outras, ou PENAL APLICADO
quando as derivadas puderem ser obtidas por
uma fonte independente das primeiras, nos termos do §1º do art. 157.

Não só a prova diretamente ilícita é vedada pela Constituição, mas tudo que derivar da
ilicitude será considerado imprestável no processo, de acordo com a teoria norte-americana
conhecida como fruits of the poisonous tree (teoria dos frutos da árvore envenenada).

A prova ilícita por derivação encontra conexão com o chamado princípio da contaminação,
ou seja, um ato nulo (ou ilícito) acaba contaminando outro ato, que dele dependa diretamente
ou que lhe seja consequência. Se da confissão obtida por tortura encontra-se a res furtiva em
Profªdo
razão Mestra:
que foiIzimar Dalboni Cunha
confessado, essa segunda prova também é ilícita (por derivação) (cf.
E-mail: izimar.dalboni@estacio.br
FERNANDES, Antonio Scarance, Processo penal constitucional, 3. ed., São Paulo: RT, 2002,
p. 90). (22)98175-9191
Teoria Geral da prova
Prova derivada
O art. 157, §§ 1º e 2º, CPP estabelece as seguintes regras:
ARA 1054– PROCESSO PENAL APLICADO
a) inadmissibilidade da prova ilícita derivada (princípio da contaminação);
b) não há contaminação quando não ficar evidenciado o nexo causal;
c) não há contaminação quando a prova puder ser obtida por uma fonte independente daquela
considerada ilícita;
d) a prova ilícita deve ser desentranhada.

Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha


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Teoria Geral da prova

Fontes Independentes
ARA
Trata-se 1054–
de hipótese PROCESSO
de investigação prévia ouPENAL APLICADO
contemporânea que conduz à aquisição da
mesma prova que fora colhida de forma ilícita.
A prova totalmente independente não se sujeita às regras da prova ilícita por derivação. Se a
segunda prova foi obtida de forma inteiramente independente da primeira (ilícita), não há que
se falar em nulidade ou contaminação (da segunda prova).
Aplicando-se a teoria ou princípio dos frutos da árvore envenenada, a prova derivada
diretamente da prova ilícita também é ilícita. Comprovado esse nexo a segunda prova é ilícita
e, portanto, inadmissível (devendo ser desentranhada dos autos do processo). Não
comprovado o nexo, conclui-se que se trata de prova totalmente independente (e válida).
Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha
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Teoria Geral da prova
Descoberta Inevitável
A prova obtida por meio ilícito pode ser valorada desde que, hipoteticamente, fosse possível chegar-se
licitamente à prova, esta poderia ser admitida.
ARA 1054– PROCESSO PENAL APLICADO
A aplicação desta teoria não pode ocorrer em dados meramente especulativos, sendo indispensável a
existência de dados concretos que possam confirmar que a descoberta seria inevitável.
O 2º do art. 157 diz: Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e
de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. O
legislador chamou de prova independente o que, na verdade, é a descoberta inevitável.

Atenção
Nos termos do art. 157, §5º, do CPP, o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não
poderá proferir a sentença ou acórdão. Dada a condição humana do julgador, o prévio conhecimento da
prova ilícita poderia influenciar, ainda que inconscientemente, a formação do seu convencimento, razão pela
qual o referido dispositivo demanda que seja outro o magistrado a prolatar a sentença (excepcionando a
identidade física doIzimar
Profª Mestra: juiz, insculpida
Dalboni noCunha
art. 399, §2º do CPP).
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Teoria Geral da prova

Da prova Emprestada
Prova emprestada é aquela que, tendo sido produzida em determinado processo (comunhão interna),
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ingressa em outro, para o qual não foi originalmente produzida (comunhão externa), como prova
documental, mas tem potencialidade de utilização e convencimento de sua natureza originária, seja
testemunhal, pericial etc. (FERREIRA, 2015).

Requisitos para admissibilidade da prova emprestada


STJ - HC 68155 / RJ
• Ser colhida originariamente, sob o crivo do contraditório;
• O acusado (réu) ser o mesmo
• Crimes de igual natureza
Para Gustavo Bardaró:
1. Que a prova do primeiro processo tenha sido produzida perante um juiz natural.
2.Profª
QueMestra:
a prova Izimar
produzida no primeiro
Dalboni Cunhaprocesso tenha possibilitado o exercício do contraditório perante a
parte do
E-mail: segundo processo.
izimar.dalboni@estacio.br
3. Que o objeto da prova seja o mesmo nos dois processos.
4. Que o (22)98175-9191
âmbito de cognição do primeiro processo seja o mesmo do segundo processo.
Teoria Geral da prova

Da prova Emprestada
Atenção
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Encontro fortuito e princípio da serendipidade
“Serendipidade é o encontro fortuito de prova relacionada a fato diverso daquele que está sendo
investigado. Doutrinariamente, é também denominada de crime achado e consiste na obtenção casual de
elemento probatório de um crime no curso da investigação de outro”. (Fernando Capez)
Tanto o STJ quanto o STF vem admitindo o encontro fortuito.
No julgamento do HCHC 187189/SP assim decidiu o STJ: "É legítima a utilização de informações obtidas
em interceptação telefônica para apurar conduta diversa daquela que originou a quebra de sigilo, desde que
por meio dela se tenha descoberto fortuitamente a prática de outros delitos. Caso contrário, significaria a
inversão do próprio sistema“.
(STJ; HC 187189/SP 2010/0185709-1, Rel. Min. Og Fernandes, 6ª Turma, j. 13/08/2013, DJE 23/08/2013.)
O mesmo entendimento se solidificou no STF: "Nas interceptações telefônicas validamente determinadas é
passível a ocorrência
Profª Mestra: da serendipidade,
Izimar Dalboni Cunha pela qual, de forma fortuita, são descobertos delitos que não eram
objetos
E-mail:daizimar.dalboni@estacio.br
investigação originária. Precedentes: HC 106.152, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de
24/05/2016 e HC 128.102, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 23/06/2016"
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Estudo de Caso

ARA
Vamos 1054–
supor PROCESSO
que o Ministério PENAL
Público solicite APLICADO
ao magistrado que determine a condução
coercitiva para réu para interrogatório em audiência de instrução e julgamento, sob o
argumento de que sua participação é obrigatória, em razão do texto do art. 260 do CPP.
Nesta hipótese, seria viável a pretensão do Ministério Público, considerando os princípios que
norteiam a aplicação do processo penal? Justifique.

Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha


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Atividade Autônoma Aura

Questão 1

ARA 1054– PROCESSO PENAL dosAPLICADO


1) No que diz respeito às provas ilícitas, é possível afirmar que:
a) não precisam, necessariamente, ser desentranhadas autos.
b) é possível que sejam admitidas em favor do réu.
c) são aquelas obtidas em violação a normas processuais.
d) são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo, apenas e tão somente,
quando as derivadas puderem ser obtidas por fonte independente das primeiras.
e) considera- se fonte independente aquela que por si só, seguindo trâmites atípicos, da
investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.

Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha


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Questão 2

ARAa1054– doutrina dePROCESSO


Renato Brasileiro dePENAL APLICADO
(2021 FAPECPCMS Perito Médico Legista MODIFICADA)
Conforme Lima “corpo de delito é o conjunto de vestígios
materiais ou sensíveis deixados pela infração penal. A palavra corpo não significa
necessariamente o corpo de uma pessoa. Significa sim, o conjunto de vestígios sensíveis
que o delito deixa para trás”. (DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal.
Volume único. 9ª ed. ver., ampl., atual, Salvador/BA. Editora Juspodvm, 2021. pg. 615).
Assim, acerca das disposições do Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.
a) Quando a infração deixar vestígios, será dispensável o exame de corpo de delito.
b) Será indispensável o exame de corpo de delito, ainda que a infração não deixe vestígios.
c) Será cabível apenas o exame de corpo de delito direto.
d) A prova
Profª testemunhal
Mestra: poderá Cunha
Izimar Dalboni suprir a realização de exame de corpo de delito.
e) Quando
E-mail: a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
izimar.dalboni@estacio.br
ou indireto, podendo supri-lo a confissão do acusado.
(22)98175-9191

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