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Procedimentos Especiais CPP
A CRFB/88 traz como uma de suas cláusulas pétreas o princípio do contraditório e da ampla
defesa. No que diz respeito a este princípio, a lei de drogas traz uma questão controversa ao
determinar o interrogatório como ato do início da audiência de instrução e julgamento. Sobre
esta questão, foi publicada a notícia Interrogatório do réu deve ser último ato da instrução
criminal, diz Nunes Marques, que traz, dentre outras, as ponderações abaixo:
“O interrogatório do réu, em todos os procedimentos regidos por leis especiais, deve ser o
último ato da instrução criminal, nos exatos termos do art. 400 do Código de Processo Penal,
pois se trata de lei posterior mais benéfica ao réu, tendo em vista que assegura maior
efetividade aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa”. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2022jan20/interrogatorioreuultimoatoinstrucaocriminal
Acesso em 24 de maio de 2022.
Se o direito ao processo é assegurado pela constituição, garantido o contraditório e a
ampla defesa, poderia o réu ser obrigado a falar em interrogatório no início da AIJ?
De acordo com o art. 514, CPP, o rito especial só se aplica aos crimes afiançáveis.
A reforma de 2008 reformou parcialmente o art. 513, CPP, no que tange à possibilidade
de instruir a ação penal apenas com declaração fundamentada sobre a impossibilidade
de apresentação de qualquer prova, pois o art. 395, aplicável ao procedimento especial
por força do § 4º, art. 394, CPP, diz que a denúncia será rejeitada quando não
houver justa causa. Sendo assim, é imprescindível a existência de lastro
probatório mínimo.
Procedimento
1. Oferecimento da Denúncia
2. Notificação do imputado para apresentar resposta preliminar.
3. Resposta preliminar da defesa – art. 514, CPP.
4. Juiz decide se recebe ou rejeita a acusação.
5. Recebendo a denúncia, cita réu para apresentar resposta à acusação, nos termos
do art. 396-A, CPP.
6. Juiz decide se absolve sumariamente ou não – art. 397
7. Não absolvendo, marca AIJ nos termos dos arts. 399 e seguintes, CPP.
•O procedimento para julgamento dos crimes contra a honra , tipificados nos arts. 138 a
145, CP, foi praticamente absorvido pela Lei 9099/95.
•O procedimento dos artigos 519 a 523 do CPP é aplicável tão somente às hipóteses
em que a pena máxima cominada ao crime for superior a dois anos de prisão, pois,
caso contrário, classifica-se como de menor potencial ofensivo e o rito a ser observado
será o sumaríssimo da Lei nº 9.099/1995.
•Dessa forma, os delitos com pena máxima in abstrato superior a dois anos e, portanto,
sujeitos ao procedimento ditado pelo CPP são apenas os crimes: de injúria qualificada
(artigo 140, § 3º, do CP); de calúnia, quando aplicável a causa de aumento de pena do
artigo 141 do CP; e os crimes praticados sob a forma de violência doméstica e familiar
contra a mulher (violência moral), nos termos definidos no art. 7º, V, da Lei nº
11.340/2006.
Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha
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Procedimentos Especiais CPP
•O procedimento para julgamento dos crimes contra a honra , tipificados nos arts. 138 a
145, CP, foi praticamente absorvido pela Lei 9099/95.
•Desta forma, o procedimento especial previsto no CPP está adstrito aos crimes contra
a honra, que são delitos de ação penal privada, não abrangendo os delitos de ação
pública, a saber os crimes contra a honra do Presidente da República, o de funcionário
público no exercício da função e a injúria real, dispostos ao longos dos arts. 140 e 141
do CPP. Esse rito segue os atos previstos para o procedimento comum ordinário com o
acréscimo de:
•uma fase conciliatória antes do recebimento da denúncia – art.520,CPP.
•uma previsão de providência para o caso de exceção da verdade, ou seja, prazo de 2
dias para contestação da exceção, podendo-se arrolar testemunhas –art. 523, CPP
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Procedimentos Especiais CPP
•Fases do procedimento
•Para que se tenha uma visão sistemática do procedimento, convém de início elencar as
suas fases:
1. oferecimento da queixa
2. audiência de conciliação (art. 520)
3. recebimento da queixa (art. 395)
4. citação para apresentar resposta
5. resposta do réu (art. 396)
6. Exceção da verdade – art. 523, CPP
6. possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
7. audiência de instrução e julgamento (art. 400 ).
ATENÇÃO
Havendo a ausência do querelante, se injustificada, o processo deve ter prosseguimento,
inexistindo razão para extingui-lo simplesmente porque deixou o querelante de comparecer a
uma audiência de conciliação, devendo isso ser interpretado como ausência de vontade em
transigir.
Entretanto, se houver ausência do querelado, o magistrado pode receber a ação penal e
ordenar seu prosseguimento ou determinar a sua condução coercitiva com base no artigo 260
do CPP, apesar de sua ausência não acarretar, para ele, nenhum ônus ou sanção processual.
Porém, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar as ADPFs 395 e 444, decidiu que não é
compatível com a Constituição da República a condução coercitiva do investigado ou do réu
para interrogatório no âmbito da investigação ou da ação penal.
A apuração dos crimes contra a propriedade imaterial, com o advento da Lei n.º
10.695/2003, depende da natureza da ação penal. Se a ação penal for privada, os
procedimentos a serem adotados são os dispostos nos arts. 524 a 530 do CPP. Por outro
lado, em se tratando de ação penal pública condicionada ou incondicionada, o rito será o
estabelecido nos arts. 530-B ao 530-H do diploma mesmo processual penal.
Quer seja a ação pública, quer seja privada, cumpre frisar que todas as normas especiais
inerentes aos crimes contra a propriedade imaterial dizem respeito apenas à “fase pré-
processual, encontrando-se relacionadas unicamente à materialização do vestígio deixado
com a produção ou reprodução ilícita.” (AVENA, 2009, p. 693)
b) providências preliminares à ação penal: em consonância com a Lei n.º 9.279/96, que
condiciona o ingresso da ação à colheita preliminar de determinadas provas, como
apreensão do material, deve haver requerimento destas diligências ao juiz, acompanhado da
prova do direito de ação;
c) busca e apreensão: após provada a legitimidade ativa mencionada no item anterior, será
realizada a busca e apreensão nos termos do art. 527 do CPP, a qual será cumprida por
dois peritos;
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Procedimentos Especiais CPP
e) prazo decadencial (art. 529 do CPP): para os crimes contra a propriedade imaterial de
ação privada, não será admitida a queixa quando decorrido o prazo de 30 dias após a
homologação do laudo; e,
Fases do procedimento:
1. oferecimento da queixa
2. recebimento da queixa, sendo certo que a petição inicial tem que ser instruída com o
laudo pericial (art. 395, c/c 529)
3. citação para apresentação de resposta (arts. 351 a 369)
4. resposta do réu (art. 396)
5. possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
6. audiência de instrução e julgamento (art. 531).
SÚMULA 522, SFT: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando então a competência
será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e julgamento dos
crimes relativos a entorpecentes.
O art. 400 do CPP foi alterado pela Lei O art. 57 da Lei de Drogas prevê que, na
n.° 11.719/2008 e, atualmente, o audiência de instrução e julgamento, o
interrogatório deve ser feito depois da interrogatório do acusado é feito antes da
inquirição das testemunhas e da realização inquirição das testemunhas.
das demais provas. Em suma, o interrogatório é o primeiro ato
Em suma, o interrogatório passou a ser o da audiência de instrução.
último ato da audiência de instrução
(segundo a antiga previsão, o interrogatório
era o primeiro ato).
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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06
Diante dessa constatação, e pelo fato de a Lei n.° 11.719/2008 ser posterior à Lei de
Drogas, surgiu uma corrente na doutrina defendendo que o art. 57 foi tacitamente revogado
e que, também no procedimento da Lei n.° 11.343/2006, o interrogatório deveria ser o último
ato da audiência de instrução, já que o art. 394, § 4º c/c §5º, determina que o disposto nos
arts. 395 a 398, CPP aplica-se aos procedimentos especiais.
.
STF decide que interrogatório ao final da instrução criminal se aplica a processos militares
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que se aplica ao
processo penal militar a exigência de realização do interrogatório do réu ao final da instrução
criminal, conforme previsto no artigo 400 do Código de Processo Penal (CPP). Na sessão
desta quinta-feira (3), os ministros negaram o pedido no caso concreto – Habeas Corpus
(HC) 127900 – tendo em vista o princípio da segurança jurídica. No entanto, fixaram a
orientação no sentido de que, a partir da publicação da ata do julgamento, seja aplicável a
regra do CPP às instruções não encerradas nos processos de natureza penal militar e
eleitoral e a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial.
HABEAS CORPUS 127.900 AMAZONAS
RELATOR :MIN. DIAS TOFFOLI– Relator Min, Dias Toffoli . Julgado em 03/03/2016.
Rejeição da Cabe
Notificação Inicial – RESE –
Denúncia Apresentação da Extinção do feito
acusado para Art. 581,
ou queixa ( defesa + exceções (art. 395, CPP)
resposta ( 10 I, CPP
10 dias) – art. 55, §§ 1º e 2º
dias) – art. 55
Decisão do Recebida a
Juiz pode determinar Juiz em 5 dias denúncia- citação do
diligências, perícias, – art. 55,§ 4º réu para AIJ no
apresentação do preso prazo de 30 dias –
(art. 55, § 5º, Lei de Art. 56, caput e § 2º
drogas) Absolvição
Sumária – art.
Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha 397, CPP Cabe Apelação-
E-mail: izimar.dalboni@estacio.br art. 593, CPP
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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06
Inquirição de
AIJ Inquirição de
Testemunhas Interrogatório
Art. 57, Testemunhas
da acusação do
CPP da defesa
Acusado
Sentença –
Sustentação Sustentação oral
oral ou em 10
oral MP- da defesa –
dias Cabe
20 min. 20 min.
Art. 58 Apelação-
Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha art. 593, CPP
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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06
LEI Nº 14.322, DE 6 DE ABRIL DE 2022
Altera a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei Antidrogas), para excluir a possibilidade de
restituição ao lesado do veículo usado para transporte de droga ilícita e para permitir a alienação ou o
uso público do veículo independentemente da habitualidade da prática criminosa.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Os arts. 60 e 61 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei Antidrogas), passam a vigorar
com as seguintes alterações:
"Art. 60. .............................................................................................................
......................................................................................................................................
§ 5º Decretadas quaisquer das medidas previstas nocaputdeste artigo, o juiz facultará ao acusado
que, no prazo de 5 (cinco) dias, apresente provas, ou requeira a produção delas, acerca da origem
lícita do bem ou do valor objeto da decisão, exceto no caso de veículo apreendido em transporte de
droga ilícita.
Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha
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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06
LEI Nº 14.322, DE 6 DE ABRIL DE 2022
§ 6º Provada a origem lícita do bem ou do valor, o juiz decidirá por sua liberação, exceto no caso de
veículo apreendido em transporte de droga ilícita, cuja destinação observará o disposto nos arts. 61 e
62 desta Lei, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé." (NR)
"Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e
dos maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a prática,
habitual ou não, dos crimes definidos nesta Lei será imediatamente comunicada pela autoridade de
polícia judiciária responsável pela investigação ao juízo competente.
............................................................................................................................" (NR)
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Aberta a audiência, o réu foi chamado a falar em seu interrogatório. Imediatamente o seu
advogado pediu a palavra e requereu ao magistrado que o interrogatório aconteça após a
oitiva das testemunhas. Merece acolhida a pretensão do réu? Justifique.
Questão 2
Sobre as disposições processuais da lei 11343/06, é correto afirmar: