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Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha

E-mail: izimar.dalboni@estacio.br
(22)98175-9191
Procedimentos Especiais CPP
A CRFB/88 traz como uma de suas cláusulas pétreas o princípio do contraditório e da ampla
defesa. No que diz respeito a este princípio, a lei de drogas traz uma questão controversa ao
determinar o interrogatório como ato do início da audiência de instrução e julgamento. Sobre
esta questão, foi publicada a notícia Interrogatório do réu deve ser último ato da instrução
criminal, diz Nunes Marques, que traz, dentre outras, as ponderações abaixo:
“O interrogatório do réu, em todos os procedimentos regidos por leis especiais, deve ser o
último ato da instrução criminal, nos exatos termos do art. 400 do Código de Processo Penal,
pois se trata de lei posterior mais benéfica ao réu, tendo em vista que assegura maior
efetividade aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa”. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2022jan20/interrogatorioreuultimoatoinstrucaocriminal
Acesso em 24 de maio de 2022.
Se o direito ao processo é assegurado pela constituição, garantido o contraditório e a
ampla defesa, poderia o réu ser obrigado a falar em interrogatório no início da AIJ?

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Atualmente, encontramos três procedimentos especiais no CPP:


• um para os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos;
• outro para os crimes contra a honra;
• e o procedimento relativo aos crimes contra a propriedade imaterial

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Na apuração dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, estabelece o CPP
procedimento diferenciado conforme o caráter inafiançável ou afiançável do delito.
Ocorre que, na atualidade, tendo em vista a nova disciplina introduzida pela Lei nº 12.403/2011
ao CPP, tal distinção perdeu completamente a relevância. Isso porque, nos termos do artigo
323 do CPP alterado pela referida lei, são inafiançáveis apenas os crimes de racismo, tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, os crimes definidos como hediondos e
aqueles cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático.
Considerando que, nesse rol, não está inserido qualquer dos crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos, infere-se que tais delitos, agora, são todos afiançáveis.
independentemente de qual tenha sido o crime praticado, para definição do procedimento,
deve-se conciliar o rito ditado pelos artigos 514 a 518 do CPP com o estabelecido no artigo
394, § 4º (redação da Lei nº 11.719/2008) do mesmo Código, ao prever que as disposições dos
artigos 395 a 398 aplicam-se a todos os procedimentos de primeiro grau.
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Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e
julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com
documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com
declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas
provas.
ATENÇÃO:
Ao dizer “crimes de responsabilidade de funcionários públicos”, na verdade, o legislador
quis tratar dos CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NO
EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.
Apesar da nomenclatura parecida, o procedimento previsto no art. 513, CPP não
guarda relação direta com os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da
República e outras autoridades listadas na CF/1988, que são infrações, na verdade, de
natureza administrativa e não penal.
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Os crime praticados por funcionários públicos, no exercício de sua função, são os


chamados crimes funcionais e encontram-se previstos nos artigos 312 a 326 do
Código Penal.
Só podem ser praticados por funcionário público, salvo quando realizados em concurso
com particular, quando a conduta deste último, então, implementa também o tipo penal,
pois as circunstâncias elementares do tipo se comunicam no caso de concurso de
pessoas (artigo 30 do CP).

De acordo com o art. 514, CPP, o rito especial só se aplica aos crimes afiançáveis.

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Previsão legal – art. 513 a 518, CPP


Procedimento
aplicável aos
crimes Não se aplica a crimes inafiançáveis
comuns
praticados por Não se aplica a crime funcional praticado por
funcionários funcionário público com prerrogativa de
públicos função nos Tribunais Superiores- Lei
8038/90.

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Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e


julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com
documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com
declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer
dessas provas.

A reforma de 2008 reformou parcialmente o art. 513, CPP, no que tange à possibilidade
de instruir a ação penal apenas com declaração fundamentada sobre a impossibilidade
de apresentação de qualquer prova, pois o art. 395, aplicável ao procedimento especial
por força do § 4º, art. 394, CPP, diz que a denúncia será rejeitada quando não
houver justa causa. Sendo assim, é imprescindível a existência de lastro
probatório mínimo.

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Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o
juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito,
dentro do prazo de quinze dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da
jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta
preliminar.
O ponto chave do art. 514 é a chamada defesa preliminar, que deve ser apresentada uma
vez que o funcionário público é notificado da acusação. Esta defesa tem objetivo evitar que a
denúncia seja recebida.

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Ressalta-se que, no âmbito do STF, entende-se que é indispensável a defesa


preliminar nas hipóteses do artigo 514 do CPP, mesmo quando a denúncia é
lastreada em inquérito policial, já que a finalidade precípua dessa defesa é a de evitar
a propositura de ações penais temerárias contra funcionários públicos.
Já no STJ, consagrou-se entendimento oposto, compreendendo-se, nos termos da
Súmula 330, que “é desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do
CPP, na ação penal instruída por inquérito policial”.
De todo modo, cabe ressaltar que ambas as Cortes Superiores compreendem que a
nulidade eventualmente configurada em razão da falta de notificação para defesa
preliminar é relativa, devendo ser arguida tempestivamente, com demonstração de
prejuízo, sob pena de preclusão.

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Procedimento
1. Oferecimento da Denúncia
2. Notificação do imputado para apresentar resposta preliminar.
3. Resposta preliminar da defesa – art. 514, CPP.
4. Juiz decide se recebe ou rejeita a acusação.
5. Recebendo a denúncia, cita réu para apresentar resposta à acusação, nos termos
do art. 396-A, CPP.
6. Juiz decide se absolve sumariamente ou não – art. 397
7. Não absolvendo, marca AIJ nos termos dos arts. 399 e seguintes, CPP.

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CRIMES CONTRA A HONRA

•O procedimento para julgamento dos crimes contra a honra , tipificados nos arts. 138 a
145, CP, foi praticamente absorvido pela Lei 9099/95.
•O procedimento dos artigos 519 a 523 do CPP é aplicável tão somente às hipóteses
em que a pena máxima cominada ao crime for superior a dois anos de prisão, pois,
caso contrário, classifica-se como de menor potencial ofensivo e o rito a ser observado
será o sumaríssimo da Lei nº 9.099/1995.
•Dessa forma, os delitos com pena máxima in abstrato superior a dois anos e, portanto,
sujeitos ao procedimento ditado pelo CPP são apenas os crimes: de injúria qualificada
(artigo 140, § 3º, do CP); de calúnia, quando aplicável a causa de aumento de pena do
artigo 141 do CP; e os crimes praticados sob a forma de violência doméstica e familiar
contra a mulher (violência moral), nos termos definidos no art. 7º, V, da Lei nº
11.340/2006.
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CRIMES CONTRA A HONRA

•O procedimento para julgamento dos crimes contra a honra , tipificados nos arts. 138 a
145, CP, foi praticamente absorvido pela Lei 9099/95.
•Desta forma, o procedimento especial previsto no CPP está adstrito aos crimes contra
a honra, que são delitos de ação penal privada, não abrangendo os delitos de ação
pública, a saber os crimes contra a honra do Presidente da República, o de funcionário
público no exercício da função e a injúria real, dispostos ao longos dos arts. 140 e 141
do CPP. Esse rito segue os atos previstos para o procedimento comum ordinário com o
acréscimo de:
•uma fase conciliatória antes do recebimento da denúncia – art.520,CPP.
•uma previsão de providência para o caso de exceção da verdade, ou seja, prazo de 2
dias para contestação da exceção, podendo-se arrolar testemunhas –art. 523, CPP
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1. Audiência de conciliação – art. 520, CPP


Antes que o magistrado receba a queixa-crime, ele ordenará o comparecimento do querelante e do
querelado para comparecerem à audiência de tentativa de reconciliação Se na audiência de conciliação
as partes se entenderem, será assinado termo de desistência da ação penal, arquivando-se o feito. Se
não houver entendimento, prossegue-se com a ação penal;
Havendo a conciliação, será assinado termo de desistência da ação penal, arquivando-se o feito. Por
outro lado, se não houver êxito na tentativa de conciliação, caberá ao juiz proceder ao seu recebimento,
ordenando a citação do réu para resposta em dez dias (artigo 396 do CPP).
Ressalta-se que prevalece na doutrina que a natureza jurídica da audiência de tentativa de conciliação é
de condição de prosseguibilidade da ação penal e a ausência de designação dessa audiência
consubstancia constrangimento ilegal, produzindo nulidade processual relativa em face da omissão de
formalidade essencial. Entretanto, se a audiência de tentativa de conciliação for realizada após o
recebimento da queixa-crime, não há que se falar em nulidade, pois o ato terá cumprido sua finalidade.

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2. A exceção da verdade – art. 523, CPP
Contemporaneamente à apresentação da resposta, poderá o querelado, em petição distinta,
apresentar exceção da verdade ou exceção da notoriedade do fato (artigo 523 do CPP).
A exceção da verdade consiste na oportunidade assegurada ao réu para demonstrar a
veracidade das afirmações consideradas ofensivas pelo querelante. É admitida na hipótese de
calúnia (artigo 138, § 3º, do CP) e de difamação praticado contra funcionário público no
exercício de suas funções (artigo 139, parágrafo único, do CP).
Por outro lado, a exceção da notoriedade do fato é aquela que visa demonstrar que a
afirmação realizada pelo réu não causa reação no meio social, já que respeita a fato conhecido
por todos. Essa é cabível apenas na difamação, independentemente da condição do ofendido
(funcionário público ou não).
Ressalta-se que não se admitem as exceções da verdade e da notoriedade do fato no crime
de injúria, pois, nesse caso, é violada a honra subjetiva da pessoa, não importando a verdade
ou a notoriedade do que foi afirmado pelo réu.
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2. A exceção da verdade – art. 523, CPP
Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o querelante
poderá contestar a exceção no prazo de dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas
arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às primeiras, ou para
completar o máximo legal.
Atenção!
Estabelece o artigo 144 do CP que, “se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia,
difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se
recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa”.
Como se vê, trata-se do pedido de explicações de uma medida não obrigatória e preliminar ao
ingresso de ação penal por crime contra a honra, que visa obter do suposto ofensor um
esclarecimento sobre o real sentido de suas expressões.
O pedido, na verdade, possui natureza jurídica de uma interpelação, processando-se com
base nos artigos 726 e seguintes do CPC/2015.
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•Fases do procedimento

•Para que se tenha uma visão sistemática do procedimento, convém de início elencar as
suas fases:
1. oferecimento da queixa
2. audiência de conciliação (art. 520)
3. recebimento da queixa (art. 395)
4. citação para apresentar resposta
5. resposta do réu (art. 396)
6. Exceção da verdade – art. 523, CPP
6. possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
7. audiência de instrução e julgamento (art. 400 ).

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ATENÇÃO
Havendo a ausência do querelante, se injustificada, o processo deve ter prosseguimento,
inexistindo razão para extingui-lo simplesmente porque deixou o querelante de comparecer a
uma audiência de conciliação, devendo isso ser interpretado como ausência de vontade em
transigir.
Entretanto, se houver ausência do querelado, o magistrado pode receber a ação penal e
ordenar seu prosseguimento ou determinar a sua condução coercitiva com base no artigo 260
do CPP, apesar de sua ausência não acarretar, para ele, nenhum ônus ou sanção processual.
Porém, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar as ADPFs 395 e 444, decidiu que não é
compatível com a Constituição da República a condução coercitiva do investigado ou do réu
para interrogatório no âmbito da investigação ou da ação penal.

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CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL

A apuração dos crimes contra a propriedade imaterial, com o advento da Lei n.º
10.695/2003, depende da natureza da ação penal. Se a ação penal for privada, os
procedimentos a serem adotados são os dispostos nos arts. 524 a 530 do CPP. Por outro
lado, em se tratando de ação penal pública condicionada ou incondicionada, o rito será o
estabelecido nos arts. 530-B ao 530-H do diploma mesmo processual penal.

Quer seja a ação pública, quer seja privada, cumpre frisar que todas as normas especiais
inerentes aos crimes contra a propriedade imaterial dizem respeito apenas à “fase pré-
processual, encontrando-se relacionadas unicamente à materialização do vestígio deixado
com a produção ou reprodução ilícita.” (AVENA, 2009, p. 693)

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No que tange aos crimes de ação penal privada, Norberto Avena (2009, p. 694) destaca os
seguintes aspectos:
a) obrigatoriedade da perícia, que é considerada condição de procedibilidade para a ação
penal;

b) providências preliminares à ação penal: em consonância com a Lei n.º 9.279/96, que
condiciona o ingresso da ação à colheita preliminar de determinadas provas, como
apreensão do material, deve haver requerimento destas diligências ao juiz, acompanhado da
prova do direito de ação;

c) busca e apreensão: após provada a legitimidade ativa mencionada no item anterior, será
realizada a busca e apreensão nos termos do art. 527 do CPP, a qual será cumprida por
dois peritos;
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d) homologação pelo juiz: finalizadas as diligências e apresentado o laudo, os autos serão


conclusos para homologação do magistrado;

e) prazo decadencial (art. 529 do CPP): para os crimes contra a propriedade imaterial de
ação privada, não será admitida a queixa quando decorrido o prazo de 30 dias após a
homologação do laudo; e,

f) ajuizamento da ação penal: havendo materialidade da produção ou reprodução ilícita, dar-


se-á o ajuizamento da ação penal, que, após o recebimento da queixa, seguirá o rito comum
ordinário.

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➢ Além de algumas medidas cautelares, o CPP prevê a possibilidade de ,na sentença


condenatória, o juiz determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou
reproduzidos, bem como o perdimento dos equipamentos apreendidos destinados à
prática do crime, ou a doação para a Fazenda Nacional, os Estados, os Municípios e o
Distrito Federal, não sendo possível retorná-los aos comércio – art. 530-G.

➢ O art. 530-H prevê a possibilidade de associações de titulares de direito de autor e os


que lhe são conexos intervirem como assistentes da acusação, havendo , como isso, um
verdadeiro interesse jurídico extraordinário.

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Fases do procedimento:

1. oferecimento da queixa
2. recebimento da queixa, sendo certo que a petição inicial tem que ser instruída com o
laudo pericial (art. 395, c/c 529)
3. citação para apresentação de resposta (arts. 351 a 369)
4. resposta do réu (art. 396)
5. possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
6. audiência de instrução e julgamento (art. 531).

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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06

PROCEDIMENTO NOS CRIMES PREVISTOS NA LEI 11.343/06

Competência: o processo e julgamento dos crimes previstos nos artigos 33 a 37 da Lei de


Drogas, se caracterizado ilícito transnacional, são de competência da Justiça Federal, por
força do artigo 109, inciso V, CF. Os crimes praticados nos municípios que não sejam sede
de vara federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.,
conforme artigo 70 da Lei de Drogas.

SÚMULA 522, SFT: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando então a competência
será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e julgamento dos
crimes relativos a entorpecentes.

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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06

Excepciona-se do procedimento especial acima mencionado o crime previsto no art. 28, da


Lei n.º 11.343/2006 (posse de entorpecente para uso pessoal), o qual será processado e
julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, salvo se em concurso com os crimes
previstos nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas. (OLIVEIRA, 2012, p. 786)

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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06

1. Para a prisão em flagrante é necessário o laudo de constatação da natureza da droga e


quantidade – art. 50§ 1º
2. O inquérito pode durar até 90 dias , com indiciado solto e 30 dias com indiciado preso.
3. Concluído o IP e remetido ao Ministério Público este terá 10 dias para requerer o
arquivamento, requerer novas diligências ou oferecer denúncia, arrolando até 5
testemunhas. – art. 54 e incisos, Lei 11.343/06.
4. Notificação do acusado: Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado
para oferecer defesa prévia ou preliminar, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.- art. 55
5. Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 dias se recebe ou não a denúncia – art. 55,
§4º.
6. Recebida a denúncia , designará data e hora para a AIJ , no prazo de 30 dias – art. 56,
caput e §2º .
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AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
De acordo com o art. 57, o interrogatório é o primeiro ato da audiência.

CPP (art. 400) Lei n.° 11.343/2006 (art. 57)

O art. 400 do CPP foi alterado pela Lei O art. 57 da Lei de Drogas prevê que, na
n.° 11.719/2008 e, atualmente, o audiência de instrução e julgamento, o
interrogatório deve ser feito depois da interrogatório do acusado é feito antes da
inquirição das testemunhas e da realização inquirição das testemunhas.
das demais provas. Em suma, o interrogatório é o primeiro ato
Em suma, o interrogatório passou a ser o da audiência de instrução.
último ato da audiência de instrução
(segundo a antiga previsão, o interrogatório
era o primeiro ato).
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O QUE É MAIS FAVORÁVEL AO ACUSADO ?

Sem dúvidas que a realização do interrogatório ao final da instrução, para possibilitar o


contraditório e a ampla defesa.

Diante dessa constatação, e pelo fato de a Lei n.° 11.719/2008 ser posterior à Lei de
Drogas, surgiu uma corrente na doutrina defendendo que o art. 57 foi tacitamente revogado
e que, também no procedimento da Lei n.° 11.343/2006, o interrogatório deveria ser o último
ato da audiência de instrução, já que o art. 394, § 4º c/c §5º, determina que o disposto nos
arts. 395 a 398, CPP aplica-se aos procedimentos especiais.
.

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STF decide que interrogatório ao final da instrução criminal se aplica a processos militares
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que se aplica ao
processo penal militar a exigência de realização do interrogatório do réu ao final da instrução
criminal, conforme previsto no artigo 400 do Código de Processo Penal (CPP). Na sessão
desta quinta-feira (3), os ministros negaram o pedido no caso concreto – Habeas Corpus
(HC) 127900 – tendo em vista o princípio da segurança jurídica. No entanto, fixaram a
orientação no sentido de que, a partir da publicação da ata do julgamento, seja aplicável a
regra do CPP às instruções não encerradas nos processos de natureza penal militar e
eleitoral e a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial.
HABEAS CORPUS 127.900 AMAZONAS
RELATOR :MIN. DIAS TOFFOLI– Relator Min, Dias Toffoli . Julgado em 03/03/2016.

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PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. MOMENTO DO
INTERROGATÓRIO. ÚLTIMO ATO DA INSTRUÇÃO. NOVO ENTENDIMENTO FIRMADO PELO
PRETÓRIO EXCELSO NO BOJO DO HC 127.900/AM. MODULAÇÃO DE EFEITOS. PUBLICAÇÃO DA
ATA DE JULGAMENTO. ACUSADO INTERROGADO NO INÍCIO DA INSTRUÇÃO. NULIDADE
PRESENTE. ORDEM CONCEDIDA.
1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n. 127.900/AM, deu nova conformidade à norma
contida no art. 400 do CPP (com redação dada pela Lei n. 11.719/08), à luz do sistema constitucional
acusatório e dos princípios do contraditório e da ampla defesa. O interrogatório passa a ser sempre o
último ato da instrução, mesmo nos procedimentos regidos por lei especial, caindo por terra a solução de
antinomias com arrimo no princípio da especialidade.
Ressalvou-se, contudo, a incidência da nova compreensão aos processos nos quais a instrução não
tenha se encerrado até a publicação da ata daquele julgamento (11.03.2016). 2. In casu, o paciente foi
interrogado na abertura de audiência iniciada e finalizada em 21.07.2016, sendo de rigor o
reconhecimento da mácula processual.
3. Ordem concedida.
(STJ, Sexta Turma, HC 397.382/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 03/08/2017)
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Rejeição da Cabe
Notificação Inicial – RESE –
Denúncia Apresentação da Extinção do feito
acusado para Art. 581,
ou queixa ( defesa + exceções (art. 395, CPP)
resposta ( 10 I, CPP
10 dias) – art. 55, §§ 1º e 2º
dias) – art. 55

Decisão do Recebida a
Juiz pode determinar Juiz em 5 dias denúncia- citação do
diligências, perícias, – art. 55,§ 4º réu para AIJ no
apresentação do preso prazo de 30 dias –
(art. 55, § 5º, Lei de Art. 56, caput e § 2º
drogas) Absolvição
Sumária – art.
Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha 397, CPP Cabe Apelação-
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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06

Inquirição de
AIJ Inquirição de
Testemunhas Interrogatório
Art. 57, Testemunhas
da acusação do
CPP da defesa
Acusado

Sentença –
Sustentação Sustentação oral
oral ou em 10
oral MP- da defesa –
dias Cabe
20 min. 20 min.
Art. 58 Apelação-
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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06
LEI Nº 14.322, DE 6 DE ABRIL DE 2022
Altera a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei Antidrogas), para excluir a possibilidade de
restituição ao lesado do veículo usado para transporte de droga ilícita e para permitir a alienação ou o
uso público do veículo independentemente da habitualidade da prática criminosa.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Os arts. 60 e 61 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei Antidrogas), passam a vigorar
com as seguintes alterações:
"Art. 60. .............................................................................................................
......................................................................................................................................
§ 5º Decretadas quaisquer das medidas previstas nocaputdeste artigo, o juiz facultará ao acusado
que, no prazo de 5 (cinco) dias, apresente provas, ou requeira a produção delas, acerca da origem
lícita do bem ou do valor objeto da decisão, exceto no caso de veículo apreendido em transporte de
droga ilícita.
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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06
LEI Nº 14.322, DE 6 DE ABRIL DE 2022
§ 6º Provada a origem lícita do bem ou do valor, o juiz decidirá por sua liberação, exceto no caso de
veículo apreendido em transporte de droga ilícita, cuja destinação observará o disposto nos arts. 61 e
62 desta Lei, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé." (NR)
"Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e
dos maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a prática,
habitual ou não, dos crimes definidos nesta Lei será imediatamente comunicada pela autoridade de
polícia judiciária responsável pela investigação ao juízo competente.
............................................................................................................................" (NR)
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 6 de abril de 2022; 201º da Independência e 134º da República.


JAIR MESSIAS BOLSONARO
Anderson Gustavo Torres
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Ronaldo Vieira Bento
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Procedimentos Especial - Lei 11.343/06
“A norma sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro altera a Lei Antidrogas (Lei 11.343, de 2006). Pela
nova regra, os veículos usados para o transporte de drogas podem ser vendidos ou incorporados pelo
poder público. A Lei Antidrogas já previa a apreensão de bens, direitos ou valores com suspeita de origem
criminosa. De acordo com a norma, o acusado tem cinco dias para provar a origem lícita e receber de
volta o bem apreendido. A novidade da Lei 14.322 é que essa possibilidade de devolução não vale para
veículos apreendidos no transporte de drogas. Automotores, embarcações, aeronaves e quaisquer outros
meios de transporte ou maquinários usados para essa finalidade podem ser definitivamente confiscados
pelo poder público. A lei sancionada nesta quinta-feira prevê apenas uma exceção: caso os veículos
usados pelo tráfico sejam de propriedade de terceiros de boa-fé. É o caso, por exemplo, de pessoas que
tiveram os carros roubados ou de locadoras que tiveram os veículos usados indevidamente por
traficantes. Nesses casos, a devolução é assegurada.”
Fonte: Agência Senado – 07 de abril de 2022
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/04/07/lei-determina-confisco-de-veiculos-usados-pelo-trafico-sem-possibilidade-
de-
restituicao#:~:text=Lei%20determina%20confisco%20de%20ve%C3%ADculos%20usados%20pelo%20tr%C3%A1fico%2C%20sem%20possibilidade
%20de%20restitui%C3%A7%C3%A3o,-
Da%20Ag%C3%AAncia%20Senado&text=Ve%C3%ADculos%20usados%20para%20o%20transporte,no%20Di%C3%A1rio%20Oficial%20da%20Un
i%C3%A3o
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Estudo de caso

Aberta a audiência, o réu foi chamado a falar em seu interrogatório. Imediatamente o seu
advogado pediu a palavra e requereu ao magistrado que o interrogatório aconteça após a
oitiva das testemunhas. Merece acolhida a pretensão do réu? Justifique.

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Atividade Autônoma Aura
Questão 1
Sérgio foi preso em flagrante pela prática do crime de prevaricação. Lavrado auto de prisão
em flagrante teve início o inquérito policial que culminou com acervo probatório vasto a
confirmar materialidade e autoria do crime. O MP ofereceu denúncia em desfavor de Sérgio.
Considerando estas informações é correto afirmar que:
a) Sérgio tem o direito de ser notificado para se defender, antes do recebimento da denúncia.
b) Em acusação de peculato, Sérgio não tem o direito de ser notificado para se defender,
antes do recebimento da denúncia.
c) Após a notificação e o recebimento da denúncia, o procedimento seguirá a forma do rito
sumário.
d) Após a notificação, Sérgio terá 2 dias para se defender.
e) O STJ tem jurisprudência que torna obrigatória notificação do réu, ainda que o processo
tenha sido precedido de inquérito policial.
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Questão 2
Sobre as disposições processuais da lei 11343/06, é correto afirmar:

a) A defesa prévia tem prazo de 5 dias para seu oferecimento.


b) A defesa pode arrolar até 8 testemunhas.
c) O inquérito policial deve ser encerrado no prazo de 10 dias em caso de réu preso.
d) O procedimento prevê o interrogatório como primeiro ato probatório da AIJ, em flagrante
violação ao princípio do contraditório.
e) A defesa pode arrolar até 3 testemunhas.

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