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TEORIA GERAL

DA PROVA
CNPJ 31.000.518 /0001-59

DIREITO PROCESSUAL PENAL

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distribuição, e a comercialização, sob pena de responsabilidade civil e penal.
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TEORIA GERAL DA PROVA

Conceito e finalidade

O processo, na visão do ideal, objetiva fazer a reconstrução his-


tórica dos fatos ocorridos para que se possa extrair as respectivas
consequências em face daquilo que ficar demonstrado. As partes que
litigam em juízo buscam pelo convencimento do julgador, que
procurarão fazê-lo por intermédio do conjunto de provas ligado aos
autos.

Se liga!

Esta é a fase da persecução penal, denominada de instrução


processual, onde se utilizam os elementos disponíveis para reve-
lar a “verdade” do que se alega, na busca de um provimento judi-
cial favorável.

A demonstração de veracidade do que se alega é feita por meio


de a utilização provatória, e a prova é tudo aquilo que contribui
para a formação do convencimento do julgador. Dentro desse
conceito, tem-se, ainda, a finalidade, o que se busca, que é a obtenção
do convencimento do magistrado, decidindo a sorte do réu, conde-
nando-o ou absolvendo-o.

Busca-se o melhor resultado possível, a verdade viável dentro


daquilo que foi produzido nos autos. É daí que surge a importância
de processos com qualidade, pois só poderá haver condenação em
faze da certeza de culpabilidade, e esta não é obtida através de su-

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posições, mas sim por intermédio de um amplo e sólido conjunto de


provas.

Para a obtenção desse conjunto probatório, nossa legislação pre-


vê regras consistentes na vedação à produção de provas ilícitas.

Nesse sentido, deve o julgador se abster do conhecimento quan-


to aos fatos que lhe são apresentados, sob pena de se tornar im-
pedido de exercer a jurisdição ao caso concreto. De outro lado,
prova é somente aquela produzida sob a garantia do contraditório
judicial. Daí ser importante, tecnicamente, distinguir prova de ele-
mentos informativos:

a) prova: pressupõe procedimento contraditório, em regra pro-


duzida no curso de processo instaurado perante o juiz, com a parti-
cipação das partes. Quando produzida antes do processo, será exi-
gido o contraditório posterior (diferido ou postergado) para que se
receba a qualificação de prova.

b) elementos de informação: são os elementos colhidos em


procedimento diverso do processo judicial, sem a observância do
contraditório. São chamados de elementos de informação aqueles
colhidos no curso do inquérito policial, ou outro procedimento de na-
tureza inquisitiva.

Destinatários

O destinatário direto da prova é a autoridade judiciária


competente, que a partir do recebimento do material produzido for-
mará seu livre convencimento. Pode-se falar, ainda, que as partes são
também destinatários, porém de forma indireta, pois convencidas da-
quilo que restou demonstrado no processo, elas aceitarão com mais
facilidade a decisão do juiz.

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Classificação da prova

A doutrina destaca a seguinte classificação da prova:

Quanto ao objeto

É a relação que a prova tem com o fato a ser provado. Pode ser:

a) Direta ou positiva: refere-se diretamente ao fato probando,


por si o demonstrando. Tem a finalidade de evidenciar a afirmação do
fato probando, ou seja, de forma positiva, a exemplo da testemunha
ocular.

b) Indireta ou negativa: refere-se a um outro acontecimento


que, por dedução, nos leva ao fato principal. Tem o objetivo de ne-
gar o fato que aconteceu, através de outro fato incompatível com
aquele que a acusação tem a incumbência de provar. Podemos citar
como exemplo a apresentação de um álibi.

Quanto ao efeito ou valor

É o grau de certeza revelado através da apreciação da prova.


a) Plena: é aquela necessária para a condenação, conferindo ao
julgador um juízo de certeza quanto ao caso concreto.
b) Não plena: é a prova limitada quanto à profundidade, permi-
tindo, por exemplo, a decretação de medidas cautelares.

Quanto ao sujeito ou causa

É a prova em si considerada, em que consiste o material produ-


zido.
a) Real: é aquela resultante do fato, a exemplo de fotografias,
pegadas, etc.

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b) Pessoal: é a que decorre do conhecimento de alguém quanto


ao fato. Ex.: confissão, testemunha, declaração da vítima.

Quanto à forma ou aparência

É o modo como a prova se apresenta ao processo.

a) Testemunhal: é expressa pela afirmação de uma pessoa, in-


dependentemente, de ser testemunha ou não. Ex.: interrogatório do
réu.

b) Documental: é o elemento que irá se apurar a manifestação


de um pensamento. Ex.: contrato.

c) Material: simboliza qualquer elemento corpóreo que de-


monstre o fato. Ex.: exame de corpo de delito, instrumentos do crime,
etc.

Quanto à possibilidade de renovação em juízo

Diz respeito àqueles elementos informativos colhidos na investi-


gação preliminar que possibilitam ou não sua repetição em juízo, sob
o crivo do contraditório.

a) Irrepetível ou não repetível: é a prova que é produzida a


partir de uma fonte perecível ou passível de desaparecimento ou
destruição, ou seja, impossível a sua renovação em juízo.
EXEMPLO: exame sobre lesões corporais. A pessoa lesionada
geralmente se convalesce das lesões, principalmente das lesões leves,
inviabilizando a reprodução de perícia com o mesmo valor em juízo.

b) Repetível: trata-se daquela que pode ser reproduzida em


juízo, sem que haja perda do seu valor, a exemplo da prova teste-

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munhal, salvo se a testemunha estiver enferma, quando o seu depoi-


mento deverá ser colhido cautelarmente.

Quanto ao momento procedimental

Leva-se em conta o momento da persecução penal que a prova


foi produzida. Pode ocorrer na investigação preliminar ou no curso
do processo, porém em momento diverso do normalmente previsto
em lei.

a) Cautelar preparatória ou prova (cautelar) antecipada: é


aquela produzida no curso da investigação preliminar, ou seja, antes
do início do processo penal, em razão da necessidade relativo ao risco
de perda da prova ou de se obter maiores informações para preparar
uma futura ação penal.

EXEMPLO: interceptação telefônica, prova testemunhal de pes-


soa gravemente enferme, busca e apreensão de documentos.

b) Cautelar incidental ou antecipação probatória (no curso


do processo): é aquela produzida no curso do processo penal, porém
em momento diferente do previsto para a sua formação.

EXEMPLO: a oitiva de testemunha precoce, antes da audiência


de instrução e julgamento, em razão de urgência por motivos de saú-
de grave.

Quanto à previsão legal

Diz respeito ao critério relativo à disposição que aduz o meio de


prova, podendo ou não conter sua forma de constituição em um rito
procedimental.
a) Nominada: a legislação prevê o meio de prova, com a indica-

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ção de seu nome, podendo deixar ou não em aberto o rito procedi-
mental para a sua produção. A prova nominada pode, ainda, ser:

a.1) Típica: a doutrina classifica assim, aquela prova que, além


de possuir nominação, ainda possui, expressamente em lei, a sua for-
ma de produção. Ex.: prova testemunhal.

a.2) Atípica: é a prova nominada que não possui seu procedi-


mento específico em lei, embora haja indicação de seu nome. Em ou-
tras palavras, a lei a prevê, porém não diz o modo como ela deve ser
produzida, ou seja, sua produção é livre. Ex.: reprodução simulada
dos fatos (art. 7º, do CPP

b) Inominada: vigora em nosso ordenamento jurídico a liber-


dade probatória, em razão disso, trata-se, essa modalidade de prova,
daquela não prevista em lei, porém que não é vedada. Ex.: certidões
de oficiais de justiça que declaram fato.
QUANTO QUANTO QUANTO
AO OBJETO AO EFEITO OU VALOR AO SUJEITO OU CAUSA

• Direta • Plena • Real


• Indireta • Não plena • Pessoal

QUANTO À FORMA QUANTO À POSSIBILIDADE QUANTO AO MOMENTO


OU APARÊNCIA DE RENOVAÇÃO EM JUÍZO PROCEDIMENTAL

• Testemunhal • Irrepetível • Prova antecipada


• Documental • Repetível • Cautelar incidental
• Material

QUANTO À FORMA
OU APARÊNCIA

• Nominada
• Inominada

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Meios de prova

Os meios de prova são os recursos de percepção da verdade e


formação do convencimento. É tudo aquilo que pode ser utilizado,
direta ou indiretamente, para demonstrar o que se alega no processo.
Meios de prova são todos aqueles que podem ser usados pelo
juiz para que a verdade seja conhecida, estejam eles previstos ou
não em lei.
O Código de Processo Penal não traz de maneira exaustiva to-
dos os meios de prova admissíveis. Dessa forma, podemos usar as
provas nominadas, que estão previstas nos artigos 158 a 250, do
Código de Processo Penal, e também as inominadas, isto é, aquelas
ainda não normatizadas (atípicas).

O Princípio da busca da verdade permite a utilização ampla de


meio probatórios, mesmo que não disciplinados em lei, desde que
moralmente legítimos e não afrontadores do próprio ordenamento.

Essa não taxatividade dos meios de provas pode ser extraído do


próprio Código de Processo Penal, em seu artigo 155, no seu parágra-
fo único, que assevera que somente quanto ao estado das pessoas
serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. É o que
acontece, a título de exemplo, com a demonstração do estado de casa-
do (a), que deve ser feita com a certidão de casamento.

A súmula nº 74, do STJ, assevera que para efeitos penais, o re-


conhecimento da menoridade do réu requer prova por documento
hábil. Assim, a liberdade probatória é a regra, e as limitações fun-
cionam como exceção.

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Vedação probatória

O princípio da liberdade probatória não é absoluto. Uma das


finalidades da aplicação do princípio da busca da verdade no pro-
cesso penal diz respeito a produção probatória, fazendo com que se
aproveite outros meios de prova que não os previstos no CPP, porém
há limites. E é a própria Constituição Federal que impôs esses limites,
quando em seu artigo 5º, inciso LVI preceitua que “são inadmissí-
veis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.

Não dá para se pensar na existência de um processo criminal


sem parâmetros, onde os fins justificassem os meios, inclusive ad-
mitindo-se provas ilícitas.

Se liga!

A vedação da prova ilícita é inerente ao Estado Democrático


de Direito que não admite a prova do fato e, consequentemente,
punição do indivíduo a qualquer preço, custe o que custar.

Dessa forma, é indispensável que as “regras do jogo” de produ-


ção probatória sejam observadas, visto que em nosso sistema não se
aceita que, em nome da Justiça ou de valores sociais, o réu seja puni-
do de toda maneira, sem o respeito ao devido processo legal.

Bom, e quando é que essa prova é taxada de proibida ou vedada?


Sempre que para a sua obtenção tenha sido necessário a violação da
lei ou de princípios de direito material ou processual. Podemos clas-
sificar, assim, as provas vedadas ou proibidas em espécies:

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a) prova ilícita: são aquelas que violam disposições de direi-
to material ou princípios constitucionais penais. Ex: confissão obtida
mediante tortura, interceptação telefônica realizada sem autorização
legal.
b) prova ilegítima: são aquelas que violam normas processuais
e os princípios constitucionais da mesma espécie. Ex: laudo pericial
subscrito por apenas um perito não oficial (art. 159, § 1º, CPP).

A Constituição Federal não faz nenhuma distinção entre prova


ilícita e prova ilegítima. O artigo 157, caput, não faz, também, nenhu-
ma diferenciação, porém traz como ilícitas aquelas provas obtidas
em violação a normas constitucionais ou legais, que por consequ-
ência, devem ser desentranhadas dos autos.

Evita-se, dessa forma, os efeitos que essa prova ilícita pode cau-
sar. Encontrando-se o vício na prova, deve o magistrado, ouvindo as
partes, determinar que ela seja desentranhada, e uma vez preclusa
a decisão, haverá a destruição da prova ilícita, facultando-se as partes
acompanhar tal expediente.

Além disso, não se pode ignorar que o magistrado que teve con-
tado direto com a prova ilícita pode ter comprometido sua impar-
cialidade necessária para o julgamento. Pensando nisso, o legislador
reformista inseriu o § 5º ao artigo 157, do CPP, de sorte que o juiz
que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não po-
derá proferir a sentença ou acórdão.

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Na prática

01.(2019 – INSTITUTO AOCP – PC-ES – Escrivão de Polícia) Em


relação às provas no Processo Penal, assinale a alternativa correta.

A) Em hipótese alguma, o juiz poderá fundamentar sua convicção em


elementos informativos colhidos na investigação.
B) Caso o contraditório e a ampla defesa tenham sido garantidos no
inquérito policial, o juiz poderá fundamentar sua convicção exclusi-
vamente em elementos informativos colhidos na investigação.
C) O juiz poderá fundamentar sua decisão em elementos informati-
vos colhidos na investigação, desde que a decisão tenha espeque ape-
nas em provas cautelares.
D) O juiz poderá fundamentar sua decisão em elementos informati-
vos colhidos na investigação, desde que a decisão tenha espeque em
apenas provas cautelares, não repetíveis.
E) O juiz poderá fundamentar sua decisão em elementos informati-
vos colhidos na investigação, desde que a decisão tenha espeque em
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

02.(2018 – VUNESP – PC-SP – Investigador de Polícia) No que con-


cerne ao regramento geral das provas no CPP.
A) o juiz pode formar sua convicção exclusivamente baseado nos ele-
mentos informativos colhidos na investigação.
B) são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais.
C) são inadmissíveis, sem exceção, as provas derivadas das ilícitas.
D) no curso da instrução é vedado ao juiz, por sua iniciativa, determi-
nar diligência para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

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E) quanto ao estado das pessoas, não se observará qualquer restrição
estabelecida na lei civil, dada a busca da verdade real que norteia o
processo penal.

03. (2017 – IBADE – PC-AC – Escrivão de Polícia Civil) São inad-


missíveis, por serem ilícitas, as provas que:

A) violam normas constitucionais, não recebendo o mesmo trata-


mento as que violam normas infraconstitucionais.
B) violam as normas constitucionais e legais, salvo se obtidas de boa
fé pelo agente policial e forem imprescindíveis ao esclarecimento da
autoria.
C) violam normas infraconstitucionais, não recebendo o mesmo tra-
tamento as que violam normas constitucionais por serem estas pro-
gramáticas.
D) embora colhidas licitamente derivam das ilícitas.
E) violam a moral e os bons costumes.

3. GABARITO
1–E
2–B
3–D

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