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RICARDÜ
SI DI

ANDËRSON
ßTZËRRA
LOPIS
Copyright o 201 7, D'plácido Edirora.
Editora D'Plácido
Copyright O 201 7, 0s Autores.
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Ficha catalográfica

ïemas atuais da investigaçã0 preliminar no processo penal _


Sl Dl, Ricardo; L0pE5,

[0rgs] --
Anderson Bezena. Belo Horizonte: Editora D,plácidq 201 7.

Bibliografia.
l5BN: 978-85-8425-700-3

1. Direito 2. Direito Penal. 3. Direito. l. Título. ll.


Artigos

cDU343
cDD341.5

D'PLÁcrDo
GRUPO I

I Rorlapé Nffi
{

A CADEIA DE CUSTÓD|A E SUA


RELEVÂNCIA PARA A PROVA PENAL

Gustauo Badaról

1. O DIREITO À PROVA E SEUS LIMITES


NO PROCESSO PENAL
O processo penal é um mecanismo que legitima a imposição da
sanção e futura reahzação do dire ito
punitivo estatal. Uma decisão justa
exige a correção dos juízos de fato e de direito,sendo tais atividades
desenvolvidas respeitado o procedimento previsto em lei, que seja
adequado para dar concretude às garantias constitucionais do devido
processo ou processo équo.2 lJma atividade heurística, que leve a uma
decisão correta sobre qual enunciado fâtico ê considerado verdadeiro,
a partir de uma valoração racional da prova, sobre o qual incidirá a
norma aplicável ao câso, resultante de uma correta atividade herme-
nêutica, tudo isso desenvolvido respeitando o devido processo legal.
No que diz respeito a sua função heurística, a verdade é um
inegável parâmetro de justiça. Não se concebe um modelo justo de
processo, em especial de natureza punitiva ou sancionatória, que não
trabalhe com a verdade como fator de legitimação de seu resultado

1 Livre-docente, Doutor e Mestre em Direito Processual Penal pela USP Professor


Associado do Departamento de Direito Processual da Faculdade de Direito da
USPAdvogaclo
2 Corno explica Mrchele Taruffo (Idee per una teoria della decisione giøsra, Rivìsca
Tlinrestrale di Diritto e Procedura Civile, 1997,p 3I9-2Q, a justiça de uma
decisão está condicionada não apenas à r'erdade dos enunciados que amparâm o
juízo de fato,mas também à correta escolha e interpretação das regras jurídicas,
bem como ao elnprego de um procedirnento válido.

517
e critério de
justiça. Nenhuma decisão correta e justa pode se baselr não seria exagero afirrnar que tudo da investigação científica é apenas
em fatos acertados erroneemente.3 Sem o parâmetro da verdade, qual- meramente provável.e
quer indivíduo pode ser punido por qualquer coisa.A pós-moderrt:r Também no processo quando se busca a verdade, estamos atrabe-
ueriþbia,a embora sedutora, é perigosa, favorecendo o arbítrio e reclu- lhar com probabilidades. Mas, eceitar a impossibilidade de se âtingfu um
zido as garantias do acusado. Sem a verdade como pressuposto panì it conhecimento absoluto ou umâ verdade incontestável dos fatos, não
condenação desaparece o sentido da imputação penal, da importânci:r faz corr que seja impossível ao juiz saber quando, com base em uma
da responsabilidade penal subjetiva e dos próprios fìns da pena. probabilidade lógica prevalecente, um enunciado é preferível a outro.10
Isso não significa, contudo, que e verdade é o fim último clo Abandonade a clença epistemologicamente ingênua da possi-
processo.A verdade é apenas um pressuposto para se poder adeqtt:t- bilidade de do atingimento da verdade, não há qualquer justificativa
damente decidir qual é a hipótese legal aplicável ao caso concreto.' pila se defender poderes probatórios ilimitados do juiz.Isso porque,
Ou seja, se a descoberta da verdade é um fìm essencial do processtt como bem pontua Nappi, o processo inquisitório se funda num
e uma condição necessária para a justiça da decisão, certamente lli() pressuposto de autosuficiência metodológica do juiz-acusador, que
é o único fìm do processo.6 pode pesquisar e atingir solipsisticamente a verdade a todos oponí-
Importante, contudo, esclarecer a que verdade estamos nos reti'- ve1.11A verdade deve obtida com base no "princípio da divisão do
rindo. Se não podemos falar de uma verdade absoluta ou uma verdatlc conhecimento, que representa condição indispensável para obtenção
com "V" maiúsculo, estamos falando de uma "verdade relativa", isto de uma verdade eticamente vâlída".12
é, um grau de aproximação, na maior medida possível e admissívcl, A isto se soma, quanto ao processo de decisão, que o julgador
da realidade histórica dos fatos.T[âta-se, pois, de uma verdade neccs não pode ser considerado um sujeito privilegiado, que se convence
sariamente relativa, que seja a"rrraior aproximação possível"daquikr da verdade intimamente, quase que em um ato de auto-revelação,
que se denomina verdade, tout court.T o que caracteriza, segundo Carcara, uma "convicção autocrâtica".13
Aliás, mesmo no campo das ciências naturais, como bem obscrr'.¡ A certeza judicial não é um "estado de ânimo", formado pàrtír dà
^
impressão que cada meio de prova produz no espírito do juiz, mas
Cataldo Neuburger, o paradigme da certeza cientifica, que vigorotr
por séculos, entrou em crise, sendo assumido pela epistemologi,r uma escolha fruto darazão, que permite escolher, entre enunciados
contemporânea, que a ciência também está privada da certeza.s Loso, fäticos diversos, qual é preferível a outro, com base no conjunto de
proves que dá suporte a cada um deles.
A epistemologia judiciária deve ser epistemologia garantisra
3 MicheleTäruffo,I-a prueba.Trad.Laua Manríquez eJordi Ferrer Beltran. M:rtlr r,l que, como explica Ferrajoli, tem como uma das suas condições de
Marcial Pons,2008, p. 23.
a A expressão é de,\lvin Goldman, Knowledge in a SocialWorld, NewYork: ()xtìrr,l
University Press, 1999, p 7. Uma boa análsie da questão pode ser consult.r,l.r
e
JoarezTavares,As contrrtuérsias em torno dos crímes omissiuos. Rio deJaneiro: Instituto
em: Michele Täruffo,Taruffo, Contro la veriphobia. Osservazioni in rispost,r .r Latino-americano de Cooperação Penù, 1996, p. 76.
Bruno Cavall one. Riu i st a Di D ir itto Pro ce s s u ale, 201, 0, p. 9 9 5 - 1 01 1 . 10 Vincenzo
Garofoli, "Verità Storica eVerità Processuale: L'imponibile endiadi in un
5 Giulio Ubertis, Ln proua penale. pro-fili giuridici ed epistemologl¿i. Torino: U-l I I prorcsso uirtualmente accusatorio" ,in Garofoli,Yirrcenzo e Incampo,Antoruo. Writà
1999,p.7. e pÍocesso penale, Mllano: Giuffrè, 20f2, p. 50.
6 11
Mirjan Damaska, IJ dirittodelle proue alla deriua.-kad. Francesca Cuoma Ull,'.r .' Aniello Nappi, Guida, Guida al codicí di procedura penale.8. ed. Milano: Giuffrè,
Valentina Riva, Bologna: Il Mulino, 2003,p. 175. 2001,p.10.
12 Antonio
7 MicheleTäruffo,La proua deifatti giuridici. Milano: Giuffrè, 1,992,p. 158. MagaJhães Gontes Filho, Direito à proua no processo penal. São Paulo: R\
8 Luisella de Cataldo Neuburger, Gli sviluppi della psicologia giuridica: ll r.rlrr 1997, p.70.

tazione della qualità del contributo dell'esperto. (Otg.) La prova sciantilil,t tt'i
i3 Francesco Carrtra, Programa de derecho crimínal.Trad. de JJ. Ortega Torres e J.
processo penale. Pa,dova: Cedam, 2007, p. 503. Guerrero Leconte, Bogotá: Tèmi s, 1957 , v.ll, p. 233

518 51,9
efetividade um cognitivismo processual na determinação rkr l.¡to que o próprio sistema do livre convencimento impõe uma" scrupolosa
criminoso, sendo assegurado um princípio de estrita juriscliciorr,rlr osseruanza di un metodo legale probatorio" .17
dade que requer duas condições: verificabilidade ou falsificebilr.l.r,l, No Estado de Direito, adverte Muñoz Conde "em nenhum caso
das hipóteses acusatórias, em razão do seu caráter assertiv<> c .r \u.r se deve buscar a verdade a todo custo ou a qualquer preço"18. Não
prova empírica, mediante um procedimento que permita sr.'i.r .rr.r é possível, portanto, adotar o "princípio de que os fìns justificam os
verificação, seja sua refutação.14 meios, parâ essim legitimar-se a procura da verdade através de qual-
Além de limites epistêmicos, há também limites legais rr:r .rtr quer fonte probatória".le Ao contrário, a investigação e a instrução
vidade probatória,tt qt. têm por objetivo preservar valores quc n.rrr criminal devem se desenvolver nos limites e segundo os critérios
tem relação com a descoberta da verdade, mas sim preservaçrìo .l.r legais. A verdade processualmente válida e atingível possui lirnites
dignidade humana e, mais especificamente, âs liberdades indivitlrr.¡r. expressos em regras legais que, se de um lado restringem os elemen-
contre meios invasivos de investigação criminal.16 O método atr,rvri. tos disponíveis parâ â reconstrução história, de outro purificam o
do qual investiga, explica Nobili, constitui, de per si,um valor, por(luc materiãl probetório que o juiz ir'a valorar.ii cada vez meis necessária
restringe o campo sobre o qual se exercita o arbítrio judicial, scntl,' a advertência de Ada Pellegrini Grinover: "a investigação criminal e
a luta contra a criminalidade devem ser conduzidas de âcordo com
1a um rito probatório legalmente predetermiÍLa'do" .2o
Luigi FerrajoIi,Dirítto e ragione'. teoria del garantismo penale. 5. ed. Bari: Latcr ¡,¡,
1998, p. 8. Nesse modelo cognitivo, deve se adotar um rigoroso sistema de
15 Os limites legais, nesse ponto, colidem com o princípio epistêmico, segurrtl,, controles eltistêmicos,a ser instituído pelo legislador, especialmente defi-
o qual quando se busca àcettaÍ a veracidade de um enunciado fätico, dcvc .r' nindo hipótese de admissão ou inadmissibilidade ptobat1tía,regrando
poder utilizar todas as informações úteis para tal finalidade, como uma rtplr esrritamente a produção dos meios de prova, defìnindo as hipóteses
cação do total evidence prínciple. Sobre o tema, cf.: Micheli Târuffo, La sentylí,r de cabimento e os limites de emprego dos meios de obtenção de
uerità. I1 giudice e la costruzione dei fatti. Roma: Editori Laterza,2009, ¡r
prova e, residualmente, estabelecendo limites ao livre convencimento
140. No ambito da prova judiciária,Jermías Bentham (Tiatado de las prucln'
judiciales. Trad Manuel Osorio Florit. Buenos Aires: Ejea, I971,, t. II, p tt7) em reforço da presunção de inocência, quando seja possível, a priorí,
foi o grande defensor da ausência de limites legais a atividade epistémica rlo seu baixo grau de convencimento.
julgador. Partindo da premissa de que â prova é a base da justiça, e "excluir .r IJm desse limites, paru o qual se passou a atentar recentemente
prova é excluir ajustiça"! na doutrina nacional, é a necessidade de documentar e preservar a
16 Nos países de common law ê comurn a distinção entre exclusionaries rult¡ cadeia de custódia.
fundadas, de um lado, em extrinsíc polícys e, de outro, fundadas em intrittsi'
policys. (Nesse sentido, Mirjan Damaska, Il diritto delle proue alla deriua. Bologn,r:
2. DA CADEIA DE CUSTÓON COMO MECANISMO
Il Mulino, 2003,p.24, citaodo J. H.'Wigmore. Euidence inTiials at Contmott
Law,por P.Tillers,Boston, 1983, I, II,p.689.As exclusionaryrulesof extrittsi,
DE CONTROLE EPISTÊMICO
policy são regras que afastam elementos dotados de valor probatório. parl
salvaguardar outros valores não conexos com a busca da verdade; as exclu- 17 Massirrro Nobili, 11 principio del libero conuincimento del giudíce. Milano: Giuffrè,
sionary rules of intrinsic policy são entendidâs como "as regras de exclusão dc
1974,p.26-28.
provas ditadas pelo interesse de uma correta apuração da verdade". De forma
18 Francisco Muñoz Conde,La búsqueda de la uerdad en eI proæso penal.2 ed.Btenos
semelhante, na doutrina nacional,Antonio Magalhães Gomes Ftlho (Direint
Aires: Hamurabí,2003 p. 1I2.
à proua no processo penal, São Paulo: RI, 1997 , p.93) afirrna que os limites a
te Ptocessual Penal. Ptio de Janeiro:
admissibilidade da prova podem ter fundamentos extrâ-processuais (1tolíticos) José Frederico Marques, Êlementos de Direito
ou processuais (lógicos e epístemológicos). No mesmo sentido, na doutrina ita- Forense, v. II, p. 293-294.
liana, Giulio Ubertis, La prova penale. proJìli giuridici ed epistemologicl. Torino: 20 Ada Pellegrini Grinover, Liberdades Públicas e Processo Penal - as interceptações
UTE!1999,p.55. telefônicas. 2 ed., São Paulo: RT, 1982,p.58.

s20 521
Embora a cadeie de custódia esteja normalmente ligeda à prova o momento da coleta até que ela seja apresentada como prova no
científica e, mais especifìcamente, à peúcía de laboratório, sua apltcação tribunal".23 A1ém disso, é necessário que cada uma dessas pessoas de-
é mais ampla, estando relacionada com a qualquer fonte de prova real.2l clare que a coisa permaneceu substancialmente na mesma condição
As coisas, por existir independente e extraprocessualmente, de- durante todo o tempo que permaneceu sob sua posse.2a
verão ser coletadas e levadas âo processo por algum meio de prova Trata-se, portanto de um procedimento de documentação inin-
correspondente, como a juntada de documentos, o laudo pericial ou terrupta, desde o encontro da fonte de prova, até a sua juntada no
mesmo a inspeção jadtcial.z2 Para tanto, será necessário manter unr processo, certificando onde, como e sob a custódia de pessoas e ór-
registro rigoroso todas as pessoas que tiveram sob seu poder fisico os gãos foram mantidos tais traços, vestígios ou coisas, que interessem
elementos de prova, desde sua coleta, eté que seja apresentado emjuízo. à reconstrução histórica dos fatos no processo, com a finalidade de
Tâmbém se poderá pensa na cadeia de custódia nos casos de garantia sua identidade, a integridade e autenticidade.25
"coleta" ou "apreensão" de elementos "imateriais" registrados ele- No caso de provas de laboratório, cadeia de custódia pode ser di-
tronicamente, como o conteúdo de conversas telefônicas, ou de vidida considerada em duas etapas: a da"custódia externa", que trata de
transmissão de e-mails, mensegens de voz,fotografias digitais, filmes quem teve contado com a amostra, deste o local da coleta atê chegada
arrnazenados na internet etc., será necessâtto a documentação da ao laboratório; e a da "custódia interna", que registra "o recebimento
cadeia de custódia. da amostra pelo laboratório, dados de transferência e armazenamento,
Toda vez que investigação envolver a coleta, o arrrràzeîamento até a sua destinação ftnal" .26 Cada operação sucessiva entre a coleta do
ou análise de fontes de provas reais, isto é, coisas, será necessária a vestígio e sua utilzação emjuízo, deve ser completa e cronologicamente
adoção de determinados cuidados, pàre gàrarrtia sua autenticidade e documentada a ltrn de suportar contestações legais quanto à auten-
integridade no sentido de que o objeto levado ao processo parâ ser ticidade. A documentação deve incluir as circunstâncias sob as quais
valorado pelo juiz é exatamente a mesme coisa tal qual encontrada o vestígio foi coletado, a identidade dos manipuladores, a daração da
e apreendida. custódia, â segurança da arrnazenagem do vestígio, e como o vestígio
Para isso, é fundamental que se tenha perfeitamente documentada foi transferido aos curadores subsequentes em cada elo da cadeia".27
e representadaa cedeia de custódia.Esse conceito surgiu originalmente
na jurisprudência norte-americana, quase que como uma imposição 23 C.R. Swanson; N. C. Chamelin; L. Territo, Crhninal Inuestígation.8ed. Boston:
natural da verificação da integridade da prova. Para garantir a fide- McGral Hill, 2003. p. 33.
lidade entre a prove e o fato histórico reconstruído, é indispensável 2a Michael H. Graham, Fe deral Rule of Euidence in a Nutshell. S ed. St Paul:Thomson
a manutençã.o da cadeia de custódia, isto é, "a história cronológica Reuters, 2011 , n. 643 .
escrita, ininterrupta e testemunhada, de quem teve a evidência desde 25 Marta del Pozo Pêrez,Diligencia de investigacíón y cadena de custodia,Madrid, Sepin,
2014,p.146) dâ o segrinte conceito:"la cadena de custodia de la prueba es el pro-
21 lJsa-se a expressa fontes reais, no sentido clássico de classificação das fontes de cedimiento,converlientemente documentado,controlado,que se aplica a los indicios,
prova entre reais e pessoais. Como explica Jeremías Bentham, (Tiatado de las trazas, objetosy vestigios materiales relacionados con el delito, desde su localización
pruebas judiciales. Trad. de Manuel Ossorio Florit. Buenos Aires: Ejea, 197 t . voI. hasta su valoración por los encargados de administrar la jusricia, y que tiene como
I, p. 30) segundo a fonte da prova provenha de pessoas ou coisas, as provas são fin no viciar el manejo que de ellos se haga, de tal forma que permite constatâr la
pessoais ou reais. Na definição de charín of custody do Blackt Law Dicrionary identidad, integridad, y autenticidad de los mismos, garanttzando y acreditando que
(Bryan A. Garner (Edit.) 7 ed. St. Paul:'West Group, t999, p.222),lè-se:"the lo recogido y arnJtzado es lo mismo que Io que se somete al juicio".
movement and the location of real euidence from the time it is obtained to the 26 Norma Sueli Bonaccorso,Aplicação do exame de DNA na elucidação de crimes,
time it is presented in ocurt". São Paulo, Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Direito, Universidade de São
22 Como explica Cordero (Tie studi sulle proue penali. ly'r:ìano: Giuffrè, 1963, p. Paulo, São Paulo,2005, p.54-55.
55) quanto à estrutura do ato aquisitivo, às provas que preexistem na realidade 27 Bonaccorso, Aplicação do exame de DNA..., p. 55-57, que ainda complemente:
extnprocessual se contrapõem aquelas formadas no processo. "Os registros da cadeia de custódia devem também indicar dados sobre o tratà-

522 523
Importante destacar que, quando se fala em"cadeia de custódirr" seja substituída por outro (troca do sangue de uma pessoa por ou-
a expressão deve ser entendida como a elipse de "documentação c{l tra), intencionalmente ou não. Nesse caso, o problema não será da
cedeía de custódia".A cadeia de custódia em si, deve ser entendirr cadeia de custódia ou da documentação da cadeia de custódia, mas
com a sucessão encadeada de pessoas que tiveram contato conì I da pópria coisa, isto é, a fonte de prova real, que fora colhid a, guerda
fonte de prove real, desde que foi colhida, eté que seja apresentaclrr e depois exibida em juízo.
ern juízo. E o conjunto de pessoâs, uma após a outra, (p. ex.: o in- Enfim, é fundamental é que haja a documentação da cadeia de
vestigador, o delegado de polícia, o perito, o escrivão do cartóri<r custódia, o que não pode ser confundido com e cadeta de custódia em si.
etc.) que teve contato com ta1 coisa (p. ex.: uma arma, um líquido. O procedimento de documentação da cadeia de custódia que
um tufo de fios de cabelo). assegura a autenticidade e a integridade da fonte de prova. A autenti-
Esse conjunto de pessoas, e os momentos específicos em quc cidade significa que a fonte de prova ê genuína,autênfica quanto â sua
cada uma delas teve corrtato com a evidência, precisa ser registrado. origem.A partir de um conjunto de dados individualizadores, garante-se
isto é, documentado,pata se saiba, exatamente, quem teve contado que a coisa objeto de perícia ou simplesmente âpresentada ern juiz ê
com a coisa e quando isso ocorreu. e mesma que foi colhida e guardada e examinada. Por outro lado, a
Nesse sentido, violar a cadeia de custódia em si, não é possível. integridade é a condição de a fonte de prova que se apresenta integra
(Jma pessoa ou tem ou não tem contato com a fonte de prova. Por ou inteira, não tendo sido adulterada, sofrendo diminuição ou alteração
sua vez, essa fonte de prova pode se mariter integra ou ser adulterada. de suas características, que se mantêm as mesmas desde a sua colheita.
Falsificar a fonte de prova real não é violar a cadeía de custódia (isto Nesse sentido, a doutrina espanhola desenvolveu-se a ideia de
é, a documentação da cadeia de custódia), ê fraudar ou adulterar a "mesmidade" da prova, expressão que acabou sendo consagrada pelo
prípria fonte de prova. Não se viola a sucessão de pessoas que teve Tribunal Supremo espanhol, na Sentença de 10 de fevereiro de 2010:
contato com a coisa, mas a documentação que etesta essa realidade. "es a través de la cadena de custodia como se satisface la garantîa dela
Se não há nenhum registro das pessoas que tiveram contato, p. mismidad de la prueba".Pàr^ tanto, é necessário observar uma série
ex., com uma mostrâ sanguínea coletada ne cenâ do crime, inexiste de garantias formais na custodia e tratemento do elemento de prova,
"cedeia de custódia", entendidâ como "documentação da cadeia de para evitar qualquer mudança ou alteração dos mesmos, bem como
custódia", por ausência do procedimento de integral registro das garantir que os elementos apresentados ao juiz sejam os mesmos que
pessoas que tiveram contato com tal fonte de prova. Mas é evidente foram recolhidos no início da investigação.28
que houve uma cadeia de custódia, isto é, um conjunto maior ou A noção de "mesmidade" foi trazida para a doutrina brasilei-
menor de pessoas que tiveram contato com a provâ. ra, no que se refere ao objetivo da cadeia de custódia por Geraldo
Por outro lado, se houve o registro somente alugas das pessoas Prado, que sustenta que a "autenticidade da prova" deve ser auferida
que tiveram contato com a fonte de prova, há uma documentação pela confrontação da sua obtenção aos "princípios da'mesmidade'
parcial da cadeia de custódia. Nesse caso, pode-se dizer que a cadeia e da 'desconfrança"' .2e A "mesmidade" ê a garantia de que a prova
de custódia, no sentido de documentação de cadeia de custódia, foi
28 Nesse sentido, Esteban Mestre Delgado (L^a cadena de custodia de los elementos
violada, porque essa não foi registrada em sua integralidade.
probatorios obtenidos de díspositiuos informáticos y electrónicos,
In Carmen Figueroa
Por fim, é possível que a própria coisa, isto é, a fonte de prova
Navarro (Dir.), La cadena de custodia en el proceso penal, Madrid: EDISOFER,
real, seja adulterada (p. ex.: diluir o sângue em uma substância) ou 2015,p.49-50), que ressalva, contudo, que os elementos devem ser os mesmos
"salvo los imprescindibìes deterioros o menoscabos que en su caso se deriven de
mento a que foi submetido o vestígio imediatamente após a coleta, identificação
Ia reaJizaciío técnica de los análisis que hayan debido efectuarse a tal fin - con
dos lacres utilizados pâra sua embalagem, detalhes sobre sua preparação para os su misma composición, îàtlrrilez y contenido".
2e Geraldo Prado, Ainda sobre a
testes a que foi submetido e sobre o processo de sua disposição final, quer seja "quebra da cadeia de custódia das prouas,ln: Boletim
estocagem ou devolução de parte do material remanescente, quando for o caso". do IBCCrim, n. 262,setembro de 201, 4, p. 1,6-77 .

524 525
valorada em ¡tîzo é a mesma colhida ou resultado direto da fonte Em suma, embora o Código de Processo Penal brasileiro não
de prova colhida no local dos fatos. E, garantida a mesmidade, não tenha umâ regra expressa sobre a necessidade de documentação da
há como se desconfiar da alteração da fonte de prova. Isso porque, cadeia de custódia, tratâ-se de exigência que diz respeito à autenti-
conforme explicam Aury Lopes Júnior e A-lexandre Morais da Rosa cidade e integridade das fontes de provas materiais ou reais.
"ê cracial que se demonstre de forma documentada a cadeia de Sem a documentação da cadeia de custódia, será possível ques-
custódia e toda a trajetôrta feita, da coleta até a inserção no processo tionar a autenticidade e integridade de tal fonte de prova e, conse-
e valoração judicial".30 quentemente, dos elementos de prova dela extraídos.
Tâ1 exigência ê aindamais acentuada no processo penal, em que
3. AS REGRAS DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL devido aurn standard probatlrio elevado, de certeza além de qualquer
E A CADEIA DE CUSTÓD|A dúuída razoáuel,uma possibilidade fundada de adulteração da prova, ou
Embora no Código de Processo Penal brasileiro não haja uma mesmo uma ausência de demonstração segurâ de sua autenticidade
regra expressa determinando, como princípio geral, a preservação e integridade, já poderão ser sufìcientes para impedir um resultado
da cadeia de custódia, tal necessidade pode ser extraída de uma in- condenatório.
terpretação sistemática.A ausência de regulamerúação não significa Ressalte-se, por fim, que não há que se exigir que o legislador
que não haja necessidade de preservação das fontes de prova, com a estabeleça no Código de Processo Penal uma dísciplina específìca
documentação integral de toda a sequência de pessoas que com ela sobre os elementos a serem documentados na cadeta de custódia de
tiverem contato, desde sua coleta, manuseio, utllização em experi- cada uma das possíveis fontes de provas reais que poderão interessar
mentos e âpresentação judicial. ao processo. Principalmente no caso de provas periciais, em que os
Na disciplina dos atos de investigação, o art. 6." do Código de avanços da prova científica têm sido constantes, seria algo praticamente
Processo Penal determina que a autoridade policial deve dirigir-se ao impossível. O tema da prova científica deve ser tratado não apenas
local do crime e "providenciando pare que não se alterem o estado pelo direito, mas pela própria ciência, estabelecendo os seus métodos
e conservação das coisas, atê a chegada dos peritos criminais" (inc. I), e padrões pàra a produção vâltda da prova científica. Contudo, é ab-
bem como, colher todas as provas que servirem pàrà o esclarecimento solutamente fundamental que a lei processual estabeleça regras gerais
do fato" (inciso III). e padrões mínimos do conteúdo de documentação de toda cadeia
Por outro lado, ao tratar da perícia e do assistente técnico da de custódia e as consequências processuais de seu desrespeito, sejam
pàrte, o S 6" do art. 159 do Código de Processo Penal prevê que: em termos de admissibilidade, seja quanto a valoraçã'o do meio de
"FIavendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de
prova dela correspondente.
base à peúcía será disponíbílizado no ambiente do órgão ofcial, que manterá
sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos 4. A DISCIPLINA DA CADEIA DE CUSTÓDIA NO
assistentes".Além disso, no regime legal das perícias de laboratório, PROJETO DE CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
o código apresenta disciplina insuficiente,limitando-se a uma única
regra' O art. 170 dispõe que,"nas perícias de laboratório, os peritos O projeto originário de Código de Processo Penai - PLS n"
guardarão material suficiente para. eventualidade de nova perícia. 1,56/209 - não trazía em suas disposições qualquer regra que tratasse
^ da cadeia de custódia.
Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fo-
tográficas, ou microfotogrâfrcas, desenhos ou esquemas". Recentemenle, no dia 1'7 de abril de 2017 , foi aprovado o
Relatório Parcial do Deputado Rubens Júnior, que acrescentou ao
30 Aury LopesJr.;Alexandre Morais Projeto de Lei n" 8045/2010 um capítulo para disciplinar a cadeia de
da Rosa, á importância da cadeia de custódia para
preseruar a proua
penal.Disponível em <htç:,//www.conjur.com.br/201.5-jan-t6/ custódia da prova (arts. 169-4,169-8,1'69-C), acolhendo proposta
lirnite-penal-importancia-cadeia-custodie-prova- penal>, acesso em 03.04.2017 . do IBCCRIM.

526 527
Consta da justifìcativa que o reconhecimento da"necessidade de Este será o conteúdo geral e obrigatório, em relação a toda e
haver maior preocupação das autoridades e de todos os funcionários qualquer fonte de prove real objeto de coleta. Mas há também a pre-
públicos que lidam com provas criminais na preservação correta e no visão de que "Os órgãos policiais e periciais poderão regulamentar, no
manuseio das provas sem que a estas se possa imputar a possibilidadc âmbito administrati vo, a c deià de custodia, inclusive para adaptâ-la aos
de terem sido adulteradas.A proposta visa aumentar a responsabilida- avanç os técnic o-científi c os" (ar t. 1, 69 - Ã,S 2) . A dele gação le gislativa
de dos âgentes públicos, bem como resguardar os réus de descuidos estimulará normâtivas internas sobre regimes específicos de cadeia de
que podem levar à sua incriminação injusta". No projeto, os agentes custódia e permitirá mais rápida alteração e adequação das mudanças
públicos da persecução penal deverão observar a cedeta de custódia técnico científicas dessas normativas. Além disso, tamb êrn confetuâ
(at. t69-A., caput),31 definida como "os mecanismos, previstos em lei relevância processual a tais atos normativos de origem administrativa,
e nas normas administrativas editadas pelos órgãos competentes, a fìm tendo por consequência a ilicitude de provas que sejam produzidas
de registrar todos os atos desde a apreensão ou o primeiro exame da corn â violação de regras sobre cadeias de custódia estabelecidas em
prova até sua glarda e preservação". Sobre o conteúdo do que deve portarias, resoluções ou outros atos equivalentes.
ser registrado na cadeia de custódia, o art. 1'69-B prevê:"Art. 169-8.A Por fim, o art. L69-C estabelece que "â aplicação da cadeia de
cadeiade custodia regtstrarâ: I - a individuação e descrição da prova custodia é de responsabilidade dos funcionários públicos que tiverem
e seu estado original; II - as condições de coleta, preservação, emba- contato com os elementos probatórios materiais".33
lagem e envio; III - a cronologia da arrecadação e guarda da prova
e pessoa responsável pela guarda e registro; IV - as mudanças pelas 5. A5 REGRAS DA LEI N" 9.29ó/1996
quais a custódia tenha passado;V - o nome e a identificação de todas E A CADEIA DE CUSTÓDIA
as pessoas que tenhem tido contato com os elementos probatórios".3:
O tema da cadeia de custódia no processo penal ganhou destaque
com o problema da integralidade dos registros de conversa telefünicas
31 O art. 1,69-A, caput, dispöe que:"Art. 169-A.Todos os âgentes públicos envol- interceptadas por ordem judicial.3a
vidos na persecução penal deverão observar a cadeia de custódia na aquisição Todavia, em tal contexto, confundiu-se a cadeia de custódia,
e preservação das fontes e meios de prova".tata-se, praticamente de tradução
entendida como a documentação da cadeia de custódia - ainda que
literal do a;it.255 Código de Procedimiento Penal colombiano.
de algo imaterial - como o conteúdo das conversas telefônicâs - com
32 O dispositivo foi claramente inspirado no at.254 do Código de Procedimiento
a própria existência da fonte de prova.
Penal da Colombia, que estabelece:"Con el fin de demostrar la autenticidad de
Ios elementos materiales probatorios y evidencia fisica,la cadena de custodia se
ap\ícarâ teniendo en cuenta los siguientes factores: identidad, estado original'
elementos, caso seja necessária, uma nova perícia, por exemplo, para a elaboração
condiciones de recolección, preservación, embalaje y envío; lugares y fechas de uma contrâprova, ou mesmo que, pela primeira vez se determine uma perícia
de permanencia y los carnbios que cada custodio haya reahzado. Igualmente se
sobre algo aprendido, e.g., no caso de conversão do julgamento em diligência,
registrará el nombre y la identifìcación de todas las personas que hayan estado em segundo grau.
en contacto con esos elementos". Sobre a extensão d¿ cadeie de custódia, o 33 Trata-se, praticamente de tradução literal do at.255 Código de Procedimiento
pangrafo único do art.L69-B prevê que:"Paragrafo único.A cadeia de custodia
Penal colombiano.
será iniciada no lugar em que forem descobertos, recolhidos ou encontrados
3a O tema foi objeto de análise profunda na obra de Geraldo Ptado (Proua penal e
os elementos probatórios materiais, e será encerrada por ordem da autoridade
competente somente após do fìnal do processo". Registre-se que a norma pre- Sßtema de controles epistêntícos. A quebra da cadeia de custódia das provas obtidas
vê uma amplitude que vai além do que normalmente se defìne com o marco por mios ocultos. São Paulo: Marcial Pons,2014, p.92) ern que se comenta a
final da cadeia de custódia, que é a apresentação do meio de prova etn j,tizo. decisão proferida pelo SuperiorTiibunal deJustiça, proferida no Habeas Corpus
Com isso, em caso de elementos probatórios que permaneçam em depósito de n" 160.662/RJ, em que segundo o autor, "a 6" Turma do Superior Tribunal
agentes públicos após sua apresentação em juízo, será necessária a continuidade de Justiça por unanimidade acolheu a tese da cadeia de custódia e declarou a
dos registros, o que garantirá os atributos de autenticidade e integridade de tais ilicitude da prova".

528 529
No que diz respeito às interceptações telefônicas e telemáticas, investigação, seguindo-se o incidente de inutiltzação previsto no art.
embora a Lei n" 9.996/1996 não tenha regra expressa sobre a ca- 9" da Lei n" 9.296/1.996.35
deia de custódia, é evidente que a necessidade de identificação do Extrai-se, portanto, da normativa legal, que toda as gravações
interlocutor decorre da príprta rratrtrezà da medida, que demanda têm que ser disponibllizadas às partes, que poderão requerer a des-
identificação do número da linha telefônica interceptada. Por outro truição daquelas que considerârem, cada uma sob a sua ótica, inúteis
lado, a necessidade de que se mantenha a integralidade da gravação à investigação ou ao processo. E, mesmo assim, a destruição depende
do conteúdo de todas as conversas telefônicas interceptadas é prevista de decisão judicial autorizando-a.
expressamente pelo legislador. Como explica Geraldo Prado:"Os suportes técnicos que resultam
A cabeça do art. 6" da Lei n" 9.296/1996 prevè que "a auro- da operação, portanto, devem ser preservados.A razão adícíonal, de
ridade policial conduzirâ os procedimentos de interceptação" e o natureza constitucional, está vinculada ao fato de que apenas dessa
$ 1" prevê que, "no caso de a diligência possibilitar a gravação da maneira é possível assegurar à defesa, oportunemente, o conhecimento
comunicação interceptada, serâ determinade a sua transcrição". A das fontes de provas. O rastreamento das fontes de prova será uma
norma, portanto, perece âpenas facultar a gravação, em caso de im- tarefa impossível se parcela dos elementos probatórios colhidos de
possibilidade técnica de sua rcalização. Esse problema, contudo, em forma encadeada vier a ser destruída".36
mais de duas décadas de vigência da lei, foi superado pelo avanço Todavia, o registro mediante gravação,em meio digital, de todas
da tecnologia, sendo inaceitável atualmente qualquer mecanismo as conversâs telefônicas interceptadas,não constitui a"cadeía de cus-
tecnológico que realize uma intercepração telefônica sem possibi- tôdia" das interceptações telefônicas, nem mesmo a documentação
lidade de gravação. de cadeia de custódia. Ao contrário, será a prípria fonte de prova
Por outro lado, sendo gravado o conteúdo das conversas telefi3- real, ou talvez seria melhor díze¡"virtuâl". Comparando com uma
nicas, o $ 2" do mesmo artigo 6" determina que, depois de rcalizada situação de coisas materiais, o resultado de uma busca positiva, em
a diligência,"a autoridade policial encaminhará o resultado da inter- que sejam apreendidas armas e munições, os revolveres e os projéteis,
ceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá em si, não serão a cadeia de custódia, mas e príprta coisa. A cadeia
conter o resumo das operações realizadas". de custódia será a sucessão de pessoas que tiverem contato com tais
O dispositivo trata de duas coisas distintas: (i) o resultado da armas e munições, desde sua coleta, passando pelo seu transporte,
interceptação, que é o conjunto integral de todas es conversas tele- erÌtrega, recebimento,arrrrazenamento, até sua análise por peritos, e
fônicas rcalizadas no período mediante o registro em qualquer meio posterior encaminhamento a juizo.
de gravação de seu conteúdo; (ii) o auto circunstanciado que deverá Assim sendo, no caso de interceptação telefôrrica, a destruição
ser um relatório com o resumo descritivo das operações. ou perda, total ou parcial, ou o eventual não encaminhamento a1uîzo
Concluída a realização da interceptação telefônica, o art. 8" da do conjunto integral de todas as conversas interceptadas durante o
referida lei prevê que os autos apartados da interceptação telefônica período de autorização judicial, implica por clara violação das regras
serão apensados ao inquérito, antes do relatório (art.8", caput e par.
35 A cabeça do Art. 9o dispõe que: A grauação que não interessar à proua será inuÍilizada
único, primeira parte), ou nos autos do processo criminal, quando
for concluso ao juiz parâ senten ça (art.8 , caput e par. único, segunda por decisão judicial,dtxante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em

parte). Nestes autos apartados, por exigência do $ 2" do art. 6" ,heverâ virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada" (desta-
quei) E o parâgrafo único do mesmo artigo prevê:"O incidente de inutilização
o registro integral com a gravação do conteúdo de todas es conversas do acusado ou
será assistido
pelo Ministério Público, sendo facultada â Presença
interceptadas, bem como os autos circunstanciados das operações. de seu representante legal".
Somente após a sua juntada aos autos principais e, evidentemente, 36 Geraldo Prado, Proua penal e Sístema de controles epistêmicos. A quebra da
diante da ciência das partes, por intermédio da prévia decisão judicial, cadeia de custódia das provas obtidas por mios ocultos. São Paulo: Marcial
é que poderá haver destruição das conversas que não importarem à Pons,201.4, p.79.

530 531.
processuâis dos artigos 8" e 9" da Lei n" 9 .296 / 1996, tornando a prova não podendo ser admitida no processo;38 a segunda, superar o pro-
ilegítima. Não terá havido, porém, uma violação ou irregularidade blema de admissão da prova e resolver o problema do vício da cadeia
no procedimento de documentação da cadeia de custódia, mas sim de custódia dando menor valor ao meio de prova produzido a partir
um descumprimento de regras processuais sobre o próprio registro de fontes de prova cuja cadeia de custódia tenha sido violada. Ou
e preservação das fontes de provas "apreendidas" durante a realização seja, trata-se de discussão entre admissibilidade e valoração da prova.
do meio de obtenção de prova. Inicialmente, é necessário analisar sobre quem recai o dever de
Voltando ao já citado julgado do SuperiorTribunal deJustiça, no documentação da cadeia de custódia.
Habeas Corpus n" 1,60.662lRJ, tratou-se de situação em que "parte No direito norte-americano, até pela rLat:uezz' de law of euidence,
das provas obtidas, apartir da interceptação telemâttca,foi extraviada, em toda produção da prova é ônus da parte, considerada protago-
ainda na Polícia Federal, e o conteúdo dos áudios telefônicos não foi nista da atividade probatória e verdadeira"dorra" da prova por ela
disponibilizado da forma como captado, havendo descontinuidade produzida, considera-se que quem produz a prova é responsável por
nas conversas e na suâ ordem".37 Diante disso, a Corte entendeu que demonstrar a integridade da cadeia de custódia . Ã Rule 901' a da Fe-
"a integralidade da provâ colhida interessa, não apenas à acusação, deral Rules of Evidence, ao trãtàr da Authenticatíon and ldentification da
mas também à defesa, que dela poderia utilizar-se para contrapor-se prove, determina que a parte que propõe a produção de uma prova
à acusação" e, a pattit desta constatação, considerou a prova "llicita, deve produzir provas suficiente para demonstrar que aquela fonte de
ern razão da perda da sua unidade". provâ é exatamente aquilo que o requerente afirma ser.
Todavia, não se declarou, ao menos expressamente, que tal ilicitu- No sistema estadunidense, tem se reconhecido que, em relação
de decorreu de uma quebra ou violação da cadeia de custódia, apenas e à cadeia de custódia, não é necessário eliminar toda possibilidade de
genericamente do direito à prova:"Mostra-se lesiva ao direito à prova, alteração, substituição ou mudança de condição da fonte de prova
corolário da ampla defesa e do contraditório - constitucionalmente apresentada em juízo.3e Por outro lado, no caso de coisas que não são
garantidos -, a ausência da salvaguarda da integralidade do material facilmente identificáveis, será necessária uma demonstração da cadeia
colhido na investigacão, repercutindo no próprio dever de garantia de custódia, desde o momento em que a coisa foi encontrada, atê
da paridade de armas das partes edversas". Bem como se considerou suâ apresentação no tribunal, com um grau de completude suficiente

que "Decorre da gerantià da arnpla defesa o direito do acusado à patatornat"razoavelrrtente provável" que o item original não tenha
disponibilização da integralidade de mídia, contendo o inteiro teor sido trocado nem alterado.a('Já no caso de coisa facilmente sujeitas
dos áudios e diálogos interceptados". a adulteração, como drogas iiegais ou substâncias químicas, exige-se
Concorda-se com a decisão e com seus fundamentos. Todavia,
não parece correto dizer que no caso do Habeas Corpus n" 1.60.662/ 38 Nesse sentido, na doutrina nacional: Prado, Proua penal e Sistema de controles

RJ, julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, os resultados das in- epistêmicos ...,p.92; Marcos Eberhardt, Penal.Poto Alegre:
Prouas no Processo

terceptações telefônicas foram considerados ilícitos por violação da Livraria do Advogado,2015, p. 223) considera que "a quebra da cadeia de
custódia está relacionada ao plano da admissão e não da valoração da prova'
cadeia de custódia.
não podendo admitir-se dentro do processo penal prova têcntca obtida sem a
mínima observância da técnica ou método apropriado perâ a sua análise". De
ó. DA CONSEOUÊruCA DA VIOLAçÃO DA CADEIA forma semelhante, paraYuri Azevedo e Caroline Regina OliveiraVasconcelos
DE CUSTÓON (Ensaios sobre a cadeia de custódia das prouas no processo penal brasileiro. Florianópolis:
Empório do Direito,2017,p.L09)"a eventual quebra na cadeia de custódia da
No caso de violação da cadeia de custódia, em tese, duas soluções prova importa na ilicitude da prova".
seriam possíveis: a primeira, considerar que a prova se torna ilegítima, 3e Nesse sentido: Graham, Federal Rules of Euidence ...,n.643. Kenneth S. Broun
(Edit.), McC ormick on Eui d ence,T ed. St Paul:West Academic P ubl., 20I 4, p. 48 4
6" 1. 4, p. 483-484
37 SfJ, HC n" 160.662 / P.J, Turma, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 1,8.02.20 v.rj aa McCormick on Euidence ...,

532 533
uma demonstração mais rigorosa da cadeia de custódia, embora a
Questão distinta é definir se, uma vez constatada a existência de
sua demonstração completa nem sempre precise ser provada.Tem se vícios na cadeia de custódia, isso levaria, necessariamente, à ilicitude
exigido urn standard de prova suficiente parâ que o juiz possa acreditar ou ilegitimidade da provâ, que seria inadmissível no processo.
que a coisa ainda ê aquilo que o requerente da prova aftrna que ela é; A resposta deve ser negativa, principalmente, no caso em que
se for apontado um risco específico de erro de identificação da coisa
haja apenas omissões ou irregularidade leves, sem que haja indica-
ou de sua alteração, quem requereu a prova deve produzir provas que tivos concretos de que a fonte de prova possa ter sido modificada,
superem esse rlsco, ou a prova será excluída.a1 adulterada ou substituída. Em tais casos, a questão deve ser resolvida
Evidente que tal concepção, pela diferença dos sistemas, deve no momento da valoração.
sofrer âdaptações, quanto transportadapàra o modelo continental, em
Não se desconhece que, nos chamados sistemas de ciuíl law,houve
que a atividade probatória não é considerada"coisa das partes". E isso uma profunda degeneração do liwe convencimento. Historicamente,
se agrâva no caso de fontes de provas reais, que na fase investigatória
o liwe convencimento, resgatado pela Revolução Francesa, era só um
da persecução penal normalmente são apreendidas por integrântes princípio negativo, de repúdio ao sistema da prova legal. Todavia, na
da polícia judiciâría, ficando sob a custódia de âgenres de polícia e,
cultura pós-iluminista se transformou, acriticamente, em um método
depois, de peritos oficiais, até serem juntadas ao processo. discricionário de valoração da prova.Justamente por isso, para Luigi
Nesse contexto, uma primeira possibilidade seria considerar que a
Ferrajoli, o livre convencimento se transformou "em umâ das páginas
pârte que contestar a autenticidade da prova, alegando a violação da ca- politicamente mais dolorosa e intelectualmente mais deprimente da
deia de custódia, será a responsável pela demonstração de tal vício. Logo, história as instituições penais. (...) E acabou por se transmudar em um
caso não se desincumba de tal demonstração, a prova será considerada grosseiro princípio potestativo idôneo a legitimar o arbítrio dosjuízes".a3
válida.Tal solução ainda se alinharia com uma tendência verificada no Mesmo com tais riscos, defende-se que as irregularidades da
terreno das nulidades, que indevidamente transplântado para o tema cadeia de custódia não são aptas a câusâr a ilicitude da prova, deven-
dos vícios probatórios, no sentido de que aquele que alega a nulidade do o probleme ser resolvido, com redobrado cuidado e muito maior
de um ato processual deverá demonstrar a nulidade de tal ato. esforço justificativo, no momento da valoração.
Discorda-se de tais posicionamento. como corretâmente rebate pilar Não é a cadeia de custódia a prova em si. Mas sim uma "prova
LadrónTäbuenca:"fäl interpretación, a nuesffo juicio, result e contraria al sobre prova". Sua finalidade é assegurar a autenticidade e integridade
principio de normalidad probatoria o de mayor facilidad de acceso a la da fonte de prova, ou â sue mesmidade. Ela, em si, não se destina a
fuente de prueba. Principios que deberían conllevar como consecuencia demonstrar a veracidade ou a falsidade de afirmações sobre fatos que
necesaria,por el contrario,y a nuestro parecer,la inversión de la carga de
integram o thema probandum.
la prueba, en el sentido de que fueran los organismos encargados de la
Ainda que com cuidados redobrados, é possível que mesmo em
prâcdce de la prueba pericial quienes hubieran de acreditar su actuación
câsos nos quais haja irregularidade na cadeia de custódia, a prova seja
con pleno respeto alalex artísy alos específicos protocolos de actuación,
aceita e admitida sua produção e valoração.
tanto puramente orgánicos como científicos"a2.
Por outro lado, no caso de vícios mais graves, em que se tenha
Assim, nos sístemas em que a investigação criminar está atribuída dúvidas sobre a autenticidade ou integridade da fonte de prova, em
a órgãos estatais, é função dos agentes estatais, que têm contato com
que haja uma probabilidade de que a mesma tenha sido adulterada,
a fonte de prova real,a documentação da cadeia de custodia.
substituído ou modificada, isso enfraquecerá seu valor, cabendo ao
julgador, motivadamente, fazer tal análise.aa Evidente que, em tal
..
aI McCormick on Euidence ., p.484
a 13 Diritto e ragione. Teoria del garantismo penale. 5. ed.
Pllar Ladrón Tabuenca, La cadena de cuslodia en el proceso penal español: reuisión Roma: Laterza,1998, p. 118.
normativa, in carrnen Figueroa Navarro (Dir.), La cadena de custodia en el aa Nesse sentido: Paolo Tonini;
Carlotta Conti, f diritto delle proue penali. 2 ed.
proceso penal, Madrid: EDISOFER, 2015, p. 25.
Milano: Giuffrè, 2014, p.364.

534 535
caso, se considerar atendível um meio de prova, decorrente de fonte Carrara,Francesco. Programa de derecho crininal.Ttad. d. JJ Ortega 1ôrres e
sobre a qual haja irregularidades na cadeia de custódia, haverá uma J. Guerrero Leconte, Bogotá:Temis, i957, v. II.
inegável necessidade de reforço justificativo demonstrando o porque Cataido Neuburger, Luisella de. Gli sviluppi della psicologia giuridica: la
ser possível confiar na autenticidade e integridade de tal fonte. valutazione della qualità del contributo dell'esperto. (Org.) La proua scientfrca
nel processo penale. Padova: Cedarn,2007.

7. CONCLUSÖES Cordero, Franco. Tie studi sulle proue penali. Milano: Giuffrè, 1963.

A atividade probatória reahzada no processo penal deve ser Costa Andrade, Manuel da. Sobre as Proíbições de Proua em Processo Penal,
conduzida dentro dos parâmetros da legalidade, não sendo possível Coimbra: Coirnbra, 1992.
admitir-se a violação de direitos fundamentais para a obtenção de Damaska, M iqan. II diritto delle proue alla deriua.-lrad. Francesca Cuoma lJlloa
elementos probatórios (caso em que â prova será ilícita), nem o des- eValentina Riva, Bologna: I1 Mulin o, 2003.
cumprimento das formalidades que a lei processual prescreve para a Eberhardt, Marcos. Prouas no Processo Penal. Porto,\legre: Lívtatia do Âd-
produção da prova ou execução de providências a ela relativas (ile- vogado,2015.
gitimidade que âcarreta a nulidade da prova). Ferrajoli, Luigi. Diritto e ragione: teoria del garantismo penale. 5. ed' Bari:
A cadeia de custódia é um procedimento de documentação Laterza,1998.
ininterrupta, desde o encontro da fonte de prova real,atê a sua jun- Frederico Marques,Jos ê. Elementos de Direito Processual Penal. kio deJaneiro:
tada no processo, certificando onde, como e sob a custódia de pessoas Forense, v. II.
ou de quais órgãos foram mântidos tais traços, vestígios ou coisas, Garner, Bryan A. (Edit.). Blacþ\ Law Dictionary,T ed. St. Paul:West Group,
que interessam à reconstrução histórica dos fatos no processo, com a 1999.
finalidade de garantir sua autenticidade e integridade. Garofoliÿin cenzo." Verítà Storica eVerità Processuale: L'imponibíle endiadi in un
processo virtualmente accusatorio" , in Garcfoli,Yincenzo e Incampo, Antonio.
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Writà e processo penale,Milano: Giutrrè,2012.
de custódia,apÍov:- não deve ser necessariamente considerada tlícíta,
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sendb admissível sua produção.
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Se houver elementos concretos que permitam dúvidas da au-
tenticidade ou integridade da fonte de prove, ante aprobabilidade de Graham, Michael H.. Federal Rule of Euidence ín a lxlußhell.8 ed. St Paul:
que a mesma tenha sido adulterada, substituída ou modificada, a sua Thomson Reuters, 2011.
valoração exigirá um reforço justificativo, demonstrando o porque Grinover, Ada Pellegrint. Liberdades Públícas e Processo Penal - as intercep-
tações telefônícas.2 ed., São Paulo: RT,1982-
ser possível confìar na autenticidade e integridade de tal fonte, para
valorar seu conteúdo. LadrónTabuenca, Pilar. La cadena de custodía en el proceso penal español: reuisión
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