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TOMO 9
PROCESSO PENAL
COORDENAÇÃO DO TOMO 9
Marco Antonio Marques da Silva
PUCSP
São Paulo
2020
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
PROCESSO PENAL
DIRETOR
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
Pedro Paulo Teixeira Manus
DE SÃO PAULO
DIRETOR ADJUNTO
FACULDADE DE DIREITO Vidal Serrano Nunes Júnior
CONSELHO EDITORIAL
1.Direito - Enciclopédia. I. Campilongo, Celso Fernandes. II. Gonzaga, Alvaro. III. Freire,
André Luiz. IV. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
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ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
PROCESSO PENAL
PROVA DOCUMENTAL
Roberto Delmanto Junior
INTRODUÇÃO
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................................................... 2
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6. Conclusão .............................................................................................................. 21
Referências ..................................................................................................................... 22
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CARNELUTTI, Francesco. Novissimo Digesto Italiano, p. 86.
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Por outro lado, se não houver elementos de segurança no suporte material, ter-
se-á o equivalente a uma mera cópia, ou simples impressão, sem nenhuma garantia de
que o seu conteúdo não tenha sido totalmente forjado.
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Como visto, quanto mais robustos os elementos acima referidos, maior será o
valor probatório desse documento.
Embora não se negue a possibilidade de existirem documentos apócrifos, como
uma denúncia anônima enviada por carta, por certo nenhum valor probatório ele haverá
de ter.
3.2.1. “Decalques”
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4. DOCUMENTOS DIGITAIS
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Para que um documento possa ser apto a provar algo, isto é, demonstrar com
segurança que determinado episódio ocorrido no passado efetivamente se deu, é
fundamental que dele se possa extrair, com segurança, alguns aspectos: (a) autenticidade,
isto é, que o documento apresentado é de fato o originalmente elaborado, estando íntegro,
isto é, com seu conteúdo imutável, significa dizer que embora o suporte seja original, ele
não foi adulterado; (d) autoria, podendo-se afirmar com segurança quem foi o seu
elaborado; (c) temporaneidade, ou seja, que a sua criação tenha efetivamente se dado na
data em que se alega ter ele sido constituído; (d) inexistência de vícios de vontade, em
outras palavras, conferindo-se segurança de que não houve coação ou erro.
Essa análise demanda a possibilidade de o documento ser periciável,
consubstanciando-se em peça de análise por experts, mediante o denominado exame de
corpo de delito direto. Tem-se, via de regra, portanto, que a parte apresente o original
para que dele se possa extrair as análises a fim de confirmar a sua higidez como prova.
Ocorre que, no mundo digital, não existe suporte material, o que nos faz refletir,
inclusive, sobre a questão do corpo de delito.
Aqui, os vestígios de um crime, por exemplo, são algorítimos, perícias que
denotam ter havido alterações em sistemas de dados.
Daí, para que se possa provar algo, quando somente se tem um documento
digital, como o screen shot (fotografia da tela) de um computador, tablet ou smartphone
com mensagens ofensivas, por exemplo, tem se recorrido ao bons e velhos cartórios de
títulos e documentos.
Buscando dar “suporte material” ao “digital”, é comum, hoje, a elaboração de
escrituras públicas na qual o Tabelião imprime determinado conteúdo da internet, de uma
página por exemplo em que existam ofensas a uma pessoa, efetivamente documentando
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em um suporte material e com requisitos de segurança (papel com marca d’água, selo de
autenticidade, numeração e armazenamento em livros) para que aquele fato tenha a prova
de sua existência perpetuada. Desse modo, se houver a impressão em papel de segurança,
em cartório, ela passa a ser uma espécie de “documento do documento”, que poderá
garantir maior segurança de sua existência, originalidade e a temporaneidade, que fora
copiado ou digitalizado.
Por outro lado, se não houver elementos de segurança no suporte material, ter-
se-á o equivalente a uma mera cópia, ou simples impressão, sem nenhuma garantia de
que o seu conteúdo não tenha sido totalmente forjado.
Enfim, por mais que a tecnologia avance, sobretudo com a biometria (íris dos
olhos, digitais etc.), a grafia de uma pessoa, ao redigir uma carta, ou a sua assinatura, são
parâmetros que nunca deixarão de garantir segurança, sobretudo quando se dispõe do
original dele. É fundamental reforçar a necessidade da existência do original – salvo
exceções em que as cópias sejam de muito boa qualidade, somadas à existência de padrões
de confronto –, uma vez que com os atuais scanners e impressoras coloridas, tem sido
muito mais fácil a falsificação de assinaturas. Por vezes, consegue-se provar a fraude
justamente pelo idêntico padrão das assinaturas digitalizadas por imagem, tendo o falsário
alterado, somente, o seu tamanho, mas mantendo-se idênticas proporções. Até a
impressão em assinaturas digitalizadas se consegue fazer em folhas de cheques, por
exemplo.
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BRAZZI, Emanuele Florindi-Massimo. Computer e diritto, pp. 146 e ss.
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características mínimas dos documentos com suporte material, para que se tenha
segurança: (a) Autenticidade do documento e de seu conteúdo, não tendo sido alterado
posteriormente, dotado de imutabilidade; (b) Autoria; (c) Temporaneidade; e (d) Isenção
de vícios de vontade quanto de sua confecção.
Nesse novo universo, os desafios a fim de se garantir essas qualidades mínimas
para que o registro eletrônico de fatos históricos possa ser chamado de documento, e,
portanto, ter valor probante, são enormes.
No Brasil, na esteira do que vem ocorrendo em outros países, quase todos os atos
da vida civil, do Poder Público em todas as esferas, inclusive do Judiciário, têm sido
registrados mediante documentos digitais.
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Assim decidiu, por exemplo, o STJ na famosa “Operação Castelo de Areia”, ao julgar, em 05.04.2011, os
Habeas Corpus 159.159 e 137.349, e decidir que denúncias anônimas não podem servir de base exclusiva
para que a Justiça autorize a quebra de sigilo de dados de qualquer espécie. Essa decisão vem sendo
mantida, tornando-se um paradigma. Veja-se, por exemplo, o julgamento realizado pelo STJ, no Habeas
Corpus 190.334, logo depois, em 10.05.2011.
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selos, a assinatura eletrônica, por meio de microchips e senha, de certa forma deles se
assemelha.
Uma terceira pessoa que tenha acesso ao cartão com chip de seu titular, e que
consiga obter a senha, terá a possibilidade de “assinar” documentos eletrônicos como se
fosse ele, sendo quase impossível prova em contrário; salvo eventual registro em vídeo
de seu real autor no terminal do computador por meio do qual foi o documento assinado,
no horário em que tiver sido enviado.
Daí estarem sido já desenvolvidas outras tecnologias, sobretudo a da biometria
para garantir que a pessoa que assina determinado documento digital, é ela mesma. Têm-
se técnicas como a da impressão digital e a da leitura da íris do olho, que demandam
suporte de dados como parâmetro.
Desse modo, a chamada assinatura eletrônica simples, como ensina Brazzi,4 é
aquela em que existem dados eletrônicos a partir dos quais são anexados ou logicamente
associados outros dados eletrônicos que servem como método de autenticação; em
linguagem mais apropriada, “impressão eletrônica” ou também “chave eletrônica”; como
se utiliza em perícias, hash.
Ocorre que quando se utiliza o hash como autenticação eletrônica, tem-se a
transformação de um texto em um “cordão” ou “linha” alfanumérica de tamanho fixo que
representa a assinatura eletrônica de todo o texto. Com o hash é possível autenticar que o
texto original não foi adulterado com toda a segurança. Documentos idênticos geram,
cada um deles, um hash idêntico ao outro.
O sistema senhas eletrônicas se utilizam muito do hash, onde a senha em si não
aparece, mas somente o seu código hash. Porém, não se garante, necessariamente, a
autoria do próprio documento.
Já com a assinatura eletrônica avançada, chamada de “certificado eletrônico”,
vincula-se a identidade a identidade do titular dos dados utilizados para verificar a firma
eletrônica, estando conexos a um documento informático ao qual a assinatura se refere.
Existem exigências legais para esses certificados digitais: registro do titular do
certificado, data de validade e assinatura eletrônica de quem expediu o certificado.
4
BRAZZI, Emanuele Florindi-Massimo. Computer e diritto, pp. 145-146.
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BORRUSO, R. Il documento informatico, la firma elletronica e la firma digitale alla suce delle ultime,
p. 152.
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vez já tenha sido materializado, ou mesmo que nunca tenha sido, em sua existência,
transformado em coisa palpável. Igualmente, em arquivos PDFs.
Nesse passo, se de um lado em toda auditoria contábil é regra exigir-se a
conferência do documento físico (uma nota fiscal, um pedido etc.), é fato que isso tem
mudado, sobretudo no mundo do direito, em que tudo, ou quase tudo, tem acontecido de
forma digital, não tendo jamais ocorrido a impressão.
6
“Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia
da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão considerados originais para todos os
efeitos legais.”
7
Art. 11,§ 1º: “Os extratos digitais e os documentos digitalizados e juntados aos autos pelos órgãos da
Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas autoridades
policiais, pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos e privados têm a mesma força
probante dos originais, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o
processo de digitalização”.
8
Art. 11, § 3º: “Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no § 2º deste artigo, deverão ser
preservados pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sentença ou, quando admitida, até o final do
prazo para interposição de ação rescisória”.
9
Art. 11, § 6º: “Os documentos digitalizados juntados em processo eletrônico somente estarão disponíveis
para acesso por meio da rede externa para suas respectivas partes processuais e para o Ministério Público,
respeitado o disposto em lei para as situações de sigilo e de segredo de justiça”.
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ALMEIDA, Patrícia Martinez; SILVEIRA, Vladmir Oliveira da. Processo judicial eleletrônico e
segurança de dados: a proteção digital como novo direito humano. Revista Mestrado em Direito, ano 13, nº
2.
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Para viabilizar que documentos digitais tenham segurança, seja quanto à autoria,
momento de sua criação, integralidade de seu conteúdo e controle de toda e qualquer
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6. CONCLUSÃO
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papel) já é uma realidade na vida forense, e por esse motivo foram aqui abordados.
De tudo, uma coisa é certa: os tradicionais documentos, lavrados em papel de
segurança, com selos públicos, com o testemunho de tabeliões, serão sempre uma garantia
adicional, por mais que a tecnologia avance. Igualmente, cartas manuscritas são fonte
segura de autoria, uma vez que a perícia grafoscópica tem plenas condições de, havendo
padrões de confronto, atestar cabalmente a sua originalidade e, inclusive, época da
elaboração do documento, pois a grafia de uma pessoa se altera no tempo.
Enfim, se todo processo judicial se baseia em fatos da vida humana que são
trazidos para a apreciação do Poder Judiciário, os documentos (que por vezes se
sobrepõem inclusive a outras provas, como a testemunhal, no livre convencimento
judicial), são essenciais para que esses fatos sejam reconstruídos no processo, sendo
cabalmente demonstrados e provados, para que se minimizem as possibilidades de ocorrer
injustiça, ou seja, que venha a ter concretude o fantasma, sempre presente, do erro
judiciário.
REFERÊNCIAS
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