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www.participatorio.juventude.gov.br
Pesquisa Nacional sobre
Perfil e Opinião dos
Jovens Brasileiros 2013
www.participatorio.juventude.gov.br
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Dilma Rousseff
Presidenta da República
Michel Temer
Vice-Presidente da República
FICHA TÉCNICA
Elaboração/Supervisão
Helena Wendel Abramo, Elisa Guaraná de Castro, Gustavo Venturi, Ana Laura Lobato e Carla de Paiva Bezerra
Colaboração Especial
Regina Novaes e Eliane Ribeiro
Consultoria
Anna Luiza Souto, Maria Virgínia de Freitas, Rita Dias e Sônia Hotimsky
Equipe Técnica
Mônica Sacramento Costa e Valéria Viana Labrea
Aplicação da Pesquisa
Gestão Venturi Associados e Análise Final Pesquisas
Projeto gráfico
Aline Magalhães Soares e Mariana Karilena Moura da Silva (SNJ) e Daniela Rodrigues (Njobs Comunicação)
Diagramação
Daniela Rodrigues (Njobs Comunicação)
Revisão
Aline Magalhães Soares, Mariana Karilena Moura da Silva e Elisa Guaraná de Castro (SNJ)
Fernandan Gomes (Njobs Comunicação)
Colaboração
Frances Mary Coelho da Silva, Sérgio Alli, Murilo Parrino Amatneeks e Bruno de Oliveira Elias
Apoio
Unesco Brasil
O MUNDO DO TRABALHO......................................... 49
VIDA POLÍTICA........................................................... 83
Observações finais...........................................................109
Uma das diretrizes que guiam a ação da Secretaria Nacional
de Juventude (SNJ) é que os jovens devem ser reconhecidos
como sujeitos de direitos e de políticas públicas. Para isso, é
fundamental conhecer suas realidades, questões, opiniões e
demandas, além das características sociais, demográficas, po-
líticas e culturais que nos revelam o quadro geral das condi-
ções de vida da população juvenil no Brasil.
1
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M.G. Juventude, Juventudes – o que une e o que separa.
Brasília, 2006. p. 11.
A apresentação dos resultados preliminares da Agenda Juven-
tude Brasil: Pesquisa Nacional Sobre Perfil e Opinião dos Jo-
vens Brasileiros 2013 tem foco nas questões relativas ao perfil
e condições de vida, à educação e ao trabalho, à violência, às
percepções sobre o país, à participação política e a políticas
públicas, de modo a iluminar os interesses e o comportamen-
to da juventude brasileira, da qual parte significativa esteve
nas ruas no primeiro semestre deste ano reivindicando mais e
melhores políticas públicas de transporte, saúde, educação e
novas formas de participação política.
Abordagem
Isso significa que é preciso compreender as diferentes situações que configuram a reali-
dade da condição juvenil no nosso país.
1. Juventude e idade
O escopo da pesquisa é o que vem sendo tomado, nos últimos anos, como o segmento
juvenil da população brasileira compreendido pelo grupo etário de 15 a 29 anos, refe-
rendado pela Constituição Brasileira, artigo 227, e agora pelo Estatuto da Juventude que
acaba de ser sancionado.
Segundo o Censo de 2010, há no Brasil 51,3 jovens de 15 a 29 anos de idade, o que equi-
vale a cerca de ¼ da população do país. Esse arco de idade se justifica pela extensão do
período de transição que constitui a etapa juvenil marcada na atual conjuntura histórica
por trajetórias relativamente longas, intermitentes e muitas vezes não lineares de for-
mação, inclusão e desenvolvimento da autonomia.
Por isso, é importante compreender a juventude a partir das faixas etárias internas a este
grupo para iluminar as diferentes situações e respostas dos jovens segundo os momentos dis-
tintos de suas trajetórias. Nesse sentido, optamos por definir as faixas etárias em 15 a 17 anos,
18 a 24 anos e 25 a 29 anos de idade, diferentemente dos parâmetros de intervalos quinque-
nais de idade (15-19 anos, 20-24 anos e 25-29 anos). Essa definição segue o recorte que vem
sendo adotado por políticas públicas no país destacando as diferenças de momentos do ciclo
de vida dos jovens que vai da adolescência à estruturação da vida adulta. A distribuição da ju-
ventude pesquisada segundo as faixas etárias2 definidas está representada no gráfico a seguir:
20%
15 a 17 anos
47%
18 a 24 anos
25 a 29 anos
33%
2
Tal como no Censo de 2010, a distribuição da juventude entre as faixas de idade 15-19 anos, 20-24 anos e 25-29
anos é de cerca de 33% para cada faixa etária.
14
2.Sexo
Sexo
49,6%
Homem
50,4% Mulheres
3. Cor
Com relação à cor, seis em cada dez entrevistados declarou-se de cor preta ou parda
(15% e 45%, respectivamente); os de cor branca são 34%. Esses dados apresentam uma
diferença expressiva e muito interessante em relação aos dados levantados pelo IBGE no
Censo 2010, em que a proporção de pretos, pardos e branco nesse segmento etário foi
de 7,9%, 45,9% e 44,7%, respectivamente. Na pesquisa Agenda Juventude Brasil, a pro-
porção de jovens que se declara preta é quase o dobro do que a identificada pelo Censo.
6%
Cor/Raça
15%
34%
Branco
Pardo
Preto
45% Amarelo/indígena
todos os que compõem a família é dada por apenas um de seus membros – comumente
a mãe ou o pai – enquanto nesta pesquisa coletou-se, exclusivamente, a autodeclaração
dos próprios jovens3. Essa constatação corrobora a hipótese – já apontada em pesquisas
anteriores4 – de que há uma tendência, nessa geração, de maior identidade racial entre
os jovens negros, acompanhando o aumento da visibilidade da questão racial no país e
das políticas de afirmação racial.
4. Religiões
A maioria dos jovens pesquisados se declarou católica (56%); os evangélicos represen-
tam pouco mais de ¼ da amostra (27%). Cerca de um em cada seis jovens não tem
religião (16%, incluído 1% de ateus). Na comparação com a pesquisa Projeto Juventude
(2003), os católicos diminuíram em dez pontos percentuais (somavam então 65%), en-
quanto os evangélicoscresceram (eram 22%), assim como os sem religião (estes foram
os que mais aumentaram, relativamente, indo de 10% para 15%).
Católica 56
Praticante 29
Não praticante 26
Evangélica 27
Espírita Kardecista 2
Outras religiões 3
Ateu/ Agnóstico 1
3
A pesquisa utilizou essa forma de aplicação com pergunta espontânea, seguida pela estimulada, para aproximar das categorias do censo.
4
IBASE/PÓLIS. Pesquisa sobre juventudes no Brasil – Relatório Quantitativo, 2008; CORROCHANO et al. Jovens e Trabalho no
Brasil, 2008.
16
Perfil e condição juvenil
COMPARAÇÕES LONGITUDINAIS
TRANSVERSAL COORTE
15 a 19 25 a 29
15 a 24 anos
anos anos
2003 2013 2003 2013
Católica 65 55 65 57
..praticante - 30 - 28
..não praticante - 25 - 28
Evangélica 22 29 22 24
Espírita Kardecista 2 2 1 2
Outras religiões 2 3 2 4
Ateu/ Agnóstico 1 1 1 1
Quanto maior a idade aumentam as chances do jovem ser católico e diminuem as de ser
de religião protestante.
17
5. Jovens do campo e da cidade
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Situação de domicílio
MORA NA CIDADE 85
Cresceu na cidade 74
Cresceu no campo 8
Meio a meio 2
MORA NO CAMPO 15
Cresceu na cidade 5
Cresceu no campo 10
Meio a meio 1
O gráfico acima mostra que parte dos jovens pesquisados (16%) experimentou mudan-
ça de situação do domicílio. É digno de nota o registro de que um em cada cinco jovens
passou pelo menos parte da infância no campo, bem como 5% cresceu na cidade, o
que pode estar relacionado à circulação dos jovens entre campo e cidade. Vale ressal-
tar que o Brasil experimenta uma perda constante de população rural jovem maior de
15 a 29 anos, numa proporção que equivale à metade do total de pessoas que migra
do campo para a cidade.5
5
Entre 2000 e 2010, a população rural brasileira sofre um decréscimo de 2 milhões de pessoas. Dessas, um milhão tinha entre 15 e
29 anos (IBGE, Censo 2000 e 2010).
18
Perfil e condição juvenil
SEXO E IDADE
HOMENS MULHERES
TOTAL
15 a 18 a 25 a 15 a 18 a 25 a
Total
Total
17 24 29 17 24 29
anos anos anos anos anos anos
Peso 100% 50% 10% 24% 16% 50% 10% 23% 17%
NO CAMPO OU PARTE NA
CIDADE, PARTE NO CAMPO/ 13 13 9 14 14 13 9 13 15
MEIO A MEIO
Para trabalhar/ buscar em-
4 5 0,3 5 7 3 4 4
prego/ trabalho
A família mudou 3 3 4 3 3 4 3 3 5
Para estudar/ por causa de
2 2 2 1 2 3 3 3 2
estudo, escola
Outras respostas 1 1 1 1 1 2 2 1 2
Não respondeu 2 2 2 3 2 2 3 2 1
NUNCA SAIU DO CAMPO 8 8 10 8 7 8 9 8 7
PASSOU A MAIOR PARTE NA
79 78 81 78 78 79 82 79 78
CIDADE
Como pode ser observado na tabela acima, as razões apontadas pelos jovens entrevis-
tados para a migração do campo para a cidade, quando não são para acompanhar a
família, estão relacionadas a trabalho e estudos.
19
6. Configuração familiar
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
A maior parte dos jovens ainda é solteira (66%) e vive com os pais (61%). Um terço (32%)
são casados ou vivem com seus cônjuges. Embora mais da metade (52%) vivam em famí-
lias chefiadas por pai ou mãe, cerca de 18% deles são os principais responsáveis e outros
16% têm o companheiro(a) como responsável pelo domicílio onde moram.
No conjunto da pesquisa, são 40% os que têm filhos, mas essa condição varia profunda-
mente segundo sexo: enquanto pouco mais de um quarto (28%) dos homens são pais,
mais de metade das mulheres (54%) vive a condição de maternidade.
Essa condição, naturalmente, cresce com o avançar da idade, mas sempre em maior pro-
porção para as mulheres, chegando a 70% na faixa que vai dos 25 a 29 anos.
15 a 18 a 25 a 15 a 18 a 25 a
Total
17 24 29 Total 17 24 29
anos anos anos anos anos anos
20
7. Estratos socioeconômicos
6
Comissão para Definição da Classe Média no Brasil, acessível em http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/Relatório-Definição-
da-Classe-Média-no-Brasil1.pdf <http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/Relatório-Definição-da-Classe-Média-no-Brasil1.pdf>
21
8. Escolaridade
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Fundamental completo
38%
11% Médio incompleto
Médio completo
13%
O ganho de escolaridade nessa geração de jovens é um dos fatos mais notáveis na aná-
lise das tendências dos últimos anos no país. Como pode ser observado no quadro a
seguir, na pesquisa realizada em 2003, apenas 6% dos jovens de 15 a 24 anos tinham
Ensino Superior, enquanto atualmente são 10%. Já de 25 a 29 anos temos 19% dos jo-
vens com o Ensino Superior. O maior contingente do segmento juvenil, mais da metade
(59%), tem como escolaridade o Ensino Médio. E ainda temos uma queda significativa
de jovens com apenas o Ensino Fundamental.
22
Perfil e condição juvenil
COMPARAÇÕES LONGITUDINAIS
TRANSVERSAL COORTE
15 a 24 anos 15 a 19 anos 25 a 29 anos
2003 2013 2003 2013
ATÉ FUNDAMENTAL 41 29 46 23
Até 4ª série/ Até 5º ano 8 7 6 10
De 5ª a 8ª série/ De 6º a 9º ano 33 23 40 13
MÉDIO OU TÉCNICO 52 60 52 58
1º a 2º ano - Médio incompleto 25 26 34 12
Médio completo ou Técnico 27 34 18 46
SUPERIOR OU MAIS 6 10 2 19
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ
Base: amostra total.
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?
P43. Qual foi o último ano de estudo que você completou?
Essa geração é bem mais escolarizada que as precedentes, mais de 50% chegou ao Ensi-
no Médio, enquanto este nível de escolaridade foi alcançado por apenas ¼ de seus pais.
Percebe-se, assim, uma diferença bastante significativa de escolaridade dos jovens em
relação a seus pais.
Pai Mãe
Não estudou 10 Não estudou 8
1ª a 4ª série 25 1ª a 4ª série 29
5ª a 8ª série 23 5ª a 8ª série 28
Médio 22 Médio 23
Superior 5 Superior 6
23
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
9. Condição de atividade
Normalmente se percebe o jovem apenas na sua condição de estudante. Mas quando
se observa o conjunto da população juvenil brasileira, em relação à sua condição de
atividade, nota-se que ela está mais presente no mundo do trabalho (74%, sendo que
53% trabalham e 21% procuram trabalho) do que na escola (37%). É importante notar
também que mais de um quinto desses jovens vivem conjuntamente os dois mundos, ao
conciliar escola e trabalho (14%) ou ao procurar trabalho enquanto estuda (8%).
Os dados são semelhantes àqueles levantados pelo Censo 2010, que apontam 53,5% dos
jovens de 15 a 29 anos trabalhando e 36% estudando. A proporção daqueles que estão
simultaneamente no mundo da escola e no mundo do trabalho também é coerente com
os dados da pesquisa: 22,8%.
Condição de atividade
PEA 74
TRABALHA 53
Trabalha e estuda 14 PEA que estuda
22
Trabalha e não estuda 40
DESEMPREGADO/A 21
Desempregado e estuda 8 a 52
oestud
que nã
Desempregado e não estuda 12 PEA
24
Essa relação, contudo, diferencia-se enormemente conforme a idade: enquanto a maio-
Parou de estudar
Terminou os estudos
33%
7
Segundo os dados da PNAD, caiu de 2001 para 2010, cerca de 25%, o número de jovens que não completaram o segundo ciclo do
Ensino Fundamental e em torno de 20% para o Ensino Médio.
25
Quando observamos essa condição pela faixa etária, temos que, entre aqueles com ida-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
100
85
80
60
36 42 43
40 33
31
20 14
10 4
0
15 - 17 18 - 24 25 - 29
Estuda Parou de estudar Terminou os estudos
Se três em cada quatro jovens fazem parte da PEA, pouco mais da metade está efetiva-
mente trabalhando, pois uma parcela significativa de jovens vive situações recorrentes
de desemprego. É fundamental olhar para essa condição a partir das faixas de idades
internas ao conjunto da juventude. No gráfico a seguir, podemos perceber que a dificul-
dade maior de inserção no mercado de trabalho se dá mais fortemente entre os jovens
com idade inferior a 24 anos de idade. Um em cada quatro jovens de 15 a 24 anos de
idade está procurando trabalho.
4 10
25-29 14
72
10
12 24
18-24
54
46
15-17 9 23
22
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Nunca trabalhou não procura Já trabalhou e não procura Procura Trabalha
Para compreendermos melhor como as trajetórias dos jovens são compostas por per-
cursos de formação, inserção profissional e constituição de família nuclear, podemos
verificar como esses diferentes eventos ocorrem por faixa etária. Apresentamos um
gráfico sintético de quatro eventos que julgamos fundamentais na vivência da juventu-
de e sua entrada na vida adulta.
26
Perfil e condição juvenil
100
80
60
40
20
0
15 a 17 18 a 24 25 a 29
100
80
65
60 54
42 37,4
40 37 37
27,4 28
20
0
Estuda Trabalha Casado Tem filho
Homens Mulheres
27
Tecnologia de
informação e
comunicação
Todas as pesquisas recentes apontam a velocidade com que as novas gerações absorvem
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Televisão aberta 83
Internet 56
Jornais Impressos 23
Rádio comercial 21
TV paga (cabo, satélite) 17
Revistras impressas 5
Rádio comunitária 4
Nenhum destes/ Não se informa 1
Outras respostas 0,4
Não repondeu 0,1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
No que se refere aos meios de comunicação que os jovens costumam usar para se infor-
mar sobre o que acontece no Brasil e no mundo, 83% deles mencionam a televisão aber-
ta, 56% a internet, 23% os jornais impressos, 21% as rádios comerciais e 17% a TV paga.
À exceção das rádios comerciais, todos os demais meios de comunicação citados apre-
sentam variações entre os jovens do meio urbano e os da área rural.
30
Enquanto a TV aberta é o meio de informação acessado em maior medida por aqueles
No que concerne à variável raça/cor, os dados indicam que os jovens brancos usam
mais a internet e a TV paga como fonte de informação comparativamente aos autode-
clarados pretos e pardos; 60% dos entrevistados de raça/cor branca acessam notícias
via internet ante 53% dos jovens pretos/pardos; quanto à TV paga, são 22% em face de
15%, respectivamente.
Usa computador e
USA internet
75
COMPUTADOR 80
E/OU INTERNET
Usa internet, mas não
computador (só pelo 4
celular)
NÃO USA
COMPUTADOR 20 Usa computador, mas
NEM INTERNET
não acessa internet
1
0 50 100 0 20 40 60 80
31
10. U
so de computador, formas de uso
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Branco Negro Urbano Rural Est. Baixo Est. Médio Est. Alto
Sim 84,4 76,1 83,1 55,5 59,7 84,6 90,7
Não 15,6 23,9 16,9 44,5 40,3 15,4 9,3
Com relação ao local de acesso à internet, a maioria dos entrevistados (55%) mencionou
acessar a rede com maior frequência em casa, 10% em lan house /cyber café e 6% do
celular/internet móvel. Apenas 4% dos jovens disseram ser mais usual navegar na rede
no seu local de trabalho.
Casa
As respostas dos entrevistados a essa questão foram analisadas a partir de tabelas que
consideram os usuários e não usuários da rede e também a partir de um recorte que con-
templa as respostas dadas apenas por aqueles que acessam a internet. Os comentários
aqui feitos consideram tão somente as variações que não advêm exclusivamente da dife-
rença entre o montante de usuários e não usuários da rede (abordada no item anterior).
32
11. Finalidades de uso da internet e
Transação bancária
Assistir a novela
Buscar cursos para fazer (on line/
Assistir filmes
Acessar sites com conteúdo sexual
Participar de movimentos políticos/ sociais/
Comprar
Procurar emprego
Trabalhar/ manter contatos profissionais
Buscar informações sobre eventos
Ajudar nas tarefas escolares
Jogar
Navegar no YOUTUBE
Mandar ou receber e-mail/ mensagens/
Baixar música/ vídeos
Pesquisas/ mecanismos de busca
Buscar notícias sobre atualidade
Sites de relacionamento/ conhecer
0 10 20 30 40 50 60
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total da amostra/Estimulada e única, em (%).
P130. Você usa a internet para quais finalidades?
Dentre as finalidades elencadas, baixar músicas e vídeos é uma prática mais comum en-
tre os jovens que moram nas áreas urbanas (26%) do que entre os moradores do campo
(10%). As demais variações observadas na tabela com os dados cruzados por local de
domicílio se dão pelo fato de os jovens da cidade acessarem mais a internet do que os
do campo, e não porque as finalidades são de fato diferentes.
Os homens acessam a rede para baixar músicas e vídeos em maior medida do que as
mulheres: são 27% deles ante 19% delas. Outro ponto que chama atenção é que os
entrevistados mais velhos, em maior proporção do que os mais jovens, usam a internet
para buscar notícias. São 45% dos entrevistados de 25 a 29 anos ante 37% dos que têm
entre 15 e 17 anos.
O recorte sexo-idade mostra que as mulheres mais jovens são as que mais usam a in-
ternet para acessar redes sociais. Isso se faz visível tanto quando comparadas às mais
33
velhas quanto também com homens da mesma faixa etária. São 74% das jovens com
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
idade entre 15 e 17 anos que usam a internet para se conectar às redes sociais ante
62% das moças de 18 a 24 anos, 50% das mais velhas (entre 25 e 29 anos) e 61% dos
meninos da faixa mais jovem.
Do ponto de vista socioeconômico é interessante notar que, entre aqueles que dizem
usar a internet, os mais pobres são os que mais a utilizam para acessar redes sociais; já
as finalidades buscar notícias, pesquisas, baixar músicas e mandar/receber e-mails são
mais mencionadas pelos mais ricos. Dentre os usuários da internet, 76% dos jovens de
estratos de baixa renda respondem usá-la para acessar redes sociais (48% dos 63% de
usuários) ante 60% dos de alta renda (58% de 96% de usuários neste segmento). A fina-
lidade buscar notícias, por sua vez, é mencionada por 59% dos que têm renda mais alta
perante 31% dos jovens de segmentos de baixa renda; o uso da internet para pesquisas e
mecanismos de busca é apontado por 40% e 21%, respectivamente; ainda considerando
esses dois estratos de renda, baixar músicas é citado por 30% ante 15% e trocar e-mails
por 39% perante 12%, respectivamente.
Posse de celular
Tem celular 89
Não respondeu 2
0 20 40 60 80 100
34
Usos que costuma fazer do celular
A internet é utilizada por 79%, e nove em cada dez jovens possuem celular (89%). O
principal uso do celular é a comunicação, por chamadas ou mensagens de texto, mas
ganham presença outros usos, como ouvir música, fotografar, filmar, buscar informações
pela internet e conectar-se a redes sociais.
Quase nove em cada dez jovens (89%) declarou ter celular; apenas 9% disseram não possuí-lo.
No que se refere a essa questão, o local de moradia e a renda domiciliar per capita res-
pondem por distinções significativas. Os jovens da cidade possuem celular em maior
proporção do que os do campo. Enquanto 91% dos moradores das áreas urbanas têm
esse equipamento, dentre os habitantes do meio rural são 77%.
Já no que diz respeito aos usos que os jovens fazem do celular, os mais citados foram:
fazer ou receber ligações telefônicas (89%), comunicar-se via mensagens de texto (54%),
ouvir música (31%), fotografar ou filmar (26%) e buscar informações pela internet (20%).
Vale frisar que as tabelas analisadas incluem jovens que têm e não têm celular, mas co-
mentaremos aqui somente as variações cuja explicação não decorre exclusivamente da
diferença entre o montante de usuários e não usuários de telefonia móvel. Ou seja, para
avaliar se as diferenças apresentadas nas tabelas são de fato significativas, checamos se
o mesmo vale igualmente ao considerarmos somente os que disseram ter celular.
35
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
ESCOLARIDADE
Fund. completo
Fund. completo
Médio incomp.
Médio incomp.
TOTAL
Médio comp.
DEFASAGEM
DEFASAGEM
Superior ou
Até fund.
incomp.
COM
mais
SEM
Peso 100% 35% 16% 7% 11% 65% 4% 10% 38% 13%
* POSSE DE CELULAR (Total da amostra - Estimulada e única)
Tem celular 89 82 75 88 89 93 82 89 94 98
Não tem celular 9 15 22 11 9 5 18 9 4 0,2
Não respondeu 2 2 3 1 2 2 2 2 2
** USO QUE COSTUMA FAZER DO CELULAR NO DIA A DIA (Amostra A - Espontânea
e múltipla)
TEM CELULAR 91 85 78 83 94 95 82 93 96 100
Fazer e ou receber
89 82 75 79 94 92 75 87 93 99
ligações telefônicas
Comunicar-se via
mensagens de 54 44 37 42 55 59 53 67 57 60
texto / SMS
Ouvir música 31 29 26 19 40 31 26 35 31 29
Fotografar ou
26 22 23 17 25 28 23 31 28 25
filmar
Busca de
informações pela 20 14 11 13 19 23 16 21 21 36
internet
Conectar-se a
18 12 9 10 17 21 22 22 19 25
redes sociais
Jogar 15 15 15 8 19 16 12 17 15 17
NÃO TEM CELULAR 9 15 22 17 6 5 18 7 4
36
Dito isso, pode-se afirmar que os jovens que moram no meio urbano usam mais o celular
As variáveis sexo e idade produzem pelo menos duas diferenciações: a primeira é que os
homens usam mais seus celulares para ouvir música do que as mulheres: são 34% deles
ante 28% das moças. Além disso, o uso do aparelho para trocar mensagens de texto cai à
medida que a idade aumenta. Esse tipo de uso foi citado por 62% dos jovens com idades
entre 15 e 17 anos, por 57% dos que têm de 18 a 24 anos e por 45% dos entrevistados
de 25 a 29 anos.
Ao analisar os resultados a partir do recorte por renda domiciliar per capita, chamam
atenção dois pontos que não se explicam somente pela variação no número de jovens
que têm versus os que não têm celulares. O primeiro deles é que os entrevistados do
segmento de renda intermediária usam mais seus aparelhos para trocar mensagens de
texto do que os jovens dos estratos de baixa renda. São 58% dos jovens dos segmentos
de renda média ante 44% dos mais pobres. O segundo comentário refere-se ao uso do
celular para buscas na internet, cuja maior menção dá-se entre os mais ricos: são 31%
deles perante 21% dos entrevistados de segmentos de renda intermediária e 15% dos de
baixa renda que se valem do celular para acessar a internet.
37
A escola e
a formação
profissional
12. Experiência educacional
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Pós-graduação
Não frequentou
ou não respondeu
Graduação
Técnico Ambos
Médio
Só particular
5a8
1a4
Só publica
Infantil
0 20 40 60 80 100
8
Segundo os dados da PNAD, a evolução da escolaridade média no segmento de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil passou de sete
anos de escolaridade em 1999 para nove anos em 2011.
40
É necessário, contudo, continuar avançado no processo de garantia de uma educação
Apesar de os índices terem melhorado nos últimos anos, um dos principais ainda é o
alto grau de reprovação e abandono (cerca de 1/3 no gráfico a seguir) que os jovens
experimentam na sua vida escolar. O relato da experiência desses jovens aponta que a
maior incidência desses problemas ocorre ainda no Ensino Fundamental, em que 35%
foram reprovados em alguma série, contra apenas 4% no Ensino Médio e 6% em ambos
os níveis de ensino.
. ale notar também que 17% dos jovens já abandonaram os estudos alguma vez, sendo
V
12% em uma ou mais séries do Ensino Fundamental, 3% no Ensino Médio, 1% em ambos
os níveis e 1% em um ou mais semestres do ensino superior. .
9
Foram definidos SEM DEFASAGEM aqueles que declararam sua escolaridade como fundamental completo e têm entre 15 e 16
anos, fora isso é COM DEFASAGEM. Quem declarou sua escolaridade como médio incompleto e tem entre 15 e 18 é SEM DEFASA-
GEM, fora isso é COM DEFASAGEM. No caso do incompleto, ressaltar para as pessoas de 18 anos: se está no 1º do Ensino Médio
é COM DEFASAGEM; se está no 2º do Ensino Médio e tem 18 anos é SEM DEFASAGEM.
41
Quando observada a defasagem segundo as diferenças de território, cor e renda, vemos
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
que esta é significativamente maior entre os jovens rurais que não completaram o Ensi-
no Fundamental, cuja parcela é igual ao dobro dos jovens urbanos na mesma condição.
Entre os jovens negros, a defasagem no mesmo nível de escolaridade é também maior
que a dos brancos. Já a diferença entre os jovens mais pobres e os mais ricos é altamente
significativa, sendo apenas de 5% para os estratos altos e de mais de 25% entre os estra-
tos mais baixos.
35
30
25
20
15
10
0
Rural Urbano Negro Branco Est. Baixo Est. Médio Est. Alto
Fundamental Incompleto Fundamental Completo Médio Incompleto
Nesta pesquisa, pudemos perguntar sobre as razões pelas quais os jovens interrom-
pem os estudos e, nesse sentido, pudemos observar que as principais motivações são
de ordem econômica (26%), seguida por motivações pessoais (22%) e também razões
familiares (21%).
Os motivos econômicos são o maior fator, mas não exatamente a necessidade de traba-
lhar: discriminada entre falta de dinheiro e a dificuldade de conciliar trabalho e estudo,
é claramente o primeiro fator que concentra as respostas desta categoria (1/4 dos que
abandonaram alguma vez os estudos se refere a esse motivo).
Outra ordem de fatores está mais vinculada a dificuldades de acesso ou da relação dos
jovens com estudo/escola: falta de vontade de estudar (17%), o fato de terem estudado
apenas até onde queriam (6%), falta de vagas (13%), conflitos com colegas ou situação
de discriminação na escola (8%).
42
A escola e a formação profissional
Motivos de saúde
Dificuldade de conciliar c/ trabalho
Falta de Dinheiro
Não tinha vaga
Sofria discriminação
Mulher
Se casou
Para cuidar de um parente Homem
Para cuidar do filho
Se mudou
Estudou até onde quis
Falta de vontade de estudar
0 5 10 15 20 25 30 35
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ..
Base: Total da amostra/Estimulada e única em %.
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?
P42. (Se nunca foi à escola) Quais foram os principais motivos para você nunca ter estudado?
Ao observarmos os motivos de interrupção dos estudos segundo o sexo dos jovens entre-
vistados, chegamos a indicações bastante distintas, exceto pela falta de vontade de estu-
dar, que é expressiva nos dois casos. A falta de dinheiro parece pesar muito mais para os
homens do que para as mulheres, enquanto a necessidade de cuidar de um irmão ou ou-
tro parente só ocorre entre as mulheres, sendo o terceiro motivo mais citado entre elas.
Curiosamente, a interrupção dos estudos para cuidar do filho ou porque se casou é apon-
tada por homens com peso mais forte do que para as mulheres no primeiro caso, e no
segundo nem chega a ser um fator para as mulheres. O fator que pesa mais nesse item é a
diferença de renda: manifesta-se em 8% nos estratos baixos, 7% nos médios e 3% nos altos.
43
13. Percepções sobre a escola
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Uma questão importante trabalhada na pesquisa foram as percepções dos jovens sobre
a escola. Quase 90% dos jovens entrevistados disseram que gostam ou gostavam de es-
tudar quando estavam nessa situação. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), os objetivos da educação são o pleno desenvolvimento do educando,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. E os dados
coletados mostram que, em certa medida, todos esses elementos estão presentes nas
motivações dos jovens, com especial destaque para a inserção profissional.
Quando convidados a indicar as principais razões para estudar, os jovens apontam pri-
mordialmente os motivos econômicos (45%), tendo como principal motivação a prepa-
ração para o mercado de trabalho (44%). Para outros 31%, há motivos escolares envol-
vidos, como a conquista do diploma (16%), a preparação para o vestibular e Enem (9%)
e o maior acesso à cultura (3%). Além disso, 15% mencionaram motivos sociais, como
o de se tornar um cidadão melhor (8%), para se expressar e se comunicar mais (5%) e
conhecer pessoas/fazer amizades (2%).
10 17
Está ligada na qualidade 36
37
44
Faz atividades para os não estudantes 21
14 21
29
Interessa pelos problemas do bairro 30
14 27
10 20
Interessa pelos problemas dos jovens 41
28
4 13
Entende os jovens 55
27
0 10 20 30 40 50 60
No gráfico acima estão indicadas as opiniões dos jovens entrevistados sobre a escola.
Ainda que seja possível identificar entre eles uma visão crítica sobre o grau de investi-
mento que a escola faz na compreensão da realidade dos jovens, do bairro ou da socie-
dade, por outro lado há um reconhecimento da importância da escola em vários aspec-
tos de suas vidas, seja pessoal, profissional ou na relação com as pessoas e a sociedade.
Isso também ajuda a compreender a valorização da questão educacional como uma con-
quista mais ou menos consolidada na experiência desta geração. Quando convidados
a qualificar o aprendizado obtido nas escolas, os jovens apontam positivamente para
vários aspectos, como se pode ver no gráfico a seguir.
44
A escola e a formação profissional
Conhecer seus direitos e deveres
Cotidiano
Futuro profissional
Conseguir trabalho
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Na percepção dos jovens a escola parece ter contribuído mais fortemente no âmbito
pessoal e profissional do que propriamente para a continuidade dos estudos em etapas
superiores. Para 71% dos jovens entrevistados, as coisas aprendidas na escola foram
muito importantes para se comunicarem melhor. Numa mesma direção, podemos veri-
ficar que seis em cada dez jovens indicam como sendo muito importante a contribuição
da escola para fazer amigos. Nesse sentido, somos convidados a adensar nossa reflexão
sobre o papel da escola na sociabilidade dos jovens, levando em conta que este continua
sendo um espaço privilegiado em nossa sociedade para a constituição de redes de rela-
ção e interações sociais, estimulando e fortalecendo laços de amizade e afeto por meio
dos quais os jovens se percebem e se realizam enquanto sujeitos sociais.
45
14. Formação profissional
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Para além da formação regular, percebe-se que uma significativa parcela de jovens inves-
te também em outros cursos de formação, nas mais diversas áreas. A avaliação positiva
de impacto na inserção profissional e remuneração para aqueles que fizeram cursos téc-
nicos ou profissionalizantes é também altíssima e, ainda assim, como veremos a seguir,
no item do trabalho, a falta de qualificação e de experiência são apontadas como fatores
de grande dificuldade para conseguir um trabalho.
CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR 4 11 85
OUTRO 2 98
Ainda nesse âmbito, pouco mais de 1/5 da amostra faz ou fez cursos artísticos (23%) ou
quer fazer (21%) – esta é a única modalidade de cursos extraescolares nos quais a maioria é
ou foi processado em cursos gratuitos: 11% públicos, 3% projetos sociais e 8% particulares.
46
15. Cursos técnicos ou profissionalizantes
Para aqueles que fizeram cursos profissionalizantes, é muito positiva a avaliação do be-
nefício agregado: quase a totalidade dos entrevistados que fizeram curso técnico ou de
qualificação profissional (96%) afirmou que o curso contribuiu ou pode contribuir para
conseguir um emprego ou trabalho: 85% acham que o curso contribuiu muito, 10% dis-
seram que contribuiu mais ou menos e 1% afirmou que contribuiu pouco. Apenas 3%
dos que fizeram o curso acham que ele não contribuiu em nada. É também altíssima
(95%) a proporção de jovens que acreditam que o curso contribuiu ou pode contribuir
de alguma forma para melhorar a sua remuneração em algum trabalho: 84% acham que
contribui muito, 10% mais ou menos e 2% um pouco. Apenas 3% também apontam que
não contribuiu em nada.
47
O mundo
do trabalho
16. O primeiro trabalho
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
A grande maioria dos jovens tem sua primeira inserção no mundo do trabalho mesmo
antes de completar 18 anos de idade (65%) seja pela necessidade, seja pela busca da
independência, como mostramos anteriormente. Ao todo, estamos falando de sete em
cada dez jovens brasileiros que têm ou já tiveram algum trabalho remunerado.
Ao observarmos pelo território, pela cor ou pelo sexo, veremos que viver no campo
aumenta enormemente as chances de os jovens terem uma inserção antes dos 15 anos
de idade no mundo do trabalho. É significativo também observar que, entre os jovens
do sexo masculino, isso representa 40% entre aqueles que tiveram o primeiro emprego
antes dos 15 anos.
Estar fora da escola pode significar duas situações muito distintas: se um terço dos
jovens (33%) parou de estudar antes de concluir o grau almejado, é importante as-
sinalar que mais de ¼ dos jovens (29%) não está estudando porque considera que já
concluiu os estudos.
É residual a porcentagem de jovens que nunca estudou (menos de 1%). A relação com a
escola se generalizou para todos os segmentos sociais. As desigualdades persistem, no
entanto, quanto ao nível de escolaridade alcançado.
50
PEA / Não-PEA e status de estudo por faixa etária
O mundo do trabalho
70
61
60
50 49
40 39
30
20
20 16 15 16 13
8 10 12 11 12
10 6 3 6
2 1
0
15-17 18-24 25-29
Ao observarmos por faixa de renda, identificamos uma enorme variação desta condição.
Enquanto para os jovens dos estratos baixos a PEA é igual a 64% e apenas metade deles
exercem alguma atividade remunerada, entre os jovens dos estratos altos a PEA soma
84% dentre os quais nove em cada dez têm algum trabalho.
51
Nos estratos mais altos de renda, quase o total de jovens estão ou estiveram em em-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
pregos formais, enquanto nos estratos mais baixos a informalidade é superior em 10%
à formalidade no trabalho. Jovens de cor branca têm 30% mais chances de ter emprego
formal do que jovens negros. E de mesmo modo, vemos que homens jovens possuem
25% mais chances de ter uma ocupação formal do que as mulheres jovens.
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ. Base: Entrevistados que estão trabalhando – Amostra B.
P65. Atualmente você está fazendo algum trabalho remunerado?
P66. (Se trabalha) Aproximadamente quantas horas de trabalho remunerado você fez na semana passada?
P67. (Se não trabalha) Qual das seguintes situações se aproxima mais da sua. Você:
52
20. Procura de trabalho
O mundo do trabalho
Quando perguntados sobre como conseguiram o primeiro trabalho, os jovens apon-
tam principalmente para três formas: familiares, amigos ou vizinhos e por conta pró-
pria (de porta em porta, placas), representando 40%, 36% e 10%, respectivamente.
Ou seja, a grande maioria deles conseguiu o primeiro emprego por meio de sua rede
estreita de relações.
Já entre as dificuldades de conseguir trabalho, as três mais citadas entre os jovens fo-
ram: falta de experiência, 42%; distância ou dificuldade de chegar ao local, 24%, e esco-
laridade insuficiente, 22%. E quando observamos estas três principais dificuldades pelas
características de cor, sexo e território, vemos que a falta de experiência afeta a todos
muito fortemente, mas há variações quanto à distância e escolaridade, especialmente
para os jovens rurais, para os homens.
53
Dificuldades na procura de trabalho
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Se, por um lado, a falta de experiência se destaca entre as maiores dificuldades de se con-
seguir um trabalho, por outro, temos um número significativo de jovens que estão inseri-
dos no mercado de trabalho enquanto ainda estudam (14%), de modo que possamos inde-
xar a aposta na formação como elemento para melhor inserção profissional. É importante
anotar também que, entre aqueles que estão estudando, 8% estão à procura de trabalho.10
Isso significa que o trabalho faz ou fez parte da experiência de vida de quatro em cada
cinco jovens brasileiros. É o que leva muitos pesquisadores que se dedicam ao tema a
afirmar que a juventude brasileira é uma juventude trabalhadora, ou que o trabalho
também constitui a juventude no Brasil.11
10
Os dados são semelhantes àqueles levantados pelo Censo 2010, que apontam 53,5% dos jovens de 15 a 29 anos
trabalhando e 36% estudando. A proporção daqueles que estão simultaneamente no mundo da escola e no mundo
do trabalho também é coerente com os dados da pesquisa: 22,8%.
11
Abramo, Helena. “Considerações sobre a tematização de juventude no Brasil”, in Peralva, Angelina e Spósito, Mari-
lia (orgs.) iJuventude Contemporaneidade Revista Brasileira de Educação, n. 5/6, São Paulo: ANPED, p.23-36, 1997.
Peralva, Angelina e Spósito, Marilia (orgs.) Juventude Contemporaneidade Revista Brasileira de Educação, n. 5/6,
São Paulo: ANPED, 1997.Corrochano, Carla - O trabalho e a sua ausência: narrativas de jovens do Programa Bolsa
Trabalho no município de São Paulo. São Paulo: USP, Faculdade de Educação, Tese de Doutoramento, 2008. At
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06042009-102813/pt-br.php
54
Situação, tempo de procura e forma de busca de trabalho
O mundo do trabalho
(Estimulada, em %)
BASE: Entrevistados(as) que não BASE: Entrevistados(as) que estão BASE: Entrevistados(as) que estão
estão trabalhando procurando trabalho procurando trabalho
Situação (Espontânea, em %)
Parcela igual (cerca de 1/5), contudo, estava procurando trabalho, portanto desempre-
gado, no momento da pesquisa.
É importante lembrar que, como já apontamos antes, a relação dos jovens tanto com o
mundo do trabalho quanto com o mundo escolar se desenvolve por meio de percursos
55
que nem sempre são lineares e contínuos. Assim, o estado de nem estuda, nem trabalha
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Se olharmos essas porcentagens através dos recortes de sexo e idade, veremos que a
maior parte dos denominados “nem nem” se concentra entre as jovens que são mães,
com baixa renda, e que adiam a entrada ou se retiram do mercado de trabalho restrin-
gindo sua atividade à esfera da reprodução.
Independência
25
51
Realização pessoal
20
42
Crescimento
14
33
Obrigação
4
13
Direito
4
10
0,35
Exploração
1
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total – Estimulada.
P62a. F alando de trabalho, qual das seguintes palavras se aproxima mais do que você pensa sobre trabalho. Para você,
trabalho é: 1º lugar
P62a/b. Falando de trabalho, qual das seguintes palavras se aproxima mais do que você pensa sobre trabalho. Para
você, trabalho é: 1º e 2º lugares
56
Quando observamos esses termos e o peso atribuído pelos jovens segundo o território (ur-
O mundo do trabalho
bano, rural), a cor e a faixa de renda, vemos que a necessidade aparece maior exatamente
naqueles casos em que há menor e pior acesso ao trabalho. Já a independência apresenta
leve alteração em cada um dos três segmentos. A realização pessoal varia conforme a ren-
da e o território, mas não conforme a cor, ainda que o acesso ao trabalho e à renda seja
diferenciado entre brancos e negros, como pode ser observado na tabela a seguir.
Urbano Rural Branco Negro Ex. Baixo Ex. Médio Ex. Alto
Necessidade 31 36 31 33 34 32 28
Independência 26 22 26 25 24 24 28
Realização
20 16 20 20 17 21 24
pessoal
57
Do acesso e das condições de trabalho
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58
Violência
contra a
juventude
negra
Um dos dados mais contundentes da pesquisa é aquele que permite visualizar o peso
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que tem a violência na vida dos jovens. Metade deles já perdeu uma pessoa próxima
(parente ou amigo) de forma violenta: por acidente de carro ou por homicídio.
49 51
Acidente 22
Morreu assassinado/a 21
Se matou 3
Recusa 0,20
Não sabe 0,09
Não respondeu 4
NUNCA PERDEU JÁ PERDEU PARENTE
NENHUM PARENTE
Ao separar, dentre as causas das mortes, aquelas que se referem a assassinatos, teremos
que ¼ da população jovem do Brasil carrega a condição de ter tido uma pessoa muito
próxima vítima de homicídio. Isso configura uma experiência geracional de alta dramati-
cidade, que explica o peso que o tema da violência alcança dentre as preocupações dos
jovens, como veremos adiante.
A seguir, observa-se que as vítimas, na maioria dos casos, são amigos, irmãos, primos
ou tios desses jovens, ou seja, companheiros de geração. O mesmo dado também pode
indicar que esse fenômeno de jovens que perderam amigos e conhecidos está relacio-
nado, em muitos casos, com o contexto socioespacial, ou seja, o local de moradia e as
relações ali estabelecidas para além das relações familiares.
62
Vínculo com as pessoas próximas que morreram de forma violenta
VÍNCULO
AMIGOS 18
AMIGOS 18 18
PRIMOS 12
PRIMOS 12 * Primo
Prima
e outro 0,19
1 Que idade você tinha?
Primo 10
TIOS 11
TIOS 11 Tio 9 11 anos ou
1
Tia 1 mais
Tio e outro 0,53
PAIS 3
* PAIS 3 6 a 10 anos 1
Pai 2
Mãe 0,33 Até 5 anos 0,33
Padrasto 0,34
IRMÃOS 3
IRMÃOS 3
Irmão 3
Irmã 0,21
AVÓS 2 AVÓS 2
Avô 1 Média em anos =
Avó 1 10 anos e 4 meses
OUTROS 3 OUTROS 3
Marido 0,38
Madrinha 0,27
Namorada 0,08
Sobrinho 0,24
Cunhado 0,27
Outra 1
Constata-se que a juventude brasileira, de modo geral, não apenas se configura como o
alvo mais frequente da violência urbana, especialmente nas periferias, em suas diversas
formas, mas também como vítima indireta da violência que, quando não a acomete,
atinge um semelhante ou alguém de seu convívio.
Sabe-se que, no Brasil, a violência letal tem cor, renda e território. Assim como a taxa de
homicídios atinge muito mais jovens negros,12 a experiência de perder alguém próximo
também os afeta mais intensamente: entre os jovens entrevistados, foram os pretos e
pardos que relataram em maior proporção a experiência de perder alguém próximo de
forma violenta: (54%) ente pretos e pardos e (45%) entre os brancos.
12
Vide Mapa da Violência 2013.
63
23. Experiências de discriminação
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Pode-se observar, a partir das percepções sobre discriminações, que a violência que hoje
atinge fortemente a juventude brasileira, direta e indiretamente, está profundamente
arraigada em processos de estratificação social baseados na cor e na raça, em seu cará-
ter sociológico, no sentido negativo e degenerativo que a afrodescendência recebeu ao
longo da história deste país.
Tal fato pode ser observado, por exemplo, no repúdio às indumentárias tradicionais de
povos de terreiros e de indígenas, nas vestimentas típicas dos adeptos dos movimentos
hip-hop, nos penteados derivados de culturas africanas, entre outros.
20
Até 14 anos
33
Com 15 a 17 anos
Com 18 a 21 anos
22 Com 22 anos ou mais
21
64
Quando convidados a indicar quando e onde ocorreu a pior experiência de desrespeito
0 10 20 30 40
65
Temas da
juventude e
percepções
do país
Quais são os temas mais importantes para a juventude brasileira de hoje? Esse é um
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
tópico presente em todas as pesquisas de opinião com jovens. Nesta pesquisa, procura-
mos levantar, por meio de diferentes perguntas, como os jovens avaliam suas condições
de vida, perspectivas de melhora e de futuro e também como veem o país.
As respostas comparadas dessas perguntas nos permitem levantar hipóteses mais ricas
e matizadas sobre as percepções da juventude brasileira.
Uma observação importante para a leitura dos gráficos a seguir: em algumas perguntas,
as respostas foram estimuladas, em outras, foram espontâneas. Em algumas delas foi
solicitado que se indicasse mais de uma resposta e, nesses casos, as respostas são apre-
sentadas segundo duas possibilidades: a primeira menção ou a soma delas. Nos gráficos
a seguir é possível ler as respostas pela comparação do que é citado ou assinalado em
primeiro lugar (barras verdes) ou pela soma das três primeiras menções (barras azuis).
25%
48%
Realização financeira
22%
Moradia
Família
30% 13% Estudo
Emprego/trabalho
Entre os aspectos de suas vidas apontados pelos jovens como importantes para se senti-
rem realizados, o emprego/trabalho representa 48%, seguido pelos estudos e realização
financeira, com 30% e 25% cada um. Só então aparecem a moradia e a família com 22%
e 13% das respostas dos jovens.
68
Quanto convidados a avaliar as chances de efetivamente ocorrer o que julgam neces-
90
80
70
60 37
50 40
40 10
30 2
20 7 48
25 30
10 22 13
0
Realização financeira Moradia Família Estudo Emprego/trabalho
25. Q
uais são os problemas que mais
preocupam os jovens atualmente
O que mais preocupa pessoalmente os jovens hoje é, na declaração espontânea, em
primeiro lugar, a questão da violência (citada por 43% dos jovens), corroborando a cons-
tatação do quanto essa experiência se configura como constitutiva dessa geração.
Depois, num terceiro patamar, as questões de saúde (26%) e educação (23%). Chama a
atenção que educação não esteja no topo da lista; uma hipótese é a de que ela se man-
tenha como assunto de importância e interesse, mas não mais como de grande preocu-
pação, uma vez que esta geração vive a experiência de ter tido um ganho nesse campo,
em relação às gerações passadas.
69
Drogas, crise econômica e família aparecem num quarto degrau, com uma parcela de
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
SEGURANÇA/ VIOLÊNCIA 24
43
EMPREGO/ PROFISSÃO 19
34
SAÚDE 7
26
EDUCAÇÃO 9
23
DROGAS 8
18
CRISE ECONÔMICA/ FINANCEIRA 9
18
FAMÍLIA 8
17
ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA DO BRASIL 2
8
ASSUNTOS PESSOAIS 2
8
MEIO AMBIENTE/ INFRAESTRUTURA 2
6
QUESTÕES SOCIAIS 1
6
MORADIA 2
4
FOME/ MISÉRIA 2
3
1º lugar
TRANSPORTE 0
1
RELACIONAMENTOS ÍNTIMOS/… 0 Soma das menções
1
GRAVIDEZ 0
1
NENHUM PROBLEMA ME PREOCUPA 3
3
NÃO SABE/ NÃO LEMBRA 1
1
Para os sete temas citados, em primeiro lugar, quando observados segundo o estrato so-
cial, verificamos que aumenta a preocupação com a violência conforme aumenta a renda,
enquanto sobre o trabalho a relação é inversa. Quanto à saúde, à educação e às drogas, a
preocupação também aumenta conforme a renda, mas com uma diferença pequena.
70
Por outro lado, ao considerarmos as diferenças etárias, vemos que a preocupação com
71
Dentre os assuntos que os jovens mais gostariam de discutir com seus pais ou respon-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Já no que diz respeito aos temas a serem conversados com os amigos, os mais citados
foram: drogas (41%), sexualidade (31%), violência (30%), educação e futuro profissional
(29%), relacionamentos amorosos (26%), racismo (23%) e artes (21%).
Observando a priorização dos temas a serem discutidos com amigos segundo a diferença
de renda, podemos identificar que essa variável é reveladora de alguns contrapontos. Os
jovens pertencentes aos estratos mais altos de renda, por exemplo, manifestam, em
menor medida que os demais segmentos, o desejo de discutir com amigos questões
relativas à violência e ao racismo. No que se refere à violência, 22% deles mostram-se
predispostos a tal, frente a 34% dos jovens de estratos médios e 29% dos de baixa renda.
Quanto ao racismo e também à educação/ futuro profissional, a distinção se faz notar
entre os jovens de estratos altos e médios: no primeiro caso, 17% e 24%, respectivamen-
te, mostram-se favoráveis a tratar o tema no seu círculo de amizades. O inverso se dá
com relação à educação e futuro profissional, em que 27% dos entrevistados pertencen-
tes aos estratos de renda média e 34% daqueles de renda alta se predispõem a discutir
esse assunto com colegas.
72
Assuntos que considera mais importantes para serem discutidos pela
Drogas 38
Violência 38
Política 33
No que diz respeito, por fim, aos assuntos a serem discutidos com a sociedade em geral,
foram citados principalmente: desigualdade social e pobreza (40%), drogas (38%), vio-
lência (38%), política (33%), cidadania e direitos humanos (32%), educação e futuro pro-
fissional (25%), racismo (25%) e meio ambiente e desenvolvimento sustentável (24%).
Os temas da violência e das drogas são assuntos importantes para serem discutidos em
todos os âmbitos, demonstrando que é um assunto próximo do cotidiano dos jovens e
ao mesmo tempo uma questão a ser enfrentada no plano da sociedade.
73
grupos: 28% deles, 36% dos segmentos médios e 35% dos entrevistados de estratos de
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renda alta acham que a política é tema importante a ser discutido pela sociedade. No
que diz respeito a “cidadania e direitos humanos”, 26% dos jovens pertencentes aos es-
tratos de renda baixa, 35% dos situados em estratos intermediários e 37% daqueles com
patamar de renda alta compartilham tal opinião.
27. O
s problemas do Brasil que mais
incomodam os(as) jovens
Diante de uma lista de problemas, os jovens indicaram aqueles que mais os incomodam
no país. A corrupção foi citada por 67% dos entrevistados (sendo citada em primeiro
lugar por 36% deles); o poder dos traficantes foi mencionado por 46% (sendo 13% como
primeira opção); a grande desigualdade entre ricos e pobres por 42% (sendo 20% na
primeira posição); e o racismo e outras formas de discriminação (34%).
O despreparo do povo 4
17
Vale a pena reparar, em primeiro lugar, a diferença de resultado entre os problemas que
mais preocupam os próprios jovens, citados espontaneamente, e esta indicação, estimu-
lada, dos problemas do país.
Podemos perceber que o tema de destaque recorrente nas duas aferições é o da violên-
cia, aqui presente em dois itens: o poder os traficantes, mencionado por quase metade,
e o despreparo da polícia, citado por ¼ dos jovens.
74
A corrupção, que não havia aparecido espontaneamente como uma preocupação que
Finalmente, cabe destacar outras distinções a partir da diferença de renda. Fazer gran-
des obras de infraestrutura, acelerar a reforma agrária, enfrentar mudanças climáticas
e controlar o aumento da população são desafios citados com maior recorrência pelos
jovens de renda baixa do que pelos estratos de renda alta. No primeiro caso, os percen-
tuais são, respectivamente, 77% e 70%; no segundo, 65% e 56%; o enfrentamento das
mudanças climáticas é mencionado por 67% dos jovens pobres e por 58% dos ricos, e o
controle do aumento da população é apontado por 66% e 46%, respectivamente.
O que chama atenção, e deve ser ressaltado, é que apenas 4% dos jovens declara que
não há nada de positivo no país.
75
O que existe de mais positivo no Brasil
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
Possibilidades de estudo
27 1º lugar
63 Soma das menções
Liberdade de expressão
21
55
Estabilidade econômica
16
46
Ter democracia
12
45
Possibilidade do consumo
11
37
Políticas sociais
9
32
Nenhuma/ nada é bom 4
(espontânea) 4
Não sabe
1
1
Quando observada somente a primeira menção ao que existe de mais positivo no Brasil,
o quadro acima descrito não se altera. Os pobres valorizam em maior medida do que os
ricos as possibilidades de estudo, sendo 32% e 24% respectivamente. Já para as políticas
sociais, a proporção é de 12% e 3% para os mesmo estratos, o inverso do que ocorre com
a liberdade de expressão (13% dos mais pobres priorizam esse aspecto frente a 25% dos
jovens de estratos altos).
76
29. E xpectativas com a vida, para o país
Os principais motivos citados para terem perspectivas positivas quanto à sua vida pessoal
estão relacionados, principalmente, à dimensão econômica e de emprego (para 52% dos
entrevistados, a situação de trabalho no futuro será melhor que a vivida no presente); à
questão educacional (cerca de 42% acreditam que terão melhores credenciais escolares,
que possibilitarão esse avanço); e as referências pessoais/individuais (28%), sobretudo
a aspectos ligados ao ganho de maturidade e maior dedicação. É interessante notar que
77
ao contrário de muitas afirmações que destacam a valorização do consumo como traço
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
78
Temas da juventude e percepções do país
A diferença de renda se manifesta no sentido de que uma maior parcela de jovens de
renda alta afirma que sua vida vai melhorar porque está trabalhando e/ou ganha o su-
ficiente (alta 18%, baixa 9%) e uma maior parcela de jovens de estratos baixos de renda
aposta que vai melhorar porque vai conseguir trabalho (baixa 23%, alta 10%). Isso revela
que os ganhos de inclusão via trabalho verificado nos últimos anos ainda não parecem
consolidados para a parcela mais pobre da juventude que, no entanto, aposta nessa via
como fator de melhora de vida.
Se, por um lado, na relação dos motivos ligados à escola/escolaridade não aparecem
diferenças relevantes segundo a renda, por outro, as atribuições quanto ao esforço pes-
soal crescem conforme a renda.
Perguntados sobre quais elementos são mais importantes para: a) sua vida presente; b)
para melhorar de vida; e c) para garantir direitos, os jovens atribuem pesos diferentes
segundo cada uma dessas dimensões: para a vida presente, o fator mais importante é
a família; para melhorar de vida, o esforço pessoal; para a garantia dos direitos, as po-
líticas do governo.
Percepção sobre fatores mais importantes para a vida hoje, para garantir
seus direitos e para melhorar de vida
75
O apoio da família 21
40
69
O seu esforço pessoal 31
68
17
Você ter capacidade de fazer coisas inovadoras 18
26
14
O apoio dos amigos ou de conhecidos 12
10
9
As políticas de governo 47
15
8
Mudanças no sistema econômico 25
23
4
A sua participação em organizações ou movimentos sociais 20
8
...a vida hoje
3 ...garantir direitos
O apoio de entidades assistenciais 21
7 ...melhorar de vida
De modo geral, esta geração tem uma percepção bastante clara quanto à mobilidade de
classe social que tiveram em relação à geração de seus pais. Quando perguntados sobre
essa percepção, 36% avalia que sua vida hoje é melhor do que a de seus pais, enquanto
apenas 8% aponta que sua vida piorou em relação à de seus pais.
79
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
TEVE MOBILIDADE 44
Ascendeu 36
Descendeu
8
NÃO TEVE 56
MOBILIDADE
30. V
alores considerados fundamentais
pelos jovens
Quando convidados a pensar em um mundo ideal e os valores que julgavam serem os
mais importantes, o temor a Deus foi citado por 40% dos entrevistados (e em primeiro
lugar por 22% deles); o respeito às diferenças foi mencionado por 39% (sendo 13% como
primeira opção); seguido pela igualdade de oportunidades (33%), respeito ao meio am-
biente (31%), solidariedade (28%) e pela justiça social (20%).
80
Temas da juventude e percepções do país
Contudo, se observarmos essa priorização dos três valores mais citados segundo as di-
ferenças de sexo, idade e renda, teremos que o temor a Deus e o respeito às diferenças
são mais relevantes para mulheres do que para os homens. Quanto às faixas de idade, o
temor a Deus aumenta conforme a o avanço da idade, mas o respeito ao meio ambiente
e às diferenças são inversamente proporcionais à idade. No caso das diferenças de ren-
da, a variação é menor se comparada àquelas do sexo e da idade.
Quando perguntados se são a favor ou contra a adoção de crianças por casais de mesmo
sexo, mais da metade dos jovens se declarou a favor. O mesmo ocorreu com a reserva de
cotas raciais e étnicas nas universidades, como indicado no gráfico a seguir.
100%
90%
80% 35 29
70%
13
60%
13
50%
40%
30%
51 56
20%
10%
0%
Adoção por casais de mesmo sexo Cotas raciais e étnicas nas universidades
Os jovens pertencentes aos estratos de renda domiciliar per capita alta são mais for-
temente contrários a que casais homossexuais adotem crianças do que os segmentos
de renda inferior. Enquanto 42% dos entrevistados de segmentos ricos posicionam-se
contra a adoção, são 36% dos estratos médios e 34% dos jovens de baixa renda que com-
partilham essa opinião. Interessante notar que a renda não produz variação significativa
entre aqueles que se declaram favoráveis a esse direito dos homossexuais.
81
Vida
política
O reconhecimento da importância da política e da vida democrática se revela em dife-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
A política é valorizada pela maioria dos jovens: 83% dos jovens acham que a política é
muito, ou mais ou menos importante. E apenas 16% acham que a política não é nada
importante. Nem sempre essa importância se traduz em envolvimento pessoal.
16%
54%
29% Muito importante
Mais ou menos importante
Nada importante
Não sabe
84
32. Título de eleitor
Vida política
Essa importância dada à política se explicita no exercício do mecanismo básico de parti-
cipação no sistema democrático, o voto, que tem forte adesão entre os jovens. É alta a
porcentagem de jovens que tira o título de eleitor, mesmo nas faixas etárias em que essa
adesão é facultativa. Isso demonstra um grau elevado de reconhecimento desse ritual
de exercício da democracia, uma vez que 2/3 dos jovens tiraram (55%) ou pretendem
tirar (10%) o título antes dos dezoito anos de idade.
No que se refere a essa questão, a variável renda produz diferenças: 91% dos jovens de
renda alta possuem título de eleitor ante 83% dos de renda média e 78% dos pertencen-
tes a estratos de baixa renda.
85
33. Os jovens podem mudar o mundo
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
..muito 69
..um pouco 22
NÃO SABE 1
Os jovens mais ricos mostram-se mais otimistas quanto ao potencial da juventude: 77%
deles avaliam que os jovens podem mudar muito o mundo, enquanto 66% daqueles
situados em estratos de renda média e 69% dos pertencentes a estratos baixos posicio-
nam-se nessa direção.
86
34. V
alorização das formas de atuação
Vida política
e grau de participação
Dentre as principais formas de atuação política que devem ser feitas para ajudar o Brasil
a mudar e a melhorar, cerca de 46% mencionam a participação em mobilizações de rua e
outras ações diretas. Outros 45% citam a atuação em associações ou coletivos que se or-
ganizam de alguma forma. Também se destacam a atuação em conselhos, conferências,
audiências públicas ou outros canais de participação desse tipo (36%); a atuação pela
Internet, opinando sobre assuntos importantes ou cobrando os políticos e governantes
(35%) e a atuação em partidos políticos (30%).
87
Histórico e desejo de participação
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
PARTICIPA/ JÁ PARTICIPOU 46
Participa atualmente de alguma 20
Não participa hoje, mas já participou 26
NUNCA PARTICIPOU 54
Nunca participou, mas gostaria 39
Nunca participou, nem gostaria 15
No total, 46% dos entrevistados disseram participar ou já ter participado de pelo menos
algum desses grupos, enquanto 54% disseram nunca ter participado de nenhum dos que
foram perguntados.
88
Participação em associações e entidades
Vida política
Grupo religioso que se reúne para ações assistenciais ou políticas 55 25 11 8
Clube, associação esportiva, recreativa ou de lazer 40 42 12 6
Grupo artístico ou cultural 51 33 11 4
(música, hip hop, grafite/pichação, bandas, teatro, dança, literatura, fotografia, vídeo, cinema etc.)
Nunca nem gostaria Nunca mas gostaria Participou antes Participa hoje
No que se refere às conferências de políticas públicas, embora sejam ainda pouco co-
nhecidas entre os jovens: cerca de 8 em cada 10 entrevistados (81%) nunca ouviram
falar delas. Vale ressaltar que, em se tratando de um mecanismo recente, é relevante
que 18% tenham ouvido falar, embora nunca tenham participado e que 1% diz ter parti-
cipado de alguma conferência.
Observando segundo a variável renda, destaca-se a maior ênfase dada pelos jovens
de estratos de renda alta à “atuação pela internet” (39%) e à “atuação em conselhos,
conferências, audiências públicas ou outros canais de participação desse tipo” (39%),
comparativamente aos de renda baixa (30% e 33%, respectivamente). Da mesma forma,
observa-se o maior destaque dado à atuação em partidos políticos pelos jovens mais po-
bres, ante os mais ricos: 34% dos entrevistados pertencentes a estratos de renda baixa
referem-se a estes, frente a 25% dos situados nos estratos altos.
Os jovens pertencentes aos estratos de renda alta participam, em proporção maior do que
aqueles de menor renda, de pelo menos uma das formas elencadas pela pesquisa: são 33%
deles ante 22% dos jovens de estratos médios e 16% dos mais pobres. Os 17 pontos per-
centuais de diferença entre os extremos sociais aqui considerados se devem, sobretudo, à
maior atuação dos mais ricos via internet (14% deles contra 6% dos jovens de baixa renda).
Há outras distinções visíveis a partir do recorte renda domiciliar per capita. Os mais ricos
são os que mais participam atualmente de algum desses grupos. São 31% deles frente a
19% dos jovens de estratos de renda média e 17% dos de renda baixa.
89
Há outras distinções visíveis a partir do recorte renda domiciliar per capita. Os mais ricos
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
são os que mais participam atualmente de algum desses grupos. São 31% deles frente a
19% dos jovens de estratos de renda média e 17% dos de renda baixa.
Entre aqueles que participaram de algum tipo de associação mencionado, é muito pe-
quena a presença de entrevistados que exerceram algum cargo da direção/coordena-
ção/liderança nessas entidades, chegando a 4% nas associações estudantis e grupos reli-
giosos, e a 2% nos grupos artísticos e nos esportivos. Esses mesmos tipos de associações
foram os mais mencionados como possuindo somente jovens, chegando ao máximo de
13% dos casos nos grupos estudantis.
90
Políticas
para a
juventude
Temos assistido, nos últimos anos, a um aumento da visibilidade dos temas da juventude
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
94
Políticas para a juventude
70
60
60
55 55 53 54
50 48 46
40 39
31
30
21 23 20 21 2123
18 18 18 18 18 19 18
20
17 13
10 8 9 10 8 8 9 7 8
0
Urbano Rural 15-17 18-24 25-29 Est. baixo Est. Médio Est. Alto
A porcentagem de jovens que têm a visão mais crítica, de que “os governos conhecem
as necessidades dos jovens, porém não fazem nada a respeito” é maior no meio urbano
que no rural (55% jovens urbanos manifestam essa opinião ante 39% dos jovens do cam-
po) e cresce à medida que a renda aumenta: 46% dos mais pobres, 54% os jovens de
estratos de renda média e 60% dos mais ricos posicionam-se nesse sentido.
Os melhores índices de quem considera que “os governos apoiam e promovem pro-
gramas e ações voltadas para a juventude” estão entre as jovens mulheres (de 25 a 29
anos) e entre os não brancos (20% entre os pretos, 24% entre os amarelos versus 16%
entre os brancos).
95
Conhecimento de Conselho ou Secretaria de Juventude
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
estado 23 4 72
federal 21 4 75
município 20 7 72
96
36. Conhecimento de políticas por parte
Perguntados sobre qual programa conhecem, ainda considerando somente aqueles que
demonstraram ter opinião sobre os governos do Brasil com relação às necessidades dos
jovens, verificamos o destaque que alcança o ProJovem, de longe o mais citado, em res-
posta espontânea: 19% dos jovens pesquisados, numa proporção que chega a quase me-
tade do grupo que declara o conhecimento de algum programa (44%). Em segundo lugar
vem o Prouni, com 7% de citações, e depois uma outra série de programas de educação.
97
Projeto ou programa de governo dirigido à juventude
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
1º SOMA DAS
LUGAR MENÇÕES
CONHECE 44 44
ProJovem - Programa Nacional de Inclusão de Jovens 16 19
ProUni - Programa Universidade para Todos 4 7
ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 2 4
FIES - Programa de Financiamento Estudantil 1 2
EJA * 1
PRONATEC 1 1
Bolsa Escola * 1
Cursos/ oficinas profissionalizantes * 1
Mais Educação * 1
CNPQ 1 1
SISU - Sistema de Seleção Unificada * 1
Outros programas na área da educação 5 7
PETI 1 2
Jovem Aprendiz 1 2
Bolsa Família 1 2
Primeiro Emprego 1 1
CRASS/ CRAS 1 1
Programas de esporte/ incentivo ao esporte (s/e) * 1
Jovem Cidadão * 1
Ação Jovem 1 1
Menor Aprendiz * 1
Outros programas de outras áreas 7 11
NÃO SABE/ NÃO LEMBRA 1 1
NÃO CONHECE 56 56
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: E ntrevistados(as) que têm uma opinião sobre os governos do Brasil com relação às necessidades dos jovens –
Espontânea.
P35b. (Se conhece algum) Poderia citar o nome ou descrever esse projeto? Mais algum?
P35c. (Para cada que conhece) Você sabe dizer se é da prefeitura, do governo do estado ou do Governo Federal?
98
Percebe-se que o reconhecimento do ProJovem, programa criado em 2005 pelo Gover-
Ao lado do ProJovem, as ações de educação são também aquelas mais comumente re-
conhecidas como políticas públicas e sobre as quais há, de modo geral, maior valori-
zação no que há de positivo no país. No entanto, o conhecimento sobre as diferentes
ações ainda é bastante desigual. Em resposta a uma pergunta estimulada sobre as ações
de educação para a juventude, vemos que há três programas bastante difundidos (o
Enem, o Prouni e o ProJovem), em relação aos quais mais de 85% da amostra demonstra
conhecimento; um bloco de programas conhecidos pela maioria dos jovens entrevista-
dos (Sisu, cotas nas universidades públicas, Fies). É, contudo, ainda pequena a parcela
daqueles que dizem conhecer bem qualquer uma dessas ações, com exceção do Enem,
em relação ao qual 54% da amostra demonstra bom conhecimento. Isso aponta para a
necessidade de maior informação qualificada sobre os programas para ampliar o acesso
dos jovens a elas.
A análise pelas diferenças de renda, situação de domicílio e cor nos revelam que a in-
formação sobre os programas ainda é muito desigual. Em relação a quase todas as ini-
ciativas, o desconhecimento é maior entre os jovens de baixa renda, entre os jovens do
meio rural e pelos negros. O ProJovem é a grande exceção, sendo mais conhecido pelos
jovens de mais baixa renda, pelos jovens do meio rural e pelos negros. As taxas de jovens
99
que não conhecem nem ouviram falar do ProJovem diminuem conforme avançam as
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
O Enem é mais bem conhecido pelas mulheres (57%) que pelos homens (50%); pelos bran-
cos (61%) que pelos pretos e pardos (48%); na área urbana (57%) que na área rural (37%).
O Sisu é bem conhecido por 20% dos jovens na área urbana, contra por 11% na rural.
Os entrevistados que moram no campo indicaram mais o Governo Federal como res-
ponsável pelos programas citados: foram 24% deles ante 17% dos jovens das cidades. O
Governo Federal foi também mais citado pelos homens de 25 a 29 anos quando compa-
rado com os mais jovens do mesmo sexo. Foram 20% dos mais velhos frente a 13% dos
entrevistados com idades entre 15 e 17 anos que identificaram o programa mencionado
à esfera federal. Quanto à variável socioeconômica, os jovens de estratos de renda alta
apontam, em maior proporção do que os pertencentes a segmentos de renda média, o
Governo Federal como responsável pelos projetos por eles mencionados: são 24% deles
ante 17%, respectivamente.
100
37. Prioridades da ação governamental
Perguntados sobre as ações e que o governo deve realizar em primeiro lugar para me-
lhorar a educação, 1/4 dos jovens (24%) disseram que o governo deveria investir nos
professores, melhorando os salários e as condições de trabalho, assim como sua capaci-
tação; 1/5 (20%) consideram prioritário investir na infraestrutura da escola. Parcelas se-
melhantes de jovens responderam que o mais importante é a ampliação do número de
vagas nas universidades públicas (15%) e a melhoria e maior fiscalização da qualidade do
ensino (14%). Ao serem somadas as ações citadas como 1ª, 2ª e 3ª opções, a ordem de
prioridades continua a mesma: investir nos professores (55%), investir na infraestrutura
das escolas (46%), melhorar e fiscalizar a qualidade do ensino (39%), ampliar o número
de vagas nas universidades públicas (38%), ampliar o número de escolas técnicas e de
formação profissional (33%), dar mais apoio material e financeiro (28%) e mais progra-
mas de alfabetização para que os que abandonaram a escola voltem a estudar (27%).
101
Considerando-se as diferentes faixas etárias, observam-se variações significativas nas in-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
O aumento da escolaridade e da qualidade do ensino, por outro lado, são mais citados
na área urbana (46%) que na área rural (39%), e as citações crescem conforme aumenta
a renda domiciliar per capita: 43% nos estratos baixos, 45% nos estratos médios e 59%
nos estratos altos.
102
laboral se faz mais premente entre os que sofrem maiores mais dificuldades no mundo
103
39. M
elhor política para enfrentar a
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
violência no país
Ao observarmos as mesmas questões pelo recorte de renda, observamos que mais uma
vez o tema da conduta dos policias aparece como o mais importante. Isso indica que,
para os entrevistados, os óbitos, lesões físicas e prisões sofridas por jovens não depen-
dem apenas da conduta ou comportamento do indivíduo em questão, mas também da
abordagem dos agentes de polícia em relação a esses indivíduos.
Outra ação
Promoção de uma cultura de paz e resolução de conflitos
Investir em penas alternativas para crimes de menor gravidade
Aumentar a capacidade de repressão da polícia e o número de prisões
Promover medidas para descriminalizar o uso de drogas
Investir no policiamento comunitário
Promover o desarmamento da população
Diminuir a idade penal para que adolescentes recebam as mesmas penas que adultos
Investir na qualificação e condições de trabalho da polícia
Criar políticas de apoio a jovens, evitando seu envolvimento com a criminalidade
Combater a corrupção e má conduta de policiais
0 10 20 30 40 50 60
Est. Alto Est. Médio Est. Baixo
104
O combate à corrupção e má conduta de policiais foi mais citado na área urbana (53%)
A promoção do desarmamento foi mais recomendada pelas jovens mulheres (32%) que
pelos homens jovens (25%) indicando que a desconstrução da cultura de violência deve
ter uma forte inflexão na mudança de valores quanto aos estereótipos de gênero. Inte-
ressante notar que essa solução foi mais recomendada pelos pretos e pardos (31%) que
pelos brancos (24%).
Por outro lado, a diminuição da maioridade penal foi mais recomendada pelos jovens
brancos (40%) que pelos pretos e pardos (33%). Sua recomendação é maior conforme
aumenta a renda domiciliar per capita: 29% entre os jovens dos estratos baixos, 37%
entre os jovens dos estratos altos e 52% entre os dos estratos altos.
105
40. Políticas de saúde
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013
No que diz respeito à percepção dos entrevistados sobre políticas de saúde voltadas para
jovens, nota-se que são todas altamente valorizadas: 90% consideraram o planejamento
familiar como muito importante, 99% têm a mesma percepção sobre a prevenção e/ou
atendimento a doenças sexualmente transmissíveis e 98% deles atribuem grande impor-
tância à prevenção e ao cuidado em relação ao consumo de drogas e álcool, enquanto
programas voltados especificamente para a juventude. Esses resultados corroboram a
hipótese de que se trata de três áreas em relação às quais os jovens apresentam uma
particular vulnerabilidade – as áreas de saúde sexual e reprodutiva e de prevenção e cui-
dado em relação ao consumo de drogas e álcool. Sabe-se que o atendimento nos centros
de saúde volta-se prioritariamente para as mulheres e as crianças, e que os jovens são
ainda pouco visibilizados como usuários, talvez por não oferecer respostas aos jovens
em suas demandas específicas.
Planejamento Familiar 90 8 1
106
Prioridades para os serviços de saúde - Síntese
OUTRAS GERAIS 1
NENHUM (tem todos os serviços que o jovem necessita/ o que tem é o suficiente/
sempre que precisei tinham todos os especialistas/ já tem plano de saúde) 5
NÃO SABE (não me interesso por este assunto) 13
107
Os dados trazidos por esta pesquisa sobre a juventude brasileira con-
firmam, em grande medida, certos traços já consolidados em diag-
nósticos realizados anteriormente e tendências já apontadas por ou-
tras pesquisas. Mas também levantam novas pistas, fornecidas não
só por novas questões exploradas, mas, sobretudo, pela possibilidade
de cruzar informações que descrevem as situações vividas com per-
cepções e opiniões dos jovens, o que nos permite levantar interpre-
tações para compor um panorama mais matizado sobre quem são, o
que pensam e querem os jovens brasileiros e, sobretudo, pensar em
respostas para compor uma agenda para a juventude para do Brasil.
OBSERVAÇÕES FINAIS
O que é comum e o que é diferente, ou desigual, entre os jo-
vens brasileiros? Os dados de perfil dos jovens entrevistados nos
permitem perceber, por um lado, a existência de grandes traços
comuns, configurando características geracionais e, por outro,
situações profundamente diferenciadas, que resultam em uma
multiplicidade de trajetórias que precisam ser consideradas, as-
sim como em desigualdades que precisam ser superadas.
109
O trabalho também se consolida como elemento central na vida
dos jovens, compondo, na mesma medida que educação, a equa-
ção fundamental por meio da qual se processa a inclusão, na tra-
jetória que os jovens seguem em direção à vida adulta: não como
etapas sucessivas, mas como dois longos percursos que se combi-
nam, ou que os jovens procuram combinar, alterando-se o peso de
um e outro elemento à medida que a idade avança. Isso se eviden-
cia na condição de atividade: a grande maioria dos jovens, a partir
dos 18 anos, independentemente da renda familiar, está no mun-
do do trabalho, trabalhando, procurando emprego ou já vivendo a
experiência do desemprego. Não por acaso, o trabalho estrutura
suas expectativas e projetos de vida: é o que gostariam que acon-
tecesse para se sentirem realizados e é também o que percebem
que pode melhorar suas vidas. Por isso mesmo aparece como um
dos principais temas tanto de interesse quanto de preocupação.
A vida dos jovens brasileiros remete a todos esses campos Não por
acaso, percebe-se uma diversidade de temas que os interessam e
preocupam, embora algumas questões mantenham relevância es-
pecial como o trabalho e a violência. Vale ressaltar que a visão que
os jovens têm do país, seus avanços e problemas, não é universal
Pudemos ver que há uma percepção de pontos positivos, como a
possibilidade de estudar, a diminuição da pobreza, a democracia e a
liberdade de expressão. Por outro lado, apresentam problemas gra-
ves que persistem no país, como a violência, a corrupção a desigual-
dade e o racismo. Há uma percepção de avanços que constroem
uma experiência e uma expectativa de vida melhor; porém indicam
uma série de desafios que precisam ser vencidos, como a qualida-
de da educação, a oferta de formação profissional, mecanismos de
inserção e garantia no trabalho, atendimento de saúde e ações de
segurança que não vitimizem ainda mais os próprios jovens.