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Pesquisa Nacional sobre

Perfil e Opinião dos


Jovens Brasileiros 2013

www.participatorio.juventude.gov.br
Pesquisa Nacional sobre
Perfil e Opinião dos
Jovens Brasileiros 2013

www.participatorio.juventude.gov.br
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Dilma Rousseff
Presidenta da República
Michel Temer
Vice-Presidente da República

SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


Gilberto Carvalho
Ministro de Estado Chefe
Diogo de Sant’Ana
Secretário Executivo

SECRETARIA NACIONAL DE JUVENTUDE


Severine Carmem Macedo
Secretária Nacional de Juventude
Ângela Cristina Santos Guimarães
Secretária Adjunta
Francisco Rodrigo Josino Amaral
Chefe de Gabinete
Elisa Guaraná de Castro
Coordenadora-Geral de Políticas Transversais

FICHA TÉCNICA
Elaboração/Supervisão
Helena Wendel Abramo, Elisa Guaraná de Castro, Gustavo Venturi, Ana Laura Lobato e Carla de Paiva Bezerra
Colaboração Especial
Regina Novaes e Eliane Ribeiro
Consultoria
Anna Luiza Souto, Maria Virgínia de Freitas, Rita Dias e Sônia Hotimsky
Equipe Técnica
Mônica Sacramento Costa e Valéria Viana Labrea
Aplicação da Pesquisa
Gestão Venturi Associados e Análise Final Pesquisas
Projeto gráfico
Aline Magalhães Soares e Mariana Karilena Moura da Silva (SNJ) e Daniela Rodrigues (Njobs Comunicação)
Diagramação
Daniela Rodrigues (Njobs Comunicação)
Revisão
Aline Magalhães Soares, Mariana Karilena Moura da Silva e Elisa Guaraná de Castro (SNJ)
Fernandan Gomes (Njobs Comunicação)
Colaboração
Frances Mary Coelho da Silva, Sérgio Alli, Murilo Parrino Amatneeks e Bruno de Oliveira Elias
Apoio
Unesco Brasil

Brasília, novembro de 2013


A Pesquisa Agenda Juventude Brasil é uma pesquisa de opi-
nião de caráter nacional que busca levantar as questões da
Juventude Brasileira de forma ampla e abrangente, de modo
a possibilitar a análise e reflexão sobre perfil, demandas e
formas de participação da juventude brasileira. Pretende sub-
sidiar a elaboração de políticas públicas pensadas de forma
integrada, a partir do universo juvenil.

De responsabilidade da Secretaria Nacional de Juventude


(SNJ) da Secretaria Geral da Presidência da República, inse-
re-se nas atividades do Participatório – Observatório Parti-
cipativo da Juventude. Foi desenvolvida por um conjunto de
consultoras, aplicada entre abril e maio de 2013, com a coor-
denação geral de Gustavo Venturi. A pesquisa contou com o
apoio da Unesco Brasil.
EMENTA
Apresentação..................................................................... 7
A pesquisa ......................................................................... 9
Metodologia..................................................................... 11

PERFIL E CONDIÇÃO JUVENIL..................................... 13

1. Juventude e idade ............................................................14


2. Sexo...................................................................................15
3. Cor.....................................................................................15
SUMÁRIO
4. Religiões............................................................................16
5. Jovens do campo e da cidade............................................18
6. Configuração familiar........................................................20
7. Estratos socioeconômicos.................................................21
8. Escolaridade .....................................................................22
9. Condição de atividade.......................................................24

TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ........29

10. Uso de computador, formas de uso e locais de


acesso à internet.............................................................32
11. Finalidades de uso da internet e do celular.....................33

A ESCOLA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL.................. 39

12. Experiência educacional .................................................40


13. Percepções sobre a escola...............................................44
14. Formação profissional.....................................................46
15. Cursos técnicos ou profissionalizantes..................................47

O MUNDO DO TRABALHO......................................... 49

16. O primeiro trabalho.........................................................50


17. Trabalho e faixa etária.....................................................50
18. Formalidade no trabalho.................................................51
19. Das jornadas de trabalho................................................52
20. Procura de trabalho.........................................................53
21. Jovens que não trabalham . ............................................54
22. Percepções do mundo do trabalho.................................56
VIOLÊNCIA CONTRA A JUVENTUDE NEGRA................ 61

23. Experiências de discriminação . ......................................64

TEMAS DA JUVENTUDE E PERCEPÇÕES DO PAÍS......... 67

24. Realização pessoal...........................................................68


25. Quais são os problemas que mais preocupam
os jovens atualmente......................................................69
26. Diferentes âmbitos para discutir os assuntos..................71
27. Os problemas do Brasil que mais incomodam
os(as) jovens....................................................................74
28. O que os jovens mais valorizam no Brasil........................75
29. Expectativas com a vida, para o país e para a garantia
de direitos.......................................................................77
30. Valores considerados fundamentais pelos jovens...........80

VIDA POLÍTICA........................................................... 83

31. A política é importante....................................................84


32. Título de eleitor...............................................................85
33. Os jovens podem mudar o mundo..................................86
34. Valorização das formas de atuação e grau de
participação ....................................................................87

POLÍTICAS PARA A JUVENTUDE.................................. 93

35. As ações do governo para a juventude............................94


36. Conhecimento de políticas por parte dos jovens............97
37. Prioridades da ação governamental .............................101
38. Ações para enfrentar a violência...................................103
39. Melhor política para enfrentar a violência no país .......104
40. Políticas de saúde .........................................................106
41. Mais e melhores políticas .............................................107

Observações finais...........................................................109
Uma das diretrizes que guiam a ação da Secretaria Nacional
de Juventude (SNJ) é que os jovens devem ser reconhecidos
como sujeitos de direitos e de políticas públicas. Para isso, é
fundamental conhecer suas realidades, questões, opiniões e
demandas, além das características sociais, demográficas, po-
líticas e culturais que nos revelam o quadro geral das condi-
ções de vida da população juvenil no Brasil.

Produzir esse conhecimento é um desafio para a SNJ, desde a


sua criação em 2005. No documento do Conselho Nacional de
Juventude (Conjuve), intitulado Política Nacional de Juventu-
APRESENTAÇÃO
de: Diretrizes e Perspectivas consta que:

[...] as iniciativas governamentais têm cada vez


mais sido construídas a partir de diagnósticos
sobre as principais carências da população, suas
necessidades mais prementes. Portanto, passa a
ser ainda mais relevante atuar sobre a elaboração
de pesquisas e diagnósticos, de modo a melhorar
continuamente suas metodologias, com o objetivo
de afinar a relação entre o olhar das instituições de
pesquisa e as necessidades das camadas da popu-
lação pesquisadas (CONJUVE/FES, 2006).

Em 2009, junto com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplica-


da (Ipea), foi elaborada a primeira proposta de Observatório
de Políticas Públicas de Juventude. Ela foi retomada e apro-
fundada em 2011, na atual gestão da SNJ, incorporando o ob-
jetivo de fortalecer a capacidade de coordenação das políticas
públicas de Juventude, por meio da articulação das iniciativas
governamentais e da intensificação da participação social. Ao
mesmo tempo, reconhecendo que são os jovens o público
mais assíduo no ambiente virtual, a SNJ decidiu investir na
comunicação das redes sociais para criar canais de diálogo e
de produção de conhecimento sobre/para e com os jovens.

Articulando essa proposta com o objetivo estratégico da SNJ


e da Secretaria-Geral da Presidência da República, de fazer
da participação social um método de governo, foi criado o
Participatório: Observatório Participativo da Juventude, um
observatório, dotado de uma plataforma virtual, que tem
por finalidade a produção de conhecimento, dados, monito-
ramento, avaliação e gestão da informação das políticas pú-
blicas de Juventude, a partir da mobilização e participação de
jovens, organizações juvenis, redes de pesquisadores, gesto-
res e parceiros.

A Pesquisa Agenda Juventude Brasil, realizada em 2013,


compõe as ações estratégicas da SNJ para construir uma
política nacional de juventude que dialogue com a realida-
de dos jovens que estão, em sua grande maioria, atuando
de forma efetiva no dia a dia de seu território, seja ele no
campo ou na cidade.

Acreditamos que os resultados da Pesquisa Agenda Juventude


Brasil possam se constituir como um instrumento fundamen-
tal para a formulação de Políticas Públicas de Juventude, con-
tribuindo para compreendermos quem são, como vivem, o
que sentem e percebem os(as) jovens brasileiras(os), e quais
suas principais demandas.

Nesse sentido, a Secretaria Nacional de Juventude dá conse-


quência à colaboração no aprofundamento do conhecimento
da sociedade brasileira sobre sua juventude.

Severine Carmem de Macedo


Secretária Nacional de Juventude
Secretaria-Geral da presidência da República
Desde os anos 1990, quando questões da juventude come-
çaram a ganhar maior espaço na agenda pública, identifica-
se a necessidade de estudos de larga abrangência nacional,
que avancem além das estatísticas oficiais e que possibilitem
comparações das características das juventudes nos países e
entre os países.1

No Brasil, uma primeira pesquisa de grande porte deste tipo


foi realizada em 2003. Com o objetivo de apreender os inte-
resses e preocupações dos jovens, a pesquisa Perfil da Juven-
tude Brasileira foi construída como parte do Projeto Juventu-
de, desenvolvido pelo Instituto de Cidadania.
A PESQUISA
Após essa iniciativa, outras pesquisas deram continuidade
ao aprofundamento da compreensão da juventude enquan-
to alvo de políticas públicas. São elas: Juventudes Brasileiras,
realizada em 2004 pela Unesco, e Juventudes sul-americanas:
diálogos para a construção da democracia regional, realizada
em 2008, pelo Ibase e Instituto Pólis.

A Secretaria Nacional de Juventude desenvolveu este novo


estudo com o intuito de não apenas traçar o perfil da atual
juventude brasileira, mas, principalmente, de acompanhar as
tendências de comportamento e a opinião dos jovens, identi-
ficar as demandas por políticas públicas e aferir a ressonância
de algumas respostas em curso.

O levantamento aproveita a estrutura e muitas questões das


pesquisas acima mencionadas, o que permite desenvolver
comparações e indicar tendências, incorporando novas indaga-
ções colocadas pelo presente, aproveitando temas levantados
por outras pesquisas importantes realizadas nesse interregno.

Organizada em blocos temáticos referentes à condição juve-


nil, educação, trabalho, saúde (envolvendo os temas de dro-
gas e de sexualidade), cultura e lazer, participação política e
violência, esta pesquisa foi realizada em todo o território na-
cional, sendo representativa para o meio urbano e rural e com
resultados comparáveis aos da pesquisa de 2003.

Dados detalhados que traçam o perfil da amostra (em ter-


mos de sexo, idade, cor, situação de domicílio, renda, nível
de escolaridade e condição de trabalho) são importantes para
o diagnóstico ao relacionar a realidade dos jovens com suas
questões, valores e opiniões.

1
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M.G. Juventude, Juventudes – o que une e o que separa.
Brasília, 2006. p. 11.
A apresentação dos resultados preliminares da Agenda Juven-
tude Brasil: Pesquisa Nacional Sobre Perfil e Opinião dos Jo-
vens Brasileiros 2013 tem foco nas questões relativas ao perfil
e condições de vida, à educação e ao trabalho, à violência, às
percepções sobre o país, à participação política e a políticas
públicas, de modo a iluminar os interesses e o comportamen-
to da juventude brasileira, da qual parte significativa esteve
nas ruas no primeiro semestre deste ano reivindicando mais e
melhores políticas públicas de transporte, saúde, educação e
novas formas de participação política.

Os demais resultados serão lançados posteriormente em


publicações que a SNJ está organizando, acompanhados de
novas leituras.
Universo e Amostragem

A pesquisa é estatisticamente representativa do universo da


população entre 15 e 29 anos, residente no território brasi-
leiro. Para tal, valeu-se de uma amostra composta por 3.300
entrevistas, distribuídas em 187 municípios, estratificados
por localização geográfica (capital e interior, áreas urbanas e
rurais) e em tercis de porte (municípios pequenos, médios e
grandes), contemplando as 27 Unidades da Federação.

A amostragem foi feita de forma probabilística nos primeiros


METODOLOGIA
estágios (sorteio dos municípios, dos setores censitários, dos
quarteirões e dos domicílios), combinada com controle de co-
tas de sexo, idade e por condição do ponto (urbano ou rural)
para a seleção dos indivíduos (estágio final).

As margens de erro se situam entre dois e três pontos percen-


tuais, conforme os resultados (de dois pontos para perguntas
feitas ao total da amostra, e de três pontos para as perguntas
incluídas em uma das três subamostras).

Os critérios de dispersão, seleção e tamanho da amostra


de jovens entrevistados(as) garantem a representatividade
dos resultados obtidos – guardados os parâmetros estatísti-
cos do desenho amostral – para o conjunto do universo em
foco:  48,85 milhões de jovens, correspondentes a cerca de
1/4 da população brasileira (PNAD 2012 –IBGE).

Abordagem

Foi feita a aplicação de questionários estruturados, em entre-


vistas pessoais e domiciliares (tempo médio de uma hora de
aplicação). Total de 161 perguntas, parcialmente distribuídas
em três subamostras equivalentes (A, B e C), igualmente re-
presentativas do universo investigado.

A pesquisa de campo foi realizada entre abril e maio de 2013.

Para ler os dados – A comparação com a pesquisa do Projeto Ju-


ventude, que subsidiou a criação da SNJ em 2003, permite duas
leituras longitudinais: uma transversal, comparando os resultados
dos jovens entre 15 e 24 anos de hoje, com os dos jovens de 15 a
24 anos de uma década atrás; outra de coorte, comparando os jo-
vens hoje entre 25 e 29 anos, com os jovens que em 2003 tinham
de 15 a 19 anos.
Perfil e
condição
juvenil
A juventude brasileira é grande, diversa e ainda muito atravessada por desigualdades.
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

Isso significa que é preciso compreender as diferentes situações que configuram a reali-
dade da condição juvenil no nosso país.

Os resultados apresentados a seguir têm a função de desenhar um breve retrato da


juventude brasileira e assinalar as variáveis pelas quais se poderá analisar as opiniões,
valores e percepções dos jovens ouvidos nessa pesquisa.

1. Juventude e idade
O escopo da pesquisa é o que vem sendo tomado, nos últimos anos, como o segmento
juvenil da população brasileira compreendido pelo grupo etário de 15 a 29 anos, refe-
rendado pela Constituição Brasileira, artigo 227, e agora pelo Estatuto da Juventude que
acaba de ser sancionado.

Segundo o Censo de 2010, há no Brasil 51,3 jovens de 15 a 29 anos de idade, o que equi-
vale a cerca de ¼ da população do país. Esse arco de idade se justifica pela extensão do
período de transição que constitui a etapa juvenil marcada na atual conjuntura histórica
por trajetórias relativamente longas, intermitentes e muitas vezes não lineares de for-
mação, inclusão e desenvolvimento da autonomia.

Por isso, é importante compreender a juventude a partir das faixas etárias internas a este
grupo para iluminar as diferentes situações e respostas dos jovens segundo os momentos dis-
tintos de suas trajetórias. Nesse sentido, optamos por definir as faixas etárias em 15 a 17 anos,
18 a 24 anos e 25 a 29 anos de idade, diferentemente dos parâmetros de intervalos quinque-
nais de idade (15-19 anos, 20-24 anos e 25-29 anos). Essa definição segue o recorte que vem
sendo adotado por políticas públicas no país destacando as diferenças de momentos do ciclo
de vida dos jovens que vai da adolescência à estruturação da vida adulta. A distribuição da ju-
ventude pesquisada segundo as faixas etárias2 definidas está representada no gráfico a seguir:

20%
15 a 17 anos
47%
18 a 24 anos

25 a 29 anos
33%

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra e por cota. Espontânea.
P. Cota 2 – Qual é a sua idade?

2
Tal como no Censo de 2010, a distribuição da juventude entre as faixas de idade 15-19 anos, 20-24 anos e 25-29
anos é de cerca de 33% para cada faixa etária.
14
2.Sexo

Perfil e condição juvenil


A distribuição entre homens e mulheres no segmento juvenil brasileiro é equilibrada, tal
como indicado no Censo de 2010. A amostra desta pesquisa foi construída para refletir
essa distribuição: 49,6% de homens e 50,4% de mulheres.

Sexo

49,6%
Homem

50,4% Mulheres

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra e por cota. Espontânea.
P. Cota1 – Sexo | P. Cota 2 – Qual é a sua idade?

3. Cor
Com relação à cor, seis em cada dez entrevistados declarou-se de cor preta ou parda
(15% e 45%, respectivamente); os de cor branca são 34%. Esses dados apresentam uma
diferença expressiva e muito interessante em relação aos dados levantados pelo IBGE no
Censo 2010, em que a proporção de pretos, pardos e branco nesse segmento etário foi
de 7,9%, 45,9% e 44,7%, respectivamente. Na pesquisa Agenda Juventude Brasil, a pro-
porção de jovens que se declara preta é quase o dobro do que a identificada pelo Censo.

6%
Cor/Raça

15%
34%
Branco

Pardo

Preto
45% Amarelo/indígena

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Espontânea e múltipla, em %.
P153. No Brasil tem gente de várias cores ou raças. Qual é sua cor ou raça?
P154. (se P153 = 6 a 16) Você diria que a sua cor ou raça é:
P155. Considerando as combinações de cor ou raça dos seus avós e dos seus pais, você tem combinação das cores ou raças: 15
Uma explicação possível para essa diferença é a de que, no Censo, a informação de cor de
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

todos os que compõem a família é dada por apenas um de seus membros – comumente
a mãe ou o pai – enquanto nesta pesquisa coletou-se, exclusivamente, a autodeclaração
dos próprios jovens3. Essa constatação corrobora a hipótese – já apontada em pesquisas
anteriores4 – de que há uma tendência, nessa geração, de maior identidade racial entre
os jovens negros, acompanhando o aumento da visibilidade da questão racial no país e
das políticas de afirmação racial.

4. Religiões
A maioria dos jovens pesquisados se declarou católica (56%); os evangélicos represen-
tam pouco mais de ¼ da amostra (27%). Cerca de um em cada seis jovens não tem
religião (16%, incluído 1% de ateus). Na comparação com a pesquisa Projeto Juventude
(2003), os católicos diminuíram em dez pontos percentuais (somavam então 65%), en-
quanto os evangélicoscresceram (eram 22%), assim como os sem religião (estes foram
os que mais aumentaram, relativamente, indo de 10% para 15%).

Católica 56

Praticante 29

Não praticante 26

Evangélica 27

Espírita Kardecista 2

Outras religiões 3

Não tem religião, mas acredita em Deus 15

Ateu/ Agnóstico 1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Espontânea e múltipla, em % .

3
A pesquisa utilizou essa forma de aplicação com pergunta espontânea, seguida pela estimulada, para aproximar das categorias do censo.

4
IBASE/PÓLIS. Pesquisa sobre juventudes no Brasil – Relatório Quantitativo, 2008; CORROCHANO et al. Jovens e Trabalho no
Brasil, 2008.

16
Perfil e condição juvenil
COMPARAÇÕES LONGITUDINAIS
TRANSVERSAL COORTE
15 a 19 25 a 29
15 a 24 anos
anos anos
2003 2013 2003 2013
Católica 65 55 65 57
..praticante - 30 - 28
..não praticante - 25 - 28
Evangélica 22 29 22 24

Espírita Kardecista 2 2 1 2

Outras religiões 2 3 2 4

Não tem religião, mas


10 15 10 16
acredita em Deus

Ateu/ Agnóstico 1 1 1 1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Espontânea e múltipla, em %
P152a. Você tem religião? Vou falar algumas religiões para que você me diga quais pratica. P152b. Você frequenta, mes-
mo que de vez em quando, alguma outra religião? (Se sim) Quais?
P152c. Você acredita na existência de Deus?

A tendência acima descrita se confirma quando observamos a opção religiosa segundo


as faixas etárias, apresentadas no quadro a seguir. Vemos que quanto mais jovens, me-
nos católicos e mais evangélicos.

15 a 17 (19,4%) 18 a 24 (47,5%) 25 a 29 (33,1%)


Católica 49,2 52,9 54,1
Evangélica 31,4 28,3 24,9
Espírita 0.9 1,7 1,9
Afro 1,1 0,8 1,4
Outra 0,9 0,7 0,9
Sem religião 16,4 15,5 16,8

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base total.

Quanto maior a idade aumentam as chances do jovem ser católico e diminuem as de ser
de religião protestante.

17
5. Jovens do campo e da cidade
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

A composição da amostra, no que diz respeito à situação de domicílio (urbano e rural)


seguiu a distribuição encontrada no Censo 2010 (84,8 % na cidade e 15,2 % no campo).

Situação de domicílio

MORA NA CIDADE 85

Cresceu na cidade 74

Cresceu no campo 8

Meio a meio 2

MORA NO CAMPO 15

Cresceu na cidade 5

Cresceu no campo 10

Meio a meio 1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra.
P2. V
 ocê passou a maior parte da sua infância na cidade ou no campo (na roça, colônia, sertão, floresta)?
P2a. (Se mora na cidade, mas viveu no campo ou meio a meio) Há quanto tempo você mudou para uma cidade?

O gráfico acima mostra que parte dos jovens pesquisados (16%) experimentou mudan-
ça de situação do domicílio. É digno de nota o registro de que um em cada cinco jovens
passou pelo menos parte da infância no campo, bem como 5% cresceu na cidade, o
que pode estar relacionado à circulação dos jovens entre campo e cidade. Vale ressal-
tar que o Brasil experimenta uma perda constante de população rural jovem maior de
15 a 29 anos, numa proporção que equivale à metade do total de pessoas que migra
do campo para a cidade.5

5
Entre 2000 e 2010, a população rural brasileira sofre um decréscimo de 2 milhões de pessoas. Dessas, um milhão tinha entre 15 e
29 anos (IBGE, Censo 2000 e 2010).

18
Perfil e condição juvenil
SEXO E IDADE
HOMENS MULHERES

TOTAL
15 a 18 a 25 a 15 a 18 a 25 a

Total

Total
17 24 29 17 24 29
anos anos anos anos anos anos
Peso 100% 50% 10% 24% 16% 50% 10% 23% 17%
NO CAMPO OU PARTE NA
CIDADE, PARTE NO CAMPO/ 13 13 9 14 14 13 9 13 15
MEIO A MEIO
Para trabalhar/ buscar em-
4 5 0,3 5 7 3 4 4
prego/ trabalho
A família mudou 3 3 4 3 3 4 3 3 5
Para estudar/ por causa de
2 2 2 1 2 3 3 3 2
estudo, escola
Outras respostas 1 1 1 1 1 2 2 1 2
Não respondeu 2 2 2 3 2 2 3 2 1
NUNCA SAIU DO CAMPO 8 8 10 8 7 8 9 8 7
PASSOU A MAIOR PARTE NA
79 78 81 78 78 79 82 79 78
CIDADE

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Espontânea.
P2b. Por que você mudou do campo (roça, floresta etc.) para a cidade?

Como pode ser observado na tabela acima, as razões apontadas pelos jovens entrevis-
tados para a migração do campo para a cidade, quando não são para acompanhar a
família, estão relacionadas a trabalho e estudos.

19
6. Configuração familiar
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

A maior parte dos jovens ainda é solteira (66%) e vive com os pais (61%). Um terço (32%)
são casados ou vivem com seus cônjuges. Embora mais da metade (52%) vivam em famí-
lias chefiadas por pai ou mãe, cerca de 18% deles são os principais responsáveis e outros
16% têm o companheiro(a) como responsável pelo domicílio onde moram.

No conjunto da pesquisa, são 40% os que têm filhos, mas essa condição varia profunda-
mente segundo sexo: enquanto pouco mais de um quarto (28%) dos homens são pais,
mais de metade das mulheres (54%) vive a condição de maternidade.

Essa condição, naturalmente, cresce com o avançar da idade, mas sempre em maior pro-
porção para as mulheres, chegando a 70% na faixa que vai dos 25 a 29 anos.

Posse de filhos, por sexo e idade


SEXO E IDADE
HOMENS MULHERES
TOTAL

  15 a 18 a 25 a 15 a 18 a 25 a
Total

17 24 29 Total 17 24 29
anos anos anos anos anos anos

Peso 100% 53% 10% 51% 39% 47% 4% 24% 20%


TEM FILHOS 40 28 1 19 48 54 17 47 69
1 24 19 1 15 30 31 14 31 33
2 11 6   3 11 16 2 14 22
3 3 3 1 1 6 5 1 1 9
4 ou mais 2 1   0 2 2   0 5
NÃO TEM
FILHOS(AS) 60 72 99 81 52 46 83 53 31
/NUNCA TEVE
Média (de filhos) 2 1 2 1 2 2 1 1 2

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Entrevistadas que já tiveram relações sexuais (81%).
P114. V
 ocê tem ou teve filhos, sejam naturais, adotados ou enteados que você cria ou criou? (Se sim) Ao todo, quan-
tos filhos você tem ou teve?

20
7. Estratos socioeconômicos

Perfil e condição juvenil


Considerando a renda domiciliar per capita, 28% estão nos estratos baixos (até R$
290,00/mês), 50% nos médios e 11% nos estratos altos (acima de R$ 1.018,00/mês). O
recorte de renda segue o aplicado no estudo sobre estratos econômicos do Secretaria
de Assuntos Estratégicos - SAE6.

Renda mensal domiciliar per capita


Estratos Altos: 11 Estratos Baixos: 28
2
4
9 9 Extremamente pobre
Pobre
17
16 Vulnerável
Baixo E. Médio
15 17 Médio E. Médio
Alto E. Médio
Baixo E. Alto
Estratos Médios: 50 Alto E. Alto

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra estimulada e única.
P157. S omando tudo que você ganhou, considerando salários, benefícios, pensões, bolsas, mesada ou qualquer outra
fonte de renda, de quanto foi, aproximadamente, a sua renda pessoal no mês passado?
P87. Contando com você, quantas pessoas moram neste domicílio atualmente?
P161. S omando a sua renda com a renda dessas pessoas que moram com você, considerando os ganhos de qualquer
natureza, de quanto foi aproximadamente a renda familiar em sua casa no mês passado?

6
Comissão para Definição da Classe Média no Brasil, acessível em http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/Relatório-Definição-
da-Classe-Média-no-Brasil1.pdf <http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/Relatório-Definição-da-Classe-Média-no-Brasil1.pdf>

21
8. Escolaridade
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

De modo geral, os resultados de escolaridade estão próximos daqueles indicados no


último censo demográfico e confirmam tendência indicada pelos dados da PNAD 2012,
de diminuição dos jovens que não passaram do Ensino Fundamental e aumento dos
que chegaram ao Ensino Médio. O censo apontou Alfabetização/EJA mais Fundamental:
35,9%; Médio 46,3%; Superior 16,2%; nunca estudou 1,6%. Enquanto nesta pesquisa,
três anos depois, obtivemos os seguintes resultados: 16% dos jovens atingiram o Ensino
Fundamental incompleto, enquanto 11% deles concluíram o Fundamental; 21% alcança-
ram o Ensino Médio incompleto e 38% concluíram o Ensino Médio; por fim, 13% deles
seguiram até o Ensino Superior (incluindo Pós-graduação).

21% Até Fundamental incompleto

Fundamental completo
38%
11% Médio incompleto

Médio completo

16% Superior (incompleto a Pós)

13%

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: amostra total.
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?
P43. Qual foi o último ano de estudo que você completou?

O ganho de escolaridade nessa geração de jovens é um dos fatos mais notáveis na aná-
lise das tendências dos últimos anos no país. Como pode ser observado no quadro a
seguir, na pesquisa realizada em 2003, apenas 6% dos jovens de 15 a 24 anos tinham
Ensino Superior, enquanto atualmente são 10%. Já de 25 a 29 anos temos 19% dos jo-
vens com o Ensino Superior. O maior contingente do segmento juvenil, mais da metade
(59%), tem como escolaridade o Ensino Médio. E ainda temos uma queda significativa
de jovens com apenas o Ensino Fundamental.

22
Perfil e condição juvenil
COMPARAÇÕES LONGITUDINAIS
TRANSVERSAL COORTE
15 a 24 anos 15 a 19 anos 25 a 29 anos
2003 2013 2003 2013
ATÉ FUNDAMENTAL 41 29 46 23
Até 4ª série/ Até 5º ano 8 7 6 10
De 5ª a 8ª série/ De 6º a 9º ano 33 23 40 13
MÉDIO OU TÉCNICO 52 60 52 58
1º a 2º ano - Médio incompleto 25 26 34 12
Médio completo ou Técnico 27 34 18 46
SUPERIOR OU MAIS 6 10 2 19
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ
Base: amostra total.
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?
P43. Qual foi o último ano de estudo que você completou?

Essa geração é bem mais escolarizada que as precedentes, mais de 50% chegou ao Ensi-
no Médio, enquanto este nível de escolaridade foi alcançado por apenas ¼ de seus pais.
Percebe-se, assim, uma diferença bastante significativa de escolaridade dos jovens em
relação a seus pais.

Pai Mãe
Não estudou 10 Não estudou 8

1ª a 4ª série 25 1ª a 4ª série 29

5ª a 8ª série 23 5ª a 8ª série 28

Médio 22 Médio 23

Superior 5 Superior 6

Não sabe 15 Não sabe 6

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ


Base: Total da amostra.
Pergunta: Estimulada e única, em %.
P39. Falando agora de educação, até que ano da escola sua mãe (ou responsável do sexo feminino) completou?
P40. E seu pai (ou responsável do sexo masculino), até que ano de escola ele completou?

Quando observamos a escolaridade segundo o estrato de renda, vemos nitidamente o


impacto da desigualdade social na elevação do nível de formação: quanto maior a renda,
menor a proporção de jovens nos níveis iniciais da escolaridade.

23
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

Est. Baixo (%) Est. Médio (%) Est. Alto (%)


Fundamental 43 23 10
Médio 54 64 53
Superior 4 13 37

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ

9. Condição de atividade
Normalmente se percebe o jovem apenas na sua condição de estudante. Mas quando
se observa o conjunto da população juvenil brasileira, em relação à sua condição de
atividade, nota-se que ela está mais presente no mundo do trabalho (74%, sendo que
53% trabalham e 21% procuram trabalho) do que na escola (37%). É importante notar
também que mais de um quinto desses jovens vivem conjuntamente os dois mundos, ao
conciliar escola e trabalho (14%) ou ao procurar trabalho enquanto estuda (8%).

Os dados são semelhantes àqueles levantados pelo Censo 2010, que apontam 53,5% dos
jovens de 15 a 29 anos trabalhando e 36% estudando. A proporção daqueles que estão
simultaneamente no mundo da escola e no mundo do trabalho também é coerente com
os dados da pesquisa: 22,8%.

Condição de atividade
PEA 74
TRABALHA 53
Trabalha e estuda 14 PEA que estuda
22
Trabalha e não estuda 40
DESEMPREGADO/A 21
Desempregado e estuda 8 a 52
oestud
que nã
Desempregado e não estuda 12 PEA

NÃO PEA (não trabalha nem procura) 26


Só Estuda 15
Não estuda 11

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ


Base: Total da amostra.
Pergunta: Estimulada e única, em %.
P65/P67. A tualmente você está fazendo algum trabalho remunerado? Qual das seguintes situações se aproxima mais
da sua. Você:
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?

24
Essa relação, contudo, diferencia-se enormemente conforme a idade: enquanto a maio-

Perfil e condição juvenil


ria dos adolescentes de 15 a 17 anos está estudando (65%), e apenas 16% trabalhando,
no segmento entre 25 e 29 anos a equação se inverte: mais de 70% estão na PEA (traba-
lhando ou procurando trabalho), enquanto apenas 12% ainda estudam.

PEA / Não-PEA e status de estudo por faixa etária

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em %.
P65/P67. A tualmente você está fazendo algum trabalho remunerado? Qual das seguintes situações se aproxima mais
da sua. Você: P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?

No conjunto da população juvenil, a situação em relação à presença na escola vem sendo


alterada tendo em vista que o acesso ao ensino vem crescendo significativamente nos últi-
mos dez anos.7 Atualmente 1/3 dos jovens brasileiros estuda, outro 1/3 já terminou e 1/3
parou antes de concluir o grau desejado. Ou seja, 1/3 dos jovens não estar na escola não é
necessariamente compreendido como negativo, e sim como o término de um ciclo.

30% 37% Está estudando

Parou de estudar

Terminou os estudos

33%

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em %.
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?

7
Segundo os dados da PNAD, caiu de 2001 para 2010, cerca de 25%, o número de jovens que não completaram o segundo ciclo do
Ensino Fundamental e em torno de 20% para o Ensino Médio.

25
Quando observamos essa condição pela faixa etária, temos que, entre aqueles com ida-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

de de 15 a 17 anos, a grande maioria está estudando e 10% deles interromperam os


estudos antes de concluir o grau desejado.

100
85
80

60
36 42 43
40 33
31
20 14
10 4
0
15 - 17 18 - 24 25 - 29
Estuda Parou de estudar Terminou os estudos

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Espontânea e única, em %.
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?

Se três em cada quatro jovens fazem parte da PEA, pouco mais da metade está efetiva-
mente trabalhando, pois uma parcela significativa de jovens vive situações recorrentes
de desemprego. É fundamental olhar para essa condição a partir das faixas de idades
internas ao conjunto da juventude. No gráfico a seguir, podemos perceber que a dificul-
dade maior de inserção no mercado de trabalho se dá mais fortemente entre os jovens
com idade inferior a 24 anos de idade. Um em cada quatro jovens de 15 a 24 anos de
idade está procurando trabalho.

4 10
25-29 14
72
10
12 24
18-24
54
46
15-17 9 23
22
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Nunca trabalhou não procura Já trabalhou e não procura Procura Trabalha

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em %.
P65/P67. Atualmente você está fazendo algum trabalho remunerado?

Para compreendermos melhor como as trajetórias dos jovens são compostas por per-
cursos de formação, inserção profissional e constituição de família nuclear, podemos
verificar como esses diferentes eventos ocorrem por faixa etária. Apresentamos um
gráfico sintético de quatro eventos que julgamos fundamentais na vivência da juventu-
de e sua entrada na vida adulta.

26
Perfil e condição juvenil
100

80

60

40

20

0
15 a 17 18 a 24 25 a 29

Estuda Trabalha Casado Tem filho

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra total.

Ao observarmos esses mesmos eventos segundo a diferença de sexo, veremos o descompas-


so entre a entrada no mercado de trabalho e a constituição de família, uma vez que homens
e mulheres jovens têm, em média, o mesmo percentual de estudantes, mas a inserção no
trabalho é bem superior para homens e inversa, no caso dos filhos, para as mulheres.

100

80
65
60 54
42 37,4
40 37 37
27,4 28
20

0
Estuda Trabalha Casado Tem filho
Homens Mulheres

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra Total.

Nos dois gráficos acima, podemos observar as diferenças da experiência da formação,


da inserção no mercado de trabalho, da constituição de família e da maternidade/pa-
ternidade durante a juventude. No primeiro, ao comparar as faixas de idade, vemos que
entre os adolescentes (15-17) e os mais velhos (25-29) as situações diferem bastante.
Entre os adolescentes (15 a 17 anos de idade), a atividade mais importante é realmente
o estudo, uma vez que mais de 80% deles estudam e 22% trabalham, enquanto 2,8% são
casados ou vivem com seus companheiros(as) e 6,1% têm filhos. Para os jovens de 18 a
24 anos de idade, o quadro muda significativamente, dado que 33% deles estudam, 54%
trabalham, enquanto 1/3 deles é casado e tem filhos. Já entre os mais velhos, de 25 a
29 anos de idade, a situação é inversa aos de 15 a 17 anos, sendo que apenas 14% deles
estudam e a maioria trabalha (72%), metade deles está casada e 58% têm filhos.

27
Tecnologia de
informação e
comunicação
Todas as pesquisas recentes apontam a velocidade com que as novas gerações absorvem
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

o uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Os dados a seguir confirmam


essas tendências.

Meios pelos quais costuma se informar sobre o que acontece no Brasil e


no mundo

Televisão aberta 83
Internet 56
Jornais Impressos 23
Rádio comercial 21
TV paga (cabo, satélite) 17
Revistras impressas 5
Rádio comunitária 4
Nenhum destes/ Não se informa 1
Outras respostas 0,4
Não repondeu 0,1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada, em %.
P127. F alando um pouco de comunicação, por intermédio de quais destes meios você costuma se informar sobre o
que acontece no Brasil e no mundo?

No que se refere aos meios de comunicação que os jovens costumam usar para se infor-
mar sobre o que acontece no Brasil e no mundo, 83% deles mencionam a televisão aber-
ta, 56% a internet, 23% os jornais impressos, 21% as rádios comerciais e 17% a TV paga.

À exceção das rádios comerciais, todos os demais meios de comunicação citados apre-
sentam variações entre os jovens do meio urbano e os da área rural.

Est. Est. Est.


Urbano Rural Branco Negro
Baixo Médio Alto
Tv 81,4 92,6 80 84,5 91,2 83,6 71,3
Tv Paga 10,8 1,4 11,1 8,6 3,1 9,5 17,1
Radio 1,0 1,2 1,3 0,9 1,0 0,9 1,5
Jornal 1,5 1,0 1,0 1,5 1,3 1,0 2,5
Revista 0,1 0,4 0,2 0,2 0,1 0,1 0,4
Internet 4,9 1,8 5,8 3,9 2,3 4,7 6,7
Outro 0,3 1,6 0,6 0,5 1,1 0,2 0,6
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ..
Base: Total da amostra/Estimulada, em % P127.
Falando um pouco de comunicação, através de quais destes meios você costuma se informar sobre o que acontece
no Brasil e no mundo?

30
Enquanto a TV aberta é o meio de informação acessado em maior medida por aqueles

Tecnologia de informação e comunicação


que moram no campo (92% de menções entre os entrevistados das áreas rurais ante
81% dos de áreas urbanas), a internet, jornais e TV paga são citados em maior proporção
por jovens das cidades: 38% dos jovens do campo se informam via internet frente a 59%
dos moradores das cidades; jornais impressos são meios de informação usados por 15%
contra 24%, respectivamente, e a TV paga constitui uma referência de informação para
apenas 3% dos jovens do campo e para 20% dos da cidade.

No que concerne à variável raça/cor, os dados indicam que os jovens brancos usam
mais a internet e a TV paga como fonte de informação comparativamente aos autode-
clarados pretos e pardos; 60% dos entrevistados de raça/cor branca acessam notícias
via internet ante 53% dos jovens pretos/pardos; quanto à TV paga, são 22% em face de
15%, respectivamente.

No que diz respeito à variável socioeconômica, se por um lado a TV aberta é o meio de


informação mais acessado pelos jovens de baixa e média renda (91% dos jovens po-
bres, 84% dos segmentos intermediários e 67% dos de renda alta), entre os mais ricos
a internet figura em primeiro lugar: 73% dos jovens de alta renda acessam notícias via
internet, ante 60% dos de renda média e 40% dos mais pobres. Além disso, os jovens de
baixa renda usam as rádios comercias para se manterem informados em maior medida
que os de renda alta (24% de citações entre os estratos baixos e 17% entre os altos). Por
outro lado, os jovens dos segmentos de renda alta são os que mais se valem de jornais
impressos (30% deles ante 19% dos estratos de renda baixa) e da TV paga (36% e 7%,
respectivamente) para se manter atualizados.

Uso de computador e internet

Usa computador e
USA internet
75
COMPUTADOR 80
E/OU INTERNET
Usa internet, mas não
computador (só pelo 4
celular)
NÃO USA
COMPUTADOR 20 Usa computador, mas
NEM INTERNET
não acessa internet
1

0 50 100 0 20 40 60 80

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em (%).
P128. Você usa computador e internet, mesmo que não seja em casa?

31
10. U
 so de computador, formas de uso
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

e locais de acesso à internet


Percebemos que oito em cada dez entrevistados (80%) usam computador e/ou internet,
sendo a grande maioria (75%) usuária de ambos. Quando observamos esse acesso pelas
diferenças de cor, território e renda, vemos que os jovens negros têm, em média, 10%
menos acesso do que os brancos. Quanto ao território, os rurais têm um acesso ainda
mais restrito do que os jovens urbanos, sendo 55,5% e 83,1%, respectivamente. No caso
do estrato social, vemos claramente que quanto maior a renda da família, maior o aces-
so a computador e internet, de modo que, para os estratos mais baixos, o acesso é de
59,7%; para os de estrato médio, é de 84,5%; e nos estratos mais altos, somam 90,7% o
total de jovens com acesso à internet pelo computador ou celular.

Branco Negro Urbano Rural Est. Baixo Est. Médio Est. Alto
Sim 84,4 76,1 83,1 55,5 59,7 84,6 90,7
Não 15,6 23,9 16,9 44,5 40,3 15,4 9,3

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra

Com relação ao local de acesso à internet, a maioria dos entrevistados (55%) mencionou
acessar a rede com maior frequência em casa, 10% em lan house /cyber café e 6% do
celular/internet móvel. Apenas 4% dos jovens disseram ser mais usual navegar na rede
no seu local de trabalho.

Casa

0,3 19 Lan house/ cyber café


Do celular/ internet móvel
0,3 Trabalho
0,3
Casa de amigos(as)/parentes
2 3 55
Escola/ faculdade/ cursinho
4
Telecentros públicos
6 Associação de moradores/
centros comunitários
10 Outro local
Não acessa

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em (%).
P129. De qual local acessa a internet mais vezes?

As respostas dos entrevistados a essa questão foram analisadas a partir de tabelas que
consideram os usuários e não usuários da rede e também a partir de um recorte que con-
templa as respostas dadas apenas por aqueles que acessam a internet. Os comentários
aqui feitos consideram tão somente as variações que não advêm exclusivamente da dife-
rença entre o montante de usuários e não usuários da rede (abordada no item anterior).
32
11. Finalidades de uso da internet e

Tecnologia de informação e comunicação


do celular
Quanto às finalidades de uso da internet, as principais citadas pelos jovens são: sites de
relacionamento (56%); buscar notícias sobre a atualidade (43%); pesquisas/mecanismos
de busca (31%); baixar músicas e vídeos (23%); e enviar/ receber e-mails e mensagens
(23%). Assim como na questão anterior, aqui serão pontuadas somente as variações que
não são reflexo da diferença entre usuários e não usuários de internet.

Transação bancária
Assistir a novela
Buscar cursos para fazer (on line/
Assistir filmes
Acessar sites com conteúdo sexual
Participar de movimentos políticos/ sociais/
Comprar
Procurar emprego
Trabalhar/ manter contatos profissionais
Buscar informações sobre eventos
Ajudar nas tarefas escolares
Jogar
Navegar no YOUTUBE
Mandar ou receber e-mail/ mensagens/
Baixar música/ vídeos
Pesquisas/ mecanismos de busca
Buscar notícias sobre atualidade
Sites de relacionamento/ conhecer

0 10 20 30 40 50 60
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total da amostra/Estimulada e única, em (%).
P130. Você usa a internet para quais finalidades?

Dentre as finalidades elencadas, baixar músicas e vídeos é uma prática mais comum en-
tre os jovens que moram nas áreas urbanas (26%) do que entre os moradores do campo
(10%). As demais variações observadas na tabela com os dados cruzados por local de
domicílio se dão pelo fato de os jovens da cidade acessarem mais a internet do que os
do campo, e não porque as finalidades são de fato diferentes.

Os homens acessam a rede para baixar músicas e vídeos em maior medida do que as
mulheres: são 27% deles ante 19% delas. Outro ponto que chama atenção é que os
entrevistados mais velhos, em maior proporção do que os mais jovens, usam a internet
para buscar notícias. São 45% dos entrevistados de 25 a 29 anos ante 37% dos que têm
entre 15 e 17 anos.

O recorte sexo-idade mostra que as mulheres mais jovens são as que mais usam a in-
ternet para acessar redes sociais. Isso se faz visível tanto quando comparadas às mais

33
velhas quanto também com homens da mesma faixa etária. São 74% das jovens com
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

idade entre 15 e 17 anos que usam a internet para se conectar às redes sociais ante
62% das moças de 18 a 24 anos, 50% das mais velhas (entre 25 e 29 anos) e 61% dos
meninos da faixa mais jovem.

Do ponto de vista socioeconômico é interessante notar que, entre aqueles que dizem
usar a internet, os mais pobres são os que mais a utilizam para acessar redes sociais; já
as finalidades buscar notícias, pesquisas, baixar músicas e mandar/receber e-mails são
mais mencionadas pelos mais ricos. Dentre os usuários da internet, 76% dos jovens de
estratos de baixa renda respondem usá-la para acessar redes sociais (48% dos 63% de
usuários) ante 60% dos de alta renda (58% de 96% de usuários neste segmento). A fina-
lidade buscar notícias, por sua vez, é mencionada por 59% dos que têm renda mais alta
perante 31% dos jovens de segmentos de baixa renda; o uso da internet para pesquisas e
mecanismos de busca é apontado por 40% e 21%, respectivamente; ainda considerando
esses dois estratos de renda, baixar músicas é citado por 30% ante 15% e trocar e-mails
por 39% perante 12%, respectivamente.

Posse de celular

Tem celular 89

Não tem celular 9

Não respondeu 2

0 20 40 60 80 100

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em (%).
P131. Você tem celular? P132. (Se sim) No seu dia a dia, quais usos você costuma fazer do celular ?

34
Usos que costuma fazer do celular

Tecnologia de informação e comunicação


Fazer e/ou receber ligações 89
Comunicar-se via mensagens de texto… 54
Ouvir música 31
Fotografar ou filmar 26
Busca de informações pela internet 20
Conectar-se a redes sociais 18
Jogar 15
Outros 1
Não respondeu 0
0 20 40 60 80 100

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em (%).

A internet é utilizada por 79%, e nove em cada dez jovens possuem celular (89%). O
principal uso do celular é a comunicação, por chamadas ou mensagens de texto, mas
ganham presença outros usos, como ouvir música, fotografar, filmar, buscar informações
pela internet e conectar-se a redes sociais.

Quase nove em cada dez jovens (89%) declarou ter celular; apenas 9% disseram não possuí-lo.

No que se refere a essa questão, o local de moradia e a renda domiciliar per capita res-
pondem por distinções significativas. Os jovens da cidade possuem celular em maior
proporção do que os do campo. Enquanto 91% dos moradores das áreas urbanas têm
esse equipamento, dentre os habitantes do meio rural são 77%.

O cruzamento renda e posse de celular produz diferenciações já previsíveis: um menor


número de jovens de estratos de renda baixa possuem celular comparativamente aos
dois outros estratos socioeconômicos: 82% dos mais pobres têm telefone móvel frente a
92% e 96% do grupo de renda média e dos mais ricos, respectivamente.

Já no que diz respeito aos usos que os jovens fazem do celular, os mais citados foram:
fazer ou receber ligações telefônicas (89%), comunicar-se via mensagens de texto (54%),
ouvir música (31%), fotografar ou filmar (26%) e buscar informações pela internet (20%).

Vale frisar que as tabelas analisadas incluem jovens que têm e não têm celular, mas co-
mentaremos aqui somente as variações cuja explicação não decorre exclusivamente da
diferença entre o montante de usuários e não usuários de telefonia móvel. Ou seja, para
avaliar se as diferenças apresentadas nas tabelas são de fato significativas, checamos se
o mesmo vale igualmente ao considerarmos somente os que disseram ter celular.

35
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

ESCOLARIDADE

Fund. completo

Fund. completo
Médio incomp.

Médio incomp.
TOTAL

Médio comp.
DEFASAGEM

DEFASAGEM

Superior ou
Até fund.
incomp.
COM

mais
SEM
Peso 100% 35% 16% 7% 11% 65% 4% 10% 38% 13%
* POSSE DE CELULAR (Total da amostra - Estimulada e única)
Tem celular 89 82 75 88 89 93 82 89 94 98
Não tem celular 9 15 22 11 9 5 18 9 4 0,2
Não respondeu 2 2 3 1 2 2 2 2 2
** USO QUE COSTUMA FAZER DO CELULAR NO DIA A DIA (Amostra A - Espontânea
e múltipla)
TEM CELULAR 91 85 78 83 94 95 82 93 96 100
Fazer e ou receber
89 82 75 79 94 92 75 87 93 99
ligações telefônicas
Comunicar-se via
mensagens de 54 44 37 42 55 59 53 67 57 60
texto / SMS
Ouvir música 31 29 26 19 40 31 26 35 31 29
Fotografar ou
26 22 23 17 25 28 23 31 28 25
filmar
Busca de
informações pela 20 14 11 13 19 23 16 21 21 36
internet
Conectar-se a
18 12 9 10 17 21 22 22 19 25
redes sociais
Jogar 15 15 15 8 19 16 12 17 15 17
NÃO TEM CELULAR 9 15 22 17 6 5 18 7 4

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


P131. Você tem celular?
P132. (Se sim) No seu dia a dia, quais usos você costuma fazer do celular?

36
Dito isso, pode-se afirmar que os jovens que moram no meio urbano usam mais o celular

Tecnologia de informação e comunicação


para mensagens de texto e busca de informações pela internet do que aqueles que re-
sidem no meio rural. Enquanto 57% dos jovens das cidades incluem entre as finalidades
do celular o envio de SMS, entre os do campo são 38% que se valem do aparelho para
tal. Quanto a buscar informações pela internet, são 22% dos jovens das cidades que a
mencionam ante 11% dos do campo. Cabe pontuar que as demais variações observa-
das na tabela com dados cruzados por local de moradia decorrem do maior número de
usuários nas áreas urbanas do que nas rurais, e não necessariamente do tipo de uso que
fazem do celular.

As variáveis sexo e idade produzem pelo menos duas diferenciações: a primeira é que os
homens usam mais seus celulares para ouvir música do que as mulheres: são 34% deles
ante 28% das moças. Além disso, o uso do aparelho para trocar mensagens de texto cai à
medida que a idade aumenta. Esse tipo de uso foi citado por 62% dos jovens com idades
entre 15 e 17 anos, por 57% dos que têm de 18 a 24 anos e por 45% dos entrevistados
de 25 a 29 anos.

Ao analisar os resultados a partir do recorte por renda domiciliar per capita, chamam
atenção dois pontos que não se explicam somente pela variação no número de jovens
que têm versus os que não têm celulares. O primeiro deles é que os entrevistados do
segmento de renda intermediária usam mais seus aparelhos para trocar mensagens de
texto do que os jovens dos estratos de baixa renda. São 58% dos jovens dos segmentos
de renda média ante 44% dos mais pobres. O segundo comentário refere-se ao uso do
celular para buscas na internet, cuja maior menção dá-se entre os mais ricos: são 31%
deles perante 21% dos entrevistados de segmentos de renda intermediária e 15% dos de
baixa renda que se valem do celular para acessar a internet.

37
A escola e
a formação
profissional
12. Experiência educacional
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

Como já apontamos anteriormente, a experiência da escolarização cresceu imensamen-


te nessa geração de jovens, tanto no que diz respeito ao contingente que tem acesso
aos diferentes níveis de formação quanto aos anos de escolaridade alcançada.8 Embora
ainda estejamos longe dos patamares desejáveis, principalmente no que se refere ao
Ensino Médio e ao Ensino Superior, é forçoso reconhecer que a velocidade da inclusão
educativa processada nos últimos anos no país configura uma mudança geracional notá-
vel no que se refere à experiência educacional. A maior parte dessa experiência se pro-
cessa no sistema público de ensino e/ou em função das políticas públicas de educação.

Perguntados sobre a natureza administrativa das instituições onde estudam ou estuda-


ram, as respostas dos jovens entrevistados nos mostram que, nos níveis básicos de ensi-
no, o domínio do setor público foi claramente maior: no primeiro ciclo do Ensino Funda-
mental, 62% estudaram somente em escola pública, contra 31% em escola particular; no
segundo ciclo do Ensino Fundamental, 69% frequentaram apenas escola pública e 21%
somente escola particular; e, por fim, no Ensino Médio regular, foram 65% apenas na
escola pública e 18% somente na particular. Em apenas três níveis, uma maior parcela de
jovens estuda ou estudou no setor privado: a Educação Infantil (em que 47% a fizeram
apenas em escola particular, contra 44% somente em pública), o Ensino Médio Técnico
(com 14% frequentando apenas a escola particular e 7% a escola pública), e o ensino
superior (que teve 31% estudando só em instituição particular e apenas 5% em pública).

Pós-graduação
Não frequentou
ou não respondeu
Graduação

Técnico Ambos

Médio

Só particular
5a8

1a4
Só publica
Infantil

0 20 40 60 80 100

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Estimulada e única, em %.
P47. C
 onsiderando todos os seus anos de estudo, você estudou: apenas em escolas públicas, somente em escolas
particulares ou em ambas?

8
Segundo os dados da PNAD, a evolução da escolaridade média no segmento de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil passou de sete
anos de escolaridade em 1999 para nove anos em 2011.

40
É necessário, contudo, continuar avançado no processo de garantia de uma educação

A escola e a formação profissional


continuada e de qualidade para todos. Há ainda uma série de desafios a serem supera-
dos no que diz respeito à superação de desigualdades que marcam distintas trajetórias
de escolarização entre os jovens.

Apesar de os índices terem melhorado nos últimos anos, um dos principais ainda é o
alto grau de reprovação e abandono (cerca de 1/3 no gráfico a seguir) que os jovens
experimentam na sua vida escolar. O relato da experiência desses jovens aponta que a
maior incidência desses problemas ocorre ainda no Ensino Fundamental, em que 35%
foram reprovados em alguma série, contra apenas 4% no Ensino Médio e 6% em ambos
os níveis de ensino.

. ale notar também que 17% dos jovens já abandonaram os estudos alguma vez, sendo
V
12% em uma ou mais séries do Ensino Fundamental, 3% no Ensino Médio, 1% em ambos
os níveis e 1% em um ou mais semestres do ensino superior. .

Nesse sentido, um dado importante para qualificar a situação da escolaridade é a razão


entre a idade e a escolaridade atingida, como podemos ver no gráfico a seguir, que nos
indica uma parcela de cerca de 1/3 dos jovens entrevistados com defasagem (grau de
escolaridade inferior ao esperado para a idade), que se manifesta principalmente no
nível fundamental.

Escolaridade com ou sem defasagem9


COM DEFASAGEM 35
..Até fundamental incompleto 16
..Fundamental completo 7
..Médio incompleto 11
SEM DEFASAGEM 65
..Fundamental completo 4
..Médio incompleto 10
..Médio ou técnico completo 38
..Superior ou mais 13
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total da amostra/Espontânea em única, em %.
P43. Qual foi o último ano de estudo que você completou?

9
Foram definidos SEM DEFASAGEM aqueles que declararam sua escolaridade como fundamental completo e têm entre 15 e 16
anos, fora isso é COM DEFASAGEM. Quem declarou sua escolaridade como médio incompleto e tem entre 15 e 18 é SEM DEFASA-
GEM, fora isso é COM DEFASAGEM. No caso do incompleto, ressaltar para as pessoas de 18 anos: se está no 1º do Ensino Médio
é COM DEFASAGEM; se está no 2º do Ensino Médio e tem 18 anos é SEM DEFASAGEM.

41
Quando observada a defasagem segundo as diferenças de território, cor e renda, vemos
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

que esta é significativamente maior entre os jovens rurais que não completaram o Ensi-
no Fundamental, cuja parcela é igual ao dobro dos jovens urbanos na mesma condição.
Entre os jovens negros, a defasagem no mesmo nível de escolaridade é também maior
que a dos brancos. Já a diferença entre os jovens mais pobres e os mais ricos é altamente
significativa, sendo apenas de 5% para os estratos altos e de mais de 25% entre os estra-
tos mais baixos.

35

30

25

20

15

10

0
Rural Urbano Negro Branco Est. Baixo Est. Médio Est. Alto
Fundamental Incompleto Fundamental Completo Médio Incompleto

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única em %.
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?

Nesta pesquisa, pudemos perguntar sobre as razões pelas quais os jovens interrom-
pem os estudos e, nesse sentido, pudemos observar que as principais motivações são
de ordem econômica (26%), seguida por motivações pessoais (22%) e também razões
familiares (21%).

Os motivos econômicos são o maior fator, mas não exatamente a necessidade de traba-
lhar: discriminada entre falta de dinheiro e a dificuldade de conciliar trabalho e estudo,
é claramente o primeiro fator que concentra as respostas desta categoria (1/4 dos que
abandonaram alguma vez os estudos se refere a esse motivo).

As dificuldades de arranjos familiares, que se dividem entre cuidar de irmãos (8%) e


cuidar de filhos (7%) podem também ser vistos nessa ótica de dificuldades econômicas,
somando nesse sentido, mais 15% dos jovens que abandonaram os estudos.

Outra ordem de fatores está mais vinculada a dificuldades de acesso ou da relação dos
jovens com estudo/escola: falta de vontade de estudar (17%), o fato de terem estudado
apenas até onde queriam (6%), falta de vagas (13%), conflitos com colegas ou situação
de discriminação na escola (8%).

42
A escola e a formação profissional
Motivos de saúde
Dificuldade de conciliar c/ trabalho
Falta de Dinheiro
Não tinha vaga
Sofria discriminação
Mulher
Se casou
Para cuidar de um parente Homem
Para cuidar do filho
Se mudou
Estudou até onde quis
Falta de vontade de estudar

0 5 10 15 20 25 30 35
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ..
Base: Total da amostra/Estimulada e única em %.
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?
P42. (Se nunca foi à escola) Quais foram os principais motivos para você nunca ter estudado?

Ao observarmos os motivos de interrupção dos estudos segundo o sexo dos jovens entre-
vistados, chegamos a indicações bastante distintas, exceto pela falta de vontade de estu-
dar, que é expressiva nos dois casos. A falta de dinheiro parece pesar muito mais para os
homens do que para as mulheres, enquanto a necessidade de cuidar de um irmão ou ou-
tro parente só ocorre entre as mulheres, sendo o terceiro motivo mais citado entre elas.

Curiosamente, a interrupção dos estudos para cuidar do filho ou porque se casou é apon-
tada por homens com peso mais forte do que para as mulheres no primeiro caso, e no
segundo nem chega a ser um fator para as mulheres. O fator que pesa mais nesse item é a
diferença de renda: manifesta-se em 8% nos estratos baixos, 7% nos médios e 3% nos altos.

43
13. Percepções sobre a escola
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

Uma questão importante trabalhada na pesquisa foram as percepções dos jovens sobre
a escola. Quase 90% dos jovens entrevistados disseram que gostam ou gostavam de es-
tudar quando estavam nessa situação. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), os objetivos da educação são o pleno desenvolvimento do educando,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. E os dados
coletados mostram que, em certa medida, todos esses elementos estão presentes nas
motivações dos jovens, com especial destaque para a inserção profissional.

Quando convidados a indicar as principais razões para estudar, os jovens apontam pri-
mordialmente os motivos econômicos (45%), tendo como principal motivação a prepa-
ração para o mercado de trabalho (44%). Para outros 31%, há motivos escolares envol-
vidos, como a conquista do diploma (16%), a preparação para o vestibular e Enem (9%)
e o maior acesso à cultura (3%). Além disso, 15% mencionaram motivos sociais, como
o de se tornar um cidadão melhor (8%), para se expressar e se comunicar mais (5%) e
conhecer pessoas/fazer amizades (2%).

10 17
Está ligada na qualidade 36
37
44
Faz atividades para os não estudantes 21
14 21
29
Interessa pelos problemas do bairro 30
14 27
10 20
Interessa pelos problemas dos jovens 41
28
4 13
Entende os jovens 55
27
0 10 20 30 40 50 60

Nada Pouco Mais ou menos Muito

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Jovens que estudam ou já estudaram Amostra C/Estimulada e única, em %.
P49a. ( Se estuda) Para você, qual é a principal razão ou motivação para estudar? (Se parou/ terminou) Qual foi a
principal razão ou motivação para você ter estudado?
P49b. (Se estuda) Para que mais você estuda? (Se parou/terminou) Por quais outras razões você estudou?

No gráfico acima estão indicadas as opiniões dos jovens entrevistados sobre a escola.
Ainda que seja possível identificar entre eles uma visão crítica sobre o grau de investi-
mento que a escola faz na compreensão da realidade dos jovens, do bairro ou da socie-
dade, por outro lado há um reconhecimento da importância da escola em vários aspec-
tos de suas vidas, seja pessoal, profissional ou na relação com as pessoas e a sociedade.
Isso também ajuda a compreender a valorização da questão educacional como uma con-
quista mais ou menos consolidada na experiência desta geração. Quando convidados
a qualificar o aprendizado obtido nas escolas, os jovens apontam positivamente para
vários aspectos, como se pode ver no gráfico a seguir.

44
A escola e a formação profissional
Conhecer seus direitos e deveres

Se preparar para o ENEM ou vestibular

Comunicar melhor Nada

Ganhar dinheiro no futuro Pouco

Ajudar a melhorar o Brasil


Mais ou Menos
Fazer amigos
Muito
Entender a realidade

Cotidiano

Futuro profissional

Conseguir trabalho

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Entrevistados(as) que estudam ou já estudaram – Amostra C Estimulada e única, em %
P54.Você acha que o que você aprendeu ou viveu na escola foi: muito importante, mais ou menos importante, pouco
importante ou nada importante para os seguintes aspectos da sua vida.

Na percepção dos jovens a escola parece ter contribuído mais fortemente no âmbito
pessoal e profissional do que propriamente para a continuidade dos estudos em etapas
superiores. Para 71% dos jovens entrevistados, as coisas aprendidas na escola foram
muito importantes para se comunicarem melhor. Numa mesma direção, podemos veri-
ficar que seis em cada dez jovens indicam como sendo muito importante a contribuição
da escola para fazer amigos. Nesse sentido, somos convidados a adensar nossa reflexão
sobre o papel da escola na sociabilidade dos jovens, levando em conta que este continua
sendo um espaço privilegiado em nossa sociedade para a constituição de redes de rela-
ção e interações sociais, estimulando e fortalecendo laços de amizade e afeto por meio
dos quais os jovens se percebem e se realizam enquanto sujeitos sociais.

A contribuição da escola no futuro profissional e para conseguir um trabalho também


aparece como sendo muito importante, fatores indicados por 65% e 62% dos entrevis-
tados, respectivamente. A efetividade da experiência escolar para o conhecimento e
continuidade nos estudos também é reconhecida pela maioria dos jovens, embora num
patamar um pouco menor no que diz respeito à preparação para o vestibular.

Esse reconhecimento da importância da escola se consolida na verificação de que a de-


manda por educação permanece alta. Mais de seis em cada dez entrevistados (66%)
gostariam de estudar até o Ensino Superior ou mais, sendo 45% apenas até o Ensino
Superior, 9% até o Mestrado, 8% até o Doutorado, e 3% até uma especialização lato sen-
su. Outros 14% gostariam de chegar até o fim do Ensino Médio regular, 5% até o Ensino
Médio técnico e 2% até o fim do Ensino Fundamental completo. Apenas 9% dos jovens
entrevistados não gostariam de estudar mais.

45
14. Formação profissional
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

Para além da formação regular, percebe-se que uma significativa parcela de jovens inves-
te também em outros cursos de formação, nas mais diversas áreas. A avaliação positiva
de impacto na inserção profissional e remuneração para aqueles que fizeram cursos téc-
nicos ou profissionalizantes é também altíssima e, ainda assim, como veremos a seguir,
no item do trabalho, a falta de qualificação e de experiência são apontadas como fatores
de grande dificuldade para conseguir um trabalho.

ESPORTIVOS (ACADEMIA, FUTEBOL ETC.) 13 33 53

INFORMÁTICA, SEJA HARD OU SOFTWARE 5 54 40

ARTÍSTICO (TEATRO, DANÇA, MÚSICA ETC.) 5 18 77

LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS, ESPANHOL ETC.) 5 21 74

CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR 4 11 85

OUTRO 2 98

Frequenta Frequentou Nunca

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra C/Estimulada e única, em %.
P58a. Você frequenta ou já frequentou algum destes cursos...? (Se outro) Qual?

Dentre os cursos mais frequentados, a informática e os esportes são os de maior desta-


que dentre aqueles que fazem ou já fizeram, com 60% e 47%, respectivamente. Cursos
de línguas estrangeiras foram frequentados por apenas 1/4 da amostra (24%), a maior
parte (16%) em escolas particulares, mas 54% dos entrevistados afirma que gostaria de
fazer esse tipo de curso. Uma parcela menor ainda fez cursinhos pré-vestibulares (15%),
embora haja um grande contingente que pretende fazer nos próximos cinco anos (41%).

Ainda nesse âmbito, pouco mais de 1/5 da amostra faz ou fez cursos artísticos (23%) ou
quer fazer (21%) – esta é a única modalidade de cursos extraescolares nos quais a maioria é
ou foi processado em cursos gratuitos: 11% públicos, 3% projetos sociais e 8% particulares.

46
15. Cursos técnicos ou profissionalizantes

A escola e a formação profissional


Com relação a cursos técnicos ou profissionalizantes, constata-se também uma parcela
ainda pequena de quem faz ou fez: 6% da amostra faz atualmente, e mais 9% já fizeram.
A maioria, de novo, em cursos particulares (24%); 16% em cursos públicos; e 9% em cur-
sos no Sistema S. Se é relativamente pequena a parcela de jovens que já recebeu forma-
ção profissionalizante (15% do total) a demanda é grande: há um contingente expressivo
de jovens que querem fazer um curso técnico ou profissionalizante: 38% da amostra.

Mais de 1 ano a 2 anos 16


Não sabe/ não lembra 11
Mais de 2 anos 8
6 meses a 1 ano 7
4 a 6 meses 5
1 a 3 meses 4
Não respondeu/ não aplicou 1
Menos de um mês (de 25 horas a 15 1
Menos de um mês (até 24h) 0,43
Menos de um mês (de 16 a 29 dias) 0,18
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total da amostra C/Estimulada e única, em %.
P59a. V
 ocê está fazendo, já fez ou gostaria de fazer algum curso técnico ou profissionalizante, ou algum curso de qua-
lificação para o trabalho ou de especialização?  
P59c. Qual a duração do curso?
P59d. Esse(s) curso(s) foi oferecido por uma escola:

Para aqueles que fizeram cursos profissionalizantes, é muito positiva a avaliação do be-
nefício agregado: quase a totalidade dos entrevistados que fizeram curso técnico ou de
qualificação profissional (96%) afirmou que o curso contribuiu ou pode contribuir para
conseguir um emprego ou trabalho: 85% acham que o curso contribuiu muito, 10% dis-
seram que contribuiu mais ou menos e 1% afirmou que contribuiu pouco. Apenas 3%
dos que fizeram o curso acham que ele não contribuiu em nada. É também altíssima
(95%) a proporção de jovens que acreditam que o curso contribuiu ou pode contribuir
de alguma forma para melhorar a sua remuneração em algum trabalho: 84% acham que
contribui muito, 10% mais ou menos e 2% um pouco. Apenas 3% também apontam que
não contribuiu em nada.

47
O mundo
do trabalho
16. O primeiro trabalho
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

A grande maioria dos jovens tem sua primeira inserção no mundo do trabalho mesmo
antes de completar 18 anos de idade (65%) seja pela necessidade, seja pela busca da
independência, como mostramos anteriormente. Ao todo, estamos falando de sete em
cada dez jovens brasileiros que têm ou já tiveram algum trabalho remunerado.

Idade do primeiro emprego


Homem Mulher Branco Negro Urbano Rural
Até 15 anos 40 30 34 36 33 47
16 a 17 30 29 32 29 31 22
18 a 21 24 34 28 29 30 23
Mais de 22 3 5 3 3 3 4

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Entrevistados(as) que trabalham ou já trabalharam. Estimulada.
P70. Que idade você tinha quando fez seu primeiro trabalho remunerado?

Ao observarmos pelo território, pela cor ou pelo sexo, veremos que viver no campo
aumenta enormemente as chances de os jovens terem uma inserção antes dos 15 anos
de idade no mundo do trabalho. É significativo também observar que, entre os jovens
do sexo masculino, isso representa 40% entre aqueles que tiveram o primeiro emprego
antes dos 15 anos.

17. Trabalho e faixa etária


Essa relação, contudo, diferencia-se enormemente conforme a idade: enquanto a maio-
ria dos adolescentes de 15 a 17 anos está estudando (65%), e apenas 16% trabalhando,
no segmento entre 25 e 29 anos a equação se inverte: mais de 70% está na PEA (traba-
lhando ou procurando trabalho), enquanto apenas 12% ainda estuda.

Estar fora da escola pode significar duas situações muito distintas: se um terço dos
jovens (33%) parou de estudar antes de concluir o grau almejado, é importante as-
sinalar que mais de ¼ dos jovens (29%) não está estudando porque considera que já
concluiu os estudos.

É residual a porcentagem de jovens que nunca estudou (menos de 1%). A relação com a
escola se generalizou para todos os segmentos sociais. As desigualdades persistem, no
entanto, quanto ao nível de escolaridade alcançado.

50
PEA / Não-PEA e status de estudo por faixa etária

O mundo do trabalho
70
61
60

50 49
40 39
30
20
20 16 15 16 13
8 10 12 11 12
10 6 3 6
2 1
0
15-17 18-24 25-29

Só trabalha Trabalha e estuda Estuda e procura trabalho


Não estuda e procura Estuda e não procura Nem estuda nem procura

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em %.
P65/P67. A tualmente você está fazendo algum trabalho remunerado? Qual das seguintes situações se aproxima mais
da sua. Você:
P41. Atualmente você está estudando, parou de estudar ou terminou os estudos?
P71. No seu trabalho você é: No seu último trabalho você é/era:

Ao observarmos por faixa de renda, identificamos uma enorme variação desta condição.
Enquanto para os jovens dos estratos baixos a PEA é igual a 64% e apenas metade deles
exercem alguma atividade remunerada, entre os jovens dos estratos altos a PEA soma
84% dentre os quais nove em cada dez têm algum trabalho.

18. Formalidade no trabalho


Dentre os jovens que trabalham, já trabalharam ou estão procurando trabalho (74%),
a situação de ocupação em que estão ou já estiveram é fortemente marcada por sua
classe social, sua cor e também o sexo. Dentro de cada uma dessas perspectivas vemos a
diferença com que não só o acesso, mas sobretudo a qualidade da inserção no mercado
de trabalho está marcada.

Perfil da PEA Formal e Informal segundo estrato de renda, cor/raça e sexo


Homem Mulher Branco Negro Ex. Baixo Ex. Médio Ex. Alto
Formal 49 35 49 39 22 49 65
Informal 26 22 19 27 32 23 16
Outros 3 2 2 2 4 1 2

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada e única, em %.
*Outros – situações de Assalariado no campo/boia fria/sazonal e estagiário(a) (formal ou informal).

51
Nos estratos mais altos de renda, quase o total de jovens estão ou estiveram em em-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

pregos formais, enquanto nos estratos mais baixos a informalidade é superior em 10%
à formalidade no trabalho. Jovens de cor branca têm 30% mais chances de ter emprego
formal do que jovens negros. E de mesmo modo, vemos que homens jovens possuem
25% mais chances de ter uma ocupação formal do que as mulheres jovens.

19. Das jornadas de trabalho


Entre os que trabalham, quase a metade o faz cumprindo uma jornada de mais de 40
horas semanais. Apenas 16% têm uma jornada de meio período (que corresponda a
menos de 24 horas semanais), como recomenda a Agenda de Trabalho Decente para a
Juventude. Ou seja, o trabalho tem se constituído como atividade estruturante das tra-
jetórias dos jovens, tendo eles uma inserção formal ou informal.

Horas de trabalho remunerado por semana


Até 6 horas 2
Mais de 6 a 12 horas 5
Mais de 12 a 18 horas 2
Mais de 18 a 24 horas 6
Mais de 24 a 40 horas 37
Mais de 40 horas 46

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ. Base: Entrevistados que estão trabalhando – Amostra B.
P65. Atualmente você está fazendo algum trabalho remunerado?
P66. (Se trabalha) Aproximadamente quantas horas de trabalho remunerado você fez na semana passada?
P67. (Se não trabalha) Qual das seguintes situações se aproxima mais da sua. Você:

52
20. Procura de trabalho

O mundo do trabalho
Quando perguntados sobre como conseguiram o primeiro trabalho, os jovens apon-
tam principalmente para três formas: familiares, amigos ou vizinhos e por conta pró-
pria (de porta em porta, placas), representando 40%, 36% e 10%, respectivamente.
Ou seja, a grande maioria deles conseguiu o primeiro emprego por meio de sua rede
estreita de relações.

Como conseguiu o primeiro trabalho remunerado


Com ajuda dos pais ou de parentes 40
Através de amigos ou vizinhos 36
De porta em porta/ vendo placas nas ruas 10
Por anúncio em jornal impresso 3
Através da escola /universidade 3
Pelo programa Jovem Aprendiz 1
Por anúncio ou oferta via internet 1
Projetos sociais/programas de governo 1
Através do currículo 1
Através de agência de emprego 1
Através de estágio 1
Outros 2
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Entrevistados(as) que trabalham ou já trabalharam - Amostra B/Estimulada
P70a. Como você conseguiu seu primeiro trabalho?

No entanto, é interessante observar como o Programa Jovem Aprendiz aparece ao lado


de instrumentos já bastante usuais para procura de trabalho, como agências de empre-
go e pela internet.

Já entre as dificuldades de conseguir trabalho, as três mais citadas entre os jovens fo-
ram: falta de experiência, 42%; distância ou dificuldade de chegar ao local, 24%, e esco-
laridade insuficiente, 22%. E quando observamos estas três principais dificuldades pelas
características de cor, sexo e território, vemos que a falta de experiência afeta a todos
muito fortemente, mas há variações quanto à distância e escolaridade, especialmente
para os jovens rurais, para os homens.

53
Dificuldades na procura de trabalho
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

Urbano Rural Homem Mulher Branco Negro


Falta de experiência 44 36 42 43 42 42
Distância/difícil chegar 22 28 26 21 26 23
Escolaridade insuficiente 22 25 24 21 19 23

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Entrevistados(as) que trabalham ou já trabalharam - Amostra B.
P75. E quais são as principais dificuldades que você encontra quando procura trabalho? O que mais dificulta con-
seguir trabalho?

Se, por um lado, a falta de experiência se destaca entre as maiores dificuldades de se con-
seguir um trabalho, por outro, temos um número significativo de jovens que estão inseri-
dos no mercado de trabalho enquanto ainda estudam (14%), de modo que possamos inde-
xar a aposta na formação como elemento para melhor inserção profissional. É importante
anotar também que, entre aqueles que estão estudando, 8% estão à procura de trabalho.10

21. Jovens que não trabalham


Dentre os 47% dos jovens que não exerciam nenhuma atividade remunerada no momento
da pesquisa, 56% deles já trabalhou e mais da metade destes está procurando novo traba-
lho. Para aqueles que estão à procura de trabalho, o tempo, bem como a forma de procura,
é variado e ainda assim conseguir trabalho tem sido um grande desafio para os jovens.

Isso significa que o trabalho faz ou fez parte da experiência de vida de quatro em cada
cinco jovens brasileiros. É o que leva muitos pesquisadores que se dedicam ao tema a
afirmar que a juventude brasileira é uma juventude trabalhadora, ou que o trabalho
também constitui a juventude no Brasil.11

10
Os dados são semelhantes àqueles levantados pelo Censo 2010, que apontam 53,5% dos jovens de 15 a 29 anos
trabalhando e 36% estudando. A proporção daqueles que estão simultaneamente no mundo da escola e no mundo
do trabalho também é coerente com os dados da pesquisa: 22,8%.

11
Abramo, Helena. “Considerações sobre a tematização de juventude no Brasil”, in Peralva, Angelina  e Spósito, Mari-
lia (orgs.) iJuventude Contemporaneidade Revista Brasileira de Educação, n. 5/6, São Paulo: ANPED, p.23-36, 1997.
Peralva, Angelina e Spósito, Marilia (orgs.) Juventude Contemporaneidade Revista Brasileira de Educação, n. 5/6,
São Paulo: ANPED, 1997.Corrochano, Carla - O trabalho e a sua ausência: narrativas de jovens do Programa Bolsa
Trabalho no município de São Paulo. São Paulo: USP, Faculdade de Educação, Tese de Doutoramento, 2008. At
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06042009-102813/pt-br.php

54
Situação, tempo de procura e forma de busca de trabalho

O mundo do trabalho
(Estimulada, em %)
BASE: Entrevistados(as) que não BASE: Entrevistados(as) que estão BASE: Entrevistados(as) que estão
estão trabalhando procurando trabalho procurando trabalho

Situação (Espontânea, em %)

Nunca fez nenhum trabalho (Espontânea, em %) Forma de procura


remunerado e não está 32
procurando trabalho
Recorre a amigos e parentes
Tempo de procura Recorre a agência pública de emprego
48
23
Internet 23
Nunca trabalhou, mas está Mais de 3 a 6 meses 26
12 Recorre a agencia privada de emprego 19
procurando trabalho
Mais de 1 a 3 meses 22 Classificado de jornais 19
Está procurando trabalho Enviando/ colocando currículo nas
Mais de 6 a 12 meses 21 empresas 12
Já trabalhou e está
procurando trabalho 33 Até 1 mês ou 29 dias 18 Concursos públicos 8
Indo diretamente nas empresas 6
Mais de 1 ano 12 Escola/ universidade 6
Não sabe/ Não respondeu 2 Pelo CIEE - Centro de Integração Escola
Já trabalhou, mas não está Empresa
procurando trabalho 23 1
Outras 3

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


P67. Qual das seguintes situações se aproxima mais da sua. Você:
P68. Há quanto tempo você está procurando trabalho?
P69. Como você procura trabalho?

Parcela igual (cerca de 1/5), contudo, estava procurando trabalho, portanto desempre-
gado, no momento da pesquisa.

Situação dos que não estão trabalhando


Nunca fez nenhum trabalho remunerado e não está 32
procurando trabalho
Não-PEA
Já trabalhou, mas não está procurando trabalho 23

Nunca trabalhou, mas está procurando trabalho 12


PEA
Já trabalhou e está procurando trabalho 33

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Entrevistados que não estão trabalhando.
P65. Atualmente você está fazendo algum trabalho remunerado?
P66. (Se trabalha) Aproximadamente quantas horas de trabalho remunerado você fez na semana passada?
P67. (Se não trabalha) Qual das seguintes situações se aproxima mais da sua. Você:

Por fim, é importante salientar a existência de um contingente significativo de jovens


que não estavam nem estudando, nem trabalhando no momento da pesquisa, represen-
tando ¼ dos jovens pesquisados (26%). Ao separar, porém, nessa situação, aqueles que
estão à procura de trabalho, essa parcela se reduz para 11% em situação de nem traba-
lha, nem estuda e não está procurando trabalho, situação que varia bastante conforme
a idade, adensando-se nos segmentos mais velhos.

É importante lembrar que, como já apontamos antes, a relação dos jovens tanto com o
mundo do trabalho quanto com o mundo escolar se desenvolve por meio de percursos

55
que nem sempre são lineares e contínuos. Assim, o estado de nem estuda, nem trabalha
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

muitas vezes é conjuntural, não significando um desafiliamento absoluto ou definitivo


desses espaços da vida social.

Se olharmos essas porcentagens através dos recortes de sexo e idade, veremos que a
maior parte dos denominados “nem nem” se concentra entre as jovens que são mães,
com baixa renda, e que adiam a entrada ou se retiram do mercado de trabalho restrin-
gindo sua atividade à esfera da reprodução.

22. Percepções do mundo do trabalho


No intuito de qualificar a compreensão sobre o modo como os jovens dão sentido à sua
vida laboral, foram investigadas não só as condições de trabalho, mas também sobre
quais palavras eles pensam quando o assunto é trabalho.

O termo necessidade apareceu em primeiro lugar, seguido por independência e por


realização pessoal. Mas quando observamos a soma das palavras mencionadas, a
independência sobe de posição. Desse modo, podemos indicar que na verdade não
há uma sobreposição entre a necessidade e o desejo pelo trabalho. Estes são fatores
que estão correlacionados e conformam aspectos de escolha pessoal, mas também
ligados à configuração familiar e a outros arranjos da rede de relações nas quais os
jovens estão inseridos.

Palavras que se aproximam mais quando se pensa em trabalho


Necessidade
32 1º lugar
50
Soma das menções

Independência
25
51
Realização pessoal
20
42
Crescimento
14
33
Obrigação
4
13
Direito
4
10
0,35
Exploração
1
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total – Estimulada.
P62a. F alando de trabalho, qual das seguintes palavras se aproxima mais do que você pensa sobre trabalho. Para você,
trabalho é: 1º lugar
P62a/b. Falando de trabalho, qual das seguintes palavras se aproxima mais do que você pensa sobre trabalho. Para
você, trabalho é: 1º e 2º lugares

56
Quando observamos esses termos e o peso atribuído pelos jovens segundo o território (ur-

O mundo do trabalho
bano, rural), a cor e a faixa de renda, vemos que a necessidade aparece maior exatamente
naqueles casos em que há menor e pior acesso ao trabalho. Já a independência apresenta
leve alteração em cada um dos três segmentos. A realização pessoal varia conforme a ren-
da e o território, mas não conforme a cor, ainda que o acesso ao trabalho e à renda seja
diferenciado entre brancos e negros, como pode ser observado na tabela a seguir.

Urbano Rural Branco Negro Ex. Baixo Ex. Médio Ex. Alto
Necessidade 31 36 31 33 34 32 28
Independência 26 22 26 25 24 24 28
Realização
20 16 20 20 17 21 24
pessoal

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.

Quando perguntados sobre os aspectos mais importantes na procura de trabalho, os


jovens apontam predominantemente para o salário, 63%, seguido pela segurança da
carteira assinada, 34%, e em terceiro lugar aparecem a localização/facilidade de acesso
e a chance de crescimento na carreira, com 17% de menções. Em certa medida, esses
aspectos levantados como prioritários contradizem uma representação comum de que
os jovens deliberadamente circulam pelos postos de trabalho desprezando elementos
fundamentais, como a estabilidade. O que nos parece é que, para além do próprio fluxo
volátil do mercado de trabalho diante da economia crescente, há em curso uma dificul-
dade efetiva de se fixar em postos de trabalho, seja pela precarização, seja pela falta de
qualificação e experiência.

Trabalho que mais gostaria de fazer / chance de fazer esse trabalho


TEM ALGUM TRABALHO QUE GOSTARIA DE… 79
.TEM CHANCE 63
..grande 34
..média 29
.PEQUENA/ NENHUMA/ NÃO SABE 16
..pequena 10
..nenhuma 4
..não sabe 2
JÁ FAZ O QUE GOSTA 6
NENHUM/ NÃO PRETENDE TRABALHAR 2
NÃO SABE 13
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total da amostra C – estimulada.
P64. Você diria que a chance real de você fazer esse trabalho um dia é:

57
Do acesso e das condições de trabalho
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

1. Acesso e condições de trabalho


Quando perguntados se havia um determinado trabalho que gostariam de fazer e como
avaliam as chances de conseguir esse trabalho, os jovens responderam, na grande maio-
ria (79%), que sim, há outro trabalho que gostariam de ter e acreditam ter chances de
conseguir. Apenas 6% deles já exercem uma atividade de que gostam.

58
Violência
contra a
juventude
negra
Um dos dados mais contundentes da pesquisa é aquele que permite visualizar o peso
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

que tem a violência na vida dos jovens. Metade deles já perdeu uma pessoa próxima
(parente ou amigo) de forma violenta: por acidente de carro ou por homicídio.

49 51
Acidente 22
Morreu assassinado/a 21
Se matou 3
Recusa 0,20
Não sabe 0,09
Não respondeu 4
NUNCA PERDEU JÁ PERDEU PARENTE
NENHUM PARENTE

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ. .


Base amostra A – estimulada.
P147c. Ele(a) morreu assassinado(a), em acidente de trânsito ou se matou?

Ao separar, dentre as causas das mortes, aquelas que se referem a assassinatos, teremos
que ¼ da população jovem do Brasil carrega a condição de ter tido uma pessoa muito
próxima vítima de homicídio. Isso configura uma experiência geracional de alta dramati-
cidade, que explica o peso que o tema da violência alcança dentre as preocupações dos
jovens, como veremos adiante.

A seguir, observa-se que as vítimas, na maioria dos casos, são amigos, irmãos, primos
ou tios desses jovens, ou seja, companheiros de geração. O mesmo dado também pode
indicar que esse fenômeno de jovens que perderam amigos e conhecidos está relacio-
nado, em muitos casos, com o contexto socioespacial, ou seja, o local de moradia e as
relações ali estabelecidas para além das relações familiares.

62
Vínculo com as pessoas próximas que morreram de forma violenta

Violência contra a juventude negra


(Espontânea e única, em %) Base: Total da amostra A

VÍNCULO

AMIGOS 18
AMIGOS 18 18
PRIMOS 12

PRIMOS 12 * Primo
Prima
e outro 0,19
1 Que idade você tinha?
Primo 10
TIOS 11
TIOS 11 Tio 9 11 anos ou
1
Tia 1 mais
Tio e outro 0,53
PAIS 3
* PAIS 3 6 a 10 anos 1
Pai 2
Mãe 0,33 Até 5 anos 0,33
Padrasto 0,34
IRMÃOS 3
IRMÃOS 3
Irmão 3
Irmã 0,21
AVÓS 2 AVÓS 2
Avô 1 Média em anos =
Avó 1 10 anos e 4 meses
OUTROS 3 OUTROS 3
Marido 0,38
Madrinha 0,27
Namorada 0,08
Sobrinho 0,24
Cunhado 0,27
Outra 1

P147a. O que essa pessoa era sua?


P147b. Que idade você tinha? * Citou mais de um vínculo e não definiu por quem teve maior sentimento pela perda

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total A – estimulada.
P147a. O que essa pessoa era sua?
P147b. Que idade você tinha?

Constata-se que a juventude brasileira, de modo geral, não apenas se configura como o
alvo mais frequente da violência urbana, especialmente nas periferias, em suas diversas
formas, mas também como vítima indireta da violência que, quando não a acomete,
atinge um semelhante ou alguém de seu convívio.

Sabe-se que, no Brasil, a violência letal tem cor, renda e território. Assim como a taxa de
homicídios atinge muito mais jovens negros,12 a experiência de perder alguém próximo
também os afeta mais intensamente: entre os jovens entrevistados, foram os pretos e
pardos que relataram em maior proporção a experiência de perder alguém próximo de
forma violenta: (54%) ente pretos e pardos e (45%) entre os brancos.

Os diversos estigmas relacionados à juventude, sobretudo às juventudes negras, do


campo e das periferias da cidade, e a invisibilização de suas necessidades e demandas
na mídia e por boa parte dos poderes públicos endossam as preocupações dos jovens
quanto à sua longevidade diante da violência. A conquista de dignidade e qualidade de
vida diante dos elevados números de mortes e demais consequências das violências
urbanas é hoje o maior desafio para esses cidadãos e cidadãs jovens do país, especial-
mente os do sexo masculino.

12
Vide Mapa da Violência 2013.

63
23. Experiências de discriminação
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

Pode-se observar, a partir das percepções sobre discriminações, que a violência que hoje
atinge fortemente a juventude brasileira, direta e indiretamente, está profundamente
arraigada em processos de estratificação social baseados na cor e na raça, em seu cará-
ter sociológico, no sentido negativo e degenerativo que a afrodescendência recebeu ao
longo da história deste país.

Quando perguntados se já sofreram algum tipo de discriminação, 26% dos entrevistados


disseram que sim, dos quais 7% disseram ser por causa da aparência, 6% por sua condi-
ção social e 5% por sua cor/raça.

Muito embora apenas a última alternativa seja explícita quanto às discriminações de


cunho racial, as discriminações quanto à aparência também são comumente derivadas
dos processos de racismo, que subjugam não apenas a pele escura e os traços fenotípi-
cos negros e indígenas – como os cabelos crespos dos afrodescendentes, ou os traços e
estrutura faciais não brancos, por exemplo –, mas também todo um conjunto de expres-
sões estéticas relacionadas às culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas.

Tal fato pode ser observado, por exemplo, no repúdio às indumentárias tradicionais de
povos de terreiros e de indígenas, nas vestimentas típicas dos adeptos dos movimentos
hip-hop, nos penteados derivados de culturas africanas, entre outros.

Idade que tinha quando se sentiu discriminado

20
Até 14 anos
33
Com 15 a 17 anos

Com 18 a 21 anos
22 Com 22 anos ou mais

21

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: E ntrevistados(as) que já se sentiram humilhados(as), desrespeitados(as) ou discriminados(as) – Amostra A –
espontânea.
P134a/b. D  escreva como foi a pior experiência de humilhação, desrespeito ou discriminação que você sofreu: quem
desrespeitou você? Quantos anos você tinha?

64
Quando convidados a indicar quando e onde ocorreu a pior experiência de desrespeito

Violência contra a juventude negra


e ou discriminação sofrida, constatou-se que a maior parte dos entrevistados sofreu
discriminação na infância e no início da adolescência, tendo como principal referência
o ambiente escolar, seguido respectivamente pelo local de trabalho e pelo domicílio. A
escola aparece, mais uma vez, como um espaço em que valores e identidades são cons-
truídos e reforçados. Por isso é importante reconhecer a necessidade de se fortalecer a
valorização das identidades negras e indígenas, bem como das diferentes expressões por
orientação sexual e de gênero.
Não sabe/ não lembra
Não respondeu/ não aplicou
Na igreja
Em baile/ festa/ boate/ danceteria/ casa de shows
Em outra cidade
Na internet (Facebook)
No transporte coletivo/ terminal de ônibus/ trânsito
Na praça/ passeio/ quadra de esportes/ campo de futebol/ clube/ academia
Em bares
Em casa de amigo/ namorado/ vizinho
Em empresas/ agência onde procurava emprego
Em casa de parentes (casa da mãe/ sogra/ tio)
Em órgãos públicos especificados (posto de saúde/ hospital/ clínica/ delegacia de polícia)
No bairro/ comunidade/ cidade/ onde morava
Em estabelecimentos comerciais (banco/ shopping/ loja/ mercadinho/
restaurante/ feira/ farmácia/ concessionária de automóveis)
Na rua/ na rua que mora/ próximo de casa
Em casa
No trabalho/ empresa/ casa do patrão
Na escola/ colégio/ faculdade

0 10 20 30 40

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: E ntrevistados(as) que já se sentiram humilhados(as), desrespeitados(as) ou discriminados(as) – Amostra A –
espontânea e múltipla.
P134c. D  escreva como foi a pior experiência de humilhação, desrespeito ou discriminação que você sofreu: Onde
aconteceu isso? (Em que tipo de lugar: na rua, na escola etc.)

65
Temas da
juventude e
percepções
do país
Quais são os temas mais importantes para a juventude brasileira de hoje? Esse é um
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

tópico presente em todas as pesquisas de opinião com jovens. Nesta pesquisa, procura-
mos levantar, por meio de diferentes perguntas, como os jovens avaliam suas condições
de vida, perspectivas de melhora e de futuro e também como veem o país.

As respostas comparadas dessas perguntas nos permitem levantar hipóteses mais ricas
e matizadas sobre as percepções da juventude brasileira.

Uma observação importante para a leitura dos gráficos a seguir: em algumas perguntas,
as respostas foram estimuladas, em outras, foram espontâneas. Em algumas delas foi
solicitado que se indicasse mais de uma resposta e, nesses casos, as respostas são apre-
sentadas segundo duas possibilidades: a primeira menção ou a soma delas. Nos gráficos
a seguir é possível ler as respostas pela comparação do que é citado ou assinalado em
primeiro lugar (barras verdes) ou pela soma das três primeiras menções (barras azuis).

24. Realização pessoal


No esforço de conhecer as preocupações dos jovens, bem como os temas que julgam
de maior importância, foram investigados os aspectos associados à realização pessoal, à
probabilidade de suas efetivações e às ações em curso para alcance de suas realizações.

O que gostaria que acontecesse para se sentir realizado

25%
48%
Realização financeira
22%
Moradia

Família
30% 13% Estudo

Emprego/trabalho

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Entrevistados(as) que já estão realizados(as) – (3%) – Amostra C – Espontânea e múltipla.
P11a. P
 ensando no futuro, o que você gostaria que acontecesse na sua vida, para você se sentir realizado(a)? Qual é
o seu maior sonho na vida?

Entre os aspectos de suas vidas apontados pelos jovens como importantes para se senti-
rem realizados, o emprego/trabalho representa 48%, seguido pelos estudos e realização
financeira, com 30% e 25% cada um. Só então aparecem a moradia e a família com 22%
e 13% das respostas dos jovens.

68
Quanto convidados a avaliar as chances de efetivamente ocorrer o que julgam neces-

Temas da juventude e percepções do país


sário para se sentirem realizados, a grande maioria dos jovens ( 86%) acredita que há
chances de isso acontecer.

90
80
70
60 37
50 40
40 10
30 2
20 7 48
25 30
10 22 13
0
Realização financeira Moradia Família Estudo Emprego/trabalho

Faz algo a respeito Gostaria que acontecesse

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ..


Base: Entrevistados(as) que já estão realizados(as) – (3%) – Amostra C – Espontânea e múltipla.
P12. E qual é a chance real, em sua opinião, de que isso [resposta da P.11a] aconteça? Você diria que a chance de que
esse seu sonho aconteça de verdade é

Curiosamente a situação dos estudos é inversa à do trabalho, na medida em que o es-


forço para que a realização ocorra é maior do que a expectativa, enquanto no âmbito do
trabalho o desejo de realização é superior à realização de ações para que efetivamente
se sintam realizados nesse aspecto.

25. Q
 uais são os problemas que mais
preocupam os jovens atualmente
O que mais preocupa pessoalmente os jovens hoje é, na declaração espontânea, em
primeiro lugar, a questão da violência (citada por 43% dos jovens), corroborando a cons-
tatação do quanto essa experiência se configura como constitutiva dessa geração.

Em segundo lugar, aparece a questão do emprego ou profissão (pouco mais de 1/3 da


mostra, 34%), corroborando os dados recolhidos ao longo da pesquisa, que demonstram
a importância da experiência do trabalho na vida da juventude brasileira.

Depois, num terceiro patamar, as questões de saúde (26%) e educação (23%). Chama a
atenção que educação não esteja no topo da lista; uma hipótese é a de que ela se man-
tenha como assunto de importância e interesse, mas não mais como de grande preocu-
pação, uma vez que esta geração vive a experiência de ter tido um ganho nesse campo,
em relação às gerações passadas.

69
Drogas, crise econômica e família aparecem num quarto degrau, com uma parcela de
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

17% a 18% de jovens fazendo referência a cada um desses temas.

SEGURANÇA/ VIOLÊNCIA 24
43
EMPREGO/ PROFISSÃO 19
34
SAÚDE 7
26
EDUCAÇÃO 9
23
DROGAS 8
18
CRISE ECONÔMICA/ FINANCEIRA 9
18
FAMÍLIA 8
17
ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA DO BRASIL 2
8
ASSUNTOS PESSOAIS 2
8
MEIO AMBIENTE/ INFRAESTRUTURA 2
6
QUESTÕES SOCIAIS 1
6
MORADIA 2
4
FOME/ MISÉRIA 2
3
1º lugar
TRANSPORTE 0
1
RELACIONAMENTOS ÍNTIMOS/… 0 Soma das menções
1
GRAVIDEZ 0
1
NENHUM PROBLEMA ME PREOCUPA 3
3
NÃO SABE/ NÃO LEMBRA 1
1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra A/Espontânea em %.
P16. Quais são os problemas que mais lhe preocupam atualmente?

Para os sete temas citados, em primeiro lugar, quando observados segundo o estrato so-
cial, verificamos que aumenta a preocupação com a violência conforme aumenta a renda,
enquanto sobre o trabalho a relação é inversa. Quanto à saúde, à educação e às drogas, a
preocupação também aumenta conforme a renda, mas com uma diferença pequena.

Est.Baixo Est.Médio Est.Alto 15-17 18-24 25-29


Violência 18 25 29 26 23 25
Emprego 24 19 10 8 23 21
Saúde 8 8 6 4 7 10
Educação 8 10 11 22 8 4
Drogas 9 6 10 9 6 9
Crise econômica 8 9 12 6 11 9
Família 12 7 7 7 7 11
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.

70
Por outro lado, ao considerarmos as diferenças etárias, vemos que a preocupação com

Temas da juventude e percepções do país


a violência diminui com o avanço da idade, ainda que timidamente. Já o emprego sobe
muito da primeira para a segunda faixa e tem uma queda relativa para o grupo de 25 a
29 anos de idade, de modo que, mais uma vez, para o grupo de 18 a 24 anos de idade o
desemprego fica em evidência. A preocupação com a saúde aumenta consideravelmen-
te conforme o avanço da idade.

26. Diferentes âmbitos para discutir


os assuntos
Na sequência, perguntamos em que diferentes âmbitos (na família, com os amigos, com a
sociedade) os jovens gostariam de discutir uma mesma série, predeterminada, de assuntos:

Assuntos que gostaria de discutir com os pais ou responsáveis


Educação e futuro profissional 45
Violência 32
Drogas 31
Desigualdade social e pobreza 27
Religião 24
Cidadania e direitos humanos 21
Relacionamentos amorosos 17
Sexualidade 17
Racismo 16
Política 14
Meio-ambiente e desenvolvimento sustentável 11
Artes (música, teatro, literatura etc.) 8
Nenhum/ mais nenhum (espontânea) 4
Não sabe 1
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total da amostra C/Estimulada e múltipla, em %.
P19a. Quais destes assuntos ou temas são os três que você mais gostaria de discutir com os seus pais ou responsáveis?

71
Dentre os assuntos que os jovens mais gostariam de discutir com seus pais ou respon-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

sáveis, os principais citados pelos entrevistados foram: a educação e o futuro profis-


sional (45%), a violência (32%), drogas (31%), desigualdade social e pobreza (27%),
religião (24%), cidadania e direitos humanos (21%). Contudo, se observarmos segundo
os estratos de renda, teremos que o desejo de discutir com os pais sobre o tema da
violência é bem maior entre os jovens mais pobres do que entre os ricos, ficando em
34% e 27%, respectivamente.

Assuntos que gostaria de discutir com amigos


Drogas 41
Sexualidade 31
Violência 30
Educação e futuro profissional 29
Relacionamentos amorosos 26
Racismo 23
Artes (música, teatro, literatura etc.) 21
Desigualdade social e pobreza 19
Religião 15
Cidadania e direitos humanos 13
Meio-ambiente e desenvolvimento sustentável 12
Política 12
Outros 1
Nenhum/ mais nenhum (espontânea) 1
Não sabe 1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra C/Estimulada e múltipla, em %.
P19b. E quais desses assuntos são os três que você mais gostaria de discutir com seus(suas) amigos(as)?

Já no que diz respeito aos temas a serem conversados com os amigos, os mais citados
foram: drogas (41%), sexualidade (31%), violência (30%), educação e futuro profissional
(29%), relacionamentos amorosos (26%), racismo (23%) e artes (21%).

Observando a priorização dos temas a serem discutidos com amigos segundo a diferença
de renda, podemos identificar que essa variável é reveladora de alguns contrapontos. Os
jovens pertencentes aos estratos mais altos de renda, por exemplo, manifestam, em
menor medida que os demais segmentos, o desejo de discutir com amigos questões
relativas à violência e ao racismo. No que se refere à violência, 22% deles mostram-se
predispostos a tal, frente a 34% dos jovens de estratos médios e 29% dos de baixa renda.
Quanto ao racismo e também à educação/ futuro profissional, a distinção se faz notar
entre os jovens de estratos altos e médios: no primeiro caso, 17% e 24%, respectivamen-
te, mostram-se favoráveis a tratar o tema no seu círculo de amizades. O inverso se dá
com relação à educação e futuro profissional, em que 27% dos entrevistados pertencen-
tes aos estratos de renda média e 34% daqueles de renda alta se predispõem a discutir
esse assunto com colegas.

72
Assuntos que considera mais importantes para serem discutidos pela

Temas da juventude e percepções do país


sociedade
Desigualdade social e pobreza 40

Drogas 38

Violência 38

Política 33

Cidadania e direitos humanos 32


Educação e futuro profissional 25
Racismo 25

Meio ambiente e desenvolvimento sustentável 24


Religião 10
Sexualidade 9
Artes (música, teatro, literatura etc.) 4
Relacionamentos amorosos 2
Não sabe 1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ..


Base: Total da amostra C/Estimulada e múltipla, em %.
P19c. E quais são os três que você acha mais importantes para serem discutidos pela sociedade em geral?

No que diz respeito, por fim, aos assuntos a serem discutidos com a sociedade em geral,
foram citados principalmente: desigualdade social e pobreza (40%), drogas (38%), vio-
lência (38%), política (33%), cidadania e direitos humanos (32%), educação e futuro pro-
fissional (25%), racismo (25%) e meio ambiente e desenvolvimento sustentável (24%).

Os temas da violência e das drogas são assuntos importantes para serem discutidos em
todos os âmbitos, demonstrando que é um assunto próximo do cotidiano dos jovens e
ao mesmo tempo uma questão a ser enfrentada no plano da sociedade.

A variação do terceiro elemento é, contudo, bastante expressiva: a questão do estudo


e do futuro profissional é o assunto mais citado como importante para ser debatido
com a família, enquanto ocupa apenas a 6ª posição como assunto de relevância social.
Na sociedade é o tema da desigualdade e da pobreza que ganha expressiva relevân-
cia, aparecendo pouco como assunto para discutir com amigos, mas não tão longe das
prioridades para debater com a família. Por outro lado, sexualidade é francamente um
tema para debater com amigos, ocupando pouco espaço de interesse como tema para
a família ou a sociedade.

A renda produz inflexões no posicionamento dos entrevistados a respeito dos assuntos


importantes de serem discutidos pela sociedade. Por exemplo: os jovens mais ricos mos-
tram-se mais favoráveis a que a temática da desigualdade e da pobreza seja pauta de
debate público: 52% deles declaram-se nesse sentido, contra 38% dos entrevistados de
renda intermediária e 37% dos estratos baixos. No que concerne às drogas, os jovens de
estratos médios posicionam-se mais favoravelmente do que os de renda alta a que esse
tema integre a agenda pública: são 39% deles, frente a 32% dos mais ricos. Quanto aos
assuntos política, cidadania e direitos humanos, os jovens de baixa renda declaram me-
nor interesse em ver tais temas na agenda da sociedade, comparativamente aos demais

73
grupos: 28% deles, 36% dos segmentos médios e 35% dos entrevistados de estratos de
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

renda alta acham que a política é tema importante a ser discutido pela sociedade. No
que diz respeito a “cidadania e direitos humanos”, 26% dos jovens pertencentes aos es-
tratos de renda baixa, 35% dos situados em estratos intermediários e 37% daqueles com
patamar de renda alta compartilham tal opinião.

27. O
 s problemas do Brasil que mais
incomodam os(as) jovens
Diante de uma lista de problemas, os jovens indicaram aqueles que mais os incomodam
no país. A corrupção foi citada por 67% dos entrevistados (sendo citada em primeiro
lugar por 36% deles); o poder dos traficantes foi mencionado por 46% (sendo 13% como
primeira opção); a grande desigualdade entre ricos e pobres por 42% (sendo 20% na
primeira posição); e o racismo e outras formas de discriminação (34%).

Problemas que mais incomodam no Brasil


36 1º lugar
A corrupção
67 Soma das menções

O poder dos traficantes 13


46
A grande desigualdade entre ricos e pobres 20
42
O racismo e outras formas de discriminação 10
34

O despreparo e a violência da polícia 5


26

A destruição do meio ambiente 4


25
A lentidão e outros problemas da Justiça 4
22

A falta de perspectiva profissional para os jovens 3


20

O despreparo do povo 4
17

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra A/Estimulada em %.
P24. Pensando no Brasil, qual destes problemas mais te incomoda hoje? E em segundo lugar? E em terceiro lugar?

Vale a pena reparar, em primeiro lugar, a diferença de resultado entre os problemas que
mais preocupam os próprios jovens, citados espontaneamente, e esta indicação, estimu-
lada, dos problemas do país.

Podemos perceber que o tema de destaque recorrente nas duas aferições é o da violên-
cia, aqui presente em dois itens: o poder os traficantes, mencionado por quase metade,
e o despreparo da polícia, citado por ¼ dos jovens.

74
A corrupção, que não havia aparecido espontaneamente como uma preocupação que

Temas da juventude e percepções do país


afeta particularmente a vida dos jovens, é, por outro lado, identificada como um proble-
ma de primeiro plano, quando estimulada e remetida ao país.

A desigualdade volta a aparecer como um problema central na nossa sociedade, para


parcela significativa dos jovens.

No tocante à importância atribuída ao enfrentamento das desigualdades sociais, a va-


riável renda produz modulações na opinião dos respondentes. Os jovens mais pobres
demonstram, comparativamente aos mais ricos, maior sensibilidade ao tema: 85% dos
entrevistados pertencentes a estratos de renda baixa consideram-no crucial e 12% mais
ou menos importante, versus 74% e 20% dos de renda alta, respectivamente.

Finalmente, cabe destacar outras distinções a partir da diferença de renda. Fazer gran-
des obras de infraestrutura, acelerar a reforma agrária, enfrentar mudanças climáticas
e controlar o aumento da população são desafios citados com maior recorrência pelos
jovens de renda baixa do que pelos estratos de renda alta. No primeiro caso, os percen-
tuais são, respectivamente, 77% e 70%; no segundo, 65% e 56%; o enfrentamento das
mudanças climáticas é mencionado por 67% dos jovens pobres e por 58% dos ricos, e o
controle do aumento da população é apontado por 66% e 46%, respectivamente.

28. O que os jovens mais valorizam


no Brasil
O que os jovens avaliam como mais positivo no país: em primeiro lugar, a possibilida-
de de estudar, escolhida por 63% dos respondentes. Pode-se dizer, portanto, que uma
expressiva maioria de jovens reconhece e valoriza os avanços no campo educacional
efetuados nas últimas duas décadas.

Em segundo lugar, é assinalada a liberdade de expressão, com 55% de escolha, expressan-


do o reconhecimento da garantia de um direito fundamental da vida política democrática.

Há uma valorização também do clima de estabilidade: democracia com a estabilida-


de econômica vêm praticamente juntas, num segundo patamar, escolhidas por quase
metade dos jovens.

A possibilidade de consumo é reconhecida como positiva, mas aparece no último degrau de


escolha, junto com políticas sociais, reunindo, cada uma delas cerca de 1/3 das respostas.

O que chama atenção, e deve ser ressaltado, é que apenas 4% dos jovens declara que
não há nada de positivo no país.

75
O que existe de mais positivo no Brasil
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

Possibilidades de estudo
27 1º lugar
63 Soma das menções

Liberdade de expressão
21
55
Estabilidade econômica
16
46
Ter democracia
12
45
Possibilidade do consumo
11
37
Políticas sociais
9
32
Nenhuma/ nada é bom 4
(espontânea) 4
Não sabe
1
1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra A/Estimulada, em %.
P23. E em sua opinião, qual destas coisas é o que existe de mais positivo hoje no Brasil? E em segundo lugar? E em
terceiro lugar?

A variável socioeconômica incide na opinião dos entrevistados a respeito do que há de


mais positivo no Brasil hoje. Quando observadas as somatórias das três primeiras men-
ções, nota-se que “as possibilidades de estudo” são valorizadas especialmente pelos
jovens dos estratos baixos (65% deles frente a 58% entre os entrevistados pertencentes
ao grupo de renda alta). Da mesma forma, os jovens mais pobres, em maior proporção
do que os ricos, incluem as políticas sociais no rol das melhorias alcançadas pelo país.
São 34% deles que citam esse aspecto, em face de 23% dos jovens dos estratos de renda
alta. Por outro lado, a liberdade de expressão é mais destacada pelos entrevistados dos
estratos médios (59% deles mencionam esse aspecto) e altos (54%), percentuais que
caem para 46% entre os mais pobres.

Quando observada somente a primeira menção ao que existe de mais positivo no Brasil,
o quadro acima descrito não se altera. Os pobres valorizam em maior medida do que os
ricos as possibilidades de estudo, sendo 32% e 24% respectivamente. Já para as políticas
sociais, a proporção é de 12% e 3% para os mesmo estratos, o inverso do que ocorre com
a liberdade de expressão (13% dos mais pobres priorizam esse aspecto frente a 25% dos
jovens de estratos altos).

76
29. E xpectativas com a vida, para o país

Temas da juventude e percepções do país


e para a garantia de direitos
Ao serem estimulados a responderem sobre suas perspectivas, os jovens são mais oti-
mistas quanto mais próximo é o âmbito da sua vida: apenas com relação ao mundo há
mais pessimistas que otimistas (36% dos jovens afirmaram acreditar que o mundo vai
melhorar, enquanto 41% dizem crer que vai piorar e 20% tendem a achar que o mundo
ficará como está). No que se refere ao Brasil, o otimismo suplanta o pessimismo: para
44% o Brasil vai melhorar, enquanto para 31% vai piorar e para outros 23% o país ficará
como está. Quando questionados sobre o seu próprio bairro, as perspectivas são ainda
melhores, de forma que a maioria (53%) acredita que ele estará melhor daqui alguns
anos, contra os que acreditam que vai piorar (15%) ou ficará como está (30%).

Desafios que precisam ser enfrentados no Brasil

MELHORAR A SAÚDE DA POPULAÇÃO 99 1


MELHORAR A EDUCAÇÃO NO PAÍS 98 1
REDUZIR O DESEMPREGO 95 31
AUMENTAR O RESPEITO PELOS DIREITOS HUMANOS 90 9 1
REDUZIR A POLUIÇÃO 86 11 2 1
REDUZIR O TRABALHO INFANTIL 84 12 3 1
DIMINUIR A DIFERENÇA ENTRE RICOS E POBRES 82 15 3
FAZER GRANDES OBRAS DE INFRAESTRUTURA 68 26 6
ACELERAR A REFORMA AGRÁRIA 59 30 8 3
ENFRENTAR AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS 58 33 8 1
CONTROLAR O AUMENTO DA POPULAÇÃO 57 33 9 1

Muito importante Mais ou menos importante Não é importante Não sabe

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Estimulada e única, em % / Base: Total da amostra A.
P22. N
 o Brasil existem grandes desafios que precisam ser enfrentados. Vou falar alguns deles e gostaria que você me
dissesse qual é, para você, a importância de cada um, se é muito importante, mais ou menos importante ou não
é importante.

Em nenhum quesito, contudo, os entrevistados apresentaram tamanho otimismo


quanto com relação à sua vida pessoal: cerca de 94% dos jovens acreditam que sua
vida vai melhorar, enquanto apenas 1% acha que vai piorar e outros 4% não veem
perspectiva de mudança.

Os principais motivos citados para terem perspectivas positivas quanto à sua vida pessoal
estão relacionados, principalmente, à dimensão econômica e de emprego (para 52% dos
entrevistados, a situação de trabalho no futuro será melhor que a vivida no presente); à
questão educacional (cerca de 42% acreditam que terão melhores credenciais escolares,
que possibilitarão esse avanço); e as referências pessoais/individuais (28%), sobretudo
a aspectos ligados ao ganho de maturidade e maior dedicação. É interessante notar que

77
ao contrário de muitas afirmações que destacam a valorização do consumo como traço
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

característico da juventude contemporânea, nesta pesquisa o consumo não ocupa lugar


de destaque na expectativa de futuro dos jovens.

Expectativas Em Relação Aos Próximos 5 Anos, por sexo e idade


SEXO E IDADE
HOMENS MULHERES
SOMA DAS
TOTAL 15 a 18 a 25 a 15 a 18 a 25 a
MENÇÕES
total 17 24 29 total 17 24 29
anos anos anos anos anos anos
Peso 100% 50% 10% 24% 16% 50% 10% 23% 17%
O MUNDO
Vai melhorar 36 39 44 40 35 32 36 32 30
Vai piorar 41 37 34 37 39 46 39 45 50
Vai ficar como está 20 21 19 20 23 20 21 19 19
Não sabe 3 3 2 3 3 3 3 3 2
O BRASIL
Vai melhorar 44 47 54 46 46 40 50 39 36
Vai piorar 31 28 24 31 26 33 26 33 37
Vai ficar como está 23 23 20 21 26 24 21 25 24
Não sabe 3 2 2 2 2 3 4 3 3
O BAIRRO
Vai melhorar 53 58 59 58 57 48 50 49 46
Vai piorar 15 13 11 12 16 18 13 18 20
Vai ficar como está 30 28 26 29 26 32 36 32 31
Não sabe 2 2 4 1 2 2 1 1 3
A VIDA PESSOAL
Vai melhorar 94 93 93 94 93 94 98 95 90
Vai piorar 1 1 1 1 1 1 1 1
Vai ficar como está 4 4 5 3 4 4 2 3 6
Não sabe 2 2 1 1 2 2 0,5 2 3
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: Total das amostras A e C/Estimulada e única, em %.
P14a. Independentemente do que você quer que aconteça, o que você acha que vai acontecer de verdade com o
mundo nos próximos cinco anos: em sua opinião o mundo vai melhorar, vai piorar ou vai ficar como está? 14b.
E o Brasil, nos próximos cinco anos, vai melhorar, vai piorar ou vai ficar como está? 14c. E o seu bairro? 14d. E
a sua vida pessoal, como você acha que vai estar, independentemente do que você gostaria: você acredita que
vai estar melhor, pior ou igual daqui a cinco anos? 

78
Temas da juventude e percepções do país
A diferença de renda se manifesta no sentido de que uma maior parcela de jovens de
renda alta afirma que sua vida vai melhorar porque está trabalhando e/ou ganha o su-
ficiente (alta 18%, baixa 9%) e uma maior parcela de jovens de estratos baixos de renda
aposta que vai melhorar porque vai conseguir trabalho (baixa 23%, alta 10%). Isso revela
que os ganhos de inclusão via trabalho verificado nos últimos anos ainda não parecem
consolidados para a parcela mais pobre da juventude que, no entanto, aposta nessa via
como fator de melhora de vida.

Se, por um lado, na relação dos motivos ligados à escola/escolaridade não aparecem
diferenças relevantes segundo a renda, por outro, as atribuições quanto ao esforço pes-
soal crescem conforme a renda.

Perguntados sobre quais elementos são mais importantes para: a) sua vida presente; b)
para melhorar de vida; e c) para garantir direitos, os jovens atribuem pesos diferentes
segundo cada uma dessas dimensões: para a vida presente, o fator mais importante é
a família; para melhorar de vida, o esforço pessoal; para a garantia dos direitos, as po-
líticas do governo.

Percepção sobre fatores mais importantes para a vida hoje, para garantir
seus direitos e para melhorar de vida
75
O apoio da família 21
40
69
O seu esforço pessoal 31
68
17
Você ter capacidade de fazer coisas inovadoras 18
26
14
O apoio dos amigos ou de conhecidos 12
10
9
As políticas de governo 47
15
8
Mudanças no sistema econômico 25
23
4
A sua participação em organizações ou movimentos sociais 20
8
...a vida hoje
3 ...garantir direitos
O apoio de entidades assistenciais 21
7 ...melhorar de vida

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra/Estimulada, em %.
P18a. Em sua opinião, qual destes fatores é o mais importante para sua vida hoje como... (adolescente/ jovem/
adulto)? E em 2º lugar?
P18b. E o que é mais importante para garantir os seus direitos? E em 2º lugar?
P18c. E o que é mais importante para você melhorar de vida? E em 2º lugar?

De modo geral, esta geração tem uma percepção bastante clara quanto à mobilidade de
classe social que tiveram em relação à geração de seus pais. Quando perguntados sobre
essa percepção, 36% avalia que sua vida hoje é melhor do que a de seus pais, enquanto
apenas 8% aponta que sua vida piorou em relação à de seus pais.

79
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

TEVE MOBILIDADE 44

Ascendeu 36

Descendeu
8

NÃO TEVE 56
MOBILIDADE

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra – estimulada – única.
P17a. Considerando esta lista, a qual dessas classes econômicas você diria que pertence:
P17b. E a que classe econômica pertenciam seus pais ou a família que te criou, quando você era criança?

30. V
 alores considerados fundamentais
pelos jovens
Quando convidados a pensar em um mundo ideal e os valores que julgavam serem os
mais importantes, o temor a Deus foi citado por 40% dos entrevistados (e em primeiro
lugar por 22% deles); o respeito às diferenças foi mencionado por 39% (sendo 13% como
primeira opção); seguido pela igualdade de oportunidades (33%), respeito ao meio am-
biente (31%), solidariedade (28%) e pela justiça social (20%).

Valores mais importantes para um mundo ideal


Temor a Deus 22
40 1º lugar
Respeito às diferenças 13
39 Soma das menções
Igualdade de oportunidades 8
33
Respeito ao meio ambiente 16
31
Solidariedade 7
28
Justiça social 5
20
Dedicação ao trabalho 5
16
Liberdade individual 5
15
Disciplina pessoal 3
14
Competência 2
12
Religiosidade 4 10
Obediência à autoridade 3 9
Conforto material 3 7
Respeito às diferenças 2 7
Liberdade política 1 5
Criatividade e inovação 1 5
Autorrealização 1 5
Prazer sexual 02
Ser autêntico 02

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ. .


Estimulado – Total da Base da amostra A.
P21. P
 ensando em um mundo ideal, qual destes valores você acha que seriam os três mais importantes: em 1º lugar?
E em 2º lugar? Em 3º?

80
Temas da juventude e percepções do país
Contudo, se observarmos essa priorização dos três valores mais citados segundo as di-
ferenças de sexo, idade e renda, teremos que o temor a Deus e o respeito às diferenças
são mais relevantes para mulheres do que para os homens. Quanto às faixas de idade, o
temor a Deus aumenta conforme a o avanço da idade, mas o respeito ao meio ambiente
e às diferenças são inversamente proporcionais à idade. No caso das diferenças de ren-
da, a variação é menor se comparada àquelas do sexo e da idade.

Est. Est. Est.


Homem Mulher 15-17 18-24 25-29
Baixo Médio Alto
Temor a Deus 35 44 35 38 44 45 37 41
Respeito ao
30 32 34 31 29 31 32 27
meio ambiente
Respeito às
34 44 46 41 33 39 38 39
diferenças

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.

Quando perguntados se são a favor ou contra a adoção de crianças por casais de mesmo
sexo, mais da metade dos jovens se declarou a favor. O mesmo ocorreu com a reserva de
cotas raciais e étnicas nas universidades, como indicado no gráfico a seguir.

100%
90%
80% 35 29
70%
13
60%
13
50%
40%
30%
51 56
20%
10%
0%
Adoção por casais de mesmo sexo Cotas raciais e étnicas nas universidades

A favor Nem a favor nem contra Contra

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra A – estimulada e única.
P33. Você é a favor ou contra, Totalmente ou em parte?

Os jovens pertencentes aos estratos de renda domiciliar per capita alta são mais for-
temente contrários a que casais homossexuais adotem crianças do que os segmentos
de renda inferior. Enquanto 42% dos entrevistados de segmentos ricos posicionam-se
contra a adoção, são 36% dos estratos médios e 34% dos jovens de baixa renda que com-
partilham essa opinião. Interessante notar que a renda não produz variação significativa
entre aqueles que se declaram favoráveis a esse direito dos homossexuais.

81
Vida
política
O reconhecimento da importância da política e da vida democrática se revela em dife-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

rentes respostas ao longo da pesquisa, inclusive na disposição de exercer o direito ao


voto, mesmo quando ele ainda não é obrigatório. Quanto à participação, destacamos
neste caderno de resultados a variação conforme a renda. Esta pesquisa, realizada entre
abril e maio de 2013, já revela o que surpreendeu o Brasil em junho deste ano: a partici-
pação e mobilização nas ruas e ações diretas são vistas como a forma mais potente para
melhorar o Brasil.

A política é valorizada pela maioria dos jovens: 83% dos jovens acham que a política é
muito, ou mais ou menos importante. E apenas 16% acham que a política não é nada
importante. Nem sempre essa importância se traduz em envolvimento pessoal.

31. A política é importante


O valor atribuído à política cresce conforme aumenta a renda: 47% dos jovens de estra-
tos de renda baixa consideram a política muito importante, opinião que é compartilhada
por 56% dos entrevistados de estratos médios e por 70% dos de alta renda.

Percepção do grau de importância da política


1%

16%

54%
29% Muito importante
Mais ou menos importante
Nada importante
Não sabe

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra total – estimulada e única.
P25. Em sua opinião, a política é uma coisa:

84
32. Título de eleitor

Vida política
Essa importância dada à política se explicita no exercício do mecanismo básico de parti-
cipação no sistema democrático, o voto, que tem forte adesão entre os jovens. É alta a
porcentagem de jovens que tira o título de eleitor, mesmo nas faixas etárias em que essa
adesão é facultativa. Isso demonstra um grau elevado de reconhecimento desse ritual
de exercício da democracia, uma vez que 2/3 dos jovens tiraram (55%) ou pretendem
tirar (10%) o título antes dos dezoito anos de idade.

Tirou título de eleitor, por idade

Tem título, tirou com: 81


..16 anos 40
..17 anos 15
..18 anos 21
..19 anos ou mais 4
Não tem, vai tirar com 16 ou 17 anos 10
Não tem, só vai tirar o título com 18 ou mais 5
Não tem, não sabe quando vai tirar o título 3

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra total – estimulada e única.
P32. V
 ocê tem título de eleitor? (Se sim) Quantos anos você tinha quando tirou o título de eleitor? (Se não) Com que
idade você pretende tirar o título de eleitor?

No que se refere a essa questão, a variável renda produz diferenças: 91% dos jovens de
renda alta possuem título de eleitor ante 83% dos de renda média e 78% dos pertencen-
tes a estratos de baixa renda.

85
33. Os jovens podem mudar o mundo
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

É muito clara para os jovens a percepção sobre a capacidade da juventude de mudar o


mundo. Cerca de nove em cada dez responderam que os jovens podem mudar o mundo,
sendo que, para sete, eles podem mudá-lo muito.

Capacidade da juventude de mudar o mundo


PODEM MUDAR 91

..muito 69

..um pouco 22

NÃO PODEM MUDAR O MUNDO 8

NÃO SABE 1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra A - Estimulada.

Os jovens mais ricos mostram-se mais otimistas quanto ao potencial da juventude: 77%
deles avaliam que os jovens podem mudar muito o mundo, enquanto 66% daqueles
situados em estratos de renda média e 69% dos pertencentes a estratos baixos posicio-
nam-se nessa direção.

86
34. V
 alorização das formas de atuação

Vida política
e grau de participação
Dentre as principais formas de atuação política que devem ser feitas para ajudar o Brasil
a mudar e a melhorar, cerca de 46% mencionam a participação em mobilizações de rua e
outras ações diretas. Outros 45% citam a atuação em associações ou coletivos que se or-
ganizam de alguma forma. Também se destacam a atuação em conselhos, conferências,
audiências públicas ou outros canais de participação desse tipo (36%); a atuação pela
Internet, opinando sobre assuntos importantes ou cobrando os políticos e governantes
(35%) e a atuação em partidos políticos (30%).

Formas de atuação que podem melhorar as coisas no Brasil


A participação em mobilizações de rua e outras ações diretas 20
45

A atuação em associações ou coletivos que se 26


organizam por alguma causa 44
A atuação em conselhos, conferências, audiências públicas 15
ou outros canais de participação desse tipo 35
A atuação pela Internet, opinando sobre assuntos importantes 17
ou cobrando os políticos e governantes 34

A atuação em partidos políticos 17


30

Nenhuma/ nada pode ser feito (espontânea)/ 3 1º lugar


não participa de nenhuma 3
Soma das menções
Não sabe/ não respondeu 2
2

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra – estimulada.
P27a. Em sua opinião, qual destas formas de atuação pode ajudar mais a mudar ou a melhorar as coisas no Brasil?
P27b. E em 2º lugar?

Os entrevistados de estratos de renda média mencionam, em maior proporção do que


os ricos, que querem fazer parte de clubes e outras organizações esportivas: são 43%
deles perante 36% dos jovens dos estratos de renda alta.

Para a maioria dos jovens, o reconhecimento da participação política se afirma. Uma


parte considerável dos jovens considera a importância da organização da sociedade em
coletivos e movimentos sociais (44%) e em partidos (30%) para mudar e melhorar o país.

87
Histórico e desejo de participação
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

PARTICIPA/ JÁ PARTICIPOU 46
Participa atualmente de alguma 20
Não participa hoje, mas já participou 26
NUNCA PARTICIPOU 54
Nunca participou, mas gostaria 39
Nunca participou, nem gostaria 15

26 39 Participa atualmente de alguma


Não participa hoje, mas já participou
Nunca participou, mas gostaria
20 Nunca participou, nem gostaria
15

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostras A e C – estimulada.
P28. V
 ou falar alguns tipos de associações, entidades e grupos e gostaria que você me dissesse se participa de algum
deles, seja de forma física, presencial, seja de forma virtual, pela internet. Para cada tipo de entidade ou de grupo
que eu falar, diga-me, por favor, se você participa atualmente; se já participou; se nunca participou, mas gostaria,
ou se nunca participou e não gostaria de participar.

No total, 46% dos entrevistados disseram participar ou já ter participado de pelo menos
algum desses grupos, enquanto 54% disseram nunca ter participado de nenhum dos que
foram perguntados.

Contudo, quando a pergunta é sobre o envolvimento pessoal em formas de associativis-


mo e participação política ou social, temos uma resposta mais negativa. Com relação ao
grau de associativismo, a maioria dos entrevistados afirmou que nunca participou nem
participaria da maior parte dos tipos de associações, entidades e grupos citados. Dentre
eles, destacam-se negativamente como entidades em que nunca participaram nem gos-
tariam de participar: partido político (88%); entidade ou movimento por alguma outra
causa, ou qualquer outro grupo (81%); cooperativa (74%); entidade ou grupo de mídias
livres ou alternativas (66%); associação de defesa do consumidor (63%); grupo ou asso-
ciação de trabalho voluntário não religioso (60%); entidade ou movimento em defesa
de grupos discriminados (60%); associação profissional ou sindicato de trabalhadores
(59%); movimento ligado a saúde, moradia, educação ou transportes (56%); socieda-
de de amigos do bairro, associação comunitária ou de moradores (55%); grupo religio-
so que se reúne para ações assistenciais ou políticas (55%); grupo artístico ou cultural
(51%); e associação estudantil, grêmio ou centro acadêmico (50%). Os únicos tipos de
grupos em que a maior parte nunca participou, mas gostaria de participar foram: grupo
de defesa do meio ambiente ou ecológico (51%) e clube, associação esportiva, recreativa
ou de lazer (42%).

88
Participação em associações e entidades

Vida política
Grupo religioso que se reúne para ações assistenciais ou políticas 55 25 11 8
Clube, associação esportiva, recreativa ou de lazer 40 42 12 6
Grupo artístico ou cultural 51 33 11 4
(música, hip hop, grafite/pichação, bandas, teatro, dança, literatura, fotografia, vídeo, cinema etc.)

Sociedade de amigos do bairro,associação comunitária ou de moradores 55 35 7 3


Associação profissional ou sindicato de trabalhadores 59 34 3 3
Associação estudantil, grêmio ou centro acadêmico 50 33 14 3
Grupo ou associação de trabalho voluntário não religioso 60 32 6 2
Entidade ou grupo de mídias livres ou alternativas 66 28 4 2
Partido político 88 7 3 1
Grupo de defesa do meio ambiente ou ecológico 44 51 4 1
Movimento ligado a saúde, moradia, educação ou transportes 56 41 3 1
Alguma cooperativa (de crédito,serviço, consumo etc.) 74 23 2 1
Entidade ou movimento em defesa de grupos discriminados 60 37 2 1
(mulheres, negros, indígenas, lgbt, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, idosos ou outro)

Entidade ou movimento por alguma outra causa, ou qualquer outro grupo 81 16 1 1


Associação de defesa do consumidor 63 35 1

Nunca nem gostaria Nunca mas gostaria Participou antes Participa hoje

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra A e C – estimulada.
P28. V
 ou falar alguns tipos de associações, entidades e grupos e gostaria que você me dissesse se participa de algum
deles, seja de forma física, presencial, seja de forma virtual, pela internet. Para cada tipo de entidade ou de grupo
que eu falar, diga-me, por favor, se você participa atualmente; se já participou; se nunca participou, mas gostaria,
ou se nunca participou e não gostaria de participar.

No que se refere às conferências de políticas públicas, embora sejam ainda pouco co-
nhecidas entre os jovens: cerca de 8 em cada 10 entrevistados (81%) nunca ouviram
falar delas. Vale ressaltar que, em se tratando de um mecanismo recente, é relevante
que 18% tenham ouvido falar, embora nunca tenham participado e que 1% diz ter parti-
cipado de alguma conferência.

Observando segundo a variável renda, destaca-se a maior ênfase dada pelos jovens
de estratos de renda alta à “atuação pela internet” (39%) e à “atuação em conselhos,
conferências, audiências públicas ou outros canais de participação desse tipo” (39%),
comparativamente aos de renda baixa (30% e 33%, respectivamente). Da mesma forma,
observa-se o maior destaque dado à atuação em partidos políticos pelos jovens mais po-
bres, ante os mais ricos: 34% dos entrevistados pertencentes a estratos de renda baixa
referem-se a estes, frente a 25% dos situados nos estratos altos.

Os jovens pertencentes aos estratos de renda alta participam, em proporção maior do que
aqueles de menor renda, de pelo menos uma das formas elencadas pela pesquisa: são 33%
deles ante 22% dos jovens de estratos médios e 16% dos mais pobres. Os 17 pontos per-
centuais de diferença entre os extremos sociais aqui considerados se devem, sobretudo, à
maior atuação dos mais ricos via internet (14% deles contra 6% dos jovens de baixa renda).

Há outras distinções visíveis a partir do recorte renda domiciliar per capita. Os mais ricos
são os que mais participam atualmente de algum desses grupos. São 31% deles frente a
19% dos jovens de estratos de renda média e 17% dos de renda baixa.

89
Há outras distinções visíveis a partir do recorte renda domiciliar per capita. Os mais ricos
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

são os que mais participam atualmente de algum desses grupos. São 31% deles frente a
19% dos jovens de estratos de renda média e 17% dos de renda baixa.

Entre os entrevistados que mencionaram algum tipo de participação em algum desses


grupos ou associações, essa participação foi principalmente presencial em: grupo reli-
gioso que se reúne para ações assistenciais ou políticas (17%); clube, associação espor-
tiva, recreativa ou de lazer (16%); grupos artísticos (13%); e sociedade de amigos do
bairro, associação comunitária ou de moradores (9%). Em nenhuma das associações e
grupos, a participação virtual superou a presencial.

Entre aqueles que participaram de algum tipo de associação mencionado, é muito pe-
quena a presença de entrevistados que exerceram algum cargo da direção/coordena-
ção/liderança nessas entidades, chegando a 4% nas associações estudantis e grupos reli-
giosos, e a 2% nos grupos artísticos e nos esportivos. Esses mesmos tipos de associações
foram os mais mencionados como possuindo somente jovens, chegando ao máximo de
13% dos casos nos grupos estudantis.

No que concerne à variável socioeconômica, os entrevistados de estratos de renda alta


mostram-se mais envolvidos com a política do que aqueles pertencentes ao segmento
de baixa renda. A título de exemplo, consideram-se politicamente participantes 7% dos
jovens de baixa renda e 15% dos situados no segmento de renda domiciliar per capita
alta; não gostam nem se envolvem com política 41% e 29%, respectivamente; não cos-
tumam participar, mas se interessam por política 29% dos jovens de estratos de renda
baixa e 41% dos mais ricos.

90
Políticas
para a
juventude
Temos assistido, nos últimos anos, a um aumento da visibilidade dos temas da juventude
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

assim como do reconhecimento da necessidade de ações de governo para responder


às diversas questões colocadas para esse segmento. Participando mais ativamente na
enunciação das demandas e na cobrança de respostas existentes, os jovens expressam
também a necessidade de aprimoramento das políticas públicas.

35. As ações do governo para a juventude


As ações de governo para a juventude no Brasil

Conhecem as necessidades dos jovens,


mas não fazem nada a respeito 53

Não sabem se os governos têm ou não


ações para a juventude 20

Apoiam e promovem programas e ações


voltadas para a juventude
18

Não conhecem nem se preocupam com as


necessidades dos jovens 8

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ. .


Base: Total da amostra – estimulada.
P34. Pelo que você sabe ou ouviu falar, os governos no Brasil:

Quando solicitados a opinar sobre a relação do governo brasileiro com as questões da


juventude, a maior parte dos jovens (53%) apontou a alternativa que afirma que “os go-
vernos no Brasil conhecem as necessidades dos jovens, mas não fazem nada a respeito”.
Cerca de 1/5 (18%) apontou que “os governos apoiam e promovem programas e ações
voltadas para a juventude” e apenas 8% dos entrevistados indicaram que “os governos
não conhecem nem se preocupam com as necessidades dos jovens”. Mas ainda é signi-
ficativa a parcela (20%) daqueles que responderam que não sabem nada sobre o tema.
Essas respostas demonstram tanto a necessidade de dar mais visibilidade e acesso às
políticas existentes quanto a necessidade de ampliar o escopo das respostas oferecidas.

94
Políticas para a juventude
70
60
60
55 55 53 54
50 48 46
40 39
31
30
21 23 20 21 2123
18 18 18 18 18 19 18
20
17 13
10 8 9 10 8 8 9 7 8
0
Urbano Rural 15-17 18-24 25-29 Est. baixo Est. Médio Est. Alto

Não conhecem nem se preocupam Conhecem e não fazem nada


Apóiam e promovem ações Não sabe

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: total da amostra – estimulada.
P34. Pelo que você sabe ou ouviu falar, os governos no Brasil:

A porcentagem de jovens que têm a visão mais crítica, de que “os governos conhecem
as necessidades dos jovens, porém não fazem nada a respeito” é maior no meio urbano
que no rural (55% jovens urbanos manifestam essa opinião ante 39% dos jovens do cam-
po) e cresce à medida que a renda aumenta: 46% dos mais pobres, 54% os jovens de
estratos de renda média e 60% dos mais ricos posicionam-se nesse sentido.

Os melhores índices de quem considera que “os governos apoiam e promovem pro-
gramas e ações voltadas para a juventude” estão entre as jovens mulheres (de 25 a 29
anos) e entre os não brancos (20% entre os pretos, 24% entre os amarelos versus 16%
entre os brancos).

Já o desconhecimento sobre o tema é maior no campo e entre os mais pobres: 31%


dos jovens do campo responderam não saber se os governos têm ou não ações para a
juventude versus 18% dos que moram nas cidades. No mesmo sentido, os entrevistados
pertencentes a segmentos de baixa renda domiciliar per capita são os que mais demons-
tram desconhecer se os governos têm ou não ações para a juventude: são 23% deles
ante 13% dos entrevistados de estratos de alta renda.

95
Conhecimento de Conselho ou Secretaria de Juventude
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

estado 23 4 72

federal 21 4 75

município 20 7 72

EXISTE NÃO EXISTE NÃO SABE SE EXISTE OU NÃO

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da Amostra - Estimulada e única.
P36a. Você sabe se existe um Conselho ou Secretaria de Juventude no seu município?
P36b. E no seu estado? P36c. E no Governo Federal?

O desenvolvimento de estruturas específicas para políticas de juventude ainda é relati-


vamente recente no país. A maioria dos órgãos executivos, assim como dos conselhos,
foi criada após a instituição da estrutura do Governo Federal (em 2005) e atinge hoje
cerca de 300 municípios (organismos gestores).

O conhecimento dessas instâncias gira em torno de 1/5 dos entrevistados: perguntados


sobre o conhecimento da existência de Conselho ou Secretaria de Juventude em seu
município, estado ou no Governo Federal, 20% dos jovens disseram existir um desses
órgãos no município, 23% no estado e 21% sabem da existência da Secretaria e/ou do
Conselho de Juventude na esfera federal. O desconhecimento é ainda muito grande: fo-
ram 72%, 72% e 75% de respostas “não sei” quando questionados sobre cada instância
federativa, respectivamente. Por fim, poucos responderam que tais órgãos não existem:
7% no que se refere ao âmbito municipal, 4% ao estadual e 4% ao federal.

Percebemos que a desigualdade de renda ainda tem interferência significativa no acesso


ao conhecimento dessas instituições: os jovens dos estratos de renda alta, em maior
medida que os demais, apontam a existência de Secretaria e/ou Conselho de Juventude
no plano federal. São 28% deles frente a 21% dos entrevistados dos segmentos de renda
intermediário e 19% dos mais pobres.

A idade e o gênero também produzem interferências: os homens mais velhos, em maior


proporção do que o grupo mais jovem, dizem saber da existência de um Conselho de
Juventude em seu município. São 23% deles que afirmam que ele existe ante 16% dos
que têm entre 15 e 17 anos.

96
36. Conhecimento de políticas por parte

Políticas para a juventude


dos jovens
Para aqueles que expressaram alguma opinião sobre os governos do Brasil com relação
às necessidades dos jovens, foi perguntado se conheciam algum projeto ou programa de
governo dirigido para a juventude. Menos da metade (44%) alegaram ter conhecimento
dessas iniciativas.

Conhecimento de algum projeto ou programa de governo dirigido à juventude

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: E ntrevistados(as) que têm uma opinião sobre os governos do Brasil com relação às necessidades dos jovens -
Estimulada e única.
P35a. Você conhece algum projeto ou programa de governo dirigido para a juventude?

Nesse quesito, o conhecimento tem a mesma inflexão que o reconhecimento da ação


de governo: as mulheres entre 25 e 29 anos e os não brancos são os que mais afirmam
conhecer projetos e programas para a juventude (49% das mulheres de 25 a 29 anos e
49% dos jovens que se declaram pretos).

Perguntados sobre qual programa conhecem, ainda considerando somente aqueles que
demonstraram ter opinião sobre os governos do Brasil com relação às necessidades dos
jovens, verificamos o destaque que alcança o ProJovem, de longe o mais citado, em res-
posta espontânea: 19% dos jovens pesquisados, numa proporção que chega a quase me-
tade do grupo que declara o conhecimento de algum programa (44%). Em segundo lugar
vem o Prouni, com 7% de citações, e depois uma outra série de programas de educação.

97
Projeto ou programa de governo dirigido à juventude
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

1º SOMA DAS
LUGAR MENÇÕES
CONHECE 44 44
ProJovem - Programa Nacional de Inclusão de Jovens 16 19
ProUni - Programa Universidade para Todos 4 7
ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 2 4
FIES - Programa de Financiamento Estudantil 1 2
EJA * 1
PRONATEC 1 1
Bolsa Escola * 1
Cursos/ oficinas profissionalizantes * 1
Mais Educação * 1
CNPQ 1 1
SISU - Sistema de Seleção Unificada * 1
Outros programas na área da educação 5 7
PETI 1 2
Jovem Aprendiz 1 2
Bolsa Família 1 2
Primeiro Emprego 1 1
CRASS/ CRAS 1 1
Programas de esporte/ incentivo ao esporte (s/e) * 1
Jovem Cidadão * 1
Ação Jovem 1 1
Menor Aprendiz * 1
Outros programas de outras áreas 7 11
NÃO SABE/ NÃO LEMBRA 1 1
NÃO CONHECE 56 56
Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.
Base: E ntrevistados(as) que têm uma opinião sobre os governos do Brasil com relação às necessidades dos jovens –
Espontânea.
P35b. (Se conhece algum) Poderia citar o nome ou descrever esse projeto? Mais algum?
P35c. (Para cada que conhece) Você sabe dizer se é da prefeitura, do governo do estado ou do Governo Federal?

98
Percebe-se que o reconhecimento do ProJovem, programa criado em 2005 pelo Gover-

Políticas para a juventude


no Federal com o objetivo de promover a inclusão de jovens em situação de vulnerabili-
dade, faz-se com mais intensidade entre os segmentos que têm maior concentração de
seu público foco. As referências ao ProJovem são mais altas ente os jovens pertencentes
aos estratos de baixa renda (27% deles ante 18% daqueles com renda intermediária e
17% dos mais ricos); entre os autodeclarados pretos e pardos (23% de citações versus
12% de menções entre os brancos); entre os jovens rurais (26% de menções entre os
jovens do campo ante 18% entre os da cidade). Também se mantém o destaque para as
mulheres entre 24 e 25 anos de idade.

Ao lado do ProJovem, as ações de educação são também aquelas mais comumente re-
conhecidas como políticas públicas e sobre as quais há, de modo geral, maior valori-
zação no que há de positivo no país. No entanto, o conhecimento sobre as diferentes
ações ainda é bastante desigual. Em resposta a uma pergunta estimulada sobre as ações
de educação para a juventude, vemos que há três programas bastante difundidos (o
Enem, o Prouni e o ProJovem), em relação aos quais mais de 85% da amostra demonstra
conhecimento; um bloco de programas conhecidos pela maioria dos jovens entrevista-
dos (Sisu, cotas nas universidades públicas, Fies). É, contudo, ainda pequena a parcela
daqueles que dizem conhecer bem qualquer uma dessas ações, com exceção do Enem,
em relação ao qual 54% da amostra demonstra bom conhecimento. Isso aponta para a
necessidade de maior informação qualificada sobre os programas para ampliar o acesso
dos jovens a elas.

Conhecimento de políticas de educação


Enem - exame nacional do ensino médio 54 44 3
Prouni - programa universidade para todos 37 54 9
Projovem - programa nacional de inclusão de jovens 29 57 14
Cursinhos populares 27 43 30
Fies - programa de financiamento estudantil 27 42 32
Programas de cotas na universidade pública 20 40 39
Sisu - sistema de seleção unificada 18 36 46
Isenção de taxa de vestibular 15 30 55
Programas de bônus nas provas de vestibular de universidades 9 32 59
Programas de permanência nas universidades públicas 7 28 66

..conhece bem ..ouviu falar ..não conhece nem ouviu falar

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Total da amostra C – Estimulada.
P57. V
 ou falar de algumas iniciativas na área de educação e gostaria de saber se você conhece ou ouviu falar delas.
Você conhece bem, já ouviu falar ou nunca tinha ouvido falar do?

A análise pelas diferenças de renda, situação de domicílio e cor nos revelam que a in-
formação sobre os programas ainda é muito desigual. Em relação a quase todas as ini-
ciativas, o desconhecimento é maior entre os jovens de baixa renda, entre os jovens do
meio rural e pelos negros. O ProJovem é a grande exceção, sendo mais conhecido pelos
jovens de mais baixa renda, pelos jovens do meio rural e pelos negros. As taxas de jovens

99
que não conhecem nem ouviram falar do ProJovem diminuem conforme avançam as
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

idades: 19% na faixa de 15 a 17 anos, 12% na de 18 a 24 anos e 14% na de 25 a 29 anos.


E crescem conforme aumenta a renda: 9% nos estratos baixos, 14% nos estratos médios
e 20% nos estratos altos. É também menos conhecido pelos jovens brancos (19%) que
pelos jovens negros (11%).

O Enem é mais bem conhecido pelas mulheres (57%) que pelos homens (50%); pelos bran-
cos (61%) que pelos pretos e pardos (48%); na área urbana (57%) que na área rural (37%).
O Sisu é bem conhecido por 20% dos jovens na área urbana, contra por 11% na rural.

Projeto ou programa de juventude, por esfera federativa

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: E ntrevistados(as) que têm uma opinião sobre os governos do Brasil com relação às necessidades dos jovens –
Espontânea.
P35a. Você conhece algum projeto ou programa de governo dirigido para a juventude?

A pesquisa aponta a proeminência da esfera federal no desenvolvimento de ações para


a juventude, na percepção dos entrevistados. Quando se perguntou a esses mesmos
jovens que esfera de governo era responsável pelos programas por eles citados, 18%
responderam serem do Governo Federal, 13% do Governo do Estado, 8% associaram-
nos à Prefeitura e 5% não souberam apontar qual era instância de governo responsável.

Os entrevistados que moram no campo indicaram mais o Governo Federal como res-
ponsável pelos programas citados: foram 24% deles ante 17% dos jovens das cidades. O
Governo Federal foi também mais citado pelos homens de 25 a 29 anos quando compa-
rado com os mais jovens do mesmo sexo. Foram 20% dos mais velhos frente a 13% dos
entrevistados com idades entre 15 e 17 anos que identificaram o programa mencionado
à esfera federal. Quanto à variável socioeconômica, os jovens de estratos de renda alta
apontam, em maior proporção do que os pertencentes a segmentos de renda média, o
Governo Federal como responsável pelos projetos por eles mencionados: são 24% deles
ante 17%, respectivamente.

100
37. Prioridades da ação governamental

Políticas para a juventude


Ao longo da investigação dos temas que afetam, preocupam e interessam os jovens brasi-
leiros, perguntamos aos entrevistados sua opinião sobre qual deveria ser a prioridade da
ação do governo para dar solução às questões da educação, do trabalho, da segurança e
da saúde. As respostas dadas nos indicam como os jovens avaliam que devam ser investi-
dos os recursos públicos para a melhoria das ações necessárias.

Ações para melhorar a educação

Investir nos professores (salários, mais capacitação, melhores condições de trabalho) 24


55
Investir na infraestrutura das escolas (laboratórios, equipamentos, quadras, bibliotecas) 20
46
Melhorar e fiscalizar a qualidade do ensino (+ horas de aula, mudar currículo, reprovação + rigorosa) 14
39
Ampliar o número de vagas nas universidades públicas 15
38
Ampliar o número de escolas técnicas e de formação profissional 8
33
Dar mais apoio material e financeiro (bolsas como o ProUni, transporte, livros, mais financiamento) 6
28
Mais programas de alfabetização para que os que abandonaram a escola voltem a estudar 7
27
Garantir a participação de estudantes e pais na definição do currículo e das avaliações 2
11
Ampliar as cotas nas universidades para jovens negros ou que vêm de escolas públicas 3
11
Premiar as escolas que tiveram melhores resultados nas avaliações 2
10
1º lugar Soma das menções

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra C – estimulada.
P56. E m sua opinião, qual destas ações o governo deveria fazer em 1º lugar, para melhorar a situação dos jovens em
relação à educação? E em 2º lugar? E em 3º lugar?

Perguntados sobre as ações e que o governo deve realizar em primeiro lugar para me-
lhorar a educação, 1/4 dos jovens (24%) disseram que o governo deveria investir nos
professores, melhorando os salários e as condições de trabalho, assim como sua capaci-
tação; 1/5 (20%) consideram prioritário investir na infraestrutura da escola. Parcelas se-
melhantes de jovens responderam que o mais importante é a ampliação do número de
vagas nas universidades públicas (15%) e a melhoria e maior fiscalização da qualidade do
ensino (14%). Ao serem somadas as ações citadas como 1ª, 2ª e 3ª opções, a ordem de
prioridades continua a mesma: investir nos professores (55%), investir na infraestrutura
das escolas (46%), melhorar e fiscalizar a qualidade do ensino (39%), ampliar o número
de vagas nas universidades públicas (38%), ampliar o número de escolas técnicas e de
formação profissional (33%), dar mais apoio material e financeiro (28%) e mais progra-
mas de alfabetização para que os que abandonaram a escola voltem a estudar (27%).
101
Considerando-se as diferentes faixas etárias, observam-se variações significativas nas in-
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

dicações dadas ao investimento na infraestrutura das escolas e à ampliação de vagas nas


universidades públicas. Ambas são mais fortes nas faixas mais jovens, que são aqueles
que estão vivendo de forma mais presente a experiência escolar. O investimento na in-
fraestrutura das escolas foi indicado por 55% na faixa de 15 a 17 anos, 45% na de 18 a 24
anos e 42% na de 25 a 29 anos. A ampliação de vagas nas universidades públicas foi indi-
cada por 41% na faixa de 15 a 17 anos, 40% na de 18 a 24 anos e 33% na de 25 a 29 anos.

Por outro lado, as taxas de indicação de melhoria e fiscalização da qualidade do ensino


crescem conforme aumenta a renda domiciliar per capita: 32% nos estratos baixos, 39%
nos estratos médios e 47% nos estratos altos.

Ações para melhorar a situação dos jovens no trabalho

Oferecer formação profissional 37


61
Aumentar a escolaridade e a qualidade do ensino 33
45
Apoiar a entrada no mercado de trabalho 12
38
Criar mais empregos 9
25 1º lugar

Oferecer e apoiar a criação de mais estágios 3 Soma das menções


13
Oferecer orientação vocacional 3
8
Emprestar dinheiro, crédito para jovens desenvolverem negócios 2
7
Outras 0
1

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra B – estimulada.
P77. E m sua opinião, qual destas ações o governo deveria fazer em 1º lugar para melhorar a situação dos jovens no
trabalho? 1º lugar
P77. E m sua opinião, qual destas ações o governo deveria fazer para melhorar a situação dos jovens no trabalho? 1º
e 2º lugares

Quando olhamos essas indicações segundo as características de cor, renda e território


identificamos que a formação profissional é maior justamente entre aqueles com me-
nor e pior inserção no mercado de trabalho (jovens do meio rural e jovens negros). É
também mais citada pelos rapazes (65%) que pelas moças (56%) e entre os mais velhos,
tendo sido citada por 66% dos jovens na faixa dos 25 aos 29 anos.

O aumento da escolaridade e da qualidade do ensino, por outro lado, são mais citados
na área urbana (46%) que na área rural (39%), e as citações crescem conforme aumenta
a renda domiciliar per capita: 43% nos estratos baixos, 45% nos estratos médios e 59%
nos estratos altos.

As citações referentes à criação de mais empregos, ao contrário, aumentam conforme


diminui a renda: 32% nos estratos baixos, 24% nos estratos médios e 20% nos estratos
altos, indicando aqui que a demanda por ação governamental de suporte para a inserção

102
laboral se faz mais premente entre os que sofrem maiores mais dificuldades no mundo

Políticas para a juventude


do trabalho. No mesmo sentido, vemos que o apoio à entrada no mercado de trabalho é
mais citado na área rural (48%) que na área urbana (37%); e a oferta e apoio à criação de
mais estágios é mais citada pelos mais novos que pelos mais velhos: 17% (15 a 17 anos),
14% (18 a 24 anos) e 9% (25 a 29 anos).

Ex. Ex. Ex.


Brancos Negros Urbano Rural
Baixo Médio Alto
Formação profissional 32 39 36 37 34 36 40
Maior escolaridade/
melhor ensino 39 30 30 34 47 34 26
Apoiar entrada no
11 13 12 12 7 12 12
mercado de trabalho

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.

38. Ações para enfrentar a violência


No que concerne às percepções da juventude sobre como enfrentar o problema da vio-
lência, os jovens entrevistados apontam a melhoria da conduta policial e a criação de
políticas de apoio para os(as) jovens como as medidas mais importantes. Prevenir a vio-
lência letal que afeta a juventude, como apontam os dados desta pesquisa, implica criar
oportunidades de ampliação e garantia de outros direitos fundamentais para além do di-
reito à segurança pública. Oportunizar educação de qualidade, trabalho decente, acesso
ao esporte, lazer e cultura, ter direito à cidade, enfim, são elementos a considerar diante
da demanda por políticas para prevenir a exposição dos jovens à violência. O papel das
forças de segurança também é apontado pela maior parte das respostas à necessidade
de políticas para enfrentar a violência. Da qualificação de policiais ao combate à má con-
duta de profissionais da segurança e o investimento em policiamento comunitário são
percebidos como importantes para que novas perspectivas de ampliação da segurança
cidadã possam ser vislumbradas.

103
39. M
 elhor política para enfrentar a
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

violência no país
Ao observarmos as mesmas questões pelo recorte de renda, observamos que mais uma
vez o tema da conduta dos policias aparece como o mais importante. Isso indica que,
para os entrevistados, os óbitos, lesões físicas e prisões sofridas por jovens não depen-
dem apenas da conduta ou comportamento do indivíduo em questão, mas também da
abordagem dos agentes de polícia em relação a esses indivíduos.

Sem dúvida, a reincidência do tema em recortes diferentes mostra atenção e preocupa-


ção gerais com a maneira como policiais e juventude têm se relacionado no país.

Criar políticas de apoio a jovens, evitando seu envolvimento com a criminalidade 20


44
Investir na qualificação e condições de trabalho da polícia 17
38
Combater a corrupção e má conduta de policiais 16
51
Diminuir a idade penal para que adolescentes recebam as mesmas penas que adultos 12
36
Promover o desarmamento da população 10
28
Promover medidas para descriminalizar o uso de drogas 8
27
Investir no policiamento comunitário 7
27
Aumentar a capacidade de repressão da polícia e o número de prisões 4
17
Promoção de uma cultura de paz e resolução de conflitos 4
15
Investir em penas alternativas para crimes de menor gravidade 3
16
1ª lugar Soma das menções

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Base: Amostra Total A – estimulada.
P150. Em sua opinião, qual destas ações o governo deveria fazer em primeiro lugar para enfrentar a violência no país?

Outra ação
Promoção de uma cultura de paz e resolução de conflitos
Investir em penas alternativas para crimes de menor gravidade
Aumentar a capacidade de repressão da polícia e o número de prisões
Promover medidas para descriminalizar o uso de drogas
Investir no policiamento comunitário
Promover o desarmamento da população
Diminuir a idade penal para que adolescentes recebam as mesmas penas que adultos
Investir na qualificação e condições de trabalho da polícia
Criar políticas de apoio a jovens, evitando seu envolvimento com a criminalidade
Combater a corrupção e má conduta de policiais
0 10 20 30 40 50 60
Est. Alto Est. Médio Est. Baixo

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.

104
O combate à corrupção e má conduta de policiais foi mais citado na área urbana (53%)

Políticas para a juventude


que na área rural (44%), e também o foi em maior proporção pelos jovens de baixa renda
que pelos mais ricos: foi citada por 49% dos jovens nos estratos baixos de renda domici-
liar per capita, por 51% nos estratos médios e por 56% nos estratos altos. O investimento
no policiamento comunitário foi recomendado por parcelas quase idênticas de jovens
nos estratos baixos e médios de renda domiciliar per capita (26% e 27%); já nos estratos
altos, esse índice diminuiu para 19%.

A promoção do desarmamento foi mais recomendada pelas jovens mulheres (32%) que
pelos homens jovens (25%) indicando que a desconstrução da cultura de violência deve
ter uma forte inflexão na mudança de valores quanto aos estereótipos de gênero. Inte-
ressante notar que essa solução foi mais recomendada pelos pretos e pardos (31%) que
pelos brancos (24%).

Por outro lado, a diminuição da maioridade penal foi mais recomendada pelos jovens
brancos (40%) que pelos pretos e pardos (33%). Sua recomendação é maior conforme
aumenta a renda domiciliar per capita: 29% entre os jovens dos estratos baixos, 37%
entre os jovens dos estratos altos e 52% entre os dos estratos altos.

A promoção de medidas para descriminalizar o uso de drogas foi mais recomendada


pelos jovens na área rural (37%) que na área urbana (25%); e mais recomendada nos
estratos baixos de renda domiciliar per capita (31%) que nos estratos médios (26%)
e altos (22%).

105
40. Políticas de saúde
AGENDA JUVENTUDE BRASIL - Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013

No que diz respeito à percepção dos entrevistados sobre políticas de saúde voltadas para
jovens, nota-se que são todas altamente valorizadas: 90% consideraram o planejamento
familiar como muito importante, 99% têm a mesma percepção sobre a prevenção e/ou
atendimento a doenças sexualmente transmissíveis e 98% deles atribuem grande impor-
tância à prevenção e ao cuidado em relação ao consumo de drogas e álcool, enquanto
programas voltados especificamente para a juventude. Esses resultados corroboram a
hipótese de que se trata de três áreas em relação às quais os jovens apresentam uma
particular vulnerabilidade – as áreas de saúde sexual e reprodutiva e de prevenção e cui-
dado em relação ao consumo de drogas e álcool. Sabe-se que o atendimento nos centros
de saúde volta-se prioritariamente para as mulheres e as crianças, e que os jovens são
ainda pouco visibilizados como usuários, talvez por não oferecer respostas aos jovens
em suas demandas específicas.

Prevenção e/ou atendimento a doenças


sexualmente transmissíveis e Aids 97 31

Prevenção e cuidado em relação ao


consumo de álcool e drogas 94 5 2

Planejamento Familiar 90 8 1

..Muito importante ..Mais ou menos Não é importante

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ. .


Base: Amostra B – estimulada.
P83. V
 ou falar algumas políticas de saúde para jovens e gostaria de saber se, na sua opinião, elas são muito importan-
tes, mais ou menos importantes ou não são importantes.

Na avaliação das prioridades, há uma manifestação bastante consistente no sentido de


que o prioritário é aumentar o quadro dos profissionais no atendimento dos serviços
de saúde, principalmente mais médicos. Dentre as necessidades mais urgentes aponta-
das pelos jovens para os serviços de saúde, seis em cada dez entrevistados indicaram a
contratação de novos profissionais como medida mais relevante, 37% mencionaram a
melhoria na qualidade dos serviços e outros 15% salientaram a necessidade de investi-
mento em infraestrutura.

106
Prioridades para os serviços de saúde - Síntese

Políticas para a juventude


CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAIS (Mais médicos/ Dentista/Clínico geral/
Pediatra/ Ginecologista/Psicólogos) 60

SERVIÇOS (Atendimento mais rápido/ Mais medicamentos grátis/ Exames) 37


INFRAESTRUTURA (Mais equipamentos/ Ter aparelho de raio X/
Mais postos de saúde/ Mais hospitais)
16
SERVIÇO DE INFORMAÇÕES/ PALESTRAS (Sobre sexo/ Sobre drogas/
Saúde básica/ Planejamento familiar/ Educação alimentar)
2

OUTRAS GERAIS 1
NENHUM (tem todos os serviços que o jovem necessita/ o que tem é o suficiente/
sempre que precisei tinham todos os especialistas/ já tem plano de saúde) 5
NÃO SABE (não me interesso por este assunto) 13

Fonte: Agenda Juventude Brasil, 2013, SNJ.


Espontânea e múltipla, em %.
P82. P
 ensando nas suas necessidades de saúde, na sua opinião que tipos de serviços seria importante ter nos centros
de saúde que não tem atualmente?

41. Mais e melhores políticas


Vale a pena notar que, em consonância com o que se verificou nas mobilizações ocorri-
das durante este ano no país, os jovens entrevistados consideram a necessidade de mais
e melhores políticas para a resolução dos problemas que os afetam, tanto no sentido da
ampliação de repostas quanto na melhoria das respostas dadas. É interessante reparar
a importância que os jovens dão aos recursos humanos como elemento central no de-
senvolvimento das políticas sociais: na maioria dos temas pesquisados, as respostas com
maiores concentrações referem-se ao investimento nos profissionais que atendem/li-
dam com os jovens no exercício da função pública: contratação de médicos, enfermeiros
e outros agentes nos serviços de saúde; melhoria dos salários e condições de trabalho e
capacitação dos professores; capacitação e fiscalização da postura dos policiais.

107
Os dados trazidos por esta pesquisa sobre a juventude brasileira con-
firmam, em grande medida, certos traços já consolidados em diag-
nósticos realizados anteriormente e tendências já apontadas por ou-
tras pesquisas. Mas também levantam novas pistas, fornecidas não
só por novas questões exploradas, mas, sobretudo, pela possibilidade
de cruzar informações que descrevem as situações vividas com per-
cepções e opiniões dos jovens, o que nos permite levantar interpre-
tações para compor um panorama mais matizado sobre quem são, o
que pensam e querem os jovens brasileiros e, sobretudo, pensar em
respostas para compor uma agenda para a juventude para do Brasil.
OBSERVAÇÕES FINAIS
O que é comum e o que é diferente, ou desigual, entre os jo-
vens brasileiros? Os dados de perfil dos jovens entrevistados nos
permitem perceber, por um lado, a existência de grandes traços
comuns, configurando características geracionais e, por outro,
situações profundamente diferenciadas, que resultam em uma
multiplicidade de trajetórias que precisam ser consideradas, as-
sim como em desigualdades que precisam ser superadas.

A recuperação econômica e o investimento em políticas públicas nos


últimos anos alteraram significativamente a situação vivida pelos jo-
vens no país, sobretudo no que diz respeito ao acesso à educação e
ao trabalho e às condições para a participação nos processos sociais,
culturais e políticos do país. Certas concentrações nas respostas da-
das nos revelam uma geração que se destaca por ter experimentado
possibilidades muito mais amplas de inclusão e de melhoria na qua-
lidade de vida, dadas principalmente pelo avanço da escolaridade e
na renda, em que pese a persistência de situações ainda graves de
exclusão e dificuldades de acesso, como fica evidenciado na gravida-
de da situação de violência que atinge jovens negros das periferias e
no êxodo que marca a trajetória dos jovens do campo.

De qualquer modo, fica evidente que a presença da juventude ga-


nhou peso no país, tanto pela visibilidade de suas questões quan-
to pela sua participação .

Vimos, ao longo da pesquisa, como os jovens desta geração têm uma


relação com a escola muito mais ampla e consolidada que os das ge-
rações anteriores: a evolução é notável, tanto em termos de acesso
quanto de anos de escolaridade alcançada, embora ainda longe de che-
gar aos patamares desejados. Isso pode ser percebido na valorização
dada à escola e no desejo de continuar a estudar, ainda que fique claro
também o desejo de formação não se faz numa única direção, nem
num mesmo padrão de percurso: um dos dados mais interessantes da
pesquisa é que há desejo tanto de formação universitária quanto de
formação profissional, que ainda não são experiências generalizadas
para essa geração, indicando, nesse sentido, campos importantes para
avançar na garantia dos direitos. De qualquer modo, essa ampliação
é percebida como um ganho de direitos, e a possibilidade de estudar
aparece como uma das coisas mais positivas hoje no país.

109
O trabalho também se consolida como elemento central na vida
dos jovens, compondo, na mesma medida que educação, a equa-
ção fundamental por meio da qual se processa a inclusão, na tra-
jetória que os jovens seguem em direção à vida adulta: não como
etapas sucessivas, mas como dois longos percursos que se combi-
nam, ou que os jovens procuram combinar, alterando-se o peso de
um e outro elemento à medida que a idade avança. Isso se eviden-
cia na condição de atividade: a grande maioria dos jovens, a partir
dos 18 anos, independentemente da renda familiar, está no mun-
do do trabalho, trabalhando, procurando emprego ou já vivendo a
experiência do desemprego. Não por acaso, o trabalho estrutura
suas expectativas e projetos de vida: é o que gostariam que acon-
tecesse para se sentirem realizados e é também o que percebem
que pode melhorar suas vidas. Por isso mesmo aparece como um
dos principais temas tanto de interesse quanto de preocupação.

Como já se disse antes, a juventude brasileira é uma juventude


trabalhadora; porém, essa condição comporta experiências pro-
fundamente desiguais. Os dados recolhidos na pesquisa corrobo-
ram tendências já levantadas por diagnósticos anteriores: os anos
de recuperação econômoca produziram um relevante aumento da
inserção e da formalidade no emprego, inclusive para os jovens.
Apesar disso, a qualidade e estabilidade do emprego ainda são
problemas particularmente graves para o segmento, em especial
para os jovens de mais baixa renda e escolaridade, as mulheres,
os negros e moradores de áreas urbanas metropolitanas. Nesse
sentido, ainda há muito o que fazer para chegar ao que postula
a Agenda de Trabalho Decente para a Juventude, no sentido de
combinar, a partir do diálogo social, a conciliação de mais e me-
lhores estudos e vida familiar com uma inserção ativa e digna no
mundo do trabalho.

Outra experiência vivida por uma parcela significativa desta gera-


ção é uma melhoria da qualidade de vida: a maioria dos jovens
percebe sua situação social como melhor que a dos seus pais, e
são bastante otimistas com relação ao seu futuro. Um dado in-
teressante, revelado nesta pesquisa, é o de que a capacidade de
consumo não é o elemento mais valorizado, nem o que sintetiza
essa percepção de melhoria. A inclusão por meio da inserção no
mercado de trabalho e das políticas educacionais são experiências
igualmente importantes na estruturação dessa percepção.

Uma característica marcante desta geração, já amplamente cons-


tatada e divulgada, é a intensidade de sua relação com as chama-
das novas tecnologias de comunicação e informação, numa ten-
dência que se acentua velozmente: quanto mais jovem, mais forte
a relação com celular, computador e internet. Essas tendências já
transformam os padrões de informação e comunicação entre os
jovens, embora não se possa concluir que há uma substituição das
formas de sociabilidade e participação.
110
Infelizmente, é preciso apontar que há também uma dimensão
que marca com dramaticidade a experiência desta geração, que
é a violência. Além do número inaceitável de mortes de jovens
(principalmente os pretos e pobres da periferia), que nos faz per-
der vidas como se fôssemos um país em guerra, afeta profunda-
mente os que ficam vivos: metade dos jovens já perdeu alguém
próximo, na maioria das vezes outro jovem, de sua geração, de
forma violenta (por acidente ou homicídio). Evidentemente, isso
se revela nos assuntos que mais preocupam e que devem ser de-
batidos e, consequentemente, enfrentados.

Como dissemos na introdução, a juventude brasileira é grande e


diversa, e um dos primeiros recortes a ser considerado é aquele
que se produz entre as diferentes faixas etárias; sempre ganhamos
em compreensão quando a informação analisada é vista no contex-
to de uma trajetória que compreende vários percursos: formação
educacional, inserção laboral, de composição familiar, de inserção
cidadã, de construção de referências, formação de valores e opi-
niões, de definição do estilos de pensar o mundo e de agir nele.
Desse modo, é bastante diferenciada a situação dos adolescentes,
entre 15 e 17 anos, na sua grande maioria na escola e vivendo uma
relação de ainda dependência dos pais, da dos jovens que, na faixa
dos 18 aos 24 anos, estão já, na sua maioria, no mundo do trabalho;
e, por fim, daqueles que, entre os 25 e 29 anos, estão, na sua maio-
ria, assumindo as responsabilidades pela sua própria sustentação e
a dos seus filhos.

Mas outras diferenças também estruturam experiências distin-


tas da vivência juvenil, como o sexo (que por exemplo, configura
para as mulheres ritmos distintos de transição para a vida adulta e
maiores dificuldades no mundo do trabalho), cor (que ainda produz
imensas desvantagens para os negros e indígenas, como na escola-
ridade, no trabalho e na exposição a diversos tipos de discriminação
e violência), situação de domicílio (os jovens do meio rural têm, de
modo geral, maiores dificuldades de acesso às políticas públicas,
incluindo a educação) e renda (que ainda é o principal revelador
das desigualdades que estreitam os horizontes de inclusão e au-
tonomia da juventude). Fica claro, desse modo, nos resultados da
pesquisa que, apesar dos avanços notórios no sentido da inclusão,
o país ainda tem dívidas estruturais históricas,, para serem supe-
radas e situações específicas de exclusão e privação que atingem
singularmente os jovens e que precisam ser enfrentadas.

A multiplicidade de elementos que compõem a vida juvenil e a plu-


ralidade constituída pela diversidade de situações significam, em
primeiro lugar, que o que diz respeito à juventude é sempre uma
gama ampla de questões e não há apenas um grande tema que
responda às suas necessidades. Como estabelecido no Estatuto da
Juventude, sancionado em agosto deste ano (Lei 12.852, de 5 de
agosto de 2013), são declarados direitos que devem ser garantidos
111
de acordo com a especificidade dessa população o direito à cida-
dania, à participação social e política e à representação juvenil; o
direito à educação; o direito à profissionalização, ao trabalho e à
renda; o direito à diversidade e à igualdade; o direito à saúde; o di-
reito à cultura; o direito à comunicação e à liberdade de expressão;
o direito ao desporto e ao lazer; o direito ao território e à mobili-
dade; o direito à sustentabilidade e ao meio ambiente; o direito à
segurança pública e o acesso à justiça.

A vida dos jovens brasileiros remete a todos esses campos Não por
acaso, percebe-se uma diversidade de temas que os interessam e
preocupam, embora algumas questões mantenham relevância es-
pecial como o trabalho e a violência. Vale ressaltar que a visão que
os jovens têm do país, seus avanços e problemas, não é universal
Pudemos ver que há uma percepção de pontos positivos, como a
possibilidade de estudar, a diminuição da pobreza, a democracia e a
liberdade de expressão. Por outro lado, apresentam problemas gra-
ves que persistem no país, como a violência, a corrupção a desigual-
dade e o racismo. Há uma percepção de avanços que constroem
uma experiência e uma expectativa de vida melhor; porém indicam
uma série de desafios que precisam ser vencidos, como a qualida-
de da educação, a oferta de formação profissional, mecanismos de
inserção e garantia no trabalho, atendimento de saúde e ações de
segurança que não vitimizem ainda mais os próprios jovens.

Pudemos ver também que parcela significativa dos jovens entre-


vistados desenvolveu uma noção de direito associado às políticas
públicas, e que a experiência vivida por essa geração se apoia tan-
to na ampliação da capacidade de consumo quanto na vivência de
ações e espaços públicos. Indiscutivelmente, há um crescimento
da experiência de vivência democrática e da expressão da opinião
sobre o uso dos recursos públicos na configuração das políticas.
Os jovens apontam a necessidade de criação de mais ações de go-
verno para a resolução de suas questões, e indicam prioridades,
todas apontando para um alargamento da agenda de respostas e
qualificação do atendimento.

Prefigurando o que o país assistiria um mês depois das entrevis-


tas realizadas, com as manifestações de junho, os jovens demons-
tram, por meio de várias respostas, a disposição de participar do
debate e de interferir nos rumos do país. As respostas revelam o
reconhecimento da importância da politica , o alto interesse de
engajamento em eleições, a valorização das diferentes formas de
atuação política para além dos processos eleitorais, revelado no
dado que seis em cada sete jovens declaram que participam, já
participaram ou gostariam de participar de coletivos e movimen-
tos sociais. A pesquisa revela fortes indicativos do potencial que
tem a juventude de contribuir para a transformação do país e para
a oxigenação da vida democrática. Construindo uma agenda da
juventude para o Brasil por mais e melhores políticas públicas.
112
Secretaria Nacional de Juventude
www.juventude.gov.br

Secretaria-Geral da Presidência da República


www.secretariageral.gov.br

Secretaria Nacional de Secretaria-Geral da


Juventude Presidência da República

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