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Desenvolvimento
O pressuposto subjectivo do ato é, neste contexto, sempre vinculado, uma vez que a
capacidade e a competência decorrem do ordenamento, incidente em dada realidade.
Malgrado possa ser necessário algum esforço hermenêutico em algumas
circunstâncias, por meio de processo interpretativo, é possível reconhecer a quem
compete expedir o ato.
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2. A delegação de competência na esfera administrativa
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não se identifica vício no sistema que permite a delegação de um agente superior em
face de outro inferior.
Actualmente, não só no âmbito federal, mas na maioria dos Estados e Municípios que
possuem legislação de processo administrativo, tem-se primazia da regra que fixa a
delegação como possibilidade somente passível de restrição se houve norma específica
limitadora ou proibitiva. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver
impedimento legal, delegar parte de sua competência a outros órgãos ou titulares,
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, económica, jurídica
ou territorial.” A esse respeito, invoca-se a ideia geral de que decorre da própria
hierarquia administrativa o poder de delegar competências. Outrossim, exigir lei
específica que autorize um superior a transferir parte da sua responsabilidade ao
inferior inviabilizaria o próprio funcionamento da Administração Pública. Não se
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coaduna com o trâmite demorado do processo legislativo a celeridade inerente à
execução das competências administrativas. Se, para que cada órgão ou autoridade
pública pudesse delegar parcela das suas funções a um subalterno fosse necessária
aprovação de lei pelo Congresso Nacional, Assembleia Legislativa ou Câmara de
Vereadores, não raras vezes estaria inviabilizada a própria actuação da Administração.
A delegação de competências deixa de ser, assim, instituto decorrente exclusivamente
do poder hierárquico para, além de tal feição, assumir contornos de mecanismo
excepcional de alteração de competência, se presentes as exigências normativas e
ausentes as vedações legais.
Em excelente obra sobre a matéria, o juiz português José Cândido de Pinho, ao tratar
da natureza jurídica da delegação, afirma que o delegante não perde seus poderes ao
atribuir sua execução ao delegado. Outrossim, não se trata de autorização, nem
mesmo de uma competência imperfeita tornada perfeita com o ato de delegação, mas
“o que subjaz à delegação é um espírito de eficiência do aparelho administrativo, em
que a habilitação surge talhada para servir propósito desconcentracionistas,
permitindo que, perante dada carga de serviço concentrada num só órgão, outro possa
aliviar no exercício da tarefa”, motivo por que conclui:
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4. Conclusão:
Para com concluir digamos que sem norma constitucional ou legal específica e sem
que haja ato específico da autoridade competente que regularmente atribua a
execução da competência a terceiro, é mister observar a titularidade originária das
atribuições, tal como previsto no ordenamento, em sua integralidade. Em outras
palavras: não será lícita qualquer actividade realizada por outro agente público que
não o órgão originariamente competente, se não houver autorização expressa, seja em
ato normativo, seja em ato administrativo concreto, capaz de fundamentar a
actividade do subalterno ou terceiro.
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BIBLIOGRAFIA
[1]ARAÚJO, Edmir Netto de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005.
p. 435-436.
[4] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 15ª ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 93.
[6] AMARAL, Diogo Freitas do. Curso de direito administrativo. 2. ed. 11. reimp. ed.
1994. Coimbra: Almedina, 2006. v. 1, p. 664.
[7] AMARAL, Diogo de Freitas do. Curso de direito administrativo. v. 1. , op. cit., p. 660.
[8] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo, op. cit., p. 93.
[13] PINHO, José Cândido de. Breve ensaio sobre a competência hierárquica. Coimbra:
Almedina, 2000. p. 12-13; 146-147.
[14] AMARAL, Diogo Freitas do. Curso de direito administrativo. v.1, op. cit., p. 684.
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[15] ENTRENA CUESTA, Rafael. Curso de derecho administrativo. 13ª ed. Madrid:
Tecnos, 1999. v.1/I. p. 74.
[16]AMARAL, Diogo Freitas do. Curso de direito administrativo, v.1, op. cit., p. 684.