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Módulo: 11
SISTEMA POLÍTICO PARTIDÁRIO
Aula 01
Inicialmente, é importante mencionar que os partidos políticos
representam a base do que chamamos no Brasil de democracia
representativa, pois ninguém se candidata ao mandado eletivo sem que
esteja filiado a um partido político. Ou seja, pelo menos atualmente, a
candidatura avulsa não é algo discutido no Brasil.
E qual a natureza jurídica desses partidos?
Aula 02
Em novembro de 2020, pouco tempo antes das eleições, a questão
relativa a candidatura avulsa foi questionada perante o Supremo Tribunal
Federal.
Ainda:
‘’A discussão atual sobre as candidaturas
independentes se insere num contexto maior, de crise
de representatividade política, evidenciada pela
insatisfação generalizada com o funcionamento da
democracia, pela falta de confiança da população nas
instituições democráticas, em especial os partidos
políticos, e pela sensação dominante de que os eleitos
não representam aqueles que os elegeram.14 De
acordo com diversos estudiosos do assunto, a crise de
representatividade, por sua vez, é apenas um dos
elementos de um fenômeno ainda mais amplo: a crise
da democracia liberal.15 Diante desse quadro, alguns
defendem o aprofundamento ou a radicalização da
democracia como única alternativa para fazer frente a
essa conjuntura,16 enquanto outros questionam se a
democracia continua sendo viável ou se ainda é a
melhor forma de governo.17 Analisando esse cenário a
partir de dados estatísticos, o sociólogo espanhol
Manuel Castells (2018, p. 7-10) afirma que a crise de
representatividade política, que se verifica em quase
todos os países democráticos, levou a uma ruptura na
relação entre governantes e governados, provocando o
colapso gradual da democracia liberal como modelo
político de representação e governança. O autor
salienta que “[m]ais de dois terços dos habitantes do
planeta acham que os políticos não os representam,
que os partidos (todos) priorizam os próprios interesses,
que os parlamentos não são representativos e que os
governos são corruptos, injustos, burocráticos e
opressivos” (CASTELLS, 2018, p. 14). Em outro trecho,
o sociólogo explica de forma mais detalhada como os
partidos políticos se afastaram dos cidadãos em geral,
que com isso se veem sem acesso ou com acesso
muito limitado aos cargos de representação política
(CASTELLS, 2018, p. 12-13): Se for rompido o vínculo
subjetivo entre o que os cidadãos pensam e querem e
as ações daqueles a quem elegemos e pagamos,
produz-se o que denominamos crise de legitimidade
política; a saber, o sentimento majoritário de que os
atores do sistema político não nos representam. Em
teoria, esse desajuste se autocorrige na democracia
liberal com a pluralidade de opções e as eleições
periódicas para escolher entre essas opções. Na
prática, a escolha se limita àquelas opções que já estão
enraizadas nas instituições e nos interesses criados na
sociedade, com obstáculos de todo tipo aos que tentam
acessar uma corriola bem-delimitada. E pior, os atores
políticos fundamentais, ou seja, os partidos, podem
diferir em políticas, mas concordam em manter o
monopólio do poder dentro de um quadro de
possibilidades preestabelecidas por eles mesmos. A
política se profissionaliza, e os políticos se tornam um
grupo social que defende seus interesses comuns
acima dos interesses daqueles que eles dizem
representar: forma-se uma classe política, que, com
honrosas exceções, transcende ideologias e cuida de
seu oligopólio. Além disso, os partidos, como tais,
experimentam um processo de burocratização interna,
predito por Robert Michels desde a década de 1920,
limitando a renovação à competição entre seus líderes e
afastando-se do controle e da decisão de seus
militantes. E mais, uma vez realizado o ato da eleição,
dominado pelo marketing eleitoral e pelas estratégias de
comunicação, com escasso debate e pouca participação
de militantes e eleitores, o sistema funciona
autonomamente em relação aos cidadãos. No Brasil, há
amplo consenso no tocante à situação fática narrada no
RE 1.238.853/RJ a respeito dos partidos políticos, como
demonstram as decisões judiciais já proferidas no
referido processo. No acórdão proferido pelo TRE/RJ, o
relator do recurso assinalou que “não há como discordar
dos recorrentes quando afirmam que passamos por um
momento de profunda crise política, de
representatividade, de descrença nos poderes
constituídos e de subversão da democracia partidária”
(p. 12). No acórdão em que o STF reconheceu a
repercussão geral da questão discutida no RE
1.238.853/RJ, o relator, Ministro Luís Roberto Barroso,
menciona a “profunda crise de credibilidade do sistema
político”, agravada pelo impasse na aprovação da
reforma política pelo Congresso Nacional (p. 6), e o
“relevante e preocupante descolamento entre a classe
política e a sociedade civil” (p. 19), resumindo da
seguinte forma a situação em que se encontram os
partidos políticos brasileiros (p. 10): A crise de confiança
que se instalou atinge inclusive os partidos políticos. As
agremiações com maior expressão no cenário nacional
tiveram membros citados em colaborações premiadas e
denunciados em escândalos de corrupção. Pesquisas
de opinião indicam que o grau de confiança dos
cidadãos nos partidos políticos é atualmente baixíssimo.
E levantamentos empíricos da ONG Transparência
Brasil sugerem que o domínio familiar sobre os partidos
se encontra em ascensão, tornando menos acessível ao
cidadão comum a candidatura política por meio dessas
instituições. As justificações das PEC’s em tramitação
no Congresso Nacional também corroboram o suporte
fático do recurso extraordinário em questão. Na PEC nº
6/2015, subscrita por 26 senadores (aproximadamente
1/3 do total), a exigência de filiação partidária é
apontada como um impedimento ao exercício pleno da
cidadania e uma forma de fortalecimento de “máquinas
partidárias que nem sempre estão ao serviço do bem
comum, mas, em muitos casos, operam em defesa de
interesses privados, nem sempre legítimos”,
contribuindo para que a política cause repulsa aos
cidadãos bem intencionados. E tanto na referida PEC
como nas outras já citadas neste artigo, a autorização
das candidaturas independentes é defendida como
medida que, ao permitir a participação de todo cidadão
na disputa eleitoral, contribuiria para reforçar o
envolvimento dos cidadãos com as questões políticas e
administrativas da sociedade, além de favorecer a
renovação da classe política e a participação de
integrantes de movimentos sociais e de minorias. Por
outro lado, várias são as críticas feitas às candidaturas
avulsas. A principal delas é de que admiti-las
favoreceria o personalismo e o individualismo na
política. Hoje, porém, a escolha pelos eleitores já se dá
principalmente pelas características pessoais de cada
candidato e não pelo programa partidário, já que a
maioria dos partidos não tem consistência ideológica.
Além disso, as candidaturas desvinculadas de partidos
políticos não significam, necessariamente, que os
candidatos independentes não estejam inseridos em um
grupo de representação política. Como destaca Peza
(2007, p. 618), a atividade política não se desenvolve
apenas no seio dos partidos políticos, mas também em
outros agrupamentos da sociedade civil. Atualmente,
cresce cada vez mais a quantidade e a importância de
movimentos sociais com atuação política que não são
organizados na forma partidária e não são vinculados a
nenhum partido. Outra crítica muito comum é de que as
candidaturas independentes enfraqueceriam os partidos
e, assim, a própria democracia, já que a
institucionalização da política, levada a efeito por meio
dos partidos políticos, é um dos elementos mais
importantes para o sucesso e a sobrevivência do regime
democrático. O objetivo da admissão das candidaturas
independentes é, no entanto, justamente o oposto: o
fortalecimento dos partidos que se dedicarem a
robustecer seu caráter programático e sua relação com
as bases e os eleitores em geral, em razão da
necessidade de atrair filiados para se candidatarem.
Percebe-se, assim, que o pleito de admissão das
candidaturas independentes se insere na busca por
novas formas de tornar efetiva a participação popular no
poder, como meio de revitalizar e fazer avançar o
regime democrático, o que é especialmente importante
diante do cenário atual de esvaziamento e retrocesso da
democracia. As candidaturas independentes são uma
forma de possibilitar que o cidadão tenha acesso aos
cargos políticos sem ter de se submeter a “regras e
ordens hierárquicas favoráveis à perpetuação do poder,
as quais são inevitáveis nos partidos, como bem o
atestou, há mais de um século, Michels” (BARRETO,
2018, p. 215).’’ (Revista Justiça Eleitoral em Debate - v.
10. n. 1)
Importante entender o que as candidaturas avulsas implicariam se
passassem a serem aceitas:
Hoje observa que muita dessas fundações estão servindo de método para
lavagem de dinheiro, dinheiro público, inclusive, que, mesmo se descoberto, não se
encaixa na lei de improbidade administrativa. Segunda a Lei de Improbidade, essas
questões de desvio de verba devem ser tratadas a luz da Lei 9096/95.
Essa disposição soa ao absurdo pois, ainda que os partidos políticos sejam
pessoas de direito privado, estamos tratando de desvio de verba pública que
acarreta ou enriquecimento ilícito ou causando danos ao erário (danos aos cofres
públicos). Nesse sentido, o artigo supramencionado teve sua eficácia suspensa em
27/12/2022 – através de uma decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes,
que suspendeu a eficácia de 6 artigos da Lei de Improbidade.
Ou seja, de outubro de 2021 a dezembro de 2022, desvio de verbas públicas
verificado em partidos e fundações não configuraram ato de improbidade (período
que exatamente tivemos as eleições).
Aula 03
Uma das vertentes do pluralismo político que é garantido pela
Constituição Federal de 1988 é o pluralismo partidário, que é positivo ao
longo do artigo 17 da Constituição Federal.
Antes da Constituição de 1988 haviam apenas dois partidos: o partido
da situação e da oposição, sendo que apenas esses dois partidos não davam
conta de contemplar todas as vertentes de pensamento até então existente.
Por essa razão que a partir da Constituição de 1988 o pluralismo político
passou a ser previsto.
Porém, não se podia prever que o pluralismo político ia se desdobrar
em 32 partidos políticos. Atualmente o partido político é a melhor aplicação
financeira do mercado, com acesso a fundos eleitorais e isenção de
impostos, como visto.
É necessário entender agora sobre a criação dos partidos políticos, as
etapas que as agremiações precisam passar até que se consolidem como
pessoas jurídicas de direito privado e para que possam participar das
eleições.
O primeiro item a ser observado é que a criação de partidos políticos
se dá de forma livre, o que configura a autonomia que essas pessoas
jurídicas têm. Mas atenção: a criação é livre, desde que sejam
respeitados/observados os princípios e valores constitucionais previstos ao
longo do artigo 17 da CR/88:
Aula 04
Ao nível da lei 9096/95 serão analisados os artigos que preveem os
requisitos necessários que devem ser seguidos pelos partidos políticos:
Até pouco tempo atrás o pedido era dirigido apenas para Brasília,
agora é para o local de sua sede. Esse pedido tem que vir a ser instruído
com a assinatura dos seus fundadores, com no mínimo 101 e em 1/3 dos
Estados (9 dos Estados) de forma a assegurar o mínimo de
representatividade.
AULA 2
A partir de agora serão observadas algumas outras questões sobre a
autonomia dos partidos políticos.
Essa segunda parte da autonomia diz respeito à possibilidade dos
partidos políticos celebrarem fusões, incorporações, coligações, federações
partidárias e, ainda, decidirem quando querem parar de existir.
AULA 3 e 4
Se ao nível nacional pode ocorrer algo, ao nível estadual poderá ter
outra realidade, sendo que se o artigo supramencionado prevalecer trará
prejuízos para a esfera estadual e municipal.
A autonomia para celebração de federação partidária teve início nas
eleições de 2022.
Por fim, ainda temos a autonomia para extinção dos partidos políticos.
Os partidos têm autonomia para determinar o período pelo qual deixarão de
existir.
AULA 1
O que seriam as convenções partidárias?
A teor do contido no inciso I, é impossível cogitar que alguém se
candidate por um partido sem que o nome esteja aprovado pela convenção
partidária. Essa regra vale para aqueles que vão concorrer para sistema
majoritário ou proporcional.
Quanto ao inciso II, é preciso lembrar que os partidos que se unem
não deixam de existir. A coligação acontece para cargos majoritários.
Nessa pauta de convenções também deve estar as propostas de fusão
e incorporação, pois são processos de caráter permanente e definitivo.
O período que essas convenções deverão ser realizadas tem previsão
no art. 8º, da Lei 9.504/97:
AULA 2
As convenções partidárias são instâncias de deliberações dos
partidos. Até pouco tempo atrás as convenções se realizavam durante o mês
de junho, agora o período de realização foi adiantado, conforme artigo
supramencionado e ocorre durante 16 dias.
O instrumento que registra todas as decisões tomadas nas
convenções devem ser lavradas em atas e rubricada pela justiça eleitoral:
Ou seja,
AULA 3
Em que local as convenções devem ser realizadas? Isso fica ao livre
critério das convenções. Deve figurar o bom senso, mas em caso de bens
particulares pode ser em qualquer lugar.
Já quando se trata de bens públicos, pode ter problemas.
AULA 4
Se as regras das propagandas são tão claras, porque alguns insistem
em descumprir? É porque fazem uma equação custo-benefício: sou um
candidato a primeira vez, ninguém me conhece e, então, vou usar esses 15
dias para expor meu nome ao maior número de pessoas. A sanção é uma
multa, que chega ser irrisória para os partidos.
Normalmente, quem pede o registro são os partidos e coligações, com
a cópia da ata da convenção partidária.
Propagandas para prévias também são permitidas, nos mesmos
moldes das propagandas das convenções.
AULA 1
Pelo calendário eleitoral, o registro de candidatura é o próximo passo
das eleições. A aprovação do nome na convenção partidária não transforma
o indivíduo em candidato – ele apenas cumpriu uma primeira etapa que
depende ainda de confirmação ou não através do registro.
Art. 16. Até vinte dias antes da data das eleições, os
tribunais regionais eleitorais enviarão ao Tribunal
Superior Eleitoral, para fins de centralização e
divulgação de dados, a relação dos candidatos às
eleições majoritárias e proporcionais, da qual constará
obrigatoriamente a referência ao sexo e ao cargo a que
concorrem. § 1º Até a data prevista no caput, todos os
pedidos de registro de candidatos, inclusive os
impugnados e os respectivos recursos, devem estar
julgados pelas instâncias ordinárias, e publicadas as
decisões a eles relativas. § 2º Os processos de registro
de candidaturas terão prioridade sobre quaisquer
outros, devendo a Justiça Eleitoral adotar as
providências necessárias para o cumprimento do prazo
previsto no § 1º, inclusive com a realização de sessões
extraordinárias e a convocação dos juízes suplentes
pelos tribunais, sem prejuízo da eventual aplicação do
disposto no art. 97 e de representação ao Conselho
Nacional de Justiça. (LEI 9504/97)
Além da
estabelecidos.
Como regra geral, as idades devem ser comprovadas até a data da
posse. A única exceção é para Vereador, que deve ser comprovada na data
de pedido do registro de candidatura.
Após entender os requisitos para o registro estabelecidos na
Constituição Federal, é preciso verificar os outros requisitos apresentados
pela lei:
AULA 2
Para lembrar: em matéria eleitoral, cada turno é considerado uma
eleição à parte.
AULA 4
Hipóteses de inelegibilidade:
STJ
Penhora de verba do fundo partidário – serviços prestados de
publicidade e marketing – impossibilidade – recursos públicos “2. O art.
833, XI, do CPC/2015 impõe a impenhorabilidade absoluta das verbas
públicas integrantes de fundos partidários destinadas ao financiamento
eleitoral. 3. Uma vez reconhecida a natureza pública dos recursos
destinados ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha, criado pela
Lei nº 13.488/2017, esse patrimônio passa a ser protegido de qualquer
constrição judicial. 4. Os partidos políticos dispõem de orçamento próprio,
oriundo de contribuições de seus filiados ou de doações de pessoas físicas,
que são passíveis de penhora.” REsp 1.800.265/MS
STF
Ação direta de inconstitucionalidade – publicidade estatal – caráter
educativo, informativo ou de orientação social “1. A autorização do § 5º
do art. 22 da Lei Orgânica para que cada Poder do Distrito Federal defina,
por norma interna, as hipóteses nas quais a divulgação de ato, programa,
obra ou serviço públicos não constitui promoção pessoal desconforma-se
com o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição da República. 2.
Interpretação conforme à Constituição da República do § 6º do art. 22 da Lei
Orgânica do Distrito Federal para que a divulgação de iniciativa de ato,
programa, obra ou serviço público de que o parlamentar seja autor se realize
com a finalidade exclusiva de informar ou educar e apenas pelos canais do
próprio mandatário ou partido político, não se admitindo a sua confusão com
a publicidade do órgão público ou entidade.” ADI 6522/DF
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANDIDO, Joel José. Direito Eleitoral Brasileiro. 13. ed., rev. atual. e ampl.
Bauru: Editora Edipro, 2008.
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 7. ed. ver. atual. e ampl. São Paulo:
Editora Atlas, 2011.