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PÓS-GRADUAÇÃO

Módulo: 11
SISTEMA POLÍTICO PARTIDÁRIO

TEMA 01 – PARTIDOS POLÍTICOS – PARTE I

Aula 01
Inicialmente, é importante mencionar que os partidos políticos
representam a base do que chamamos no Brasil de democracia
representativa, pois ninguém se candidata ao mandado eletivo sem que
esteja filiado a um partido político. Ou seja, pelo menos atualmente, a
candidatura avulsa não é algo discutido no Brasil.
E qual a natureza jurídica desses partidos?

Art. 1º O partido político, pessoa jurídica de direito


privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime
democrático, a autenticidade do sistema representativo
e a defender os direitos fundamentais definidos na
Constituição Federal. (LEI 9.096/95)

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: (…) V -


os partidos políticos. (CÓDIGO CIVIL)

Se são pessoas, os partidos se apresentam como sujeitos de direitos e


obrigações, sendo dotados de personalidade jurídica. Os partidos políticos
são pessoas jurídicas de direito privado, não se submetendo ao sistema da
administração pública (como, por exemplo, o caput do art. 37 da CR/88).
Ainda, por ser pessoa jurídica de direito privado, os partidos políticos são
dotados de capacidade processual (legitimidade para estar em juízo – para
propor e sofrer medidas judiciais).

Como narrado no conceito legal de partidos políticos, esses


representam a pedra angular do sistema representativo, pois sem filiação a
eles ninguém poderá se candidatar a um mandado político. Nenhum partido
político poderá ter seu estatuto registrado se ali estiver prevendo algum tipo
de discriminação, e, por via de consequência, impedirá que o partido exista
como pessoa jurídica.
E qual é a importância dessas filiações?

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio


universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante: (…) § 3º São
condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a
nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos
direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o
domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação
partidária; Regulamento VI - a idade mínima de: a) trinta
e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
República e Senador; b) trinta anos para Governador e
Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c)
vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
paz; d) dezoito anos para Vereador.

Ou seja, quando se estabelece as condições de elegibilidade está


aduzindo acerca das condições para alguém se candidatar e, se eleito,
representar os interesses do titular do poder (povo). Faz parte da democracia
representativa que é uma garantia constitucional.
Nesse sentido:

As agremiações partidárias, como corpos intermediários


que são, posicionando-se entre a sociedade civil e a
sociedade política, atuam como canais
institucionalizados de expressão dos anseios políticos e
das reivindicações sociais dos diversos estratos e
correntes de pensamento que se manifestam no seio da
comunhão nacional. (BRASIL, 2007).

A necessidade de filiação partidária é importante para que o povo seja


representado e, essa filiação, precisa ser registrada em até 6 (seis) meses
antes das eleições:

Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá


possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição
pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida
pelo partido no mesmo prazo. (Redação dada pela Lei
nº 13.488, de 2017).
Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de
partidos após o prazo estipulado no caput, será
considerada, para efeito de filiação partidária, a data de
filiação do candidato ao partido de origem.

Aula 02
Em novembro de 2020, pouco tempo antes das eleições, a questão
relativa a candidatura avulsa foi questionada perante o Supremo Tribunal
Federal.

‘’Declaro aberta esta audiência pública, em que será


discutido o tema complexo das candidaturas avulsas,
trazido ao Supremo Tribunal Federal numa ação
concreta que é o Recurso Extraordinário 1.054.490. O
Plenário do Tribunal reconheceu repercussão geral a
essa matéria, o que significa dizer que entende ser um
tema com relevância suficiente para ser debatido pelo
Plenário. Há muitas questões a serem discutidas. Eu
destacaria três delas: A primeira, e talvez essencial, é a
discussão acerca de ser, ou não, papel do Supremo
Tribunal Federal se pronunciar sobre este tema, o que
reconduz à tradicional fronteira entre o Direito e a
Política - saber se nós estamos aqui fazendo uma
interpretação constitucional do princípio democrático, ou
se estamos diante escolhas políticas que cabem ao
Parlamento. Como em uma democracia nenhum tema é
tabu, também este está aberto à discussão. O segundo
é o mérito da questão: saber se é indispensável para o
País a filiação partidária para fins de candidaturas, se
isso é bom e fortalece a democracia, ou se isso significa
uma reserva de mercado para partidos que muitas
vezes não têm democracia interna. A posição deste
Tribunal - pelo menos deste Relator - neste momento é
nenhuma. Portanto, o meu papel aqui é
verdadeiramente vazio de convicções prévias e de total
disponibilidade intelectual para ouvir todos os
argumentos que serão postos aqui. (…) O primeiro
deles está relacionado com a própria dinâmica do
sistema eleitoral brasileiro. No âmbito do sistema
proporcional, o Supremo Tribunal Federal tem
assentado - pelo menos desde que decidiu as questões
de fidelidade partidária - que o sistema proporcional
confere primazia, proeminência, aos partidos políticos.
Existe um protagonismo dos partidos políticos em nosso
sistema eleitoral proporcional. Isso foi paulatinamente
sendo reiterado em diversos outros julgados desta
Suprema Corte. Parece-nos que o Supremo Tribunal
Federal deva exatamente, ao apreciar isso, tentar
esquadrinhar como compatibilizar a questão das
candidaturas avulsas: se é possível ou não, se o nosso
arranjo constitucional autoriza ou não, se é possível
extrair interpretação constitucional que autorize as
candidaturas avulsas e fazer cotejo com aquilo que a
biografia judicante do Tribunal vem decidindo em
matéria político-eleitoral. Esse é o primeiro aspecto que
consideramos relevante: como esquadrinhar isso? No
âmbito das candidaturas, no sistema eleitoral
majoritário, trago reflexão de um livro de que gostei
muito quando li: Como as Democracias Morrem. Os
autores ali fazem uma análise geral de como há o
enfraquecimento paulatino das instituições, como elas
são corroídas e deterioradas. Ali, eles colocam
expressamente que os partidos são guardiões da
democracia, de modo que podem evitar - têm papel
importante, inclusive - que determinados candidatos, um
pouco mais extremados - digamos assim - de viés
político, consigam auferir determinados cargos políticos
eletivos. políticos serviriam de espécie de obstáculo.
Nesse livro, Como as Democracias Morrem, existe o
diagnóstico de que os partidos políticos são centrais no
fortalecimento das instituições democráticas. Outro
ponto importante, avançando aqui, é que nosso arranjo
de distribuição do fundo partidário, do fundo especial de
financiamento de campanhas, todo ele é centrado na
representatividade do partido no Congresso Nacional,
seja por meio da votação dada ao partido na Câmara,
seja pelo número da bancada de Senadores, seja pelo
número do partido na bancada na Câmara dos
Deputados. Eventual pronunciamento talvez tenha que
rediscutir isso. O regime de financiamento desses
candidatos avulsos seria como? É preciso mexer na
legislação. Quais seriam os limites de um
pronunciamento simplesmente dizendo que é possível
autorizar? Como a gente faz para financiar esse
candidato? Sabemos que a questão do financiamento
de campanhas é muito relevante em nosso modelo,
sobretudo após a decisão do Supremo Tribunal Federal
que proibiu a doação de pessoas jurídicas para
campanhas eleitorais. Além disso, a própria distribuição
do tempo de propaganda eleitoral também encontra,
como critério de distribuição, a representatividade no
Congresso Nacional. Aqui também é preciso verificar:
qual tempo seria franqueado a um candidato
independente dentro do nosso regime jurídico de
distribuição de tempo de TV? O texto não proíbe que se
erija, que se estatua, a filiação partidária como condição
de elegibilidade como faz o Texto Constitucional
brasileiro. Ao que parece, a análise dos precedentes
denota amplo espaço de conformação político-
legislativa ao Estado para que ele - dependendo,
naturalmente, das opções políticas que adote - estatua
ou não regime de obrigatoriedade de filiação partidária
ou de candidaturas avulsa. Há um texto bem
interessante da Professora Marilda Silveira que diz
exatamente isto: que não há - não se extrai, pelo menos
- imposição por parte dos órgãos internacionais das
Cortes internacionais que já se debruçaram sobre o
tema - tem, pelo menos, três precedentes da Corte
Interamericana -, exigência de candidatura
independente, mas sim que isso fica em um espaço de
conformação do legislador. (…) A separação dos
Poderes, naturalmente, é princípio da democracia e
princípio cautelar, princípio de prudência da democracia.
Acho que, quando um Poder exerce bem suas
atribuições e as exerce legitimamente, pode fazê-lo da
melhor maneira, ou não. Mas quando um Poder exerce
atribuições que não são exatamente suas, dá sempre
espaço de ruído constitucional, e isso é bom de ser
evitado. A Assembleia Nacional Constituinte, fruto do
processo democrático e da Emenda Constitucional nº
25, a Carta anterior definiu, e o fez legitimamente, em
seu art. 14, § 3º, V, que a filiação partidária é condição
de candidatura. O mérito disso há de ser julgado. Este
Supremo discutiu matéria correlata nos autos da Ação
Direta de Inconstitucionalidade 815, quando se discutia
a questão do princípio versus regra, que é questão de
hermenêutica constitucional da maior relevância. O
Governador do Estado do Rio Grande do Sul
questionou, perante o Supremo, que o princípio da
igualdade do voto - princípio constitucional - não era
respeitado quando se repartia, entre os estados, a
representação na Câmara dos Deputados. De fato, o
legislador constituinte originário excepcionou ao
estabelecer um piso de representação dos estados
elevado e um teto relativamente baixo. Esta Corte, em
1996, nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade
815, disse que não cabe ao STF a função de substituir o
legislador constituinte originário, e que, por isso, a regra
que impunha restrição ao princípio deveria prevalecer: a
regra que instituía o piso e o teto da representação dos
estados na Câmara dos Deputados. (…) Senhor
Ministro e Senhores Expositores, a princípio - naquilo
que leciona Dworkin, quando diferencia casos difíceis e
casos fáceis -, estaríamos diante de um caso fácil,
tendo em vista que a jurisprudência, a doutrina e até a
opção do constituinte originário são no sentido de trazer
os partidos políticos como corpo intermediário da
democracia. Seria, se a democracia não fosse um
debate aberto, não fosse uma construção contínua, da
qual todos devem e podem fazer parte. Nossa
exposição se baseará basicamente em três premissas,
quais sejam: primeira, o caso das candidaturas avulsas
não revela lacuna constitucional, mas opção constituinte
pela mediação dos partidos políticos nas candidaturas
para cargos eletivos; segunda, o ordenamento jurídico
brasileiro está baseado na mediação dos partidos
políticos, de modo que entender reduzir seu papel
implica subverter a ordem constitucional estabelecida;
terceira, a implementação ou não de candidaturas
avulsas no ordenamento jurídico brasileiro exige debate
político que foge da competência do Poder Judiciário.
De fato, haveria dificuldade, como se demonstrará a
seguir, no funcionamento parlamentar, mediante
candidaturas avulsas, tendo em vista o sistema de
funcionamento do parlamento brasileiro, que se funda
em bancadas. Todas as opções são feitas a partir de
bancadas: eleições de Mesas, composições de
comissões, o tempo de fala de cada um em Plenário,
inclusive o número de destaques que podem ser feitos
em cada matéria em debate no Plenário. Todos se
baseiam no tamanho da bancada, evidentemente
privilegiando a opção feita pelo legislador constituinte -
que é da nossa experiência democrática - de se basear
em sistemas majoritários, ainda que proporcionais. A
democracia frequentemente se depara com a
necessidade de contar cabeças, de examinar maiorias e
minorias. Nesse papel, é imprescindível a intermediação
dos partidos políticos, sob pena de se estar diante do
que Nadia Urbinati, brilhante Professora de Ciência
Política de Columbia, quando compara as candidaturas
avulsas, nos dias de hoje, à democracia antiga, de
Atenas ainda, chama de democracias de auditório as
democracias baseadas em candidaturas avulsas. Se
haveria dificuldades no funcionamento parlamentar,
diante de candidatos que não pertencem a bancadas,
que defendem ideias próprias - embora antecedidas por
debate -, teremos a mesma dificuldade com relação aos
cargos do Poder Executivo. Como seria o
relacionamento de um prefeito, de um presidente, de um
governador, eleito por candidatura avulsa, com um
parlamento formado por bancadas partidárias? Como
seria a formação dessa base? Mesmo que se fale, hoje,
em governos de coalizão, que se perceba a radiografia
que se faz, no momento em que as urnas se
manifestam e que fica expresso, pelo povo, quem é
situação e quem é oposição, mais adiante, vai-se ver
que este mesmo retrato não se configura, tendo em
vista a migração de quem era oposição para a situação,
e de quem era situação para a oposição. Ainda assim
seria uma convivência tormentosa, porque não haveria
uma base de apoio legitimamente formada, ou seja,
formada pelo povo. Adentrando ainda na
fundamentação do peticionante e do requerente: a
invocação de tratados internacionais que estariam
sendo desatendidos pela Constituição. Também não
nos parece que se precise fazer uma longa digressão.
Esta Corte já se manifestou, pelo menos em três
oportunidades, a respeito do tema, ao dizer que o Pacto
de São José da Costa Rica não pode produzir efeito
paralisante, efeito obsedante, sobre a nossa
Constituição, tendo em vista que, claramente, tem
natureza supralegal. Se se quer dizer que a ausência de
candidaturas avulsas é inconvencional, teríamos quer
dizer a mesma coisa, a mesmíssima coisa, embora em
argumento contrário, a respeito da Lei da Ficha Limpa.
Aliás, pode-se ir mais além e dizer que, inclusive, quase
toda a 64/90, a chamada Lei das Inelegibilidades,
também o seria. O Pacto de São José da Costa Rica, no
art. 23, II, traz um rol de possibilidades em que os
Estados-Nação, os Estados nacionais, podem limitar o
exercício de direitos políticos. Ali não está incluída
absolutamente a impossibilidade de candidaturas
avulsas, mas também não está prevista a possibilidade
de se limitar o direito jus honorum com base na
condenação cível, na condenação administrativa, ou até
mesmo em atos lícitos como, por exemplo, a renúncia
de mandatos. Obviamente essa análise pode ser feita
por qualquer estudioso, não se traz aqui nenhuma
novidade, mas, ao se analisar a Lei nº 64/1990, a Lei da
Ficha Limpa - que este Supremo já declarou
constitucional e convencional em oportunidades
próprias -, vai-se ver que a Convenção apenas prevê a
condenação de natureza penal por juízo competente.
Temos a questão da Lei da Improbidade Administrativa,
temos questões da Lei Eleitoral, a Lei nº 9.405/97 - no
art. 73, quando se fala das condutas vedadas, a mera
participação em inauguração de praça pode gerar
inelegibilidade. Teríamos que reconhecer
inconstitucionais grande parte desses diplomas legais e
são diplomas que já entraram no nosso sistema, que já
fazem parte da nossa tradição, que já estão no dia a
dia, no fazer da política. (…) No Brasil, precisamos
remontar à Era Vargas. No governo provisório, tivemos,
em 1932, a edição do Código Eleitoral, a criação do
Tribunal Superior Eleitoral e dos Tribunais Regionais e
os avanços políticos sociais, como voto secreto, voto
feminino, sistemas majoritários e proporcionais de
representação. Foi a primeira vez que a legislação fez
referência aos partidos políticos. Porém, na mesma Era
Vargas, exatamente como forma de evitar qualquer
força política que ameaçasse seu poder, foram
permitidas, Ministro, no art. 58 do Código Eleitoral, as
candidaturas independentes. As candidaturas
independentes foram consolidadas há tempos, no País,
como forma de enfraquecer os partidos políticos e não
os fortalecer. O Código de 1945, em seu art. 39,
assegurou o monopólio de apresentação das
candidaturas aos partidos políticos, extintos com o Ato
Institucional nº 2, transformados em bipartidarismo com
o Complementar nº 4, até que, somente em 1985, no
art. 1º da Emenda Constitucional 25, volta à tona o
pluripartidarismo. O art. 14 da nossa atual Carta
Constitucional reafirma esse compromisso ao colocar os
partidos políticos no centro do processo democrático,
exigindo a filiação partidária como uma das condições
de elegibilidade - assim como o legislador
infraconstitucional o faz, no art. 11 da Lei da Eleições -
também reforçado pelo § 14, introduzido em 2017 -, ao
vedar o registro de candidatos independentes, ainda
que filiados a partido político. Falo simplesmente porque
os partidos políticos são os principais responsáveis por
agregar a grande complexidade e pluralidade de
vontades individuais presentes em toda nossa
sociedade, reduzindo essas vontades e representando-
as perante os órgãos públicos. É através dos partidos
políticos que temos a chance de que as massas
participem dos processos de tomada das decisões
políticas, naquilo que Norberto Bobbio denominou de
questionamento político enquanto função atribuída às
agremiações partidárias. Função essa que não é
substituída nem alcançada pelas candidaturas
independentes. O impacto da oferta política e ideológica
de candidaturas independentes em nosso sistema vai
ser direto, porque, ao não se vincular a nenhum
programa partidário, a nenhum programa político, a
pulverização dessas ofertas irá aumentar, confundindo o
eleitorado e, consequentemente, enfraquecendo nossa
democracia. Digo mais: as candidaturas independentes
irão apenas fortalecer o individualismo. Além de
fortalecer o individualismo, são marcadas pela
temporalidade - o ápice das candidaturas
independentes se dará somente com a apresentação
daquela candidatura. Isso sem considerar que o partido
político municia seu candidato - que pode ser totalmente
desconhecido do eleitorado - com um mínimo de fundo
partidário, de um fundo especial de financiamento de
campanha e com material de divulgação. Os candidatos
independentes que não tiverem acesso a recursos ou
recursos próprios, ficarão à margem da visibilidade
muito mais do que aqueles vinculados a partido político.
Isso sem contar a chance de aumento dos outsiders por
meio das candidaturas independentes, não que eles não
existam no sistema de representação via partidos
políticos. A questão é o aumento desmesurado dessa
oferta de candidatos desvinculados de um programa
partidário, desvinculados de uma filiação partidária. (…)
A Constituição brasileira não admite candidaturas
avulsas. Poderia admitir, mas requer-se emenda
constitucional para se admitir candidaturas avulsas.
Creio que, neste estágio em que estamos, que requer
aperfeiçoamento do sistema político e reformas políticas
mais profundas, a admissão de candidaturas avulsas
vem para aprofundar um vício do nosso sistema político:
o profundo personalismo político. Nosso sistema
político, até pelo voto unipessoal, é um sistema que
acentua aspectos de personalismo - valoriza menos os
partidos e os programas e mais as pessoas. A admissão
da candidatura avulsa, na minha opinião, vai acentuar
esse que é um dos vícios do sistema político. Nosso
sistema político tem outros problemas que, na minha
opinião, essa questão não ajudará, mas atrapalhará -
como bem-dito aqui pela representante da OAB. Temos
um número muito pequeno de mulheres. O que
deveríamos fazer? Na minha opinião, ou destinar um
número de cadeiras para as mulheres, ou admitir voto
de lista liderado por uma mulher, depois um homem,
uma mulher, um homem... a ponto de termos 50% de
mulheres nos Parlamentos. Como faremos, se
admitirmos candidaturas avulsas? Se todas forem
masculinas, estaríamos indo em direção oposta àquela
que desejamos: igualdade entre homens e mulheres
dentro dos Parlamentos. O que aconteceria se
tivéssemos, em uma reforma política, destinado mais
cadeiras a indígenas? Estaríamos a diminuir as cadeiras
aos indígenas e assim por diante.’’ (RECURSO
EXTRAORDINÁRIO 1.238.853/RJ).

Sobre o tema, é preciso lembrar a forma pela qual a matéria hoje é


regulada:

‘’No atual sistema eleitoral brasileiro, os partidos


políticos detêm o monopólio das candidaturas a cargos
eletivos, uma vez que todos os candidatos devem ser
filiados a um partido político e escolhidos em convenção
partidária.1 A Constituição de 1988 elencou a filiação
partidária como uma das condições de elegibilidade (art.
14, § 3º, V), o que vem sendo interpretado, até agora de
forma pacífica, como proibição ao registro de
candidaturas desvinculadas de partidos políticos. Além
disso, o art. 77, § 2º, da Constituição é expresso ao
exigir que o mativo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
vem reiteradamente decidindo pela inadmissibilidade de
candidaturas avulsas,2 e o STF também possui
decisões, colegiadas e monocráticas, no sentido da
obrigatoriedade de vinculação das candidaturas a
partido político.3 Assim, a decisão que admitiu o RE nº
1.238.853/RJ sinaliza o possível rompimento com o
entendimento jurisprudencial consolidado sobre o tema.
Vale destacar que a discussão sobre a liberação das
candidaturas avulsas também está posta no âmbito do
Poder Legislativo. No Senado, encontra-se em
tramitação a Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
nº 06/2015, que permite as candidaturas avulsas que
contem com o apoio de pelo menos 1% dos eleitores da
circunscrição. As PEC’s nº 07/2012 e 21/2006 também
tratavam do tema no Senado, mas foram arquivadas ao
término das respectivas legislaturas. Na Câmara dos
Deputados, tramitam em conjunto as PEC’s nº
229/2008, 407/2009, 350/2017 e 378/2017, que também
possibilitam a apresentação de candidaturas
desvinculadas de partidos políticos, mediante o
apoiamento de certo número de eleitores.’’ (Revista
Justiça Eleitoral em Debate - v. 10. n. 1)

Ainda:
‘’A discussão atual sobre as candidaturas
independentes se insere num contexto maior, de crise
de representatividade política, evidenciada pela
insatisfação generalizada com o funcionamento da
democracia, pela falta de confiança da população nas
instituições democráticas, em especial os partidos
políticos, e pela sensação dominante de que os eleitos
não representam aqueles que os elegeram.14 De
acordo com diversos estudiosos do assunto, a crise de
representatividade, por sua vez, é apenas um dos
elementos de um fenômeno ainda mais amplo: a crise
da democracia liberal.15 Diante desse quadro, alguns
defendem o aprofundamento ou a radicalização da
democracia como única alternativa para fazer frente a
essa conjuntura,16 enquanto outros questionam se a
democracia continua sendo viável ou se ainda é a
melhor forma de governo.17 Analisando esse cenário a
partir de dados estatísticos, o sociólogo espanhol
Manuel Castells (2018, p. 7-10) afirma que a crise de
representatividade política, que se verifica em quase
todos os países democráticos, levou a uma ruptura na
relação entre governantes e governados, provocando o
colapso gradual da democracia liberal como modelo
político de representação e governança. O autor
salienta que “[m]ais de dois terços dos habitantes do
planeta acham que os políticos não os representam,
que os partidos (todos) priorizam os próprios interesses,
que os parlamentos não são representativos e que os
governos são corruptos, injustos, burocráticos e
opressivos” (CASTELLS, 2018, p. 14). Em outro trecho,
o sociólogo explica de forma mais detalhada como os
partidos políticos se afastaram dos cidadãos em geral,
que com isso se veem sem acesso ou com acesso
muito limitado aos cargos de representação política
(CASTELLS, 2018, p. 12-13): Se for rompido o vínculo
subjetivo entre o que os cidadãos pensam e querem e
as ações daqueles a quem elegemos e pagamos,
produz-se o que denominamos crise de legitimidade
política; a saber, o sentimento majoritário de que os
atores do sistema político não nos representam. Em
teoria, esse desajuste se autocorrige na democracia
liberal com a pluralidade de opções e as eleições
periódicas para escolher entre essas opções. Na
prática, a escolha se limita àquelas opções que já estão
enraizadas nas instituições e nos interesses criados na
sociedade, com obstáculos de todo tipo aos que tentam
acessar uma corriola bem-delimitada. E pior, os atores
políticos fundamentais, ou seja, os partidos, podem
diferir em políticas, mas concordam em manter o
monopólio do poder dentro de um quadro de
possibilidades preestabelecidas por eles mesmos. A
política se profissionaliza, e os políticos se tornam um
grupo social que defende seus interesses comuns
acima dos interesses daqueles que eles dizem
representar: forma-se uma classe política, que, com
honrosas exceções, transcende ideologias e cuida de
seu oligopólio. Além disso, os partidos, como tais,
experimentam um processo de burocratização interna,
predito por Robert Michels desde a década de 1920,
limitando a renovação à competição entre seus líderes e
afastando-se do controle e da decisão de seus
militantes. E mais, uma vez realizado o ato da eleição,
dominado pelo marketing eleitoral e pelas estratégias de
comunicação, com escasso debate e pouca participação
de militantes e eleitores, o sistema funciona
autonomamente em relação aos cidadãos. No Brasil, há
amplo consenso no tocante à situação fática narrada no
RE 1.238.853/RJ a respeito dos partidos políticos, como
demonstram as decisões judiciais já proferidas no
referido processo. No acórdão proferido pelo TRE/RJ, o
relator do recurso assinalou que “não há como discordar
dos recorrentes quando afirmam que passamos por um
momento de profunda crise política, de
representatividade, de descrença nos poderes
constituídos e de subversão da democracia partidária”
(p. 12). No acórdão em que o STF reconheceu a
repercussão geral da questão discutida no RE
1.238.853/RJ, o relator, Ministro Luís Roberto Barroso,
menciona a “profunda crise de credibilidade do sistema
político”, agravada pelo impasse na aprovação da
reforma política pelo Congresso Nacional (p. 6), e o
“relevante e preocupante descolamento entre a classe
política e a sociedade civil” (p. 19), resumindo da
seguinte forma a situação em que se encontram os
partidos políticos brasileiros (p. 10): A crise de confiança
que se instalou atinge inclusive os partidos políticos. As
agremiações com maior expressão no cenário nacional
tiveram membros citados em colaborações premiadas e
denunciados em escândalos de corrupção. Pesquisas
de opinião indicam que o grau de confiança dos
cidadãos nos partidos políticos é atualmente baixíssimo.
E levantamentos empíricos da ONG Transparência
Brasil sugerem que o domínio familiar sobre os partidos
se encontra em ascensão, tornando menos acessível ao
cidadão comum a candidatura política por meio dessas
instituições. As justificações das PEC’s em tramitação
no Congresso Nacional também corroboram o suporte
fático do recurso extraordinário em questão. Na PEC nº
6/2015, subscrita por 26 senadores (aproximadamente
1/3 do total), a exigência de filiação partidária é
apontada como um impedimento ao exercício pleno da
cidadania e uma forma de fortalecimento de “máquinas
partidárias que nem sempre estão ao serviço do bem
comum, mas, em muitos casos, operam em defesa de
interesses privados, nem sempre legítimos”,
contribuindo para que a política cause repulsa aos
cidadãos bem intencionados. E tanto na referida PEC
como nas outras já citadas neste artigo, a autorização
das candidaturas independentes é defendida como
medida que, ao permitir a participação de todo cidadão
na disputa eleitoral, contribuiria para reforçar o
envolvimento dos cidadãos com as questões políticas e
administrativas da sociedade, além de favorecer a
renovação da classe política e a participação de
integrantes de movimentos sociais e de minorias. Por
outro lado, várias são as críticas feitas às candidaturas
avulsas. A principal delas é de que admiti-las
favoreceria o personalismo e o individualismo na
política. Hoje, porém, a escolha pelos eleitores já se dá
principalmente pelas características pessoais de cada
candidato e não pelo programa partidário, já que a
maioria dos partidos não tem consistência ideológica.
Além disso, as candidaturas desvinculadas de partidos
políticos não significam, necessariamente, que os
candidatos independentes não estejam inseridos em um
grupo de representação política. Como destaca Peza
(2007, p. 618), a atividade política não se desenvolve
apenas no seio dos partidos políticos, mas também em
outros agrupamentos da sociedade civil. Atualmente,
cresce cada vez mais a quantidade e a importância de
movimentos sociais com atuação política que não são
organizados na forma partidária e não são vinculados a
nenhum partido. Outra crítica muito comum é de que as
candidaturas independentes enfraqueceriam os partidos
e, assim, a própria democracia, já que a
institucionalização da política, levada a efeito por meio
dos partidos políticos, é um dos elementos mais
importantes para o sucesso e a sobrevivência do regime
democrático. O objetivo da admissão das candidaturas
independentes é, no entanto, justamente o oposto: o
fortalecimento dos partidos que se dedicarem a
robustecer seu caráter programático e sua relação com
as bases e os eleitores em geral, em razão da
necessidade de atrair filiados para se candidatarem.
Percebe-se, assim, que o pleito de admissão das
candidaturas independentes se insere na busca por
novas formas de tornar efetiva a participação popular no
poder, como meio de revitalizar e fazer avançar o
regime democrático, o que é especialmente importante
diante do cenário atual de esvaziamento e retrocesso da
democracia. As candidaturas independentes são uma
forma de possibilitar que o cidadão tenha acesso aos
cargos políticos sem ter de se submeter a “regras e
ordens hierárquicas favoráveis à perpetuação do poder,
as quais são inevitáveis nos partidos, como bem o
atestou, há mais de um século, Michels” (BARRETO,
2018, p. 215).’’ (Revista Justiça Eleitoral em Debate - v.
10. n. 1)
Importante entender o que as candidaturas avulsas implicariam se
passassem a serem aceitas:

‘’Caso as candidaturas independentes passem a ser


permitidas, uma série de questões práticas e
implicações jurídicas deverão ser levadas em
consideração. A primeira delas diz respeito à existência
ou não de algum requisito específico para a
apresentação da candidatura, sendo o mais comum a
exigência de apoio mínimo de uma certa quantidade de
eleitores. Essa condição é uma maneira de atenuar o
personalismo e reduzir o risco de candidaturas
desprovidas de seriedade. Além disso, tem como efeito
natural a redução da quantidade de candidaturas
apresentadas, o que pode, no aspecto prático, ser
importante para viabilizar a análise dos requerimentos
de registro de candidatura com maior cuidado e em
tempo hábil, mas, por outro lado, também pode ser vista
como uma restrição indevida ao direito de se candidatar,
especialmente se for elevado o número de eleitores cujo
apoio seja necessário. Um dado importante é que essa
limitação também não está prevista no art. 23 do Pacto
de São José da Costa Rica, o que constitui possível
obstáculo à sua implementação. A maioria das PEC’s
em tramitação no Congresso Nacional exige o
apoiamento mínimo, estabelecido em patamares que
variam de 0,1% até 1% dos eleitores da circunscrição
eleitoral, de acordo com cada PEC. Além da quantidade
de eleitores, outros pontos precisarão ser delimitados
caso seja exigido o apoiamento mínimo para o registro
das candidaturas independentes. Por exemplo: em qual
período será permitida a coleta de assinaturas (ou
outras formas de manifestação do apoio)? De que
meios de divulgação quem pretende se candidatar
poderá dispor para buscar o apoio dos eleitores? Serão
aceitas apenas assinaturas em papel, ou também
poderão ser utilizados meios eletrônicos? Será exigida a
autenticação das assinaturas? A resposta a cada uma
dessas questões terá considerável impacto no
procedimento a ser adotado por todos os envolvidos,
como os pretensos candidatos, a Justiça Eleitoral e o
Ministério Público. Uma complicação que já se pode
prever é a definição do limite entre a divulgação lícita da
pré-candidatura com a finalidade de obter o apoiamento
mínimo necessário e a realização de propaganda
eleitoral antecipada. Outra questão de suma importância
consiste no acesso dos candidatos independentes a
recursos públicos para financiamento das campanhas
eleitorais e à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na
televisão, já que, hoje, a divisão é feita com base nos
partidos (arts. 16-D e 47, § 2º, da Lei nº 9.504/1997).
Privá-los completamente desse acesso poderá ensejar
um grande desequilíbrio na disputa em seu desfavor,
mas incluí-los nessa distribuição demandará alterações
na legislação, com a criação de algum critério específico
para essa espécie de candidatos. A exigência de apoio
mínimo para o registro das candidaturas independentes
também pode ter influência aqui, já que uma quantidade
muito grande de candidatos desse tipo significará
menos recursos públicos e menos tempo de
propaganda para cada um. Além disso, o número de
eleitores que apoiam a candidatura poderia ser um dos
critérios utilizados na definição do montante ao qual
cada candidato terá direito. Será necessário, ainda,
fazer ajustes no tocante ao funcionamento das casas
legislativas, uma vez que as respectivas mesas e
comissões são atualmente preenchidas de forma
proporcional à quantidade de parlamentares de cada
partido ou bloco parlamentar em cada casa, em
atendimento ao disposto no art. 58, § 1º, da
Constituição (arts. 8º e 27 do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados e arts. 59, § 1º, e 78 do
Regimento Interno do Senado Federal). Mais uma
questão prática que deverá ser considerada é o
processamento dos requerimentos de registros de
candidatura e das prestações de contas dos candidatos,
já que a permissão das candidaturas independentes
terá como consequência muitíssimo provável um grande
aumento do número de candidaturas apresentadas à
Justiça Eleitoral. Sem ajustes relativos ao prazo de
julgamento dos registros de candidatura, por exemplo,
será quase impossível que os julgamentos ocorram em
tempo hábil, e provavelmente será necessário reforçar a
quantidade de pessoal nos órgãos da Justiça Eleitoral e
do Ministério Público envolvidos nessas tarefas. A
liberação das candidaturas independentes pelo STF
esbarra em uma série de obstáculos. O primeiro e mais
importante deles é a nítida decisão do constituinte de
1988 de estabelecer os partidos políticos como atores
indispensáveis do sistema eleitoral e político. A
princípio, são dois os caminhos que podem levar à
superação desse obstáculo: a revisão do entendimento
do STF a respeito do status dos tratados internacionais
sobre direitos humanos incorporados ao ordenamento
brasileiro antes da EC nº 45/2004, como defende a
PGR; ou a aplicação do efeito paralisante dos tratados
internacionais com estatura supralegal sobre a
legislação infraconstitucional, de forma análoga ao que
ocorreu em relação à prisão do depositário infiel no RE
466.343. A liberação das candidaturas independentes
pelo STF esbarra em uma série de obstáculos. O
primeiro e mais importante deles é a nítida decisão do
constituinte de 1988 de estabelecer os partidos políticos
como atores indispensáveis do sistema eleitoral e
político. A princípio, são dois os caminhos que podem
levar à superação desse obstáculo: a revisão do
entendimento do STF a respeito do status dos tratados
internacionais sobre direitos humanos incorporados ao
ordenamento brasileiro antes da EC nº 45/2004, como
defende a PGR; ou a aplicação do efeito paralisante dos
tratados internacionais com estatura supralegal sobre a
legislação infraconstitucional, de forma análoga ao que
ocorreu em relação à prisão do depositário infiel no RE
466.343. constitucional. A segunda opção conta com a
vantagem de não modificar o entendimento
jurisprudencial existente, mas as diferenças em relação
ao caso paradigma (o RE 466.343) podem inviabilizar a
aplicação desse entendimento às candidaturas
independentes. A mais importante delas é que a
possibilidade de prisão do depositário infiel
evidentemente não era uma decisão política
fundamental, mas apenas uma exceção à vedação da
prisão civil por dívida. A apresentação da candidatura
por meio dos partidos políticos é, ao contrário, uma
exigência constitucional que está em consonância com
todo o sistema eleitoral e político desenhado pelo
constituinte originário. Outra questão de extrema
relevância a ser considerada é que toda a legislação
eleitoral está baseada na intermediação dos partidos
políticos. A permissão das candidaturas independentes
traria consigo a necessidade de diversos ajustes, como
visto acima, os quais, ao menos em tese, competem ao
legislador, e não ao Poder Judiciário. Por outro lado,
apesar das PEC’s que se encontram em tramitação no
Congresso Nacional, é difícil imaginar que os partidos
políticos abrirão mão, voluntariamente, do monopólio
que detêm sobre as candidaturas e de todo o poder que
conseguem obter a partir disso. Na audiência pública
realizada pelo STF para instruir o RE 1.238.853/RJ,
somente dois (Novo e Rede Sustentabilidade) dos doze
partidos que participaram das exposições manifestaram-
se favoravelmente às candidaturas independentes.
Desse modo, é possível que o STF seja a única
instância apta a enfrentar o problema com a amplitude e
a isenção necessárias, como afirma Cyrineu (2019). A
liberação das candidaturas avulsas é passível de
críticas e, por si só, não será capaz de retirar a
democracia representativa da situação crítica em que
ela se encontra hoje. Mas pode ser um instrumento
valioso na recuperação da importância dos cidadãos na
política democrática, e consequentemente no resgate
do seu interesse por ela. Pode promover a oxigenação
dos quadros representativos e também incentivar
mudanças nos partidos no sentido de uma maior
abertura e aproximação com a sociedade e os cidadãos,
além de uma orientação ideológica mais clara e bem
definida. Muito mais do que uma discussão meramente
jurídica ou uma simples opção política, o que está em
jogo é o futuro da democracia brasileira, que depende,
em grande medida, da satisfação das expectativas dos
cidadãos com o seu funcionamento, sem a qual
dificilmente ocorrerá a retomada da confiança dos
brasileiros em nosso regime político’’ (Revista Justiça
Eleitoral em Debate - v. 10. n. 1)

É preciso lembrar que as normas que regem as eleições devem, por


segurança jurídica, serem estabelecidas em 1 (um) ano antes das eleições.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção


de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados
os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição
de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III -
prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV -
funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

Atualmente, temos 32 (trinta e dois) partidos políticos, e esse fato se


dá pela permissão constitucional do pluralismo político e do pluripartidarismo,
sendo eles:
O caráter pluralista é enriquecido por Hauriou, que afirma o mesmo se
traduzir:

(...) pelo pluralismo das opiniões entre os cidadãos, a


liberdade de reunião onde as opiniões não ortodoxas
podem ser publicamente sustentadas; a liberdade de
associação e o pluralismo dos partidos políticos, o
pluralismo das candidaturas e o pluralismo dos grupos
parlamentares com assento nos bancos das
Assembleias.(HAURIOU, 1972)

Porque existem tantos partidos políticos que são inexpressivos e,


ainda assim, participam das eleições? Os partidos são abastecidos com
verbas de dois fundos: o fundo partidário e o fundo especial de financiamento
de campanha eleitoral. Muitos partidos entram sabendo que não vão ganhar,
mas entram para receber algumas verbas desses fundos. Além disso, há a
previsão constitucional, qual seja:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: (…) VI - instituir
impostos sobre: (…) c) patrimônio, renda ou serviços
dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei; (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL)

Ou seja, além das verbas, tem-se a proibição de instituir impostos para


os partidos políticos e suas fundações. Inclusive, por expressa previsão
legal, os partidos políticos são obrigados a gastar ao menos 20% de
suas verbas nessas fundações que são citadas no art. 150.

Art. 44. Os recursos oriundos do Fundo Partidário serão


aplicados: I – na manutenção das sedes e serviços do
partido, permitido o pagamento de pessoal, a qualquer
título, observado, do total recebido, os seguintes limites:
a) 50% (cinquenta por cento) para o órgão nacional; b)
60% (sessenta por cento) para cada órgão estadual e
municipal; II – na propaganda doutrinária e política; III
– no alistamento e campanhas eleitorais; IV – na criação
e manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de
doutrinação e educação política, sendo esta aplicação
de, no mínimo, vinte por cento do total recebido; V – na
criação e manutenção de programas de promoção e
difusão da participação política das mulheres, criados e
executados pela secretaria da mulher ou, a critério da
agremiação, por instituto com personalidade jurídica
própria presidido pela secretária da mulher, em nível
nacional, conforme percentual que será fixado pelo
órgão nacional de direção partidária, observado o
mínimo de 5% (cinco por cento) do total; VI – no
pagamento de mensalidades, anuidades e congêneres
devidos a organismos partidários internacionais que se
destinem ao apoio à pesquisa, ao estudo e à
doutrinação política, aos quais seja o partido político
regularmente filiado; VII – no pagamento de despesas
com alimentação, incluindo restaurantes e lanchonetes;
VIII – na contratação de serviços de consultoria contábil
e advocatícia e de serviços para atuação jurisdicional
em ações de controle de constitucionalidade e em
demais processos judiciais e administrativos de
interesse partidário, bem como nos litígios que
envolvam candidatos do partido, eleitos ou não,
relacionados exclusivamente ao processo eleitoral;
IX – (Vetado); X – na compra ou locação de bens
móveis e imóveis, bem como na edificação ou
construção de sedes e afins, e na realização de
reformas e outras adaptações nesses bens; XI – no
custeio de impulsionamento, para conteúdos
contratados diretamente com provedor de aplicação de
internet com sede e foro no país, incluída a priorização
paga de conteúdos resultantes de aplicações de busca
na Internet, inclusive plataforma de compartilhamento
de vídeos e redes sociais, mediante o pagamento por
meio de boleto bancário, de depósito identificado ou de
transferência eletrônica diretamente para conta do
provedor, proibido, nos anos de eleição, no período
desde o início do prazo das convenções partidárias até
a data do pleito. § 1º Na prestação de contas dos
órgãos de direção partidária de qualquer nível devem
ser discriminadas as despesas realizadas com recursos
do Fundo Partidário, de modo a permitir o controle da
Justiça Eleitoral sobre o cumprimento do disposto nos
incisos I e IV deste artigo. § 2º A Justiça Eleitoral pode,
a qualquer tempo, investigar sobre a aplicação de
recursos oriundos do Fundo Partidário. § 3º Os recursos
de que trata este artigo não estão sujeitos ao regime da
Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, tendo os partidos
políticos autonomia para contratar e realizar despesas.
§ 4º Não se incluem no cômputo do percentual previsto
no inciso I deste artigo encargos e tributos de qualquer
natureza. § 5º O partido político que não cumprir o
disposto no inciso V do caput deverá transferir o saldo
para conta específica, sendo vedada sua aplicação para
finalidade diversa, de modo que o saldo remanescente
deverá ser aplicado dentro do exercício financeiro
subsequente, sob pena de acréscimo de 12,5% (doze
inteiros e cinco décimos por cento) do valor previsto no
inciso V do caput, a ser aplicado na mesma finalidade. §
5º-A A critério das agremiações partidárias, os recursos
a que se refere o inciso V poderão ser acumulados em
diferentes exercícios financeiros, mantidos em contas
bancárias específicas, para utilização futura em
campanhas eleitorais de candidatas do partido. § 6º No
exercício financeiro em que a fundação ou instituto de
pesquisa não despender a totalidade dos recursos que
lhe forem assinalados, a eventual sobra poderá ser
revertida para outras atividades partidárias, conforme
previstas no caput deste artigo. § 7º A critério da
secretaria da mulher ou, inexistindo a secretaria, a
critério da fundação de pesquisa e de doutrinação e
educação política, os recursos a que se refere o inciso V
do caput poderão ser acumulados em diferentes
exercícios financeiros, mantidos em contas bancárias
específicas, para utilização futura em campanhas
eleitorais de candidatas do partido, não se aplicando,
neste caso, o disposto no § 5º. (LEI 9096/95)

Hoje observa que muita dessas fundações estão servindo de método para
lavagem de dinheiro, dinheiro público, inclusive, que, mesmo se descoberto, não se
encaixa na lei de improbidade administrativa. Segunda a Lei de Improbidade, essas
questões de desvio de verba devem ser tratadas a luz da Lei 9096/95.

Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda


patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de
suas fundações, serão responsabilizados nos termos da Lei nº
9.096, de 19 de setembro de 1995. Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021)

Essa disposição soa ao absurdo pois, ainda que os partidos políticos sejam
pessoas de direito privado, estamos tratando de desvio de verba pública que
acarreta ou enriquecimento ilícito ou causando danos ao erário (danos aos cofres
públicos). Nesse sentido, o artigo supramencionado teve sua eficácia suspensa em
27/12/2022 – através de uma decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes,
que suspendeu a eficácia de 6 artigos da Lei de Improbidade.
Ou seja, de outubro de 2021 a dezembro de 2022, desvio de verbas públicas
verificado em partidos e fundações não configuraram ato de improbidade (período
que exatamente tivemos as eleições).

Aula 03
Uma das vertentes do pluralismo político que é garantido pela
Constituição Federal de 1988 é o pluralismo partidário, que é positivo ao
longo do artigo 17 da Constituição Federal.
Antes da Constituição de 1988 haviam apenas dois partidos: o partido
da situação e da oposição, sendo que apenas esses dois partidos não davam
conta de contemplar todas as vertentes de pensamento até então existente.
Por essa razão que a partir da Constituição de 1988 o pluralismo político
passou a ser previsto.
Porém, não se podia prever que o pluralismo político ia se desdobrar
em 32 partidos políticos. Atualmente o partido político é a melhor aplicação
financeira do mercado, com acesso a fundos eleitorais e isenção de
impostos, como visto.
É necessário entender agora sobre a criação dos partidos políticos, as
etapas que as agremiações precisam passar até que se consolidem como
pessoas jurídicas de direito privado e para que possam participar das
eleições.
O primeiro item a ser observado é que a criação de partidos políticos
se dá de forma livre, o que configura a autonomia que essas pessoas
jurídicas têm. Mas atenção: a criação é livre, desde que sejam
respeitados/observados os princípios e valores constitucionais previstos ao
longo do artigo 17 da CR/88:

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção


de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados
os seguintes preceitos I - caráter nacional; II - proibição
de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III -
prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV -
funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É
assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na
forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral. § 3º Somente terão direito a recursos
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei, os partidos políticos que
alternativamente: I - obtiverem, nas eleições para a
Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento)
dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço
das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas;
ou II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados
Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação. § 4º É vedada a utilização
pelos partidos políticos de organização paramilitar. § 5º
Ao eleito por partido que não preencher os requisitos
previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e
facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro
partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação
considerada para fins de distribuição dos recursos do
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
e de televisão. § 6º Os Deputados Federais, os
Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os
Vereadores que se desligarem do partido pelo qual
tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos
casos de anuência do partido ou de outras hipóteses de
justa causa estabelecidas em lei, não computada, em
qualquer caso, a migração de partido para fins de
distribuição de recursos do fundo partidário ou de outros
fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à
televisão. § 7º Os partidos políticos devem aplicar no
mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos do fundo
partidário na criação e na manutenção de programas de
promoção e difusão da participação política das
mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento
de Campanha e da parcela do fundo partidário
destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo
de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser
distribuído pelos partidos às respectivas candidatas,
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento),
proporcional ao número de candidatas, e a distribuição
deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos
respectivos órgãos de direção e pelas normas
estatutárias, considerados a autonomia e o interesse
partidário.

Respeito a soberania nacional: não se pode cogitar na criação de


partidos políticos que configurem uma agressão à soberania nacional, por
isso não podem ser subordinados a governos estrangeiros ou a organizações
não governamentais estrangeiras. Se deixar que os partidos políticos se
submetam a governos e organizações estrangeiras, é correr o risco de que
essas pessoas queiram participar de decisões importantes.
Nenhum estatuo partidário poderá conter regras que apontem para
qualquer sorte de discriminação, em observância aos ditames constitucionais.
No parágrafo segundo do artigo 17 da CR/88, ainda encontramos
algumas observâncias:

§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem


personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

Aqui duas são as etapas que levam a criação de partidos políticos,


quais sejam: como qualquer pessoa jurídica de direito privado, deverão
adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil, ou seja, aprovar os seus
estatutos sociais através de uma assembleia geral extraordinária e,
posteriormente, deverão levar os estatutos aprovados para registro. A
segunda etapa para que esses partidos que já são pessoas jurídicas possam
participar dos processos eleitorais, deverão registrar seus estatutos no
Tribunal Superior Eleitoral. Atenção! Sem o registro no TSE os partidos
existem como pessoas jurídicas, mas não estarão habilitados para participar
do processo eleitoral. Esse registro no TSE deve ser feito em até 6 meses
antes das eleições.

Aula 04
Ao nível da lei 9096/95 serão analisados os artigos que preveem os
requisitos necessários que devem ser seguidos pelos partidos políticos:

Art. 8º O requerimento do registro de partido político,


dirigido ao cartório competente do registro civil das
pessoas jurídicas do local de sua sede, deve ser
subscrito pelos seus fundadores, em número nunca
inferior a 101 (cento e um), com domicílio eleitoral em,
no mínimo, 1/3 (um terço) dos estados, e será
acompanhado de: I –cópia autêntica da ata da reunião
de fundação do partido; II – exemplares do Diário Oficial
que publicou, no seu inteiro teor, o programa e o
estatuto; III – relação de todos os fundadores com o
nome completo, naturalidade, número do título eleitoral
com a zona, seção, município e estado, profissão e
endereço da residência. § 1º O requerimento indicará o
nome e a função dos dirigentes provisórios e o
endereço da sede do partido no território nacional. § 2º
Satisfeitas as exigências deste artigo, o oficial do
registro civil efetua o registro no livro correspondente,
expedindo certidão de inteiro teor. § 3º Adquirida a
personalidade jurídica na forma deste artigo, o partido
promove a obtenção do apoiamento mínimo de eleitores
a que se refere o § 1º do art. 7º e realiza os atos
necessários para a constituição definitiva de seus
órgãos e designação dos dirigentes, na forma do seu
estatuto. (LEI 9096/95)

Até pouco tempo atrás o pedido era dirigido apenas para Brasília,
agora é para o local de sua sede. Esse pedido tem que vir a ser instruído
com a assinatura dos seus fundadores, com no mínimo 101 e em 1/3 dos
Estados (9 dos Estados) de forma a assegurar o mínimo de
representatividade.

Art. 7º O partido político, após adquirir personalidade


jurídica na forma da lei civil, registra seu estatuto no
Tribunal Superior Eleitoral. § 1º Só é admitido o registro
do estatuto de partido político que tenha caráter
nacional, considerando-se como tal aquele que
comprove, no período de dois anos, o apoiamento de
eleitores não filiados a partido político, correspondente
a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos
votos dados na última eleição geral para a Câmara dos
Deputados, não computados os votos em branco e os
nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos estados,
com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento) do
eleitorado que haja votado em cada um deles. § 2º Só o
partido que tenha registrado seu estatuto no Tribunal
Superior Eleitoral pode participar do processo eleitoral,
receber recursos do Fundo Partidário e ter acesso
gratuito ao rádio e à televisão, nos termos fixados nesta
lei. § 3º Somente o registro do estatuto do partido no
Tribunal Superior Eleitoral assegura a exclusividade da
sua denominação, sigla e símbolos, vedada a utilização,
por outros partidos, de variações que venham a induzir
a erro ou confusão. (LEI 9096/95)

Esses requisitos supramencionados servem para configurar a


expressividade/legitimidade do partido ao nível do território nacional.

A partir do registro no TSE o partido passa a ganhar também alguns


benefícios, que serão agora analisados.

TEMA 02 – PARTIDOS POLÍTICOS – PARTE


II
AULA 1
Na aula anterior foram abordadas as duas formas de crianção dos
partidos políticos, quais sejam: o registro do estatuto para que se tornem
pessoas jurídicas com direito/obrigações e o registro do estatuto no TSE para
que possam participar dos processos eleitorais.
Agora é preciso analisar os benefícios que os partidos políticos que se
enquadram nos dois requisitos supramencionados possuirão. A teor do que
dispõe o art. 7º, § 2º da Lei 9096/95 são esses os benefícios:

Art. 7º O partido político, após adquirir personalidade


jurídica na forma da lei civil, registra seu estatuto no
Tribunal Superior Eleitoral. § 2º Só o partido que tenha
registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral
pode participar do processo eleitoral, receber recursos
do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à
televisão, nos termos fixados nesta lei.

O acesso gratuito não se confunde com o horário eleitoral gratuito, que


se apresenta dentro de um processo de campanha eleitoral.
Contudo, o parágrafo acima foi modificado pela Cláusula de Barreira:

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção


de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados
os seguintes preceitos I - caráter nacional; II - proibição
de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III -
prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV -
funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 3º
Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei,
os partidos políticos que alternativamente: I - obtiverem,
nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo,
3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em
pelo menos um terço das unidades da Federação, com
um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em
cada uma delas; ou II - tiverem elegido pelo menos
quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos
um terço das unidades da Federação. (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL)

O objetivo dessa cláusula de barreira reduzir de forma drástica a


quantidade de agremiações partidárias. Nem mesmo as grandes
democracias como a norte-americana possuem tantos partidos como o Brasil.
A exclusividade de denominação não foi alterada pela emenda
constitucional, segue sendo válida.

Art. 55. O partido político que, nos termos da legislação


anterior, tenha registro definitivo, fica dispensado da
condição estabelecida no § 1º do art. 7º, e deve
providenciar a adaptação de seu estatuto às
disposições desta lei, no prazo de seis meses da data
de sua publicação. § 1º A alteração estatutária com a
finalidade prevista neste artigo pode ser realizada pelo
partido político em reunião do órgão nacional máximo,
especialmente convocado na forma dos estatutos, com
antecedência mínima de trinta dias e ampla divulgação,
entre seus órgãos e filiados, do projeto do estatuto. § 2
Aplicam-se as disposições deste artigo ao partido que,
na data da publicação desta lei: I – tenha completado
seu processo de organização nos termos da legislação
anterior e requerido o registro definitivo; II – tenha seu
pedido de registro sub judice, desde que sobrevenha
decisão favorável do órgão judiciário competente; III –
tenha requerido registro de seus estatutos junto ao
Tribunal Superior Eleitoral, após o devido registro como
entidade civil.

Partidos que foram suspensos, como após a ditadura militar, estão


dispensado da condição supramencionada (preenchimentos de números para
registro no TSE). Essa previsão se dá por força de questões históricas, pois
registros foram suspensos temporariamente.

AULA 2
A partir de agora serão observadas algumas outras questões sobre a
autonomia dos partidos políticos.
Essa segunda parte da autonomia diz respeito à possibilidade dos
partidos políticos celebrarem fusões, incorporações, coligações, federações
partidárias e, ainda, decidirem quando querem parar de existir.

Art. 2º É livre a criação, fusão, incorporação e extinção


de partidos políticos cujos programas respeitem a
soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa
humana. (LEI 9096/95)

Art. 3º É assegurada, ao partido político, autonomia


para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento. (LEI 9096/95)

Art. 14. Observadas as disposições constitucionais e as


desta lei, o partido é livre para fixar, em seu programa,
seus objetivos políticos e para estabelecer, em seu
estatuto, a sua estrutura interna, organização e
funcionamento. (LEI 9096/95)

Art. 15. O estatuto do partido deve conter, entre outras,


normas sobre: I – nome, denominação abreviada e o
estabelecimento da sede no território nacional; II –
filiação e desligamento de seus membros; III – direitos e
deveres dos filiados; IV – modo como se organiza e
administra, com a definição de sua estrutura geral e
identificação, composição e competências dos órgãos
partidários nos níveis municipal, estadual e nacional,
duração dos mandatos e processo de eleição dos seus
membros; V – fidelidade e disciplina partidárias,
processo para apuração das infrações e aplicação das
penalidades, assegurado amplo direito de defesa; VI –
condições e forma de escolha de seus candidatos a
cargos e funções eletivas; VII – finanças e
contabilidade, estabelecendo, inclusive, normas que os
habilitem a apurar as quantias que os seus candidatos
possam despender com a própria eleição, que fixem os
limites das contribuições dos filiados e definam as
diversas fontes de receita do partido, além daquelas
previstas nesta lei; VIII – critérios de distribuição dos
recursos do Fundo Partidário entre os órgãos de nível
municipal, estadual e nacional que compõem o partido;
IX – procedimento de reforma do programa e do
estatuto; X – prevenção, repressão e combate à
violência política contra a mulher. (LEI 9096/95)
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados
os seguintes preceitos I - caráter nacional; II - proibição
de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III -
prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV -
funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É
assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL)

No art. 15 da Lei 9096/95 é possível verificar que há um rol meramente


exemplificativo. Também é possível verificar que não se pode expulsar
membros de partido sem abertura de processo administrativo que assegure o
contraditório e ampla defesa.
A fusão e a incorporação possuem algumas particulares em comum:
são processos em que os partidos se ligam a outros. Na fusão o partido A
resolve se ligar ao partido B em caráter permanente e como resultado dessa
fusão os dois desaparecem surgindo um terceiro. Os partidos, via de regra,
usam esses meios para evitar a sua extinção – evitando que percam o
acesso aos fundos eleitorais, por exemplo. Na incorporação o partido A
resolve se ligar ao partido B em caráter também permanente, mas o partido A
desaparece, existindo apenas o partido B – a razão de ser para isso também
é a mesma que a fusão.
As questões relativas a fusão e incorporação de partidos políticos
encontra respaldo na Lei 13.887/19, aprovada logo em seguida as eleições
de 2018, em que a cláusula de barreira foi lançada, passando a fazer total
sentido os institutos da fusão e incorporação.

Art. 29. Por decisão de seus órgãos nacionais de


deliberação, dois ou mais partidos poderão fundir-se
num só ou incorporar-se um ao outro. § 4º Na hipótese
de fusão, a existência legal do novo partido tem início
com o registro, no ofício civil competente da sede do
novo partido, do estatuto e do programa, cujo
requerimento deve ser acompanhado das atas das
decisões dos órgãos competentes. § 5º No caso de
incorporação, o instrumento respectivo deve ser levado
ao ofício civil competente, que deve, então, cancelar o
registro do partido incorporado a outro. (LEI 9096/95)

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. LEI NACIONAL N.
13.107, DE 24.3.2015. ALTERAÇÃO DA LEI DOS
PARTIDOS POLÍTICOS E DA LEI ELEITORAL (LEI N.
9.096/1995 E 9.504/1997). NOVAS CONDIÇÕES
LEGAIS PARA CRIAÇÃO, FUSÃO E INCORPORAÇÃO
DE PARTIDOS POLÍTICOS. APOIO DE ELEITORES
NÃO FILIADOS E PRAZO MÍNIMO DE CINCO ANOS
DE EXISTÊNCIA DOS PARTIDOS.
FORTALECIMENTO DO MODELO REPRESENTATIVO
E DENSIFICAÇÃO DO PLURIPARTIDARISMO.
FUNDAMENTO DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO.
FIDELIDADE PARTIDÁRIA. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA
IMPROCEDENTE. 1. Pela Constituição da República se
assegura a livre criação, fusão e incorporação de
partidos políticos, condicionadas aos princípios do
sistema democrático representativo e do
pluripartidarismo. 2. São constitucionais as normas
pelas quais se fortaleça o controle quantitativo e
qualitativo dos partidos, sem afronta ao princípio da
igualdade ou ingerência no funcionamento interno. 3. A
determinação constitucional de caráter nacional dos
partidos políticos objetiva impedir a proliferação de
agremiações sem expressão política, que podem atuar
como “legendas de aluguel”, fraudando a
representação, base do regime democrático. 4. Ação
direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.
(ADI 5311 / DF – DISTRITO FEDERAL)

Por sua vez, a coligação é um processo pelo qual um partido político


resolve se unir a outro em caráter provisório e a decisão ou não pela
celebração de coligações é feita no momento de realização das convenções
partidárias.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção


de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados
os seguintes preceitos I - caráter nacional; II - proibição
de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III -
prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV -
funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É
assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL)

Valem apenas para eleições de majoritárias e são sem obrigatoriedade


de vinculação. Se não existe essa obrigatoriedade, como trabalhar com o
previsto no art. 7º da Lei 9504/97 que autoriza a esfera federal dos partidos a
anular questões da esfera estadual e municipal?

Art. 7º As normas para a escolha e substituição dos


candidatos e para a formação de coligações serão
estabelecidas no estatuto do partido, observadas as
disposições desta lei.§ 1º Em caso de omissão do
estatuto, caberá ao órgão de direção nacional do partido
estabelecer as normas a que se refere este artigo,
publicando-as no Diário Oficial da União até cento e
oitenta dias antes das eleições. § 2º Se a convenção
partidária de nível inferior se opuser, na deliberação
sobre coligações, às diretrizes legitimamente
estabelecidas pelo órgão de direção nacional, nos
termos do respectivo estatuto, poderá esse órgão anular
a deliberação e os atos dela decorrentes. § 3º As
anulações de deliberações dos atos decorrentes de
convenção partidária, na condição acima estabelecida,
deverão ser comunicadas à Justiça Eleitoral no prazo de
30 (trinta) dias após a data limite para o registro de
candidatos.§ 4º Se, da anulação, decorrer a
necessidade de escolha de novos candidatos, o pedido
de registro deverá ser apresentado à Justiça Eleitoral
nos 10 (dez) dias seguintes à deliberação, observado o
disposto no art. 13.

AULA 3 e 4
Se ao nível nacional pode ocorrer algo, ao nível estadual poderá ter
outra realidade, sendo que se o artigo supramencionado prevalecer trará
prejuízos para a esfera estadual e municipal.
A autonomia para celebração de federação partidária teve início nas
eleições de 2022.

Art. 11-A. Dois ou mais partidos políticos poderão


reunir-se em federação, a qual, após sua constituição e
respectivo registro perante o Tribunal Superior Eleitoral,
atuará como se fosse uma única agremiação partidária.
§ 1º Aplicam-se à federação de partidos todas as
normas que regem o funcionamento parlamentar e a
fidelidade partidária. § 2º Assegura-se a preservação da
identidade e da autonomia dos partidos integrantes de
federação. § 3º A criação de federação obedecerá às
seguintes regras: I – a federação somente poderá ser
integrada por partidos com registro definitivo no Tribunal
Superior Eleitoral; II – os partidos reunidos em
federação deverão permanecer a ela filiados por, no
mínimo, 4 (quatro) anos; III – a federação poderá ser
constituída até a data final do período de realização das
convenções partidárias; IV – a federação terá
abrangência nacional e seu registro será encaminhado
ao Tribunal Superior Eleitoral. § 4º O descumprimento
do disposto no inciso II do § 3º deste artigo acarretará
ao partido vedação de ingressar em federação, de
celebrar coligação nas 2 (duas) eleições seguintes e,
até completar o prazo mínimo remanescente, de utilizar
o Fundo Partidário. § 5º Na hipótese de desligamento
de 1 (um) ou mais partidos, a federação continuará em
funcionamento, até a eleição seguinte, desde que nela
permaneçam 2 (dois) ou mais partidos. § 6º O pedido de
registro de federação de partidos encaminhado ao
Tribunal Superior Eleitoral será acompanhado dos
seguintes documentos: I – cópia da resolução tomada
pela maioria absoluta dos votos dos órgãos de
deliberação nacional de cada um dos partidos
integrantes da federação; II – cópia do programa e do
estatuto comuns da federação constituída; III – ata de
eleição do órgão de direção nacional da federação. § 7º
O estatuto de que trata o inciso II do § 6º deste artigo
definirá as regras para a composição da lista da
federação para as eleições proporcionais. § 8º Aplicam-
se à federação de partidos todas as normas que regem
as atividades dos partidos políticos no que diz respeito
às eleições, inclusive no que se refere à escolha e
registro de candidatos para as eleições majoritárias e
proporcionais, à arrecadação e aplicação de recursos
em campanhas eleitorais, à propaganda eleitoral, à
contagem de votos, à obtenção de cadeiras, à
prestação de contas e à convocação de suplentes. § 9º
Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se
desfiliar, sem justa causa, de partido que integra
federação. (LEI 9096/95)

A federação partidária é a união, em caráter permanente, entre dois ou


mais partidos e deverão permanecer reunidos por 4 (quatro) anos, devendo
registrar seus estatutos no TSE. Foi mais uma reação à cláusula de barreira.
Para as eleições de 2022 foram aprovadas 3 federações.

Art. 11-A. Dois ou mais partidos políticos poderão


reunir-se em federação, a qual, após sua constituição e
respectivo registro perante o Tribunal Superior Eleitoral,
atuará como se fosse uma única agremiação partidária.
(…) § 2º Assegura-se a preservação da identidade e da
autonomia dos partidos integrantes de federação. § 3º A
criação de federação obedecerá às seguintes regras: I –
a federação somente poderá ser integrada por partidos
com registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral; II –
os partidos reunidos em federação deverão permanecer
a ela filiados por, no mínimo, 4 (quatro) anos; III – a
federação poderá ser constituída até a data final do
período de realização das convenções partidárias; IV –
a federação terá abrangência nacional e seu registro
será encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral. § 4º O
descumprimento do disposto no inciso II do § 3º deste
artigo acarretará ao partido vedação de ingressar em
federação, de celebrar coligação nas 2 (duas) eleições
seguintes e, até completar o prazo mínimo
remanescente, de utilizar o Fundo Partidário. (LEI
9096/95)

Por fim, ainda temos a autonomia para extinção dos partidos políticos.
Os partidos têm autonomia para determinar o período pelo qual deixarão de
existir.

Art. 27. Fica cancelado, junto ao ofício civil e ao Tribunal


Superior Eleitoral, o registro do partido que, na forma de
seu estatuto, se dissolva, se incorpore ou venha a se
fundir a outro. (LEI 9096/95)

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção


de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados
os seguintes preceitos I - caráter nacional; II - proibição
de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III -
prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV -
funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É
assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na
forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral. § 3º Somente terão direito a recursos
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei, os partidos políticos que
alternativamente: I - obtiverem, nas eleições para a
Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento)
dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço
das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas;
ou II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados
Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação. § 4º É vedada a utilização
pelos partidos políticos de organização paramilitar. § 5º
Ao eleito por partido que não preencher os requisitos
previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e
facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro
partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação
considerada para fins de distribuição dos recursos do
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
e de televisão. § 6º Os Deputados Federais, os
Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os
Vereadores que se desligarem do partido pelo qual
tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos
casos de anuência do partido ou de outras hipóteses de
justa causa estabelecidas em lei, não computada, em
qualquer caso, a migração de partido para fins de
distribuição de recursos do fundo partidário ou de outros
fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à
televisão. § 7º Os partidos políticos devem aplicar no
mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos do fundo
partidário na criação e na manutenção de programas de
promoção e difusão da participação política das
mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento
de Campanha e da parcela do fundo partidário
destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo
de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser
distribuído pelos partidos às respectivas candidatas,
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento),
proporcional ao número de candidatas, e a distribuição
deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos
respectivos órgãos de direção e pelas normas
estatutárias, considerados a autonomia e o interesse
partidário.

TEMA 03 – CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS

AULA 1
O que seriam as convenções partidárias?
A teor do contido no inciso I, é impossível cogitar que alguém se
candidate por um partido sem que o nome esteja aprovado pela convenção
partidária. Essa regra vale para aqueles que vão concorrer para sistema
majoritário ou proporcional.
Quanto ao inciso II, é preciso lembrar que os partidos que se unem
não deixam de existir. A coligação acontece para cargos majoritários.
Nessa pauta de convenções também deve estar as propostas de fusão
e incorporação, pois são processos de caráter permanente e definitivo.
O período que essas convenções deverão ser realizadas tem previsão
no art. 8º, da Lei 9.504/97:

Art. 8º A escolha dos candidatos pelos partidos e a


deliberação sobre coligações deverão ser feitas no
período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se
realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em
livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral, publicada
em vinte e quatro horas em qualquer meio de
comunicação. § 1º Aos detentores de mandato de
deputado federal, estadual ou distrital, ou de vereador, e
aos que tenham exercido esses cargos em qualquer
período da legislatura que estiver em curso, é
assegurado o registro de candidatura para o mesmo
cargo pelo partido a que estejam filiados. § 2º Para a
realização das convenções de escolha de candidatos,
os partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios
públicos, responsabilizando-se por danos causados com
a realização do evento.

AULA 2
As convenções partidárias são instâncias de deliberações dos
partidos. Até pouco tempo atrás as convenções se realizavam durante o mês
de junho, agora o período de realização foi adiantado, conforme artigo
supramencionado e ocorre durante 16 dias.
O instrumento que registra todas as decisões tomadas nas
convenções devem ser lavradas em atas e rubricada pela justiça eleitoral:

Art. 8º A escolha dos candidatos pelos partidos e a


deliberação sobre coligações deverão ser feitas no
período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se
realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em
livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral, publicada
em vinte e quatro horas em qualquer meio de
comunicação. § 1º Aos detentores de mandato de
deputado federal, estadual ou distrital, ou de vereador, e
aos que tenham exercido esses cargos em qualquer
período da legislatura que estiver em curso, é
assegurado o registro de candidatura para o mesmo
cargo pelo partido a que estejam filiados. § 2º Para a
realização das convenções de escolha de candidatos,
os partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios
públicos, responsabilizando-se por danos causados com
a realização do evento.
Essa ata é importante para o registro de candidatura.
Essas situações que envolvem prazo interferem nos servidores que
querem se candidatar, pois podem, por expressa previsão legal, obter licença
para participar das eleições. Em um primeiro momento, quando da
participação das convenções partidárias, essa licença é retirada sem
remuneração, pois ele ainda não é candidato. Se o nome dele for escolhido,
ele pode pedir renovação e já será, nesse caso, remunerada.

Ou seja,

direito de não submeter sua candidatura as convenções partidárias. O artigo


estava suspenso por anos, por conta de uma ADIN, mas foi julgado
recentemente:

EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL E


ELEITORAL: CANDIDATURA NATA. PRINCÍPIO DA
ISONOMIA ENTRE OS PRÉ-CANDIDATOS.
AUTONOMIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS. AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO
PARÁGRAFO 1º DO ARTIGO 8º DA LEI Nº 9.504, DE
30 DE SETEMBRO DE 1997, SEGUNDO O QUAL: "§
1º - AOS DETENTORES DE MANDATO DE
DEPUTADO FEDERAL, ESTADUAL OU DISTRITAL,
OU DE VEREADOR, E AOS QUE TENHAM EXERCIDO
ESSES CARGOS EM QUALQUER PERÍODO DA
LEGISLATURA QUE ESTIVER EM CURSO, É
ASSEGURADO O REGISTRO DE CANDIDATURA
PARA O MESMO CARGO PELO PARTIDO A QUE
ESTEJAM FILIADOS". ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS
ARTIGOS 5º, "CAPUT", E 17 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR DE
SUSPENSÃO DA NORMA IMPUGNADA.
PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DA AÇÃO,
RECONHECIDA, POR MAIORIA (8 VOTOS X 1),
SENDO 3, COM BASE EM AMBOS OS PRINCÍPIOS
(DA ISONOMIA ART. 5º, "CAPUT" E DA AUTONOMIA
PARTIDÁRIA ART. 17) E 5, APENAS, COM APOIO
NESTA ÚLTIMA. "PERICULUM IN MORA" TAMBÉM
PRESENTE. CAUTELAR DEFERIDA. (ADIN 2530 DF)

AULA 3
Em que local as convenções devem ser realizadas? Isso fica ao livre
critério das convenções. Deve figurar o bom senso, mas em caso de bens
particulares pode ser em qualquer lugar.
Já quando se trata de bens públicos, pode ter problemas.

Art. 51. É assegurado ao partido político com estatuto


registrado no Tribunal Superior Eleitoral o direito à
utilização gratuita de escolas públicas ou casas
legislativas para a realização de suas reuniões ou
convenções, responsabilizando-se pelos danos
porventura causados com a realização do evento. (LEI
9096/95)
Art. 8º A escolha dos candidatos pelos partidos e a
deliberação sobre coligações deverão ser feitas no
período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se
realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em
livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral, publicada
em vinte e quatro horas em qualquer meio de
comunicação. § 1º Aos detentores de mandato de
deputado federal, estadual ou distrital, ou de vereador, e
aos que tenham exercido esses cargos em qualquer
período da legislatura que estiver em curso, é
assegurado o registro de candidatura para o mesmo
cargo pelo partido a que estejam filiados. § 2º Para a
realização das convenções de escolha de candidatos,
os partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios
públicos, responsabilizando-se por danos causados com
a realização do evento. (LEI 9054)

Essa possibilidade de uso de bens públicos deve ser estendida a


todos os partidos, que devem ser tratados em igualdade. Ocorre que a
preferência se dá nas casas legislativas, se todos quiserem utilizar, assim, o
mesmo lugar, não dará para todos.
Se estiver durante a campanha eleitoral, a utilização de bens públicos
é proibida, exceto para as convenções.

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores


ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a
igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos
eleitorais: (…) I – ceder ou usar, em benefício de
candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou
imóveis pertencentes à administração direta ou indireta
da União, dos estados, do Distrito Federal, dos
territórios e dos municípios, ressalvada a realização de
convenção partidária;

Passando à análise das propagandas, tem-se o que segue:

Qualquer propaganda anterior a data prevista é ilegal e passível de


sanção, esse aspecto temporal é um critério objetivo.
Precisa ser uma campanha voltada para os integrantes do
partido/convenção.

AULA 4
Se as regras das propagandas são tão claras, porque alguns insistem
em descumprir? É porque fazem uma equação custo-benefício: sou um
candidato a primeira vez, ninguém me conhece e, então, vou usar esses 15
dias para expor meu nome ao maior número de pessoas. A sanção é uma
multa, que chega ser irrisória para os partidos.
Normalmente, quem pede o registro são os partidos e coligações, com
a cópia da ata da convenção partidária.
Propagandas para prévias também são permitidas, nos mesmos
moldes das propagandas das convenções.

TEMA 04 – REGISTRO DE CANDIDATURAS

AULA 1
Pelo calendário eleitoral, o registro de candidatura é o próximo passo
das eleições. A aprovação do nome na convenção partidária não transforma
o indivíduo em candidato – ele apenas cumpriu uma primeira etapa que
depende ainda de confirmação ou não através do registro.
Art. 16. Até vinte dias antes da data das eleições, os
tribunais regionais eleitorais enviarão ao Tribunal
Superior Eleitoral, para fins de centralização e
divulgação de dados, a relação dos candidatos às
eleições majoritárias e proporcionais, da qual constará
obrigatoriamente a referência ao sexo e ao cargo a que
concorrem. § 1º Até a data prevista no caput, todos os
pedidos de registro de candidatos, inclusive os
impugnados e os respectivos recursos, devem estar
julgados pelas instâncias ordinárias, e publicadas as
decisões a eles relativas. § 2º Os processos de registro
de candidaturas terão prioridade sobre quaisquer
outros, devendo a Justiça Eleitoral adotar as
providências necessárias para o cumprimento do prazo
previsto no § 1º, inclusive com a realização de sessões
extraordinárias e a convocação dos juízes suplentes
pelos tribunais, sem prejuízo da eventual aplicação do
disposto no art. 97 e de representação ao Conselho
Nacional de Justiça. (LEI 9504/97)

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio


universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante: (…) § 3º
São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a
nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos
direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o
domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação
partidária; VI - a idade mínima de: trinta e cinco anos
para Presidente e Vice-Presidente da República e
Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e
um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito
anos para Vereador. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL)

Quando se trata das eleições presidenciais é o horário de 19:00 de


Brasília.
A previsão de membros do Congresso Nacional diz respeito aos
Deputados Federais e Senadores – são candidaturas estaduais.

Analisada as questões de competência, é preciso verificar os


requisitos para registro:

Além da

estabelecidos.
Como regra geral, as idades devem ser comprovadas até a data da
posse. A única exceção é para Vereador, que deve ser comprovada na data
de pedido do registro de candidatura.
Após entender os requisitos para o registro estabelecidos na
Constituição Federal, é preciso verificar os outros requisitos apresentados
pela lei:

AULA 2
Para lembrar: em matéria eleitoral, cada turno é considerado uma
eleição à parte.

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça


Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove
horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem
as eleições. (…) § 2º A idade mínima
constitucionalmente estabelecida como condição de
elegibilidade é verificada tendo por referência a data da
posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese
em que será aferida na data-limite para o pedido de
registro. (…) § 4º Na hipótese de o partido ou coligação
não requerer o registro de seus candidatos, estes
poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral, observado o
prazo máximo de quarenta e oito horas seguintes à
publicação da lista dos candidatos pela Justiça Eleitoral.
§ 5º Até a data a que se refere este artigo, os tribunais e
conselhos de contas deverão tornar disponíveis à
Justiça Eleitoral relação dos que tiveram suas contas
relativas ao exercício de cargos ou funções públicas
rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão
irrecorrível do órgão competente, ressalvados os casos
em que a questão estiver sendo submetida à apreciação
do Poder Judiciário, ou que haja sentença judicial
favorável ao interessado. (…) § 7º A certidão de
quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude
do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do
voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral
para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a
inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo,
pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação
de contas de campanha eleitoral. § 8º Para fins de
expedição da certidão de que trata o § 7º, considerar-
se-ão quites aqueles que: I – condenados ao
pagamento de multa, tenham, até a data da
formalização do seu pedido de registro de candidatura,
comprovado o pagamento ou o parcelamento da dívida
regularmente cumprido; II – pagarem a multa que lhes
couber individualmente, excluindo-se qualquer
modalidade de responsabilidade solidária, mesmo
quando imposta concomitantemente com outros
candidatos e em razão do mesmo fato; III – o
parcelamento das multas eleitorais é direito dos
cidadãos e das pessoas jurídicas e pode ser feito em
até sessenta meses, salvo quando o valor da parcela
ultrapassar 5% (cinco por cento) da renda mensal, no
caso de cidadão, ou 2% (dois por cento) do
faturamento, no caso de pessoa jurídica, hipótese em
que poderá estender-se por prazo superior, de modo
que as parcelas não ultrapassem os referidos limites; IV
– o parcelamento de multas eleitorais e de outras multas
e débitos de natureza não eleitoral imputados pelo
poder público é garantido também aos partidos políticos
em até sessenta meses, salvo se o valor da parcela
ultrapassar o limite de 2% (dois por cento) do repasse
mensal do Fundo Partidário, hipótese em que poderá
estender-se por prazo superior, de modo que as
parcelas não ultrapassem o referido limite. (9504/97)
AULA 3
Sobre a súmula 57 cabe dizer que o desdobramento se dá quando o
indivíduo pretende registrar candidatura agora e já ter participado de eleição
anterior, o simples fato de ter apresentado as contas anteriormente –
aprovadas ou não – já o permite registrar a candidatura. A simples
apresentação já é o suficiente.

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça


Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove
horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem
as eleições. (…) § 9º A Justiça Eleitoral enviará aos
partidos políticos, na respectiva circunscrição, até o dia
5 de junho do ano da eleição, a relação de todos os
devedores de multa eleitoral, a qual embasará a
expedição das certidões de quitação eleitoral. § 10. As
condições de elegibilidade e as causas de
inelegibilidade devem ser aferidas no momento da
formalização do pedido de registro da candidatura,
ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas,
supervenientes ao registro que afastem a
inelegibilidade.

Pela deficiência do § 10º supramencionado, que deixa uma lacuna de


interpretação, o TSE editou a seguinte súmula:
Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça
Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove
horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem
as eleições. (…) § 11. A Justiça Eleitoral observará, no
parcelamento a que se refere o § 8º deste artigo, as
regras de parcelamento previstas na legislação tributária
federal. (…) § 13. Fica dispensada a apresentação pelo
partido, coligação ou candidato de documentos
produzidos a partir de informações detidas pela Justiça
Eleitoral, entre eles os indicados nos incisos III, V e VI
do § 1º deste artigo. § 14. É vedado o registro de
candidatura avulsa, ainda que o requerente tenha
filiação partidária. (LEI 9504/97)

Art. 12. O candidato às eleições proporcionais indicará,


no pedido de registro, além de seu nome completo, as
variações nominais com que deseja ser registrado, até o
máximo de três opções, que poderão ser o prenome,
sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou
nome pelo qual é mais conhecido, desde que não se
estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não atente
contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente,
mencionando em que ordem de preferência deseja
registrar-se. § 1º Verificada a ocorrência de homonímia,
a Justiça Eleitoral procederá atendendo ao seguinte: I –
havendo dúvida, poderá exigir do candidato prova de
que é conhecido por dada opção de nome, indicada no
pedido de registro; II – ao candidato que, na data
máxima prevista para o registro, esteja exercendo
mandato eletivo ou o tenha exercido nos últimos quatro
anos, ou que nesse mesmo prazo se tenha candidatado
com um dos nomes que indicou, será deferido o seu uso
no registro, ficando outros candidatos impedidos de
fazer propaganda com esse mesmo nome; III – ao
candidato que, pela sua vida política, social ou
profissional, seja identificado por um dado nome que
tenha indicado, será deferido o registro com esse nome,
observado o disposto na parte final do inciso anterior; IV
– tratando-se de candidatos cuja homonímia não se
resolva pelas regras dos dois incisos anteriores, a
Justiça Eleitoral deverá notificá-los para que, em dois
dias, cheguem a acordo sobre os respectivos nomes a
serem usados; V – não havendo acordo no caso do
inciso anterior, a Justiça Eleitoral registrará cada
candidato com o nome e sobrenome constantes do
pedido de registro, observada a ordem de preferência ali
definida. § 2º A Justiça Eleitoral poderá exigir do
candidato prova de que é conhecido por determinada
opção de nome por ele indicado, quando seu uso puder
confundir o eleitor. § 3º A Justiça Eleitoral indeferirá
todo pedido de variação de nome coincidente com nome
de candidato a eleição majoritária, salvo para candidato
que esteja exercendo mandato eletivo ou o tenha
exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo
prazo, tenha concorrido em eleição com o nome
coincidente. § 4º Ao decidir sobre os pedidos de
registro, a Justiça Eleitoral publicará as variações de
nome deferidas aos candidatos. § 5º A Justiça Eleitoral
organizará e publicará, até trinta dias antes da eleição,
as seguintes relações, para uso na votação e apuração:
I – a primeira, ordenada por partidos, com a lista dos
respectivos candidatos em ordem numérica, com as três
variações de nome correspondentes a cada um, na
ordem escolhida pelo candidato; II – a segunda, com o
índice onomástico e organizada em ordem alfabética,
nela constando o nome completo de cada candidato e
cada variação de nome, também em ordem alfabética,
seguidos da respectiva legenda e número. (LEI
9504/97)

Nesse sentido, nas últimas eleições, a seguinte decisão foi tomada:

A candidatura do candidato acima foi deferida.

AULA 4
Hipóteses de inelegibilidade:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio


universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante: (…) § 4º
São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. § 5º O
Presidente da República, os Governadores de Estado e
do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
poderão ser reeleitos para um único período
subsequente. § 6º Para concorrerem a outros cargos, o
Presidente da República, os Governadores de Estado e
do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. §
7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição. § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
seguintes condições: I - se contar menos de dez anos
de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar
mais de dez anos de serviço, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a
inatividade. § 9º Lei complementar estabelecerá outros
casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato considerada vida pregressa
do candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder econômico ou o
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta. (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL)
Quanto as hipóteses de inelegibilidade reflexa, previstas no § 7º
supramencionado, tem-se, ainda, as seguintes súmulas:

A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no


curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista
no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal. (SÚMULA
VINCULANTE 18)

São inelegíveis para o cargo de chefe do Executivo o


cônjuge e os parentes, indicados no § 7º do art. 14 da
Constituição Federal, do titular do mandato, salvo se
este, reelegível, tenha falecido, renunciado ou se
afastado definitivamente do cargo até seis meses antes
do pleito (SÚMULA 06 DO TSE)

Quanto as hipóteses de inelegibilidade tem-se, ainda, a previsão legal


da Lei Complementar 64/90, quais sejam:

Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: a) os


inalistáveis e os analfabetos; b) os membros do
Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da
Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que
hajam perdido os respectivos mandatos por infringência
do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição
Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas
dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições
que se realizarem durante o período remanescente do
mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos
subsequentes ao término da legislatura; c) o
Governador e o Vice-Governador de Estado e do
Distrito Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que
perderem seus cargos eletivos por infringência a
dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do
Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para
as eleições que se realizarem durante o período
remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao
término do mandato para o qual tenham sido eleitos; d)
os que tenham contra sua pessoa representação
julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
colegiado, em processo de apuração de abuso do poder
econômico ou político, para a eleição na qual concorrem
ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; e) os que forem
condenados, em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão judicial colegiado, desde a
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos
após o cumprimento da pena, pelos crimes: 1. contra a
economia popular, a fé pública, a administração pública
e o patrimônio público; 2. contra o patrimônio privado, o
sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos
na lei que regula a falência; 3. contra o meio ambiente e
a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine
pena privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade,
nos casos em que houver condenação à perda do cargo
ou à inabilitação para o exercício de função pública; 6.
de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7.
de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à
condição análoga à de escravo; 9. contra a vida e a
dignidade sexual; e 10. praticados por organização
criminosa, quadrilha ou bando; f) os que forem
declarados indignos do oficialato, ou com ele
incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; g) os que
tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou
funções públicas rejeitadas por irregularidade
insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão
competente, salvo se esta houver sido suspensa ou
anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir
da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II
do art. 71 da Constituição Federal, a todos os
ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários
que houverem agido nessa condição; h) os detentores
de cargo na administração pública direta, indireta ou
fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo
abuso do poder econômico ou político, que forem
condenados em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na
qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como
para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; i)
os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de
processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam
exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva
decretação, cargo ou função de direção, administração
ou representação, enquanto não forem exonerados de
qualquer responsabilidade; j) os que forem condenados,
em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral,
por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou
gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta
vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais
que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo
prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; k) o
Presidente da República, o Governador de Estado e do
Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso
Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara
Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a
seus mandatos desde o oferecimento de representação
ou petição capaz de autorizar a abertura de processo
por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da
Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito
Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as
eleições que se realizarem durante o período
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e
nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da
legislatura; l) os que forem condenados à suspensão
dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado
ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso
de improbidade administrativa que importe lesão ao
patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a
condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso
do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena;
m) os que forem excluídos do exercício da profissão,
por decisão sancionatória do órgão profissional
competente, em decorrência de infração ético-
profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato
houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;
n) os que forem condenados, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em
razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo
conjugal ou de união estável para evitar caracterização
de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a
decisão que reconhecer a fraude; o) os que forem
demitidos do serviço público em decorrência de
processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8
(oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver
sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;p) a
pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas
responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito)
anos após a decisão, observando-se o procedimento
previsto no art. 22;q) os magistrados e os membros do
Ministério Público que forem aposentados
compulsoriamente por decisão sancionatória, que
tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham
pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
pendência de processo administrativo disciplinar, pelo
prazo de 8 (oito) anos; II - para Presidente e Vice-
Presidente da República: a) até 6 (seis) meses depois
de afastados definitivamente de seus cargos e funções:
1. os Ministros de Estado: 2. os chefes dos órgãos de
assessoramento direto, civil e militar, da Presidência da
República; 3. o chefe do órgão de assessoramento de
informações da Presidência da República; 4. o chefe do
Estado-Maior das Forças Armadas; 5. o Advogado-
Geral da União e o Consultor-Geral da República; 6. os
chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica; 7. os Comandantes do Exército, Marinha e
Aeronáutica; 8. os Magistrados; 9. os Presidentes,
Diretores e Superintendentes de autarquias, empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações
públicas e as mantidas pelo poder público; 10. os
Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
Territórios; 11. os Interventores Federais; 12, os
Secretários de Estado; 13. os Prefeitos Municipais; 14.
os membros do Tribunal de Contas da União, dos
Estados e do Distrito Federal; 15. o Diretor-Geral do
Departamento de Polícia Federal; 16. os Secretários-
Gerais, os Secretários-Executivos, os Secretários
Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as
pessoas que ocupem cargos equivalentes; b) os que
tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à
eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e
em qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de
nomeação pelo Presidente da República, sujeito à
aprovação prévia do Senado Federal; (…) d) os que, até
6 (seis) meses antes da eleição, tiverem competência
ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos,
taxas e contribuições de caráter obrigatório, inclusive
parafiscais, ou para aplicar multas relacionadas com
essas atividades; e) os que, até 6 (seis) meses antes da
eleição, tenham exercido cargo ou função de direção,
administração ou representação nas empresas de que
tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137, de 10 de
setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de
suas atividades, possam tais empresas influir na
economia nacional; f) os que, detendo o controle de
empresas ou grupo de empresas que atuem no Brasil,
nas condições monopolísticas previstas no parágrafo
único do art. 5° da lei citada na alínea anterior, não
apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses
antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o abuso
apurado, do poder econômico, ou de que transferiram,
por força regular, o controle de referidas empresas ou
grupo de empresas; g) os que tenham, dentro dos 4
(quatro) meses anteriores ao pleito, ocupado cargo ou
função de direção, administração ou representação em
entidades representativas de classe, mantidas, total ou
parcialmente, por contribuições impostas pelo poder
Público ou com recursos arrecadados e repassados
pela Previdência Social; h) os que, até 6 (seis) meses
depois de afastados das funções, tenham exercido
cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente de
sociedades com objetivos exclusivos de operações
financeiras e façam publicamente apelo à poupança e
ao crédito, inclusive através de cooperativas e da
empresa ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer
forma, de vantagens asseguradas pelo poder público,
salvo se decorrentes de contratos que obedeçam a
cláusulas uniformes; i) os que, dentro de 6 (seis) meses
anteriores ao pleito, hajam exercido cargo ou função de
direção, administração ou representação em pessoa
jurídica ou em empresa que mantenha contrato de
execução de obras, de prestação de serviços ou de
fornecimento de bens com órgão do Poder Público ou
sob seu controle, salvo no caso de contrato que
obedeça a cláusulas uniformes; j) os que, membros do
Ministério Público, não se tenham afastado das suas
funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito; I) os
que, servidores públicos, estatutários ou não,»dos
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações
mantidas pelo Poder Público, não se afastarem até 3
(três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à
percepção dos seus vencimentos integrais; (LC 64/90)

Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a partido político,


coligação ou ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco)
dias, contados da publicação do pedido de registro do
candidato, impugná-lo em petição fundamentada. § 1° A
impugnação, por parte do candidato, partido político ou
coligação, não impede a ação do Ministério Público no
mesmo sentido. § 2° Não poderá impugnar o registro de
candidato o representante do Ministério Público que,
nos 4 (quatro) anos anteriores, tenha disputado cargo
eletivo, integrado diretório de partido ou exercido
atividade político-partidária. § 3° O impugnante
especificará, desde logo, os meios de prova com que
pretende demonstrar a veracidade do alegado,
arrolando testemunhas, se for o caso, no máximo de 6
(seis). (LC 64/90)

O prazo de inelegibilidade decorrente da condenação


por abuso do poder econômico ou político tem início no
dia da eleição em que este se verificou e finda no dia de
igual número no oitavo ano seguinte (art. 22, XIV, da LC
nº 64/1990). (SÚMULA 19 TSE)

No processo de registro de candidatos, o partido que


não o impugnou não tem legitimidade para recorrer da
sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria
constitucional. (SÚMULA 11 TSE)
Nos processos de registro de candidatura, o juiz
eleitoral pode conhecer de ofício da existência de
causas de inelegibilidade ou da ausência de condição
de elegibilidade, desde que resguardados o
contraditório e a ampla defesa. (SÚMULA 45 TSE)
Jurisprudências pertinentes sobre o tema:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.831/2019, QUE


ALTERA A LEI 9.096/1995. OLIGARQUIZAÇÃO DOS PARTIDOS
POLÍTICOS. IDEAL DEMOCRÁTICO. PRINCÍPIO REPUBLICANO. ART.
3º, § 2º. AUTONOMIA ASSEGURADA ÀS AGREMIAÇÕES PARTIDÁRIAS
PARA DEFINIR O PRAZO DE DURAÇÃO DOS MANDATOS DOS
MEMBROS DOS SEUS ÓRGÃOS PERMANENTES OU PROVISÓRIOS.
INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO. ALTERNÂNCIA DO
PODER. REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES PERIÓDICAS EM PRAZO
RAZOÁVEL. ART. 3º, § 3º. PRAZO DE VIGÊNCIA DOS ÓRGÃOS
PROVISÓRIOS DOS PARTIDOS POLÍTICOS DE ATÉ 8 (OITO) ANOS.
PROVISORIEDADE QUE NÃO SE CONFUNDE COM PERPETUIDADE.
PROCEDÊNCIA QUANTO AO PONTO. ART. 55-D. ANISTIA.
DEVOLUÇÕES, COBRANÇAS OU TRANSFERÊNCIAS AO TESOURO
NACIONAL QUE TENHAM COMO CAUSA AS DOAÇÕES OU
CONTRIBUIÇÕES FEITAS EM ANOS ANTERIORES POR SERVIDORES
PÚBLICOS QUE EXERÇAM FUNÇÃO OU CARGO PÚBLICO DE LIVRE
NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO, DESDE QUE FILIADOS A PARTIDO
POLÍTICO. IMPROCEDÊNCIA QUANTO AO PONTO. MODULAÇÃO DA
DECISÃO. PRODUÇÃO DE EFEITOS EXCLUSIVAMENTE A PARTIR DE
JANEIRO DE 2023, PRAZO POSTERIOR AO ENCERRAMENTO DO
PRESENTE CICLO ELEITORAL, APÓS O QUAL O TRIBUNAL SUPERIOR
ELEITORAL PODERÁ ANALISAR A COMPATIBILIDADE DOS
ESTATUTOS COM O PRESENTE ACÓRDÃO. I - O § 2º do art. 3º da Lei dos
Partidos Políticos garante às agremiações autonomia para definir o tempo de mandato
dos membros dos órgãos partidários permanentes ou provisórios, estabelecendo
norma de competência que pode ser lida, ao menos em tese, no sentido que estes
mandatos tenham duração indefinida, sem restrições de nenhuma ordem. II - O § 3º
dos art. 3º da Lei dos Partidos Políticos prevê que órgãos provisórios de partidos
políticos possam perdurar por até 8 (oito) anos. III - Vocação dos partidos políticos
para a autocracia que não é particularidade da política brasileira contemporânea.
Estudos clássicos de Robert Michels e Maurice Duverger que explicam essa
paradoxal propensão. IV - Da tensão entre interesses de eleitores, filiados e dirigentes
partidários podem resultar abalos na representação política que afetam a qualidade da
democracia e a própria sobrevivência do regime, que o Supremo Tribunal Federal,
guardião da Constituição, tem o dever de tutelar. V - Importância de reforçar as
tendências democráticas dos partidos políticos, os quais são peças fundamentais para
a construção de uma legítima e robusta democracia representativa, amplificando os
movimentos políticos que engajam os cidadãos na política. VI - Ideal democrático que
se firma na temporalidade dos mandatos, na renovação. O voto direto, secreto,
universal e periódico constitui cláusula pétrea da nossa República (art. 60, § 4º, II, da
Constituição). VII - A periodicidade dos mandatos reforça e garante o princípio
republicano, o qual configura “o núcleo essencial da Constituição”, a lhe garantir
certa identidade e estrutura, estando abrigado no art. 1º da Carta Magna. VIII -
Concessão de interpretação conforme à Constituição ao § 2º do art. 3º da Lei
9.096/1995, na redação dada pela Lei 13.831/2019, para assentar que os partidos
políticos podem, no exercício de sua autonomia constitucional, estabelecer a duração
dos mandatos de seus dirigentes desde que compatível com o princípio republicano da
alternância do poder concretizado por meio da realização de eleições periódicas em
prazo razoável. IX - Inconstitucionalidade do art. 3º, § 3º, da Lei 9.096/1995, na
redação dada pela Lei 13.831/2019, ao fixar o prazo de duração de até 8 (oito) anos
das comissões provisórias. Período durante o qual podem ser realizadas distintas
eleições (gerais e municipais), para todos os níveis federativos. O que é provisório
não é eterno; o que é temporário, não pode ser permanente; o que é efêmero, não é
duradouro. X - Improcedência do pedido quanto ao art. 55-D da Lei 9.096/1995, na
redação dada pela Lei 13.831/2019. XI - Modulação para que a decisão, no trecho em
que reconhece a inconstitucionalidade da norma, produza efeitos exclusivamente a
partir de janeiro de 2023, prazo posterior ao encerramento do presente ciclo eleitoral,
após o qual o Tribunal Superior Eleitoral poderá analisar a compatibilidade dos
estatutos com o presente acórdão.
(ADI 6230, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
08/08/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-161 DIVULG 15-08-2022 PUBLIC
16-08-2022)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. MULTA POR


DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA NO CURSO DO MANDATO. SANÇÃO
PREVISTA NO ESTATUTO DO PARTIDO POLÍTICO. AUSÊNCIA DE
DOCUMENTO INDISPENSÁVEL AO ACOLHIMENTO DO PEDIDO.
PROVA POR PRESUNÇÃO. DESCABIMENTO. VÍNCULO
OBRIGACIONAL QUE SURGE COM A CONCORDÂNCIA INEQUÍVOCA
DO CANDIDATO, NA HIPÓTESE. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E
PROVIDO.
1. O propósito recursal consiste em definir se o documento assinado pelo candidato a
cargo eletivo contendo autorização de concordância com o pagamento da multa por
desfiliação partidária prevista no art.
85, X, do Estatuto do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro - PRTB é documento
essencial ao acolhimento do pedido de cobrança dessa penalidade. 2. Do teor do art.
85, X, do Estatuto do PRTB extrai-se que a penalidade pecuniária consistente no
pagamento de valor correspondente a 12 (doze) meses do salário do candidato eleito
possui dois requisitos, a saber: i) a aquiescência expressa do candidato com a
cobrança da penalidade, mediante a assinatura do mencionado formulário; e ii) a sua
desfiliação do partido no curso do respectivo mandato.
4. Segundo a exegese desse dispositivo estatutário, é da concordância incontestável do
candidato a mandato eletivo que surge o vínculo obrigacional do pagamento da
penalidade, não decorrendo automaticamente da filiação e da consequente submissão
do candidato às regras do estatuto.
5. Nesse contexto, afigura-se imprescindível ao acolhimento do pedido de cobrança
em voga a prova incontestável da anuência com o pagamento da multa pelo candidato
a mandato eletivo (que, na hipótese, foi eleito para o cargo de deputado federal e se
desfiliou da agremiação no curso do seu mandato), revelando-se descabida a
presunção de prova nesse sentido.
6. Portanto, estando ausente a prova inequívoca do direito alegado pelo partido
político de incidência da multa por desfiliação partidária estabelecida no art. 85, X, do
Estatuto do PRTB, de rigor a improcedência da tutela condenatória requerida pelo
autor, em observância ao disposto nos arts. 373, I, e 434 do CPC/2015. 7. Recurso
especial conhecido e provido. (REsp 1796737/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/11/2021, DJe 09/12/2021)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL.


ELEITORAL. LEI NACIONAL N. 13.107, DE 24.3.2015. INTRODUÇÃO DO §
9º AO ART. 29 DA LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS (LEI N. 9.096/1995).
NOVAS CONDIÇÕES LEGAIS PARA CRIAÇÃO, FUSÃO E
INCORPORAÇÃO DE PARTIDOS POLÍTICOS. PRAZO MÍNIMO DE
CINCO ANOS DE EXISTÊNCIA DOS PARTIDOS. FORTALECIMENTO DO
MODELO REPRESENTATIVO E DENSIFICAÇÃO DO
PLURIPARTIDARISMO. FUNDAMENTO DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA
IMPROCEDENTE. 1. É constitucional a norma legal pela qual se impõe restrição
temporal para a fusão ou incorporação de partidos políticos. Precedentes. 2. O lapso
temporal legalmente definido reforça o objetivo do constituinte reformador expresso
na Emenda Constitucional n. 97/2017, pela qual instituída a norma que visa o
enfraquecimento da representação partidária. 3. Proposta de conversão de referendo
de medida cautelar em julgamento definitivo de mérito pela não complexidade da
questão de direito em discussão e instrução dos autos, nos termos do art. 12 da Lei n.
9.868/1999. Precedentes. 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente. (ADI 6044, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em
08/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-051 DIVULG 16-03-2021 PUBLIC
17-03-2021)

MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. PRAZO PARA FILIAÇÃO PARTIDÁRIA.
PEDIDO DE SUSPENSÃO POR TRINTA DIAS. ART. 9º, CAPUT, DA LEI Nº
9.504/1997, ART. 1º, IV, V E VII, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990, E,
POR ARRASTAMENTO, ART. 10, CAPUT E § 4º, DA RESOLUÇÃO TSE Nº
23.609/2019 E RESOLUÇÃO TSE Nº 23.606/2019 (CALENDÁRIO PARA AS
ELEIÇÕES DE 2020). EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA DE
IMPORTÂNCIA INTERNACIONAL DECORRENTE DO NOVO
CORONAVÍRUS (COVID-19). ALEGAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE CIRCUNSTANCIAL OU TRANSIÇÃO PARA
A INCONSTITUCIONALIDADE. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO
PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO E À SOBERANIA POPULAR.
INOCORRÊNCIA. RISCO DE VULNERAÇÃO À LEGITIMIDADE DO
PROCESSO ELEITORAL. ART. 14, § 9º, DA CF. ANTERIORIDADE DA LEI
ELEITORAL. ART. 16 DA CF. CALENDÁRIO ELEITORAL. DATAS E
BALIZAS FIXADAS NA CONSTITUIÇÃO. ALTERAÇÃO SOMENTE
MEDIANTE ATUAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO.
INDEFERIMENTO DA PRETENSÃO CAUTELAR. REFERENDO. 1. Indefere-
se pretensão cautelar de suspensão temporária da eficácia de atos normativos
primários – inscritos em lei ordinária e em lei complementar – fundada em alegação
de consubstanciarem leis em transição para a inconstitucionalidade ou
circunstancialmente inconstitucionais. 2. Ferramentas hermenêuticas de tutela
jurisdicional da Constituição, tais como a modulação temporal dos efeitos das
decisões, a declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade, o apelo ao
legislador e decisões de conteúdo aditivo ou manipulativo justificam-se por evitarem,
em todo caso, um estado de exceção, em outras palavras, que o provimento
jurisdicional não resulte, ele mesmo, em violação da Constituição mais grave do que a
que se visou a extirpar. A decisão atípica proferida na jurisdição constitucional há de
estar informada e legitimada pela deontologia extraída da própria Constituição, não
ostentando caráter meramente consequencialista. É dever da jurisdição constitucional
assegurar, sempre e em cada caso, a melhor harmonização possível entre a supremacia
da Constituição, interesses sociais incontornáveis e os princípios da segurança
jurídica, da razoabilidade e da proporcionalidade. A técnica da lei ainda constitucional
tem lugar quando peculiaridades fáticas ou sociais impõem a validação provisória de
norma a rigor inconstitucional para evitar-se situação de anomia ou dano ainda maior
à ordem constitucional. 3. Inadequação da espécie, sequer demonstrado de forma
satisfatória que o parâmetro fático-social decorrente da implementação das medidas
de enfrentamento à pandemia da COVID-19 ora traduza situação justificadora da
suspensão de direito objetivo cuja validade não está em jogo sob outro prisma. 4.
Inocorrência de afronta ao princípio democrático e à soberania popular. A existência
perene do regime democrático é assegurada pela reverência às regras conformadoras
dos ritos e procedimentos que lhe são ínsitos e prazos como o de
desincompatibilização não são meras formalidades, eis que visam a assegurar a
isonomia, expressão do princípio republicano, na disputa eleitoral, e sua
inobservância pode vulnerar a própria legitimidade do processo eleitoral, valor
consagrado no art. 14, § 9º, da CF. O exame da história do Brasil revela que a
desorganização anda de mãos dadas com a fraude. 5. O acolhimento da pretensão –
imediata suspensão dos prazos do art. 9º, caput, da Lei nº 9.504/1997 e do art. 1º, IV,
V e VII, da Lei Complementar nº 64/1990 e, por arrastamento, do art. 10, caput, e seu
§ 4º, da Resolução nº 23.609/2019 do TSE) – enfraqueceria as proteções contra o
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta,
incrementando de modo desproporcional o risco para a normalidade e a legitimidade
das eleições (art. 14, § 9º, da CF), produzindo estado de coisas com potencial ainda
maior de vulneração ao princípio democrático e à soberania popular: risco à cláusula
pétrea da periodicidade do sufrágio (art. 60, § 4º, II, da CF), à soberania popular e ao
Estado democrático de direito (art. 1º, parágrafo único, da CF). 6. O Supremo
Tribunal Federal já assentou a sujeição das decisões judiciais que impliquem alteração
de jurisprudência à exigência de anterioridade – ou anualidade – da lei eleitoral (art.
16 da CF), marco temporal objetivo cujo escopo é impedir mudanças abruptas na
legislação, de modo a assegurar o devido processo legal eleitoral, o direito das
minorias e a paridade de armas na disputa. Precedente: (RE 637.485/RJ, Relator
Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 01.8.2012, DJe 21.5.2013).
7. A alteração do calendário eleitoral vigente, a contemplar datas e balizas fixadas na
Constituição, exige, em qualquer hipótese, a atuação do Congresso Nacional. 8. A
ausência de referências jurisprudenciais a apoiar a tese da inconstitucionalidade
circunstancial subjacente à pretensão, é sugestiva de que, embora criativa, não se
coaduna, considerada a instabilidade normativa inerente ao conceito, com uma ordem
jurídica conformada a um Estado democrático de direito marcado pelo império da lei,
pela Supremacia da Constituição e pela reverência à segurança jurídica e à
objetividade do direito positivo. Potencialmente conducente a horizonte político
qualitativamente indiferenciável de um estado em que a vigência do direito
inconveniente pode ser afastada e restabelecida ao sabor dos ventos, admitir a
invocação de circunstâncias excepcionais para afastar temporariamente a aplicação do
direito vigente configura procedimento incompatível com o conteúdo material do
Estado constitucional. 9. Indeferimento de medida cautelar referendado. (ADI 6359
MC-Ref, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-268 DIVULG 09-11-2020 PUBLIC 10-11-2020)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI NACIONAL N.


13.107, DE 24.3.2015. ALTERAÇÃO DA LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS E
DA LEI ELEITORAL (LEI N. 9.096/1995 E 9.504/1997). NOVAS CONDIÇÕES
LEGAIS PARA CRIAÇÃO, FUSÃO E INCORPORAÇÃO DE PARTIDOS
POLÍTICOS. APOIO DE ELEITORES NÃO FILIADOS E PRAZO MÍNIMO
DE CINCO ANOS DE EXISTÊNCIA DOS PARTIDOS. FORTALECIMENTO
DO MODELO REPRESENTATIVO E DENSIFICAÇÃO DO
PLURIPARTIDARISMO. FUNDAMENTO DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO.
FIDELIDADE PARTIDÁRIA. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. 1. Pela
Constituição da República se assegura a livre criação, fusão e incorporação de
partidos políticos, condicionadas aos princípios do sistema democrático representativo
e do pluripartidarismo. 2. São constitucionais as normas pelas quais se fortaleça o
controle quantitativo e qualitativo dos partidos, sem afronta ao princípio da igualdade
ou ingerência no funcionamento interno. 3. A determinação constitucional de caráter
nacional dos partidos políticos objetiva impedir a proliferação de agremiações sem
expressão política, que podem atuar como “legendas de aluguel”, fraudando a
representação, base do regime democrático. 4. Ação direta de inconstitucionalidade
julgada improcedente. (ADI 5311, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno,
julgado em 04/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-169 DIVULG 03-07-2020
PUBLIC 06-07-2020)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ALEGAÇÃO DE


OFENSAS A CANDIDATO. DIRETÓRIO NACIONAL DE PARTIDO
POLÍTICO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. DIRETÓRIOS.
PRESENTAÇÃO DO ENTE JURÍDICO. LEGITIMIDADE ATIVA. DEFESA
EM NOME PRÓPRIO DE DIREITO PRÓPRIO. 1. O partido político é pessoa
jurídica de direito privado, sujeito de direitos e obrigações, constituído de acordo com
a Lei n.
9.906/1995, organizado em diretórios nacional, regionais e municipais, nos termos do
respectivo estatuto, que colabora com o Estado, sem subordinação a entidades ou
governos estrangeiros. 2. O ente jurídico, dotado de capacidade civil, pode praticar
atos jurídicos, sempre por meio de seus diretores ou administradores, havendo, nesses
casos, apenas uma vontade, a da sociedade. Assim, não se trata de defesa em nome
próprio de direito alheio. Sejam quais forem os órgãos internos, eles constituem a
própria pessoa jurídica sob a forma de uma fração, fazendo-a presente, regularmente,
em juízo ou fora dele (art. 12 do CPC).
3. A representação partidária nas ações judiciais constitui prerrogativa jurídico-
processual do Diretório Nacional do Partido Político, que é - ressalvada disposição em
contrário dos estatutos partidários - o órgão de direção e de ação dessas entidades no
plano nacional.
4. Uma vez encampada certa candidatura, ofensas lançadas ao pretendente do cargo
repercutem a ponto de alcançar o próprio partido ou coligação que indicou,
evidenciando verdadeira legitimidade concorrente, a indicar possibilidade de atuação
do ofendido direto ou do partido ou coligação que procedeu à indicação do candidato
ou ao registro pelo qual concorre.
5. Recurso especial provido. (REsp 1484422/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/05/2019, DJe 05/08/2019)

Contribuição partidária de associados – possibilidade de cobrança em


processo monitório “2. É cabível a imposição de cobrança, no estatuto do
partido político, de contribuição imposta aos associados. Ademais, revela-se
possível a cobrança, em sede de processo monitório, aparelhada com prova
da filiação do réu ao partido político, bem assim da juntada do estatuto que a
preveja.” Acórdão 1422563, 07334173020208070001, Relator: ARNOLDO
CAMANHO, 4ª Turma Cível, data de julgamento: 18/5/2022, publicado no
DJE: 27/5/2022.

Indenização por danos morais – filiação a partido político sem


requerimento do eleitor – militar da ativa – conduta proibida
constitucionalmente. “2. Diante da incerteza acerca do órgão partidário que
promoveu a filiação indevida do autor à agremiação partidária, mostra-se
evidenciada a legitimidade do Diretório Nacional para figurar no polo passivo
de demanda indenizatória fundamentada na ilicitude do ato objeto da lide. 3.
É de total incumbência do réu, Diretório Nacional, conforme art. 373, II, do
CPC, a comprovação clara e evidente da exclusão de sua responsabilidade
em detrimento dos atos realizados pelos diretórios regionais do partido
político, ônus probatório do qual, no entanto, o réu/apelante não se
desincumbiu. 4. Frente à inexistência de prova robusta e incapaz de gerar
dúvidas quanto ao órgão partidário que deu causa ao alegado ilícito, não há
como ser afastada a responsabilidade do Diretório Nacional para fins de
reparação dos danos morais decorrentes de filiação irregular do
autor/apelado. 5. Considerando as regras pautadas pelo ambiente
profissional do autor/apelado, bem como a circunstância de ser autuado para
investigação de transgressão militar a respeito de conduta proibida
constitucionalmente, qual seja, a filiação partidária do militar, e a qual ocorreu
de forma indevida e sem seu conhecimento/autorização, tem-se por
configurado constrangimento ilegal que supera um aborrecimento trivial e que
causou abalo na imagem e na honra do autor/apelado, diante, inclusive, do
enquadramento deste como militar exemplar e sem históricos de punições
até a ocasião. 6. A filiação partidária do autor/apelado, militar da ativa, sem a
devida autorização, configura culpa in vigilando, pois ao apelante cabia o
dever de supervisão dos atos de seus prepostos.” Acórdão 1421013,
07394113920208070001, Relatora: GISLENE PINHEIRO, 7ª Turma Cível,
data de julgamento: 11/5/2022, publicado no DJE: 16/5/2022.

Contribuição partidária voluntária – liberdade de organização –


constitucionalidade e legalidade da cobrança – irrelevância de
cumprimento de sanção disciplinar “3. O ordenamento jurídico pátrio
assegura a ampla liberdade de organização partidária (CF, art. 17, §1º; Lei nº
9.096/95, arts. 14 e 15, III e VII), incluindo de ordem financeira do partido,
não havendo óbice à instituição de contribuição de seus filiados. 3.1. Inexiste
qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade na previsão estatutária de
contribuição ao partido, por aqueles filiados eleitos para o exercício do
mandato parlamentar, tampouco obrigatoriedade de previsão expressa, seja
na Constituição Federal, seja na legislação ordinária, para corroborar a
validade da instituição da contribuição. Trata-se de direito patrimonial
disponível e a parte apelante deliberadamente se comprometeu a pagar a
quantia mensal, ao filiar-se ao partido e lograr êxito na eleição, por meio da
sigla. 4. Permanecendo o apelante durante todo o período relativo à cobrança
filiado ao partido político autor e ocupando cargo de deputado federal, não há
falar em inexigibilidade das contribuições enquanto cumpria sanção
disciplinar interna de suspensão de funções e alguns dos direitos partidários.”
Acórdão 1418771, 07334095320208070001, Relator: ALFEU MACHADO, 6ª
Turma Cível, data de julgamento: 4/5/2022, publicado no DJE: 11/5/2022.
Não se pode impor, como condição para que a pessoa se desfilie,
que ela previamente quite todos os débitos ou, então, pague uma
multa. EMENTA Recurso extraordinário. Repercussão geral. Liberdade
de associação. Condicionamento da desfiliação de associado à quitação
do débito referente a benefício obtido por intermédio da associação ou
ao pagamento de multa. Inconstitucionalidade, por violação da
dimensão negativa do direito à liberdade de associação. Possibilidade
de a associação cobrar, pelos meios de direito, compensações ou
multas. 1. A liberdade de associação abarca o direito de o associado se
desligar da associação, sendo certo que esse direito encontra expressa
previsão no inciso XX do art. 5º da Constituição Federal, o qual
estabelece que “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado”. 2. Considerando-se os princípios da legalidade,
da autonomia de vontade e da liberdade de associação, não cabe à
associação, a pretexto de evitar vantagem sem causa ou de proteger a
boa-fé, condicionar o desligamento de associado à quitação de
benefício (como, v.g., empréstimo bancário) obtido por intermédio
daquela ou ao pagamento de multa. Tal circunstância, contudo, não
impede que a associação se utilize dos meios de direito para a cobrança
de eventuais compensações ou multas em face do indivíduo que a ela
se filia para obter benefícios e, posteriormente, se desliga da entidade.
3. Foi fixada a seguinte tese para o Tema nº 492: “É inconstitucional o
condicionamento da desfiliação de associado à quitação do débito
referente a benefício obtido por intermédio da associação ou ao
pagamento de multa”. 4. Recurso extraordinário ao qual se dá
provimento. (RE 820823, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno,
julgado em 03/10/2022, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO DJe-215 DIVULG 24-10-2022 PUBLIC 25-10-2022)

NÃO EXISTE A CANDIDATURA NATA NO BRASIL. Na ADI 2530/DF,


o STF reconheceu que não existe a candidatura nata no Brasil, ou seja,
o direito de o titular do mandato eletivo ser, obrigatoriamente, escolhido
e registrado pelo partido como candidato à reeleição. O § 1º do art. 8º
da Lei nº 9.504/97 previu que aos detentores de mandato de Deputado
Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, e aos que tenham
exercido esses cargos em qualquer período da legislatura que estiver
em curso, é assegurado o registro de candidatura para o mesmo cargo
pelo partido a que estejam filiados. Isso foi denominado pela doutrina e
jurisprudência de “candidatura nata”. Assim, “candidatura nata” é o
direito que o titular do mandato eletivo possui de, obrigatoriamente, ser
escolhido e registrado pelo partido político como candidato à reeleição.
O STF, contudo, entendeu que esse § 1º do art. 8º da Lei nº 9.504/97 é
inconstitucional, não sendo possível a chamada “candidatura nata”.
Para a corte, o instituto da “candidatura nata” é incompatível com a
Constituição Federal de 1988, tanto por violar a isonomia entre os
postulantes a cargos eletivos como, sobretudo, por atingir a autonomia
partidária, previsto no art. 5º, caput, e art. 17 da CF/88 (STF, Plenário,
ADI 2530/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 18/8/2021 – Info
1026).

A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da CF,


aplica-se tanto para condenados a penas privativas de liberdade
como também a penas restritivas de direitos - PENAL E PROCESSO
PENAL. SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS.
AUTOAPLICAÇÃO. CONSEQUÊNCIA IMEDIATA DA SENTENÇA
PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO. NATUREZA
DA PENA IMPOSTA QUE NÃO INTERFERE NA APLICAÇÃO DA
SUSPENSÃO. OPÇÃO DO LEGISLADOR CONSTITUINTE. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. 1. A regra de suspensão dos direitos
políticos prevista no art. 15, III, é autoaplicável, pois trata-se de
consequência imediata da sentença penal condenatória transitada em
julgado. 2. A autoaplicação independe da natureza da pena imposta. 3.
A opção do legislador constituinte foi no sentido de que os condenados
criminalmente, com trânsito em julgado, enquanto durar os efeitos da
sentença condenatória, não exerçam os seus direitos políticos. 4. No
caso concreto, recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 601182,
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 08/05/2019,
DJe-214 DIVULG 01-10-2019 PUBLIC 02-10-2019)

A vedação ao exercício de três mandatos consecutivos pelo


mesmo núcleo familiar aplica-se também na hipótese em que um
dos mandatos tenha sido para suceder o eleito que foi cassado.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO – MATÉRIA ELEITORAL – ALEGADA
VIOLAÇÃO AOS PRECEITOS INSCRITOS NO ART. 14, §§ 5º e 7º, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA – ELEIÇÃO DE INTEGRANTE DO
MESMO NÚCLEO FAMILIAR PARA O EXERCÍCIO DE TERCEIRO
MANDATO CONSECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE – PRECEDENTES –
DISCIPLINA JURÍDICO- -CONSTITUCIONAL DA INELEGIBILIDADE –
CONSIDERAÇÕES – AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. – O
constituinte revelou-se claramente hostil a práticas ilegítimas que
denotem o abuso de poder econômico ou que caracterizem o exercício
distorcido do poder político-administrativo. Com o objetivo de proteger a
normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência, sempre
censurável, do poder econômico ou o abuso, absolutamente inaceitável,
do exercício de função pública é que se definiram situações de
inelegibilidade, destinadas a obstar, precisamente, entre as várias
hipóteses possíveis, a formação de grupos hegemônicos que,
monopolizando o acesso aos mandatos eletivos, virtualmente
patrimonializam o poder governamental, convertendo-o, numa
inadmissível inversão dos postulados republicanos, em verdadeira “res
domestica”. – As formações oligárquicas constituem grave deformação
do processo democrático. A busca do poder não pode limitar-se à esfera
reservada de grupos privados, notadamente de índole familiar, sob pena
de frustrar-se o princípio do acesso universal às instâncias
governamentais. – Legitimar-se o controle monopolístico do poder por
núcleos de pessoas unidas por vínculos de ordem familiar equivaleria a
ensejar, em última análise, o domínio do próprio Estado por grupos
privados. Não se pode perder de perspectiva, neste ponto, que a
questão do Estado é, por essência, a questão do poder. A
patrimonialização do poder constitui situação de inquestionável
anomalia a que esta Suprema Corte não pode permanecer indiferente.
A consagração de práticas hegemônicas na esfera institucional do
poder político conduzirá o processo de governo a verdadeiro retrocesso
histórico, o que constituirá, na perspectiva da atualização e
modernização do aparelho de Estado, situação de todo inaceitável.
Precedentes. Diretriz jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal
firmou na matéria ora em exame que incide sobre a situação versada
nos autos, eis que, mesmo na hipótese de mandato-tampão, inexiste
tratamento diferenciado em relação ao mandato regular, de tal modo
que o recorrente, embora pudesse validamente eleger-se (como se
elegeu) Prefeito Municipal em sucessão ao seu cunhado, não podia
disputar a reeleição, em virtude da inelegibilidade por parentesco (CF,
art. 14, §§ 5º e 7º), em face do descabimento do exercício da Chefia do
Poder Executivo local, pela terceira vez consecutiva, por membros
integrantes do mesmo grupo familiar. Decisão do Tribunal Superior
Eleitoral, reconhecendo a inelegibilidade do ora recorrente, que se
mantém. (RE 1128439 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO,
Segunda Turma, julgado em 23/10/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-268 DIVULG 13-12-2018 PUBLIC 14-12-2018)

As hipóteses de inelegibilidade são aplicáveis às eleições


suplementares. CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. PREFEITO AFASTADO POR
DECISÃO DO TRE. ELEIÇÃO SUPLEMENTAR. PRAZO DE
INELEGIBILIDADE. ART. 14, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
APLICAÇÃO. 1. As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da
Constituição Federal, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são aplicáveis
às eleições suplementares. Eleição suplementar marcada para menos de
seis meses do afastamento do prefeito por irregularidades. 2. Recurso
improvido. (RE 843455, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno,
julgado em 07/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL
- MÉRITO DJe-018 DIVULG 29-01-2016 PUBLIC 01-02-2018)

Inconstitucionalidade das doações eleitorais feitas por pessoas


jurídicas. DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. MODELO
NORMATIVO VIGENTE DE FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS
ELEITORAIS. LEI DAS ELEIÇÕES, ARTS. 23, §1º, INCISOS I e II, 24 e 81,
CAPUT e § 1º. LEI ORGÂNICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS, ARTS. 31, 38,
INCISO III, e 39, CAPUT e §5º. CRITÉRIOS DE DOAÇÕES PARA PESSOAS
JURÍDICAS E NATURAIS E PARA O USO DE RECURSOS PRÓPRIOS
PELOS CANDIDATOS. PRELIMINARES. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO
PEDIDO. REJEIÇÃO. PEDIDOS DE DECLARAÇÃO PARCIAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO (ITENS E.1.e E.2).
SENTENÇA DE PERFIL ADITIVO (ITEM E.5). TÉCNICA DE DECISÃO
AMPLAMENTE UTILIZADA POR CORTES CONSTITUCIONAIS. ATUAÇÃO
NORMATIVA SUBSIDIÁRIA E EXCEPCIONAL DO TRIBUNAL SUPERIOR
ELEITORAL, SOMENTE SE LEGITIMANDO EM CASO DE INERTIA
DELIBERANDI DO CONGRESSO NACIONAL PARA REGULAR A MATÉRIA
APÓS O TRANSCURSO DE PRAZO RAZOÁVEL (IN CASU, DE DEZOITO
MESES). INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. IMPROCEDÊNCIA.
PRETENSÕES QUE VEICULAM ULTRAJE À LEI FUNDAMENTAL POR
AÇÃO, E NÃO POR OMISSÃO. MÉRITO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DEMOCRÁTICO E DA IGUALDADE POLÍTICA.
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS DE ADI E DE ADI POR OMISSÃO EM UMA
ÚNICA DEMANDA DE CONTROLE CONCENTRADO DE
CONSTITUCIONALIDADE. VIABILIDADE PROCESSUAL. PREMISSAS
TEÓRICAS. POSTURA PARTICULARISTA E EXPANSIVA DA SUPREMA
CORTE NA SALVAGUARDA DOS PRESSUPOSTOS DEMOCRÁTICOS.
SENSIBILIDADE DA MATÉRIA, AFETA QUE É AO PROCESSO POLÍTICO-
ELEITORAL. AUTOINTERESSE DOS AGENTES POLÍTICOS. AUSÊNCIA
DE MODELO CONSTITUCIONAL CERRADO DE FINANCIAMENTO DE
CAMPANHAS. CONSTITUIÇÃO-MOLDURA. NORMAS FUNDAMENTAIS
LIMITADORAS DA DISCRICIONARIEDADE LEGISLATIVA.
PRONUNCIAMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL QUE NÃO
ENCERRA O DEBATE CONSTITUCIONAL EM SENTIDO AMPLO.
DIÁLOGOS INSTITUCIONAIS. ÚLTIMA PALAVRA PROVISÓRIA. MÉRITO.
DOAÇÃO POR PESSOAS JURÍDICAS. INCONSTITUCIONALIDADE DOS
LIMITES PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO (2% DO FATURAMENTO BRUTO
DO ANO ANTERIOR À ELEIÇÃO). VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS
DEMOCRÁTICO E DA IGUALDADE POLÍTICA. CAPTURA DO PROCESSO
POLÍTICO PELO PODER ECONÔMICO. “PLUTOCRATIZAÇÃO” DO
PRÉLIO ELEITORAL. LIMITES DE DOAÇÃO POR NATURAIS E USO DE
RECURSOS PRÓPRIOS PELOS CANDIDATOS. COMPATIBILIDADE
MATERIAL COM OS CÂNONES DEMOCRÁTICO, REPUBLICANO E DA
IGUALDADE POLÍTICA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. A postura particularista do
Supremo Tribunal Federal, no exercício da judicial review, é medida que se
impõe nas hipóteses de salvaguarda das condições de funcionamento das
instituições democráticas, de sorte (i) a corrigir as patologias que desvirtuem
o sistema representativo, máxime quando obstruam as vias de expressão e
os canais de participação política, e (ii) a proteger os interesses e direitos dos
grupos políticos minoritários, cujas demandas dificilmente encontram eco nas
deliberações majoritárias. 2. O funcionamento do processo político-eleitoral,
conquanto matéria deveras sensível, impõe uma postura mais expansiva e
particularista por parte do Supremo Tribunal Federal, em detrimento de
opções mais deferentes e formalistas, sobre as escolhas políticas exercidas
pelas maiorias no seio do Parlamento, instância, por excelência, vocacionada
à tomada de decisão de primeira ordem sobre a matéria. 3. A Constituição da
República, a despeito de não ter estabelecido um modelo normativo pré-
pronto e cerrado de financiamento de campanhas, forneceu uma moldura que
traça limites à discricionariedade legislativa, com a positivação de normas
fundamentais (e.g., princípio democrático, o pluralismo político ou a isonomia
política), que norteiam o processo político, e que, desse modo, reduzem, em
alguma extensão, o espaço de liberdade do legislador ordinário na
elaboração de critérios para as doações e contribuições a candidatos e
partidos políticos. 4. O hodierno marco teórico dos diálogos constitucionais
repudia a adoção de concepções juriscêntricas no campo da hermenêutica
constitucional, na medida em que preconiza, descritiva e normativamente, a
inexistência de instituição detentora do monopólio do sentido e do alcance
das disposições magnas, além de atrair a gramática constitucional para
outros fóruns de discussão, que não as Cortes. 5. O desenho institucional
erigido pelo constituinte de 1988, mercê de outorgar à Suprema Corte a
tarefa da guarda precípua da Lei Fundamental, não erigiu um sistema de
supremacia judicial em sentido material (ou definitiva), de maneira que seus
pronunciamentos judiciais devem ser compreendidos como última palavra
provisória, vinculando formalmente as partes do processo e finalizando uma
rodada deliberativa acerca da temática, sem, em consequência, fossilizar o
conteúdo constitucional. 6. A formulação de um modelo constitucionalmente
adequado de financiamento de campanhas impõe um pronunciamento da
Corte destinado a abrir os canais de diálogo com os demais atores políticos
(Poder Legislativo, Executivo e entidades da sociedade civil). 7. Os limites
previstos pela legislação de regência para a doação de pessoas jurídicas
para as campanhas eleitorais se afigura assaz insuficiente a coibir, ou, ao
menos, amainar, a captura do político pelo poder econômico, de maneira a
criar indesejada “plutocratização” do processo político. 8. O princípio da
liberdade de expressão assume, no aspecto político, uma dimensão
instrumental ou acessória, no sentido de estimular a ampliação do debate
público, de sorte a permitir que os indivíduos tomem contato com diferentes
plataformas e projetos políticos. 9. A doação por pessoas jurídicas a
campanhas eleitorais, antes de refletir eventuais preferências políticas,
denota um agir estratégico destes grandes doadores, no afã de estreitar suas
relações com o poder público, em pactos, muitas vezes, desprovidos de
espírito republicano. 10. O telos subjacente ao art. 24, da Lei das Eleições,
que elenca um rol de entidades da sociedade civil que estão proibidas de
financiarem campanhas eleitorais, destina-se a bloquear a formação de
relações e alianças promíscuas e não republicanas entre aludidas instituições
e o Poder Público, de maneira que a não extensão desses mesmos critérios
às demais pessoas jurídicas evidencia desequiparação desprovida de
qualquer fundamento constitucional idôneo. 11. Os critérios normativos
vigentes relativos à doação a campanhas eleitorais feitas por pessoas
naturais, bem como o uso próprio de recursos pelos próprios candidatos, não
vulneram os princípios fundamentais democrático, republicano e da igualdade
política. 12. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ostenta
legitimidade ad causam universal para deflagrar o processo de controle
concentrado de constitucionalidade, ex vi do art. 103, VII, da Constituição da
República, prescindindo, assim, da demonstração de pertinência temática
para com o conteúdo material do ato normativo impugnado. 13. As
disposições normativas adversadas constantes das Leis nº 9.096/95 e nº
9.504/97 revelam-se aptas a figurar como objeto no controle concentrado de
constitucionalidade, porquanto primárias, gerais, autônomas e abstratas. 14.
A “possibilidade jurídica do pedido”, a despeito das dificuldades teóricas de
pertinência técnica (i.e., a natureza de exame que ela envolve se confunde,
na maior parte das vezes, com o próprio mérito da pretensão) requer apenas
que a pretensão deduzida pelo autor não seja expressamente vedada pela
ordem jurídica. Consectariamente, um pedido juridicamente impossível é uma
postulação categoricamente vedada pela ordem jurídica. (ARAGÃO, Egas
Dirceu Moniz de. Comentários ao Código de Processo Civil. 10ª ed. Rio de
Janeiro: Forense, p. 394). 15. In casu, a) Os pedidos constantes dos itens
“e.1” e “e.2”, primeira parte, objetivam apenas e tão somente que o Tribunal
se limite a retirar do âmbito de incidência das normas impugnadas a
aplicação reputada como inconstitucional, sem, com isso, proceder à
alteração de seu programa normativo. b) Trata-se, a toda evidência, de
pedido de declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto,
cuja existência e possibilidade são reconhecidas pela dogmática
constitucional brasileira, pela própria legislação de regência das ações diretas
(art. 28, § único, Lei nº 9.868/99) e, ainda, pela práxis deste Supremo
Tribunal Federal (ver, por todos, ADI nº 491/AM, Rel. Min. Moreira Alves,
Tribunal Pleno, DJ 25.10.1991). c) Destarte, os pedidos constantes dos itens
“e.1” e “e.2” são comuns e naturais em qualquer processo de controle
abstrato de constitucionalidade, razão por que a exordial não veicula
qualquer pretensão expressamente vedada pela ordem jurídica. d) O pedido
aduzido no item “e.5” não revela qualquer impossibilidade que nos autorize a,
de plano, reconhecer sua inviabilidade, máxime porque o Requerente
simplesmente postula que a Corte profira uma “sentença aditiva de princípio”
ou “sentença-delegação”, técnica de decisão comumente empregada em
Cortes Constitucionais algures, notadamente a italiana, de ordem a instar o
legislador a disciplinar a matéria, bem assim a delinear, concomitantemente,
diretrizes que devem ser por ele observadas quando da elaboração da
norma, exsurgindo como método decisório necessário em casos em que o
debate é travado nos limites do direito posto e do direito a ser criado. 16.
Ademais, a atuação normativa do Tribunal Superior Eleitoral seria apenas
subsidiária e excepcional, somente se legitimando em caso de inertia
deliberandi do Congresso Nacional para regular a matéria após o transcurso
de prazo razoável (in casu, de dezoito meses), incapaz, bem por isso, de
afastar a prerrogativa de o Parlamento, quando e se quisesse, instituir uma
nova disciplina de financiamento de campanhas, em razão de a temática
encerrar uma preferência de lei. 17. A preliminar de inadequação da via eleita
não merece acolhida, visto que todas as impugnações veiculadas pelo
Requerente (i.e., autorização por doações por pessoas jurídicas ou fixação
de limites às doações por pessoas naturais) evidenciam que o ultraje à Lei
Fundamental é comissivo, e não omissivo. 18. A cumulação simples de
pedidos típicos de ADI e de ADI por omissão é processualmente cabível em
uma única demanda de controle concentrado de constitucionalidade, desde
que satisfeitos os requisitos previstos na legislação processual civil (CPC, art.
292). 19. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente
procedente para assentar apenas e tão somente a inconstitucionalidade
parcial sem redução de texto do art. 31 da Lei nº 9.096/95, na parte em que
autoriza, a contrario sensu, a realização de doações por pessoas jurídicas a
partidos políticos, e pela declaração de inconstitucionalidade das expressões
“ou pessoa jurídica”, constante no art. 38, inciso III, e “e jurídicas”, inserta no
art. 39, caput e § 5º, todos os preceitos da Lei nº 9.096/95. (ADI 4650,
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/09/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-034 DIVULG 23-02-2016 PUBLIC 24-02-
2018)

A Resolução que ampliou os poderes do TSE para o combate às fake


news (Resolução 23.714/2022) é constitucional. DIREITO
CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. CONSTITUCIONALIDADE DA
RESOLUÇÃO TSE Nº. 23.714/2022. ENFRENTAMENTO DA
DESINFORMAÇÃO CAPAZ DE ATINGIR A INTEGRIDADE DO PROCESSO
ELEITORAL. 1. Não se reveste de fumus boni iuris a alegação de que o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao exercer a sua atribuição de elaboração
normativa e o poder de polícia em relação à propaganda eleitoral, usurpa a
competência legislativa da União, porquanto a Justiça Especializada vem
tratando da temática do combate à desinformação por meio de reiterados
precedentes jurisprudenciais e atos normativos, editados ao longo dos
últimos anos. 2. A Resolução TSE nº. 23.714/2022 não consiste em exercício
de censura prévia. 3. A disseminação de notícias falsas, no curto prazo do
processo eleitoral, pode ter a força de ocupar todo espaço público,
restringindo a circulação de ideias e o livre exercício do direito à informação.
4. O fenômeno da desinformação veiculada por meio da internet, caso não
fiscalizado pela autoridade eleitoral, tem o condão de restringir a formação
livre e consciente da vontade do eleitor. 5. Ausentes elementos que, nesta
fase processual, conduzam à decretação de inconstitucionalidade da norma
impugnada, há que se adotar atitude de deferência em relação à
competência do Tribunal Superior Eleitoral de organização e condução das
eleições gerais. 6. Medida cautelar indeferida. (ADI 7261 MC-Ref, Relator(a):
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 26/10/2022, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-237 DIVULG 22-11-2022 PUBLIC 23-11-2022)

Não é permitido o repasse de recursos do FEFEC ou do Fundo


Partidário a partidos políticos e candidatos não pertencentes à mesma
coligação ou não coligados. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR.
DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. ARTS. 17, § 2°, I, II; E 19, § 7°,
I, II, DA RESOLUÇÃO TSE 23.607/2019, QUE VEDARAM O REPASSE DOS
RECURSOS DO FUNDO ESPECIAL DE FINANCIAMENTO DE CAMPANHA
E DO FUNDO PARTIDÁRIO POR PARTIDOS POLÍTICOS OU
CANDIDATOS NÃO COLIGADOS. AUSÊNCIA DE MALFERIMENTO À
AUTONOMIA PARTIDÁRIA. CRITÉRIO DA REPRESENTATIVIDADE PARA
A REPARTIÇÃO DOS RECURSOS PÚBLICOS. ART. 17, §§ 1° E 3° DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. VEDAÇÃO DE COLIGAÇÃO EM ELEIÇÃO
PROPORCIONAL. EC 97/2017. EXPLICITAÇÃO DA VONTADE DO
CONSTITUINTE REFORMADOR E DO LEGISLADOR ORDINÁRIO. ADI
CONHECIDA E JULGADA IMPROCEDENTE. I - Os arts. 17, § 2°, I, II; e 19,
§ 7°, I, II, da Resolução TSE 23.607/2019 não vedaram o repasse de
recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha – FEFC e do
Fundo Partidário aos partidos coligados, de modo a limitar a sua autonomia.
II - O montante do FEFC e do Fundo Partidário a serem repartidos entre as
agremiações políticas são definidos pelo critério de representatividade destas
no Congresso Nacional, com base no § 3° do art. 17 da Constituição, não se
afigurando razoável, por corolário lógico, permitir o repasse a candidatos de
partidos distintos não pertencentes à mesma coligação. III - As disposições
questionadas tornaram explícita a vontade do constituinte reformador e a do
legislador ordinário no sentido de colocar-se um ponto final nas assimetrias
causadas pela existência de coligações em eleições proporcionais, sobretudo
tendo em conta a finalidade dos repasses de recursos do FEFC e do Fundo
Partidário. IV - Sob pena de tornar letra morta o § 1° do art. 17 da CF, com a
redação dada pela EC 97/2017, que vedou a coligação em eleições
proporcionais, não é possível extrair dos dispositivos questionados
autorização para o repasse de recursos a partidos políticos e candidatos não
pertencentes à mesma coligação ou não coligados. V - Ação direta de
inconstitucionalidade conhecida e pedido julgado improcedente. (ADI 7214,
Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
03/10/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-199 DIVULG 04-10-2022
PUBLIC 05-10-2022)

O art. 96-B na Lei 9.504/97 é constitucional; vale ressaltar, no entanto,


que a regra geral do julgamento conjunto de ações sobre fatos idênticos
pode ser afastada se a situação concreta recomendar a separação dos
feitos. Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo 2º da Lei nº 13.165/15.
Inclusão do art. 96-b naLei nº 9.504/97 (Lei das eleições).
Inconstitucionalidade formal. Reserva de lei complementar. Artigo 121 da
CF/88. Organização e competência da Justiça eleitoral. Não ocorrência.
Conexão e litispendência. Matéria processual. Inconstitucionalidade material.
Inafastabilidade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV). Devido processo legal (CF,
art. 5º, LIV). Juiz natural. (CF, art. 5º, LIII). Ampla defesa e produção de
provas (art. 5º , LV). Duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII).
Interpretação conforme. Procedência parcial. 1. A inserção do art. 96-B ao
texto da Lei nº 9.504/97 teve como principal objetivo reproduzir entendimento
que se consolidou na jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, a fim de
determinar a reunião de ações eleitorais que versem sobre o mesmo fato,
confirmando a celeridade da Justiça Eleitoral e reforçando a segurança
jurídica, já que evita decisões contraditórias proferidas em juízos diversos. 2.
Não se verifica, na espécie, inconstitucionalidade formal por ofensa ao art.
121 do Texto Maior, porquanto o referido dispositivo exige a edição de lei
complementar apenas para dispor sobre a organização da Justiça Eleitoral
quanto à competência em função da matéria (ratione materiae), e não sobre
regras de distribuição por prevenção ou por conexão, que ostentam natureza
processual. 3. O caput do art. 96-B determina que o órgão competente para o
julgamento de demandas que versem sobre o mesmo fato será o juiz ou o
relator que tiver recebido a primeira. Trata-se de critério cronológico, ou seja,
o julgamento será realizado pelo juízo prevento, não havendo
inconstitucionalidade ou ofensa a nenhuma garantia processual assegurada
pela Constituição Federal. 4. No tocante ao § 1º do aludido preceito, segundo
o qual “o ajuizamento de ação eleitoral por candidato ou partido político não
impede ação do Ministério Público no mesmo sentido”, ele não padece de
inconstitucionalidade, pois, em relação ao polo ativo das demandas, não é
possível se subtrair a legitimidade do órgão ministerial, sob pena de violação
das prerrogativas de que tratam o art. 127 da CF, que assim determina: “o
Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”. 5. O
Ministério Público Eleitoral tem legitimação para propor perante o juízo
competente as ações para declarar ou decretar a nulidade de negócios
jurídicos ou atos da administração pública infringentes de vedações legais
destinadas a proteger a normalidade e a legitimidade das eleições contra a
influência do poder econômico ou o abuso do poder político ou administrativo.
6. Quanto à expressão na instância em que ele se encontrar, prevista no § 2º
do art. 96-B da Lei das Eleições, na hipótese de ajuizamento de ações por
autores distintos, há que se determinar, sempre que possível, a reunião dos
processos, o que equivaleria a um litisconsórcio ativo facultativo de uma
única demanda. 7. Todavia, não se pode desconsiderar o juízo de
conveniência e oportunidade a ser realizado pelo próprio julgador, que deverá
avaliar se a reunião causará tumulto processual, violação do contraditório e
da ampla defesa, ou se, por outro lado, não seria o caso de se reconhecer
até mesmo a litispendência, o que poderia ensejar a extinção do feito
ajuizado posteriormente. Os cenários são variáveis e devem ser analisados
pelo juízo competente, de modo que, presente a identidade fática e
descartado prejuízo processual ou ofensa às garantias constitucionais das
partes, proceda-se ao apensamento, nos termos do art. 96-B, § 2º, da Lei nº
9.504/97. 8. A regra do § 3º estabelece que, se uma demanda eleitoral for
julgada improcedente por decisão transitada em julgado, ela poderá ser
novamente ajuizada apenas se houver novas provas sobre o fato, medida
que se harmoniza com os princípios da segurança jurídica e da coisa julgada,
bem como favorece a racionalidade do processo eleitoral. 9. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente, tão somente para se
dar interpretação conforme ao § 2º do art. 96-B da Lei nº 9.504/97,
acrescentado pelo art. 2º da Lei nº 13.165/15, nos termos da jurisprudência
do Tribunal Superior Eleitoral, segundo a qual a regra geral é afastada no
caso concreto sempre que a celeridade, a duração razoável do processo (art.
5º, LXXVIII, da CF), o bom andamento da marcha processual, o contraditório,
a ampla defesa (art. 5º, LV, da CF), a organicidade dos julgamentos e o
relevante interesse público envolvido recomendarem a manutenção da
separação. (ADI 5507, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
05/09/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-197 DIVULG 30-09-2022
PUBLIC 03-10-2022)

Decisão do STF sobre a autonomia dos partidos para a duração dos


mandatos de seus dirigentes e para a vigência dos órgãos provisórios
dos partidos (Lei 13.831/2019). AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.831/2019, QUE ALTERA A LEI
9.096/1995. OLIGARQUIZAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS. IDEAL
DEMOCRÁTICO. PRINCÍPIO REPUBLICANO. ART. 3º, § 2º. AUTONOMIA
ASSEGURADA ÀS AGREMIAÇÕES PARTIDÁRIAS PARA DEFINIR O
PRAZO DE DURAÇÃO DOS MANDATOS DOS MEMBROS DOS SEUS
ÓRGÃOS PERMANENTES OU PROVISÓRIOS. INTERPRETAÇÃO
CONFORME A CONSTITUIÇÃO. ALTERNÂNCIA DO PODER.
REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES PERIÓDICAS EM PRAZO RAZOÁVEL. ART.
3º, § 3º. PRAZO DE VIGÊNCIA DOS ÓRGÃOS PROVISÓRIOS DOS
PARTIDOS POLÍTICOS DE ATÉ 8 (OITO) ANOS. PROVISORIEDADE QUE
NÃO SE CONFUNDE COM PERPETUIDADE. PROCEDÊNCIA QUANTO AO
PONTO. ART. 55-D. ANISTIA. DEVOLUÇÕES, COBRANÇAS OU
TRANSFERÊNCIAS AO TESOURO NACIONAL QUE TENHAM COMO
CAUSA AS DOAÇÕES OU CONTRIBUIÇÕES FEITAS EM ANOS
ANTERIORES POR SERVIDORES PÚBLICOS QUE EXERÇAM FUNÇÃO
OU CARGO PÚBLICO DE LIVRE NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO, DESDE
QUE FILIADOS A PARTIDO POLÍTICO. IMPROCEDÊNCIA QUANTO AO
PONTO. MODULAÇÃO DA DECISÃO. PRODUÇÃO DE EFEITOS
EXCLUSIVAMENTE A PARTIR DE JANEIRO DE 2023, PRAZO
POSTERIOR AO ENCERRAMENTO DO PRESENTE CICLO ELEITORAL,
APÓS O QUAL O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL PODERÁ ANALISAR
A COMPATIBILIDADE DOS ESTATUTOS COM O PRESENTE ACÓRDÃO. I
- O § 2º do art. 3º da Lei dos Partidos Políticos garante às agremiações
autonomia para definir o tempo de mandato dos membros dos órgãos
partidários permanentes ou provisórios, estabelecendo norma de
competência que pode ser lida, ao menos em tese, no sentido que estes
mandatos tenham duração indefinida, sem restrições de nenhuma ordem. II -
O § 3º dos art. 3º da Lei dos Partidos Políticos prevê que órgãos provisórios
de partidos políticos possam perdurar por até 8 (oito) anos. III - Vocação dos
partidos políticos para a autocracia que não é particularidade da política
brasileira contemporânea. Estudos clássicos de Robert Michels e Maurice
Duverger que explicam essa paradoxal propensão. IV - Da tensão entre
interesses de eleitores, filiados e dirigentes partidários podem resultar abalos
na representação política que afetam a qualidade da democracia e a própria
sobrevivência do regime, que o Supremo Tribunal Federal, guardião da
Constituição, tem o dever de tutelar. V - Importância de reforçar as
tendências democráticas dos partidos políticos, os quais são peças
fundamentais para a construção de uma legítima e robusta democracia
representativa, amplificando os movimentos políticos que engajam os
cidadãos na política. VI - Ideal democrático que se firma na temporalidade
dos mandatos, na renovação. O voto direto, secreto, universal e periódico
constitui cláusula pétrea da nossa República (art. 60, § 4º, II, da
Constituição). VII - A periodicidade dos mandatos reforça e garante o
princípio republicano, o qual configura “o núcleo essencial da Constituição”, a
lhe garantir certa identidade e estrutura, estando abrigado no art. 1º da Carta
Magna. VIII - Concessão de interpretação conforme à Constituição ao § 2º do
art. 3º da Lei 9.096/1995, na redação dada pela Lei 13.831/2019, para
assentar que os partidos políticos podem, no exercício de sua autonomia
constitucional, estabelecer a duração dos mandatos de seus dirigentes desde
que compatível com o princípio republicano da alternância do poder
concretizado por meio da realização de eleições periódicas em prazo
razoável. IX - Inconstitucionalidade do art. 3º, § 3º, da Lei 9.096/1995, na
redação dada pela Lei 13.831/2019, ao fixar o prazo de duração de até 8
(oito) anos das comissões provisórias. Período durante o qual podem ser
realizadas distintas eleições (gerais e municipais), para todos os níveis
federativos. O que é provisório não é eterno; o que é temporário, não pode
ser permanente; o que é efêmero, não é duradouro. X - Improcedência do
pedido quanto ao art. 55-D da Lei 9.096/1995, na redação dada pela Lei
13.831/2019. XI - Modulação para que a decisão, no trecho em que
reconhece a inconstitucionalidade da norma, produza efeitos exclusivamente
a partir de janeiro de 2023, prazo posterior ao encerramento do presente ciclo
eleitoral, após o qual o Tribunal Superior Eleitoral poderá analisar a
compatibilidade dos estatutos com o presente acórdão. (ADI 6230, Relator(a):
RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 08/08/2022,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-161 DIVULG 15-08-2022 PUBLIC 16-08-
2022)

O FEFC é constitucional. Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 16-C,


caput, e inciso II, da Lei 9.504/1997, incluído pela Lei 13.487/2017. Alteração
substancial do art. 16-C, II, da Lei 9.504/1997 após o ajuizamento da ação.
Perda parcial de objeto. Preliminares: a) ausência de juntada do ato
normativo impugnado – rejeição; b) ausência de impugnação da integralidade
do complexo normativo – acolhimento. Fundo Especial de Financiamento
de Campanha (FEFC). Liberdade de conformação conferida ao Poder
Legislativo. Complexa questão atinente ao financiamento de campanhas
eleitorais. Necessidade de autocontenção do Poder Judiciário. 1. Conversão
do rito do art. 10 para o rito do art. 12 da Lei 9.868/1999. Julgamento
definitivo do mérito em razão da formalização das postulações e dos
argumentos jurídicos, sem necessidade de coleta de outras informações. 2.
Não se mostra processualmente viável a impugnação genérica da
integralidade de um decreto, lei ou código por simples objeção geral,
insuficiente, para tanto, a mera invocação de princípios jurídicos em sua
formulação abstrata, sem o confronto pontual e fundamentado entre cada um
dos preceitos normativos questionados e o respectivo parâmetro de controle.
3. A jurisprudência desta Suprema Corte é firme no sentido de que a
revogação expressa ou tácita da norma impugnada, bem como sua alteração
substancial, após o ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade
acarreta a perda superveniente do seu objeto, independentemente da
existência de efeitos residuais concretos dela decorrentes. Precedentes. 4.
Este Supremo Tribunal Federal firmou entendimento segundo o qual,
impugnada lei federal, dispensável a juntada de seu inteiro teor (art. 376 do
CPC). Precedente. 5. A ausência de impugnação da integralidade do
complexo normativo torna o provimento judicial pretendido ineficaz e, por isso
mesmo, destituído de qualquer utilidade, de modo a afastar a caracterização
do interesse de agir do autor. Precedentes. 6. Em análise apenas a criação
do Fundo Eleitoral de Financiamento de Campanha – FEFC (art. 16-C, caput,
da Lei 9.504/1997), não sua forma de composição, tampouco o montante
orçamentário a ele destinado. 7. O Fundo Eleitoral de Financiamento de
Campanha (FEFC), a teor do art. 16-C, caput, da Lei 9.504/1997, incluído
pela Lei 13.487/2017, consubstancia um fundo constituído apenas em anos
eleitorais, para o qual é destinado parcela do orçamento da União Federal,
com objetivo, exclusivo, de financiar, com recursos públicos, as campanhas
eleitorais. 8. Inexiste, na Constituição da República, qualquer norma que
estabeleça a exclusividade do Fundo Partidário e impeça a criação de novos
fundos destinados ao financiamento de partidos políticos e de campanhas
eleitorais, tampouco há norma impondo que essa temática somente poderia
ser veiculada por meio de emenda à constituição. 9. Ao contrário do que
ocorreria caso se adotasse a concepção da Constituição como instrumento
veiculador de deveres e de obrigações para todos os aspectos imagináveis
da atividade legislativa, não é necessário reconhecer, no texto constitucional,
norma autorizativa para toda e qualquer deliberação legislativa. 10. A
existência de dissenso hermenêutico razoável apto a justificar a legitimidade
de interpretações constitucionais diversas impõe ao Poder Judiciário agir com
autocontenção e preservar a validade das deliberações positivadas pelos
órgãos legitimados a exercer essas escolhas, resguardando a presunção de
constitucionalidade dos atos normativos. 11. Ação direta de
inconstitucionalidade parcialmente conhecida e, nessa parte, pedido julgado
improcedente. (ADI 5795 MC, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno,
julgado em 22/08/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 26-08-
2022 PUBLIC 29-08-2022)

Eleitor não precisa levar o título no dia da votação, sendo suficiente


documento de identificação com foto. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL ELEITORAL.
IDENTIFICAÇÃO DO ELEITOR NO DIA DA VOTAÇÃO. ART. 91-A DA LEI
Nº 9.504/1997. REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 12.034/2009. ART. 47, § 1º,
DA RES.-TSE Nº 23.218/2010. EXIGÊNCIA DE APRESENTAÇÃO
CONCOMITANTE DO TÍTULO ELEITORAL E DE DOCUMENTO OFICIAL
COM FOTO. DESPROPORCIONALIDADE DA MEDIDA. INTERFERÊNCIA
NO DIREITO AO VOTO. SUFICIÊNCIA DO DOCUMENTO OFICIAL COM
FOTOGRAFIA. ADVENTO DA BIOMETRIA. ESVAZIAMENTO DA
DISCUSSÃO. INTERPRETAÇÃO CONFORME. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
1. A inovação legislativa trazida pelo art. 91-A da Lei nº 9.504/1997, com
redação dada pela Lei nº 12.034/2009, a partir da qual exigida a
apresentação concomitante do título eleitoral e de documento oficial com foto
para identificação do eleitor no dia da votação, embora pensada para
combater a fraude no processo eleitoral, instituiu óbice desnecessário ao
exercício do voto pelo eleitor. 2. Questão equacionada sob o viés do princípio
da proporcionalidade, ante a suficiência de documento oficial com foto para
identificação do eleitor, revelando-se medida adequada e necessária para
garantir a autenticidade do voto. 3. Com a imposição da apresentação dos
dois documentos, alguns eleitores, regularmente alistados, seriam alijados de
participar do processo eleitoral caso não estivessem portando o título eleitoral
no dia da votação, com eventuais reflexos na soberania popular (CF, art. 14)
e no processo democrático. 4. O título representa a manifestação documental
da qualidade de eleitor e tem sua utilidade, no momento da votação,
direcionada à identificação da seção em que inscrito o eleitor, bem como à
sua identificação pela mesa receptora (Código Eleitoral, art. 46, § 5º). Sua
ausência, a teor do art. 146, VI, do Código Eleitoral, em absoluto prejudica o
exercício pleno dos direitos políticos do eleitorado. 5. Com o advento da
biometria, a discussão quanto à inconstitucionalidade do art. 91-A da Lei nº
9.504/1997 perdeu força, mas não de todo esvaziada, uma vez mantida,
alternativamente, a identificação pelo método tradicional, mediante
apresentação de documento com foto, (i) para os ainda não cadastrados
biometricamente – a meta para a totalidade dos eleitores foi estabelecida
pela Justiça Eleitoral para 2022 –; (ii) para aqueles aos quais inviabilizada a
biometria no dia da votação, por indisponibilidade momentânea ou ocasional
do sistema ou impossibilidade de leitura das informações datiloscópicas do
eleitor (impressão digital); e (iii) para o eleitorado geral, em situações
excepcionais, como, v.g., nas eleições municipais de 2020, ante o cenário
deflagrado pela pandemia da Covid-19. 6. A análise da constitucionalidade do
art. 91-A da Lei nº 9.504/1997 há de levar em consideração o aprimoramento
dos mecanismos de garantia da segurança do voto, já conquistada pela
sociedade sua autenticidade, mediante a identificação do eleitor pela
biometria, bem assim, de forma secundária, por documento com fotografia, a
afastar qualquer entendimento segundo o qual a ausência do título eleitoral,
no momento da votação, impede o exercício do voto. 7. Ação julgada
procedente, confirmada a medida cautelar, para atribuir interpretação
conforme à Constituição aos arts. 91-A da Lei nº 9.504/1997 e 47, § 1º, da
Res.-TSE nº 23.218/2010, no sentido de que a ausência do título de eleitor
no momento da votação não constitui, por si só, óbice ao exercício do
sufrágio. (ADI 4467, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em
20/10/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-260 DIVULG 28-10-2020
PUBLIC 29-10-2020)

Mesmo com a covid-19, foram mantidos os prazos para filiação


partidária e desincompatibilização nas eleições municipais de 2020.
MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
PRAZO PARA FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. PEDIDO DE SUSPENSÃO POR
TRINTA DIAS. ART. 9º, CAPUT, DA LEI Nº 9.504/1997, ART. 1º, IV, V E VII,
DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990, E, POR ARRASTAMENTO, ART. 10,
CAPUT E § 4º, DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.609/2019 E RESOLUÇÃO TSE
Nº 23.606/2019 (CALENDÁRIO PARA AS ELEIÇÕES DE 2020).
EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA DE IMPORTÂNCIA INTERNACIONAL
DECORRENTE DO NOVO CORONAVÍRUS (COVID-19). ALEGAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE CIRCUNSTANCIAL OU TRANSIÇÃO PARA A
INCONSTITUCIONALIDADE. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO PRINCÍPIO
DEMOCRÁTICO E À SOBERANIA POPULAR. INOCORRÊNCIA. RISCO DE
VULNERAÇÃO À LEGITIMIDADE DO PROCESSO ELEITORAL. ART. 14, §
9º, DA CF. ANTERIORIDADE DA LEI ELEITORAL. ART. 16 DA CF.
CALENDÁRIO ELEITORAL. DATAS E BALIZAS FIXADAS NA
CONSTITUIÇÃO. ALTERAÇÃO SOMENTE MEDIANTE ATUAÇÃO DO
PODER CONSTITUINTE DERIVADO. INDEFERIMENTO DA PRETENSÃO
CAUTELAR. REFERENDO. 1. Indefere-se pretensão cautelar de suspensão
temporária da eficácia de atos normativos primários – inscritos em lei
ordinária e em lei complementar – fundada em alegação de
consubstanciarem leis em transição para a inconstitucionalidade ou
circunstancialmente inconstitucionais. 2. Ferramentas hermenêuticas de
tutela jurisdicional da Constituição, tais como a modulação temporal dos
efeitos das decisões, a declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia da
nulidade, o apelo ao legislador e decisões de conteúdo aditivo ou
manipulativo justificam-se por evitarem, em todo caso, um estado de
exceção, em outras palavras, que o provimento jurisdicional não resulte, ele
mesmo, em violação da Constituição mais grave do que a que se visou a
extirpar. A decisão atípica proferida na jurisdição constitucional há de estar
informada e legitimada pela deontologia extraída da própria Constituição, não
ostentando caráter meramente consequencialista. É dever da jurisdição
constitucional assegurar, sempre e em cada caso, a melhor harmonização
possível entre a supremacia da Constituição, interesses sociais
incontornáveis e os princípios da segurança jurídica, da razoabilidade e da
proporcionalidade. A técnica da lei ainda constitucional tem lugar quando
peculiaridades fáticas ou sociais impõem a validação provisória de norma a
rigor inconstitucional para evitar-se situação de anomia ou dano ainda maior
à ordem constitucional. 3. Inadequação da espécie, sequer demonstrado de
forma satisfatória que o parâmetro fático-social decorrente da implementação
das medidas de enfrentamento à pandemia da COVID-19 ora traduza
situação justificadora da suspensão de direito objetivo cuja validade não está
em jogo sob outro prisma. 4. Inocorrência de afronta ao princípio democrático
e à soberania popular. A existência perene do regime democrático é
assegurada pela reverência às regras conformadoras dos ritos e
procedimentos que lhe são ínsitos e prazos como o de desincompatibilização
não são meras formalidades, eis que visam a assegurar a isonomia,
expressão do princípio republicano, na disputa eleitoral, e sua inobservância
pode vulnerar a própria legitimidade do processo eleitoral, valor consagrado
no art. 14, § 9º, da CF. O exame da história do Brasil revela que a
desorganização anda de mãos dadas com a fraude. 5. O acolhimento da
pretensão – imediata suspensão dos prazos do art. 9º, caput, da Lei nº
9.504/1997 e do art. 1º, IV, V e VII, da Lei Complementar nº 64/1990 e, por
arrastamento, do art. 10, caput, e seu § 4º, da Resolução nº 23.609/2019 do
TSE) – enfraqueceria as proteções contra o abuso do exercício de função,
cargo ou emprego na administração direta ou indireta, incrementando de
modo desproporcional o risco para a normalidade e a legitimidade das
eleições (art. 14, § 9º, da CF), produzindo estado de coisas com potencial
ainda maior de vulneração ao princípio democrático e à soberania popular:
risco à cláusula pétrea da periodicidade do sufrágio (art. 60, § 4º, II, da CF), à
soberania popular e ao Estado democrático de direito (art. 1º, parágrafo
único, da CF). 6. O Supremo Tribunal Federal já assentou a sujeição das
decisões judiciais que impliquem alteração de jurisprudência à exigência de
anterioridade – ou anualidade – da lei eleitoral (art. 16 da CF), marco
temporal objetivo cujo escopo é impedir mudanças abruptas na legislação, de
modo a assegurar o devido processo legal eleitoral, o direito das minorias e a
paridade de armas na disputa. Precedente: (RE 637.485/RJ, Relator Ministro
Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 01.8.2012, DJe 21.5.2013). 7.
A alteração do calendário eleitoral vigente, a contemplar datas e balizas
fixadas na Constituição, exige, em qualquer hipótese, a atuação do
Congresso Nacional. 8. A ausência de referências jurisprudenciais a apoiar a
tese da inconstitucionalidade circunstancial subjacente à pretensão, é
sugestiva de que, embora criativa, não se coaduna, considerada a
instabilidade normativa inerente ao conceito, com uma ordem jurídica
conformada a um Estado democrático de direito marcado pelo império da lei,
pela Supremacia da Constituição e pela reverência à segurança jurídica e à
objetividade do direito positivo. Potencialmente conducente a horizonte
político qualitativamente indiferenciável de um estado em que a vigência do
direito inconveniente pode ser afastada e restabelecida ao sabor dos ventos,
admitir a invocação de circunstâncias excepcionais para afastar
temporariamente a aplicação do direito vigente configura procedimento
incompatível com o conteúdo material do Estado constitucional. 9.
Indeferimento de medida cautelar referendado. (ADI 6359 MC-Ref,
Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-268 DIVULG 09-11-2020 PUBLIC 10-11-
2020)
É vedada a fusão ou incorporação de partidos políticos que tenham
obtido o registro definitivo do TSE há menos de 5 anos. AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. LEI
NACIONAL N. 13.107, DE 24.3.2015. INTRODUÇÃO DO § 9º AO ART. 29
DA LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS (LEI N. 9.096/1995). NOVAS
CONDIÇÕES LEGAIS PARA CRIAÇÃO, FUSÃO E INCORPORAÇÃO DE
PARTIDOS POLÍTICOS. PRAZO MÍNIMO DE CINCO ANOS DE
EXISTÊNCIA DOS PARTIDOS. FORTALECIMENTO DO MODELO
REPRESENTATIVO E DENSIFICAÇÃO DO PLURIPARTIDARISMO.
FUNDAMENTO DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. 1. É
constitucional a norma legal pela qual se impõe restrição temporal para a
fusão ou incorporação de partidos políticos. Precedentes. 2. O lapso temporal
legalmente definido reforça o objetivo do constituinte reformador expresso na
Emenda Constitucional n. 97/2017, pela qual instituída a norma que visa o
enfraquecimento da representação partidária. 3. Proposta de conversão de
referendo de medida cautelar em julgamento definitivo de mérito pela não
complexidade da questão de direito em discussão e instrução dos autos, nos
termos do art. 12 da Lei n. 9.868/1999. Precedentes. 4. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 6044, Relator(a): CÁRMEN
LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 08/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-051 DIVULG 16-03-2021 PUBLIC 17-03-2021)

Estatuto previa que o partido poderia cobrar multa do ocupante de


mandato que saísse da legenda; ocorre que o estatuto exigia que o
filiado assinasse um formulário concordando; logo, sem essa
aquiescência, a multa não é devida. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
COBRANÇA. MULTA POR DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA NO CURSO DO
MANDATO. SANÇÃO PREVISTA NO ESTATUTO DO PARTIDO POLÍTICO.
AUSÊNCIA DE DOCUMENTO INDISPENSÁVEL AO ACOLHIMENTO DO
PEDIDO. PROVA POR PRESUNÇÃO. DESCABIMENTO. VÍNCULO
OBRIGACIONAL QUE SURGE COM A CONCORDÂNCIA INEQUÍVOCA DO
CANDIDATO, NA HIPÓTESE. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E
PROVIDO. 1. O propósito recursal consiste em definir se o documento
assinado pelo candidato a cargo eletivo contendo autorização de
concordância com o pagamento da multa por desfiliação partidária prevista
no art. 85, X, do Estatuto do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro - PRTB
é documento essencial ao acolhimento do pedido de cobrança dessa
penalidade. 2. Do teor do art. 85, X, do Estatuto do PRTB extrai-se que a
penalidade pecuniária consistente no pagamento de valor correspondente a
12 (doze) meses do salário do candidato eleito possui dois requisitos, a
saber: i) a aquiescência expressa do candidato com a cobrança da
penalidade, mediante a assinatura do mencionado formulário; e ii) a sua
desfiliação do partido no curso do respectivo mandato. 4. Segundo a exegese
desse dispositivo estatutário, é da concordância incontestável do candidato a
mandato eletivo que surge o vínculo obrigacional do pagamento da
penalidade, não decorrendo automaticamente da filiação e da consequente
submissão do candidato às regras do estatuto. 5. Nesse contexto, afigura-se
imprescindível ao acolhimento do pedido de cobrança em voga a prova
incontestável da anuência com o pagamento da multa pelo candidato a
mandato eletivo (que, na hipótese, foi eleito para o cargo de deputado federal
e se desfiliou da agremiação no curso do seu mandato), revelando-se
descabida a presunção de prova nesse sentido. 6. Portanto, estando ausente
a prova inequívoca do direito alegado pelo partido político de incidência da
multa por desfiliação partidária estabelecida no art. 85, X, do Estatuto do
PRTB, de rigor a improcedência da tutela condenatória requerida pelo autor,
em observância ao disposto nos arts. 373, I, e 434 do CPC/2015. 7. Recurso
especial conhecido e provido. (REsp 1796737/DF, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/11/2021, DJe
09/12/2021)
Afastamento temporário do presidente de partido da comissão
executiva nacional – investigação de denúncias – previsão no estatuto
partidário “2. Nos termos do artigo 70, § 6º, do Estatuto do Patriota, a
aplicação de penalidades deve ser precedida de procedimento administrativo
interno próprio, com garantia do contraditório e ampla defesa. 2.1. na
situação dos autos, verifica-se que ocorreu o afastamento do agravante do
cargo de Presidente do partido, com a finalidade de garantir lisura do
procedimento, uma vez que este é o investigado, não se tratando, portanto,
de penalidade. 3. A Convenção Nacional é o órgão competente para eleger e
destituir os membros da Comissão Execução Nacional. Artigo 33, incisos I e
II do Estatuto do Patriota. 3.1. In casu, não há que se falar em incompetência
da Comissão Executiva Nacional, tendo em vista que ocorreu somente o
afastamento do Presidente do partido, membro desta comissão, e não a sua
destituição. Além disso, a Comissão executiva Nacional é o órgão
competente para deliberar acerca de atos de indisciplina partidária, como
ocorreu, conforme expresso no artigo 38, inciso XIII, do Estatuto do Patriota.
4. A convocação para realização da Convenção Nacional é obrigatoriamente
feita pelo Presidente da Comissão Executiva Nacional em conjunto ao
Primeiro Vice-Presidente Nacional. Artigo 16, inciso I do Estatuto do Patriota.
4.1. Não obstante, o Presidente, além de ser o membro investigado, era o
dirigente do órgão que julgaria as conclusões ao final do procedimento contra
ele instaurado, logo, não teria interesse em convocar a Convenção Nacional,
o que legitima a convocação da convenção pelo Vice-Presidente do partido.
5. A despeito do artigo 17, alínea "e", do Estatuto do Patriota ressaltar a
obrigatoriedade do envio de comunicação oficial, formal e justificada para a
realização de Convenção Nacional que vise à substituição do Presidente ou
de seu Vice, não se aplica ao caso, uma vez que a convenção realizada não
deliberou sobre possível substituição do Presidente. 6. Apesar de constar no
artigo 37, § 12, do Estatuto do Patriota, que os cargos vagos serão
preenchidos por escolha do Presidente do partido, na data em que houve a
eleição para o cargo de Membro do Diretório Nacional e Secretário de
Organização da Comissão Executiva Nacional, o Presidente estava afastado
temporariamente, assim, razoável o rito escolhido qual seja a eleição ao
invés da nomeação, além de coadunar com as disposições contidas no artigo
36 e 37 do mesmo estatuto. ” Acórdão 1398901, 07235022320218070000,
Relator: ROMULO DE ARAUJO MENDES, 1ª Turma Cível, data de
julgamento: 16/2/2022, publicado no DJE: 23/2/2022.

Representação contra deputado estadual – competência dos órgãos


partidários regionais – apresentação direta à instância partidária
nacional – procedimento irregular. "9.De acordo com o artigo 17, § 1º, da
Constituição Federal, o artigo 44, inciso V e § 3º, do Código Civil, e os artigos
13 e 14 da Lei 9.096/1995, os partidos políticos têm autonomia para definir
sua estrutura interna, sua organização e seu funcionamento. II. Dentre as
normas internas que os partidos políticos podem e devem instituir estão
aquelas atinentes à conduta ética de seus membros, ao procedimento para
apuração de faltas dessa natureza e à competência para a aplicação de
sanções previamente tipificadas, consoante dispõem os artigos 15, incisos II
a V, e 23 da Lei 9.096/1995. III. O funcionamento dos partidos políticos,
inclusive no que concerne à apuração de infração ética e à competência para
a aplicação de penalidade dessa natureza, está adstrito ao regramento
normativo interno instituído com amparo na autonomia partidária outorgada
pela Constituição e pelas leis. IV. Revela-se irregular, em sede de cognição
sumária, representação contra deputado estadual diretamente à instância
partidária nacional, quando as normas internas atribuem competência para o
seu recebimento, processamento e julgamento a órgãos da instância
partidária regional. V. Representação que deixa de explicitar a conduta
imputada e de indicar o preceito ético violado, tal como exigido no Código de
Ética do partido político, em princípio não se revela apta ao
desencadeamento do procedimento disciplinar." Acórdão 1379648,
07035229020218070000, Relator: JAMES EDUARDO OLIVEIRA , 4ª Turma
Cível, data de julgamento: 14/10/2021, publicado no DJE: 17/11/2021.

Contribuição partidária – voluntariedade da contribuição financeira –


ausência de violação à Constituição Federal – liberdade de associação
“1. A pretensão recursal repousa sobre a inconstitucionalidade e ilegalidade
das disposições estatutárias de partido político que estabelecem contribuição
financeira compulsória de seus filiados, cobradas pela agremiação neste
processo mediante ação monitória. (...) 3.. Tanto no plano constitucional (art.
17, §1º, da CF/88) quanto no plano legal (art. 14 e 15, III e VII, da Lei nº
9.096/95), é assegurada ampla liberdade de organização partidária, inclusive
financeira, bem como para estabelecer os deveres de seus filiados, inserindo-
se nessa liberdade a fixação da contribuição financeira necessária para o
sustento da agremiação partidária, a ser prestada por seus filiados de forma
consentida e voluntária. Acórdão 1375824, 07017084020218070001, Relator:
JOÃO LUÍS FISCHER DIAS, 5ª Turma Cível, data de julgamento: 6/10/2021,
publicado no DJE: 15/10/2021.

Imunidade tributária de ICMS sobre importação de bens – partido


político – previsão constitucional – necessidade de vinculação às
atividades essenciais – não comprovação “1. É vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir imposto sobre:
patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos atendidos os requisitos
da lei. Inteligência do Art. 150, inciso VI, alínea 'c', da Constituição Federal. 2.
"É pacífico o entendimento desta Corte no sentido de que a imunidade
tributária consignada no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição Federal
abrange o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
incidente na importação de bens utilizados na prestação de serviços
específicos das entidades de assistência social sem fins lucrativos. (...) 5. A
afirmação de que o Partido Político cumpre as exigências do Art. 14 do
Código Tributário Nacional, desacompanhada da juntada aos autos de
demonstração contábil, apresentação de seus livros revestidos de
formalidades capazes de assegurar a exatidão da escrituração de suas
receitas e despesas, não comprova o pleno atendimento aos requisitos
legais, o que inviabiliza, no caso, o reconhecimento da imunidade tributária
constitucional.” Acórdão 1362970, 07062923620208070018, Relator:
GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, 7ª Turma Cível, data de julgamento:
18/8/2021, publicado no DJE: 23/8/2021.

Verbas do fundo partidário – natureza pública – impenhorabilidade


absoluta “1. Nos termos do art. 833, inciso XI, do CPC, são impenhoráveis
os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos
termos da lei, não sendo cabível o bloqueio sobre verbas dessa natureza,
salvo quando verificadas as exceções previstas em lei. (...) 3. A hipótese
específica do inciso XI do art. 833 do CPC, não comporta relativização,
exceto em casos expressos na legislação, porquanto as verbas oriundas do
Fundo Partidário têm natureza pública, destinada à finalidade de permitir que
os partidos cumpram seu papel constitucional, qual seja, "assegurar, no
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e
a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal" (art.
1º, da Lei n.º 9.096/95). Justamente pelo caráter público dessas verbas e
pela importância do papel exercido pelos partidos políticos, na ordem jurídica
brasileira, é que se instituiu a impenhorabilidade dos recursos originários
desse fundo, visando assegurar que não venham a sofrer constrição judicial.
Ademais, tal previsão legal não imuniza os partidos políticos da obrigação de
pagar seus débitos, pois tais agremiações possuem outras fontes de receitas,
que são penhoráveis. 4. É majoritário na jurisprudência deste egrégio
Tribunal de Justiça, já sob a égide do CPC/2015, o entendimento, de que as
verbas oriundas do fundo partidário são absolutamente impenhoráveis. 5.
A obrigação dos Tribunais de Segundo Grau, imposta pelo art. 926, do CPC,
de uniformizar sua jurisprudência, mantendo-a estável, íntegra e coerente,
impõe que estes respeitem seus próprios precedentes. (...) 7. Ademais, se o
art. 44, da Lei n.º 9.096/95, exige que os recursos do Fundo Partidário sejam
empregados apenas para as finalidades previstas em seus incisos, admitir
que a utilização para o fins mencionados nos incisos II ("propaganda
doutrinária e política") e III ("alistamento e campanhas eleitorais") constituiria
exceção à impenhorabilidade das verbas originadas desse fundo implicaria o
completo esvaziamento da regra do art. 833, inciso XI, do CPC, ou a exegese
de que somente no caso de utilização das verbas do Fundo Partidário para
fins diversos dos previstos no art. 44, da Lei n.º 9.096, ou seja, ilícitos,
haveria a proteção da impenhorabilidade.” Acórdão 1358936,
07240845720208070000, Relator: ARNOLDO CAMANHO, 4ª Turma Cível,
data de julgamento: 4/8/2021, publicado no DJE: 9/8/2021.

Cancelamento de registro de partido político – validade da incorporação


reconhecida pela justiça eleitoral – incompetência da justiça comum
“1.De acordo com a Lei n. 9.096/95, é livre a criação, fusão, incorporação e
extinção de partidos políticos (art. 2º) e, no caso de incorporação, o
cancelamento do registro do partido incorporado a outro é decorrência legal
(arts. 27 e 29, § 6º). 2. Tendo a Justiça Eleitoral deliberado sobre a validade
da incorporação dos partidos políticos envolvidos, não cabe a Justiça Comum
estadual reexaminar a validade do ato, em manifesta revisão judicial incabível
da decisão de mérito do TSE. 3. Diante de validade da incorporação
reconhecida pelo TSE, o reexame do ato pretérito referente ao cancelamento
do registro do partido incorporado poderia resultar implicações diretas no
processo eleitoral, atraindo a competência da justiça especializada.”
Acórdão 1320390, 07330192020198070001, Relator: FÁBIO EDUARDO
MARQUES, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 24/2/2021, publicado no
DJE: 24/3/2021.

STJ
Penhora de verba do fundo partidário – serviços prestados de
publicidade e marketing – impossibilidade – recursos públicos “2. O art.
833, XI, do CPC/2015 impõe a impenhorabilidade absoluta das verbas
públicas integrantes de fundos partidários destinadas ao financiamento
eleitoral. 3. Uma vez reconhecida a natureza pública dos recursos
destinados ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha, criado pela
Lei nº 13.488/2017, esse patrimônio passa a ser protegido de qualquer
constrição judicial. 4. Os partidos políticos dispõem de orçamento próprio,
oriundo de contribuições de seus filiados ou de doações de pessoas físicas,
que são passíveis de penhora.” REsp 1.800.265/MS

STF
Ação direta de inconstitucionalidade – publicidade estatal – caráter
educativo, informativo ou de orientação social “1. A autorização do § 5º
do art. 22 da Lei Orgânica para que cada Poder do Distrito Federal defina,
por norma interna, as hipóteses nas quais a divulgação de ato, programa,
obra ou serviço públicos não constitui promoção pessoal desconforma-se
com o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição da República. 2.
Interpretação conforme à Constituição da República do § 6º do art. 22 da Lei
Orgânica do Distrito Federal para que a divulgação de iniciativa de ato,
programa, obra ou serviço público de que o parlamentar seja autor se realize
com a finalidade exclusiva de informar ou educar e apenas pelos canais do
próprio mandatário ou partido político, não se admitindo a sua confusão com
a publicidade do órgão público ou entidade.” ADI 6522/DF
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