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AULA 26

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

DOS PARTIDOS POLÍTICOS


A Constituição Federal traz algumas disposições relativas aos partidos políticos em
seu art. 17, colocando esse assunto entre os direitos e garantias fundamentais devido à
importância dessas instituições para o pleno funcionamento da democracia brasileira.

Mas antes de analisarmos o texto constitucional, devemos saber o que são os


partidos políticos.

Entre as várias definições que podemos adotar, uma das mais diretas e, ao mesmo
tempo, completa é aquela que diz que “partido político é um grupo organizado, legalmente
formado, com base em formas voluntárias de participação numa associação orientada
para influenciar ou ocupar o poder político”. Ou seja, os partidos políticos são associações
que tem por objetivo influenciar no processo político e que são organizadas de acordo
com a legislação específica.

No Brasil, todo partido político deve produzir dois documentos para ser registrado
no Tribunal Superior Eleitoral: seu programa, que deve trazer a ideologia do partido, ou
seja, em que seus membros acreditam, qual sua “visão de mundo”, o que acham melhor
para o sistema político, e seu estatuto, que deve apresentar as regras internas que deverão
ser obedecidas pelo partido e seus filiados.

Vejamos o que a Constituição Federal dispõe sobre os partidos políticos:

“Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,


resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo


estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.”

Vê-se assim, que é permitida pela Constituição Federal a livre criação de partidos,
sendo que, inclusive, uma das principais formas de manifestação do pluralismo político,
que é um dos fundamentos da nossa República é justamente o chamado
pluripartidarismo, que consiste na possibilidade de criação de novos partidos políticos.

Também se permite a fusão, incorporação e extinção de partidos políticos.

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No entanto, todo partido político precisa respeitar, em seu programa (e na prática)
respeitar quatro coisas: a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo
e os direitos fundamentais da pessoa humana.

Assim, não seria admitido o funcionamento de um partido, por exemplo, que


defendesse e lutasse pela implantação de uma ditadura no Brasil ou que pregasse a
existência de um partido único.

Respeitadas essas exigências, no entanto, o partido é livre para defender quaisquer


outras ideias, desde que não sejam criminosas.

De acordo com o art. 17 da Constituição Federal, os partidos políticos no Brasil são


todos de abrangência nacional, não se admitindo a criação de partidos estaduais, por
exemplo. Por isso que todo partido regulamente registrado no TSE pode lançar candidatos
a qualquer caro público, respeitadas as exigências constitucionais e legais.

Também de acordo com o mesmo dispositivo, os partidos não podem receber


recursos vindos do exterior, nem se subordinar a entidades estrangeiras. O objetivo aqui
é resguardar a soberania nacional, que poderia ser ameaçada se um partido controlado
por estrangeiros assumisse cargos importantes na Nação, por exemplo.

Por fim, todo partido deve atuar de acordo com o disposto em lei. Atualmente, a lei
que rege os partidos políticos é a Lei 9.096/95.

“§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna
e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de
escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua
celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.”

A redação atual da Constituição Federal expressamente isenta os partidos políticos


de seguirem o mesmo critério, nas coligações, para as eleições federais, estaduais e
municipais, sendo, porém, vedada a realização de coligações para eleições proporcionais
(para vereador, deputado estadual e deputado federal). Também devem ser estabelecidas
regras, nos estatutos dos partidos, que busquem garantir a disciplina e fidelidade
partidárias.

“§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei


civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e


à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:

I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por
cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou

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II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos
um terço das unidades da Federação”.

O §3º do art. 17 da Constituição Federal, com a redação que lhe foi dada pela Emenda
Constitucional 97/2017, instituiu a chamada “cláusula de barreira” no sistema político
brasileiro, visando evitar a proliferação desenfreada de partidos políticos “nanicos”, que
muitas vezes somente eram criados para obter-se acesso aos recursos do fundo
partidário.

Deve-se observar, porém, que, de acordo com a EC 97/2017, as disposições do §3º


somente se aplicarão, na forma nele estabelecida, a partir das eleições de 2030, sendo que
a referida emenda estabeleceu um regra de transição, com requisitos intermediários para
as eleições para a Câmara dos Deputados em 2018, 2022 e 2026.

“§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.”

Assim como ocorre com outras associações, os partidos políticos não podem se
servir de organizações paramilitares.

“§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste


artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro
partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e
de televisão.”

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