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Gabarito do Simulado

Data Nome Tipo questão Ano Questões

22/11/2022 Eleitoral 22 Jurisprudência 2022 4

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Questão 1

A multa estatutária por desfiliação partidária não decorre automaticamente da filiação e da


consequente submissão às regras do estatuto, sendo imprescindível o documento de
aquiescência assinado pelo candidato.

CERTO Resposta correta

ERRADO

Comentários
A situação concreta foi a seguinte:
Nas eleições de 2014, Cícero Almeida, então filiado ao Partido Renovador
Trabalhista Brasileiro (PRTB), foi eleito Deputado Federal.

Ocorre que, em 2015, ele deixou a legenda e se filiou ao Partido Social


Democrático (PSD).

O PRTB ajuizou, então, ação de cobrança contra Cícero pedindo o


pagamento da multa estatutária por desfiliação partidária. Onde está
prevista essa multa?

No art. 85, X, do Estatuto Interno do PRTB. Veja a redação do dispositivo:

Art. 85 (...)

X – Todos os candidatos às Eleições Gerais, majoritárias ou


proporcionais, que disputem cargos eletivos pelo PRTB, deverão
assinar formulário de autorização de concordância com pagamento
de 10% (dez por cento) sobre suas futuras remunerações como
também multas de 12 (doze) meses sobre seus salários caso
venham a desfiliar-se do Partido, no decurso de seus respectivos
mandatos. Outrossim, deverão assinar Termo de Compromisso de
Fidelidade e Responsabilidade, no ato dos seus pedidos de registro
na Justiça Eleitoral, sob pena de não serem inscritos pelo Órgão
diretivo do Partido.

Assim, o autor alegou que o réu, ao assinar a ficha de filiação do partido,


teria se comprometido ao pagamento de multa referente a 12 vezes seu
salário em caso de desfiliação no curso de seu mandato eletivo.
Primeira pergunta: a competência para julgar essa ação é da Justiça
Eleitoral?

NÃO.

• Em regra, as ações tratando sobre divergências internas ocorridas no


partido político são julgadas pela Justiça Estadual.

• Exceção: se a questão interna corporis do partido político puder gerar


reflexos diretos no processo eleitoral, então, neste caso, a competência será
da Justiça Eleitoral.

Nesse sentido:

A ação de cobrança movida por Partido Político contra filiado visando ao


recebimento de contribuição prevista no Estatuto não se insere na
competência da justiça eleitoral.

STJ. 2ª Seção. CC 31.068/SC, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em


12/09/2001.

Desse modo, essa ação foi proposta na 1ª instância da Justiça comum do


Distrito Federal (então domicílio do réu – Deputado Federal).

Contestação
O réu alegou que somente seria possível exigir a multa se ele tivesse
assinado “formulário de autorização de concordância com pagamento”,
conforme prevê expressamente o art. 85, X, do Estatuto. Como ele não
assinou esse formulário, não aquiesceu com a cobrança da multa.

O partido contra-argumentou afirmando que não era necessário mais esse


documento. Segundo a agremiação, a partir do momento em que o réu se
filiou ao partido, ele automaticamente ficou obrigado ao pagamento da
multa prevista no estatuto.

Por meio de recurso, a questão chegou até o STJ. A tese do partido foi
acolhida pelo Tribunal?

NÃO.

A multa estatutária por desfiliação partidária não decorre


automaticamente da filiação e da consequente submissão às regras do
estatuto, sendo imprescindível o documento de aquiescência assinado
pelo candidato.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.796.737-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 25/11/2021 (Info 720).

Inicialmente, é preciso esclarecer que o partido político pode trazer essa


previsão em seu estatuto. Explico.

A Constituição Federal, em seu art. 17, § 1º, assegura aos partidos políticos
autonomia para definir sua estrutura interna. A CF afirma, ainda, que o
estatuto da agremiação deverá estabelecer normas sobre fidelidade
partidária.
Com base nessa autorização constitucional, a Lei nº 9.096/95 (Lei dos
Partidos Políticos) prevê que a agremiação é livre “para estabelecer, em seu
estatuto, a sua estrutura interna, organização e funcionamento” (art. 14).

Segundo a Lei, o estatuto pode trazer normas sobre “fidelidade e disciplina


partidárias, processo para apuração das infrações e aplicação das
penalidades, assegurado amplo direito de defesa” (art. 15, V).

Assim, é legítima a previsão dessa multa como medida de desestímulo à


infidelidade partidária.

Requisitos para a aplicação da multa

Pela leitura do estatuto, percebe-se que a penalidade pecuniária exige dois


requisitos:

a) a aquiescência expressa do candidato com a cobrança da penalidade,


mediante a assinatura do mencionado formulário; e

b) a sua desfiliação do partido no curso do respectivo mandato.

Assim, era indispensável a concordância do candidato, não podendo a multa


decorrer automaticamente da filiação.

No caso concreto, não há qualquer documento que comprove a


concordância expressa do réu.

Portanto, estando ausente a prova inequívoca do direito alegado pelo partido


político de incidência da multa por desfiliação partidária estabelecida no art.
85, X, do Estatuto do PRTB, de rigor a improcedência da tutela condenatória,
em observância ao disposto nos arts. 373, I, e 434 do CPC/2015.
Obs: apenas a título de curiosidade, esse Deputado Federal perdeu o
mandato por infidelidade partidária, conforme decisão do TSE, não tendo,
contudo, a medida sido efetivada porque já proferida no final da legislatura.

Questão 2

São inconstitucionais as restrições, previstas na Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997, arts.
43, caput, e 57-C, caput e § 1º), à veiculação de propaganda eleitoral em meios de
comunicação impressos e na internet.

CERTO

ERRADO Resposta correta

Comentários
Propaganda política

Propaganda política é toda aquela que possui finalidade eleitoral, não


apenas com o fim específico da conquista de votos, mas também com o
objetivo de expor determinado posicionamento político.

Propaganda política é o gênero que abrange duas espécies:


PROPAGANDA POLÍTICA

a) PROPAGANDA PARTIDÁRIA b) PROPAGANDA ELEITORAL

A propaganda partidária se presta A propaganda eleitoral é aquela


à difusão dos princípios que se realiza antes de certame
ideológicos, atividades e eleitoral e objetiva, basicamente, a
programas dos partidos políticos. obtenção de votos, tornando-se
Sua finalidade é a de angariar instrumento de convencimento do
eleitores e cidadãos que eleitor, que pode, por seu
simpatizem com os ideais do intermédio, ampliar seu
partido. conhecimento sobre as
convicções de cada candidato ou
É regulada pela Lei nº 9.096/95. partido, fazendo a escolha que
mais lhe convier.

É regida pela Lei nº 9.504/97.

Restrições à veiculação de propaganda

O art. 43, caput e o art. 57-C, caput e § 1º da Lei nº 9.504/97 preveem


restrições à veiculação de propaganda eleitoral em meios de comunicação
impressos e na internet:

Art. 43. São permitidas, até a antevéspera das eleições, a divulgação


paga, na imprensa escrita, e a reprodução na internet do jornal
impresso, de até 10 (dez) anúncios de propaganda eleitoral, por
veículo, em datas diversas, para cada candidato, no espaço máximo,
por edição, de 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4
(um quarto) de página de revista ou tabloide. (Redação dada
pela Lei nº 12.034/2009)

Art. 57-C. É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda


eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de
conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e
contratado exclusivamente por partidos, coligações e candidatos e
seus representantes. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

§ 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda


eleitoral na internet, em sítios:

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos; (Incluído pela Lei


nº 12.034, de 2009)

II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração


pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

ADI

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) ajuizou ADI questionando os


dispositivos acima transcritos.

Como vimos, o art. 43, caput, restringe a propaganda paga em veículos de


comunicação impressa dizendo que somente pode ocorrer até a
antevéspera das eleições. Além disso, limita essa espécie de propaganda a
até 10 anúncios por veículo, em datas diversas, para cada candidato.
Estipula, ainda, espaço máximo em páginas de jornais, revistas ou tabloides.

O art. 57-C, por sua vez, estende a vedação aos sites dos veículos na
internet, admitindo somente o impulsionamento de conteúdo devidamente
identificado.

Segundo a ANJ, a realidade da época em que as normas foram concebidas é


diferente da atual, e as limitações não mais se justificam, diante da
crescente utilização da internet como meio de acesso à informação. “A
mídia impressa e profissional sofreu grandes impactos e transformações, e
os canais alternativos de comunicação virtuais ampliaram-se
exponencialmente”. Segundo a autora, para veículos que utilizam
exclusivamente a internet, as regras “são substancialmente diversas e mais
permissivas”.

A associação argumentou que as empresas jornalísticas têm papel


importante na promoção e na garantia da democracia e papel estratégico
contra a desinformação.

Sustentou, ainda, que as restrições violam as liberdades de expressão, de


imprensa e de informação, de iniciativa e de concorrência, os princípios
democrático e republicano e o pluralismo político.

Ante o exposto, pediu a declaração de inconstitucionalidade do art. 43 da Lei


das Eleições. Pediu também para que o art. 57-C, caput e § 1º, inciso I, da
Lei das Eleições fosse interpretado de forma a afastar a incidência das
regras em relação aos sites de organizações que produzam, veiculem e
divulguem notícias por qualquer meio de comunicação, impresso ou digital
(ex: sites de jornais e revistas).

O STF acolheu os pedidos da autora?


NÃO. O STF julgou os pedidos improcedentes e declarou a constitucionalidade
dos dispositivos impugnados:

São constitucionais as restrições, previstas na Lei das Eleições (Lei nº


9.504/1997, arts. 43, caput, e 57-C, caput e § 1º), à veiculação de
propaganda eleitoral em meios de comunicação impressos e na internet.

STF. Plenário. ADI 6281/DF, Rel. Min. Luiz Fux, redator do acórdão Min.
Nunes Marques, julgado em 10, 16 e 17/2/2022 (Info 1044).

O Min. Nunes Marques explicou que as propagandas eleitorais no Brasil são


pagas basicamente com recursos do Fundo Eleitoral, ou seja, com recursos
públicos. Logo, a regulamentação da propaganda eleitoral existe como uma
forma de se regulamentar e limitar os gastos do Fundo Eleitoral. Assim, o
objetivo dessa regulamentação não é propriamente disciplinar a liberdade de
expressão. Trata-se de uma opção política do legislador sobre onde e como
devam ser gastos recursos públicos.

Ademais, as diretrizes relativas à propaganda eleitoral voltam-se à


realização de princípios próprios, tais como a paridade de armas entre os
candidatos e a preservação das eleições, pondo-os a salvo do abuso do
poder econômico, sempre disposto a influir no resultado das urnas.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente


o pedido formulado em ação direta. Vencidos os ministros Luiz Fux
(presidente e relator), Edson Fachin, Roberto Barroso e Cármen Lúcia, que o
julgaram procedente, e, em menor extensão, o ministro André Mendonça,
que o julgou parcialmente procedente.

Questão 3
A fim de participarem das eleições, as federações partidárias devem estar constituídas
como pessoa jurídica e obter o registro de seu estatuto perante o TSE no mesmo prazo
aplicável aos partidos políticos.

CERTO Resposta correta

ERRADO

Comentários
EXPLICANDO O QUE SÃO AS FEDERAÇÕES PARTIDÁRIAS

A Lei nº 14.208/2021 alterou a Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos) e


a Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições), para instituir as federações de partidos
políticos.

O que é uma federação de partidos políticos?

É a reunião de dois ou mais partidos políticos que possuam afinidade


ideológica ou programática e que, depois de constituída e registrada no TSE,
atuará como se fosse uma única agremiação partidária.

Essa possibilidade foi inserida pela Lei nº 14.208/2021 no art. 11-A da Lei nº
9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos).

Quais as são as principais regras para a criação de uma federação de


partidos políticos?

A criação da federação de partidos políticos obedecerá às seguintes regras:

I – a federação somente poderá ser integrada por partidos com registro


definitivo no TSE;
II – os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados
por, no mínimo, 4 anos.

O partido que descumprir essa regra, receberá as seguintes sanções:

a) ficará proibido de ingressar em outra federação e de celebrar coligação


nas 2 eleições seguintes;

b) ficará proibido de utilizar o fundo partidário até completar o prazo mínimo


remanescente para completar os 4 anos (ex: se abandonou a federação
após 3 anos, ficará impedido de utilizar o fundo partidário por mais 1 ano).

III – a federação terá abrangência nacional e seu registro será encaminhado


ao TSE.

Deverão ser aplicadas à federação de partidos todas as normas que regem o


funcionamento parlamentar e a fidelidade partidária (§ 1º do art. 11-A da Lei
nº 9.096/95).

Se um partido deixar a federação, ela pode continuar existindo?

SIM, desde que, mesmo com essa saída, continue havendo pluralidade de
partidos, ou seja, a federação continue com, no mínimo, 2 partidos. Confira o
que diz o § 5º do art. 11-A:

Art. 11-A (...)


§ 5º Na hipótese de desligamento de 1 (um) ou mais partidos, a
federação continuará em funcionamento, até a eleição seguinte,
desde que nela permaneçam 2 (dois) ou mais partidos.

Etapas para a constituição de uma federação

1) Decisão tomada pela maioria absoluta dos votos da direção nacional do


partido aprovando a formação e ingresso na federação. Essa deliberação
deverá ser formalizada em uma resolução partidária;

2) Elaboração de um programa e de um estatuto para a federação. Esse


estatuto é muito importante porque nele serão definidas as regras para a
composição da lista da federação para as eleições proporcionais. (§ 7º do
art. 11-A).

3) Formação de um órgão de direção nacional para a federação.

4) Pedido de registro da federação no TSE.

Documentos necessários para o pedido de registro da federação no TSE

O pedido de registro de federação de partidos encaminhado ao TSE será


acompanhado dos seguintes documentos:

I – cópia da resolução tomada pela maioria absoluta dos votos dos órgãos
de deliberação nacional de cada um dos partidos integrantes da federação;

II – cópia do programa e do estatuto comuns da federação constituída;

III – ata de eleição do órgão de direção nacional da federação.


Como a federação atua nas eleições?

Aplicam-se à federação de partidos todas as normas que regem as


atividades dos partidos políticos no que diz respeito às eleições, inclusive no
que se refere à:

a) escolha e registro de candidatos para as eleições majoritárias e


proporcionais;

b) arrecadação e aplicação de recursos em campanhas eleitorais;

c) propaganda eleitoral;

c) contagem de votos;

d) obtenção de cadeiras;

e) prestação de contas; e

f) convocação de suplentes.

Desse modo, para as eleições, a federação é como se fosse um único


partido político.

Infidelidade partidária e federação


A Lei nº 14.208/2021 inseriu uma norma tratando sobre infidelidade
partidária no § 9º do art. 11-A da Lei nº 9.096/95. Antes de analisarmos o
que diz esse dispositivo, acho importante tecer algumas considerações
prévias sobre o tema para entendermos melhor a nova previsão.

No Brasil, a pessoa só pode concorrer a um cargo eletivo se ela estiver


filiada a um partido político. Essa exigência está prevista no art. 14, § 3º, V,
da CF/88.

Mesmo não havendo uma norma expressa na lei ou na CF/88 dizendo isso, o
TSE e o STF, em 2007, decidiram que a infidelidade partidária era causa de
perda do mandato eletivo. Em outras palavras, o TSE e o STF firmaram a
tese jurisprudencial de que, se o titular do mandato eletivo, sem justa causa,
sair do partido político no qual foi eleito, ele perderá o cargo que ocupa.

Posteriormente, em 2015, foi editada a Lei nº 13.165/2015, que alterou a Lei


nº 9.096/95, passando a tratar expressamente sobre o tema “infidelidade
partidária”. Veja o artigo que foi acrescentado naquela época:

Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se


desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito.

Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação


partidária somente as seguintes hipóteses:

I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;

II - grave discriminação política pessoal; e

III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que


antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição,
majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente.
Veja agora o novo § 9º do art. 11-A da Lei nº 9.096/95, inserido pela Lei nº
14.208/2021:

Art. 11-A (...)

§ 9º Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar,


sem justa causa, de partido que integra federação.

Coligação partidária x federação de partidos

Antes de tratar das diferenças, vamos expor as semelhanças:

Semelhanças

1) Tanto a coligação como a federação consistem na reunião de dois ou


mais partidos;

2) Funcionam, perante a Justiça Eleitoral, como se fosse um único partido.

Diferenças
COLIGAÇÃO FEDERAÇÃO

Constituída para disputar e Constituída para atuar, no mínimo


vencer uma determinada eleição durante 4 anos, como se fosse
majoritária (Presidente, uma única agremiação partidária.
Governador ou Prefeito).
Sua atuação se limita ao período Sua atuação ocorre não apenas
eleitoral. no período eleitoral, mas também
durante o exercício do mandato.
Depois da eleição, a coligação é A federação dura, no mínimo, 4
dissolvida. anos.

Não precisa ser nacional. A federação, necessariamente,


terá abrangência nacional.
É possível a existência de
coligações de âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal.

Não é possível a coligação para Não existe essa restrição no caso


disputar eleições proporcionais. da federação, que pode atuar
tanto nas eleições proporcionais
como majoritárias.

Registro perante o juízo Registro no TSE.


competente para o registro de
candidatura.

Durante o período eleitoral, o É assegurada a identidade e a


partido somente terá legitimidade autonomia dos partidos
para atuar de forma isolada integrantes da federação.
quando questionar a validade da
própria coligação.
Eventual saída de partido de O partido que sair da federação
coligação impactará tão somente antes do prazo mínimo ficará
nas candidaturas eventualmente sujeito a sanções.
registradas, sem qualquer
penalidade ao partido.

A prestação de contas de A prestação de contas das


campanha é feita por cada campanhas será feita de forma
partido isoladamente (e não pela conjunta, pela federação.
coligação).

Qual é a diferença entre uma fusão e a federação de partidos políticos? Por


que fazer uma federação em vez de uma fusão?
FUSÃO FEDERAÇÃO

Os partidos que participam da Os partidos que formam a


fusão deixam de existir. Após ser federação continuam existindo.
concluída, só existirá o novo Não são extintos.
partido resultante da fusão.
Ficam preservadas a identidade
e a autonomia dos partidos que
integram a federação.

É feita de forma definitiva, É uma reunião não definitiva,


considerando que acarreta a havendo a possibilidade de o
extinção dos partidos políticos partido político deixar a
fundidos. federação sem qualquer
restrição, desde que tenha
permanecido filiado por um
prazo mínimo de 4 anos.

Pode ser feita a qualquer tempo, Somente pode ser constituída


ou seja, mesmo após a data final até a data final do período de
do período de realização das realização das convenções
convenções partidárias. partidárias.

Vigência

A Lei nº 14.208/2021 entrou em vigor na data de sua publicação


(29/09/2021).
ANALISANDO A ADI PROPOSTA CONTRA A LEI 14.208/2021

ADI

No dia 04/11/2021, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ajuizou ADI contra


a Lei nº 14.208/2021, que alterou a Lei dos Partidos Políticos (Lei nº
9.096/95)? e criou as federações partidárias.

O autor alegou que, sob a denominação de federação partidária, o que a Lei


nº 14.208/2021 fez foi recriar a figura da “coligação partidária” proporcional,
providência expressamente vedada pelo art. 17, § 1º, da CF/88, com a
redação dada pela Emenda Constitucional nº 97/2017.

Além disso, o Partido requerente argumentou que as regras que disciplinam


a federação seriam incompatíveis com os princípios constitucionais da
isonomia e da igualdade de chances no processo eleitoral, bem como com o
direito à informação por parte do eleitor.

Medida cautelar parcialmente deferida

No dia 08/12/2021, o Min. Luis Roberto Barroso, relator da ADI, em decisão


monocrática deferiu parcialmente a medida cautelar e a submeteu ao
referendo do Plenário do STF.

No dia 09/02/2022, o Plenário do STF referendou (confirmou) a decisão do


Min. Barroso.

Qual foi o teor da medida cautelar? As federações partidárias foram


consideradas inconstitucionais?

NÃO. Vamos entender com calma.


Eleições proporcionais

Quando se fala em “eleições proporcionais” está se referindo às eleições


que adotam o sistema proporcional. É o caso das eleições para Vereador,
Deputado Estadual e Deputado Federal.

Coligações partidárias

Coligação partidária consiste na aliança (acordo) feita entre dois ou mais


partidos para que eles trabalhem juntos em uma eleição apresentando o
mesmo candidato.

Ex: nas eleições presidenciais de 2014, foi feita uma coligação denominada
“Coligação com a força do povo” para apresentar a candidatura de Dilma
Rousseff à Presidência da República. Esta coligação era formada por 9
partidos (PT, PMDB, PSD, PP, PR, PROS, PDT, PC do B e PRB).

Ex2: nas eleições presidenciais de 2018, foi feita uma coligação denominada
“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” para apresentar a candidatura
de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Esta coligação era formada
por 2 partidos (PSL e PRTB).

É possível a realização de coligações partidárias tanto para eleições


majoritárias como também proporcionais?
Antes da EC 97/2017 Depois da EC 97/2017
(ATUALMENTE)

SIM. Era permitida a realização de NÃO. Atualmente só se permite


coligações partidárias tanto para coligação partidária para eleições
eleições majoritárias como majoritárias.
também proporcionais.

Essa era a redação vigente da Lei O § 1º do art. 17 da CF/88 foi


nº 9.504/97: alterado pela EC 97/2017 e passou
a prever que é vedada a celebração
Art. 6º É facultado aos partidos de coligações nas eleições
políticos, dentro da mesma proporcionais.
circunscrição, celebrar coligações
para eleição majoritária, Com isso, o art. 6º da Lei nº
proporcional, ou para ambas, 9.504/97 não foi recepcionado
podendo, neste último caso, pela EC 97/2017. Em linguagem
formar-se mais de uma coligação comum, mas atécnica, diz-se que o
para a eleição proporcional dentre referido art. 6º foi “revogado” pela
os partidos que integram a EC 97/2017.
coligação para o pleito majoritário.

Qual foi o grande objetivo por trás dessa mudança?


A intenção foi a de fortalecer os grandes partidos. Isso porque não sendo
permitida a coligação em eleições proporcionais, dificilmente partidos muito
pequenos irão conseguir atingir um quociente partidário que supere o
quociente eleitoral. Significa dizer que, sozinhos, ou seja, sem coligações,
partidos pequenos terão muito dificuldade de eleger Vereadores e
Deputados.

Além da dificuldade de atingir o quociente eleitoral, os partidos pequenos


terão poucos segundos no horário eleitoral, diminuindo sua visibilidade.

Nas palavras do Min. Roberto Barroso:

(...) a vedação constitucional imposta pela EC 97/2017 foi motivada


pela compreensão de que, no sistema proporcional, as coligações
eleitorais possibilitavam uma transferência ilegítima de votos entre os
partidos que as compunham que, muitas vezes, apresentavam
inclinações ideológicas muito distintas. Tal mecanismo dificultava a
compreensão, por parte do eleitor, sobre os candidatos e ideias em
favor dos quais estava efetivamente votando.” (ADI 7021/DF)

Houve alguma mudança no regime das coligações para eleições


majoritárias?

NÃO. As coligações para eleições majoritárias continuam sendo permitidas


sem qualquer alteração. Ex: coligação para eleição de Presidente da
República.

Federação partidária tem semelhanças com as coligações eleitorais, mas a


Lei procurou criar mecanismos para impedir seu uso desvirtuado
A federação partidária guarda alguma similaridade com as coligações,
porque permite que partidos políticos se unam, antes de determinado pleito
eleitoral, e sejam tratados como um partido único, para fins de cômputo de
votos e de cálculo do quociente partidário. Nessa medida, a federação
também possibilita uma transferência de votos entre agremiações distintas,
tal como ocorria no caso das coligações.

Todavia, a Lei nº 14.208/2021, que disciplinou a federação, previu que ela


terá suas regras estabelecidas em estatuto, contará com programa comum
e terá abrangência nacional, vinculando a atuação das agremiações que a
compõem em todas as esferas, nacional, estadual e municipal (art. 11-A, §
3º, II e IV).

A Lei determinou ainda que os partidos que a integrarem deverão


permanecer filiados a ela por, no mínimo, 4 anos.

Previu que o descumprimento do referido prazo mínimo acarretará ao


partido uma vedação de ingressar em nova federação, de celebrar coligação
nas 2 eleições majoritárias seguintes e de utilizar o fundo partidário, até
completar o prazo mínimo remanescente previsto para a federação (art. 11-
A, §4º).

A Lei estipulou, ainda, que se aplicam à federação todas as normas que


regem o funcionamento parlamentar, bem como o dever de fidelidade
partidária (art. 11-A, caput e § 9º).

Tais previsões tornam improvável a utilização da federação apenas para fins


eleitorais, ou seja, apenas para viabilizar a transferência de votos, sem
qualquer identidade ideológica entre partidos, que era o problema central da
formação das coligações partidárias no sistema proporcional. Isso porque
eventuais partidos reunidos em federação terão de permanecer atuando
conjuntamente após as eleições, em todos os níveis, no exercício dos
mandatos e nas votações dos distintos temas.

Além disso, tal união alcançará as eleições subsequentes, que ocorrerão 2


(dois) anos mais tarde.
Por fim, as penalidades aplicáveis ao desligamento antecipado de um
partido podem impactá-lo gravemente, impedindo a celebração de
coligações e o uso do fundo partidário, até que se complete o período
mínimo remanescente desde seu ingresso na federação.

Em tais condições, a Lei nº 14.208/2021 cria incentivos adequados para


evitar que a federação partidária proporcional funcione como mera
coligação de ocasião, evitando os problemas representativos já descritos.

Principais características que distinguem os dois institutos:

COLIGAÇÕES FEDERAÇÕES
Eram contingentes, porque São estáveis, ainda que
voltadas a fins puramente transitórias, com durabilidade de
eleitorais. no mínimo 4 anos;

Não exigiam compromisso de Exigem afinidade programática,


alinhamento programático entre tanto que é necessária a
os partidos. formulação de um estatuto e de
um programa para a federação.

Não vinculavam seu Vinculam o funcionamento


funcionamento parlamentar parlamentar posterior às
posterior às eleições. eleições.

Logo, eram prejudiciais ao Logo, foram criados mecanismos


adequado funcionamento do para se impedir o desvirtuamento
sistema representativo. do sistema representativo.

Vantagens das Federações

As federações preservam a autonomia e a independência dos partidos (art.


11-A, § 2º), que podem optar por não as pactuar e tão-somente se unirem
em coligações majoritárias (art. 17, § 1º, da CF/88).

O instituto também permite que partidos menores, com identidade política e


programática, se associem, de modo provisório, mas estável, para melhorar
seu desempenho nas eleições.
Caso a associação provisória funcione bem, é possível, ainda, que tais
partidos, em momento posterior, optem por uma fusão. Com isso,
aumentam-se suas chances nas eleições, evita-se a perda de
representatividade das minorias que os apoiam e cria-se um mecanismo
pelo qual se poderá, com o tempo, viabilizar uma fusão partidária.

Assim, o que se pretendeu com a Lei nº 14.208/2021 não foi aprovar um


retorno disfarçado das coligações proporcionais. Buscou-se, ao contrário,
assegurar a possibilidade de formação de alianças persistentes entre
partidos, com efeitos favoráveis sobre o sistema partidário, já que as
federações serão orientadas ideologicamente por estatuto e programa
comuns – o que não ocorria com as coligações anteriores.

Ao mesmo tempo, assegura-se às legendas um período em que poderão


experimentar a atuação “como se fosse[m] uma única agremiação
partidária” (art. 11-A, da Lei nº 9.096/95), sem a definitividade de uma fusão,
o que evita a abrupta alteração na vida do partido e de seus filiados e
preserva espaço de atuação para minorias políticas. Portanto, a federação
se propõe a ser um instituto de efeitos duradouros, ainda que não
permanentes, cuja formação exigirá reflexão e debates que considerem
seriamente os seus efeitos.

Conclusão até aqui

Enfim, o STF considerou que:

• a federação partidária, instituto trazido pela Lei nº 14.208/2021, não é uma


tentativa de se recriar as coligações partidárias nas eleições proporcionais,
que foram proibidas pela EC 97/2017, que deu nova redação ao art. 17, § 1º,
da CF/88;

• a Lei nº 14.208/2021 criou mecanismos para se impedir que as federações


partidárias provocassem um desvirtuamento do sistema representativo.;
• logo, a figura da federação partidária é compatível com a Constituição
Federal.

Ocorre que o STF detectou um vício de inconstitucionalidade no prazo limite


para a formação das federações partidárias, o que irei explicar nos tópicos
seguintes.

Qual é a data final para a constituição de uma federação?

Segundo a Lei, a federação poderia ser criada até o último dia do prazo para
a realização das convenções partidárias. Explicando melhor:

O art. 8º da Lei nº 9.504/97 prevê que os partidos políticos deverão realizar


no período de 20 de julho a 5 de agosto do ano da eleição um evento
chamado “convenção partidária” que tem duas finalidades principais:

a) escolher os candidatos do partido;

b) decidir se aquele partido fará, ou não, coligações para a eleição


majoritária com outras agremiações.

A Lei nº 14.208/2021 acrescentou, na Lei nº 9.096/95 e na Lei nº 9.504/97, a


regra de que a federação deveria ser constituída até a data final do período
de realização das convenções partidárias, ou seja, até 5 de agosto do ano da
eleição:

Lei nº 9.096/95
Art. 11-A (...)

§ 3º A criação de federação obedecerá às seguintes regras:

(...)

III - a federação poderá ser constituída até a data final do período de


realização das convenções partidárias;

Lei nº 9.504/97

Art. 6º-A (...)

Parágrafo único. É vedada a formação de federação de partidos após


o prazo de realização das convenções partidárias.

O STF entendeu que esse prazo viola o princípio da isonomia.

Pela lei, as federações teriam um prazo maior para se constituírem que os


partidos políticos; isso viola o princípio da isonomia

O partidos políticos devem estar registrados, junto ao TSE, até 6 (seis)


meses antes do pleito, ou seja, até o início de abril do ano eleitoral, a fim de
participarem das eleições.
As convenções partidárias, por sua vez, podem ocorrer até 5 de agosto do
ano em que se realizar o pleito.

A possibilidade de a federação ser constituída meses depois, no momento


da convenção, faz com que, na visão do STF, o instituto da federação fique
em uma “posição privilegiada” em relação aos partidos. alterando a
dinâmica da eleição e as estratégias de campanha.

A isonomia é princípio constitucional de ampla incidência sobre o processo


eleitoral, âmbito no qual se associa ao ideal republicano de igualdade de
chances.

Além disso, a própria lei prevê que as federações sujeitas ao mesmo


tratamento dos partidos políticos, inclusive no que diz respeito às regras que
regem as eleições.

A previsão legal que permite que as federações partidárias possuam prazo


superior ao dos partidos políticos para se constituírem viola o princípio da
isonomia.

Assim, deve-se exigir que as federações obtenham o registro de seu estatuto


junto ao TSE com a mesma antecedência exigida dos partidos.

Logo, o STF:

1) suspendeu o inciso III do § 3º do art. 11-A da Lei nº 9.096/95 e o


parágrafo único do art. 6º-A da Lei nº 9.504/97, com a redação dada pela Lei
nº 14.208/2021;

2) conferiu interpretação conforme à Constituição ao caput do art. 11-A da


Lei nº 9.096/95, de modo a exigir que, para participar das eleições, as
federações estejam constituídas como pessoa jurídica e obtenham o
registro de seu estatuto perante o Tribunal Superior Eleitoral no mesmo
prazo aplicável aos partidos políticos.
Regra excepcional para 2022

Como essa decisão do STF foi proferida em 09/02/2022, o STF entendeu


que ficaria um prazo muito exíguo as federações serem constituídas já que
houve uma grande redução.

Antes da decisão do STF, pela lei, as federações para as eleições de 2022,


poderiam ser constituídas até 05 de agosto de 2022.

Depois da decisão do STF, as federações teriam que ser constituídas até 02


de abril de 2022.

Houve, portanto, uma redução de 4 meses.

Diante disso, o STF resolveu modular os efeitos da decisão e disse que,


excepcionalmente, as federações constituídas para as eleições de 2022,
deverão preencher tais condições até 31 de maio de 2022.

Mediante ponderação entre os princípios da isonomia (entre partidos


políticos e federações), da segurança jurídica e da maior efetividade da
norma que criou o instituto das federações partidárias, entende-se que o
prazo fixado é um meio-termo. Ele confere maior prazo para negociações,
mas, ao mesmo tempo, evita uma extensão excessiva, o que tornaria o
instituto das federações perigosamente aproximado das coligações e
poderia trazer-lhe uma lógica “de ocasião”, que é o que se quer evitar. Além
disso, esse prazo minimiza eventuais efeitos competitivos adversos que
uma constituição tardia das federações poderia produzir na competição
com partidos políticos.

Em suma:
A federação partidária, instituto trazido pela Lei nº 14.208/2021, não é
uma tentativa de se recriar as coligações partidárias nas eleições
proporcionais, que foram proibidas pela EC 97/2017, que deu nova
redação ao art. 17, § 1º, da CF/88.

A Lei nº 14.208/2021 criou mecanismos para se impedir que as


federações partidárias provocassem um desvirtuamento do sistema
representativo.

Logo, a figura da federação partidária é compatível com a Constituição


Federal.

Vale ressaltar, contudo, que a previsão legal que permite que as


federações partidárias possuam prazo superior ao dos partidos políticos
para se constituírem viola o princípio da isonomia.

A fim de participarem das eleições, as federações partidárias devem estar


constituídas como pessoa jurídica e obter o registro de seu estatuto
perante o TSE no mesmo prazo aplicável aos partidos políticos.

Excepcionalmente, nas eleições de 2022, o prazo para constituição de


federações partidárias fica estendido até 31 de maio do mesmo ano.

STF. Plenário. ADI 7021/DF MC-Ref, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
9/2/2022 (Info 1043).

Questão 4

Não cabe ao Supremo Tribunal Federal adentrar o mérito da opção legislativa para
redesenhar a forma de cálculo do valor do Fundo Especial de Financiamento de Campanha
(FEFC) (Lei 14.194/2021, art. 12, XXVII).

CERTO Resposta correta

ERRADO
Comentários
FEFC

O Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), como o próprio


nome já indica, é...

- um fundo (ou seja, uma concentração contábil de dinheiro)

- constituído por dotações orçamentárias da União (dinheiro repassado


pelos cofres da União)

- e utilizado pelos partidos políticos e candidatos para pagar despesas com


a campanha eleitoral.

O FEFC foi criado em 2017, com a Lei nº 13.487, que inseriu os arts. 16-C e
16-D na Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97):

Art. 16-C. O Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) é


constituído por dotações orçamentárias da União em ano eleitoral,
em valor ao menos equivalente:

I - ao definido pelo Tribunal Superior Eleitoral, a cada eleição, com


base nos parâmetros definidos em lei;

II - ao percentual do montante total dos recursos da reserva


específica a programações decorrentes de emendas de bancada
estadual impositiva, que será encaminhado no projeto de lei
orçamentária anual. (Redação dada pela Lei nº 13.877, de 2019)

(...)
Art. 16-D. Os recursos do Fundo Especial de Financiamento de
Campanha (FEFC), para o primeiro turno das eleições, serão
distribuídos entre os partidos políticos, obedecidos os seguintes
critérios:

I - 2% (dois por cento), divididos igualitariamente entre todos os


partidos com estatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral;

II - 35% (trinta e cinco por cento), divididos entre os partidos que


tenham pelo menos um representante na Câmara dos Deputados, na
proporção do percentual de votos por eles obtidos na última eleição
geral para a Câmara dos Deputados;

III - 48% (quarenta e oito por cento), divididos entre os partidos, na


proporção do número de representantes na Câmara dos Deputados,
consideradas as legendas dos titulares;

IV - 15% (quinze por cento), divididos entre os partidos, na proporção


do número de representantes no Senado Federal, consideradas as
legendas dos titulares.

(...)

O FEFC é responsável pelo financiamento público das candidaturas


eleitorais, tendo sido a solução encontrada pelo Congresso Nacional diante
da proibição imposta pelo STF de financiamento das campanhas eleitorais
por meio de doações de pessoas jurídicas:

As contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais e


partidos políticos são inconstitucionais.
As contribuições de pessoas físicas são válidas e regulam-se de acordo
com a lei em vigor.

STF. Plenário ADI 4650/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 16 e 17/9/2015
(Info 799).

O FEFC é o mesmo que o chamado Fundo Partidário?

NÃO. Veja um resumo das principais diferenças:

FEFC FUNDO PARTIDÁRIO


Fundo Especial de Financiamento Fundo Especial de Assistência
de Campanha Financeira aos Partidos Políticos

Previsto nos arts. 16-C e 16-D da Previsto nos arts. 38 a 44-A da Lei
Lei nº 9.504/97. nº 9.096/95.

Constituído por dotações Constituído por:


orçamentárias da União em ano
eleitoral, em valor ao menos I - multas e penalidades
equivalente: pecuniárias aplicadas nos termos
do Código Eleitoral e leis conexas;
I - ao definido pelo TSE, a cada
eleição, com base nos parâmetros II - recursos financeiros que lhe
definidos em lei; forem destinados por lei;

II - ao percentual do montante total III - doações de pessoa física ou


dos recursos da reserva específica jurídica, efetuadas por intermédio
a programações decorrentes de de depósitos bancários
emendas de bancada estadual diretamente na conta do Fundo
impositiva, que será encaminhado Partidário;
no projeto de lei orçamentária
anual. IV - dotações orçamentárias da
União.

Destina-se a custear os gastos Embora também possa ser


eleitorais previstos no art. 26 da Lei utilizado para campanhas
nº 9.504/97. eleitorais, tem por finalidade
primordial assegurar a
manutenção dos partidos políticos,
custeando as despesas previstas
no art. 44 da Lei nº 9.096/95.

ADI
O Partido Novo ajuizou ADI contra o inciso XXVII do art. 12 da Lei de
Diretrizes Orçamentárias de 2022 – Lei nº 14.194/2021, que dispõe sobre a
metodologia de cálculo do Fundo Especial de Financiamento de Campanha
(FEFC) com vistas às eleições de 2022:

Art. 12. O Projeto de Lei Orçamentária de 2022, a respectiva Lei e os


créditos adicionais discriminarão, em categorias de programação
específicas, as dotações destinadas a:

(...)

XXVII - Fundo Especial de Financiamento de Campanha, financiado


com recursos da reserva prevista no inciso II do § 4º do art. 13, no
valor correspondente a 25% (vinte e cinco por cento) da soma das
dotações para a Justiça Eleitoral para exercício de 2021 e as
constantes do Projeto de Lei Orçamentária para 2022, acrescentado
do valor previsto no inciso I do art. 16-C da Lei nº 9.504, de 30 de
setembro de 1997;

O autor alegou que a norma em discussão teria acrescido “à base de cálculo


do FEFC descrita no art. 16-C, inciso I, da Lei nº 9.504/97 o valor
correspondente a 25% (vinte e cinco por cento) da soma das dotações para
a Justiça Eleitoral para exercício de 2021 e as constantes do Projeto de Lei
Orçamentária para 2022”, resultando num valor superior a R$ 5,7 bilhões
para o aludido fundo, isso tudo sem a devida transparência e justificativa
pública para tal alocação.

Para o Partido, esse dispositivo teria um suposto vício formal de


inconstitucionalidade porque foi fruto de uma emenda parlamentar e a lei de
diretrizes orçamentárias é de iniciativa privativa do Presidente da República.
Diz que o texto inserido teria inovado na proposta enviada pela Presidência,
contrariando o inciso II do art. 165 da Constituição Federal.
Sob o ângulo material, a medida implicaria a vulneração do disposto no art.
165, do inciso I, do § 3º e do § 4º do art. 166 e do art. 167, da Constituição
Federal.

Ao analisar a medida cautelar, o STF concordou com os argumentos do


autor? Esse dispositivo foi declarado inconstitucional?

NÃO.

Não cabe ao STF adentrar no mérito da opção legislativa

Não cabe ao STF adentrar o mérito da opção legislativa para redesenhar a


forma de cálculo do valor do Fundo Especial de Financiamento de
Campanha (FEFC) (art. 12, XXVII, da Lei nº 14.194/2021).

É possível, em alguns casos, que o STF avance no controle de normas


orçamentárias, no entanto, em regra, é imprescindível manter deferência
institucional em relação às opções feitas pelo Congresso Nacional.

Relevância do FEFC

O FEFC é um importante instrumento ao atual modelo de financiamento de


campanhas eleitorais, voltando-se a suprir o processo eleitoral com
condições materiais de existência. Decorre de uma opção legítima do
legislador de, em atenção ao que decidido pelo STF na ADI 4650, conferir os
meios necessários para que as mais diversas candidaturas se façam
presentes no jogo democrático.

A fixação da verba pública destinada ao FEFC é campo de atuação


eminentemente político, e o resultado de tal processo, desde que
respeitadas as regras previamente fixadas, em nada pode representar desvio
de finalidade.
Inexistência de vício formal

A Lei de Diretrizes Orçamentárias não traz previsão de dotação


orçamentária. Assim, não há que se falar, de partida, em aumento de
despesas, uma vez que essa última apenas se verificará quando da
elaboração do orçamento anual.

Vale ressaltar, contudo, que a própria Constituição reconhece a possibilidade


de emenda ao orçamento implicar aumento de despesa, desde que
observado o regramento contido no art. 166, §§ 3º e 4º, enquanto exceções
à vedação trazida pelos arts. 61, § 1º, II, a e 63, I.

Ainda que assim não o fosse, a própria legislação de regência do FEFC - o


art. 16-C, II, da Lei nº 9.504/97 - condiciona eventual majoração dos valores
à proporcional redução dos recursos reservados às emendas de bancada
estadual impositiva.

Não há que falar, portanto, em aumento de despesas, o que afasta, desde já,
a alegada vulneração ao art. 167, da Constituição. Por força da própria
sistemática acima aludida, o valor da reserva do FEFC será descontado do
montante de outra despesa, qual seja, o montante disponível ao atendimento
das emendas de bancadas estaduais e do Distrito Federal, transformando o
resultado em uma operação de conta zero.

Definição de critérios

A emenda que originou o aumento do valor destinado ao fundo atende às


balizas constitucionais da matéria e não é incompatível com o Plano
Plurianual (PPA), que não faz menção específica ao financiamento de
campanha eleitoral de um determinado ano.

O STF concluiu que não se trata de nova forma de financiamento das


campanhas eleitorais, mas de definição de critérios legais para fixação da
verba na lei orçamentária, atuando dentro das diretrizes estabelecidas na Lei
das Eleições. Logo, não houve ofensa ao princípio da anualidade eleitoral,
previsto no art. 16 da CF:
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data
de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano
da data de sua vigência.

Em suma:

Não cabe ao Supremo Tribunal Federal adentrar o mérito da opção


legislativa para redesenhar a forma de cálculo do valor do Fundo Especial
de Financiamento de Campanha (FEFC) (Lei 14.194/2021, art. 12, XXVII).

STF. Plenário. ADI 7058 MC/DF, Rel. Min. André Mendonça, redator do
acórdão Min. Nunes Marques, julgado em 3/3/2022 (Info 1045).

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, indeferiu medida


cautelar em ação direta de inconstitucionalidade. Vencidos os ministros
Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia, e, em maior extensão, os
ministros André Mendonça (relator) e Ricardo Lewandowski.

Votaram pelo deferimento cautelar os ministros André Mendonça (relator) e


Ricardo Lewandowski, para quem a norma questionada afronta o princípio
da anualidade eleitoral e vulnera os princípios da proporcionalidade e da
necessidade. Ao avaliarem que o aumento na dotação do fundo eleitoral
para 2022 foi exorbitante, eles entenderam que é preciso reconhecer os
excessos do Legislativo, que, em sua opinião, podem ser coibidos pelo
Judiciário com base nos postulados da pessoalidade, da isonomia e da
razoabilidade.

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