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DIREITO ELEITORAL – BRUNO GASPAR - (RJPLUS)

AULA 09 – 12.12.2022

Na última falamos sobre AIRC e dizemos que o partido político que


concorre coligado não pode ajuizar essa ação de forma isolada. Portanto
quem tem a legitimidade é a coligação, tudo em conformidade com art.
4º, parágrafo 4º da Res. 23.609/19 alterada para Res. 23.675/21 (foi
alterada somente para incluir federação) e art. 6º, § 4º da Lei 9.504/97.

Portanto, partido político ou federação que formar coligação majoritária


(a gente sabe que só pode ter coligação majoritária) somente possui
legitimidade para atuar de forma isolada no processo eleitoral quando
questionar a validade da própria coligação, durante o período
compreendido entre a data da convenção e o termo final do prazo para
impugnação do registro da candidatura.

O partido político coligado não pode impugnar candidaturas relacionadas


ao sistema majoritário. Porque não ao sistema proporcional? Porque a
Resolução incluiu o paragrafo 5º no art. 4º dizendo o seguinte:
relacionadas às eleições proporcionais, eles (partido político ou
federações mesmo estando coligados) podem agir isoladamente
impugnando candidaturas e propor ações, sem problema nenhum.

PROPAGANDA POLÍTICA

Agora vamos começar a tratar do tema propaganda política. A


propaganda política que hoje, que tem como espécies:

Espécies de propaganda política:

1) PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA

2) PROPAGANDA ELEITORAL

3) PROPAGANDA INSTITUCIONAL
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A propaganda partidária voltou agora em 2022 através da Lei nº


14.291/22 que alterou a Lei 9.096/95 trazendo de volta a propaganda
partidária gratuita na rádio e na televisão. Art. 50-A.

Conceito: A propaganda partidária consiste na divulgação, genérica e


exclusiva, do programa e de propostas político-partidárias, sem menção
a nome de candidatos a cargos eletivos, exceto partidários, visando a
arregimentar adeptos e filiados. Art. 50-B.

Limitação temporal: Nos anos de eleições, a propaganda partidária


somente será veiculada no primeiro semestre. Art. 50-B, parágrafo
terceiro da Lei 9.096/95.

O parágrafo quarto fala das proibições, ou seja, o que não pode ter nas
propagandas eleitorais. Se a propaganda partidária tratar de assuntos
proibidos em lei caberá representação e o partido terá o tempo de
propaganda cassado nos termos da lei.

Essa Lei 14.291/22 trouxe algumas peculiaridades. O art. 50-B,


parágrafo primeiro diz que a propaganda partidária será transmitida em
pequenas inserções de 30 segundos, sendo que o tempo total de cada
partido será proporcional ao número de deputados federais na Câmara.

O parágrafo segundo diz que do tempo total disponível para o partido


político, no mínimo 30% deverão ser destinados à promoção e à difusão
da participação política das mulheres.

Até 2017, as emissoras tinham compensação tributária pela cessão do


tempo para a propaganda partidária. O dispositivo da Lei 14.291/22 (art.
50-E da lei 9.096/95) que previa a compensação fiscal às emissoras de
rádio e televisão foi vetado pelo Presidente da República.

IMPORTANTE: Entretanto, numa reportagem de 08.02.2022 extraída do


site do Senado, foi exposto a derrubada do veto presidencial ao art. 50-E
da Lei 9.096/95. Com isso, as emissoras de TV e rádio receberão
compensação fiscal pela cessão do tempo destinado à propaganda
partidária. Ao vetar a compensação fiscal às emissoras de rádio e de
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televisão, o governo alegou que a medida seria um benefício fiscal, com


consequente renúncia de receita, sem observância da Lei de
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101, de 2000) e da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (Lei 14.194, de 2021). Deputados e senadores
entenderam que rádios e TVs devem receber uma compensação por
deixar de arrecadar com publicidade nos horários dedicados ao horário
eleitoral.

Agora vamos estudar propaganda intrapartidária.

*** O que seria a propaganda intrapartidária? E aonde ela tem


previsão legal? O art. 36, §1º da Lei no 9.504/97.

Ao postulante a candidatura a cargo eletivo


é permitida a realização, na quinzena
anterior à escolha pelo partido, de
propaganda intrapartidária com vista à
indicação de seu nome, vedado o uso de
rádio, televisão e outdoor.

O período para a realização da propaganda intrapartidária iniciará 15


dias antes da data definida pelos partidos e coligações, para realização
da respectiva convenção partidária (que deve ocorrer no período de 20 de
julho a 5 de agosto).

Tal vedação se justifica, uma vez que tal propaganda não pode ter como
destinatário o eleitorado em geral, mas sim o corpo de filiados do partido
político, visando à escolha do pretenso candidato na convenção
partidária.

Então, a propaganda intrapartidária é justamente isso, é a propaganda


realizada pelo pretenso candidato que quer ser indicado por aquele
partido para concorrer a um cargo público eletivo. E ela é realizada nos
15 dias anteriores à data marcada para a convenção partidária.

“rádio, televisão e outdoor”: a vedação prevista na lei não é taxativa,


sendo proibida qualquer propaganda intrapartidária realizada através de
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meios de comunicação em massa, que extrapole os limites partidários.


Exemplos: imprensa escrita e a internet.

Embora essa modalidade de propaganda tenha que se restringir ao


âmbito interno da agremiação, admite-se na forma de faixas e cartazes
em locais próximos da convenção, cujo material deverá ser
imediatamente retirado após a realização da convenção.

O desvirtuamento da propaganda intrapartidária, com a realização de


propaganda endereçada aos eleitores, e não somente aos convencionais,
caracteriza propaganda antecipada, sujeitando o infrator às sanções do
art. 36, § 3º, da Lei no 9.504/97.

Embora essa modalidade de propaganda tenha que ser restringir ao


âmbito interno da agremiação, admite-se na forma de faixas e cartazes
em locais próximos da convenção, cujo material deverá ser
imediatamente retirado após a realização da convenção.

Então gente, muita atenção a essa propaganda intrapartidária por


quê? O desvirtuamento dessa propaganda intrapartidária, com a
realização que atinja o eleitorado em geral, ela caracteriza o quê? Se
a propaganda eleitoral, aquela que visa captar votos, só começa no dia
16 de agosto, após o dia 15 de agosto.

Essa propaganda que ocorre, necessariamente, entre o dia 20 de julho e


o dia 5 de agosto, tem que ser 15 dias antes, se ela extrapolar o limite
partidário, o que ela vai caracterizar? Ela vai caracterizar uma
propaganda eleitoral, porque ela está atingindo o eleitorado, em geral,
antecipada, porque ela está sendo realizada em um período que não é
permitida.

Se essa propaganda intrapartidária extrapolar os limites do partido


político, vai gerar a sanção da propaganda antecipada que está prevista
no art. 36, §3º da Lei no 9.504/1997.

Vale a leitura da Consulta no 1673 do TSE, o relator era o Ministro Felix


Fischer que fala sobre as prévias.
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2. A divulgação das prévias não pode


revestir caráter de propaganda eleitoral
antecipada, razão pela qual se limita a
consulta de opinião dentro do partido. 1) A
divulgação das prévias por meio de página
na internet extrapola o limite interno do
Partido e, por conseguinte, compromete a
fiscalização, pela Justiça Eleitoral, do seu
alcance. 2) Tendo em vista a restrição de
que a divulgação das prévias não pode
ultrapassar o âmbito intrapartidário, as
mensagens eletrônicas são permitidas
apenas aos filiados do partido. 3) Nos
termos do art. 36, § 3º da Lei no 9.504/97,
que pode ser estendido por analogia às
prévias, não se veda o uso de faixas e
cartazes para realização de propaganda
intrapartidária, desde que em local próximo
da realização das prévias, com mensagem
aos filiados. 4) Na esteira dos precedentes
desta e. Corte que cuidam de propaganda
intrapartidária, entende-se que somente a
confecção de panfletos para distribuição
aos filiados, dentro dos limites do partido,
não encontra vedação na legislação
eleitoral. 5) Assim como as mensagens
eletrônicas, o envio de cartas, como forma
de propaganda intrapartidária, é permitido
por ocasião das prévias, desde que essas
sejam dirigidas exclusivamente aos filiados
do partido. 6) Incabível autorizar matérias
pagas em meios de comunicação, uma vez
que ultrapassam ou podem ultrapassar o
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âmbito partidário e atingir, por conseguinte,


toda a comunidade.

Conceito de propaganda eleitoral: denomina-se propaganda eleitoral a


elaborada por partidos políticos e candidatos, com a finalidade de captar
votos do eleitorado para investidura e cargo público eletivo.

Prazo inicial: o art. 36 da Lei 9.504 é taxativo quanto ao prazo: só se


admite propaganda eleitoral APÓS o dia 15/08 do ano da eleição. Essa
data não é aleatória, porque é nesse dia que encerra o prazo para os
pedidos de registro da candidatura.

Prazo final: Véspera da eleição, conforme o art. 39, parágrafo 9º da Lei


9.504/97. Exceções: propaganda televisiva e rádio, realizada nos 35 dias
anteriores à antevéspera, conforme o art. 47 da Lei 9504. E a propaganda
pela internet pode ser realizada inclusive no dia da eleição (art. 7º da Lei
12.034/09)

O que não pode no dia da eleição? O art. 39, parágrafo 5º, inciso IV da
Lei 9.504/97 aduz que é proibido a publicação de novos conteúdos ou
impulsionamentos de aplicação de internet. O que já estava na internet,
pode permanecer.

Então, pode propaganda eleitoral na Internet no dia da eleição? Até


pode! Não pode a publicação de novos conteúdos e nem o
impulsionamento de conteúdos de dispositivos de Internet.

Art. 36-A da Lei 9504/97 é de leitura obrigatória.

Não configuram propaganda eleitoral antecipada e aqui o termo mais


importante, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção
a candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e
os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação
social, inclusive via Internet.

Então, o art. 36-A da Lei no 9.504/2017 flexibiliza o conceito de


propaganda antecipada, dizendo olha só, se não houver pedido explícito
de voto, pode fazer menção à candidatura, pode exaltar as qualidades
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pessoais dos pré-candidatos e podem todos os atos previstos nos incisos


do art. 36-A da Lei no 9.504/1997, desde que não envolvam pedido
explícito de votos.

Aqui tem uma proibição, é vedada a transmissão ao vivo por emissoras


de rádio e de televisão das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura
dos meios de comunicação social.

E o §2º, do art. 36-A, da Lei no 9.504/1997, nas hipóteses dos incisos I


a VI do caput, são permitidos o pedido de apoio político e a divulgação da
pré-candidatura, das ações políticas desenvolvidas e das que se pretende
desenvolver.

§3º, o disposto no §2º não se aplica aos profissionais de comunicação


social no exercício da profissão - Essa divulgação da pré-candidatura.

Em relação ao “outdoor” temos até uma possível mudança de


jurisprudência, vejam só o REsp 060022731:

Respe 060022731 e Agr. no Respe


060033730 - Decisão de 09/04/2019. O
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu, na
sessão plenária desta terça-feira (9), o
julgamento do Recurso Especial Eleitoral
(Respe) referente à campanha de Manoel
Jerônimo de Melo Neto à Assembleia Legislativa
de Pernambuco, nas Eleições de 2018. Por
maioria, a Corte considerou propaganda
eleitoral antecipada a publicação de outdoors
em apoio ao pré-candidato, ainda que sem
pedido expresso de voto, com aplicação de
multa de R$ 5 mil. A decisão, que altera a
jurisprudência do Tribunal em relação a casos
semelhantes das Eleições de 2016, atendeu
pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE) que
pleiteava a condenação de Manoel Jerônimo
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pela instalação de 23 outdoors, em diversos


municípios do entorno de Recife (PE), com a
imagem do pré-candidato a deputado estadual
e os dizeres: “Manoel Jerônimo: o defensor do
povo! Seus amigos se orgulham por sua luta
pelos invisíveis”. Para Fachin, a exaltação da
imagem de Manoel Jerônimo perante as
camadas mais carentes da sociedade, conforme
os dizeres dos outdoors, ainda que ausente o
pedido explícito de votos, configuraria a
campanha eleitoral antecipada. “Entendo que é
irrelevante, para a caracterização do ilícito que
se configura pelo meio inidôneo [o uso de
outdoors], a formulação de forma concorrente
do pedido explícito de votos. Os dois ilícitos
guardam autonomia, inclusive quanto à
tipificação”. Assim, o relator concluiu pelo
provimento do recurso, reconhecendo a ilicitude
da realização de atos de pré-campanha em
meios proibidos, impondo multa de R$ 5 mil. O
julgamento foi retomado na sessão desta terça-
feira (9), para a coleta dos votos dos demais
ministros. Os ministros Tarcísio Vieira de
Carvalho Neto e Luís Roberto Barroso
acompanharam a divergência aberta pelo
ministro Jorge Mussi, enquanto que o ministro
Admar Gonzaga acompanhou o relator.
Desempatando o julgamento, a presidente do
TSE, ministra Rosa Weber, também
acompanhou o relator, provendo o recurso e
aplicando a multa no valor de R$ 5 mil a Manoel
Jerônimo de Melo Neto.

O TSE considerou propaganda eleitoral antecipada, a publicação de


“outdoor” em apoio ao pré-candidato, ainda que sem pedido expresso de
votos, aplicou a multa de 5 mil ao candidato que colocou a seguinte frase:
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“Manuel Jerônimo: o defensor do povo! Seus amigos se orgulham por sua


luta pelos invisíveis”.

Qual a sanção? Art. 36, parágrafo terceiro e 40-B.

Exemplos: Propaganda a realizada de modo ostensivo (faixas, outdoor)


ou massivo (distribuição de grande número impressos).

Portanto, o beneficiário só pode ser sancionado se houver prova mínima


de sua participação ou anuência ao ilícito, ou seja, pelo caso específico
há demonstração que não tinha como o candidato não saber.

Em 2021 foi decidido também que se a propaganda é ilícita no período


permitido, assim também o é no período de pre-campanha. AgR-Respe
0600046-63.

Neste sentido, a Resolução TSE 23.671/2021 alterou a Resolução


23.610/19, mais especificamente nos arts. 3-A e 3-B.

Classificação da propaganda eleitoral:

a) Positiva ou negativa: Na propaganda positiva, exalta-se a imagem


candidato, suas realizações como administrador público, com a
finalidade de mostrá-lo como a pessoa mais adequada para ocupar
determinado cargo eletivo. Na propaganda negativa, o objetivo é
desqualificar o candidato adversário, apontando suas deficiências,
indicando sua incapacidade e sua falta de aptidão para o exercício do
cargo eletivo em disputa.

b) Tempestiva ou extemporânea: a propaganda será tempestiva quando


realizada dentro do período permitido em lei, ou seja, entre o dia 16 de
agosto e a véspera da eleição. Será extemporânea, irregular, se realizada
fora desse período, sujeitando tanto aqueles que criaram e divulgaram a
propaganda, como os beneficiários, à sanção pecuniária prevista no art.
36, § 3º da Lei 9504/97.
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PROPAGANDA ELEITORAL EM BENS PÚBLICOS E

EM BENS DE USO COMUM

Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder
público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive
postes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos,
passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos,
é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive
pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas,
cavaletes, bonecos e assemelhados.

O art. 37 da Lei no 9.504/97 veda qualquer tipo de propaganda eleitoral


em (i) bens públicos, (ii) em bens cujo uso dependa de cessão ou
permissão do Poder Público e (iii) em bens de uso comum.

Bens de uso comum: art. 37, § 4º, da Lei no 9.504/97 – possibilidade de


acesso incondicionado à população em geral, mesmo que de propriedade
privada. Ex: cinemas, clubes, lojas, templos, ginásios, estádios.

O art. 37 da Lei no 9.054/1997 é muito contundente na propaganda em


bem público, então ele veda qualquer tipo de propaganda eleitoral em
bens públicos, de forma geral, e nesses que estão especificados aqui, em
bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público e em
bens de uso comum.

Bem público não tem dúvida nenhuma, a gente sabe que é proibido, além
dos que estão aqui, já no próprio art. 37, caput, da Lei no 9.504/1997, é
proibido, por exemplo, panfletar dentro de um hospital público, dentro
de uma universidade pública, dentro de um hospital, dentro de uma
escola, enfim é proibido.

Bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público,


poderia, por exemplo, um taxista distribuir santinhos dentro do seu
táxi? Não.

Pode propaganda dentro de espaços dentro de um ônibus? Também,


não pode.
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É vedada, também, propaganda em bens de uso comum. Aonde está


bens de uso comum? Qual a definição que nós temos que usar de
bens de uso comum? É o art. 37, § 4º, da Lei no 9.504/1997.

Sanção: § 1º A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto


no caput deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e
comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a
multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil
reais).

Da forma que está redigido este dispositivo, podemos concluir que o


responsável (ou o beneficiário) tem um prazo para realizar propaganda
irregular, que se inicia no momento da veiculação da propaganda e se
encerra 48 horas após sua notificação.

O TSE, entretanto, vem decidindo pela interpretação literal da norma, de


forma que somente seria possível a aplicação da multa prevista no § 1º
se, após a Justiça Eleitoral notificá-lo para retirar a propaganda e
restaurar o bem, o responsável descumprir tal comando.

A nova redação do §1o do art. 37 da Lei no 9.504/1997 estabelece que a


efetiva retirada da propaganda irregular, no prazo estabelecido na
notificação, elide a aplicação da penalidade.

Então assim, se você notificar o responsável e ele tirar a propaganda


irregular do bem público, você não pode aplicar a multa.

PROPAGANDA ELEITORAL EM BENS PARTICULARES:

Art. 37, § 2º: Não é permitida a veiculação


de material de propaganda eleitoral em bens
públicos ou particulares, exceto de:

I - bandeiras ao longo de vias públicas,


desde que móveis e que não dificultem o
bom andamento do trânsito de pessoas e
veículos;
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II - adesivo plástico em automóveis,


caminhões, bicicletas, motocicletas e
janelas residenciais, desde que não exceda
a 0,5 m2 (meio metro quadrado).

O art. 20, § 1º da Resolução TSE no 23.610/19: A justaposição de


adesivo ou de papel cuja dimensão exceda a 0,5m2 (meio metro
quadrado) caracteriza propaganda irregular, em razão do efeito visual
único, ainda que a publicidade, individualmente, tenha respeitado o
limite previsto no inciso II deste artigo.

Ainda sobre propagandas em bens particulares, art. 37, §8º da Lei no


9.504/2017, olha:

Art. 37, §8º Lei 9504/97: A veiculação de propaganda eleitoral em bens


particulares deve ser espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer tipo
de pagamento em troca de espaço para esta finalidade.

A veiculação da propaganda em bem particular deve ser um ato de adesão


voluntária do proprietário do bem utilizado em relação ao candidato ou
partido político.

Súmula TSE no 48: A retirada da propaganda irregular, quando


realizada em bem particular, não é capaz de elidir a multa prevista no
art. 37, § 1º, da Lei no 9.504/97. – ESSA SÚMULA NÃO ESTÁ MAIS
SENDO APLICADA porque na Reforma de 2017 eles modificaram o art.
37, parágrafo segundo e quando fizeram isso não colocaram uma
expressão que estava na redação anterior “sujeitando-se o infrator às
penalidades previstas no §1º”, ou seja, quem descumpria essas normas
de proibição de bens particulares estava sujeito às penalidades do
parágrafo segundo porque estavam previstas no parágrafo primeiro.
Portanto, hoje não tem mais sanção para o descumprimento de regras de
propaganda em bens particulares e por isso a súmula 48 não está mais
sendo aplicada.
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Dupla sanção: retirada da propaganda + multa. Ou seja, mesmo que a


publicidade ilícita seja retirada, a multa deverá ser aplicada (TSE: AgRgAI
no 9.522/SP).

Ao alterar a redação do já referido art. 37, §2º da Lei 9.504/97, o


legislador acabou suprimindo a expressão “sujeitando-se o infrator às
penalidades previstas no §1º”, de forma que não há mais previsão de
multa para propaganda ilícita em bens particulares.

Ver RESPE – TSE – 0601820-47 – INFORMATIVO TSE 07/2019.

Propaganda irregular em bem particular e


ausência de previsão legal para a aplicação de
sanção pecuniária. Em decorrência da redação
conferida pela Lei nº 13.488/2017 ao § 2º do
art. 37 da Lei nº 9.504/1997, a propaganda
irregular em bens particulares não mais enseja
sanção de multa, em razão da ausência de
previsão normativa. Isso porque essa alteração
legislativa retirou do texto legal a incidência, em
tais hipóteses, da sanção estabelecida no § 1º
do mencionado artigo, tornando-a aplicável tão
somente às veiculações ocorridas em bens
públicos ou de uso comum. Trata-se de recurso
especial interposto de acórdão do Tribunal
Regional Eleitoral que, em âmbito de
representação por propaganda eleitoral
irregular em bem particular, manteve decisão
que condenou candidato ao cargo de deputado
estadual nas Eleições 2018 ao pagamento de
multa, com base no art. 37, § 1º, da Lei nº
9.504/1997.
No caso concreto, a irregularidade da
propaganda eleitoral decorreu da produção do
efeito de placa em papelão afixado em poste
adjunto a muro de residência, conduta proibida
pela nova redação do art. 37, § 2º, da Lei nº
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9.504/1997. Esta Corte Superior, por


unanimidade, deu parcial provimento ao
recurso, ante a demonstração de divergência
jurisprudencial, tão somente para afastar a
multa aplicada, ao entendimento de que a nova
redação do § 2º do art. 37 da Lei nº 9.504/1997,
dada pela Lei nº 13.488/2017, não mais
faz referência à possibilidade de se aplicar, com
base no § 1º do mesmo dispositivo legal, sanção
pecuniária em caso de propaganda irregular em
bens particulares. Nesse contexto, ressaltou o
Ministro Og Fernandes, relator, que “a
aplicação do Enunciado Sumular nº 48 do TSE
não mais se mostra possível, tendo em vista [...]
clara preferência do legislador pela
edição de norma imperfectae, destituída de
sanção”

Aliado a isso, a Resolução 23.671/2021 alterou a Resolução


23.610/2019 incluindo, assim, o art. 20, parágrafo 5º dizendo que não
incide sanção pecuniária na hipótese de propaganda irregular em bens
particulares.

COMÍCIOS E SHOWMÍCIOS:

Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou


eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia.

§ 1º O candidato, partido ou coligação promotora do ato fará a devida


comunicação à autoridade policial em, no mínimo, vinte e quatro horas
antes de sua realização, a fim de que esta lhe garanta, segundo a
prioridade do aviso, o direito contra quem tencione usar o local no mesmo
dia e horário.

A realização de comício também é livre e independe de qualquer tipo de


anuência de autoridades. Deve ser realizada no horário compreendido
entre as 8 e 24 horas com exceção do comício de encerramento da
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campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas (art. 39,
§4o da Lei 9.504/97).

O art. 39, § 7º da Lei 9.504/97, veda a realização de showmícios para a


promoção de candidatos, bem como a apresentação de artistas,
remunerada ou não, com a finalidade de animar comício (nem mesmo por
telão).

Exceção: Candidatos da classe artística poderão exercer suas atividades


durante o período eleitoral, sem menção à candidatura (Consulta
1709/10 - TSE).

O parágrafo primeiro e diz o seguinte: olha só, tudo bem, não precisa de
licença da polícia, mas o candidato, o partido político ou coligação
promotora do ato fará a devida comunicação à autoridade policial em, no
mínimo, vinte e quatro horas antes de sua realização, a fim de que esta
lhe garanta, segundo a prioridade do aviso, o direito contra quem
tencione usar o local no mesmo dia e horário.

Para que seja realizado esse comício, apenas se fala em comunicação à


autoridade policial, Para quê? Para que dois partidos diferentes, duas
coligações diferentes não usem o mesmo local, não marquem o mesmo
comício para o mesmo local.

O comício dever ser realizado entre 8 e 24 horas, com exceção do comício


de encerramento de campanha, que pode ser prorrogado por mais 2
horas, conforme dispõe o art. 39, §4º da Lei no 9.504/1997.

Mas e o showmício? O art. 39, §7o da Lei no 9.504/1997, veda


expressamente a realização de showmícios, ou seja, comício com
realização de shows de funk, de pagode, de rock, de qualquer tipo de
animação, não pode nem animação ao vivo e nem animação por telão,
eventualmente se essa for a intenção do candidato.

Ver: Consulta nº 0601243-23 datada de 28.8.2020

CONSULTA. ART. 39, § 7º, DA LEI 9.504/97. SHOWMÍCIOS E EVENTOS


ASSEMELHADOS. HIPÓTESE DE “LIVES ELEITORAIS”. IDÊNTICA VEDAÇÃO.
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RESPOSTA NEGATIVA. 1. Consulta formulada com o seguinte teor: “a regra do


§ 7º do art. 39 da Lei 9.504 permite realização de apresentação dos candidatos
aos eleitores juntamente com atores, cantores e outros artistas através de shows
(lives eleitorais) não remunerados e realizados em plataforma digital?”. 2. Nos
termos do art. 39, § 7º, da Lei 9.504/97, “é proibida a realização de showmício
e de evento assemelhado para promoção de candidatos, bem como a
apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar
comício e reunião eleitoral”. Dispositivo introduzido pela Lei 11.300/2006 que
objetiva coibir o abuso do poder econômico (art. 22 da LC 64/90) e, de igual
modo, assegurar a paridade de armas entre os candidatos. 3. A realização de
eventos com a presença de candidatos e de artistas em geral, transmitidos pela
internet e assim denominados como “lives eleitorais”, equivale à própria figura
do showmício, ainda que em formato distinto do presencial, tratando-se, assim,
de conduta expressamente vedada pelo art. 39, § 7º, da Lei 9.504/97. 4. A
proibição compreende não apenas a hipótese de showmício, como também a de
“evento assemelhado”, o que, de todo modo, albergaria as denominadas “lives
eleitorais”. 5. Nos termos expressos da lei eleitoral, a restrição alcança os
eventos dessa natureza que sejam ou não remunerados. 6. O atual cenário de
pandemia não autoriza transformar em lícita conduta que se afigura vedada.
Ausência, na recém promulgada EC 107/2020, em que introduzidas
significativas mudanças no calendário eleitoral por força da Covid-19, de
qualquer ressalva da regra do art. 39, § 7º, da Lei 9.504/97. 7. As manifestações
de natureza exclusivamente artísticas, sem nenhuma relação com o pleito
vindouro, permanecem válidas, conforme as garantias constitucionais
insculpidas nos incisos IV e IX do art. 5º da Constituição da República. 8.
Consulta respondida negativamente, na linha dos pareceres da Assessoria
Consultiva e do Ministério Público Eleitoral.

ADI 5970 datada de 07.10.2021

EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo 39, § 7º, da Lei nº


9.504/1997. Proibição de showmícios ou eventos assemelhados não
remunerados. Ausência de contrariedade à liberdade de expressão e ao princípio
da proporcionalidade. Artigo 23, § 4º, inciso V, da Lei nº 9.504/1997. Doações
eleitorais mediante promoção de eventos de arrecadação organizados
diretamente pelo candidato ou pelo partido político. Interpretação conforme à
Constituição. Possibilidade de realização de apresentações artísticas ou shows
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musicais em eventos destinados à arrecadação de recursos para campanhas


eleitorais. Pedido julgado parcialmente procedente. 1. Por sua natureza de
propaganda eleitoral, o showmício é voltado ao público em geral e presta-se para
o convencimento do eleitorado mediante oferecimento de entretenimento, ou,
mais especificamente, de show artístico no contexto do comício ou de evento
eleitoral realizado para a promoção de candidatura, nos quais o artista e o
candidato dividem o palco/palanque com o objetivo de obter votos. 2. O
Supremo Tribunal Federal reconhece a instrumentalidade da liberdade de
expressão no contexto político-eleitoral, visto que se destina a estimular e
ampliar o debate público, permitindo que os eleitores tomem conhecimento dos
diversos projetos políticos em disputa. O destinatário último da troca de
informações durante o período eleitoral é o cidadão eleitor, titular do direito ao
voto, que deve ser exercido de forma livre e soberana. Não são admitidas, por
contrárias à liberdade de expressão, limitações que venham a desencorajar o
fluxo de ideias e propostas de cada candidato, ou a exercer uma censura prévia
quanto a determinado conteúdo, cabendo a responsabilização, a posteriori, por
eventuais abusos praticados no exercício desse direito. Precedentes: ADI nº
3.741/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 23/2/07;
ADI nº 4.451/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe de
6/3/19; ADI nº 4.650/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 24/2/16.
3. É também assegurado a todo cidadão manifestar seu apreço ou sua antipatia
por qualquer candidato, garantia que, por óbvio, contempla os artistas que
escolherem expressar, por meio de seu trabalho, um posicionamento político
antes, durante ou depois do período eleitoral. A proibição dos showmícios e
eventos assemelhados não vulnera a liberdade de expressão, já que a norma em
questão não se traduz em uma censura prévia ou em proibição do engajamento
político dos artistas, visto que dela não se extrai impedimento para que um
artista manifeste seu posicionamento político em seus shows ou em suas
apresentações. A norma em tela está a regular a forma com que a propaganda
eleitoral pode ser feita, não se confundindo com a vedação de um conteúdo ou
com o embaraço da capacidade de manifestação de opiniões políticas por parte
de qualquer cidadão. 4. A medida se justifica pelo intuito de evitar o abuso de
poder econômico no âmbito das eleições e de resguardar a paridade de armas
entre os candidatos. O caráter gratuito do showmício ou do evento assemelhado
não é suficiente para afastar o desequilíbrio por eles provocado entre os
concorrentes a cargos eletivos, havendo clara vantagem para aquele que tem
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apresentações artísticas associadas à promoção de sua campanha, ainda que


sem pagamento de cachê. Também se justifica no fato de que a promoção de
uma candidatura por meio do patrocínio de um show destinado ao público em
geral poderia ser considerada como oferecimento de uma vantagem ao eleitor, o
qual acabaria por associar sua experiência de entretenimento ao político
homenageado. 5. Enquanto o showmício configura uma modalidade de
propaganda eleitoral direcionada ao público em geral para obtenção de votos, o
evento destinado à arrecadação de recursos para a campanha eleitoral tem
finalidade diversa, qual seja, a de mobilizar os apoiadores da candidatura com
o intuito de obter recursos para a viabilização da campanha eleitoral. A
realização de evento dessa natureza tem respaldo constitucional, por se tratar
de uma modalidade de doação que proporciona ao eleitor, como pessoa física,
participar do financiamento da democracia representativa, o que reflete o
espírito republicano da Carta de 1988, pois possibilita que o cidadão viabilize
ativamente o projeto político de sua escolha. 6. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente, reconhecendo-se como
parte do escopo do art. 23, § 4º, inciso V, da Lei nº 9.504/1997 a possibilidade
de realização de apresentações artísticas ou shows musicais em eventos de
arrecadação de recursos para campanhas eleitorais, não se aplicando o
princípio da anualidade eleitoral a esse entendimento.

Aspectos processuais: art. 41 da Lei 9.504/97.

Embora os juízes eleitorais sejam investidos no Poder de Polícia capaz de


fazer cessar uma propaganda, mandar retirar um outdoor, arrancar uma
placa, ele não pode instaurar procedimento com a finalidade de impor
multa pela veiculação de propaganda eleitoral. Súmula 18 do TSE.

Ele tem poder de polícia, dentro desse poder de polícia o juiz pode retirar
uma propaganda irregular, ele pode adotar providências necessárias para
inibir prática ilegais, agora ele não pode instaurar procedimento para
imposição de uma multa dentro do art. 36, §3º da Lei no 9.504/1997.

Se o juiz eleitoral, que tem o poder de polícia, ele não pode instaurar
procedimento para impor uma multa por propaganda irregular, quem
pode fazer isso? As representações referentes à propaganda ilícita
devem seguir o rito sumaríssimo previsto no art. 96 da Lei no 9.504/97.
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Esse rito se aplica às representações por propaganda antecipada,


representações por propaganda irregular em bens públicos ou
particulares; representações por propaganda em outdoor e etc.

A representação pode ser ajuizada por partido político, coligação,


candidato e Ministério Público (não sendo autor, obrigatoriamente
intervirá como custos legis).

Partido Político coligado não tem legitimidade para agir isoladamente.

Prazo: Deve ser ajuizada até a data das eleições a que se refira.

A partir da data do encerramento do prazo para registro de candidatos,


os prazos eleitorais são contínuos e peremptórios, correndo normalmente
nos finais de semana e feriados.

Procedimento: art. 96

. art. 96, § 1º, da Lei no 9.504/97: representações devem relatar fatos,


indicando provas, indícios e circunstâncias.

. art. 96, § 5º, da Lei no 9.504/97: Recebida a representação, a Justiça


Eleitoral notificará o representado para, querendo, apresentar defesa em
48 horas.

. art. 96, § 7º, da Lei no 9.504/97: passadas as 48 horas, apresentada


ou não a defesa, o órgão eleitoral competente decidirá e publicará a
decisão em 24 horas. Em regra, o rito não admite dilação probatória, com
oitiva de testemunhas. Mas, em caráter excepcional, se devidamente
justificado, pode ocorrer.

. art. 96, § 8º, da Lei no 9.504/97: recurso deverá ser apresentado no


prazo de 24 horas da publicação da decisão em cartório.

. Art.96, § 11 da Lei 9.504/97: As sanções aplicadas a candidato em


razão do descumprimento de disposições desta Lei não se estendem ao
respectivo partido, mesmo na hipótese de esse ter se beneficiado da
conduta, salvo quando comprovada a sua participação.

DESINFORMAÇÃO NA PROPAGANDA ELEITORAL


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Resolução 23.610 foi alterada pela Resolução 23.671/2021 incluindo o


art. 9º e art. 9º-A. Porém, o art. 9º-A foi revogado pela Resolução
23.714/2022

Art. 9º A utilização, na propaganda eleitoral,


de qualquer modalidade de conteúdo,
inclusive veiculado por terceiras(os),
pressupõe que a candidata, o candidato, o
partido, a federação ou a coligação tenha
verificado a presença de elementos que
permitam concluir, com razoável
segurança, pela fidedignidade da
informação, sujeitando-se as pessoas
responsáveis ao disposto no art. 58 da Lei
nº 9.504/1997 , sem prejuízo de eventual
responsabilidade penal. (Redação dada pela
Resolução nº 23.671/2021)

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