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FINANCIAMENTO DE CAMPANHA

As normas sobre arrecadação e a aplicação dos recursos nas campanhas eleitorais


estão estabelecidas nos arts. 17 a 27 da Lei nº 9.504/97 e nas resoluções editadas
pelo TSE para cada eleição.

Art. 17 da Lei nº 9.504/97: Partidos políticos e candidatos têm responsabilidade


sobre as despesas realizadas.

Trata-se de responsabilidade autônoma do candidato ou do partido, não havendo


como se reconhecer responsabilidade solidária.

Exceção: Art. 29, §§3º e 4º da Lei nº 9.504/97 - Permite que o partido


político, por decisão do seu órgão nacional, assuma dívidas de campanha não
quitadas pelos candidatos, passando a agremiação a responder solidariamente pelo
débito.
Limite de gastos de campanha:

Art. 18. Os limites de gastos de campanha serão definidos em lei e divulgados


pelo Tribunal Superior Eleitoral. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)
Art. 18-A. Serão contabilizadas nos limites de gastos de cada campanha as
despesas efetuadas pelos candidatos e as efetuadas pelos partidos que puderem
ser individualizadas. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput deste artigo, os gastos
advocatícios e de contabilidade referentes a consultoria, assessoria e honorários,
relacionados à prestação de serviços em campanhas eleitorais e em favor destas,
bem como em processo judicial decorrente de defesa de interesses de candidato
ou partido político, não estão sujeitos a limites de gastos ou a limites que possam
impor dificuldade ao exercício da ampla defesa. (Incluído pela Lei nº 13.877, de
2019)

§ Objetivo: Limitar a influência do poder econômico nas campanhas eleitorais.

§ Sanção: Multa equivalente a 100% da quantia que ultrapassar o limite


estabelecido, sem prejuízo da apuração de abuso do poder econômico (art.
18-B da Lei nº 9.504/97).
Limite de gastos de campanha:

Art. 4º da Resolução TSE 23.607/2019

§ 2º-A O limite de gastos fixado para o cargo da eleição majoritária é


único e inclui os gastos realizados pelo candidato ao cargo de vice ou
suplente. (Inserido pela Resolução nº 23.665/2021)
Principais origens dos recursos:

a) Recursos próprios do candidato:

Lei 9.504/97
Art.23
§ 2º-A. O candidato poderá usar recursos próprios em sua campanha até o
total de 10% (dez por cento) dos limites previstos para gastos de campanha no
cargo em que concorrer. (Incluído pela Lei nº 13.878, de 2019)

b) Doações de pessoas físicas (art. 23 da Lei nº 9.504/97):


§ Doação em espécie: 10% dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano
anterior à eleição (art. 23, §1º da Lei 9.504/97).
§ Doação estimável em dinheiro (utilização de bens móveis ou imóveis de
propriedade do doador ou prestação de serviços): até R$ 40.000,00. (art. 23, §7º
da Lei 9.504/97)
c) Recursos próprios dos partidos políticos (art. 15, V, da Resolução TSE nº
23.607/2019):

§ É necessário que seja identificada a sua origem e que tais recursos sejam
provenientes:

u do Fundo Partidário, de que trata o art. 38 da Lei nº 9.096/1995;

u do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) – art. 16-C da LE;

u de doações de pessoas físicas efetuadas aos partidos políticos;

u de contribuição dos seus filiados;

u da comercialização de bens, serviços ou promoção de eventos de arrecadação;

u de rendimentos decorrentes da locação de bens próprios dos partidos políticos.


FUNDO ESPECIAL DE FINANCIAMENTO DE CAMPANHA (FEFC) – reforma de 2017

§ Acentuou a tendência de um modelo de financiamento de campanha público.

Art. 16-C. O Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) é constituído


por dotações orçamentárias da União em ano eleitoral, em valor ao menos
equivalente:
I - ao definido pelo Tribunal Superior Eleitoral, a cada eleição, com base nos parâmetros
definidos em lei;
II - ao percentual do montante total dos recursos da reserva específica a programações
decorrentes de emendas de bancada estadual impositiva, que será encaminhado no projeto de
lei orçamentária anual. (Redação dada pela Lei nº 13.877, de 2019)
§ 2º O Tesouro Nacional depositará os recursos no Banco do Brasil, em conta especial
à disposição do Tribunal Superior Eleitoral, até o primeiro dia útil do mês de junho do
ano do pleito.
§ 16. Os partidos podem comunicar ao Tribunal Superior Eleitoral até o 1º (primeiro)
dia útil do mês de junho a renúncia ao FEFC, vedada a redistribuição desses recursos
aos demais partidos. (Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019)

§ O TSE, por sua vez, repassará os recursos aos diretórios nacionais dos partidos
políticos (art. 17 da Res. TSE 23.607/19), obedecendo aos critérios estabelecidos
pelo art. 16-D da Lei 9.504/97.
Representação por descumprimento dos limites legais de doação:

§ Pessoas jurídicas não podem fazer doação para campanha eleitoral (ADI 4650).

Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em


dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei.
§ 1o As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas a 10% (dez
por cento) dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano anterior à
eleição.
§ 7º O limite previsto no § 1o deste artigo não se aplica a doações estimáveis em
dinheiro relativas à utilização de bens móveis ou imóveis de propriedade do doador
ou à prestação de serviços próprios, desde que o valor estimado não ultrapasse R$
40.000,00 (quarenta mil reais) por doador.
§ 10. O pagamento efetuado por pessoas físicas, candidatos ou partidos em
decorrência de honorários de serviços advocatícios e de contabilidade, relacionados à
prestação de serviços em campanhas eleitorais e em favor destas, bem como em
processo judicial decorrente de defesa de interesses de candidato ou partido político,
não será considerado para a aferição do limite previsto no § 1º deste artigo e não
constitui doação de bens e serviços estimáveis em dinheiro. (Incluído pela Lei nº
13.877, de 2019)
§ Prazo: Até o final do exercício financeiro do ano seguinte ao da apuração dos
valores doados – 31 de dezembro (art. 24-C, § 3º, da Lei nº 9.504/97).

§ Competência: Juízo eleitoral do domicílio civil do doador, independentemente


da natureza do pleito (art. 46 da Resolução TSE nº 23.608/2019)

§ Rito processual: Art. 22 da LC nº 64/90.

§ Sanção: Multa no valor de até 100% da quantia em excesso (art. 23, § 3º, da
Lei nº 9.504/97).

§ Inelegibilidade: Caracteriza efeito da condenação e, por essa razão, não deve


ser requerida na inicial da representação, nem declarada na sentença. Será
aferida por ocasião do pedido de registro de candidatura (art. 1º, I, p, da LC nº
64/90).
PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA

§ Conceito: Procedimento de caráter jurisdicional através do qual os


candidatos e partidos políticos apresentam à Justiça Eleitoral os valores
arrecadados na campanha, demonstrando as respectivas fontes e indicando os
destinos dos gastos eleitorais.

§ A prestação de contas de campanha eleitoral é regida pela Lei nº 9.504/97


(arts. 28 a 32) e por resoluções editadas pelo TSE para cada eleição.

§ A ausência de movimentação de recursos de campanha, financeiros ou


estimáveis em dinheiro, não isenta o partido político e o candidato do dever
de prestar contas (art. 45, §8º da Resolução TSE 23.607/19).

§ O candidato que não prestar contas de campanha não poderá ser diplomado
enquanto perdurar a omissão (art. 29, § 2º da Lei nº 9.504/97).
Ø Prestação de contas final:

§ É obrigatória a constituição de advogado para a prestação de contas.

§ Prazo (art. 29, incisos III e IV da Lei 9.504/97): Até 30 dias após as
eleições. Em caso de segundo turno, a prestação de contas –
referente a ambos os turnos – poderá ser encaminhada até 20 dias
após a realização deste.
§ As contas podem ser:

a) Aprovadas (art. 30, inciso I da LE) - quando estiverem regulares;

b) Aprovadas com ressalvas (art. 30, inciso II da LE) - quando verificadas


falhas que não lhes comprometam a regularidade; erro isolado que não
contamina a avaliação do processo de prestação de contas.

c) Desaprovadas (art. 30, inciso III da LE) - quando verificadas falhas que
lhes comprometam a regularidade; falhas substanciais que impactam o
processo de prestação de contas.

d) Não prestadas (art. 30, inciso IV da LE) - quando não apresentadas as


contas após a notificação emitida pela Justiça Eleitoral ou diante da
ausência de documentos necessários para a análise das contas.
§ A desaprovação de contas não tem efeito jurídico negativo sobre o candidato
eleito. Adota-se a providência prevista no art. 22, §4º da Lei nº 9.504/97,
remetendo-se as peças do processo de prestação de contas ao Ministério
Público para eventual ajuizamento da ação prevista no art. 30-A da Lei
9.504/97.

§ A decisão que julgar as contas eleitorais como não prestadas acarreta ao


candidato o impedimento de obter a certidão de quitação eleitoral até o final
da legislatura, persistindo os efeitos da restrição após esse período até a
efetiva apresentação das contas (art. 80, inciso I da resolução TSE
23.607/2019).
CAPTAÇÃO E GASTOS ILÍCITOS DE RECURSOS ELEITORAIS

§ Fundamento legal: art. 30-A da Lei 9.504/97

Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça


Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e
indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar
condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e
gastos de recursos.

§ A ação prevista no art. 30-A da Lei 9.504/97 é autônoma em relação ao


procedimento de prestação de contas e às demais ações eleitorais.

§ Competência: Art. 96, caput, da Lei nº 9.504/97. Segue a regra da


circunscrição.

§ Termo inicial de ajuizamento: maior parte da doutrina entende que só após a


eleição, pois antes não haveria diploma a ser negado (José Jairo Gomes).

§ Termo final de ajuizamento: Até 15 dias depois da diplomação.


§ Legitimados ativos: embora a lei só mencione como legitimados ativos o partido
político e a coligação, o TSE reconhece a legitimidade do Ministério Público para o
ajuizamento da representação prevista no art. 30-A da LE (RO nº 1.540 – julg. em
28.04.2009).

§ Art. 15 da Res. 23.608/19: A federação de partidos e a coligação devem ser


devidamente identificadas nas ações eleitorais, com a nominação dos respectivos
partidos políticos que a compõem (Lei nº 9.504/1997, art. 6º-A e Lei nº 9.096/1995,
art. 11-A, caput e § 8º). (Redação dada pela Resolução nº 23.672/2021)

§ Legitimados passivos: candidato que arrecadou ou gastou recursos ilicitamente,


inclusive os suplentes. Em pleitos majoritários, há litisconsórcio passivo necessário
entre o titular e o vice ou suplente.

§ Procedimento: conforme prevê o art. 30-A, § 1º da Lei 9.504/97, a representação


deve observar o procedimento previsto no art. 22 da LC nº 64/90.

§ Sanções: art. 30-A, § 2º, da Lei nº 9.504/97, que dispõe que será negado diploma
ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado. Inelegibilidade apresenta-se
como efeito externo e secundário da decisão que julga procedente o pedido, em
razão do disposto no art. 1º, inciso I, alínea j, da LC nº 64/90.

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