Você está na página 1de 2

CURSO INTENSIVO DE DIREITO ELEITORAL

PROFESSOR BRUNO GASPAR

Em 10.08.2022, o STF julgou a ADI 6.230, o que gerou alteração em duas normas
importantes do art. 3º da Lei 9.096/95.

Art. 3º É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento.

§ 1º. É assegurada aos candidatos, partidos políticos e coligações autonomia para definir o
cronograma das atividades eleitorais de campanha e executá-lo em qualquer dia e horário,
observados os limites estabelecidos em lei.

§ 2º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir o prazo de duração dos
mandatos dos membros dos seus órgãos partidários permanentes ou
provisórios. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)

§ 3º O prazo de vigência dos órgãos provisórios dos partidos políticos poderá ser de até 8
(oito) anos. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)

▪ Em primeiro lugar, o STF deu interpretação conforme à Constituição ao parágrafo


2º do art. 3º da Lei 9.096/95 para assentar que partidos políticos podem, no
exercício de sua autonomia constitucional, estabelecer a duração dos mandatos de
seus dirigentes, desde que compatível com o princípio republicano da alternância
do poder concretizado por meio da realização de eleições periódicas em prazo
razoável.

Nesse ponto, a decisão teve por objetivo preservar a temporariedade dos


mandatos dos dirigentes de partidos políticos, com base no princípio republicano.
Segundo o STF, com a realização de eleições periódicas em prazo razoável, evita-se
a perpetuação dos mandatos das lideranças partidárias.

▪ Seguindo a mesma linha de raciocínio, visando promover o que chamou de


“apuração democrática da vontade dos filiados”, o Supremo Tribunal Federal
reconheceu a inconstitucionalidade do parágrafo 3º do art. 3º da Lei 9.096/95, de
modo a impedir sucessivas reconduções nos órgãos provisórios (normalmente
compostas por pessoas indicadas pela direção do partido – não eleitas pelos
filiados).

Assim, é inconstitucional a previsão do prazo de até oito anos para a vigência dos
órgãos provisórios dos partidos, para evitar distorções ao claro significado de

Todos os direitos reservados ao RJ Plus Cursos Jurídicos, cedidos pelo professor Bruno Gaspar. Este texto ou qualquer parte dele
não pode ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por escrito, do autor ou editor, exceto pelo uso de
citações breves em uma resenha do texto.
1
CURSO INTENSIVO DE DIREITO ELEITORAL
PROFESSOR BRUNO GASPAR

“provisoriedade”, notadamente porque, nesse período, podem ser realizadas


distintas eleições em todos os níveis federativos.

Caberá à Justiça Eleitoral analisar, na apreciação do registro dos estatutos ou


quando trazida a questão em casos concretos, a constitucionalidade e legalidade
do prazo de vigência dos órgãos provisórios dos partidos políticos.

Nesse contexto, o STF especificamente quanto a essa parte na qual reconhece a


inconstitucionalidade da norma, modulou os seus efeitos exclusivamente a partir
de janeiro de 2023, prazo posterior ao encerramento do presente ciclo eleitoral,
após o qual o TSE poderá analisar a compatibilidade dos estatutos com o que ora
decidido.

Todos os direitos reservados ao RJ Plus Cursos Jurídicos, cedidos pelo professor Bruno Gaspar. Este texto ou qualquer parte dele
não pode ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por escrito, do autor ou editor, exceto pelo uso de
citações breves em uma resenha do texto.
2

Você também pode gostar