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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAZONAS

Curso:
Aluno(a):
DIREITO
Disciplina: DIREITO ELEITORAL Nº. MAT.:

Prof.: Dr. HELTON PRAIA Data: Nota:

Avaliação/Exercício: Ano: Turma: Turno:

DIREITO ELEITORAL

Escolha uma das decisões do STF (ANEXO 1 ou ANEXO 2) e responda.

1. Faça análise do voto do Ministro do STF, (ANEXO 1), relativo à AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.619 - DF, Relator: MIN. ROBERTO
BARROSO, REQTE.(S): PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO - PSD, INTDO.
(A/S) :PRESIDENTE DA REPÚBLICA e CONGRESSO NACIONAL, tratando os
seguintes pontos:

a. A explicação do caso com uma síntese do tema abordado;


b. Comentário sobre os princípios constitucionais aplicados, os artigos da
Constituição Brasileira de 1988 e artigos das legislações mencionadas;
c. Comentários sobre os pontos favoráveis e desfavoráveis, o que faltou
acrescentar e o que tem em excesso, relativo ao voto do Ministro;
d. Considerações finais.

Em anexo, (ANEXO 1), a decisão da AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE 5.619 - DF.

2. Faça análise do voto do Ministro do STF, (ANEXO 2), relativo à ARGÜIÇÃO DE


DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 167 - DISTRITO
FEDERAL, Relator: MIN. LUIZ FUX, REQTE.(S) :PARTIDO DEMOCRÁTICO
TRABALHISTA - PDT, INTDO.(A/S) :TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL,
tratando os seguintes pontos:
a. A explicação do caso com uma síntese do tema abordado;
b. Comentário sobre os princípios constitucionais aplicados, os artigos da
Constituição Brasileira de 1988 e artigos das legislações mencionadas;
c. Comentários sobre os pontos favoráveis e desfavoráveis, o que faltou
acrescentar e o que tem em excesso, relativo ao voto do Ministro; d.
Considerações finais.

Em anexo (ANEXO 2), a decisão da ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO


DE PRECEITO FUNDAMENTAL 167 - DISTRITO FEDERAL.
2
.

Observação: o trabalho pode ser em grupo de até 5 alunos e deverá ser entregue
por escrito no dia da defesa oral (dia da prova).

Boa prova!
Abraço fraterno a todos!
Faça análise do voto do Ministro do STF, (ANEXO 1), relativo à AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.619 - DF, Relator: MIN. ROBERTO
BARROSO, REQTE.(S): PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO - PSD, INTDO.
(A/S) :PRESIDENTE DA REPÚBLICA e CONGRESSO NACIONAL, tratando os
seguintes pontos:

SINTESE

Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de medida cautelar,


proposta pelo Partido Social Democrático – PSD, em face do art. 224, § 3º e §4º, do Código
Eleitoral (Lei nº 4.737, de 15.06.1965), acrescentado pelo art. 4º da Lei nº 13.165, de
29.06.2015.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICADOS E LEIS APLICADAS

O requerente entende que a previsão de anulação do pleito majoritário


“independentemente do número de votos anulados”, para que sejam realizadas novas
eleições nas hipóteses em que a Constituição Federal exige apenas a maioria simples de
votos para a escolha do eleito, violaria o disposto nos arts. 29, II; 46; e 77 da Constituição
Federal, a soberania popular, bem como os princípios da proporcionalidade e da
economicidade, ensejando proteção insuficiente da legitimidade e da normalidade dos
pleitos eleitorais, tal qual disposto no art. 14, § 9º, da CF/88. Por essa razão, considera
inconstitucional “a realização de novas eleições como critério exclusivo de sucessão nos
pleitos majoritários”.

Sustenta, entretanto, que a inconstitucionalidade do § 3º, do art. 224, do Código


Eleitoral consiste na sua aplicação para as eleições pelo sistema majoritário simples, ou
seja, nos pleitos eleitorais para o cargo de Senador da República e para o cargo de Prefeito
de Municípios com menos de duzentos mil eleitores. Em síntese, a inconstitucionalidade
estaria na adoção do critério exclusivo de realização de novas eleições “independentemente
do número de votos anulados”, nas hipóteses de indeferimento de registro, cassação de
diploma ou perda de mandato.

Sustenta, entretanto, que a inconstitucionalidade do § 3º, do art. 224, do Código


Eleitoral consiste na sua aplicação para as eleições pelo sistema majoritário simples, ou
seja, nos pleitos eleitorais para o cargo de Senador da República e para o cargo de Prefeito
de Municípios com menos de duzentos mil eleitores. Em síntese, a inconstitucionalidade
estaria na adoção do critério exclusivo de realização de novas eleições “independentemente
do número de votos anulados”, nas hipóteses de indeferimento de registro, cassação de
diploma ou perda de mandato.

Pondera, em acréscimo, que a “realização de novas eleições sem a observância do


parâmetro previsto no caput do art. 224, CE, ofende os princípios da razoabilidade,
proporcionalidade e economicidade quando a clara opção do constituinte foi pelo sistema
de maioria simples, tendo em vista que a Representatividade e a Legitimidade do eleito por
esse sistema restarão atendida quando mais de 50% dos votos válidos permanecerem
hígidos”.

A Presidência da República manifestou-se pela procedência parcial do pedido, ao


entendimento de que seria “inconstitucional submeter obrigatoriamente ao regramento da
lei, em baila, o modelo de escolha de cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, na ocorrência da
dupla vacância, por tratar-se de tema ao âmbito da autonomia política municipal”.

O Senado Federal informou, por sua vez, que a legislação foi aprovada segundo os
ritos do processo legislativo ordinário e que o critério de realização de novas eleições
contido no art. 224, § 3º, do Código Eleitoral, a partir da alteração da Lei nº 13.165/2015,
seria uma opção legítima do legislador infraconstitucional.

A Advocacia-Geral da União opinou pelo acolhimento parcial do pedido, para


afastar de seu âmbito de incidência as eleições de Prefeitos de Municípios com menos de
duzentos mil eleitores.

O Procurador-Geral da República manifestou-se pela procedência parcial do


pedido, no sentido de ser declarada a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto,
do art. 224, § 3º, para afastar de seu âmbito de incidência o cargo de Senador da República.

COMENTÁRIOS SOBRE OS PONTOS FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS, O


QUE FALTOU ACRESCENTAR E O QUE TEM EM EXCESSO, RELATIVO AO
VOTO DO MINISTRO;
Em comentário inicial o Min. Roberto Barroso, não seguiu o argumento da
advogada, uma vez que em ação anterior na Adin 5525, já foram discutidos a regras
introduzidas pelo § 3º e § 4º nas eleições em municípios com menos de 200 mil eleitores e
também para Senador - a questão de Senador.

Portanto, acolheu o pedido, mas, no tocante às eleições em municípios de menos


de 200 mil eleitores, o grande argumento a economicidade. Foi sustentado da tribuna com
propriedade que a eleição não tem custo zero e, portanto, não se justificaria, à luz do
princípio da economicidade e da proporcionalidade, como citou sua senhoria, a renovação
de eleição com menos de menos 200 mil habitantes, hipótese em que aplicar-se-ia a posse
do segundo colocado, como tradicionalmente se fazia.

E relator faz um paradigma que “ainda que a eleição custe dinheiro, a Democracia
tem seu preço”, uma discussão que seria interessante, mas que não se coloca aqui, é que
normalmente as pessoas imaginam que só têm custos os direitos sociais: educação, saúde,
habitação, quando não é verdade. Os direitos individuais têm custos porque tem que manter
a polícia; tem que manter o Poder Judiciário. E os direitos políticos têm custos porque tem
que manter a Justiça Eleitoral, tem que organizar os pleitos, tem o horário. Portanto, não há
direito gratuito, tudo tem um custo numa vida democrática.

Em posição acertada o voto do Relator trouxe uma outra observação o caso


concreto, uma vez que há legitimidade de o legislador federal estabelecer hipóteses de
vacância para cargos majoritários. A Constituição prevê em seu art. 81, § 1º, as regras a
serem observadas na hipótese de vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da
República. A solução adotada pelo constituinte originário é sempre a de realização de nova
eleição, seja ela direta ou indireta.

Assim, ocorrendo dupla vacância na primeira metade do mandato, estabelece a


Constituição que deve ser realizada eleição direta, noventa dias após aberta a última vaga.
Porém, ocorrendo-a apenas na última metade do mandato, prescreve a Constituição a
realização de eleição indireta pelo Congresso Nacional, dentro do prazo de trinta dias
contados a partir de aberta a última vaga. Essa é única hipótese em que a Constituição
permite a eleição indireta para um cargo eletivo. Portanto, o art. 81, § 1º, veicula norma
constitucional de feição especialíssima no contexto da democracia brasileira, já que
excepciona o voto direto (arts. 14 e 60, § 1º, II, CF). Assim com outras hipóteses previstas
na Constituição capazes de gerar dupla vacância na Chefia do Poder Executivo. Isso, no
entanto, não significa que são elas as únicas possíveis. O constituinte apenas não se ocupou
em determinar de forma exaustiva todas elas, deixando ao legislador infraconstitucional o
estabelecimento de outras causas, especialmente as de natureza eleitoral.

Logo em outros julgados a corte já se posicionou para a hipótese de vacância na


segunda metade do mandado dos correspondentes chefes do Poder Executivo. Com isso, se
assegura aos Estados e ao Distrito Federal tanto a opção pela repetição por completo da
norma constitucional federal, prevendo, assim, eleição indireta naquela situação, como
também a liberdade de eles estabelecerem a realização de eleições diretas na segunda
metade do mandato, assim como para Municípios desta Corte é no mesmo sentido. Em
casos em que Constituições estaduais disciplinavam a hipótese de dupla vacância no âmbito
municipal, esta Corte assentou a inexigibilidade da aplicação do princípio da simetria e a
necessidade de preservação da autonomia da municipalidade para regulamentar a hipótese.

Outro ponto favorável foi a A CONSTITUCIONALIDADE DO § 3º NO QUE


TANGE AO SISTEMA MAJORITÁRIO SIMPLES, ss sistemas eleitorais consistem em
conjunto de regras em técnicas legais cujo objetivo é organizar a representação popular no
país. Têm como funções a organização das eleições e a conversão de votos em mandatos
políticos, de modo a fazer com que os cargos políticos eletivos sejam ocupados de forma
legítima e representativa.

Trazendo agora a aplicação do dispositivo § 3º a Prefeito de Municípios com


menos de duzentos mil eleitores. Em uma democracia, o valor da legitimidade política é
inestimável. E quanto maior for ela, maior será sua compatibilidade com o espírito
democrático e republicano da Constituição Federal. Ao exigir novas eleições nas hipóteses
de indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato
eleito, independentemente do número de votos anulados, conferiu o legislador ordinário
maior valor à regra constitucional da eleição. Embora a realização de novas eleições enseje,
de fato, um custo à República, isso, por si só, não pode ser considerado como razão
suficiente para se excepcionar a regra democrática da eleição.

Em ponto auto, considero absolutamente legítima a opção do legislador em exigir


novas eleições em pleitos majoritários simples nas razoáveis hipóteses de vacância
previstas no § 3º do art. 224 do Código Eleitoral. A economicidade não deve prevalecer
sobre a democracia.

O ministrou trouxe uma analogia que ficou cristalina o seu entendimento; imagine-
se o caso extremo de um candidato eleito ter recebido 99%, mas que tenha sido
posteriormente cassado. O segundo colocado, muito possivelmente, ocupará a chefia do
Poder Executivo do Município após ter recebido menos de 1% dos votos válidos. Não há
economicidade que justifique a aceitação dessa situação. Pelas mesmas razões, não vejo
qualquer ofensa ao princípio da proporcionalidade na adoção de realização de novas
eleições como critério exclusivo para a solução de hipóteses de vacância previstas no ato
normativo impugnado.

Entendimento correto, que foi reafirmando em segundo momento em repercussão


geral no tem de nº 986, reafirmando o mesmo entendimento da constitucionalidade de
dispositivo infraconstitucional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Assim julgou improcedente o pedido formulado na inicial, para declarar a


constitucionalidade do § 3º do art. 224 do Código Eleitoral, no que tange à sua aplicação
aos cargos disputados no sistema majoritário simples. A tese ora afirmada pode ser
resumida nos seguintes termos: “É constitucional legislação federal que estabeleça novas
eleições para os cargos majoritários simples – isto é, Prefeitos de Municípios com menos
de duzentos mil eleitores e Senador da República – em casos de vacância por causas
eleitorais”.
Faça análise do voto do Ministro do STF, (ANEXO 2), relativo à ARGÜIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 167 - DISTRITO
FEDERAL, Relator: MIN. LUIZ FUX, REQTE.(S) :PARTIDO DEMOCRÁTICO
TRABALHISTA - PDT, INTDO.(A/S) :TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL,
tratando os seguintes pontos:

SÍNTESE;

Tratasse de um Ação de Arguição de descumprimento de preceito fundamental


requerido pelo Partido Democrático Trabalhista. Na qual se discute a competência do
Tribunal Superior Eleitoral é o órgão competente para julgar os Recursos Contra a
Expedição de Diploma (RCED) nas eleições presidenciais e gerais (federais e estaduais).

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICADOS E LEIS APLICADAS;

O Recurso Contra a Expedição de Diploma (RCED) é demanda por meio da qual


se objetiva a cassação ou denegação do diploma do eleito ante a alegação de inelegibilidade
de cunho infraconstitucional superveniente ao requerimento de registro da candidatura,
inelegibilidade de natureza constitucional ou ausência de condições de elegibilidade, ex vi
do art. 262 do Código Eleitoral, na redação conferida pela Lei nº 12.891/2013.

O art. 121, § 4º, III, da Constituição, ao determinar que caberá recurso das
decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais que versarem sobre “expedição de diplomas
nas eleições federais ou estaduais”, atribui ao Tribunal Superior Eleitoral a competência
para a revisão jurisdicional da atividade de diplomação exercida pelos Tribunais Regionais
Eleitorais nas eleições federais ou estaduais.

O Código Eleitoral, adequado ao sistema constitucional, consagra a apreciação do


Recurso Contra a Expedição de Diploma (RCED) pelo órgão jurisdicional
hierarquicamente superior àquele que concedeu a diplomação, estabelecendo o seu art. 216
que o “recurso interposto contra a expedição do diploma” deve ser decidido pelo “Tribunal
Superior”, enquanto o art. 22, I, g, do mesmo Código atribui originariamente ao Tribunal
Superior Eleitoral a competência para julgar as impugnações à diplomação do Presidente e
Vice-Presidente da República.

A fase probatória inserida no rito do RCED não impede o seu reconhecimento


como “recurso” nos moldes do art. 121, § 4º, da Carta Magna, sendo legítima a
interpretação do termo em sua concepção ampla, além do que a possibilidade de produção
probatória no rito recursal em sentido estrito é expressamente reconhecida pelo art. 938, §
3º, do novo Código de Processo Civil.

A diplomação constitui ato decisório do Tribunal Regional Eleitoral, de natureza


administrativa, que encerra o processo eleitoral e atesta a aptidão do candidato a ser
empossado no cargo, motivo pelo qual se enquadra no conceito de “decisões dos Tribunais
Regionais Eleitorais” a que alude o art. 121, § 4º, da Constituição.

O Recurso Contra a Expedição de Diploma (RCED), por suas causae petendi, não
se confunde com as da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), que tem por
fundamento o abuso de poder econômico ou político (artigos 1º, I, d e h, 19 e 22, XIV, da
Lei Complementar nº 64/90), a captação ou uso ilícito de recurso para fins eleitorais (art.
30-A da Lei 9.504/1997 e art. 1º, I, j, da LC nº 64/90), a captação ilícita de sufrágio (art. 41-
A da Lei nº 9504/1997 e art. 1º, I, j, da LC nº 64/90) ou a prática de conduta vedada (artigos
73, 74, 75 e 77 da Lei nº 9.504/1997 e art. 1º, I, j, da LC nº 64/90), nem com as causas de
pedir próprias da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, regida diretamente pelo art. 14,
§ 10, da Constituição, que tem escopo limitado à cognição de questões relativas a abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude.

O princípio do juiz natural não resta violado nas hipóteses de concorrência de


diversas vias processuais para conhecer da mesma matéria, (art. 5º, LIII, da CRFB),
máxime quando a própria Carta Magna acolhe ambos os ritos possíveis (art. 14, § 10, e art.
121, § 4º, da CRFB).

O devido processo legal (art. 5º, LIV, CRFB) e o contraditório (art. 5º, LV, CRFB)
são plenamente observados no Recurso Contra a Expedição de Diploma (RCED) perante o
órgão com competência originária, posto haver ampla instrução probatória e regular
exercício do direito de defesa, restando as garantias constitucionais preservadas, uma vez
que a instrução do feito ocorre direta e imediatamente perante o Tribunal Superior,
aproximando-o, em grau incomparável, da verdade material.

O duplo grau de jurisdição não configura garantia prevista na Constituição da


República, traduzindo escolha política do legislador, consoante diversos precedentes desta
Corte: HC 140213 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
02/06/2017; RE 976178 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado
em 09/12/2016; RHC 79785, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno,
julgado em 29/03/2000, DJ 22-11-2002 PP-00057 EMENT VOL-02092-02 PP-00280 RTJ
VOL-00183-03 PP-01010. Direito Comparado.

A observância dos precedentes quase decenários, compreendidos na análise


econômica do Direito como um estoque de capital, constitui componente fundamental de
uma ordem jurídica funcional, máxime porque facilita a aplicação e operação do direito
pelos magistrados e jurisdicionados, bem como norteia a atuação de todos os membros da
sociedade, conferindo a necessária segurança jurídica.

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é cabível para


impugnação orientação jurisprudencial apontada como contrária a normas basilares da
Constituição, desde que cumprido o requisito da subsidiariedade, ante a inexistência de
outro meio processual para sanar a controvérsia com caráter abrangente e imediato.

A admissibilidade da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental resta


presente quando apontados como preceitos fundamentais violados, de forma direta, direitos
e garantias fundamentais insculpidos no art. 5º da Constituição. Precedentes: ADPF 388,
Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno; ADPF 187, Relator(a): Min. CELSO
DE MELLO, Tribunal Pleno; ADPF 130, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Tribunal
Pleno.

O vício quanto aos poderes conferidos na procuração para ajuizamento da ADPF


(art. 3º, parágrafo único, da Lei nº 9.882/99) é passível de regularização durante o processo,
mercê de o espírito instrumentalista do novo Código de Processo Civil exigir o melhor
aproveitamento possível dos atos processuais, evitando-se que formalidades estéreis
embaracem a marcha do feito. Precedentes: ADPF 4 MC, Relator(a): Min. ELLEN
GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 02/08/2006.
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental improcedente. Tese fixada
nos seguintes termos: O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão competente para julgar os
recursos contra a expedição de diploma nas eleições presidenciais e gerais (federais e
estaduais).

COMENTÁRIOS SOBRE OS PONTOS FAVORÁVEIS E


DESFAVORÁVEIS, O QUE FALTOU ACRESCENTAR E O QUE TEM EM
EXCESSO, RELATIVO AO VOTO DO MINISTRO;

Em comentário inicial o Min. Luiz Fux reconheceu o cabimento da presente


Arguição, por envolver controvérsia sobre a adequação constitucional de orientação
jurisprudencial consolidada, considerada esta como “ato do poder público” para fins do art.
1º, caput, da Lei nº 9.882/99.

Primeiramente se observou via processual que atende ao requisito da


subsidiariedade, uma vez que observou ausência de procuração especifica, como um vicio
sanável, outorgada pelo Partido Requerente, com os poderes específicos para o ajuizamento
da ADPF.

Quanto ao mérito o Requerente se insurge em face da orientação consolidada no


âmbito do Tribunal Superior Eleitoral segundo a qual compete àquela Corte o julgamento
de Recursos Contra a Expedição de Diploma (RCED) nas eleições presidenciais e gerais
(federais e estaduais).

O Min. Ressalta que o RCED foi originariamente concebido pelo Código Eleitoral
como um recurso administrativo, mas a evolução jurisprudencial acolheu o instituto como
ação autônoma, dando origem a processo de cunho jurisdicional. A Lei nº 12.891/2013,
denominada “minirreforma eleitoral”, chancelando entendimento jurisprudencial, alterou as
hipóteses de cabimento do RCED, com o intuito de realizar distinção mais precisa em
relação à Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), destinada, segundo o art. 14, §
10, da Constituição, à persecução nos casos de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude. Assim é que, segundo a nova redação do art. 262 do Código Eleitoral, o “recurso
contra expedição de diploma caberá somente nos casos de inelegibilidade superveniente ou
de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade”. Posicionamento
relevante cujo o avanço das jurisprudências.
Dessa forma por meio do RCED, objetiva-se a cassação ou denegação do diploma
do eleito ante a alegação de inelegibilidade de cunho infraconstitucional superveniente ao
requerimento de registro da candidatura (conforme a súmula nº 47 do TSE), inelegibilidade
de natureza constitucional ou ausência de condições de elegibilidade (como a
nacionalidade, alistamento, domicílio eleitoral, filiação partidária, idade mínima e pleno
exercício dos direitos políticos, ex vi do art. 14, § 3º, da Constituição).

O Min, apresenta o posicionamento do legislador ordinário o julgamento do


Recurso Contra a Expedição de Diploma, ação autônoma, pelo órgão jurisdicional
hierarquicamente superior àquele que concedeu a diplomação. Assim é que o seu art. 216
dispõe, verbis: “Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra a
expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua plenitude”. A
exceção é expressamente definida pelo próprio Código Eleitoral, cujo art. 22, I, g, atribui
originariamente ao Tribunal Superior Eleitoral a competência para julgar as impugnações à
diplomação do Presidente e Vice-Presidente da República.

Em contrário apresentado pela requerente no art. 121, § 4º, III, da Constituição


segue exatamente a mesma sistemática já consagrada no Código Eleitoral, pois determina
que caberá recurso das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais que versarem sobre
“expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais”. Com esse comando, o
constituinte estabeleceu a possibilidade de revisão jurisdicional, pelo Tribunal Superior
Eleitoral, da atividade de diplomação exercida pelos TREs nas eleições federais ou
estaduais. Consoante determina a legislação infraconstitucional, essa revisão é suscitada por
meio do Recurso Contra a Expedição de Diploma (RCED), inexistindo qualquer
incompatibilidade com o texto constitucional. Afinal, o termo “recurso” é utilizado pelo
Código Eleitoral em todas as referências a impugnações em face da diplomação, não
havendo motivos para interpretar o texto constitucional de forma distinta e mais restrita.
assim como na qual argumenta que a existência de fase probatória no rito do RCED
impediria o seu reconhecimento como “recurso” nos moldes do art. 121, § 4º, da Carta
Magna.

Trás um posicionamento quanto a garantia do dublo grau de jurisdição, uma vez


que a requerente afirma que a supressão da fase jurisdicional perante o Tribunal Regional
Eleitoral configuraria violação aos princípios do duplo grau de jurisdição, do devido
processo legal e do contraditório. O devido processo legal e o contraditório são plenamente
observados no curso do feito em trâmite no Juízo com competência originária, pois, como
reconhecido na própria inicial desta Arguição, há ampla instrução probatória e regular
exercício do direito de defesa no rito do RCED. Aliás, pode-se argumentar que o
julgamento da causa pelo órgão hierarquicamente superior potencializa o devido processo
legal, visto que a instrução do feito ocorre direta e imediatamente perante o Tribunal,
aproximando-o, em grau incomparável, da verdade material. E fundamenta o seu
entendimento pela improcedência da presente Arguição o princípio da segurança jurídica
(art. 5º, caput, da Constituição). Pois, a Corte possui, há quase cinco décadas, sólida e
uniforme jurisprudência de que é da sua competência o julgamento de recurso contra a
expedição de diploma expedido em favor de Senador, Deputado Federal e seus Suplentes,
Governador e Vice-Governador.

Ressaltou a relevância dos precedentes é componente fundamental de uma ordem


jurídica funcional, máxime porque facilita a aplicação e operação do direito pelos
magistrados e jurisdicionados, bem assim porque norteia a atuação de todos os membros da
sociedade. Dessa forma deu seu voto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Em final de voto o Min. Julgou improcedente a Arguição de Descumprimento de


Preceito Fundamental e fixo a tese nos seguintes termos: O Tribunal Superior Eleitoral é o
órgão competente para julgar os recursos contra a expedição de diploma nas eleições
presidenciais e gerais (federais e estaduais).

Os argumentos revelam a nocividade que eventual superação da jurisprudência


representaria para a segurança jurídica, de modo que a melhor solução que se apresenta é a
manutenção da orientação consolidada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

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