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 Espécies de propaganda política:

1) PROPAGANDA PARTIDÁRIA

2) PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA

3) PROPAGANDA ELEITORAL

4) PROPAGANDA INSTITUCIONAL
PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA:

Art. 36 §1º (Lei 9.504/97): Ao postulante a candidatura a cargo


eletivo é permitida a realização, na quinzena anterior à escolha pelo
partido, de propaganda intrapartidária com vista à indicação de seu
nome, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor.

 O período para a realização da propaganda intrapartidária iniciará


15 dias antes da data definida pelos partidos e coligações, para
realização da respectiva convenção partidária (que deve ocorrer no
período de 20 de julho a 5 de agosto).

 Tal vedação se justifica, uma vez que tal propaganda não pode ter
como destinatário o eleitorado em geral, mas sim o corpo de filiados
do partido político, visando à escolha do pretenso candidato na
convenção partidária.
 “rádio, televisão e outdoor”: a vedação prevista na lei não é
taxativa, sendo proibida qualquer propaganda intrapartidária
realizada através de meios de comunicação em massa, que
extrapole os limites partidários. Exemplos: imprensa escrita e a
internet.

 Embora essa modalidade de propaganda tenha que se restringir


ao âmbito interno da agremiação, admite-se na forma de faixas e
cartazes em locais próximos da convenção, cujo material
deverá ser imediatamente retirado após a realização da
convenção.

 O desvirtuamento da propaganda intrapartidária, com a realização


de propaganda endereçada aos eleitores, e não somente aos
convencionais, caracteriza propaganda antecipada, sujeitando o
infrator às sanções do art. 36, §3º da Lei 9.504/97.
TSE
AgR-AI nº 362814 - Rio De Janeiro/RJ
Acórdão de 12/03/2013
Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


PROPAGANDA ELEITORAL. PRÉVIAS. CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS.
OSTENSIVIDADE E POTENCIAL DE ATINGIR OS ELEITORES EM
GERAL. PROPAGANDA ANTECIPADA CONFIGURADA. NÃO PROVIMENTO.

1. A utilização de faixas, cartazes e carros de som é permitida nas prévias e


nas convenções partidárias desde que a mensagem seja dirigida aos filiados e
que o âmbito intrapartidário não seja ultrapassado. Precedente.

2. Na espécie, o Tribunal de origem afirmou que a publicidade veiculada


durante a realização de convenção intrapartidária foi ostensiva e com
potencial de atingir os eleitores em geral.

3. Agravo regimental não provido.


Cta - Consulta nº 1673 - Brasília/DF
Resolução nº 23086 de 24/03/2009
Relator(a) Min. FELIX FISCHER

2. A divulgação das prévias não pode revestir caráter de propaganda eleitoral


antecipada, razão pela qual se limita a consulta de opinião dentro do partido.
1) A divulgação das prévias por meio de página na internet extrapola o limite
interno do Partido e, por conseguinte, compromete a fiscalização, pela Justiça
Eleitoral, do seu alcance. 2) Tendo em vista a restrição de que a divulgação das
prévias não pode ultrapassar o âmbito intrapartidário, as mensagens eletrônicas
são permitidas apenas aos filiados do partido. 3) Nos termos do art. 36, § 3º da
Lei nº 9.504/97, que pode ser estendido por analogia às prévias, não se veda o
uso de faixas e cartazes para realização de propaganda intrapartidária, desde que
em local próximo da realização das prévias, com mensagem aos filiados. 4) Na
esteira dos precedentes desta e. Corte que cuidam de propaganda intrapartidária,
entende-se que somente a confecção de panfletos para distribuição aos filiados,
dentro dos limites do partido, não encontra vedação na legislação eleitoral.
5) Assim como as mensagens eletrônicas, o envio de cartas, como forma de
propaganda intrapartidária, é permitido por ocasião das prévias, desde que essas
sejam dirigidas exclusivamente aos filiados do partido.
6) Incabível autorizar matérias pagas em meios de comunicação, uma vez que
ultrapassam ou podem ultrapassar o âmbito partidário e atingir, por conseguinte,
toda a comunidade.
PROPAGANDA ELEITORAL:

 Conceito: denomina-se propaganda eleitoral a elaborada por partidos


políticos e candidatos, com a finalidade de captar votos do eleitorado
para investidura e cargo público eletivo. (José Jairo Gomes)

 Prazo inicial: O art. 36 da Lei 9.504/97 é taxativo quanto ao prazo:


só se admite propaganda eleitoral após o dia 15 de agosto do
ano da eleição. Essa data não é aleatória, porque é nesse dia que
encerra o prazo para os pedidos de registro de candidatura.

 Prazo final: Véspera de eleição, conforme art. 39, §9º da Lei


9504/97. Exceções: propaganda televisiva e rádio, que cessa na
antevéspera da eleição, conforme art. 47, caput da Lei 9504/97.E a
propaganda pela internet pode ser realizada inclusive no dia da eleição
(art. 7º da Lei 12.034/09).
Propaganda eleitoral antecipada:

 TSE (e doutrina majoritária) tem entendido que a publicidade


extemporânea pode ser verificada a qualquer tempo, inclusive no
ano anterior ao pleito, sujeitando os infratores às sanções do art. 36
da Lei 9.504/97. Alguns autores discordam, defendendo que a conduta
somente seria ilícita a partir de janeiro do ano da eleição a que se
refira.

 Propaganda expressa X propaganda subliminar

 A difusão de propaganda eleitoral antes do prazo, seja ela expressa,


seja subliminar, afeta o equilíbrio da disputa eleitoral, ainda que não
haja um pedido explícito de votos.

 TSE sempre reconhecia como propaganda antecipada qualquer meio


que levasse ao conhecimento do eleitorado, ainda que de forma
dissimulada, as razões pelas quais o candidato seria o mais apto à
função pública. (Agravo Regimental de Recurso Especial Eleitoral
nº 32838/CE; Min. Nancy Andrighy; Julg. Em 01.09.2011).
Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam
pedido explícito de voto, a menção à candidatura, a exaltação das qualidade pessoais
dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de
comunicação social, inclusive via internet:

I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas,


programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a
exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de
televisão o dever de conferir tratamento isonômico;

II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a


expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais,
discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às
eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação
intrapartidária;

III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material


informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a
realização de debates entres os pré-candidatos;

IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça


pedido de votos;

V – a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes


sociais.

VI – a realização, a expensas do partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade


civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade,
para divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias.
§ 1o É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão
das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios de
comunicação social.

§ 2o Nas hipóteses dos incisos I a VI do caput, são permitidos o pedido de


apoio político e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas
desenvolvidas e das que se pretende desenvolver.

§ 3o O disposto no § 2o não se aplica aos profissionais de comunicação


social no exercício da profissão.

 Portanto, não há dúvidas de que a Lei nº 13.165/15 flexibilizou o


conceito de propaganda eleitoral antecipada. Mais do que isso,
quando o art. 36-A dispõe que não há propaganda ilícita desde
que não exista pedido explícito de voto, escancara-se a
possibilidade da campanha começar mais cedo, principalmente
para os candidatos e partidos mais ricos.
TSE- Representação nº 29487 - BRASÍLIA - DF
Acórdão de 16/02/2017
Relator(a) Min. Antonio Herman De Vasconcellos E Benjamin

REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA PARTIDÁRIA. PRIMEIRO SEMESTRE DE


2016. INSERÇÕES NACIONAIS. PROMOÇÃO PESSOAL DE
FILIADO. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. AUSÊNCIA DE PEDIDO
EXPRESSO DE VOTO. LEI Nº 13.165/2015. IMPROCEDÊNCIA.

4. Com a regra permissiva do art. 36-A da Lei nº 9.504, de 1997, na


redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015, retirou-se do âmbito de
caracterização de propaganda antecipada a menção à pretensa
candidatura, a exaltação das qualidades pessoais de pré-candidatos
e outros atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação
social, inclusive via internet, desde que não haja pedido expresso de
voto.

5. A propaganda antecipada caracteriza-se pelo pedido expresso de votos,


referência explícita a eleições vindouras ou elogio que apresente a pessoa
como a mais apta para o exercício de cargo eletivo, conforme orientação
definida por esta Corte Superior.
Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 396 - DF
Acórdão de 14/11/2017
Relator(a) Min. Luiz Fux

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.


PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA POR MEIO DE
OUTDOOR. ART. 36-A DA LEI Nº 9.504/97. AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS
CARACTERIZADORES. INEXISTÊNCIA DE PEDIDO EXPLÍCITO DE VOTOS.
OFENSA AO ART. 39, § 8°, DA LEI 9.504/97 NÃO VERIFICADA.

2. A configuração da propaganda eleitoral extemporânea exige pedido


explícito de voto, não possuindo tal aptidão a divulgação de
mensagem de felicitação à candidata por seu natalício.

3. In casu, verifica-se, da leitura do decisum regional, que não há


elementos capazes de configurar a existência de propaganda eleitoral
extemporânea. Isso porque o conteúdo transcrito não extrapola o limite
normal da liberdade de expressão, estando ausente o pedido expresso
de votos.

4. Agravo regimental desprovido.


Respe 060022731 e Agr. no Respe 060033730
Decisão de 09/04/2019

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu, na sessão plenária desta terça-feira (9), o julgamento do
Recurso Especial Eleitoral (Respe) referente à campanha de Manoel Jerônimo de Melo Neto à Assembleia
Legislativa de Pernambuco, nas Eleições de 2018. Por maioria, a Corte considerou propaganda eleitoral
antecipada a publicação de outdoors em apoio ao pré-candidato, ainda que sem pedido expresso de
voto, com aplicação de multa de R$ 5 mil.
A decisão, que altera a jurisprudência do Tribunal em relação a casos semelhantes das Eleições de 2016,
atendeu pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE) que pleiteava a condenação de Manoel Jerônimo
pela instalação de 23 outdoors, em diversos municípios do entorno de Recife (PE), com a imagem do pré-
candidato a deputado estadual e os dizeres: “Manoel Jerônimo: o defensor do povo! Seus amigos se
orgulham por sua luta pelos invisíveis”.
Para Fachin, a exaltação da imagem de Manoel Jerônimo perante as camadas mais carentes da
sociedade, conforme os dizeres dos outdoors, ainda que ausente o pedido explícito de votos,
configuraria a campanha eleitoral antecipada. “Entendo que é irrelevante, para a caracterização do ilícito
que se configura pelo meio inidôneo [o uso de outdoors], a formulação de forma concorrente do pedido
explícito de votos. Os dois ilícitos guardam autonomia, inclusive quanto à tipificação”.
Assim, o relator concluiu pelo provimento do recurso, reconhecendo a ilicitude da realização de atos de
pré-campanha em meios proibidos, impondo multa de R$ 5 mil.
O julgamento foi retomado na sessão desta terça-feira (9), para a coleta dos votos dos demais ministros.
Os ministros Tarcísio Vieira de Carvalho Neto e Luís Roberto Barroso acompanharam a divergência aberta
pelo ministro Jorge Mussi, enquanto que o ministro Admar Gonzaga acompanhou o relator.
Desempatando o julgamento, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, também acompanhou o relator,
provendo o recurso e aplicando a multa no valor de R$ 5 mil a Manoel Jerônimo de Melo Neto.
Art. 36. A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do
ano da eleição.

§ 3o A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação


da propaganda e, quando comprovado o seu prévio conhecimento, o beneficiário
à multa no valor de R$ 5.000,00 a R$ 25.000,00, ou ao equivalente ao custo da
propaganda, se este for maior.

Art. 40-B. A representação relativa à propaganda irregular deve ser instruída com
prova da autoria ou do prévio conhecimento do beneficiário, caso este não seja por
ela responsável.

P.único. A responsabilidade do candidato estará demonstrada se este, intimado


da existência da propaganda irregular, não providenciar, no prazo de quarenta e
oito horas, sua retirada ou regularização e, ainda, se as circunstâncias e as
peculiaridades do caso específico revelarem a impossibilidade de o
beneficiário não ter tido conhecimento da propaganda.

 Exemplos: propaganda a realizada de modo ostensivo (faixas, outdoor) ou


massivo (distribuição de grande número impressos).
 Portanto, o beneficiário só pode ser sancionado se houver prova mínima de
sua participação ou anuência ao ilícito.
PROPAGANDA ELEITORAL EM BENS PÚBLICOS E EM BENS DE
USO COMUM:

Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder
público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive
postes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos,
passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é
vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza,
inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes,
faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados.

 O art. 37 da Lei 9.504/97 veda qualquer tipo de propaganda eleitoral


em (i) bens públicos, (ii) em bens cujo uso dependa de cessão ou
permissão do Poder Público e (iii) em bens de uso comum.

 Bens de uso comum: art. 37, §4º da Lei 9.504/97 – possibilidade de


acesso incondicionado à população em geral, mesmo que de propriedade
privada. Ex: cinemas, clubes, lojas, templos, ginásios, estádios.
Sanção:

§ 1o A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no


caput deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e
comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a
multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil
reais).

 Da forma que está redigido este dispositivo, podemos concluir que o


responsável (ou o beneficiário) tem um prazo para realizar propaganda
irregular, que se inicia no momento da veiculação da propaganda e se
encerra 48 horas após sua notificação.

 O TSE, entretanto, vem decidindo pela interpretação literal da norma,


de forma que somente seria possível a aplicação da multa prevista no
§1º se, após a Justiça Eleitoral notificá-lo para retirar a propaganda e
restaurar o bem, o responsável descumprir tal comando.
TSE
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº
27.745 - Santos/SP
Acórdão de 30/06/2009
Relator(a) Min. JOAQUIM BENEDITO BARBOSA GOMES

A nova redação do § 1º do art. 37 da Lei nº 9.504/97 estabelece


que a efetiva retirada da propaganda irregular, no prazo
estabelecido na notificação, elide a aplicação da penalidade, não
se aplicando a anterior jurisprudência de que as circunstâncias e
peculiaridades do caso concreto permitiriam a imposição da multa,
desde que reconhecidos o prévio conhecimento e a responsabilidade do
infrator.

Decisão:

O Tribunal, por unanimidade, desproveu o Agravo Regimental, nos


termos do voto do Relator.
RESPE - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº
060516095 - SÃO PAULO - SP
Acórdão de 04/06/2019
Relator(a) Min. Og Fernandes

2. Conforme o art. 37, § 4º, da Lei nº 9.504/1997, estabelecimentos


comerciais são equiparados a bens de uso comum para fins eleitorais, assim
como as escolas públicas, os estádios de futebol, as rodoviárias, entre outros.
Precedentes.(...)
4. A despeito de o § 1º do art. 37 da Lei das Eleições condicionar a incidência
de multa ao prévio descumprimento da ordem judicial de restauração do bem
em que veiculada a propaganda, o caso vertente revela situação excepcional.
5. A distribuição, em bens públicos ou de uso comum, de folhetos
avulsos de propaganda a eleitores configura infração de caráter
instantâneo, que afasta qualquer possibilidade de restauração do bem
ou retirada da publicidade e, precisamente por isso, torna–se
despicienda, para a incidência da multa do art. 37, § 1º, da Lei das
Eleições, a prévia notificação do responsável. Precedente.
6. A propaganda descrita no art. 38 da Lei nº 9.504/1997, veiculada por meio
da distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, é livre, mas
essa liberdade não é absoluta, uma vez que encontra limites no art. 37 do
mesmo diploma normativo, conclusão a que se chega a partir de uma
interpretação sistemática e harmônica da norma eleitoral.
Outras normas da Lei 9.504/97 sobre bens públicos:

§3º Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de


propaganda eleitoral fica a critério da Mesa Diretora.

§5o Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas,


bem como em muros, cercas e tapumes divisórios, não é permitida a
colocação de propaganda eleitoral de qualquer natureza, mesmo que
não lhes cause dano.

§6o É permitida a colocação de mesas para distribuição de material


de campanha e a utilização de bandeiras ao longo das vias públicas,
desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito
de pessoas e veículos.

§7o A mobilidade referida no § 6o estará caracterizada com a


colocação e a retirada dos meios de propaganda entre as seis
horas e as vinte e duas horas.
TSE: Recurso Especial Eleitoral nº 379.823 - Goiânia/GO
Acórdão de 15/10/2015
Relator(a) Min. GILMAR FERREIRA MENDES

Assim, além de configurar crime eleitoral previsto no art. 39, § 5º, da Lei
das Eleições, apurável na via própria, entendo que o "derramamento
de santinhos" em espaço público caracteriza propaganda eleitoral
irregular, em desacordo com o art. 37, caput, do mesmo
normativo. Registro que o fato de o material não estar "afixado" no
bem público não afasta a irregularidade, pois o aludido dispositivo veda a
realização de "propaganda de qualquer natureza" em bens cujo uso
dependa de cessão ou permissão do poder público ou que a ele
pertençam.
Resolução TSE 23.610/19
Art. 19, §7º: O derrame ou a anuência com o derrame de
material de propaganda no local de votação ou nas vias próximas,
ainda que realizado na véspera da eleição, configura propaganda
irregular, sujeitando-se o infrator à multa prevista no § 1º do art.
37 da Lei nº 9.504/1997, sem prejuízo da apuração do crime
previsto no inciso III do § 5º do art. 39 da Lei nº 9.504/1997.

Art. 19, § 8º: A caracterização da responsabilidade do


candidato na hipótese do § 7º deste artigo não depende de
prévia notificação, bastando a existência de circunstâncias
que revelem a impossibilidade de o beneficiário não ter tido
conhecimento da propaganda.
PROPAGANDA ELEITORAL EM BENS PARTICULARES:

Art. 37, § 2º: Não é permitida a veiculação de material de


propaganda eleitoral em bens públicos ou particulares, exceto de:

I - bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não


dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos;

II - adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas,


motocicletas e janelas residenciais, desde que não exceda a 0,5 m²
(meio metro quadrado).

 art. 20, §1º da Resolução TSE 23.610/19: A justaposição de


adesivo ou de papel cuja dimensão exceda a 0,5m² (meio metro
quadrado) caracteriza propaganda irregular, em razão do efeito
visual único, ainda que a publicidade, individualmente, tenha
respeitado o limite previsto no inciso II deste artigo.
Lei 9.504/97
Art. 38, §4º É proibido colar propaganda eleitoral em veículos,
exceto adesivos microperfurados até a extensão total do para-brisa
traseiro e, em outras posições, adesivos até a dimensão máxima
fixada no § 3º.

 Aparente contradição em relação ao art. 37, §2º da Lei


9.504/97.
Resolução TSE 23.610/19

Art. 20, §3º: É proibido colar propaganda eleitoral em veículos,


exceto adesivos microperfurados até a extensão total do para-brisa
traseiro e, em outras posições, adesivos que não excedam a 0,5m²
(meio metro quadrado), observado o disposto no § 1º deste artigo
(Lei n° 9.504/1997, art. 37, § 2º, II; art. 38, § 4º).

§ 4º Na hipótese do § 3º, não é aplicável, em relação ao para-brisa


traseiro, o limite máximo estabelecido no inciso II.
§ 8o A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares
deve ser espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer tipo de
pagamento em troca de espaço para esta finalidade.

 A veiculação da propaganda em bem particular deve ser um ato de


adesão voluntária do proprietário do bem utilizado em relação ao
candidato ou partido político.

 Súmula TSE nº 48: A retirada da propaganda irregular, quando


realizada em bem particular, não é capaz de elidir a multa prevista no
art. 37, § 1º, da Lei nº 9.504/97.

 Dupla sanção: retirada da propaganda + multa. Ou seja, mesmo que


a publicidade ilícita seja retirada, a multa deverá ser aplicada (TSE:
AgRgAI nº 9.522/SP).

 Ao alterar a redação do já referido art. 37, §2º da Lei 9.504/97, o


legislador acabou suprimindo a expressão “sujeitando-se o infrator às
penalidades previstas no §1º”, de forma que não há mais previsão de
multa para propaganda ilícita em bens particulares.
TRE-MG
RP - REPRESENTAÇÃO n 060483231 - Uberaba/MG
ACÓRDÃO de 25/10/2018
Relator(a) CLÁUDIA APARECIDA COIMBRA ALVES

Alegação de violação ao disposto no § 1º do art. 37 da Lei nº


9.504/97 e de aplicação da Súmula nº 48 do TSE, em interpretação
sistemática.

Alteração do dispositivo legal. No âmbito da Representação por


Propaganda Eleitoral irregular, considerando que a Lei nº
13.488/2017 deu nova redação ao § 2º do art. 37 da Lei nº
9.504/97 e não mais fez referência à possibilidade de se aplicar
sanção pecuniária em caso de propaganda irregular em bens
particulares, não há falar em aplicação da multa prevista no § 1º do
art. 37.Inteligência do § 2º do art. 37 da Lei nº 9.504/97.

NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO.


TRE-ES
RE - RECURSO ELEITORAL n 060182047 - Vitória/ES
ACÓRDÃO nº 203 de 06/11/2018
Relator(a) CRISTIANE CONDE CHMATALIK

1- Na espécie, a propaganda foi afixada em um poste adjunto ao


muro da residência, assemelhando-se a uma placa, o que não é
permitido pela legislação. Precedente.

2- Não há relevância no argumento de que o objetivo da restrição


contida na lei eleitoral é tornar a propaganda acessível a todos os
candidatos e que a propaganda não teve custo adicional, dado que o
o custo não foi utilizado pelo legislador como critério para definição
da propagandas permitidas em bens particulares.

3- A súmula 48 do TSE é no sentido de que "a retirada da


propaganda irregular, quando realizada em bem particular, não é
capaz de elidir a multa prevista no art. 37, § 1º, da Lei nº
9.504/1997".

4- Recurso conhecido e não provido.


TSE – RESPE nº 0601820-47 (informativo TSE nº 07/2019)
Em decorrência da redação conferida pela Lei nº 13.488/2017 ao § 2º
do art. 37 da Lei nº 9.504/1997, a propaganda irregular em bens
particulares não mais enseja sanção de multa, em razão da ausência de
previsão normativa.
Trata-se de recurso especial interposto de acórdão do Tribunal Regional
Eleitoral que, em âmbito de representação por propaganda eleitoral
irregular em bem particular, manteve decisão que condenou candidato
ao cargo de deputado estadual nas Eleições 2018 ao pagamento de multa,
com base no art. 37, § 1º, da Lei nº 9.504/1997. No caso concreto, a
irregularidade da propaganda eleitoral decorreu da produção do efeito de
placa em papelão afixado em poste adjunto a muro de residência, conduta
proibida pela nova redação do art. 37, § 2º, da Lei nº 9.504/1997. Esta
Corte Superior, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso,
ante a demonstração de divergência jurisprudencial, tão somente
para afastar a multa aplicada, ao entendimento de que a nova
redação do § 2º do art. 37 da Lei nº 9.504/1997, dada pela Lei nº
13.488/2017, não mais faz referência à possibilidade de se aplicar,
com base no § 1º do mesmo dispositivo legal, sanção pecuniária em
caso de propaganda irregular em bens particulares.
Nesse contexto, ressaltou o Ministro Og Fernandes, relator, que “a aplicação
do Enunciado Sumular nº 48 do TSE não mais se mostra possível, tendo em
vista [...] clara preferência do legislador pela edição de norma imperfectae,
destituída de sanção.
Art. 39, § 8o É vedada a propaganda eleitoral mediante outdoors,
inclusive eletrônicos, sujeitando-se a empresa responsável, os
partidos, as coligações e os candidatos à imediata retirada da
propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Resolução TSE 23.610/19

Art. 26:

§ 1º A utilização de engenhos ou de equipamentos publicitários ou


ainda de conjunto de peças de propaganda que justapostas se
assemelhem ou causem efeito visual de outdoor sujeita o
infrator à multa prevista neste artigo.

§ 2º A caracterização da responsabilidade do candidato na hipótese


do § 1º não depende de prévia notificação, bastando a existência de
circunstâncias que demonstrem o seu prévio conhecimento.
COMÍCIOS E SHOWMÍCIOS:

Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral,


em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia.

§1º O candidato, partido ou coligação promotora do ato fará a devida


comunicação à autoridade policial em, no mínimo, vinte e quatro horas
antes de sua realização, a fim de que esta lhe garanta, segundo a
prioridade do aviso, o direito contra quem tencione usar o local no
mesmo dia e horário.

 a realização de comício também é livre e independe de qualquer tipo de


anuência de autoridades. Deve ser realizada no horário compreendido
entre as 8 e 24 horas com exceção do comício de encerramento da
campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas.

 O art. 39, §7º veda a realização de showmícios para a promoção de


candidatos, bem como a apresentação de artistas, remunerada ou não,
com a finalidade de animar comício (nem mesmo por telão). Exceção:
Candidatos da classe artística poderão exercer suas atividades durante o
período eleitoral, sem menção à candidatura. (Consulta 1709/10 - TSE)
IMPRENSA ESCRITA

Art. 43. São permitidas, até a antevéspera das eleições, a divulgação


paga, na imprensa escrita, e a reprodução na internet do jornal
impresso, de até 10 (dez) anúncios de propaganda eleitoral, por veículo,
em datas diversas, para cada candidato, no espaço máximo, por edição, de
1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto) de página
de revista ou tabloide.
§ 1o Deverá constar do anúncio, de forma visível, o valor pago pela
inserção.

§ 2o A inobservância do disposto neste artigo sujeita os responsáveis pelos


veículos de divulgação e os partidos, coligações ou candidatos beneficiados
a multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais)
ou equivalente ao da divulgação da propaganda paga, se este for maior.

 Propaganda na imprensa escrita só é permitida na forma paga.

 Caput prevê um teto máximo de espaço para cada candidato ou


partido.
Art. 42, § 4º da Resolução 23.610/19: Não caracterizará
propaganda eleitoral a divulgação de opinião favorável a candidato, a
partido político ou a coligação pela imprensa escrita, desde que não
seja matéria paga, mas os abusos e os excessos, assim como as
demais formas de uso indevido do meio de comunicação, serão
apurados e punidos nos termos do art. 22 da Lei Complementar nº
64/1990.

 Admite-se que o jornal ou revista adote posicionamento favorável


a determinado candidato ou partido, desde que o faça
abertamente, em editorial, declinando os motivos pelos quais
aquele candidato é o mais apto para o cargo pretendido.

 Vedado, porém, propaganda eleitoral dissimulada, com sistemático


tratamento desigual à candidatos com semelhante densidade
eleitoral. Ex: sucessivas reportagens de destaque a um
determinado candidato em detrimento dos demais.
PROPAGANDA EM RÁDIO E TELEVISÃO

Art. 44. A propaganda eleitoral no rádio e na televisão restringe-


se ao horário gratuito definido nesta Lei, vedada a veiculação
de propaganda paga.

§1o A propaganda eleitoral gratuita na televisão deverá utilizar a


Linguagem Brasileira de Sinais - LIBRAS ou o recurso de legenda,
que deverão constar obrigatoriamente do material entregue às
emissoras.

§2o No horário reservado para a propaganda eleitoral, não se


permitirá utilização comercial ou propaganda realizada com a
intenção, ainda que disfarçada ou subliminar, de promover marca ou
produto.

§3o Será punida, nos termos do § 1o do art. 37, a emissora que,


não autorizada a funcionar pelo poder competente, veicular
propaganda eleitoral.
PROPAGANDA EM RÁDIO E TELEVISÃO
Art. 45. Encerrado o prazo para a realização das convenções no ano das eleições, é
vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em
seu noticiário:
I - transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização
de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que
seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados;
II - usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de
qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação,
ou produzir ou veicular programa com esse efeito; ADI nº 4.451/10; STF:
liminar suspendeu eficácia deste inciso
III - veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a
candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes; ADI nº
4.451/10;STF: liminar suspendeu eficácia da segunda parte deste inciso
IV - dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação;
V - veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com
alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto
programas jornalísticos ou debates políticos;
VI - divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção,
ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome do candidato ou com
a variação nominal por ele adotada. Sendo o nome do programa o mesmo que o do
candidato, fica proibida a sua divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo
registro.
TRE-PR
RE - RECURSO ELEITORAL nº 45498 - Curitiba/PR
Acórdão nº 44498 de 19/09/2012
Relator(a) LUCIANO CARRASCO FALAVINHA SOUZA

PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. MATÉRIA JORNALÍSTICA.


PROGRAMA DE RÁDIO. OPINIÃO FAVORÁVEL A CANDIDATO. VIOLAÇÃO
DO ART. 45, III, DA LEI Nº 9.504/97. RECURSO DESPROVIDO.

1. O dever de isenção imposto à rádio e à TV não proíbe a veiculação de


notícias de cunho informativo que buscam o debate político imparcial,
considerando salutar à democracia, sempre que for respeitado o limite
do exercício legítimo da liberdade de expressão.

2. Havendo excesso por parte do veículo de comunicação, que


desborda os limites da notícia objetiva e jornalística e tece
diversos comentários elogiosos a determinado candidato,
caracterizada está a infração ao artigo 45, III, da Lei n.º
9.504/97.

3. Recurso conhecido e desprovido.


Lei 9.504/97
Art. 45, §1º: A partir de 30 de junho do ano da eleição, é vedado,
ainda, às emissoras transmitir programa apresentado ou
comentado por pré-candidato, sob pena, no caso de sua escolha na
convenção partidária, de imposição da multa prevista no §2º e de
cancelamento do registro da candidatura do beneficiário.

 Vedação expressa de transmissão de programa apresentado ou


comentado por pré-candidato, sob pena de aplicação da multa
prevista no paragrafo segundo do próprio art. 45 da Lei
9.504/97
TSE - Recurso Especial Eleitoral nº 28400 - São Paulo/SP
Acórdão de 26/08/2008
Relator(a) Min. FELIX FISCHER

1. Há violação ao disposto no art. 45, § 1º, da Lei nº 9.504/97 se a emissora


de rádio ou TV veicula programa cujo apresentador é candidato escolhido em
convenção, ainda que em tal programa não se faça menção à candidatura ou a outros
aspectos relativos às eleições.
2. O fato de o candidato ser professor universitário e não apresentador profissional
de TV é insuficiente para eximir a emissora da ofensa à lei eleitoral, uma vez que o art.
45, § 1º da Lei nº 9.504/97 não diferencia se o apresentador ou comentarista é
profissional da mídia ou não, dispondo apenas que é vedado às emissoras "transmitir
programa apresentado ou comentado por candidato escolhido em convenção".

3. A vedação do art. 45, § 1º, da Lei das Eleições enseja, a princípio, conflito abstrato
entre o princípio da isonomia na disputa eleitoral e a garantia constitucional à liberdade
profissional. Todavia, em juízo de aplicação das normas, deve-se prestigiar o princípio
da isonomia, uma vez que, in casu, há possibilidade concreta de exercício de atividade
profissional que não implica veiculação em programa televisivo.

4. Recurso especial provido para aplicar multa ao Canal Universitário de São Paulo no
valor de R$ 25.000 (vinte e cinco mil reais) (art. 45, § 2º, da Lei nº 9.504/97 c/c art.
16, § 1º da Resolução-TSE nº 22.261/2006).
PROPAGANDA NA INTERNET

Art. 57-A. É permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta


Lei, após o dia 15 de agosto do ano da eleição..
Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas
seguintes formas:
I - em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça
Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de
internet estabelecido no País;
II - em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico
comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em
provedor de serviço de internet estabelecido no País;
III - por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados
gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação;
IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e
assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos,
partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural.
PROPAGANDA NA INTERNET

Art. 57-C. É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga


na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado
de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos,
coligações e candidatos e seus representantes.

§ 1o É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na


internet, em sítios:

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos;

II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública


direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 2o A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da


propaganda ou pelo impulsionamento de conteúdos e, quando comprovado seu
prévio conhecimento, o beneficiário, à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ou em valor equivalente ao dobro da
quantia despendida, se esse cálculo superar o limite máximo da multa.
REspe - Recurso Especial Eleitoral nº 2949 - São João De Meriti/RJ
Acórdão de 05/08/2014
Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA

1. A utilização dos meios de divulgação de informação disponíveis na internet é passível


de ser analisada pela Justiça Eleitoral para efeito da apuração de
irregularidades eleitorais, seja por intermédio dos sítios de relacionamento interligados
em que o conteúdo é multiplicado automaticamente em diversas páginas pessoais, seja
por meio dos sítios tradicionais de divulgação de informações.
2. A atuação da Justiça Eleitoral deve ser realizada com a menor interferência
possível no debate democrático.
3. As manifestações identificadas dos eleitores na internet, verdadeiros
detentores do poder democrático, somente são passíveis de limitação quando
ocorrer ofensa à honra de terceiros ou divulgação de fatos sabidamente
inverídicos.
4. A propaganda eleitoral antecipada por meio de manifestações dos partidos
políticos ou de possíveis futuros candidatos na internet somente resta
caracterizada quando há propaganda ostensiva, com pedido de voto e
referência expressa à futura candidatura, ao contrário do que ocorre em relação
aos outros meios de comunicação social nos quais o contexto é considerado.
5. Não tendo sido identificada nenhuma ofensa à honra de terceiros, falsidade, utilização
de recursos financeiros, públicos ou privados, interferência de órgãos estatais ou de
pessoas jurídicas e, sobretudo, não estando caracterizado ato ostensivo de propaganda
eleitoral, a livre manifestação do pensamento não pode ser limitada.
6. Hipótese em que o Prefeito utilizava sua página pessoal para divulgação de atos do
seu governo, sem menção à futura candidatura ou pedido expresso de voto.
Recurso provido para julgar improcedente a representação.
RESPE - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 2043 -
OLINDA - PE
Acórdão de 08/02/2018
Relator(a) Min. ROSA WEBER

(...) 2. Provido o recurso especial, monocraticamente - não configurada a


propaganda eleitoral extemporânea, ante a ausência de pedido explícito de
votos, afastada, por conseguinte, a incidência do art. 57-C, caput, da Lei nº
9.504/1997, que veda a publicidade paga na internet - interpôs agravo
regimental o Ministério Público Eleitoral.

3. Nos exatos termos assentados na decisão agravada, ausente pedido


expresso de votos no conteúdo da publicação veiculada no Facebook, de
rigor a incidência da regra permissiva do art. 36-A da Lei das Eleições,
segundo o qual não configura propaganda eleitoral antecipada a
divulgação de eventual candidatura ou o enaltecimento de pré-
candidato, desde que inexista pedido explícito de votos. Precedentes.

4. Inexistente propaganda eleitoral antecipada, não há falar em ofensa ao


art. 57-C, da Lei nº 9.504/1997. Precedente.
ASPECTOS PROCESSUAIS:

 Embora os juízes eleitorais sejam investidos de Poder de Polícia capaz


de fazer cessar uma propaganda, mandar retirar um outdoor,
arrancar uma placa, ele não pode instaurar procedimento com a
finalidade de impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral
(Súmula TSE nº 18)

 As representações referentes à propaganda ilícita devem seguir o rito


sumaríssimo previsto no art. 96 da Lei nº 9.504/97. Esse rito se
aplica às representações por propaganda antecipada, representações
por propaganda irregular em bens públicos ou particulares;
representações por propaganda em outdoor e etc.

 A representação pode ser ajuizada por partido político, coligação,


candidato e Ministério Público (não sendo autor, obrigatoriamente
intervirá como custos legis).

 Partido Político coligado não tem legitimidade para agir


isoladamente.

 Prazo : Deve ser ajuizada até a data das eleições a que se refira.
Procedimento:

. art. 96, §1º da Lei 9504/97: representações devem relatar fatos,


indicando provas, indícios e circunstancias.

. art. 96, §5º da Lei 9504/97: Recebida a representação, a Justiça


Eleitoral notificará o representado para, querendo, apresentar defesa
em 48 horas.

. art. 96, §7º da Lei 9504/97: passadas as 48 horas, apresentada ou


não a defesa, o órgão eleitoral competente decidirá e publicará a
decisão em 24 horas. Em regra, o rito não admite dilação probatória,
com oitiva de testemunhas. Mas, em caráter excepcional, se
devidamente justificado, pode ocorrer.

. art. 96, §8º da Lei 9504/97: recurso deverá ser apresentado no


prazo de 24 horas da publicação da decisão em cartório.

Atenção: Entre o pedido de registro e a data marcada para a


proclamação dos eleitos, os prazos eleitorais são contínuos e
peremptórios, correndo normalmente nos finais de semana e feriados.
PROPAGANDA INSTITUCIONAL

 A publicidade institucional está prevista no art. 37, §1º da


Constituição Federal e, obrigatoriamente “terá caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos, ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos”.

 Art. 73, inciso VI, b da Lei 9.504/97: proíbe a realização de


publicidade institucional nos 3 meses que antecedem ao pleito,
salvo em caso de grave e urgente necessidade pública assim
reconhecida (previamente) pela Justiça Eleitoral (TSE. AgR-REspe
nº7.819-85/RJ) e com exceção de produtos e serviços que tenham
concorrência no mercado (ex: serviços bancários).

 Assim, nos três meses que antecedem às eleições, veda-se toda e


qualquer propaganda institucional, independentemente de
verificação do intuito eleitoreiro.
TSE - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 60845
Acórdão de 28/11/2016
Relator(a) Min. Gilmar Ferreira Mendes

1. "Nos três meses que antecedem o pleito, impõe-se a total vedação à


publicidade institucional, independentemente de haver em seu conteúdo caráter
informativo, educativo ou de orientação social (art. 37, § 1º, da CF/88),
ressalvadas as exceções previstas em lei"
2. "A conduta vedada prevista no art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97 fica
configurada independentemente do momento da autorização da publicidade
institucional, desde que tenha sido veiculada dentro dos três meses anteriores ao
pleito"
3. "[...] para a configuração do ilícito previsto no art. 73, VI, b, da Lei nº
9.504/97, é desnecessária a existência de provas de que o chefe do Poder
Executivo municipal tenha autorizado a divulgação da publicidade institucional no
período vedado, uma vez que dela auferiu benefícios, conforme prevê o § 5º do
referido dispositivo legal.
4. Por estar o acórdão regional em harmonia com a jurisprudência do TSE, é
inviável o acolhimento das alegações feitas pelos agravantes para afastar a multa
aplicada, a saber: (i) o material impugnado teria mero caráter informativo; (ii) a
jurisprudência autorizaria a manutenção da publicidade nos três meses anteriores
ao pleito, quando colocada em data anterior ao período vedado; (iii) não haveria
provas da autorização do candidato para afixação das placas.
5. Decisão agravada mantida pelos próprios fundamentos.
 Antes desse período vedado, a publicidade institucional é
permitida, desde que observados os requisitos constitucionais. Os
custos da propaganda institucional são arcados pelos cofres
públicos e, por isso, tal publicidade deve ter por foco o dever de
bem informar a população sobre os atos da Administração Pública.

 No entanto, muitas vezes, ao invés de a propaganda institucional


ter uma finalidade informativa, ela tem sido utilizar para promover
um verdadeiro culto ao Chefe do Executivo e seu governo.

 Tal conduta caracteriza propaganda antecipada disfarçada de


publicidade institucional, sujeitando os responsáveis à
sanção prevista no art. 36, §3º da Lei 9.504/97.

 Exemplos das irregularidades:


1) Louvor exagerado ao Chefe do Executivo;
2) Comparação entre a atual Administração e a anterior
3) Ausência de caráter informativo
TSE
Recurso Especial Eleitoral nº 26081 –NATAL/RN
Acórdão de 05/10/2006
Relator(a) Min. José Augusto Delgado

1. Propaganda feita pelo Poder Executivo Estadual que destoa dos


limites fixados pelo art. 37, § 1º, da CF/88.

2. Louvores em propaganda tida por institucional, mesmo indiretos, à


Chefe do Executivo, considerada pretensa candidata à reeleição,
caracterizam violação à lei.

3. Incompetência da Justiça Eleitoral que se afasta.

4. Acórdão que, analisando os fatos, concluiu ter ocorrido violação ao


art. 36 da Lei nº 9.504/97. Multa aplicada.

5. Decisão que se mantém por reconhecer que os princípios


constitucionais da impessoalidade e da moralidade foram descumpridos,
além da configuração de propaganda eleitoral extemporânea.

6. Recursos especiais não providos.

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