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Índice
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 3
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Introdução
Como explica o prof. Sousa Franco, a expressão finanças públicas, pode utilizar-se em
vários sentidos:
Ø Sentido Orgânico: designando o conjunto de órgãos do Estado ou outro ente
público a quem compete gerir recursos económicos para a satisfação de certas
necessidades;
Ø Sentido Objetivo: designando a atividade através da qual o Estado afeta bens
económicos à satisfação de certas necessidades sociais;
Ø Sentido Subjetivo: designando a disciplina científica que estuda os princípios e
regras que regem a atividade do Estado com o fim de satisfazer as necessidades
que lhe estão confiadas.
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São traços marcantes das finanças liberais, também ditas clássicas e neutras:
Ø A separação entre economia e as finanças;
Ø A abstenção económica por parte do Estado perante o mercado;
Ø A organização da atividade financeira pública de forma a não perturbar a atuação
livre dos sujeitos económicos;
Ø O predomínio da Instituição parlamentar de forma a assegurar que todos os
cidadãos controlam o exercício da atividade económica por parte do Estado,
associada ao princípio da legalidade, a importância primordial do imposto;
Ø Etc.
Política Financeira
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à Eficiência:
É a busca pela eficiência que leva o Estado a interferir na economia, para colmatar as
falhas de mercado, de forma a promover o aproveitamento ótimo dos recursos produtivos.
à Justiça:
Não se conformando com as distribuições feitas pelo mercado, o Estado pode proceder a
uma correção das mesmas (redistribuição de rendimentos), de forma a promover uma afetação
de recursos socialmente mais justa.
O mercado tem as suas próprias regras, as suas próprias leis e, muitas vezes, as decisões
mais eficientes não são as mais justas, por exemplo, o mercado de concorrência perfeita, deixa
de fora todos aqueles que não estão em condições para participar (idosos, crianças,
deficientes), cabe ao Estado suprir essas insuficiências (subsídio de desemprego, de invalidez,
de velhice).
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As externalidades correspondem aos efeitos externos dos comportamentos económicos. Se um comportamento
económico provoca benefícios a terceiros, estamos perante externalidades positivas. Se, pelo contrário, implica
a imposição de custos, estaremos perante externalidades negativas.
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Alguns exemplos de bens públicos: farol, defesa nacional, justiça, polícia. No mercado,
bens com estas características ou não são produzidos ou quando o são, são-no de forma
incipiente.
Pode falar-se, também, na existência de bens públicos impuros/mistos, estes bens
compartilham a característica de terem um custo marginal zero por cada utilização a mais,
mas são suscetíveis de ficar congestionados, à medida que mais pessoas utilizam o bem,
menos utilidade retiram dele os seus utilizadores (estrada, ponte, jardim público, piscina,
praias, bibliotecas).
Os bens públicos puros são sempre produzidos pelo Estado e caracterizam-se então
pela não rivalidade e não exclusão em termos eficientes. Já os bens públicos impuros
podem ser assegurados pelo Estado ou por outras entidades privadas, e são passíveis de
exclusão na medida em que estão limitados ao seu acesso pela capacidade económica da
população. Ex: saúde, educação.
Se estes bens forem produzidos no âmbito da autonomia privada ou social, haverá um
desequilíbrio entre a utilidade daquele que suporta os custos para a produção deste bem
económico no mercado e a utilidade daqueles que beneficiam da produção desse bem. O que
significa que há mais utilidade na sua produção já que os que custearam a produção desse bem
dificilmente podem exigir a quota parte do valor a quem os aproveita.
Para acabar com este desequilíbrio, o Estado intervém, chamando a si a produção desses
bens ou subsidiando-a. O custo dos bens coletivos ou bens públicos será financiado por
todos os membros da comunidade, por meio dos impostos. O quantum que cada um vai ter
de suportar para o financiamento desta despesa publica é indeterminado quando se toma a
decisão pública de produção, vai depender do processo político de repartição da carga fiscal.
à Função de Redistribuição:
O Estado usa os seus instrumentos orçamentais (receitas e despesas públicas) para
promover esse desiderato redistributivo, corrigindo os resultados de repartição primária dos
rendimentos resultantes do funcionamento da economia. Esta função convoca um argumento
que é, em princípio, estranho à economia: o argumento da justiça social.
A teorização em torno da redistribuição e da justiça pode ser encontrada em pensadores
como Dworkin, Rawls e Sen.
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à Função de Estabilização:
A função de estabilização é uma função macroeconómica: pretende explicar como, através
de instrumentos orçamentais ao dispor do Estado (a receita e a despesa públicas), este isenta
suavizar as flutuações da economia.
O PEC é, então, constituído por dois grupos de institutos que configuram, por seu
turno, uma intervenção comunitária de natureza e força jurídica distintas:
Þ A primeira componente do PEC é a denominada vertente preventiva: prevê que
os Estados membros atinjam uma posição de equilíbrio orçamental, criando um
sistema de supervisão multilateral de acordo com o qual os Estados membros
devem apresentar os seus programas de estabilidade e crescimento, neles
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Um dos aspetos crucias no qual assenta, como dissemos, a vertente preventiva do PEC são
os programas de estabilidade e crescimento. As exigências de uniformização colocavam-se,
na versão inicial, nos seguintes planos: estatuto do programa e das medidas previstas (cada
programa deveria indicar o respetivo estatuto no quadro dos procedimentos nacionais,
nomeadamente quanto ao papel dos parlamentos); conteúdo do programa (deveria conter
certos itens fundamentais).
Para além disso exigia-se a apresentação de informação quantitativa em quadros standard.
Adicionalmente ainda, os programas deveriam facultar informação sobre a consistência dos
objetivos orçamentais e das medidas previstas para os alcançar com as especificações sobre a
política económica em sentido amplo, bem como sobre as medidas destinadas a melhorar a
qualidade das finanças públicas e a alcançar a respetiva sustentabilidade de longo prazo.
As vicissitudes do PEC
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O sistema fiscal português, baseado ainda hoje na importante reforma levada a cabo em
1989, foi-se tornando, em virtude das sucessivas e recorrentes alterações introduzidas na
legislação fiscal, num sistema confuso e sincrético, gerador de instabilidade e
imprevisibilidade, afetando, pois, negativamente, a atividade económica, o investimento e o
ambiente dos negócios.
O sistema fiscal é complexo, prossegue múltiplas funções, concretizadas por três grupos
de normas:
Ø As normas com finalidades fiscais: elas têm como finalidade a arrecadação de
receitas, constituem o maior e mais relevante grupo de normas de Direito Fiscal e
inserem-se no tipo sistemático. As normas com finalidade fiscal repartem a carga
fiscal entre o universo de contribuintes, com base no princípio da igualdade ou da
capacidade contributiva.
Ø As normas com finalidades sociais: trata-se de normas cujas finalidades fiscais
não são predominantes, mas prosseguem outras finalidades públicas, sejam
políticas, económicas, culturais, ambientais (normas extrafiscais). Podem
constituir benefícios fiscais e até agravamentos fiscais se o comportamento adotado
pelo contribuinte não for o pretendido (comportamento poluente). Os benefícios
fiscais podem ser normas de orientação da economia (isenções ao investimento de
natureza contratual) ou normas de redistribuição (deduções à coleta de juros com a
aquisição de habitação própria).
Ø As normas procedimentais e processuais e normas com finalidades de
simplificação na aplicação da lei: as primeiras disciplinam a relação jurídica
tributária e o contencioso tributário, e as últimas são regulamentos ou orientações
genéricas que concretizam conceitos legais vagos e indeterminados e clarificam a
aplicação da lei fiscal.
O artigo 103/1 da CRP refere-se ao sistema fiscal português como visando a satisfação das
necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas e uma repartição justa dos
rendimentos e da riqueza. O sistema fiscal a que se refere o artigo 103/1 deve ser entendido
como o conjunto dos impostos disciplinados pelo ordenamento jurídico português. Na
verdade, os restantes números do artigo 103 tratam apenas dos impostos e não de outros
tributos.
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Além disso, o artigo 165/1 alínea i) da CRP submete a reserva relativa de competência
legislativa da AR a criação de impostos e sistema fiscal, por um lado, e o regime geral das
taxas e demais contribuições financeiras a favor das entidades públicas, por outro lado. O
Sistema fiscal no artigo 165/1 alínea i) é entendido novamente como sistema de impostos
(conjunto de impostos e regras aplicáveis a todos os impostos), por contraposição à segunda
parte dessa alínea, que se refere a um regime geral das taxas e de outras contribuições
financeiras.
O artigo 103/1da CRP, ao mencionar o sistema fiscal, identifica um dos aspetos essenciais
do conceito clássico de imposto: a finalidade de satisfação das necessidades financeiras. Não
é necessário que cada imposto prossiga uma finalidade financeira, essa finalidade predomina
no sistema fiscal no seu conjunto. O sistema fiscal, neste sentido, é um pressuposto do Estado
de Direito.
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Receitas Públicas
Entende-se por receita pública qualquer recurso obtido durante um determinado período,
mediante o qual o sujeito público pode satisfazer as despesas públicas que estão a seu cargo.
Existem, essencialmente, três modalidades de receitas públicas, atendendo à fonte de
onde promanam: receitas patrimoniais, receitas tributárias e receitas creditícias.
Þ Receitas Patrimoniais:
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Þ Receitas Tributárias:
Os tributos podem ser divididos em três grandes categorias: a categoria dos impostos, a
categoria das taxas e a categoria das contribuições especiais. Qualquer destas 3 categorias
visa, em regra, assegurar a satisfação das necessidades financeiras do Estado e de outras
entidades públicas, finalidade essa que corresponde à função ou definição clássica dos
tributos.
Todavia, desde meados do século XX, juntaram-se outras finalidades, ligadas à orientação
de comportamentos, nomeadamente, a da prossecução de fins ambientais (ex: os tributos sobre
empresas desenvolvendo atividades poluentes) e de alteração de comportamentos individuais
com ou sem externalidades negativas.
Ø Impostos:
O pressuposto deste tributo é alheio à relação entre o sujeito passivo e a administração,
encontrando-se, antes, nos rendimentos, no património, no consumo, etc., ou seja, em factos
reveladores da riqueza (da capacidade contributiva); a ideia de cobrança de impostos toma
como ponto de partida que se todos beneficiam da atividade financeira do Estado, então todos
devem contribuir para essa atividade.
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O núcleo essencial do IRC é composto por desagravamentos que são, na sua maioria, de
natureza subjetiva, porque existem entidades que exercem atividades de natureza não
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comercial, que, por sua vez, devem ser excluídas da regra geral de tributação do lucro, baseado
no resultado líquido de exercício.
O artigo 104/2 da CRP faz referência à tributação das empresas, a qual deve incidir
fundamentalmente, sobre o seu rendimento real.
Os impostos sobre o rendimento dos Estados da OCDE assentam sobre a tributação dos
rendimentos obtidos no território e, especialmente no caso das pessoas singulares, do
rendimento universal dos residentes (no caso das pessoas coletivas, o imposto incide
frequentemente apenas sobre o rendimento obtido em território nacional, de que é exemplo o
nosso Código de imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (CIRC).
Dada a mobilidade atual dos fatores de produção, em especial do capital, tem havido
estudos propondo a substituição do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas baseado
na tributação do lucro, por um imposto no destino dos bens ou serviços (baseado na
localização dos consumidores). Estas propostas têm como objetivo ultrapassar uma maior
perda de receitas neste imposto, em resultado da livre circulação de capitais trazida pela
globalização. A mobilidade dos fatores tem colocado em crise não só o imposto sobre o
rendimento das pessoas coletivas, mas também a tributação dos rendimentos de capitais das
pessoas singulares. Avultados montantes de rendimentos de capitais têm sido colocados, nas
últimas décadas, em territórios de baixa ou nula tributação, designados de paraísos fiscais,
porque não fornecem informações aos Estados de residência dos sujeitos que aí colocam as
suas poupanças.
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Os impostos gerais sobre o consumo, como o IVA, são considerados menos justos que os
impostos sobre o rendimento, porque incidem sobre todos os sujeitos na mesma medida,
independentemente da capacidade económica de cada um. Mas são considerados mais neutros
para o funcionamento da economia, porque implicam menos distorções, nas opções acessíveis
aos contribuintes.
Equipara-se, para este efeito, consumo e rendimento, no sentido em que o consumo
implica rendimento auferido, o imposto geral sobre o consumo implica menos distorções na
opção entre os diferentes bens de consumo; entre o consumo presente e o consumo futuro;
entre o tempo livre e os bens de consumo.
Ainda assim, o artigo 104/4 CRP faz referência a uma função redistributiva dos impostos
sobre o consumo.
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Ø Taxas:
Constituem tributos bilaterais ou sinalagmáticos, no sentido de que o seu pagamento
pressupõe uma determinada contrapartida específica, tendencialmente direta e imediata. As
taxas podem ser cobradas, fundamentalmente, numa de três situações:
o Pela utilização de bens de domínio público;
o Pela obtenção de um serviço público; ou
o Pela remoção de um obstáculo jurídico ao exercício da atividade
privada.
O pressuposto deste tributo é, assim, uma prestação administrativa de que o sujeito passivo
seja efetivo causador ou beneficiário, sendo que a sua finalidade consiste na compensação
dessa mesma prestação; entre a taxa e a contraprestação deve ser estabelecida uma relação de
proporcionalidade, as taxas baseiam-se no princípio do benefício.
Esta ideia de contrapartida exige que o bem utilizado ou serviço prestado seja
individualizável. Além disso, o controlo constitucional da sinalagmaticidade implica que o
bem, serviço ou remoção do obstáculo seja presente e não futuro; e que o tributo não ultrapasse
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a cobertura dos custos. Se o montante do tributo exceder a cobertura dos custos, o montante
em excesso é um imposto oculto.
Só este conceito de taxa permite a defesa do contribuinte perante a criação destes tributos,
a não ser que a criação das taxas esteja sujeita a reserva de lei. O artigo 165/1 alínea i) CRP
exige a criação por lei de um regime geral de taxas, e não de cada taxa.
Ø Contribuições financeiras:
Constituem uma categoria autónoma de tributo, ainda que fiquem a meio caminho entre
as taxas e os impostos: o que as diferencia dos impostos é o facto de, nelas, haver lugar a uma
contraprestação, sendo que o que as diferencia das taxas é o facto de a prestação ter uma
natureza difusa (ela pode, ou não, verificar-se no tempo). Ex: contribuições para a segurança
social.
O pressuposto deste tributo é uma prestação administrativa presumivelmente provocada
ou aproveitada pelo sujeito passivo e têm ainda uma finalidade compensatória, que deve ser
confirmada pelo destino da receita cobrada.
Tal como os impostos, são de natureza obrigatória e de carácter corrente, mas
diferenciam-se dos impostos na medida em que têm como contrapartida uma prestação social
futura em favor do respetivo contribuinte. Tal como as taxas, estas estão associadas a uma
contraprestação; só que ao contrário do que nestas sucede, nas contribuições as prestações não
têm correspondência com o custo do bem em causa.
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A dívida pública é a dívida do Estado, sendo que, como qualquer dívida, traduz um
compromisso financeiro ou um conjunto de compromissos financeiros, vencíveis num
determinado prazo. Concorrem para a dívida pública, não apenas a dívida do Estado, mas
também a dívida das administrações infra estaduais.
O recurso ao crédito, por sua vez, é explicado ou pela existência de défice orçamental, ou
pela existência de um stock prévio de dívida acumulado. Assim, pode dizer-se que o défice
pré-determina e influencia o valor da dívida pública.
A existência de dívida pública condiciona o desempenho orçamental, na medida em que a
sua existência envolve o pagamento de juros, despesa corrente, que concorre para o saldo
global.
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Pode ainda ser vista como uma dívida acessória, porque não constituí divida direta do
Estado.
É também uma dívida condicional e subsidiária: o Estado só a assume verdadeiramente
como sua se e quando esta não for paga pelo devedor principal. O regime jurídico da dívida
acessória consta de dois textos fundamentais: art. 161 alínea h) CRP e Lei nº 112/97 de 16 de
setembro, que aprovou o regime das garantias pessoais do Estado.
Nos termos do art. 7 da Lei, as garantias pessoais abrangem não apenas os avales, mas
também as fianças. Esta previsão legal aconselha uma interpretação extensiva e atualista da
própria Constituição: onde se mencionam os avales, devem entender-se de um modo geral as
garantias pessoais do Estado.
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O processo de emissão da dívida pública é regulado pela Constituição e pela LEO e pela
lei ordinária (Lei nº 7/98, de 3 de fevereiro).
Apresentando o processo com base nos seus agentes e respetivas competências temos:
A AR surge-nos como um dos principais agentes, uma vez que, lhe cabe nos termos do art.
4/1 da lei nº 7/98 conjugado com o art. 161 alínea h) da CRP definir as condições gerais dos
empréstimos a emitir e o montante máximo de endividamento, na lei do Orçamento de Estado,
como indica o art. 31 alíneas e) a g) da LEO. Para além disto, cabe à AR conceder autorizações
parlamentares ao Governo, de forma a que este possa legislar sobre estas matérias, como constata
o art. 161 alínea h) da CRP. Deduz-se do art. 31 da LEO que esta autorização deve contar na Lei
do Orçamento de Estado, sendo por isso, anual.
O Governo, nos termos do art. 161 alínea g) da CRP, é titular da competência de apresentar a
proposta de lei para a lei do Orçamento de Estado, onde surge a divida pública e, nos termos da
alínea h) do mesmo artigo conjugada com o art. 5/2 da lei 7/98, mediante autorização parlamentar,
praticar os atos da competência da AR, conceder empréstimos, e realizar outras operações desde
que não sejam de dívida flutuante. Por acréscimo, nos termos do art. 13 da lei 7/98 e também
mediante autorização parlamentar, pode ainda realizar operações de gestão da dívida pública,
através do Ministro das Finanças que ganha aqui maior destaque que os outros ministros.
Finalmente, também através do Ministro das Finanças, o Governo tem competência para
estabelecer orientações específicas a observar pelo IGCP, como prevê o art. 5/2 da lei 7/98.
O Conselho de Ministros tem a competência de definir as condições complementares, como
explanado no art. 5/1 da lei 7/98, após a definição das condições gerais pela AR.
E, por último, cabe à Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, EPE,
regulada pelo DL nº 200/2012, de 27 de agosto, a definição das condições específicas relativas
aos empréstimos a contrair. O IGCP é hoje, para além disso, a entidade responsável pela gestão
normal da dívida.
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Esta dívida é calculada de forma consolidada, isto é, excluindo as dívidas de entidades das
administrações públicas que sejam detidas por outras entidades das administrações públicas.
O limite estabelecido pelo Tratado de Funcionamento da UE é de 60% do PIB.
Fixação por lei da AR do limite máximo de garantias a conceder ao Governo (art. 161
alínea h)), sendo essa lei, por força do disposto no art. 31 da LEO, a lei orçamental e apenas
esta.
O pedido é dirigido ao Ministro das Finanças, pela entidade solicitante do crédito ou pela
beneficiária da operação financeira. O pedido deve ser devidamente instruído, mediante
apresentação de um conjunto de documentos que atestem não apenas ao cumprimento do
requisito fundamental à concessão da garantia. Verificação de um manifesto interesse para a
economia nacional – Art. 8 da Lei + cumprimento das condições suplementares previstas no
art. 9. Elaboração de pareceres que sejam eventualmente solicitados em apoio à decisão
governamental. Decisão final, pelo Ministro das Finanças, através de despacho, no qual de
forma fundamentada se demonstre que o projeto reúne as condições legais e é de manifesto
interesse para a economia nacional- art. 15.
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Ø Bilhetes do Tesouro (BT) – são valores mobiliários de curto prazo com um valor
unitário de um euro, podendo ser emitidos com um prazo até um ano, colocados a
desconto através de leilões ou subscrição limitada e reembolsáveis no vencimento
pelo seu valor nominal.
Ø Certificados de Aforro – são instrumentos de dívida com o objetivo de captar a
poupança das famílias. Têm como característica principal o de serem distribuídos
a retalho, isto é, serem colocados diretamente junto dos aforrados e terem
montantes mínimos de subscrição reduzidos. Os certificados de aforro só podem
ser emitidos a favor de particulares e não são transmissíveis, exceto em caso de
falecimento do titular.
Despesas Públicas
Caracterização e Modalidades
Despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para custear
os serviços públicos (despesas correntes – não alteram o património duradouro do Estado,
ex., pagamento de salários) prestados à sociedade, ou para a realização de investimentos
(despesas de capital – alteram o património duradouro do Estado; ex: amortização de um
empréstimo).
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Pode entender-se por setor público todas as entidades controladas pelo poder político.
Neste caso, tem-se uma definição abrangente que inclui não só a totalidade das administrações
públicas, como a totalidade do setor empresarial de capitais total ou maioritariamente
públicos.
Assim, para além dos subsetores das administrações públicas (central, regional, local e
segurança social), inclui-se entre outras, o setor publico empresarial, que integra as empresas
publicas, as empresas municipais, as sociedades anónimas de capitais exclusiva ou
maioritariamente públicos.
O setor publico, para efeitos de direito financeiro, é caracterizado pela existência de dois
grandes setores. No setor publico distinguimos o setor publico administrativo e o setor
Empresarial do Estado
à Contabilidade Pública:
Ø Baseia-se em critérios de natureza jurídico-institucional e encontra-se regulada
pela Lei nº 8/90, de 20 de fevereiro, que aprovou as bases da contabilidade publica
e pelo Decreto-Lei no 155/92, de 28 de julho, que aprovou o regime da
administração financeira do Estado.
Ø O registo é feito de acordo com o POCP (Plano Oficial de Contabilidade Pública),
cujo regime consta do Decreto-Lei nº 232/97, de 3 de setembro.
Ø A ótica da contabilidade pública é, essencialmente uma ótica histórica, que se faz
no respeito pela estrutura e organização convencionais da administração pública
portuguesa.
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à Contabilidade Nacional:
Ø Baseia-se em critérios de natureza económica.
Ø O seu regime fundamental é de origem comunitária (SEC95) e é bastante mais
recente do que a contabilidade pública.
Ø A contabilidade nacional é assumidamente uma contabilidade de compromissos,
nesta medida, registam-se receitas e despesas atendendo ao momento do seu
surgimento do ponto de vista jurídico.
Ø A contabilidade nacional é de interesse sobretudo externo: os seus destinatários são
as instituições comunitárias competentes (Comissão Europeia e Eurostat),
responsáveis pela monotorização e avaliação das finanças publicas dos Estados
membros e pela validação da informação contabilística por estes veiculada.
Ø A contabilidade nacional é, pois, um instrumento fundamental de uniformização
da informação contabilística produzida e prestada pelos Estados Membros que
procura prevenir situações de discricionariedade contabilística e garantir uma
comparabilidade fidedigna, não apenas da situação orçamental dos Estados
membros entre si, mas também da evolução verificada, ao longo do tempo em cada
Estado membro.
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De acordo com esta definição uma unidade institucional é um centro elementar de decisão
económica, caracterizando-se pela unidade de comportamento e pela autonomia do exercício
da sua função principal. Neste sentido, uma unidade residente constituirá uma unidade
institucional quando gozar de autonomia de decisão no exercício da sua função principal,
quando dispuser de uma contabilidade completa ou quando for possível, se tal for necessário,
tanto de um ponto de vista económico como jurídico, elaborar uma contabilidade completa.
Dizer-se que uma unidade goza de autonomia de decisão no exercício da sua função
principal significa que a mesma:
Ø Tem direito a ser proprietária de bens ou ativos e poderá, por conseguinte
transacionar a propriedade dos bens ou ativos em operações com outras unidades
institucionais.
Ø Tem capacidade para tomar decisões económicas e realizar atividades económicas
pelas quais é diretamente responsável perante a lei.
Ø Tem capacidade para contrair passivos em seu próprio nome, aceitar obrigações ou
compromissos futuros e celebrar contratos.
Por outro lado, a ideia que a unidade dispõe de contabilidade completa traduz-se na
circunstância de a mesma dispor de documentos contabilísticos que reflitam a totalidade das
suas operações económicas e financeiras efetuadas no decurso do período de referência das
contas e de um balanço dos seus ativos e passivos.
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As unidades institucionais que são produtores mercantis são classificadas nos setores
sociedades não financeiras, sociedades financeiras ou famílias. As unidades institucionais que
são produtores privados para utilização final própria são classificados no setor famílias,
juntamente com as empresas não constituídas em sociedade detidas pelas famílias. As
unidades institucionais que são outros produtores não mercantis são classificadas no setor da
administração pública ou das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias.
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Por outro lado, a produção destinada a utilização final própria consiste nos bens ou
serviços que são retidos para consumo final pela mesma unidade institucional ou para
formação bruta de capital fixo pela mesma unidade institucional.
Por fim, a outra produção não mercantil abrange a produção que é fornecida gratuitamente,
ou a preços que não são economicamente significativos, a outras unidades.
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défices, mas quaisquer excedentes que se realizem não podem passar para a posse de outras
unidades institucionais.
Os orçamentos das empresas públicas não figuram no Orçamento de Estado, tal como não
figuram os orçamentos das Regiões Autónomas e das Autarquias Locais. Todavia, as regras
do SEC 95 intentam capturar os encargos financeiros associados a transferências financeiras
entre as administrações públicas e setor empresarial local, mormente através da consolidação
de contas. Significa isto que a contabilização de receitas e despesas deverá fazer-se, não
apenas através de valores brutos de transferências, mas também através de valores líquidos
dessas mesmas transferências (valores consolidados).
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A consolidação permite, assim, olhando, por exemplo, para o sector Estado, verificar quais
as receitas públicas que advém da sua relação direta com a economia e quais as receitas que
resultam das intermediações com outros sectores públicos e privados de que o Estado recebe
transferências. De igual modo, e no que toca à despesa, a consolidação permite verificar quais
as despesas realizadas diretamente com a economia e quais as que supõem uma intermediação
de outros sectores, para os quais o Estado realiza transferências.
Não obstante estas preocupações, a imaginação humana é fértil e tem sido sempre possível
tornear as exigências legais: proliferam práticas na administração pública, a que popularmente
se vem denominando de “engenharia financeira”, “contabilidade criativa”, etc... Daí que, nem
as exigentes e apertadas regras da União Europeia, tenham impedido situações de mentira
orçamental e contabilística, como as que se verificaram, durante anos, na Grécia.
Portugal não escapou, infelizmente, a essa voragem criativa, que tornou opacas, para não
dizer desconhecidas, as situações financeiras de muitas empresas nacionais, regionais e
municipais, com isso contribuindo para um enviesado da situação financeira real de todo o
sector público.
Assim, umas das preocupações centrais do Memorando de Entendimento foi precisamente
“melhorar o atual reporte mensal da execução orçamental, em base de caixa para as
Administrações Públicas, incluindo em base consolidada”.
Mas, para além dos mecanismos de consolidação de contas, existe uma outra forma de
capturar a realidade orçamental de certas entidades empresariais, consistindo, essa forma, na
reclassificação de entidades empresariais. Consideram-se entidades públicas reclassificadas
as que, independentemente da sua natureza e forma, foram incluídas no sector público
administrativo no âmbito do SEC 95. Isto porque o SEC 95 baseia-se numa ótica económica
que integra, nas administrações públicas, as instituições controladas pelo Estado, seja qual for
a sua natureza, desde que não-mercantis. Considerando-se, por seu turno, não mercantil, a
entidade que não vende a sua produção a preços economicamente significativos, de tal modo
que a principal fonte de financiamento não é a receita associada a um preço, tarifa ou taxa
pelos bens e serviços que presta, engloba-se neste domínio, aquelas que têm receitas próprias
de valor inferior a 50% dos seus custos de produção.
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As preocupações com as Parceiras Público-Privadas têm que ver com a questão central do
enquadramento contabilístico das PPP, justamente pela hibridez de uma parceria que supõe,
necessariamente, uma intervenção ou financiamento público e uma gestão privada, e cuja
partilha de riscos e envolvimento financeiro nem sempre é assumida da forma mais clara ou
transparente.
Como era referido pelo FMI (2004), inexiste um modelo uniforme e compreensivo de
reporte e contabilidade das PPP. Esta influência contribui claramente para que as PPP sejam
usadas para contornar os controlos financeiros a que o sector público está adstrito, bem como
para retirar o investimento público e dívida associada do balanço do Estado.
Para além disso, as garantias que o Estado geralmente concede, nas PPP, ao financiamento
privado, acabam por expô-lo a custos ocultos ou implícitos mais elevados do que os
resultantes do financiamento público tradicional. A existência de um modelo,
internacionalmente aceite, de reporte e contabilidade contribuiria certamente para promover
uma maior transparência na celebração de PPP e para um acrescido escrutínio público.
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memória descritiva das razões que justificam o recurso a parcerias dos sectores públicos e
privados, face a um programa alternativo elaborado nos termos do art. 19/2 (alínea c) art. 37/1
LEO).
Mas ainda se vai mais longe: dispõe a alínea l) do no1 do artigo 31 da LEO, que do
articulado da Lei do Orçamento do Estado conste “a determinação do limite máximo de
eventuais compromissos a assumir com contratos de prestação de serviços em regime de
financiamento privado ou outra forma de parceria dos sectores privado e público”. Ora, ao
condicionar o conteúdo da lei do Orçamento, apontando que aí se deve prever um limite
máximo de compromissos com as PPP, a LEO pré-anuncia uma verdadeira limitação de ordem
substantiva.
Para além destas limitações constantes na LEO, cumpre mencionar a concretização de uma
cláusula “gateway” no diploma regulador das PPP, nos termos da qual “a qualquer momento
pode pôr-se termo ao procedimento em curso relativo à constituição da parceria, sem direito
a qualquer indeminização, sempre que, de acordo com a apreciação dos objetivos a prosseguir,
os resultados das análises e avaliações realizadas até então ou os resultados das negociações
levadas a cabo com os concorrentes não correspondem, em termos satisfatórios, aos fins de
interesse público subjacente à constituição da parceria, incluindo a respetiva comportabilidade
de encargos globais estimados” (art. 18/3).
Do ponto de vista teórico, a descentralização financeira tem que ver com a definição de
um quadro analítico que sirva para formatar e explicar, através de premissas claras e regulares,
as relações financeiras entabuladas (na prática) entre níveis diferenciados de decisão. A
multiplicidade de soluções existentes nos mais diversos países não invalida a procura,
conceitual, de um quadro de regularidade, até onde essa regularidade exista e até onde ela seja
possível. Consideramos, essencialmente, três níveis: o superior, intermédio e inferior de
decisão.
O federalismo financeiro manifesta-se independentemente da natureza do Estado e da sua
organização político-administrativa. A descentralização financeira também não é confundível
com a descentralização política.
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Ela reduz-se, hoje, à autonomia orçamental e patrimonial, e mesmo, quando a estas, com
sucessivas restrições. A autonomia orçamental tem vindo a ser cada vez mais limitada por
regras e exigências atinentes à execução orçamental. A autonomia patrimonial está hoje,
também, fortemente condicionada, já que diversos atos de gestão estão igualmente
restringidos em termos quantitativos e ainda dependentes das autorização do Ministro das
Finanças.
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Orçamento do Estado
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é no OE que está definido o endividamento que estes podem contrair; é também este
instrumento que controla as transferências a operar para esses subsetores.
O OE assume cada vez menos um papel passivo ou complacente com todas as situações
de endividamento- no perímetro das administrações públicas, ainda que aparentemente fora
do controlo orçamental interno- que o deixem ficar mal perante as instituições União
Europeia, responsáveis de controlo dos défices excessivos.
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Por ser composta por serviços integrados e serviços e fundos autónomos, encontramos o
seu orçamento global disperso pelo OE. As receitas e despesas correspondentes aos serviços
dotados de mera autonomia administrativa da Segurança Social estão previstas nos mapas
correspondentes aos serviços integrados. No Orçamento da Segurança Social estão previstas
quase exclusivamente as receitas e despesas dos serviços e fundos autónomos da Segurança
Social.
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Tem a ver com o esforço de olhar para Passa pela integração de todos os
todos os orçamentos do setor público orçamentos num único documento.
administrativo conseguindo ter uma
visão global.
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Orçamento, isso não impediria ulteriores alterações orçamentais (feitas pelas entidades
competentes a nível local ou regional) as quais necessariamente desvirtuariam o equilíbrio já
encontrado.
Isto significa que, para ser cumprido o princípio da solidariedade recíproca, têm de se
comparar os esforços financeiros feitos por cada um dos subsetores para o princípio da
estabilidade orçamental, de forma a que nenhum deles seja sobrecarregado excessivamente,
de forma desmesurada ou arbitrária.
No entanto, isto não significa que, em relação à questão do endividamento regional que
tomamos como exemplo, fique completamente afastada a hipótese de imposição de
endividamento zero para as regiões autónomas, em sede de orçamento do Estado. Porém, mais
uma vez, essa limitação tem de ser articulada com as limitações impostas aos demais
subsetores. Como afirma o próprio Tribunal, se houvesse uma declaração em abstrato dessa
impossibilidade de fixação em zero do limite de endividamento, e tendo em conta que o
objetivo de longo prazo da estabilidade orçamental é o défice zero, tal equivaleria à afirmação,
pelo TC, que imporia aos restantes níveis de administração (central e local) a exigência de um
superavit efetivo, o qual violaria esta ideia de contribuição proporcional para o esforço da
estabilidade financeira.
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Esta perspetiva plurianual deve ser assumida, antes de mais, por meio da elaboração de
um quadro plurianual de despesa. Deve ser concretizada, igualmente, pela previsão dos
impactos futuros das despesas e receitas públicas, a qual deve constar, tanto do relatório,
quanto dos elementos informativos que acompanham a proposta de OE, para que, no momento
de discussão e aprovação, possam ser tomados em consideração pela AR.
Este princípio obriga, portanto, a uma ponderação de receitas e despesas, tendo em vista o
estabelecimento de um equilíbrio, entre o que se gasta no presente e os gastos que se assumem
para o futuro.
Não onerar excessivamente a geração presente (com despesas que trazem riqueza futura
e cujo custo pode ser suportado ao longo do tempo), nem a geração futura (colocando-lhe
aos ombros para pagar uma parte substancial das despesas que tenham beneficiado a geração
anterior.
Implicará a invalidação das despesas, caso haja uma evidência de que elas não se
encontram adequadamente distribuídas no tempo, de acordo com um critério de evidência.
Ex:
Þ Realização de uma despesa pública quando ela implica défice ou dívida pública
para além dos limites previstos.
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O legislador, cada vez mais, tem aderido a uma lógica de programação plurianual. O
princípio da anualidade deve conjugar-se, assim, com uma ideia de plurianualidade cada vez
mais abrangente. Deste modo, de acordo com a LEO de 2015, as receitas e despesas devem
estar integradas numa programação plurianual. Esta programação plurianual é obrigatória em
relação a todas as despesas, desde 2011.
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LEO de 2015: a programação plurianual passa a estar incluída na Lei das Grandes Opções
- esta lei passa a conter a identificação e o planeamento das opções de política económica e a
programação orçamental plurianual.
Os limites de despesa total e os limites de despesa para cada missão de base orgânica
vinculam no ano inicial (o de início da legislatura) e no ano seguinte, sendo indicativos nos
restantes anos da legislatura.
A Lei das Grandes Opções deve ser apresentada anualmente até ao dia 15 de abril.
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dispêndio público, referido no art. 81/1 alínea c) CRP e do dever de racionalização de meios
públicos, prescrito no art. 267/5 CRP.
Þ Controlo da Eficiência: procura medir a relação entre os gastos (inputs) e os
resultados atingidos (outputs). Supõe a comparação entre os custos orçamentados
e os resultados atingidos, numa procura pela solução que maximize os resultados.
Þ Controlo da Eficácia: relacionado com o cumprimento dos objetivos inicialmente
definidos. Supõe a definição prévia destes objetivos claros, através de, por
exemplo, da elaboração de um programa estruturado e desagregado por anos e da
instituição de um sistema de informação financeira e técnica de controlo.
Comparam-se os resultados com os objetivos fixados pela programação orçamental
da despesa ou pela lei, para saber se foram ou não atingidos.
Þ Controlo da Economia: realizam-se comparações internas e externas (recorrendo-
se à técnica de benchmarking) ou recorre-se à análise da previsão de custos
inicialmente estabelecida, comparando-a com os custos efetivos.
Exemplos de comparações:
® Custo contratado VS custo de mercado
® Custo final VS custo previsto
® Custo total de uma estrutura VS custo de uma estrutura
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A publicidade obriga, também, a uma explicação mais cabal daquilo que é consentido no
OE. Essa obrigação de publicidade é assegurada de forma muito relevante pela Direção-Geral
do Orçamento que, no seu site, disponibiliza toda a informação sobre propostas orçamentais,
leis do Orçamento e execução orçamental e tem conduzido ao desenvolvimento do Orçamento
do Cidadão, apresentando informação de forma acessível e objetiva, para que todos possam
compreender os termos do OE.
Este princípio obriga, para além disto, ao dever de prestação de informação, quer perante
o Ministro das Finanças (para garantir o cumprimento dos objetivos orçamentais), quer
perante a AR (para o efeito de controlo político da execução do Orçamento). – art. 74 e 75
LEO de 2015.
Processo Orçamental
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A votação da proposta realiza-se no prazo de 45 dias após a sua admissão pela AR.
O Plenário discute e vota na generalidade a proposta de lei, decorrendo a discussão e a votação
na Comissão do Orçamento e Finanças, tendo por objeto o articulado e os mapas orçamentais.
O plenário da AR pode sempre avocar para votação outras matérias compreendidas na fase de
discussão e votação na especialidade.
A AR pode realizar, se assim o entender, no âmbito do exame e da discussão orçamental
audições ou convocar entidades que não estejam submetidas ao poder de direção do governo
e cujo depoimento considere relevante para o esclarecimento da matéria apreciada.
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Norma Travão
À primeira vista, não parecem existir quaisquer limites constitucionais ou legais para o
exercício da emenda parlamentar, em qualquer momento da vida do OE.
Todavia, tem-se considerado que a iniciativa superveniente dos deputados ou dos grupos
parlamentares conhece maiores limitações quando ela incide sobre uma proposta de alteração
orçamental, do que quando ela respeita à proposta inicial.
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Cavaleiros Orçamentais
A natureza calendarizada da LOE explica, em grande medida, a sua utilização para fazer
aprovar, por vezes, normas sem direta nem indireta, incidência materialmente orçamental. Ao
fazer-se incluir uma determinada matéria na lei de Orçamento pretende-se, normalmente,
beneficiar da certeza de que essa lei será aprovada num prazo reduzido, que entrará em vigor
numa data certa e que, no momento da sua discussão e aprovação, as tentações andarão,
previsivelmente arredadas das normas que aí, mais ou menos subtilmente, se infiltram.
No plano doutrinário, o tema tem sido tratado por diversos autores (Blanco Morais, Sousa
Franco, Jorge Miranda), a propósito dos cavaleiros de lei reforçada. Está em causa,
fundamentalmente, a contraposição entre a tese de inconstitucionalidade e a tese da sua
irrelevância jurídica. À luz desta última, os cavaleiros de lei reforçada e, nomeadamente os
cavaleiros orçamentais, não são inconstitucionais, precisamente por não beneficiarem do
regime jurídico orçamental, logo não interferindo na repartição de competências definida pela
Constituição.
Ou seja, as matérias não orçamentais incluídas no orçamento não são contaminadas
por essa especial natureza orçamental: assim, não beneficiam das regras especiais de
aprovação e de caducidade, previstas na Constituição para a lei de OE, nem sofrem de
nenhuma especial blindagem no que diz respeito à repartição de competências, quer quanto à
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O art.107 da CRP diz o seguinte “A execução do Orçamento será fiscalizada pelo Tribunal
de Contas e pela Assembleia da República, que, precedendo parecer daquele Tribunal,
apreciará e aprovará a Conta Geral do Estado, incluindo a da Segurança Social”.
Devemos admitir que existem três tipos de fiscalização: política, administrativa e
jurisdicional.
Fiscalização Política
Para além destes dois controlos a Assembleia exerce, ainda, uma fiscalização ex ante, já
que, ao votar o Orçamento do Estado, a Assembleia da República exerce uma primeira
fiscalização.
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Fiscalização Administrativa
Fiscalização Jurisdicional
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Tribunal de Contas
É o interesse público na boa administração dos recursos públicos que justifica a existência
de uma instituição como o Tribunal de Contas e que justifica a sujeição à respetiva jurisdição
por parte de determinadas entidades. É o facto de determinada entidade beneficiar, ou de
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alguma forma se servir, de recursos que pertencem, em última instância, à generalidade dos
cidadãos que dá fundamento à existência- e que condiciona os limites da jurisdição- do
Tribunal de Contas.
A preocupação com a boa gestão dos dinheiros públicos tem, desde sempre, orientado o
percurso do Tribunal de Contas.
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Segundo PAZ FERREIRA, a responsabilidade financeira deve ser encarada como uma
contrapartida natural em relação ao controlo de cumprimento dos deveres fiscais dos
contribuintes: “Se o Estado tem o dever de exigir dos contribuintes um comportamento correto
e de penalizar infrações fiscais, estes têm o direito a exigir do Estado que ponha de pé
mecanismos adequados a controlar a utilização dos dinheiros públicos e a atuação dos agentes
da decisão financeira, bem como a sua efetiva responsabilização”.
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A culpa é pessoal (solidária ou subsidiária) e não recai sobre órgãos ou serviços. Tal
significa que um órgão colegial não pode ser condenado em bloco à reposição das verbas
pagas indevidamente.
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