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Conceito de Finanças públicas

Conceito, objectivos, objecto e diferenças entre finanças públicas e privadas


Que são finanças de uma empresa?
Muitos sem precisar de pensar, respondem que são os seus meios financeiros. Pela sua origem,
finanças - são relações monetárias.
Todavia, nem todas relações monetárias são financeiras. Relações monetárias transformam-se em
financeiras, quando o fluxo (movimentação) monetário adquire autonomia: Como resultado da
produção de bens/serviços e a sua posterior realização conseguem obter rendimentos monetários
(recursos financeiros).
Finanças - São meios e instrumentos financeiros, que são os valores monetários, em espécie e os
créditos adquiridos e aplicados na compra de bens/ serviços ou como reserva de valor para o
alcance de um certo fim.
Portanto, a ciência das Finanças estuda a actividade financeira, isto é, o conjunto das relações
financeiras ligadas á formação, aplicação e o controle dos meios financeiros com o objectivo de
alcançar um determinado objectivo.
O que são Finanças Públicas?
Finanças Públicas, são as actividades económicas através do qual o estado ou outro ente público
afecta bens económicos para a satisfação de certas necessidades sociais.
Quando surgem as Finanças Públicas?
As Finanças Públicas, surgem como consequência da incapacidade do mercado em prover bens e
serviços para a satisfação das necessidades colectivas. Entende-se como necessidade colectiva as
carências comuns sentidas por uma colectividade. O exemplo disso são a falta de estradas para a
circulação de pessoas e bens, a falta de Escolas Públicas onde as crianças possam estudar, a falta
de protecção dos Cidadãos. A função de prover bens e serviços públicos é exclusiva do estado.
Por quê da existência de Finanças Públicas?
As Finanças Públicas surgem como necessidade de gestão de coisa pública, porque o estado
emprega dinheiro para realizar as suas actividades.
A Actividade Financeira Pública, para poder ser desenvolvida supõe que se tenham tomado
decisões financeiras e que exista um substracto organizacional e humano que não só as haja
preparar como as vá executar.
Mas, para que a actividade financeira possa ter um conteúdo tangível, è ainda necessário
conhecer, designadamente, quais os instrumentos financeiros que os decisores políticos podem
utilizar para desenvolver a Actividade Financeira Pública, cujo fim, é o de prover à satisfação
das necessidades públicas, individuais ou colectivas, que o Estado se propõe realizar.

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Cremildo Manhique
1.2. Finanças Públicas
 Principais acepções da expressão "Finanças Públicas"
A expressão Finanças Públicas pode ser utilizada em três sentidos diferentes, a saber:
1.2.1. Em sentido orgânico, as Finanças Públicas designam o conjunto de órgãos do Estado ou
de outro ente público que tem por função gerir os recursos económicos destinados a satisfazer
determinadas necessidades sociais;
1.2.2. Em sentido objectivo, as Finanças Públicas designam a actividade em si desenvolvida pelo
Estado ou outro ente público com vista à afectação dos meios económicos necessários à
satisfação de determinadas necessidades sociais e,

1.2.3. Em sentido subjectivo, as Finanças Públicas é usada para identificar a disciplina científica
que estuda os princípios e as regras ou leis que regem a actividade financeira do Estado e demais
entidades públicas com vista à satisfação das necessidades que lhes estão confiadas.
Em suma: o que nos leva a estudar as Finanças Públicas é, fundamentalmente, a existência de
uma actividade financeira pública, que se traduz em obter receitas para a realização de despesas
com vista à satisfação de necessidades colectivas.
Perspectivas de Estudo de Fenómeno Financeiro
O estudo do fenómeno financeiro envolve três aspectos distintos igualmente essenciais e com
grandes repercussões ao nível da decisão financeira pública:
O aspecto jurídico, que nos obriga a estudar os princípios e as regras que regem a actividade
financeira pública
O aspecto económico, que nos obriga a estudar os diversos sistemas económicos
O aspecto político-social, que nos obriga a estudar a forma de organização do Estado e a sua
componente política para um afecta o outro. Os indivíduos envolvidos em um grupo devem
procurar alcançar os objectivos estabelecidos;
Finalidade social: é a razão de ser e do objectivo do grupo (ex. económica, religiosa, cultural,
filantrópica, corporativa, etc.);

Permanência: Para que um grupo seja considerado como tal, è necessário que a interacção entre
os membros se prolongue durante determinado período de tempo (semanas, meses ou anos). As
interacções passageiras não chegam a formar grupos sociais organizados, forma sim os
chamados (agregados sociais – público, multidão, massa), que se podem reunir em eventos de
pouca duração. Ex. comícios, espectáculos, greves, etc.
Objectivos do Estudo de Finanças Públicas

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 Objectivo das Finanças Públicas
O objectivo fundamental das Finanças Públicas é o estudo da actividade fiscal, ou seja aquela
desempenhada pelos poderes públicos com o propósito de obter e aplicar recursos para realizar
despesas e investimento dos Serviços Públicos. Assim a política Fiscal orienta-se em duas
direcções:
Política Tributária que se materialize na capitação de recursos para atendimento das funções
da administração pública
Política Orçamental que pretende atingir objectivos que podem ser assim sumarizados:
1. Eficiência na afectação de recursos;
2. Distribuição adequada de rendimentos;
3. Estabilidade económica;
4. Crescimento e desenvolvimento económico.

Compreendamos cada um dos objectivos.


1.4.2.1. Eficiência na afectação de recursos
Um dos vectores da actividade financeira do Estado é a execução de programas de despesas que
constituem a aplicação de recursos a determinados sectores e agentes económicos com vista a
alcançar os objectivos pré – determinados.
Como isto é possível?
Considere uma hipotética produção de material escolar por uma empresa. Esta empresa pratica
um determinado nível de preços, traduzindo as condições de produção e os custos de diferentes
factores de produção. O Estado, verificando que, os preços praticados 90% dos alunos
correspondendo a famílias de baixo rendimento não tem acesso aquele material escolar e face ao
interesse de que reveste a utilização daquele produto para os seus objectivos na educação o
Estado decide adquirir o material escolar à empresa produtora e proceder a posterior venda aos
alunos a preços bonificados, consoante o rendimento familiar

1.4.1.2. Distribuição adequada de rendimento

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Para garantir uma distribuição adequada de rendimento os Estado intervêm através de Finanças
Públicas em dois sentidos:
Primeiro subtraindo parte dos rendimentos individuais e empresariais, através do sistema de
tributação;
Segundo, aplicando as receitas obtidas em programas de despesas que beneficiam, directa ou
indirectamente a população e as empresas
Resumindo os objectivos das finanças públicas:
É a satisfação das necessidades colectivas de cidadões, assim com essa finalidade que deve ou
que tem de nortear todo o conteúdo das finanças públicas.
1.4.1.3. Estabilidade económica
O Estado está privilegiadamente colocado para regular o fluxo circular do Produto e do
rendimento Nacional, e neste contexto adoptar os meios para anular possíveis e indesejadas
flutuações.
1.4.1.4. Crescimento e desenvolvimento económico
O crescimento económico, que em termos reais é avaliado pelo crescimento real do PIB à um
ritmo maior que o crescimento populacional, devera ser um dos objectivos da política económica
dos Governos e da actividade financeira do estado.
O crescimento económico pode, no entanto realizar se sem que inicie um processo de
desenvolvimento económico.
O desenvolvimento económico é no essencial, um processo dinâmico visando alcançar a
progressiva redução dos desequilíbrios entre regiões e na distribuição do rendimento nacional.
Por exemplo, a afectação de parte de receitas do Estado a programas de investimento que
aumenta a capacidade produtiva instalada é um instrumento mais poderoso que o estado detém
para quebrar o subdesenvolvimento.
1.5. Objecto do estudo das Finanças Públicas
O objecto das Finanças Públicas abrange o estudo de todos aspectos que envolvem a aquisição e
a utilização de recursos económicos, pelo estado com vista alcançar determinados níveis de
emprego, crescimento, desenvolvimento e de distribuição de rendimento, através de bens e
prestação de serviços.
O Estado tem as finanças públicas porque precisa de fazer despesas com a produção de bens
públicos. Mas os bens são coisas úteis, são objectos do mundo externo considerados aptos para a
satisfação de necessidades, por conseguinte as necessidades que o Estado satisfaz não podem ser
necessidades dele próprio, pois as necessidades são desejos insatisfeitos,e o Estado não é um
indivíduo, mas uma colectividade de indivíduos, e, como tal, não tem conteúdo psíquico, não

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pensa nem sente, e portanto não pode ter desejos. Dai que as essas necessidades, apesar de
satisfeitas pelo Estado, tenham de ser necessidades de indivíduos.
A satisfação das necessidades faz-se mediante a utilização de bens. Simplesmente, há casos em
que, para utilizar os bens, é preciso procuralos; e outros em que, para os utilizar, basta eles
existirem. Ex: é o caso de alimentação e da defesa do território.
Para que uma pessoa se alimente, não basta que os bens existam, que os víveres tenham sido
produzidos; é preciso que essa pessoa os procure, que desenvolva, portanto, uma actividade para
os utilizar. Enquanto, os habitantes de um determinado território sentem a necessidade de ser
permanentemente defendidos contra ataques externos, mediante o serviço do exercito. Assim,
basto esse serviço seja criado, basta que exista, para que todos o utilizem, isto é, para que todos
satisfaçam a sua necessidade de defesa do território.
1.6. Finanças Públicas e Finanças Privadas
Finanças Públicas e Finanças Privadas
1.6.1. Caracterização
Finanças Públicas, preconizam o estudo das relações financeiras ligadas a formação
(angariação), aplicação e o controle dos recursos financeiros pelas entidades públicas, com vista
a satisfação das necessidades em bens e serviços públicos, isto é, a actividade financeira das
entidades públicas enquadra-se nas Finanças Públicas. Enquanto, Finanças Privadas, preconizam
o estudo das relações financeiras ligadas a formação (aquisição), aplicação e o controle dos
recursos financeiros pelos particulares (privados) com o objectivo de incrementa-los, quer dizer,
obtenção de lucro, isto é, a actividade das pessoas singulares e colectivas privadas se considera
no âmbito das Finanças Privadas.
1.6.2. Diferenças entre Finanças Publicas e Privadas
A actividade financeira das entidades públicas enquadra-se nas Finanças Públicas enquanto a
actividade das pessoas singulares e colectivas privadas se considera no âmbito das Finanças
Privadas. As finanças Públicas distinguem-se claramente das privadas quanto ao fim que
prosseguem quer quanto aos meio utilizados.
1.6.2.1. Quanto aos meios de financiamento ou melhor quanto aos meios utilizados:
As Finanças Públicas, utilizam meios de financiamentos obtidos através do exercício do poder de
coação. Para dizer que, os recursos das finanças Públicas advêm das contribuições
autoritariamente imposta pelo estado aos cidadãos, isto é, o estado coage ao cidadão a contribuir,
sob a forma genérica de tributos, enquanto que, as Finanças Privadas utiliza meios de
financiamentos provenientes da troca dos bens e serviços produzidos no mercado, isto é, os
recursos que resultam dos preços pagos pelos cidadãos, estabelecidos segundo uma forma
negocial.

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1.6.2.2. Quanto ao objectivo (Quanto ao seu fim):
As Finanças Públicas providenciam bens e serviços para satisfazer necessidades públicas, isto é,
satisfação das necessidades colectivas da sociedade; enquanto que, Finanças Privadas, sendo a
lógica do mercado a obtenção do lucro, são ela que vai presidir a todas as regras de
funcionamento das Finanças Privadas, isto é, as Finanças Privadas providenciam bens e serviços
que colocam no mercado destinados a satisfazer necessidades individuais ou particulares
(privadas).
1.6.2.3. Quanto às relações entre Receitas e Despesas.
Em relação as Finanças Privadas, são as receitas que determinam as despesas. Uma entidade
privada não pode efectuar mais despesas do que o montante que prevê arrecadar com a venda do
seu bem/ serviço.
Enquanto que, as Finanças Públicas, aparentemente são as despesas que determinam as receitas,
mas, há que ter em conta que o Estado determina as receitas e as despesas em função do que
pretende atingir.

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Cremildo Manhique

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