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Resumos Finanças Públicas

Finanças Públicas
 Hoje, as finanças públicas são bem mais do que receitas tributárias e despesas
públicas, envolvendo a atuação do setor privado e a partilha de responsabilidade e de
risco com prestadores não estaduais.

Atividade financeira do Estado:


 Duas grandes categorias de prestações:
ü O fornecimento de bens públicos (bens públicos no seu consumo é o mesmo
que dizer com consumo disponível para todos);
ü A redistribuição do rendimento (A repartição dos rendimentos insere-se no
combate à pobreza e exclusão social;

Ø As Finanças Públicas têm como objetivo estudar os princípios e as formas que o


poder público elege para obter os recursos económicos de que necessita para
funcionar e para assegurar a prossecução das atividades a desenvolver visando
a satisfação das necessidades coletivas.
Ø As Finanças Públicas ocupam-se a estudar a captação e administração dos
recursos financeiros pelo setor público e os seus efeitos no âmbito económico-
social de um país.
Ø Do ponto de vista contabilístico e económico, as finanças públicas constituem o
estudo dos instrumentos operacionais básicos das entradas e saídas
monetárias do setor público e o seu impacto em todas as esferas de produção e
consumo da economia nacional.
Ø Situa-se no Direito Financeiro Público, no Direito Fiscal.

Técnica Fiscal: Conjunto de regras, operações ou instrumentos que se requerem para a


prossecução dos objetivos pretendidos.

Ciência Fiscal: Conjunto de conhecimentos que, de uma forma metódica, racional e


objetiva, descrevem, explicam, controlam, generalizam e predizem os fenómenos de
natureza fiscal que se produzem na sociedade, conhecimentos esses fundados no
estudo da realidade por referência a um determinado objeto.

Liberalismo: Motor do desenvolvimento económico o mercado baseado na teoria dos


preços (Adam Smith).

Socialismo: Motor do desenvolvimento económico a produção planificada (Karl Marx).

 Finanças Públicas em tempo de Pandemia: Em Portugal, a atual crise pandémica


não se refletiu apenas num aumento significativo das despesas relacionadas com o
setor da saúde, mas também desencadeou a adoção de um pacote de medidas de
estímulo orçamental que visa mitigar o impacto económico negativo sobre as
empresas e famílias. A maior parte destas medidas discricionárias tem um carácter
temporário com um impacto concentrado em 2020. Destaca-se, pela sua dimensão, o
apoio extraordinário à manutenção dos postos de trabalho nas empresas mais
afetadas, designado como layoff simplificado, que engloba a subsidiação parcial de
salários, o pagamento de um apoio pontual à retoma da atividade empresarial e a
isenção do pagamento de contribuições sociais patronais.
ü Aumento muito significativo da taxa de desemprego;
ü Redução do consumo privado superior à do rendimento disponível em 2020;
Espera-se:
ü Recuperação rápida do investimento face a ciclos anteriores, após queda
significativa em 2020;
ü Impacto significativo e persistente da pandemia nas exportações de
turismo.

Despesas Públicas

“Concretizam o próprio fim da atividade financeira do Estado- a satisfação das


necessidades coletivas”.
 Consistem no gasto de dinheiro ou no dispêndio de bens por parte de entes
públicos para criarem ou adquirirem bens ou prestarem serviços suscetíveis de
satisfazer necessidades públicas = utilização de dinheiro público tendo por fim a
satisfação de uma necessidade coletiva.

Direito da Despesas Pública: Conjunto de normas que disciplinam a atividade


financeira do Estado na vertente da definição das necessidades públicas ou coletivas,
na da provisão dos bens públicos que visam satisfazê-las e na dos demais atos que
justifiquem e envolvam a utilização do dinheiro público.

Do ponto de vista económico, Musgrave aponta três razões para a intervenção do


Estado na Economia:
ü Promoção de uma eficiente afetação dos recursos;
ü A estabilização da economia;
ü A promoção da equidade, de forma a suprir as falhas de mercado.

Orçamento das Despesas: Documento financeiro que indica as rubricas em que será
dividida a despesa pública. Para isso elaboram-se leis e regulamentos que
especifiquem a preparação, a estrutura, a apresentação, a execução e o controlo da
despesa pública e estabelecem-se regras sobre a Contabilidade Nacional.

Contabilidade Nacional: Instrumento estatístico que representa, de forma sintética, a


realidade económica do país. É uma técnica que visa apresentar, de uma forma
quantificada, um quadro conjunto da economia de um país durante um período de
tempo determinado (geralmente 1 ano).

 As leis sobre o Orçamento, Contabilidade e Despesa partem do princípio de que a


despesa pública tem que se basear em programas anuais que assinalem objetivos e
abranjam projetos.
 A tendência para o seu aumento crescente, ou seja, uma tendência para o aumento
da intervenção do Estado  Esta constatação parece confirmar a previsão feita por
Adolfo Wagner.

 Num ambiente de fraco crescimento económico a consequência será a explosão da


dívida pública para a continuada cobertura dos défices verificados. Defende-se que
reduções dos défices através de redução nas despesas públicas apresentam vantagens
acrescidas relativamente a aumentos nos impostos, revelando muito maior
probabilidade de reduzirem o stock de dívida.

 O crescimento da despesa pública, a par com a crise financeira e económica,


determinou uma explosão da dívida pública contraída.

 Portugal, foi obrigado a entrar num Programa de Assistência Económica e


Financeira (PAEF) desde meados de 2011.

 Já se atuou no âmbito de algumas das componentes da despesa:


 Reformou-se o sistema público de pensões em 2006-2007;
 Limitaram-se as promoções e as progressões automáticas nas carreiras da
administração pública;
 Racionalizaram-se as redes de prestação de serviços públicos, nomeadamente
no que tange aos sistemas públicos de saúde e de educação não superior.

 Também se atuou no domínio dos procedimentos orçamentais, logo em 2011, com


a aprovação de um conjunto de alterações à Lei do Enquadramento Orçamental,
incluindo:
 O estabelecimento de um objetivo de médio prazo para o saldo estrutural;
 A definição de um quadro plurianual de programação orçamental;
 Criação de um conselho independente de finanças públicas.

 O PAEF assentou em três pilares:


Ø Consolidação orçamental;
Ø Estabilidade do sistema financeiro;
Ø Transformação estrutural da economia portuguesa.

 O PAEF, tinha como principais objetivos:


Ø A diminuição do défice das administrações públicas;
Ø A inversão da trajetória de crescimento do rácio da dívida pública;
Ø Contemplar um conjunto de alterações estruturais que compatibilizem a
evolução da despesa pública com o crescimento potencial da economia,
mesmo para além do horizonte do Programa.

Classificação das Despesas Públicas


I- Critério assente na respetiva natureza económica, e tendo em conta as
interfaces entre economia e as finanças.
Podemos identificar três tipos de despesas públicas:
ü Despesas de Investimento e Despesas de Funcionamento:
 Despesas de Investimento: as que o Estado realiza para fazer crescer a
riqueza do país, através do aumento da sua capacidade produtiva
(despesas com a construção de infraestruturas, autoestradas,
aeroportos...) e do funcionamento da investigação científica e
tecnológica.
 Despesas de Funcionamento: Abrangem os gastos necessários ao
normal funcionamento da “máquina” administrativa, sendo a sua
componente mais saliente a que respeita aos salários dos
funcionamentos públicos.
ü Despesas em Bens e Serviços e Transferência:
 Despesas em Bens e Serviços: Compra de bens e serviços pelo Estado
para assegurar a criação de utilidades (energia, água, esgotos, estradas,
pontes...).
 Transferências: Redistribuição de recursos a beneficiários (do setor
público e privado) = prestações unilaterais do Estado dirigidas a outros
entes económicos, públicos ou privados, sem que estes efetuem, em
contrapartida, qualquer prestação (Fundos e serviços autónomos,
Segurança Social, Autarquias Locais e Regiões Autónomas).
ü Despesas Produtivas e Despesas Reprodutivas:
 Despesas Produtivas: Criam diretamente uma utilidade (as relacionadas
com a atividade policial e jurisdicional).
 Despesas Reprodutivas: Contribuem para o aumento da capacidade
produtiva, gerando, pois, utilidades acrescidas, não imediatamente, mas
sim no futuro (despesas com a construção de escolas, estradas,
barragens, pontes...)

II- Critério de regularidade

ü Despesas Ordinárias e Despesas Extraordinárias:


 Despesas Ordinárias: As que, com grande probabilidade, se repetirão
em todos os períodos financeiros (gastos com pessoal).
 Despesas Extraordinárias: As que não se repetem todos os anos, tendo
carácter esporádico ou excecional, provocadas por circunstâncias
especiais e, por isso difíceis de prever, não se sabendo ao certo quando
voltarão a repetir-se (guerra, calamidade pública...).
ü Despesas Correntes e Despesas de Capital:
 Despesas Correntes: As que o Estado faz ou vai fazer, durante um
período financeiro (em geral um ano), em bens consumíveis (compra de
bens). Não se alteram o património do Estado. São Despesas
operacionais.
 Despesas de Capital: As realizadas em bens duradouros e as utilizadas
no reembolso de empréstimos. Alteram o património do Estado.
III- Critério de afetação patrimonial

ü Despesas Efetivas e Despesas não Efetivas:


 Despesas Efetivas: Traduzem-se numa diminuição do património
monetário do Estado, quer se trate de despesas em bens de consumo,
quer em bens duradouros. Ou seja, implicam sempre uma saída efetiva
e definitiva de dinheiros da tesouraria.
 Despesas Não Efetivas: Embora representem uma diminuição do
património de tesouraria, têm, como contrapartida, o desaparecimento
de uma verba de idêntico valor do passivo patrimonial (são meramente
permutativas).

IV- Critério do horizonte temporal

ü Despesas Anuais e Despesas Plurianuais:


 Despesas Anuais: Ocorrem durante o ano.
 Despesas Plurianuais: Aquelas cuja efetividade se prolonga por mais de
um ano.

Classificação Orçamental das Despesas Públicas:

Ø Classificação Orgânica: Reparte as despesas segundo a orgânica governamental


entre Estado (Ministérios, Secretarias de Estado...) e Serviços e Fundos
Autónomos (Universidades, Politécnicos, Hospitais...).
Ø Classificação Económica: Distingue as despesas em correntes e de capital,
umas e outras descriminadas por agrupamentos, subagrupamentos e rubricas.
Cada agrupamento divide-se em subagrupamentos e estes em rúbricas, sendo
11 os agrupamentos; 38 os subagrupamentos.
Ø Classificação Funcional: Agrupa as despesas de acordo com a natureza das
funções exercidas pelo Estado (gerais de soberania; sociais; económicas e
outras).
Ø Despesas por Programas: Um programa de despesas é um conjunto de verbas
destinadas à realização de determinado objetivo, podendo abranger um ou
vários projetos.

Regra de Despesa:
 Insere-se no objetivo de controlo do gasto público.
 Quando uma meta não for atingida, ela deve obrigatoriamente ser compensada no
ano seguinte.

Receitas Públicas

 A Receita Pública é constituída pelos recursos obtidos pelos poderes públicos


durante um determinado período, com vista a satisfazer as despesas públicas que
estão a seu cargo no mesmo período temporal.
Elementos essenciais:
o Somas de dinheiro;
o Recebidas por entes públicos, sendo devido ao sujeito titular da receita que
assim se chamam (públicas) e não apenas por causa do regime jurídico que lhes
é aplicável;
o Caráter instrumental. A sua finalidade principal é financiar o gasto público.

TIPOS DE RECEITAS PÚBLICAS

Classificação económica
Ø Receitas Correntes: Receitas públicas que se renovam em todos os períodos
financeiros (impostos, taxas, contribuições...).
Ø Receitas de Capital: As cobradas ocasionalmente, com caráter transitório
(operações de contração de crédito, de alienação de bens...).
 A Classificação orçamental das receitas é apenas a classificação económica.

Grau de Regularidade
Ø Receitas Ordinárias: Com repetição anual regulares; fonte permanente de
recursos (impostos, taxas...).
Ø Receitas Extraordinárias: Sem repetição anual, temporárias e auferidas em
geral com caráter excecional (vendas de bens, empréstimos...).

Grau de efetividade
Ø Receitas Efetivas: Apresentam caráter definitivo (impostos, taxas...).
Ø Receitas Não Efetivas: As que, embora recebidas num determinado momento,
terão de ser reembolsadas/devolvidas (receitas resultantes de empréstimos).

Grau de Coercividade
Ø Receitas Coercivas ou Obrigatórias: As percebidas pelo Estado, em virtude de
obrigações impostas aos cidadãos pela lei. O seu montante é fixado por via de
autoridade.
Ø Receitas Não Coercivas ou Facultativas: As que o Estado percebe em virtude de
obrigações resultantes de negócios jurídicos, e cujo montante é negocialmente
estabelecido (vendas de bens).

Classificação Tradicional
Ø Receitas patrimoniais: Provêm dos bens de que o Estado é titular- património
mobiliário e imobiliário, constituído por bens duradouros (os que integram com
permanência o património do Estado) e bens não duradouros (os que se
esgotam com a respetiva utilização- bens consumíveis).
 O património também pode ser classificado em real e financeiro.
EXEMPLO: Dividendos recebidos de empresas públicas; Venda de participações
sociais em empresas; Juros de depósitos de que o Estado seja titular.
Ø Receitas resultantes do crédito público ou Receitas Creditícias: Aquelas que
fazem afluir massa monetária ao Estado, mas o constituem na posição de
devedor (empréstimos contraídos) =Dívida Pública= Conjunto de todas as
situações passivas de que o Estado é titular.
 Aquelas que fazem também afluir receita, mas pela remuneração auferida
quando concede crédito público a outrem.
Ø Receitas tributárias: Tributar o sujeito- Estado receber dinheiro do povo
(Impostos, taxas e licenças).

Dívida Pública: O recurso ao crédito evita défice orçamental, realizações de despesas


privadas e permite um orçamento equilibrado do Estado.

Classificação dos Empréstimos Públicos

Lugar de Emissão:
ü Internos;
ü Externos;

Duração:
ü Perpétuos: O Estado se obriga a pagar um certo juro anual, mas não a proceder
ao reembolso do capital.
 Remíveis: O Estado efetua o reembolso quando o entender oportuno.
 Irremíveis: O Estado se obriga a satisfazer, são as “rendas perpétuas”.
ü Temporários: O Estado se obriga a proceder ao reembolso do capital.
 Reembolsáveis à vista: Reembolso quando o credor pretenda.
 Rendas vitalícias: Renda anual a pagar ao credor durante a sua vida.
 Amortizáveis por sorteio: O reembolso anual é determinado por sorteio.
 Reembolsáveis em data fixa: Reembolso de todo o capital em data
certa.

Posição dos Credores:


ü Empréstimos forçados: Resultam do poder de imposição do Estado
(coatividade).
ü Empréstimos voluntários: Os particulares podem decidir se emprestam ou não
dinheiro ao Estado.

Dívida Pública

Dívida Fundada: Resulta da contração de empréstimos perpétuos e temporários de


médio ou longo prazo.

Dívida Flutuante: Resulta da contração de empréstimos temporários de curto prazo.

Receitas tributárias:
û Receitas fiscais ou dos impostos: receitas autoritariamente fixadas pelo Estado,
por via legislativa;
û Receitas parafiscais ou contribuições sociais;
û Taxas;
û Licenças.
Imposto:
 Prestação suscetível de avaliação pecuniária, coativa, unilateral, definitiva, sem
caráter de sanção (elemento objetivo).
 Assente na capacidade contributiva de quem paga e a favor de entes públicos
(elemento subjetivo).
 Tendi como objetivo a realização de fins públicos (elemento teleológico ou
finalista).

Receitas parafiscais ou contribuições sociais e quotizações:


 Contribuições pecuniárias, obrigatórias, consignadas às despesas com prestações
sociais. Destinam-se ao financiamento do sistema previdencial.
 São pagas, parte pelas entidades patronais e parte pelos trabalhadores.

IMPOSTOS:
Ø Direito Fiscal: Conjunto de normas que regulam as relações entre o Estado (e
outros entes públicos) e os contribuintes, disciplinando as várias fases da vida
do imposto.
Ø Ciência Fiscal: Considera o facto tributário como facto social, e estuda os seus
efeitos na estrutura financeira ou económica de uma sociedade, com o objetivo
de formular as leis causais que o regem.
Ø Política Fiscal: Recorrendo aos ensinamentos da Ciência Fiscal, escolhe os
melhores meios, dentro das circunstâncias e possibilidades concretas, para
atingir os fins do Estado.
Ø Sistema Fiscal: Dos ensinamentos da Ciência Fiscal, e das opções da Política
Fiscal, resulta o Sistema Fiscal que ele será imposto aos cidadãos mediante um
determinado conjunto de normas jurídicas.

Funções do sistema Fiscal:


û O Sistema Fiscal é um dos principais instrumentos de intervenção do Estado:
 Na promoção do desenvolvimento e coesão social;
 Na redução das desigualdades e luta contra a exclusão;
 Na contribuição para a criação de uma cidadania ativa, assente na
equidade e na justiça.

 A Fiscalidade enquanto instrumento influencia diretamente a disponibilidade de


moeda no mercado, ou seja,
ü Quanto maior a carga tributária menor o rendimento disponível, menor o
consumo, menor o aforro.
ü A redução da carga tributária aumenta o rendimento disponível, aumentando o
consumo e o aforro.
E deve articular-se com a política de gastos públicos e ponderar os efeitos (positivos-
efeito multiplicador dos gastos públicos- e ineficiências geradas).

Princípios do Sistema Fiscal: (Para um Sistema Fiscal ótimo, as características devem


ser estas)
 Eficiência económica;
 Simplicidade administrativa;
 Flexibilidade;
 Responsabilidade política (transparência);
 Justiça ou equidade.

Eficiência Económica:
Ø O sistema tributário não deve interferir na alocação eficiente de recursos;
Ø O imposto deve ter uma interferência mínima nas decisões dos agentes
económicos, promover a melhor orientação para a distribuição dos recursos e
promover a melhor correção das externalidades negativas.
Ø Artigo 267º, nº5 CRP, relaciona o princípio da eficiência com o da neutralidade
(a eficiência só pode ser alcançada se o sistema fiscal for neutro)

Simplicidade Administrativa:
Ø O sistema tributário deve ser fácil e relativamente barato de administrar.
Ø A complexidade do sistema tributário trás um desperdício de tempo e energia
para os contribuintes e cria espaço para vantagens comparativas prejudiciais.
Ø Simplicidade é diferente de informatizar o sistema de gestão e cobrança.

Princípio da Simplicidade Fiscal:


û A simplicidade do sistema acarreta maior eficiência na arrecadação de tributos.
Quanto maior a simplicidade menos estímulo à evasão fiscal.
û A principal via de concretização deste princípio é a redação simples da
legislação tributária (quanto mais singelo o corpo normativo para o
contribuinte e para a Administração Fiscal, melhor será a qualidade da
tributação).
û A simplicidade do sistema desonera as pessoas de custos desnecessários com a
interpretação e aplicação das normas tributárias. Com as normas tributárias
mais singelas o trabalho da administração tributária fica mais facilitado.

Flexibilidade:
Ø Aptidão do sistema tributário para “responder facilmente à modificação das
circunstâncias económicas”.
Ø O sistema tributário para ser eficiente também precisa de ser flexível, ou seja,
tem de se adaptar a realidade do mercado para poder contribuir positivamente
para o desenvolvimento.
Ø A internacionalização e a globalização económicas têm introduzido dificuldades
várias ao exercício do poder fiscal dos Estados, o que faz da flexibilidade um
atributo essencial para que o Sistema Fiscal seja considerado eficiente,
contribuindo para o desenvolvimento e acompanhar as mudanças no mercado
sem perder eficiência na arrecadação e sem deixar de intervir no sistema no
momento adequado.

Garante de Responsabilidade Política:


Ø Garantia de responsabilidade = transparência.
Ø Um sistema fiscal é dotado de transparência quando desenhado de forma
que os contribuintes possam verificar o que estão a pagar e avaliar como o
sistema reflete o contributo que lhes é pedido.
Ø A falta de transparência conduzirá a comportamentos negativos, com de
imparcialidade de resultados em algumas das suas dimensões e,
eventualmente, a uma falta de legitimidade, que incentive o
incumprimento.

Princípio da Transparência Fiscal:


û A transparência implica reduzir ao mínimo as situações de exceção.
û A EU e a OCDE têm desenvolvido esforços consideráveis tendentes à
implementação da transparência fiscal.

Equidade:
Ø Sistema fiscal com equidade= equitativo no tratamento relativo de diferentes
indivíduos.
Ø É considerado como prioritário na hierarquia dos requisitos.
Ø Aqui, os impostos devem ser estabelecidos de uma forma justa entre os
cidadãos, de acordo com a capacidade contributiva de cada um, assegurando
que situações semelhantes sejam tributadas de modo similar.
Ø A equidade faz-se do ponto de vista normativo, utilizando critérios de equidade
horizontal e da equidade vertical.
Ø Equidade horizontal: Determina tributação idêntica para pessoas com igual
capacidade contributiva, fazendo com que indivíduos em idênticas
circunstâncias suportem idênticos sacrifícios (Artigo 13º CRP).
Ø Equidade Vertical: Pessoas com diferente capacidade contributiva tributadas
de forma desigual, deverá exigir-se diferente imposto em termos qualitativos
como quantitativos, àqueles que dispuserem de capacidade contributiva
diferente, na proporção desta diferença.

Sistema Fiscal:
 Conjunto de impostos vigente num determinado país.
 Tem de ser adequado na sua definição e aplicação, sendo um dos principais
instrumentos de intervenção do Estado e de credibilização da sociedade, na promoção
do desenvolvimento e da coesão; Na redução das desigualdades e na luta contra a
exclusão e, Na prossecução de equidade e na justiça.

Princípio da Neutralidade Fiscal:


 Trata das implicações do tributo sobre a conduta dos agentes económicos pelo que,
às vezes é mais visto como princípio económico do que como princípio constitucional
tributário (contudo, não deve ter uma interpretação puramente económica).
 Este princípio, num Estado de Direito, deve agregar outros valores, nomeadamente
a justiça fiscal, na medida em que,
û O tributo deve interferir o menos possível nas decisões dos agentes
económicos, desde que essa não interferência se contextualize, de forma
positiva, com um satisfatório financiamento das políticas públicas, com a
promoção dos direitos fundamentais e com um sistema tributário dotado de
eficiência económica.
Principais categorias dos impostos

Classificação dos impostos:

û Impostos Diretos e Impostos Indiretos:


 Impostos Diretos: Uma das classificações mais utilizadas e é a que
regula a classificação orçamental dos impostos. Distinguem no geral as
pessoas físicas e as pessoas coletivas.
 Impostos Direitos e Indiretos distinguem-se segundo 2 critérios (ver
em baixo)
û Impostos Proporcionais, Impostos Progressivos e Impostos Regressivos:
 Impostos Proporcionais: Uma taxa fixa, única e constante, qualquer que
seja o valor da matéria coletável, crescendo o montante de imposto a
pagar na mesma proporção que a matéria coletável- O imposto
aumenta proporcionalmente ao aumento da matéria coletável.
 Impostos Progressivos: A coleta de imposto cresce mais do que
proporcionalmente em relação à matéria coletável; têm um leque
crescente de taxas em que a taxa aplicável tem um aumento
progressivo à medida que a matéria coletável aumenta.
 Impostos Regressivos: O imposto baixa à medida que a capacidade
contributiva aumenta.
û Impostos de quota fixa e Impostos de Quota Variável:
 Impostos de Quota Fixa: O imposto a pagar por cada contribuinte pode
ser fixado na lei através da indicação de uma importância fixa.
 Impostos de Quota Variável: Uma taxa ou taxas expressas em
percentagem, aplicadas à matéria coletável determinam o imposto a
pagar- a taxa pode ser proporcional, progressiva ou regressiva.
û Impostos Periódicos e Impostos de Obrigação Única:
 Impostos Periódicos: A obrigação de imposto é relativa a situações
estáveis que, normalmente se prolongam no tempo, com uma
periodicidade regular.
 Impostos de Obrigação Única: Não são suscetíveis de uma ocorrência
tendencialmente regular e previsível, porque o facto que a determina se
traduz na prática de um ato instantâneo.
û Impostos Fiscais e Impostos Extras- Fiscais:
 Impostos Fiscais: Cujo objetivo é a obtenção de receita.
 Impostos Extras- Fiscais: O seu lançamento não visa diretamente a
obtenção de receitas, mas sim objetivos não financeiros- fazer face a
custos sociais derivados de determinados consumos, defender o meio
ambiente, desincentivar atuações lesivas para o interesse público.
û Impostos Reais e Impostos Pessoais:
 Impostos Reais: Têm atenção a tais realidades tributam o rendimento
ou património em termos objetivos sem ter em conta a situação pessoal
e familiar dos contribuintes.
 Impostos Pessoais: Têm atenção a tais realidades.
IMPOSTOS DIRETOS E INDIRETOS:

Ø Critério de incidência sobre o rendimento:


ü Impostos Diretos: Tributam as manifestações diretas de riqueza
(incidem diretamente sobre o rendimento, capital ou património de
pessoa ou entidade), tendo como referência um período de tempo
delimitado, normalmente 1 ano.
ü Impostos Indiretos: Incidem diretamente, sobre a riqueza ou
rendimento, ou seja, incidem sobre a utilização desse rendimento,
utilização que se revela através do ato de consumir.
Ø Critério de repercussão económica:
ü Impostos Direitos: O imposto pago sobre o rendimento (lucro das
atividades económicas) não pode ser repercutido para os adquirentes
dos bens ou dos serviços comercializados. Não se pode dizer com
certeza, que o preço praticado reflete o imposto pago, nem direta nem
indiretamente como componente do custo total. Tudo dependerá das
elasticidades- preço da procura e da oferta.
ü Impostos Indiretos: O próprio legislador estabelece como obrigatória, a
sua repercussão entre os agentes económicos ao longo do circuito
económico até ao consumidor final, que é quem suporta integralmente
o total do imposto.

Imposto sobre o rendimento das pessoas físicas:

û Tributação unitária do rendimento;


û Tributação dual do rendimento;
û Tributação semi- dual ou semi- unificada;
û Sistema dito de tributação linear do rendimento, ou “flat rate”;
û Sistema de tributação cedular.

Tributação Unitária do Rendimento:


 O imposto é determinado compreensivamente englobando a sua totalidade
qualquer que seja a respetiva origem ou fonte, e aplicando, posteriormente, taxas
progressivas, embora moderadas.

Tributação Dual do Rendimento:


 É um sistema implementado sobretudo nos países nórdicos.
 Aplica-se uma taxa proporcional a todos os rendimentos (trabalho, capital,
pensões...).
 Acresce um imposto progressivo sobre os rendimentos brutos do trabalho e sobre
as pensões, pelo que estes ficarão então sujeitos a maior tributação do que aquela que
recai sobre os rendimentos de capital.
 O dual income tax, combina um imposto de taxa única ou linear sobre os
rendimentos totais, com uma sobretaxa progressiva sobre os rendimentos de trabalho.
Tributação Semi- dual do rendimento:
 Aqui, também se diferenciam as taxas nominais aplicáveis a diferentes tipos de
rendimentos.
 Determinados rendimentos de capitais são tributados a taxas mais baixas, e de
natureza proporcional e os restantes tipos de rendimentos sujeitos a taxas
progressivas.

Tributação Linear do Rendimento:


 Chamado, também, “Flat rate”, aplica-se uma só taxa, proporcional, a todos os
rendimentos líquidos (de capitais, de trabalho e de outras fontes).
 Aqui, a tributação dos rendimentos do trabalho e dos rendimentos de capitais é
idêntica.

Tributação cedular do Rendimento:


 Os rendimentos são objeto de diferentes impostos consoante a sua natureza ou
origem, e as taxas podem ser proporcionais ou progressivas consoante a opção.

Tributação do rendimento das pessoas coletivas:


 É comum aceite que a tributação se faça com recurso a uma taxa proporcional, que
não varia com o quantitativo do resultado a tributar.

Tributação do Património:
Ø Os impostos sobre o património:
o Separam o património mobiliário e imobiliário;
o Distinguem ainda a aquisição e a detenção ou propriedade.
o Dentro dos que incidem sobre as aquisições, são diferentes os que
incidem sobre aquisições efetuadas a título oneroso e os que tributam
as aquisições a título gratuito.

O Orçamento do Estado

 Através dele, é fixada a utilização a dar aos dinheiros públicos.


 É uma previsão económica ou plano financeiro das receitas e despesas do Estado
para o período de 1 ano.
 É uma autorização política desse plano, visando garantir, quer direitos
fundamentais dos cidadãos, quer o equilíbrio e a separação de poderes.
 É uma limitação dos poderes financeiros da Administração para o período
orçamental.
 É proposto pelo Governo, aprovado pela Assembleia da República, executado pelo
Governo e fiscalizado quanto à respetiva execução pelo Governo, Tribunal de Contas e
Assembleia da República.
 É uma lei de valor reforçado, ou seja, prevalece sobre todas as normas que
estabeleçam regimes orçamentais particulares que a contrariem.
Tem duas variantes:
û Orçamento de gerência: Contém o conjunto de cobranças e pagamentos
realizados num dado período. Engloba as receitas que o Estado irá cobrar e as
despesas que irá pagar durante o ano.
û Orçamento de exercício: Conjunto de cobranças e pagamentos resultantes de
créditos e dívidas nascidos num dado período. Engloba os créditos e as dívidas
que irão surgir a favor e contra o Estado durante o ano, permitindo saber se os
créditos serão suficientes para cobrir as dívidas e, consequentemente, ter uma
visão global da situação financeira do Estado.

Orçamento do Estado- Enquadramento jurídico:


 Lei de Enquadramento Orçamental.
 Consagra um conjunto de regras e princípios:
ü Disciplinam o Orçamento do Estado;
ü Estabelecem os procedimentos relativos à sua elaboração e organização,
discussão e aprovação, execução e alteração, bem como ao correspondente
controlo.
 Contém os princípio e regras orçamentais:
ü Anualidade, plenitude, equilíbrio, discriminação orçamental, publicidade e
equilíbrio.

Princípios Orçamentais:
 Atuam como instrumento político de controlo dos orçamentos públicos.
 Os princípios orçamentais clássicos têm a função de assegurar a manutenção das
funções governamentais do modelo liberal imposto ao Estado.
û Princípio da Unidade e Universalidade: Artigo 9º LEO, Artigo 105º CRP
û Princípio da Plenitude:
 Universalidade;
 Motivo de preocupação;
û Princípio da Estabilidade Orçamental: Artigo 10º LEO
û Princípio do Equilíbrio Orçamental: Artigo 9º LEO e Artigo 105º CRP
 Equilíbrio formal: rigorosa igualdade entre as receitas e as despesas,
não abrindo qualquer possibilidade para a existência de défices ou de
superávites.
 Equilíbrio substancial: pode ser analisado segundo diferentes
perspetivas.
û Princípio da Solidariedade Recíproca: Artigo 12º LEO
û Princípio da Equidade Geracional: Artigo 13º LEO
û Princípio da Anualidade e Plurianualidade: Artigo 14º LEO
û Princípio da Não compensação: Artigo 15º LEO
û Princípio da Não Consignação: Artigo 16º LEO
û Princípio da Especificação: Artigo 17º LEO
û Princípios da economia, eficiência e eficácia: Artigo 18º LEO
û Outros princípios: Artigo 19º LEO
Políticas Públicas

Política em geral: Tem o objetivo de alcançar o bem-estar coletivo de uma


comunidade, grupo social ou organização humana.

Políticas Públicas:
 São a disciplina da ciência política que tem por estudo a ação das autoridades
públicas no seio da sociedade, ainda que o seu desenho e implementação técnica
confluam com outras disciplinas como a economia, a sociologia e mesmo a engenharia
ou a psicologia.
 A questão Central nas políticas públicas é a de saber o que produzem aqueles que
nos governam, quais os resultados que se pretendem obter e quais os meios que
devem ser utilizados.
ü Redução dos défices orçamentais e das dívidas estruturais;
ü Manutenção de uma certa capacidade de controlo político;
ü Resolução dos conflitos de redistribuição decorrentes de fenómenos de
exclusão que têm sido suportados por determinados grupos sociais.

Política económica:
 Atividade social que os governos exercem sobre os recursos humanos e materiais
da nação para satisfazerem as necessidades coletivas da sociedade.
 Visa a resolução de problemas económicos e sociais concretos, verificados em
determinado tempo, lugar e contexto, através de determinados instrumentos e
atuações.

Podemos distinguir:
û A política monetária;
û A política cambial;
û A política orçamental/fiscal.

Política Monetária: Tem como objetivo controlar a oferta de moeda na economia, já


que é controlando os meios de pagamento, que se atingirá a estabilização de preços
nos mercados.
 Na UE, a política monetária, levada a cabo pelo BCE, tem por objetivo garantir a
estabilidade de preços na área do euro no seu conjunto. Para facilitar este objetivo, os
critérios de Maastricht estabeleceram certos limites ao valor dos défices e da dívida.

Massa Monetária: Conjunto de valores monetários que circulam numa economia-


moedas, notas em circulação, transferências eletrónicas e depósitos à ordem e a
prazos.

Política Cambial: Conjunto de ações e orientações ao dispor do Estado destinadas a


equilibrar o funcionamento da economia através de alterações das taxas de câmbio e
do controle das operações cambiais. A medida reguladora da política cambial é a
definição do preço de uma moeda estrangeira expresso em moeda nacional.
 A sua importância está associada ao facto de que se a moeda nacional valer menos
do que uma determinada moeda estrangeira, os bens internamente produzidos e os
serviços nacionais tornam-se mais baratos nesse “estrangeiro” estimulando o aumento
das exportações.
 Na UE, a política cambial não compete às autoridades nacionais de cada um dos
EM, mas sim ao BCE. O objetivo é o da gestão ativa das reservas externas do BCE.

Política Orçamental/Fiscal: É o principal instrumento de política económica do setor


público, concretizada através da elaboração do OE, o qual demonstra quais as
despesas e receitas públicas a efetuar num determinado período.
 Visa-se atingir a atividade económica através de: estimular a produção, promover o
crescimento económico, incentivar o emprego e evitar o défice do setor público ou
promover o seu adequado financiamento com o equilíbrio político, o equilíbrio dos
mercados e a repartição dos rendimentos.

Medidas de política orçamental:


 Aumento ou diminuição das receitas e/ou das despesas do Estado.

 A política orçamental não dispõe dos tradicionais instrumentos monetários (taxas


de juro e de câmbio) para corrigir eventuais desequilíbrios.
 É através da política orçamental que os governos podem modelar os níveis da
despesa total, seja através da manipulação do nível do consumo particular, seja
através do consumo público, do investimento privado e público e, ainda das relações
com o exterior.
 Através delas o governo pode influenciar os níveis de preços, os níveis das taxas de
inflação, os níveis de empregabilidade, a taxa de crescimento e o nível de crescimento
do produto.

O exercício da política orçamental/fiscal está dividido em três funções:


û Eficiência alocativa: Tem por objeto o fornecimento de bens públicos,
financiado por um “sistema de contribuições pago ao longo do tempo de
acordo com um orçamento de despesa pré-estabelecido”.
û Distribuição equitativa: Visa corrigir os efeitos decorrentes dos custos e dos
benefícios obtidos de acordo com as regras de mercado.
û Estabilização: Visa a estabilização macroeconómica.

A política orçamental/fiscal tem 2 vertentes:


ü Política Fiscal Expansionista:
 Objetivo de estimular a procura global;
 Objetivo de aumentar a produção e reduzir o desemprego, recorrendo a
um aumento de despesas públicas (construção de infraestruturas) e/ou
descida de impostos, que aumentem o rendimento disponível e
estimulem o consumo.
 Aumento do défice e da inflação.
ü Política Fiscal Contraccionista:
 Objetivo de travar o crescimento da procura global.
 Ao diminuir a procura global, a política fiscal restritiva reduz o emprego
e produz um excesso de oferta de bens, criando assim uma pressão
deflacionária na moeda.
 Mecanismos: Reduz a despesa pública; subir os impostos; os cidadãos
ficam com menos rendimento disponível; reduzem o consumo.

 Na UE, as populações dos EM, acabam por ter de suportar elevados níveis de
austeridade; a aposta numa política orçamental tão restritiva como exige o PEC em
tempos de crise, não incentiva o crescimento económico e é cada vez mais objeto de
fortes críticas; o enfoque excessivo na redução da despesa pública começa também a
ser fortemente contestado.

 Face à crise que vem caracterizando as economias ocidentais, há que retirar alguns
ensinamentos que respeita ao papel do Estado:
û Fracasso da experiência neoliberal;
û Decorre da existência de grande opacidade e da falta de regulação no sistema
financeiro;
û Indispensabilidade de ações permanentes de análise, auditoria e avaliação que
evitem situações de surpresa negativa, que sem apelo agravo, impõem
sacrifícios à generalidade dos cidadãos que amiúde as desconhecia e para elas
não contribuiu significativamente.
Ø Da perceção destes três aspetos resulta a relevância das políticas públicas, que
além de competirem aos Estados nacionais, devem ser reforçadas a níveis
supranacionais, no sentido de ultrapassar crises económicas e sociais que
sendo globais, para elas não foram ainda encontradas nem respostas globais,
nem instituições globais capazes de as resolver adequadamente.

Finanças Públicas da União Europeia:

 O que é o Orçamento da União Europeia?


 Documento que traça as receitas e despesas da União Europeia.
 Elaborado anualmente.

Orçamento: Cobre os gastos de funcionamento e os de intervenção dirigida à


realização das políticas comunitárias.

Orçamento da União Europeia:

Principais componentes do Orçamento da UE:


û A Política Agrícola Comum, que financia a política de preços e mercados e o
fomento do desenvolvimento rural;
û As intervenções/ações estruturais: Fundos estruturais + Fundo de Coesão que
cofinanciam a política regional, social e de estruturas agrárias;
û As políticas internas;
û As ações exteriores;
û Os gastos administrativos;
û Reservas: emergência e garantias para empréstimos;
û As ajudas pré-adesão e Compensações.
Despesas da União Europeia:
Ø Despesas operacionais: Quase exclusivamente despesas de intervenção. São
utilizadas para financiar atividades específicas “no terreno”.
Ø Despesas de funcionamento: Salários e pensões dos funcionários da UE, e
despesas relativas aos imóveis e equipamentos.

Distribuição das Despesas Operacionais:


ü “O crescimento sustentável”: A primeira despesa de intervenção (juntar todas
as ações para promover a competitividade e a coesão para o crescimento e
emprego, no contexto da estratégia de Lisboa).
ü “A preservação e gestão dos recursos naturais”: Compreendendo
principalmente as despesas agrícolas e as ajudas diretas no âmbito da PAC bem
como as despesas relacionadas com o desenvolvimento rural, e também, a
ação a favor do meio ambiente ou assuntos marítimos e as pescas.
ü “A UE como ator global”: Que permite financiar as políticas de cooperação
para o desenvolvimento, de vizinhança e de parceria, de pré-adesão, de ajuda
humanitária, de democracia e direitos humanos, bem como a política externa e
de segurança comum (PESC). É a terceira despesa.
ü “A cidadania” e a “liberdade, segurança e justiça”: Incluindo os programas de
informação e de comunicação e as medidas para promover a cultura e a
diversidade europeias.

Como é financiada a União Europeia?


 Não cobra só por si própria qualquer imposto.
 O orçamento é financiado através de 3 “recursos próprios” colocados à sua
disposição pelos estados:
ü Direitos aduaneiros;
ü “Recurso IVA” calculado a partir da base de tributação harmonizada do IVA;
ü Recurso complementar de equilíbrio, chamado de “Recurso RNB”.

Recursos Próprios:
 Os Recursos Próprios apresentam 3 espécies:
ü Os recursos próprios tradicionais;
ü Os direitos aduaneiros;
ü Os direitos niveladores agrícolas;
ü O “Recurso IVA”;
ü O “Recurso RNB”.

Recursos de Valor Marginal: Impostos incidentes sobre as remunerações do pessoal


das instituições europeias; contribuições de países terceiros, para certos programas da
UE e multas impostas às empresas que violem as regras da concorrência ou outras
regras.

Empréstimo: É um recurso fora do orçamento comunitário, uma vez que apenas


recursos próprios devem garantir um orçamento equilibrado das Comunidades
Europeias. Os empréstimos contraídos pela União Europeia são usados para conceder
empréstimos (ex: empréstimos a países terceiros associados, ajuda alimentar).
Recursos Próprios Tradicionais:
 São cobrados aos operadores económicos pelos Estados- Membros por conta da UE
e abrangem:
ü Direitos Aduaneiros: Provêm da aplicação da Pauta Aduaneira Comum e são
cobrados aquando as importações dos países terceiros nas fronteiras externas.
ü Direitos Niveladores agrícolas: Direitos aduaneiros cobrados aquando da
importação de produtos agrícolas provenientes de países terceiros abrangidos
por uma organização comum de mercado.

Recursos “Novos”:
ü Recursos IVA: Contribuição dos EM correspondente ao montante do IVA
cobrado sobre uma base harmonizada do IVA nos países da UE.
ü Recursos RNB: “Imposto” sobre o Rendimento Nacional Bruto (RNB) de cada
EM cuja “taxa” é uma percentagem fixada anualmente pelo Orçamento da
União.

Problemas:
 Ao longo do tempo, a estrutura da despesa comunitária tem sofrido alterações
significativas:
ü Perda de importância relativa da política agrícola;
ü Aumento do peso das intervenções estruturais, das políticas internas e das
ações exteriores e uma ligeira redução dos gastos administrativos.

Características do Orçamento da UE:


û Orçamento operativo ou de intervenção (e não de funcionamento), reflexo do
exercício de funções próprias transferidas pelos EM;
û Orçamento de dimensão relativamente pequena;
û Orçamento que não pode incorrer em défice.

Princípios básicos do Orçamento da UE:


û Unidade: Toda a receita/despesa deve figurar no orçamento;
û Universalidade: Inexistência de afetações/consignações ou compensações;
û Anualidade: Todas as operações se referem ao período de um ano;
û Equilíbrio: Receitas= Despesas Sem défice (Ex: O orçamento da UE deve
obrigatoriamente ter receitas e despesas equilibradas);
û Especialidade: Os créditos têm de ter um destino e um objetivo específicos.

Utilização das verbas do Orçamento da UE:


 As verbas são utilizadas em domínios onde há interesse em pôr em comum os
recursos em benefício da Europa, por exemplo:
û Melhorar as redes de transporte, energia e comunicações entre os países da
UE;
û Proteger o ambiente em toda a Europa;
û Tornar a economia europeia mais competitiva a nível mundial;
û Ajudar os cientistas e investigadores a conjugar esforços além-fronteiras.
Processo Orçamental:
ü Processo Complexo e Prolongado: Difícil equilíbrio de poderes entre o Conselho
de Ministros e o Parlamento e despesas não obrigatórias.

Execução Orçamental:
 É assegurada pela Comissão.
 O orçamento pode ser alterado após a sua aprovação.
 O controlo faz-se a 2 níveis:
ü Ao nível Interno: Por cada instituição com competência para gastar;
ü Ao nível Externo: O controlo cabe ao Tribunal de Contas (aspetos legais) e ao
Parlamento (aspetos políticos).

Perspetivas financeiras plurianuais:


Ø Quadro financeiro plurianual (QFP): define as despesas durante um
determinado período bem como os montantes máximos disponíveis para cada
grande categoria de despesas, fornecendo um quadro financeiro e político, de
concentração dos recursos e dos investimentos onde forem considerados
necessários.
Ø Razões do quadro financeiro plurianual (QFP): Resolver uma série de crises
institucionais e políticas relativas à aprovação do orçamento nos anos 80.
Trata-se de um plano de despesas que reflete as prioridades da UE em termos
financeiros ao longo de vários anos.
Ø VANTAGENS:
û Reduz a incerteza com que operam as instituições comunitárias, os
Estados membros e os agentes económicos e sociais;
û Reduz as tensões políticas ligadas à negociação do Orçamento;
û Aumenta o rigor nas decisões de despesa, na previsão das ações a
realizar e nos modos de financiamento;
û Dota o processo de maior flexibilidade orçamental (evita a concentração
de despesa num só exercício e permite decisões de despesa
escalonadas).

 O novo orçamento de longo prazo irá reforçar os mecanismos de flexibilidade para


garantir a sua capacidade de responder a necessidades imprevistas. Trata-se de um
orçamento adequado não só às realidades atuais, mas também às incertezas do
futuro.
 O próximo orçamento de longo prazo da UE será financiado pelos recursos da UE.
 A União Europeia irá contrair empréstimos nos mercados para financiar o Next
Generation UE a taxas mais favoráveis do que as que muitos Estados Membros
poderiam obter e redistribuirá esses montantes.
 A Europa pós Covid-19 será mais ecológica, mais digital e mais resiliente e estará
mais bem preparada para os desafios atuais e futuros.

Mecanismo de Recuperação e Resiliência:


 Elemento central do Next Generation UE.
 O objetivo é atenuar o impacto económico e social da pandemia de coronavírus
e tornar as economias e sociedades europeias mais sustentáveis, resilientes e
mais bem preparadas para os desafios e as oportunidades das transições
ecológica e digital.
 Os EM estão a elaborar os seus planos de recuperação e resiliência para aceder
aos fundos ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência.

Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa (REACT- UE):


 Trata-se de uma iniciativa que dá continuidade e alarga as medidas de resposta
a situações de crise e de reparação de crises através da Iniciativa de
Investimento de Resposta à Crise do Coronavírus e da Iniciativa de
Investimento de Resposta à Crise do Coronavírus.
 Esta iniciativa contribuirá para uma recuperação ecológica, digital e resiliente
da economia.

 As medidas extraordinárias de combate à pandemia do novo coronavírus agravaram


os desequilíbrios macroeconómicos em vários países da União Europeia, incluindo
Portugal.

CONCLUSÕES:
 O “princípio da solidariedade entre EM” não corre muito bem:
ü Há conflitos que opõem os Estados quanto à relação entre a sua contribuição e
o retorno recebido, com desequilíbrios entre “contribuintes líquidos” e
“beneficiários líquidos”.
 Dificuldade em prever o futuro da União Europeia:
ü A incerteza, as crises que parecem não ter fim, as contínuas mudanças
tecnológicas e a globalização económica e de informação, tornam complexa e
até talvez inútil aquela tarefa.

BREXIT:
 Saída do Reino Unido da União Europeia.
 Até agora foi a primeira vez que um EM decidiu abandonar a União Europeia a que
antes tinha aderido.
 Iniciou-se em 2017 e com previsão para terminar em 2019.

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