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O governo de Jânio Quadros foi marcado por medidas polêmicas, como a proibição do

uso do biquíni e do uso de sapatos de bico fino, além de sua política externa
independente. Ele renunciou alegando “forças terríveis” que impediam seu governo,
numa tentativa de pressionar o Congresso a revogar sua renúncia e conceder-lhe poderes
extraordinários.
A ascensão de João Goulart ao poder ocorreu em 1961, após a renúncia de Jânio
Quadros. Ele implementou reformas como a defesa da Reforma Agrária, o Estatuto do
Trabalhador Rural e a redução da jornada de trabalho. Em seu último discurso, em 1964,
Jango denunciou a tentativa de golpe e defendeu suas reformas como necessárias para o
país.

Após o último discurso de João Goulart (Jango), o então presidente do Brasil, em 13 de


março de 1964, no comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, as reações das
diferentes classes sociais e grupos de interesse foram variadas, mas em geral crescentes
em tensão e oposição.
Dentro da classe política, especialmente entre os conservadores e os membros da União
Democrática Nacional (UDN), houve um aumento significativo do descontentamento e
da mobilização contra Jango. O discurso, que defendia reformas de base sociais e
econômicas profundas, como a reforma agrária e a reforma educacional, foi visto como
um sinal de que Jango pretendia levar o Brasil em direção ao comunismo. Isso
exacerbou o medo e a polarização política, levando a uma rápida erosão do apoio
parlamentar a Jango.
Entre os militares, o discurso acentuou ainda mais as divisões. Uma facção, preocupada
com a possibilidade de Jango impor um regime comunista, viu no comício uma
confirmação de suas suspeitas e temores. Esses militares começaram a se organizar mais
seriamente para uma intervenção, acreditando ser necessário para “salvar” o Brasil do
comunismo. No entanto, havia também uma parcela que ainda apoiava Jango, embora
essa base de apoio estivesse erodindo rapidamente após o discurso.

A reação da burguesia foi predominantemente negativa. O setor empresarial e os


grandes proprietários de terras viam as propostas de reforma agrária e outras reformas
econômicas como ameaças diretas aos seus interesses. Essa percepção intensificou o
apoio dentro dessa classe para um movimento que pudesse interromper o avanço das
políticas de Jango.
Consequentemente, os preparativos para o golpe de Estado, que culminaria em 31 de
março de 1964, se intensificaram após o discurso. Os conspiradores, principalmente
militares de alta patente contrários a Jango, começaram a organizar suas forças e
estratégias. Havia uma comunicação e coordenação crescentes entre os militares
conspiradores e setores da sociedade civil, como empresários e políticos, que apoiavam
a derrubada de Jango. As ações incluíram desde a consolidação de planos militares até a
campanha de propaganda para angariar apoio público contra o presidente.

Essa orquestração de esforços e a rápida deterioração do ambiente político e social no


Brasil levaram ao golpe militar de 1964, que depôs João Goulart e instaurou um regime
militar que duraria até 1985. O golpe foi, em grande medida, um reflexo das profundas
divisões dentro do país e do medo de parte da população e das elites de uma possível
radicalização em direção ao comunismo.
A influência da mídia e da Marcha pela Família com Deus pela Liberdade no golpe
militar de 1964 no Brasil foi significativa, moldando a percepção pública e criando um
ambiente social propício para o golpe. Vamos explorar esses aspectos separadamente:

Os principais veículos de mídia da época construíram e disseminaram uma narrativa


fortemente anticomunista. Isso aconteceu em um contexto de Guerra Fria, onde o temor
do comunismo era um elemento poderoso de persuasão política e social. Essa narrativa
pintava o governo João Goulart (Jango) como sendo excessivamente inclinado para a
esquerda, sugerindo que o Brasil estava à beira de uma revolução comunista.

A mídia teve um papel crucial na mobilização da opinião pública contra o governo


Jango. Jornais, rádio e, em menor medida, a TV da época veicularam conteúdos que
insinuavam a necessidade de intervenção para “salvar” o país do comunismo. Esta
abordagem ajudou a criar um senso de urgência e uma demanda popular por mudanças
drásticas.
Quando o golpe finalmente ocorreu, a mídia desempenhou seu papel ao não questionar
as ações dos militares e, em muitos casos, ao apoiá-las abertamente. Isso contribuiu para
legitimar o golpe aos olhos de parte significativa da população.

A Marcha pela Família com Deus pela Liberdade foi uma série de manifestações
populares conservadoras que ocorreram em várias cidades brasileiras. A maior delas
aconteceu em São Paulo, em 19 de março de 1964, reunindo centenas de milhares de
pessoas. Essas marchas foram uma expressão visível do medo e da rejeição às reformas
de base propostas por Jango, que eram vistas por muitos como uma ameaça à
propriedade privada, à família e aos valores religiosos.
2. **Papel Catalisador:** As marchas serviram como um catalisador para ação militar.
Elas demonstraram aos militares e aos setores conservadores da sociedade que havia um
apoio popular significativo para uma intervenção que interrompesse as políticas de
Goulart.

3. **Legitimação:** Além disso, as marchas ajudaram a legitimar a narrativa


anticomunista e a ideia de que era necessário um golpe para salvar o Brasil, fornecendo
um rosto “civil” e “popular” ao movimento golpista.

Em resumo, tanto a mídia quanto a Marcha pela Família com Deus pela Liberdade
desempenharam papéis cruciais na preparação do terreno para o golpe de 1964,
influenciando a percepção pública e moldando o clima político e social de modo a
facilitar a derrubada do governo João Goulart.
O golpe militar de 1964 teve início em 31 de março daquele ano com a movimentação
das forças armadas contra o governo do presidente João Goulart. Naquele dia, tropas
militares começaram a se deslocar em direção ao Rio de Janeiro, então capital do Brasil,
em um movimento que ficou conhecido como “Marcha da Vitória”. As forças armadas
alegaram que estavam agindo para preservar a ordem e combater uma suposta ameaça
comunista representada pelo governo de Goulart. A partir de 31 de março, os militares
tomaram o controle de pontos estratégicos do país e, ao longo dos dias seguintes,
consolidaram seu poder, culminando na deposição de João Goulart e na instauração de
um regime militar que perdurou por mais de duas décadas no Brasil.

Diversos militares participaram do golpe de 1964, incluindo os generais Artur da Costa


e Silva, Humberto Castelo Branco e Emílio Garrastazu Médici, que posteriormente se
tornaram presidentes durante o período do regime militar no Brasil. Além dos militares,
houve o apoio de setores civis, incluindo políticos, empresários e a imprensa.

Logo após a deposição do presidente João Goulart, foi formada uma Junta Militar,
composta pelos três ramos das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), que
tomou o controle do governo. Essa Junta era responsável por exercer o poder de forma
conjunta, até que fosse definido um novo presidente.

Em 15 de abril de 1964, um mês após o início do golpe, o general Castelo Branco foi
eleito presidente indiretamente pelo Congresso Nacional para um mandato de cinco
anos. Ele foi o primeiro presidente militar após o golpe e ficou no cargo de 1964 a 1967.
É importante ressaltar que o regime militar estabelecido em 1964 foi marcado por uma
série de governos autoritários, com sucessivas eleições indiretas controladas pelos
militares e forte repressão política.

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