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DITADURA MILITAR

E SEUS DESDOBRAMENTOS

Matheus Reis, Mateus Pereira, Thuany Maria


3A – HISTÓRIA
Sumário
Contexto Histórico .....................................................................................................................2
Radicalização Política ................................................................................................................ 3
Desestabilização de Jango ........................................................................................................ 4
O Golpe de 1964 ......................................................................................................................... 5
Atos Institucionais .....................................................................................................................7
Governos Militares .................................................................................................................... 8

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Contexto Histórico

Os eventos que levaram ao golpe de Estado de 1964 evidenciaram a significativa


intervenção dos militares na esfera política brasileira. As Forças Armadas
desempenharam um papel de "mediador" em relação ao poder civil, atuando como um
contrapeso. Durante o período entre 1946 e 1964, somente dois dos quatro presidentes
eleitos após a Segunda Guerra Mundial, Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) e Juscelino
Kubitschek (1956-1961), conseguiram concluir seus mandatos, transferindo o cargo a um
sucessor eleito pelo voto popular. A sustentação de um presidente eleito no poder
dependia do respaldo das Forças Armadas. Esses militares tiveram influência direta, por
exemplo, no desenlace trágico do suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e também quase
impediram a posse de Juscelino Kubitschek no final de 1955. Além disso, Jânio Quadros
permaneceu no cargo por apenas sete meses antes de renunciar em 1961, sob a pressão
das Forças Armadas.

Seu sucessor, Jânio Quadros, que assumiu a presidência em 1961, renunciou em agosto do
mesmo ano após ter concedido uma condecoração a um dos líderes da Revolução
Cubana, Ernesto "Che" Guevara. Embora Jânio Quadros não nutrisse simpatia pelo
socialismo, essa ação foi interpretada pelas elites e militares como uma "aproximação ao
comunismo" em um contexto de Guerra Fria. Muitos militares que haviam recebido a
mesma condecoração no passado protestaram devolvendo suas medalhas ao governo
como um ato de repúdio.

Após a renúncia, o vice-presidente João Goulart retornou de uma viagem oficial à China.
Ao chegar ao Brasil, foi barrado pelos militares de assumir a presidência. O impasse foi
resolvido pela aprovação de uma emenda constitucional que instituiu o sistema
parlamentarista. Assim, em 1961, João Goulart assumiu a presidência com poderes
substancialmente reduzidos. No entanto, o parlamentarismo foi rejeitado pela população
em um plebiscito realizado em 1963, e o presidente voltou a exercer plenos poderes.

Devido à sua estreita relação com o movimento sindical brasileiro, Jango era visto com
grande desconfiança pelos setores conservadores da sociedade, que frequentemente o
acusavam de ter tendências comunistas. A crise política durante o governo de Jango
também se acentuou devido às Reformas de Base defendidas pelo governo.

A presença de Jango na presidência não era apenas desconfortável para os grupos


conservadores no Brasil, mas também preocupava o governo dos Estados Unidos, que
considerava João Goulart um político mais "à esquerda" do que o esperado de um
presidente brasileiro. Duas ações do governo de Jango aumentaram a oposição do
governo americano e levaram a um financiamento mais ativo de grupos e políticos
conservadores no Brasil. A Lei de Remessas de Lucros de 1962 limitou a quantidade de
lucros que multinacionais poderiam enviar para o exterior, e a política externa
independente do Brasil sob o Ministro das Relações Exteriores, San Tiago Dantas,
desagradou aos Estados Unidos.

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Assim, a partir de 1962, os EUA passaram a financiar grupos e políticos conservadores no
Brasil. O "complexo Ipes-Ibad" recebeu financiamento americano e visava criar uma
frente parlamentar contra o governo de João Goulart. O Ibad, especificamente, recebeu
críticas por receber fundos do governo americano para financiar a campanha de mais de
800 políticos durante as eleições de 1962, apoiando políticos conservadores. Esse
financiamento era ilegal de acordo com a legislação brasileira da época.

O Ipes também desempenhou um papel crucial no golpe civil-militar de 1964. Embora


ostensivamente atuasse como instituição de produção intelectual, seus vínculos secretos
com a política foram evidenciados pelo papel que desempenhou no golpe, conforme
resumido por historiadoras renomadas.

A desestabilização do governo de Jango também foi grandemente influenciada pela


imprensa brasileira. Os jornais de grande circulação se uniram em uma articulação que
recebeu o irônico nome de "Rede da Democracia" e que promovia uma abordagem
golpista.

Radicalização Política

A conspiração em andamento contra o governo de João Goulart foi instigada pelo receio
de setores conservadores em relação à ascensão de movimentos sociais, incluindo
camponeses, operários e estudantes. A sociedade brasileira encontrava-se
profundamente dividida ideologicamente entre direita e esquerda, sendo que um ponto
central de debate girava em torno das Reformas de Base.

As Reformas de Base constituíram um programa delineado pelo governo de Jango, que


estabeleceu uma pauta e gerou um intenso debate sobre os entraves estruturais da
sociedade no Brasil. Estas reformas abordavam temas como a reforma agrária, tributária,
eleitoral, bancária, urbana e educacional. Dentre essas propostas, a reforma agrária foi a
que mais avançou em discussões nos âmbitos políticos do Brasil.

A reforma agrária tornou-se o ponto focal das discussões políticas nacionais entre março
e agosto de 1963, dividindo opiniões entre esquerda e direita. Grupos de trabalhadores
rurais começaram a ocupar propriedades rurais e a pressionar o governo para
implementar a reforma, mesmo que à força. Em contrapartida, os proprietários das terras
se posicionavam de maneira contrária à reforma agrária.

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A proposta defendida pela ala esquerdista estabelecia que terras com mais de 500
hectares e sem produtividade seriam alvo da reforma, com a desapropriação dessas terras
ocorrendo mediante indenização com títulos da dívida pública, a serem resgatados em
longo prazo. Já os setores de direita, embora estivessem dispostos a negociar, defendiam
que a reforma agrária deveria ocorrer seguindo os mecanismos constitucionais, ou seja,
por meio de indenização em dinheiro, à vista, de acordo com o valor de mercado.

Essa divergência levou a um impasse no debate e a ausência de efetivação da reforma


agrária agravou a situação. O país viu uma disseminação de invasões de propriedades em
várias regiões. Além disso, a controvérsia resultou no deslocamento da base parlamentar
de Jango, ligada ao Partido Social Democrático (PSD), para a oposição liderada pelos
udenistas.

O governo de Jango encontrava-se cada vez mais enredado pelas dificuldades, sobretudo
devido à inflexibilidade de grupos de esquerda que buscavam implementar as Reformas
de Base a qualquer custo. Nessa ala, Leonel Brizola ganhava destaque — cunhado de João
Goulart, Brizola havia sido governador do Rio Grande do Sul e, a partir de 1963, assumiu
o cargo de Deputado Federal pela Guanabara. A postura radicalizada da esquerda em
defesa das Reformas de Base foi explorada pelos grupos que conspiravam para o golpe.

Desestabilização de Jango

No término de 1963, o cenário brasileiro era marcado por um estado caótico. Tanto
camponeses quanto operários urbanos estavam em rebelião, enquanto as forças de
esquerda demandavam a expansão das reformas e instigavam o governo a adotar uma
postura mais assertiva. Simultaneamente, as facções de direita coordenavam-se com as
Forças Armadas com vistas à tomada do poder. Nesse contexto, João Goulart começou a
mostrar sinais de fragilidade.

Em 12 de setembro de 1963, eclodiu em Brasília a Revolta dos Sargentos. Essa revolta foi
instigada pela insatisfação dos sargentos, que haviam sido impedidos pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) de ocupar cargos no Poder Legislativo. Os sargentos revoltosos
assumiram o controle de edifícios governamentais na capital, porém, foram rapidamente
reprimidos, e a situação foi recolocada sob controle. Como Jango não tomou nenhuma
medida punitiva, o governo aparentou uma sensação de impunidade para uma parte das
Forças Armadas em caso de futuras rebeliões.

A segunda manifestação de debilidade surgiu em outubro de 1963, quando João Goulart


encaminhou uma proposta ao Congresso para decretar um estado de sítio com duração

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de 30 dias. Diversas interpretações surgiram na historiografia a respeito dessa medida
tomada por Jango.

O historiador norte-americano Thomas Skidmore argumenta que Jango foi influenciado


por seus ministros militares para intervir contra a violência gerada pelos movimentos
sociais e para intervir no Estado da Guanabara em resposta às declarações de Carlos
Lacerda contra os militares brasileiros. Enquanto isso, o jornalista Elio Gaspari enxerga
isso como uma tentativa de golpe de João Goulart.

A proposta foi rechaçada pelos parlamentares de todos os principais partidos (UDN, PSD
e PTB). Três dias após a apresentação, Jango retirou a proposta do Congresso. A
combinação desses dois episódios abalou profundamente a reputação de Jango.

O Golpe de 1964

O ambiente no Brasil continuou altamente instável e, em março de 1964, ocorreram


eventos cruciais que moldaram o destino do país. A conspiração liderada pelos grupos de
extrema-direita estava em pleno desenvolvimento, e uma ação de João Goulart precipitou
antecipadamente o golpe no Brasil. No dia 13 de março de 1964, aconteceu o Comício da
Central do Brasil.

Esse comício reuniu entre 150 mil e 200 mil pessoas. Durante o evento, João Goulart
reiterou seu compromisso com a implementação das Reformas de Base. O discurso de
Goulart insinuou que o presidente estava abandonando a política de conciliação e
adotaria uma postura mais incisiva em relação às Reformas de Base, em sintonia com os
movimentos sociais.

A reação conservadora foi imediata e culminou em 19 de março com a Marcha da Família


com Deus pela Liberdade. Essa manifestação mobilizou mais de 500 mil pessoas em São
Paulo, protestando contra o comunismo e demandando a intervenção dos militares na
política brasileira. A marcha foi organizada pelo Ipes e evidenciou claramente o poder
dos grupos golpistas, bem como o receio da classe média em relação às reformas e aos
movimentos sociais em crescimento.

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O golpe contra João Goulart estava originalmente planejado para ocorrer por volta de 10
de abril, através de uma ação conjunta envolvendo militares, membros do Ipes e os
Estados Unidos (que estavam mobilizados pela Operação Brother Sam). Entretanto, os
acontecimentos não seguiram o roteiro previsto. Em 31 de março, uma rebelião liderada
por Olympio de Mourão deu início ao golpe civil-militar.

Olympio Mourão, comandante da 4ª Região Militar, liderou a rebelião em Juiz de Fora.


Suas forças avançaram em direção ao Rio de Janeiro com o objetivo de depor o governo.
A revolta de Mourão contava com o respaldo do governador de Minas Gerais, Magalhães
Pinto, mas inicialmente foi vista com desconfiança por alguns membros das Forças
Armadas, incluindo Castello Branco.

Enquanto esses eventos se desenrolavam, João Goulart permaneceu passivo, não


adotando medidas concretas para conter os militares que se rebelavam contra seu
governo. Os grupos de esquerda aguardavam uma ordem superior para uma possível
resistência, mas tal ordem nunca foi emitida. Goulart estava ciente do apoio dos Estados
Unidos ao golpe em curso e reconhecia que qualquer tentativa de resistência poderia
culminar em uma guerra civil, uma perspectiva rejeitada pelo presidente.

Amaury Kruel, um grande aliado de Jango no exército, retirou seu apoio ao presidente,
deixando-o isolado e minando as chances de uma resistência interna dentro das Forças
Armadas. Enquanto os militares marchavam contra o governo, os legisladores brasileiros
decidiram agir. Em 2 de abril de 1964, Auro de Moura, Senador da República, declarou a
presidência vaga, abrindo caminho para que a Junta Militar assumisse o poder no Brasil.
Em 9 de abril, o Ato Institucional nº 1 foi promulgado, marcando o início da Ditadura
Militar no país.

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Atos Institucionais

Os Atos Institucionais foram um conjunto de decretos emitidos durante o período da


ditadura militar no Brasil, que tiveram um papel crucial na consolidação do regime
autoritário e na concentração de poder nas mãos dos militares. Esses atos eram
instrumentos legais que concediam aos governantes poderes excepcionais para tomar
decisões sem a necessidade de aprovação do Congresso Nacional ou outros mecanismos
democráticos.

Os principais Atos Institucionais incluem:

Ato Institucional nº 1 (AI-1): Emitido em 9 de abril de 1964, este ato deu início à
ditadura militar no Brasil, destituindo o presidente João Goulart. Ele suspendeu garantias
constitucionais, cassou mandatos políticos e deu amplos poderes ao presidente militar
para tomar medidas repressivas.

Ato Institucional nº 2 (AI-2): Emitido em 27 de outubro de 1965, este ato foi


responsável por intensificar o controle do governo militar. Ele estabeleceu eleições
indiretas para presidente, governadores e prefeitos, além de promover uma nova
reorganização partidária.

Ato Institucional nº 3 (AI-3): Emitido em 5 de fevereiro de 1966, este ato dissolveu os


partidos políticos existentes e criou um bipartidarismo forçado, dando origem à Arena
(partido governista) e ao MDB (oposição consentida).

Ato Institucional nº 4 (AI-4): Emitido em 7 de dezembro de 1966, esse ato aumentou os


poderes do Executivo sobre os estados e municípios, permitindo ao presidente nomear
interventores militares para controlar essas unidades federativas.

Ato Institucional nº 5 (AI-5): Emitido em 13 de dezembro de 1968, este é o mais


conhecido e infame dos Atos Institucionais. Ele conferiu ao governo militar poderes
absolutos, como fechar o Congresso Nacional, suspender direitos políticos, censurar a
imprensa e prender qualquer pessoa considerada "subversiva". O AI-5 marcou uma
intensificação do autoritarismo no regime militar.

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Esses são apenas alguns exemplos dos Atos Institucionais emitidos durante o período da
ditadura militar no Brasil. Eles foram instrumentos fundamentais para a repressão
política, a censura, a perseguição a opositores e a concentração de poder nas mãos dos
militares, caracterizando um período sombrio na história do país. A luta pela democracia
e pelos direitos humanos foi fundamental para a transição para um regime democrático,
que ocorreu gradualmente a partir dos anos 1980.

Governos Militares

Durante o período da ditadura militar no Brasil, que durou de 1964 a 1985, houve uma
série de governos militares que se sucederam. Vou listar cada um desses governos,
juntamente com suas principais características:

Governo do Presidente Castelo Branco (1964-1967):

Características: O primeiro presidente após o golpe militar, Castelo Branco instituiu a


ditadura e foi responsável por estabilizar o regime. Durante seu governo, foram criados
os primeiros Atos Institucionais, consolidando o controle militar. Ele promoveu uma
política econômica liberal e colaborou com os Estados Unidos na Guerra Fria.

Principais Ações: Elaboração do AI-1 e AI-2, início do processo de cassações de políticos e


repressão a movimentos de esquerda.

Governo do Presidente Costa e Silva (1967-1969):

Características: Costa e Silva foi responsável por centralizar ainda mais o poder nas mãos
dos militares. Durante seu governo, ocorreu a radicalização do regime, com a
promulgação do AI-5, que suspendeu as liberdades civis e políticas.

Principais Ações: Promulgação do AI-5, que intensificou a repressão, censura, prisões


arbitrárias e perseguições políticas.

Governo do Presidente Junta Militar (1969):

Características: Após a morte de Costa e Silva, uma Junta Militar assumiu


temporariamente o poder até a posse do próximo presidente. Este foi um período de
transição marcado pela instabilidade política.

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Governo do Presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974):

Características: Médici liderou o período mais repressivo da ditadura militar. Sob seu
governo, houve um aumento significativo na perseguição a opositores, torturas e
desaparecimentos de ativistas políticos.

Principais Ações: Intensificação da repressão, aumento da censura, investimento em


obras de infraestrutura (o chamado "Milagre Econômico").

Governo do Presidente Ernesto Geisel (1974-1979):

Características: Geisel iniciou um processo de abertura política controlada, conhecido


como "distensão". Ele buscou diminuir a repressão, mas também reforçou o poder dos
militares dentro do governo.

Principais Ações: Início da abertura política, anistia para presos políticos, redução da
censura.

Governo do Presidente João Figueiredo (1979-1985):

Características: Figueiredo continuou o processo de abertura política iniciado por Geisel,


culminando na volta das eleições diretas para governadores e no estabelecimento de um
regime civil. Seu governo foi marcado por pressões internas e externas por
democratização.

Principais Ações: Promulgação da Lei da Anistia, eleições diretas para governadores, fim
do bipartidarismo, criação de partidos políticos, pressões pela redemocratização.

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