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A DITADURA MILITAR NO BRASIL (1964-1985)


As luzes se apagam no Brasil
Com o objetivo de implantar um governo forte, com base militar, promover o crescimento econômico do
país, controlar a inflação, acabar com a corrupção e impedir a expansão do comunismo, os setores
militares e civis, deram um fim ao governo do presidente Joao Goulart, dando início ao período da
ditadura militar (1964 a 1985).

1-O governo Castello Branco (1964-1967)


Castello Branco, chefe do Estado – Major do Exército, foi eleito presidente. Seu governo iria durar 2 anos,
porém, foi prorrogado até 1967.  
Nome: Humberto de Alencar Castello Branco
 1° atos institucionais
Em 09/04/1964, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, promulgaram o Ato
Institucional nº 1, que estabelecia:
 A nomeação do Castello Branco para presidente da República, no período de 04/1964 a 01/1966
 Ampliação dos poderes do presidente.
Com a publicação do AI-1, iniciou-se a repressão política, com o objetivo de silenciar qualquer
manifestação contrária ao regime militar, gerando inúmeros protestos e um movimento de oposição.
 Ato Institucional nº 2
Foi editado pelos militares em 1965, o governo extinguiu os partidos políticos oriundos e criou 2
agremiações: ARENA (a favor) – Aliança Renovadora Nacional, políticos oriundos da UDN, PSD e demais
grupos da direita e MDB (Movimento Democrático Brasileiro), políticos oriundos do PTB, contrários do
regime militar.
 Ato Institucional nº 3
(2/1966) Estabeleceu eleições indiretas para governadores e prefeito das capitais, consolidando a
intervenção militar na vida pública.
 Ato Institucional nº 4
Impôs novo texto constitucional ao Congresso.
A Nova Constituição (3/1967) aumentou os poderes do Executivo e diminuiu as autonomias dos
governantes do estado.
Lei da Segurança Nacional - > 1967, criada ainda no governo de Castello Branco, toda ação considerada
ameaça ao regime militar (greves, manifestações, etc.), estava sujeita à pressão política.
 As medidas econômicas do governo
Castello Branco tomou medidas para estimular a entrada de capital estrangeiro, controlar as linhas de
crédito para o setor privado, reduzir os gastos públicos e controlar os salários, a fim de combater a
inflação. Com o objetivo de incentivar os investimentos estrangeiros, a Lei de Remessa de Lucros (criada
no governo Jango), foi revogada (8/1964). Aos trabalhadores foi negado o direito de greve, em 1966, foi
criado o FGTS, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Os sindicatos não podiam reagir devido a
repressão policial.
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2. O governo Costa e Silva (1967-1969)


O general Arthur da Costa e Silva, foi recebido com forte resistência. Greves operárias prolongadas
(Contagem – MG e Osasco – SP), em 1968, foram expressões a resistência à ditadura liderada pelos
trabalhadores.
Em 1968, o MEC tentou introduzir o pagamento de mensalidade nas universidades públicas, gerou
protesto da UNE (União Nacional dos Estudantes), os quais exigiam mais vagas nas universidades.
Os estudantes organizavam comícios-relâmpagos, manifestações expondo suas insatisfações
principalmente no preço e na qualidade servida no restaurante Calabouço, destinado a alimentar
estudantes sem recurso (RJ). Durante um desses comícios, o estudante Edson Luís Lima Souto (17 anos),
foi morto pela polícia militar, causando indignação da população. Os estudantes, durante o sepultamento
do rapaz, prestaram o seguinte juramento:
“NESTE LUTO, A LUTA COMEÇOU. ”
Mais de 30 mil pessoas participaram da missa de 7º dia de Edson, na igreja da Candelária, RJ. Em
26/6/1968, o descontentamento popular com o regime militar chegou ao auge na Passeata dos cem mil
(RJ), inibindo a ação da polícia militar.
 A repressão se intensifica
Em 09/1968, Márcio Moreira Alves, deputado, fez um discurso incentivando os jovens a não participarem
da Parada Militar do dia 7/9/1968, sendo isso considerado pelo governo, ofensa as Forças Armadas.
Como pretexto, foi decretado o Ato Institucional nº 5 (AI – 5), que conferia plenos poderes ao presidente
(cassar mandatos de deputados e senadores), suspensão de professores universitários, quando acusados
de ações “subversivas”, e os estudantes de escolas públicas enquadrados no mesmo decreto, ficavam
impossibilitados de estudar em escola pública durante 10 anos.
 A luta armada
Foi organizada para tentar derrubar o regime militar.
Órgãos de repressão política ->
OBAN-> Operação Bandeirantes -> órgão financiado por empresários que combinavam a ação do Exército
e das polícias no combate à guerrilha (criado em 1969). Tinha como objetivo obter favores fiscais do
governo e proteção policial contra trabalhadores “subversivos”. No exército foram criados o
DESTACAMENTO DE OPERAÇÕES E INFORMAÇÕES e o CENTRO DE OPERAÇÕES DE DEFESA INTERNA (DOI
– CODI), responsável por centenas de mortes, prisões, desaparecimento e tortura. Havia ainda os DOPS
(Departamentos de Ordem Política e Social), que centralizavam as ações das secretarias estaduais de
segurança e eram subordinadas ao Serviço Nacional de Informações (SNI).

3. O governo Garrastazu Médici (1969-1974)


Uma junta militar substitui o general Costa e Silva que foi afastado em 08/1969, vitimado por um derrame
cerebral. Em outubro o Congresso Nacional escolheu para presidente Emílio Garrastazu Médici.
O governo Médici facilitou na expansão do crédito pessoal, proporcionando a todo brasileiro o direito de
possuir uma tv. O auge desse governo foi quando o Brasil foi tricampeão na Copa do Mundo de 1970,
disputado no México. De um lado, mostrava os jogadores tricampeões ao lado da taça e de outro
ocultava as torturas dos opositores do regime militar.
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 O milagre econômico
Mesmo sendo com investimentos externos, o governo Médici não media esforços para investir na
imagem de uma nação que caminhava rumo a grandeza industrial. No governo Médici iniciou-se a
construção da Rodovia Transamazônica, foram criados o Instituto nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA), o Plano de Integração Social (PIS) e o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL).
Todos esses fatores contribuíram para o crescimento da economia brasileira:
 Ind. Automobilística – cresceu 25% / ano;
 Setor eletrônico – cresceu 28 %;
 Exportações atingiram cifras de 6,2 bilhões no ano de 1973;
 Facilidade de crédito ampliou o consumo interno.
Mais de 80 % das famílias já possuíam carro, televisão, geladeira, fogão, entre outros. Chegaram os
supermercados, cada vez maiores e mais sedutores e os shoppings centers. Muitos até conseguiram
adquirir casa própria através do BNH.
Delfim Neto (Ministro da Fazenda) dizia: “Fazer o bolo crescer para dividi-lo depois”, porém o bolo
cresceu, mas as fatias foram repartidas de maneira desigual, ou seja, só a minoria recebia. As
propagandas oficiais só mostravam um Brasil que caminhava no progresso, o resto: omitia. A estratégia
da propaganda exibia o progresso brasileiro, o futebol e a música, a popularidade do general Médici e
ocultava as prisões políticas, as torturas, a miséria da população rural e urbana, a proliferação das favelas
e o crescimento da marginalidade, a violência. Quando o Brasil foi tricampeão, Médici entregou
pessoalmente prêmios (em dinheiro) aos jogadores, enquanto o prefeito de SP (Paulo Maluf) utilizava
verbas públicas para doar um automóvel a cada jogador. O “milagre” começou a se esgotar no final de
1973, início de 1974, com o desgaste do regime militar e o aumento da inflação: “A economia vai bem,
mas o povo vai mal”, palavras de Médici com a evolução da dívida externa.

4. O governo Ernesto Geisel (1974-1979)


Enfrentou uma crise econômica, resultante da crise do petróleo de 1973. Devido a Guerra do Yom Kippur
(Israel x países árabes), o preço do barril quadruplicou, elevando a dívida externa de 10 bilhões de dólares
(1972) a 15 bilhões de dólares (1974). A insatisfação popular foi vista nos resultados de 1974, quando o
MDB foi muito representativo no Congresso Nacional, não agradando o governo. Temendo uma derrota
nas eleições de 1978, os militares uma série de medidas autoritárias: a Lei Falcão, proibindo os
candidatos de aparecer ao vivo nas campanhas eleitorais no rádio e na tv.
Pacote de Abril -> pacote lançado pelo governo em 1977, valendo-se o A!-5 o qual fechou o Congresso e
passou a governar por decretos. O mandato presidencial foi estendido de 5 a 6 anos, resultados
favoráveis ao regime militar.
Com o passar dos dias, o MDB (partido opositor) se tornava mais forte, significando um não aos militares.
Além disso, o autoritarismo de Geisel reforçava ainda mais o crescimento de contestação à ditadura. Nas
ruas, a oposição protestava com debates, manifestações públicas e passeatas estudantis, muitos queiram
a redemocratização.
Após inúmeras pressões, Geisel deu um passo no processo de abertura política: afastou militares
identificados com a tortura e corrupção no país.
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5. O governo João Baptista Figueiredo (1979-1985)


Último general-presidente, deu continuidade ao governo anterior.
Lei da Anistia -> permitiu a volta dos exilados políticos, mas perdoou também os envolvidos com práticas
de tortura e assassinato político. Várias campanhas foram organizadas para descobrir o paradeiro de
centenas de pessoas desaparecidas durante o regime militar.
A reforma política permitiu a volta do pluripartidarismo:
 PSD (Arena);
 PMDB MDB);
 PDS;
 PP;
 PTB; NOVOS PARTIDOS
 PDT;
 PT.
* Campanhas Diretas Já
No governo Figueiredo, a crise econômica só aumentava: resistência dos bancos internacionais em
conceder novos empréstimos, aumento da dívida externa, redução de créditos para o setor privado,
desemprego, aumento de custo de vida, greves (bancários, professores e metalúrgicos). Em 1983, Dante
de Oliveira (deputado) lançou um projeto de emenda constitucional, a campanha Diretas Já, exigindo
eleições diretas e livres para presidente da República em 1985. A emenda não foi aprovada e os
brasileiros teriam de esperar 5 anos para por voto direto, ou seja, eleger o presidente. No mesmo dia que
a emenda foi negada, RJ, SP, BH e Brasília coincidentemente ou não, apagaram as luzes.

6. Rebeldia versus cultura de consumo


Na década de 1960, a música foi um importante veículo de divulgação de ideias, estilo de vida e
protestos.
Bossa Nova em 1965 estreou na TV Record, no programa “O Fino da Bossa” tendo Elis Regina e Jair
Rodrigues como apresentadores. Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, são exemplos de cantores
que discordavam da ditadura. Músicas, filmes, livros, peças teatrais, nada era liberado sem antes passar
pela avaliação da censura federal. Muitos artistas foram presos, torturados ou obrigados a sair do país.
Cinema Novo -> do cinema europeu após a 2ª Guerra Mundial que surgiu no Brasil.
Oficina e Arena -> arte do protesto e de vanguarda chegou ao teatro.
Em 1965, na TV Record, em SP, pôs no ar “A Jovem Guarda”, dirigido por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e
Wanderléia.
Em 1967, Gilberto Gil e Caetano Veloso provocaram uma revolução musical no país: o tropicalismo.
O tropicalismo (Gil e Caetano) e o MPB / Bossa Nova (Chico Buarque e Vandré) dividiam o público entre
vaias e aplausos, numa época de intensa repressão política e fértil produção cultural. Tropicalismo, MPB,
Bossa Nova, Cinema, Teatro... Apesar da censura, estes movimentos expressavam uma época marcante
na arte brasileira.

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