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Ditadura Militar

DITADURA MILITAR
Presidente: João Goulart - medidas de esquerda, como a Reforma Agrária,
Reforma no Sistema da Educação, direito aos analfabetos a votar; e o
aumento dos direitos dos trabalhadores;

Muitos jornais eram contra Jango, falavam do seu "estilo comunista e


comemoram quando os militares chegaram ao poder;

Comício da Central (1964) - onde Jango defendeu as reformas que queria,


que chamava de Reformas de Base, deixando a direita ainda mais
"preocupados";

Como resposta, acontece a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, com
mais de 500 mil pessoas pedindo a saída de Jango. Foi a 1º em SP e depois
tiveram outras no Brasil;

Marinheiros se reunem e exigem melhores condições para os soldados, como


um motim e declaram apoio a reforma de Base do Jango;

O Ministro da Marinha manda prender esses marinheiros, mas quando os


fuzileiros chegam lá, percebem que também querem melhores condições de
trabalho, se juntando a causa;
O Ministro da Marinha pede demissão por "não ter autoridade" e
Jango, manda o Ministro do Trabalho para negociar com os
marinheiros, irritando mais os militares, porque não queriam um civil
negociando com os militares;

Jango também faz uma medida para que esses marinheiros não sejam
presos, complicando ainda mais sua imagem com os militares;

Com medo da Guerra Fria, os EUA estavam com medo dos países se
tornarem socialistas e se tornarem uma nova Cuba, onde inclusive
ajudam no golpe de estado em diversos países na América;

Militares que já estavam irritados com Jango, viram o medo da


população em se tornar "Comunista" e se aproveitam do apoio
popular e do apoio dos EUA para o Golpe Militar;

31/03/64 Jango estava no RJ, quando o general Olímpio Mourão Filho


pegou suas tropas em MG e parte RJ para Operação Popeye, para os
militares ocuparem o RJ.

*A operação tem esse nome, por conta do personagem Popeye, pelo


hábito de Mourão Filho fumar cachimbo.
Jango foi para Brasília tentar evitar o golpe do Congresso, onde
não conseguiu apoio. Ele vai até o RS tentar apoio do exército
gaúcho e o Congresso se aproveita para falar que ele tinha fugido
do país (Fake News) e o poder estava vago, assumindo o
presidente do Congresso;

Jango vendo que não tinha o que ser feito e que até os EUA
estavam ao lado dos militares vai para o Uruguai;

Entre 1/3 a 1/4 de 1964 as tropas militares tomam o poder;


Brasileiros voltam a votar para presidente apenas 25 anos depois;

Assume o governo Raneri Mazzili - presidente da Câmara dos


Deputados até os militares decidirem quem ficaria no poder, mas
nessa época, quem mandava mesmo já eram os militares.
CASTELO BRANCO
1º militar - General Castelo Branco assume falando que seria um "governo até o Brasil
estar mais em ordem", mas ele cria:

AI-1 - eleições indiretas para presidente, cassação de mandato, reforço do poder


executivo, Constituição suspensa por 6 meses;

Criação do SNI - Serviço Nacional de Informação - órgão de "espionagem" para diminuir


a opressão contra os militares;

Extinção da UNE (União Nacional dos Estudantes);

AI-2 - Bipartidarismo entre Arena (militares) e MDB (oposição). 1965 nas eleições para
governador os militatres só ganham em 6 dos 11 estados;

AI-3 - eleições indiretas para governador e prefeitos passam a ser indicados pelos
governadores - (1966)

Esquerda Atentado de Guararapes (bomba no aeroporto de Recife) com foco em matar


Costa e Silva (que queria que o golpe continuasse), mas quem morre é um vice Almirante.

AI-4 - convocação de constituintes para criar novas leis, início da implantação de


medidas econômicas impopulares, como corte de gastos, aumento dos impostos e o
arrocho salarial (salário não acompanhava a inflação);

Lei de Segurança Nacional -prender e expulsar qualquer pessoa contra o governo


militar.
COSTA E SILVA
Militar linha dura;

Assumiu em 15/03/1967 - início período mais violento da


Ditadura ;

Período de grande oposição na Ditadura, com protestos


estudantes e políticos;

Começo do governo muito bom economicamente, com queda da


inflação e investimentos estrangeiros;

Início dos movimentos artísticos, com Caetano Veloso, Gilberto


Gil, Chico Buarque, que se expressavam por meio da arte contra
o governo;

Força do Movimento Estudantil - símbolo desse momento é


Edson Luís de Lima Souto - estudante de 16 anos morto pela
força policial com um tiro a queima roupa no peito no
COSTA E SILVA
Passeata dos 100 mil - estudantes e artistas saem em protesto com essa
morte. Os militares autorizam a manifestação, mas colocam mais de 10
mil oficiais nas ruas. 3h de passeata sem conflitos;

UNE - Congresso Clandestino no interior de SP com mais de 1000


estudantes presos;

Sexta-feira Sangrenta (21/06/1968) - Estudantes do RJ realizaram


diversos protestos na cidade contra as abordagens violentas da Polícia.
Em um dos protestos, a Polícia cerca os manifestantes e atiram contra os
manifestantes, atingindo Manuel Rodrigues Ferreira, 18 anos, com 2
tiros na cabeça.

A esquerda também fez vítimas, invadiram quartéis, mataram um


Capitão do Exército Americano, porque desconfiavam que ele ensinava
técnicas de tortura aos militares;

Excesso dos dois lados, mas o número de pessoas mortas pelo governo
foi muito maior, mais armas, mais recursos.
DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) - desde os anos 1920, foi o
principal responsável por identificar e acabar com movimentos políticos e
sociais contra o governo;

DOI-CODI

DOI (Destacamento de Informações e Operações) prendia e interrogava as


pessoas suspeitas de agir contra o governo;

CODI (Centro de Operações de Defesa Interna) planejamento estratégico de


combate aos inimigos dos militares;

Doutrina de Segurança Nacional - onde todo brasileiro podia ser inimigo do


governo;

Muitaaaaa tortura, muitas pessoas sumiram e estão desaparecidas até hoje;

Os excessos não eram oficializados. Nenhuma lei oficializava a tortura e a


morte;

Comando de caça aos comunistas - os manifestantes deveriam ser tratados


com repressão;
COSTA E SILVA

AI-5 - O GOVERNO PODIA FAZER O QUE QUISESSE -


Aumento do poder executivo, limitação das liberdades
individuais, polícia podia prender mesmo sem motivos,
suspensão do habeas corpus, censura e repressão (13/12/1968);

Políticos, músicos, artistas, muitos se exiliaram;

Outros 12 atos institucionais, mas nenhum foi tão forte como o


AI-5;

Guerrilhas - movimento armado no campo contra o governo,


onde roubavam para financiar o movimento;

Quando Costa E Silva vai deixar o poder (1969), os militares


aplicam um novo golpe, colocando no poder Médice, onde
vivemos o auge da repressão com os Anos de Chumbo;
EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI
Anos de Chumbo: o mais cruel sistema repressor que o país já
viveu; Maior momento de tortura; (governo que mais torturou e
matou) e censura dos veículos de comunicação;

Nesse Brasil das sombras, mais de 13 mil pessoas foram


indiciadas em inquérito pela Lei da Segurança Nacional. E mais
de uma centena foi oficialmente reconhecida anos depois como
desaparecidos políticos;

O governo usava a campanha "Brasil - Ame-o ou Deixe-o" -


campanhas que mostravam a face de um Brasil ideal,
escondendo o atraso do país, e jamais davam sinais do processo
de repressão e censura contra os que se opunham à ditadura.

Esquerda armada, que era contra a ditadura, fez grandes


ataques, como o assalto ao cofre de Adhemar de Barros, como
um dos líderes desse movimentos, temos a Dilma; Além de
atentados violentos contra os militares e seus apoiadores;
TORTURAS

Entre os anos 1964 e 1985, mais de 400 pessoas foram mortas e desaparecidas

Mais de 6 mil foram também torturadas durante o período.

Choques elétricos / Estupro / Pau-de Arara;

Ingestão de insetos vivos / Mutilação dos testículos e unhas;


MILAGRE ECONÔMICO BRASILEIRO (1968-1973)
O PIB cresceu muito, investimentos em estatal e em empresas
privadas e internacionais;

Brasil se torna a 8° economia mundial;

A ciência brasileira evoluía e o Brasil acompanhava o primeiro


transplante de coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo;

A economia crescia a taxas de dois dígitos ao ano (queda do arrojo


salarial) e a infraestrutura do país ganhava obras de grande porte como
a rodovia Transamazônica, a ponte Rio-Niterói, e a construção da maior
hidrelétirca do mundo, Itaipu, em conjunto com o Paraguai e a
Argentina;

Aquele foi também um momento grandioso para o esporte brasileiro,


com diversas conquistas que foram exploradas pelo governo militar
para enaltecer o momento do país - como a Copa do Mundo de 1970;

O "Milagre Econômico" foi manchado com o sangue de todos que


lutaram contra a ditadura.
GOVERNO GEISEL
Militares perceberam que não conseguiriam ficar no poder por muito tempo. Por
conta da forte repressão popular; Geisel acredita que a Ditadura tinha passada um
pouco do limite, mesmo sendo super autoritário;

Gobery do Couto e Silva - Chefe da Casa Civil ajuda Geisel na abertura da política;

1970 - crise do Petróleo e recessão da economia, inclusive no Brasil. O País volta a


parar de crescer;

Inflação começa a subir e a população fica mais descontente;

Símbolo deste período - Vladimir Herzog; Protestos e pedidos por Direitos Humanos,
inclusive pedidos dos EUA que viram o descontentamento da população;

2° Plano de Desenvolvimento -impedir a crise econômica e novas leis para tentar


impedir a vitoria do MDB, onde 1/3 dos senadores seriam indicados pelo presidente,
mantendo o poder sempre na mão do governo ditatorial, por outro lado há a
extinção das ações mais "linha dura" de repressão, como torturas.

Demite os militares do DOI-CODI;

Revogação do AI-5 e todos Atos Institucionais e demissão do ministro do exército,


Silvio Frota, um político linha dura que queria ser o próximo presidente.
VLADIMIR HERZOG
"VLADO"

Jornalista, professor e cineasta;

Croata - veio para o Brasil com os pais em 1942 e naturalizou-se brasileiro;

Trabalhou na BBC, FAAP, USP e em 1975, Vladimir Herzog foi escolhido pelo
secretário de Cultura de São Paulo, José Mindlin, para dirigir o jornalismo da TV
Cultura.
VLADIMIR HERZOG
"VLADO"

Em 24 de outubro do mesmo ano, foi chamado para prestar esclarecimentos na


sede do DOI-Codi sobre suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Sofreu torturas e, no dia seguinte, foi morto.

A versão oficial apresentada pelos militares, foi a de que Vladimir Herzog teria se
enforcado com um cinto, e divulgaram a foto do suposto enforcamento.

Testemunhos de outros jornalistas presos no local apontaram que ele foi


assassinado sob tortura.

Em 1978, o legista Harry Shibata confirmou ter assinado o laudo necroscópico


sem examinar ou sequer ver o corpo.
Em 1978 a Justiça brasileira condenou a União
pela prisão ilegal, tortura e morte de Vladimir
Herzog.

Em 1996, a Comissão Especial dos


Desaparecidos Políticos reconheceu oficialmente
que ele foi assassinado e concedeu uma
indenização à sua família, que não a aceitou, por
julgar que o Estado brasileiro não deveria
encerrar o caso dessa forma, mas que
continuassem as investigações.

O atestado de óbito, porém, só foi retificado mais


de 15 anos depois, no lugar da anotação que
morreu por enforcamento, estava “a morte
decorreu de lesões e maus-tratos sofridos
durante o interrogatório em dependência do II
Exército – SP (DOI-Codi)”.
JOÃO FIGUEIREDO
1979 - Prometeu transformar o país em uma democracia, falando que iria
abrir a polítca;

Lei da Anistia - todos os anistiados puderam retornar ao Brasil, mas também


anulava o julgamento de alguns julgamentos de torturadores;

01/05/1981 - Atentando Rio-Centro (comandado pelos militares), dois


líderes do exército, um capitão e um Sargento foram para explodir uma
bomba em um show no dia do trabalho, para falar que a esquerda estava
voltando, mas a bomba explodiu no carro deles. Militares tentaram abafar o
caso e colocar a culpa esquerda;

Mesmo com a censura, alguns veículos de comunicação continuaram a


apoiar o Golpe Militar, como a Globo.

Nova reforma com a criação de novos partidos políticos, como as lideranças


do movimento operário e dos matalúrgicos, como com o apoio do Lula e o
inicio do PT;

Arena virou PSD, MDB virou PMDB;


DIRETAS JÁ
Governo Figueiredo;

1983 - Diretas Já- Movimento a favor da Emenda Dante de


Oliveira, que pedia as eleições diretas para presidente; mas ela
não passou no Senado, por volta de coro.

SP e RG com manifestação com mais de 30 milhões de pessoas


exigindo votar para presidente;

Líder do movimento: Lula, FHC, Tancredo Neves, Ulisses


Guimarães, etc;

Eleição entre Trancredo Neves X Maluf;

1985 - Elege-se indiretamente Tancredo Neves, que morre


antes da posse, assumindo José Sarney, o 1º presidente pós
ditadura militar no Brasil. Começando a Nova República que
vivemos até hoje e o 1º presidente eleito diretamente no Brasil
foi Collor (1989).
COMISSÃO DA VERDADE
Comissão Nacional da Verdade (CNV) de 2012 à 2014;

Apurar as violações contra os direitos humanos cometidas de


1946 a 1988, período que inclui a Ditadura Militar;

O trabalho na comissão resultou em um relatório sobre 191


mortes e 243 desaparecidos no Brasil e no exterior durante o
governo militar;

Comprovações de detenções ilegais, arbitrárias, torturas,


execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de
cadáveres por agentes do Estado brasileiro;

Depoimentos de envolvidos e familiares de desaparecidos;

O Ministério Público moveu mais de 50 ações penais para


investigar e punir os militares envolvidos nos crimes durante o
regime.
MÚSICA DITADURA MILITAR
CÁLICE - CHICO BUARQUE E MILTON NASCIMENTO

Alegria, Alegria - Caetano Veloso

Para nâo dizer que não falei das flores - Geraldo Vandré

O bêbado e o equilibrista - Elis Regina

Aquele abraço - Gilberto Gil

Apesar de você - Chico Buarque

É proibido, proibir - Caetano Veloso

Como nossos pais - Elis Regina

Sinal fechado - Paulinho da Viola


CÁLICE - CHICO BUARQUE E MILTON NASCIMENTO
A música Cálice foi escrita em 1973 por Chico Buarque e Gilberto Gil, sendo lançada
apenas em 1978. Devido ao seu conteúdo de denúncia e crítica social, foi censurada
pela ditadura, sendo liberada cinco anos depois.
ANÁLISE DA LETRA
REFRÃO

PAI, AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE


PAI, AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE
PAI, AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE
DE VINHO TINTO DE SANGUE

A música começa com a referência de uma passagem bíblica: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice"
(Marcos 14:36). Lembrando Jesus antes do calvário, a citação convoca também as ideias de perseguição,
sofrimento e traição.

Usada como forma de pedir que algo ou alguém permaneça longe de nós, a frase ganha um significado ainda
mais forte quando reparamos na semelhança de sonoridade entre "cálice" e "cale-se". Como se suplicasse
"Pai, afasta de mim esse cale-se", o sujeito lírico pede o fim da censura, essa mordaça que o silencia.

Assim, o tema usa a paixão de Cristo como analogia do tormento do povo brasileiro nas mãos de um regime
repressor e violento. Se, na Bíblia, o cálice estava repleto do sangue de Jesus, nesta realidade, o sangue que
transborda é o das vítimas torturadas e mortas pela ditadura.

ANÁLISE DA LETRA

PRIMEIRA ESTROFE

COMO BEBER DESSA BEBIDA AMARGA


TRAGAR A DOR, ENGOLIR A LABUTA
MESMO CALADA A BOCA, RESTA O PEITO
SILÊNCIO NA CIDADE NÃO SE ESCUTA
DE QUE ME VALE SER FILHO DA SANTA
MELHOR SERIA SER FILHO DA OUTRA
OUTRA REALIDADE MENOS MORTA
TANTA MENTIRA, TANTA FORÇA BRUTA

Infiltrada em todos os aspectos da vida, a repressão se fazia sentir, pairando no ar e atemorizando os indivíduos. O sujeito
expressa a sua dificuldade em beber essa "bebida amarga" que lhe oferecem, "tragar a dor", ou seja, banalizar o seu
martírio, aceita-lo como se fosse natural.

Refere também que tem que "engolir a labuta", o trabalho pesado e mal remunerado, a exaustão que é obrigado a aceitar
calado, a opressão que já se tornou rotina.

No entanto, "mesmo calada a boca, resta o peito" e tudo o que ele continua sentido, ainda que não possa se expressar
livremente.

ANÁLISE DA LETRA
2ª ESTROFE

COMO É DIFÍCIL ACORDAR CALADO


SE NA CALADA DA NOITE EU ME DANO
QUERO LANÇAR UM GRITO DESUMANO
QUE É UMA MANEIRA DE SER ESCUTADO
ESSE SILÊNCIO TODO ME ATORDOA
ATORDOADO EU PERMANEÇO ATENTO
NA ARQUIBANCADA PRA A QUALQUER MOMENTO
VER EMERGIR O MONSTRO DA LAGOA

Nestes versos, vemos a luta interior do sujeito para acordar em silêncio a cada dia, sabendo das violências
que aconteciam durante a noite. Sabendo que, mais cedo ou mais tarde, também se tornaria vítima.
Chico faz alusão a um método bastante usado pela polícia militar brasileira. Invadindo casas durante a
noite, arrastava "suspeitos" das suas camas, prendendo uns, matando outros, e fazendo sumir os restantes.

Perante todo esse cenário de horror, confessa o desejo de "lançar um grito desumano", resistir, combater,
manifestar sua raiva, na tentativa de "ser escutado".

ANÁLISE DA LETRA

TERCEIRA ESTROFE

DE MUITO GORDA A PORCA JÁ NÃO ANDA


DE MUITO USADA A FACA JÁ NÃO CORTA
COMO É DIFÍCIL, PAI, ABRIR A PORTA
ESSA PALAVRA PRESA NA GARGANTA
ESSE PILEQUE HOMÉRICO NO MUNDO
DE QUE ADIANTA TER BOA VONTADE
MESMO CALADO O PEITO, RESTA A CUCA
DOS BÊBADOS DO CENTRO DA CIDADE

Aqui, ganância é simbolizada pelo pecado capital da gula, com a da porca gorda e inerte como metáfora
de um governo corrupto e incompetente que não consegue mais operar.
A brutalidade da polícia, transformada em "faca", perde seu propósito pois está gasta de tanto ferir e "já
não corta", sua força vai desaparecendo, o poder vai enfraquecendo.

Novamente, o sujeito narra sua luta quotidiana em sair de casa, "abrir a porta", estar no mundo
silenciado, com "essa palavra presa na garganta". Além disso, podemos entender "abrir a porta" como
sinônimo de se libertar, nesse caso, através da queda do regime. Numa leitura bíblica, é também símbolo
de um novo tempo.

ANÁLISE DA LETRA
QUARTA ESTROFE

TALVEZ O MUNDO NÃO SEJA PEQUENO


NEM SEJA A VIDA UM FATO CONSUMADO
QUERO INVENTAR O MEU PRÓPRIO PECADO
QUERO MORRER DO MEU PRÓPRIO VENENO
QUERO PERDER DE VEZ TUA CABEÇA
MINHA CABEÇA PERDER TEU JUÍZO
QUERO CHEIRAR FUMAÇA DE ÓLEO DIESEL
ME EMBRIAGAR ATÉ QUE ALGUÉM ME ESQUEÇA

Contrastando com as anteriores, a última estrofe traz um esperança nos versos iniciais, com a possibilidade do mundo
não se limitar apenas àquilo que o sujeito conhece.
Percebendo que sua vida não é "fato consumado", que está em aberto e pode seguir diversas direções, o eu lírico
reclama seu direito sobre si mesmo.
Querendo inventar seu "próprio pecado" e morrer do "próprio veneno", afirma a vontade de viver sempre segundo as
próprias regras, sem ter que acatar ordens ou moralismos de ninguém.

Para isso, tem que derrubar o sistema opressor, a que se dirige, no desejo de cortar o mal pela raiz: "Quero perder de vez
tua cabeça".
Sonhando com a liberdade, demonstra a extrema necessidade de pensar e se expressar livremente. Quer se reprogramar
de tudo o que a sociedade conservadora lhe ensinou e deixar de estar subjugado a ela ("perder teu juízo").

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