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Aula 11: Ditadura Militar (Parte 2)

Ernesto Geisel (1974-1979)

• Quando Geisel assumiu a presidência, o “milagre econômico” aparentava se esgotar. Uma


das principais razões foi o aumento do preço do barril de petróleo, causado pela crise de
1973. Isso significou um menor volume de capitais estrangeiros disponíveis, e aumento na
tava de juros dos empréstimos externos feitos pelo Brasil. A dívida externa aumentou, assim
como a inflação.
• O regime passava por um processo natural de desgaste; afinal, em 1974 completou-se o
décimo ano seguido de governos militares, e até mesmo setores beneficiados pelo regime
sentiam certa insatisfação, como ficou demonstrado nas eleições legislativas de 1974. Nesse
ano, o partido de oposição, MDB, apesar de todas as dificuldades, acabou vencendo a
situacionista Arena nas grandes cidades.

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• Em abril de 1977, o governo começou a mudar a legislação eleitoral, pois pretendia garantir
a maioria do Colégio Eleitoral nos anos seguintes. Foi lançado o “pacote de abril”, conjunto
de leis que estabeleceu a nomeação de senadores “biônicos” para o Congresso (um terço do
Senado seria composto de políticos nomeados diretamente pelo governo, e não eleitos pelo
voto popular).
• Geisel acenava com a ideia de uma abertura “lenta, gradual e segura”- contrariando os
generais chamados de “linha-dura” da Ditadura. Em outubro de 1975, Herzog, jornalista da
TV Cultura foi assassinado nas dependências do Segundo Exército em SP. Em janeiro de
1976, em circunstâncias semelhantes, o operário Manoel Fiel Filho morreu durante
interrogatório. Nos dois casos, o comando do Segundo Exército em São Paulo divulgou a
versão de suicídio, sem convencer a opinião pública.

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João Figueiredo (1979-1985)
• Geisel indicou Figueiredo para a presidência. Poucos meses antes de sua posse, em 1979, o
AI-5 foi revogado pelo Congresso. O direito de habeas corpus foi reestabelecido, assim
como a suspensão parcial da censura à imprensa.
• Assumindo em março de 1979, o novo presidente procurou dar prosseguimento ao já traçado
processo de abertura política. A segunda crise internacional do petróleo, em 1979, provocou
novo desequilíbrio nas contas externas e, principalmente, uma diminuição no fluxo de
capitais estrangeiros para o Brasil.
• As manifestações abertas contrárias à ditadura cresciam cada vez mais, com estudantes,
intelectuais, artistas, integrantes do MDB, da Igreja, assim como a OAB e a ABI. O
movimento operário desafiava a Lei da Greve e paralisavam as atividades de milhares de
trabalhadores, principalmente da indústria automobilística, com o Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC paulista.


O fim da Ditadura
• Em 1979, a campanha pela anistia dos presos políticos e perseguidos pela ditadura ganhou
força. Em agosto, foi aprovada a Lei da Anistia, que permitiu o retorno ao país dos exilados
políticos – assim como o perdão aos crimes cometidos pelos agentes da ditadura.
• Em novembro, o Congresso pôs fim ao bipartidarismo, permitindo a criação de novos e
múltiplos partidos. A reforma partidária foi proposta com o objetivo de enfraquecer o MDB
nas eleições para governador em 1982, acreditando-se que ele fosse se fragmentar em
pequenos partidos representativos de suas várias correntes.
• A Arena transformou-se em Partido Democrático Social (PDS), enquanto o MDB originou
quatro novos partidos: Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB); o Partido
Popular (PP); o Partido Democrático Trabalhista (PDT), de Leonel Brizola; e o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB). Foi criado também o Partido dos Trabalhadores, pelas
lideranças sindicalistas.


• Os militares contrários a abertura, juntamente a grupos paramilitares, como o Comando de
Caça aos Comunistas (CCC), a Aliança Anticomunista Brasileira (AACB) e a Falange Pátria
Nova (FPN), realizavam tentados terroristas, colocando a culpa em grupos revolucionários
de esquerda – com a intenção de sabotar o processo de redemocratização brasileiro.
• Uma das ações terroristas de maior repercussão foi o fracassado atentado à bomba no centro
de convenções do Riocentro, no Rio de Janeiro, em 1981, durante um show em
comemoração ao 1o de Maio, Dia do Trabalhador. Duas bombas explodiram antes do
previsto: uma provocou apenas danos materiais; mas a outra explodiu no interior do carro
onde se encontravam dois militares terroristas.


Diretas Já
• Em 1978, a inflação chegou aos 38,9%. Em 1980, atingiu 110%. Em 1981, o Produto
Interno Bruto chegou a apresentar índice negativo: o país se encontrava em plena
estagflação, ou seja, estagnação econômica aliada a inflação elevada.
• Em março de 1983, o deputado federal Dante de Oliveira, do PMDB, apresentou à Câmara
uma emenda à Constituição que restabelecia as eleições diretas para a Presidência da
República.
• Oito meses depois, o PT organizou em São Paulo o primeiro comício pelas eleições diretas.
O evento reuniu 10 mil pessoas. Em pouco tempo, a campanha das Diretas Já se espalhou
por todo o Brasil, mobilizando amplos setores da sociedade.
• Apesar da mobilização nacional, em abril de 1984, o Congresso rejeitou – por apenas 22
votos de diferença – a proposta das eleições diretas para presidente da República.


Eleições de 1985
• Alguns parlamentares do PDS deixaram o partido e formaram a Frente Liberal. Em 1984, o
PMDB juntou-se à Frente, formando a Aliança Democrática. Eles lançaram a candidatura de
Tancredo Neves à presidência.
• O governo indicou para sucessão de Figueiredo, Paulo Maluf, do PDS – que já havia
ocupado a prefeitura de São Paulo, apontado pela ditadura, durante a década de 70.
• Nas eleições presidenciais, Tancredo foi eleito. A posse seria realizada em 15 de março, mas
Tancredo Neves adoeceu e foi internado. Com a morte do presidente, o cargo foi ocupado
por seu vice, José Sarney – ex-parlamentar da Arena, que agora integrava a Frente Liberal.
• Após 21 anos, um civil ocupava o mais alto cargo do Executivo no país, colocando fim à
ditadura militar e iniciando um novo período político no Brasil.

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