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Partidos e Eleições durante o

Regime Militar (1964-1985)


Ato Institucional n.2
(27 out 1965 à 15 mar 1967)

- Extinção do sistema partidário


- Cassação de direitos políticos de opositores
- Eleição indireta para presidente
- Intervenção federal
- Perda de direitos dos funcionários públicos
AC-4 exigia que as organizações partidárias provisórias registrassem, cada uma, a filiação de no mínimo 120
deputados federais e 20 senadores.

Naquela legislatura, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal eram integrados por 409 e 66 membros,
respectivamente.

Os grupos parlamentares de situação reuniram-se na Aliança Renovadora Nacional (ARENA), enquanto que a
oposição ao regime (aquela que sobrevivera às cassações) fundou o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Como os parlamentares se distribuíram nos novos partidos:
Durante a vigência do sistema bipartidário, as eleições para o Congresso Nacional realizaram-se sempre no
dia 15 de novembro (o feriado da Proclamação da República).

Em 1966 foram eleitos 409 deputados federais e 22 senadores.


Em 1970, 310 deputados e 46 senadores.
Em 1974, a Câmara dos Deputados passou a contar com 364 integrantes, enquanto se elegeram 22 novos
membros do Senado Federal.
Em 1978, o eleitorado escolheu novos 420 deputados federais e 23 senadores.

Na eleição de 1978, a última disputada por ARENA e MDB, deveriam ser renovados 2/3 das cadeiras no
Senado Federal, conforme o princípio constitucional da renovação alternada.

O regime autoritário, entretanto, criou para esse pleito a figura casuística do “senador biônico”, que nada
mais era do que a eleição indireta de um senador em cada estado da federação, juntamente com um
segundo eleito diretamente pela população
Cláusula de desempenho para formação de partidos:

Constituição de 1967
Passou a condicionar o funcionamento dos partidos à obtenção, nas eleições para a Câmara dos Deputados,
de votação correspondente a 10% dos eleitores que tivessem comparecido às urnas.

A exigência relativa ao caráter nacional das legendas, por sua vez, determinava que esses votos estivessem
distribuídos em 2/3 dos estados, com pelo menos 7% em cada um deles.

Com menos de três anos de vida, a Constituição de 1967 foi radicalmente modificada pela Emenda
Constitucional nº 1 (de 17.10.1969), por muitos considerada como uma nova constituição.

A Emenda Constitucional nº 1, por outro lado, suavizou a cláusula de desempenho exigida dos partidos
políticos: a votação mínima requerida para o funcionamento de partidos no legislativo passou a ser de 5%
do eleitorado

Foi através dessa emenda constitucional que se introduziu na legislação eleitoral brasileira a fidelidade
partidária
Lei Falcão Pacote de Abril

Editada durante o Essas medidas alteraram as regras para as eleições de 1978 e


governo ditatorial do general Ernesto Geisel são consideradas um retrocesso ao processo de abertura política
(1974-1979), a Lei Falcão reduzia o tempo da iniciada pelo mesmo presidente.
propaganda eleitoral e impedia que os
candidatos discursassem em rede nacional. • Fechamento do Congresso Nacional, conforme permitia o
AI-5;
A partir da promulgação dessa Lei, seria •1/3 dos senadores seria de indicação da Presidência da
permitida apenas a divulgação de datas de República (senadores biônicos);
comícios, de foto e breve histórico da atuação •Extensão do mandado presidencial de 5 para 6 anos;
política do candidato. •Manutenção das eleições indiretas para prefeitos, governadores
e para Presidente da República;
O principal objetivo dessa legislação era •O quórum para a aprovação de emendas à Constituição passou
conter o avanço da oposição institucional do de 2/3 para maioria absoluta;
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) •Aumento da representatividade de estados menores no
Congresso Nacional, sobretudo no Norte e Nordeste, onde a
Arena era predominante.
A partir de 1979, dois novos fatos políticos se somaram aos motivos de ordem eleitoral
para justificar a reforma do quadro partidário.

O primeiro foi a decretação da anistia, com o conseqüente retorno ao país dos exilados
políticos.

A Emenda Constitucional nº 11, por outro lado, revogara os atos institucionais e


complementares decretados desde 1964 (até mesmo o AI-5).

Foram restituídos, assim, os direitos políticos daqueles afetados pelas arbitrariedades do


regime autoritário, inclusive os políticos e parlamentares cassados.

A conjunção dessas circunstâncias tornava impraticável a


permanência de apenas duas legendas no cenário político.

O sistema bipartidário surgido do AC-4 seria finalmente extinto


pela Lei nº 6.767 (de 20.12.1979), que reformou vários
dispositivos da Lei Orgânica dos Partidos Políticos.
1945-1965
1965-1979 1980: Sistema Multipartidário
reinstituído

1982
PARTIDO
POPULAR
Sucessor legal

Sucessor de facto
Partido Social Liberal
PSL (1998-2022)

União Brasil
2022
Pacote de novembro

Voto Vinculado
UMA HISTÓRIA POLÍTICA DA TRANSIÇÃO BRASILEIRA: DA DITADURA MILITAR À DEMOCRACIA

Codato (2005)

O objetivo deste artigo é refazer a história política O golpe de 1964 assinalou uma modificação
nacional a partir de 1974 a fim de indicar as variáveis decisiva na função política dos militares no
que influíram na configuração – política e institucional Brasil. A ação final contra a “democracia
– do regime atual. populista” trouxe duas novidades:

Pretende-se sugerir que o programa de mudança política 1) Intervenção permanente: há de fato uma
pode ser mais bem compreendido quando se tem mudança de regime político
presente a conexão entre quatro aspectos: o conteúdo, a 2) Movimento institucional das Forças
natureza, as razões e o significado mais geral da Armadas: Foi o aparelho militar, e não um
transição de um regime a outro. líder político militar, que passou a controlar
primeiramente o governo (i. e., o Executivo),
depois o Estado (e seus vários aparelhos) e,
em seguida, a cena política (i. e., as
instituições representativas)
UMA HISTÓRIA POLÍTICA DA TRANSIÇÃO BRASILEIRA: DA DITADURA MILITAR À DEMOCRACIA

- Fase 1: constituição do regime político - Fase 2: consolidação do regime ditatorial-militar


ditatorial- (governos Costa e Silva e Médici)
militar (governos Castello Branco e Costa e Silva) – etapa 5: agosto de 1969 (Costa e Silva adoece; Junta
– etapa 1: março de 1964 (golpe de Estado) Militar assume o governo) – setembro de 1969
– outubro de 1965 (extinção dos partidos políticos) (Médici é escolhido Presidente da República)
– etapa 2: outubro de 1965 (tornada indireta a – etapa 6: outubro de 1969 (nova Constituição)
eleição de Presidente da República) – janeiro de – janeiro de 1973 (refluxo da luta armada)
1967 (nova Constituição) – etapa 7: junho de 1973 (Médici anuncia seu
– etapa 3: março de 1967 (posse de Costa e Silva) – sucessor) – janeiro de 1974 (eleição congressual
novembro de 1967 (início da luta armada) (indireta) de Geisel)
– etapa 4: março de 1968 (início dos protestos
estudantis) – dezembro de 1968 (aumento da
repressão política)
UMA HISTÓRIA POLÍTICA DA TRANSIÇÃO BRASILEIRA: DA DITADURA MILITAR À DEMOCRACIA

- Fase 3: transformação do regime ditatorial-militar - Fase 4: desagregação do regime ditatorial-militar


(governo Geisel) (governo Figueiredo)
– etapa 8: março de 1974 (posse de Geisel) – etapa 11: março de 1979 (posse de Figueiredo) –
– agosto de 1974 (anunciada a política de novembro de 1979
modificação do regime) (extinção dos partidos políticos Arena e MDB)
– etapa 9: novembro de 1974 (vitória do MDB nas – etapa 12: abril de 1980 (greves operárias em São
eleições senatoriais) – abril de 1977 (Geisel fecha o Paulo) – agosto de 1981 (Golbery pede demissão do
Congresso Nacional) governo)
– etapa 10: outubro de 1977 (demissão do Ministro do – etapa 13: novembro de 1982 (eleições diretas para
Exército) – janeiro de 1979 (revogação do Ato governadores dos estados; maioria oposicionista na
Institucional n. 5) Câmara dos Deputados) – abril de 1984 (derrotada a
emenda das eleições diretas)
– etapa 14: janeiro de 1985 (vitória da oposição na
eleição para Presidente da República)
– março de 1985 (posse de José Sarney)
UMA HISTÓRIA POLÍTICA DA TRANSIÇÃO BRASILEIRA: DA DITADURA MILITAR À DEMOCRACIA

- Fase 6: consolidação do regime liberal-democrático


(governos Collor, Itamar Franco e FHC)
– etapa 18: março de 1990 (posse do Presidente eleito,
- Fase 5: transição, sob tutela militar, para o regime Fernando Collor de Mello; anunciado o Plano Collor I)
liberal-democrático (governo Sarney) – janeiro de 1991 (anunciado o Plano Collor II)
– etapa 15: abril-maio de 1985 (falece Tancredo – etapa 19: dezembro de 1992 (impedimento do
Neves; emenda constitucional restabelece eleições Presidente Collor; o vice-Presidente Itamar Franco
diretas para Presidente da República) – fevereiro de assume a Presidência da República) – julho de 1994
1986 (anunciado o Plano Cruzado contra a inflação) (lançado o Plano Real)
– etapa 16: novembro de 1986 (vitória do PMDB nas – etapa 20: janeiro de 1995 (posse do Presidente eleito,
eleições gerais) – outubro de 1988 (promulgada nova Fernando Henrique Cardoso) – junho de 1997
Constituição) (aprovada a emenda que permite a reeleição do
– etapa 17: março de 1989 (início da campanha para Presidente da República e dos titulares dos poderes
as eleições presidenciais) – dezembro de 1989 Executivos municipais e estaduais)
(Collor de Mello vence as eleições presidenciais) – etapa 21: janeiro de 1999 (posse do Presidente
reeleito, Fernando Henrique Cardoso) – outubro-
novembro de 2000 (vitória dos partidos de oposição
nas eleições municipais)
– etapa 22 : julho de 2002 (início da campanha para as
eleições presidenciais) – janeiro de 2003 (posse do
Presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva)

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