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De JK a Jango: Utopia e Agonia no

governo Jango

Aluno: Marcus Pierre de Carvalho Baptista

TERESINA/PI, 2018
A Herança de JK e o governo Jânio/Jango

Inflação e corrupção dando o tom do debate político no final


dos anos 1950

Jânio surge em meio a esse debate. Suas propostas contra a


inflação prometiam sanear as finanças e públicas e congelar
salários. No caso da corrupção prometia tomar o controle da
máquina governamental moralizando-a e punindo os
corruptos. Contra a dependência externa prometeu assumir
uma nova postura externa chamada de “independente”.
Apoiado pela UDN que viu em seu nome a possibilidade de
vencer as eleições presidenciais.

A dobradinha “Jan-Jan”. Jânio para presidente e Jango para


vice-presidente. Prelúdio para a crise política que culminaria
em 1964.
JK e Jango eram vistos como corruptos por Jânio.
Rompimento do presidente com o vice logo após a eleição.

Seu governo apresentou problemas logo de início. Encarado


como um governo com uma política externa constrangedora
logo perdeu o apoio da UDN e passou a sofrer oposição dos
grupos conservadores e do Exército.

A condecoração de Che Guevara e a crise deflagrada. Em 19


de agosto de 1961 condecora Che Guevara em virtude da
liberação de sacerdotes católicos do fuzilamento em Cuba. A
UDN rompe de vez com Jânio e Lacerda o acusa de estar
articulando um golpe. Para Napolitano o problema não era a
articulação de um golpe, mas sim um golpe sem a UDN
liderado por alguém simpático com comunistas.
Renunciou. Sua ideia era de sair do isolamento político.
Acreditava que o povo pediria que voltasse ao poder e que
Jango seria vetado pelos militares por ser visto enquanto
comunista.

Entre 25 de agosto e 7 de setembro de 1961 o Brasil foi


governado por uma Junta Militar formado pelos ministros de
Jânio e que tentaram evitar a posse de Jango.

Jango estava na China em missão diplomática.

Esse curto período de tempo marca uma intensa mobilização


militar e política.

Apoio de Brizola e do general Lott. Possibilidade uma guerra


civil até 31 de agosto com mobilização de tropas entre São
Paulo e Rio Grande do Sul.
A Imprensa foi a favor da posse de Jango com exceção dos
jornais de Lacerda. A OAB e a UNE também se manifestaram
a favor. Os sindicatos realizaram manifestações e greve ao
longo do país em defesa da legalidade da posse. Os
parlamentares buscaram a conciliação isolando politicamente
os radicais.

O Congresso Nacional negou o pedido de impugnação


colocando-se contrários a junta golpista, mas aprovaram o
parlamentarismo (mal visto pelo PTB e a ala esquerdista)
numa tentativa de minar o poder do novo presidente – Posse
através de um golpe civil para evitar um golpe militar.

1962 – Sabotagem da Direita e da Esquerda do novo sistema


de governo. UDN e PSD retiram apoio ao novo sistema.

Goulart se posiciona contrário ao Parlamentarismo ao reiterar


seus projetos de reforma de base.
Utopia e Agonia do Governo Jango

Mudanças?

Reformismo? Revolução?
A esquerda nos anos 1970 e 1980 sobre o governo Jango

Esquerda Nova
Nacionalista Esquerda
Governo Ilusão
Reformista? Utópica?
Irresponsabilidade
das Esquerdas

Fragilidade Política

Crise Econômica

Golpe das Direitas


Qual o caminho percorrido pela
crise política que culminou no
Golpe?
Qual a relevância do governo
de Jango para o Brasil?

Como analisar o período do


regime militar brasileiro?
• Revisão da agenda política
Principais brasileira
• Busca por uma
Virtudes do democratização da
governo Jango cidadania e da propriedade

Transformação • Ação das Direitas


da Agenda contrárias ao governo de
Jango e à inserção das
Política em massas na política
projeto de
governo
Quais aspectos marcaram o
cenário político do momento
que antecede o golpe?

Voto dos analfabetos, reforma


agrária, nacionalismo
econômico, legalização do
Partido Comunista Brasileiro

Como conciliar essas


questões entre a Direita e a
Esquerda?
Afirmação de
Agenda Golpe Civil- outro modelo
Reformista Militar político-
ideológico
Modernização
socioeconômica
do país

Modelo
político-
ideológico
esboçado pelo
golpe Civil-
Edificação de Militar
uma
Democracia
tutelada pelos
militares em
nome da ordem
Golpistas Golpistas
Civis Militares
• Retomada do status quo
Golpistas • Democracia para uma
minoria, liberdade
Civis legitimada pela lei e
estabilidade das
hierarquias sociais

• Desconfiança dos políticos


Golpistas civis para realização destes
elementos

Militares • Fim da ideia de um “golpe


cirúrgico”: rompimento da
coalizão golpista de 1964
O que interessa ao historiador
o estudo desse momento?
Compreender
Entendimento
que o fracasso
que as
Romper com de um projeto
reflexões
uma reflexão político revela
produzidas
fragilizada do tanto seus
acerca deste
“E se” problemas
não são
como suas
absolutas
virtudes.
Goulart pretendia uma nova Assembleia Constituinte. Buscava
fazer a reforma agrária, bancária, eleitoral e tributária.

Tancredo Neves – Primeiro Ministro – Apoiava uma agenda


reformista e gradual. As lideranças camponesas queriam uma
transformação radical da estrutura agrária, rechaçando essa
agenda reformista e gradual - “A reforma agrária será feita na
lei ou na marra, com flores ou com sangue”.

Renúncia de Tancredo em julho de 1962.

Segundo Semestre de 1962 – Acirramento da disputa política


pelo Brasil. Com o retorno do presidencialismo as esquerdas
reafirmam seu projeto político de reformas, sendo visto por
alguns como o início da “Revolução Brasileira”. As Direitas
frustradas com o golpe fracassado em Jango buscam se
rearticular, considerando novas táticas e novos parceiros em
sua conspiração.
Nos fins de 1962 o PTB e agenda reformista tem uma boa
atuação nas eleições estaduais e legislativas.

No início de janeiro o plebiscito para o retorno do


presidencialismo vence. As esquerdas interpretam isso como
um apoio as reformas de base.

Pressão da esquerda não parlamentar pela aprovação das


reformas de base – Frente de Mobilização Popular. A FMP via o
governo de Jango como conciliatório por tentar realizar as
reformas no âmbito do Congresso Nacional, tido como
conservador e contra o reformismo. A esquerda dividia-se,
principalmente, entre brizolistas, comunistas e “ligueiros”,
estes últimos acreditavam na luta armada.

1963 – Governo Jango trava duas batalhas decisivas:


Aprovação da reforma agrária no Congresso e tentativa de
controlar a inflação e retornar o crescimento.
Elaboração do Plano Trienal: Controle de inflação e retomada
do controle das finanças públicas – Restrição salarial, restrição
ao crédito e corte de despesas do governo. Seguia as
indicações do FMI. No segundo momento previa a retomada
do desenvolvimento a partir das reformas estruturais:
administrativa, fiscal, bancária e agrária.

Boa parte dos sindicatos, base do governo de Jango, foram


contrários ao Plano. O empresariado comercial e industrial
também se posicionou de maneira contrária.

Em maio de 1963 Jango cede as pressões, liberando o crédito


e aumentando o salário dos funcionários públicos. Findava-se
o Plano Trienal, a economia estava sem controle e surgia o
pior cenário possível: Recessão e Inflação.
O Congresso não aceitaria a desapropriação sem o pagamento
aos latifundiários. A UDN posicionou-se contrária a reforma, o
PSD queria o pagamento de 50% do valor da terra, além de
que o proprietário permanecesse com 50% da terra
desapropriada.

Em outubro o último projeto de reforma agrária foi rejeitado


no Plenário.

Além disso, instaurou-se outra crise no final de 1963 com o


STF recusando-se a dar posse aos militares eleitos em 1962
ao Legislativo. Os militares se rebelaram e muitos foram
presos.

A atitude do governo frente a insubordinação das Forças


Armadas alimentou a suspeita de um golpe de estado apoiado
pelas camadas subalternas das Forças Armadas.
Lacerda acusa o governo de golpista, infiltrado por comunistas
e sugere a intervenção americana para manter a democracia
no continente.

A ineficácia de Jango em lidar com essa situação levou a


críticas tanto da Direita como da Esquerda.

A derrota na economia e na aprovação das reformas de base


exacerbou uma crise política que já se delineava nos
anteriores. O palco estava formado, os atores começavam a se
posicionar e em breve as cortinas cairiam, revelando o golpe
de 64.
1.1 A vida cultural brasileira pré-golpe de 1964

Agitação da
vida cultural
em meio à
agenda
reformista

Surgimento
de uma série
de iniciativas
culturais e
artísticas
Necessidade de
reinventar o país a
partir do
nacionalismo
inspirado na cultura
popular e do
modernismo
• Possibilitou
uma nova
Governo Jango agenda
cultural

• Aposta no
Surgimento de reformismo
uma nova elite como um
caminho para
intelectual a Revolução

Fim do • Fim desta


nova elite
governo Jango intelectual
Furor Punitivo pós-golpe de 1964

As elites políticas e os intelectuais


engajados com o projeto reformista

As classes trabalhadoras organizadas


• Criação dos Atos Institucionais

Elites Políticas
e Intelectuais

• Para as classes trabalhistas já


Classes existia a CLT com um caráter
de tutela
Trabalhadoras • Quanto as lideranças
Organizadas camponesas sua supressão
ficou a cargo da pistolagem
1930 - 1950 -
1920
1940 1960
Governo Autoritário Intelectuais de
Nova elite cultural
de Vargas Esquerda

Pensar uma nova Nacional Popular e


brasilidade a partir Incorporação o moderno tornam-
de uma estética dessa proposta se um viés para
modernista e da pela Direita uma cultura crítica
cultura popular e revolucionária
REFERÊNCIA

FICO, Carlos. O suicídio de Vargas. In: FICO, Carlos. História do


Brasil Contemporâneo: da morte de Vargas aos dias atuais. São
Paulo: Contexto, 2016. p. 7-32.

NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro.


São Paulo: Contexto, 2014.
Muito Obrigado!

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