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A Crise Econômica de 1929

O final da Primeira Guerra Mundial marcou o declínio da Europa e a ascensão dos Estados Unidos como uma das mais importantes
potências econômicas do mundo. A indústria norte-americana era responsável, por volta de 1920, por quase 40% da produção mundial,
vivendo o país um clima de euforia capitalista que ficou conhecido como o American Way of Life (o estilo de vida americano),
caracterizado por uma ânsia consumista.
A Crise de 1929 foi provocada pela super produção de bens industriais e agrícolas naquele país. A fase de grande euforia e
prosperidade econômica norte-americana foi substituída por uma terrível crise econômica, de repercussão mundial. Vários foram os
fatores que levaram a essa crise, entre eles a super produção da economia norte-americana, a recuperação econômica dos países
europeus, que diminuíram suas importações dos EUA por volta de 1925, a grande concentração de riqueza nas mãos dos
capitalistas e a especulação acionária na Bolsa de Valores de Nova Iorque.
Quando o mercado percebeu que muitas empresas com ações negociadas na bolsa de valores estavam à beira da falência, houve uma
vertiginosa queda dos preços das ações. A crise estourou na Quinta Feira Negra (24 de outubro de 1929), quando milhões de ações
foram postas à venda e não encontraram compradores. Foi o crack da Bolsa de Nova York, levando inúmeras empresas e bancos à
falência.
O preço das matérias primas e dos produtos agrícolas caíram assustadoramente. Havia muitos produtos no mercado, mas poucas
pessoas podiam comprá-los. As empresas promoveram demissão em massa de seus funcionários, transformando a crise econômica em
uma crise social. Os Estados Unidos não podendo vender deixaram de comprar, provocando a redução das exportações dos países que
vendiam seus produtos para os norte-americanos. A crise econômica repercutiu mundialmente numa reação em cadeia, sendo
impossível conter o desastre que atingiu os países subdesenvolvidos, que não tinham para quem vender e ficaram sem recursos
para importar.
Entre as consequências políticas da crise capitalista, houve um recuo das ideias liberais em diversos países do mundo e
fortaleceram-se as atribuições do Estado na economia, surgindo um clima propício para o avanço dos regimes totalitários,
verificando-se, assim, um processo de centralização do poder.
O New Deal
Nos Estados Unidos, o presidente Franklin Delano Roosevelt (1933-45) adotou um conjunto de medidas com vistas a superar a crise
econômica, que ficou conhecido como New Deal (novo acordo), que rompia com os princípios do liberalismo econômico, baseado na lei
da oferta e da procura. O Programa econômico adotado em 1933 pelo presidente norte americano Franklin Roosevelt, para combater os
efeitos da Grande Depressão e refazer a prosperidade do país. O New Deal (Nova Política) seguiu, na prática, os ensinamentos que a
reflexão teórica de Keynes produziria: baseou-se na intervenção do Estado no processo produtivo, por meio de um audacioso plano de
obras públicas, com o objetivo de atingir o pleno emprego, o que contradizia toda a tradição liberal dos Estados Unidos. Dentro dessa
orientação intervencionista, Roosevelt, segundo suas próprias palavras, decidiu enfrentar o problema da crise como se enfrenta uma
guerra.
Começou pelo controle do sistema financeiro do país, decretou o embargo do ouro e desvalorizou o dólar para favorecer as
exportações.
O New Deal buscava conciliar a intervenção do Estado em certos setores da economia pelo respeito à iniciativa privada. Entre as
medidas adotadas destacam-se: a realização de um amplo programa de obras públicas, para criar empregos; a criação de um seguro
desemprego; controle dos preços de diversos produtos industriais e agrícolas; concessão de empréstimos aos proprietários rurais para que
pagassem as suas dívidas e a recuperação industrial, através de um pacto em que se garantia os interesses dos empresários e dos
trabalhadores, ou seja, a limitação da produção às exigências do mercado e acordo sobre os preços, bem como a limitação das horas de
trabalho e a criação de um salário mínimo.
O Estado e a Crise
A nova política estendeu-se a todos os campos da atividade econômica. O incremento à produção industrial foi regulamentado pelo
National Industrial Recovering Act — Nira (Lei de Recuperação da Indústria Nacional), que redefiniu também as relações entre
patrões e empregados, e estabeleceu o sistema de previdência social.
Juntamente com o Nira, foi criada a National Recovery Administration (Administração de Recuperação Nacional), encarregada da
aplicação e controle do programa industrial do governo. Esse órgão estatal induzia os empresários a estabelecer entre si acordos sobre
preços, salários e programas de produção, visando à racionalização da economia. Os empresários que oferecessem resistência à orientação
dada poderiam ter suas licenças caçadas. O controle estendeu-se à Bolsa de Valores e à subscrição das Sociedades Anônimas. Objetivando
conseguir recursos para o Estado e redistribuir a renda. O National Industrial Recovery Act determinou a redução das horas de trabalho,
sem diminuição do salário, procurando assim, levar a uma maior absorção da mão de obra desempregada. Foi criado um salário mínimo
nacional e decretada a liberdade de organização sindical e a convenção coletiva de trabalho. Instituiu-se o seguro social, em parte
financiado pelos patrões.
Para reanimar a construção civil e combater o desemprego, criou-se o programa da casa própria e aplicaram-se 500 milhões de dólares nos
projetos do Civilian Conservation Corps, voltado para o reflorestamento e o combate a incêndios e inundações.
Foi abolida a Lei Seca e incentivada a produção de vinho e cerveja. A politica agrícola foi regulamentada pelo Agriculture Adjustement
Act (AAA). O governo assumiu as dívidas dos pequenos proprietários e ofereceu facilidades de créditos e prêmios, para os fazendeiros
que se engajassem nas metas governamentais, comprometendo-se a comprar os produtos estocados. Processou-se também a eletrificação
rural. A política econômica do New Deal ajudou a restaurar a confiança dos norte-americanos, e o país voltou a crescer economicamente.

Exercícios:
1. (UNICAMP) Em 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou. As ações se desvalorizaram drasticamente; os estoques de cereais
se acumularam; os preços dos produtos baixaram. Fazendeiros faliram. As grandes indústrias diminuíram fortemente a produção; as
médias e pequenas fecharam. Grandes massas de trabalhadores ficaram desempregadas.
O Estado, essencialmente liberal, não intervinha na produção e o mercado sozinho não controlava a crise. Para controlar a crise, Franklin
Delano Roosevelt, democrata eleito presidente em 1932, lançou um programa de reconstrução nacional, o New Deal, cuja meta era
promover reformas profundas na sociedade norte-americana. Baseando-se no texto, responda.
a) Qual a diferença entre o liberalismo econômico clássico e o liberalismo praticado pelo New Deal?
b) Quais os reflexos da crise de 1929 no Brasil?

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