Você está na página 1de 2

Geografia

=
Crise de 29 e Keynesianismo

Teoria

Introdução

A Crise de 1929, Crise de 29 ou Grande Depressão, foi uma crise financeira que começou nos Estados Unidos
e que, posteriormente, atingiu as principais potências econômicas e ganhou dimensão mundial. É uma crise
do liberalismo. Com o otimismo pós-guerra (Primeira Guerra Mundial), observou-se o aumento da produção
possibilitado pelo Fordismo. Todavia, esse otimismo e crescimento não se manifestaram no consumo, em
parte, porque não houve aumento do poder de compra dos trabalhadores. Assim, produzia-se mais do que se
consumia. Genericamente, essas foram as condições para a crise de superprodução de 1929.

Atenção! Não é uma crise do Fordismo (modelo produtivo), e sim do modelo econômico liberalismo.

Liberalismo

O liberalismo defendia a economia de livre mercado, ou seja, uma economia que se “autorregula”. Ele tinha
também como características o individualismo e a defesa da propriedade privada. Foi na decadência do
mercantilismo e com o firmamento do capitalismo que surgiu a teoria do liberalismo econômico. Essa teoria
se baseava na não intervenção de qualquer agente externo à economia (Estado, leis, políticas), pois, de
acordo com ela, o mercado consegue se autorregular sem a intervenção do Estado. É a ideia da “mão
invisível” que regula a economia a partir dos demais princípios básicos, como a livre concorrência, que
causaria uma espécie de seleção das melhores lojas e empresas, e a lei da oferta e da procura, em que os
preços se autorregulam no mercado a partir da relação entre disponibilidade dos produtos e demanda.

Crise de 29

O consumismo era uma importante bandeira pregada nesse contexto, no qual a capacidade de expandir o
mercado consumidor estava limitada. Com estoques cheios, os bancos concediam créditos, empréstimos
para que a população pudesse acessar a modernidade que estava sendo produzida. Outra característica de
uma democracia liberal é a redução de direitos trabalhistas, uma vez que é o Estado o responsável por
assegurá-los. Ou seja, havia consumo sem que houvesse de fato poder de compra por parte dos
trabalhadores. A Crise de 29, portanto, foi uma crise de superprodução e de concessão de créditos, que levou
à quebra dos bancos e da Bolsa de Valores de Nova York, assim como ao fechamento de fábricas,
desemprego e consequente redução do consumo.

Keynesianismo

O Keynesianismo, assim como o liberalismo, é uma doutrina econômica que foi instaurada para reaquecer a
economia no contexto de crise liberal. O cientista econômico John Maynard Keynes já vinha apontando para
a possibilidade de uma crise econômica, devido à não interferência do Estado na economia. Ele defendia que
o Estado deveria ser atuante (forte) na economia, para ajudar o capitalismo nos momentos de crise, naturais
desse sistema. O Estado seria, portanto, responsável por prover não somente os direitos básicos da
população, como o acesso a serviços de saúde e educação, mas também por realizar grandes obras em
setores estratégicos, como transporte, energia e infraestrutura, além de controlar as empresas e a atuação
financeira, ampliando o setor estatal. O aumento da atuação pública garantiria uma boa qualidade de vida e
reaquecimento do consumo. É o que ficou conhecido como Estado de Bem-Estar Social (Welfare State). Após
a crise do liberalismo, Keynes, que já apontava para seu esgotamento, passou a ser um grande referencial na
economia.

1
Geografia
=
O New Deal e a recuperação econômica

Franklin Delano Roosevelt, inspirado nas ideias de Keynes, lançou o New Deal (Novo Acordo), em 1933, para
recuperar a economia americana a partir do aumento do consumo. Lembre-se: a Crise de 1929 tinha sido
resultado da superprodução e estagnação do consumo. Roosevelt fundamentou-se nas ideias de Keynes para
recuperar a economia. Fizeram parte das medidas desse Novo Acordo:

• Pleno emprego e estabilidade;


• Aumento dos salários;
• Menos horas de trabalho;
• Aumento dos direitos trabalhistas e previdenciários;
• Obras públicas em setores estratégicos;
• Controle da produção;
• Fiscalização bancária e de outras instituições financeiras;
• Subsídios a pequenas empresas.

Todas essas ações buscavam o crescimento do número de empregos, da renda e do consumo, recuperando
a economia americana. Esse Estado forte na economia ficou conhecido como Estado Keynesiano ou Estado
do Bem-Estar Social. Nos Estados Unidos, foi responsável por consolidar o American Way of Life (estilo de
vida americano). Essa é uma expressão utilizada para se referir ao estilo de vida americano, geralmente
representado por uma família feliz com os inúmeros produtos que pode consumir, façanha conquistada pelo
aumento da produtividade (Fordismo) e da superioridade tecnológica americana no pós-Primeira Guerra
Mundial. Porém, esse modelo foi afetado com a Crise de 1929, ressurgindo no contexto do New Deal.
Entretanto, ele se consolida, de fato, no pós-Segunda Guerra Mundial, passando a ser referência de modelo
de vida e bem-estar para outros países capitalistas. Na Europa, está associado a diversos ganhos sociais
promovidos pelo Estado, que passa a ser responsável pela economia e sociedade. Sua principal característica
é a defesa dos direitos à saúde, educação, previdência e trabalho. Essa defesa é feita pelo Estado, que enxerga
esse modelo como uma forma de combate às desigualdades.

Você também pode gostar