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SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE

SOCIOAMBIENTAL – NOVAS FONTES DE ENERGIA


RENOVÁVEL: A FORÇA DOS VENTOS
Maria Aldelice Rodrigues Gomes¹
Michaely Kenedy de Jesus Reis²

RESUMO

Uma excelente maneira de promover a sustentabilidade ambiental em larga escala é com


o uso de energia renovável. Tem se buscado por novas fontes de energia desde a década
de 1970, período em que estourou a Crise do Petróleo (energia não renovável, que era a
principal fonte de energia na época), mas hoje em dia, as fontes de energia renováveis
são um tema até que recorrente tanto na bolha pública quanto na privada, que tem
ganhado os holofotes progressivamente. No início de 2021, sofremos com o aumento da
energia elétrica, chegando há pouco tempo até a entrarmos num estado de Crise
Energética, marcada por fatores tanto políticos, quanto econômicos e ambientais,
correlacionadas com a dificuldade do país em manter o abastecimento por meio das
hidrelétricas. Esse artigo visa mostrar os prós e contras da Energia Eólica, mostrando os
impactos ambientais e as consequências da construção de parques eólicos.
Palavras-chave: Sustentabilidade ambiental. Energia renovável. Crise Energética.
Energia Eólica. Impactos ambientais.

Palavras-chave: Sustentabilidade ambiental. Energia renovável. Crise energética.


Energia Eólica.

ABSTRACT

An excellent way to promote environmental sustainability on a large scale is through the


use of renewable energy. New energy sources have been searched for since the 1970s,
when the Oil Crisis broke out (non-renewable energy, which was the main source of
energy at the time), but nowadays, renewable energy sources they are a recurrent theme
in both the public and the private bubble, which has progressively gained the spotlight.
At the beginning of 2021, we suffered from the increase in electric energy, arriving
recently until we entered the state of Energy Crisis, marked by political, economic and
environmental factors, correlated with the country's difficulty in maintaining supply
through hydroelectric plants. This article aims to show the pros and cons of Wind
Energy, showing the environmental impacts and consequences of building wind farms.

Keywords: Environmental sustainability. Renewable energy. Energy Crisis. Wind


Energy. Environmental impacts.

¹ Acadêmico do Centro Universitário Leonardo da Vince – UNIASSELVI – Curso de Tecnologia em


Gestão Ambiental (FF06456) - Seminário Interdisciplinar: Sustentabilidade e Responsabilidade
Socioambiental – 07/12/2021
² Tutora do Centro Universitário Leonardo da Vince – UNIASSELVI.
1. INTRODUÇÃO

A Energia Renovável é gerada por recursos naturais que são facilmente


reabastecidos e considerados inesgotáveis. Sua obtenção advém por meio de
hidrelétricas, geotérmica, captação eólica, solar e de biomassa. São fontes energéticas
que visam a substituição de combustíveis fósseis por tecnologias menos poluentes,
tentando reduzir a emissão de gases e, como consequência, melhorar a qualidade do ar,
proteger a saúde e minimizar os efeitos climáticos, principalmente o Aquecimento
Global (Adaptado de Anenberg, 2013). Os combustíveis fósseis fazem parte do grupo
denominado como Fontes de Energia Convencionais ou não-renováveis, pois são
finitas. Esse tipo de fonte demora alguns milhões de anos para se formar, sob uma
condição bem específica de temperatura e pressão, são subdivididos em: petróleo,
carvão mineral e gás natural. Além dessas, a energia nuclear também é classificada
como energia não renovável.

Atualmente, aproximadamente 70% da energia ofertada mundialmente vêm de


fontes não renováveis (IEA, 2020). Segundo Lei (2020), isso tem impulsionado o
advento de novas fontes de energia renovável, sendo alternativas mais efetivas na
preservação ambiental do que os combustíveis fósseis.

Apesar de a hidrelétrica estar entre as opções de Energia Renovável, ela não é a


escolha mais viável ecologicamente, pois causa impactos negativos ao meio ambiente,
degradando ecossistemas inteiros. Já os estudos e efeitos da biomassa ainda requerem
mais pesquisas e desenvolvimento ecológico, as técnicas utilizadas atualmente
consistem na queima da matéria, liberando a energia química contida dentro do toda
matéria utilizada (árvores e vegetações, lixos orgânicos e desejos animais, resíduos
industriais, etc.) juntamente com gases poluentes, acarretará em um enorme prejuízo ao
meio ambiente, como é o caso das chuvas ácidas. Possui também uma grande
dificuldade no transporte e armazenamento da biomassa sólida, além de possuir um
poder calorífico menor quando comparado a outros combustíveis, tendo uma eficiência
reduzida.

As opções mais aceitáveis e menos prejudiciais se concentram entre as energias


eólica e solar, ambas extremamente abundantes no Brasil. Este artigo visa promover

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uma visão sobre os benefícios e as desvantagens ambientais acerca da energia eólica,
que conforme Maeda e Watts (2019, p. 540) relatam:

A energia eólica é uma grande candidata, como uma fonte de


energia renovável, devido ao seu potencial de redução
significativa de custos. O projeto dos parques eólicos é
compacto e tem um curto período para sua disposição no
mercado, o que proporciona um grande investimento e
flexibilidade em relação aos concorrentes, que não possuem
condições de mercado tão atraentes. Os instrumentos de
avaliação tradicionais geralmente não consideram.

Podemos definir a energia eólica como a energia proveniente das correntes de ar


que circulam pela atmosfera devido ao seu aquecimento desigual. É considerada uma
energia limpa, renovável e disponível em todos os lugares (Alves, 2010; Rodrigues et
al., 2015), atualmente o conceito principal dessa energia é que ela é adquirida por meio
de aerogeradores instalados em imensas torres, mas a captação dos ventos é uma força
motriz que remonta à antiguidade, utilizada pelos chineses, há quase 1000 anos antes de
Cristo em estruturas chamadas de “panêmonas chinesas” (Figura 1), era uma forma
primitiva de moinho, possuindo um eixo vertical que poderia ser acionado por uma
longa haste presa a ela, sendo utilizado na moagem de grãos e para o bombeamento de
água, que exigiam cada vez mais esforço braçal e animal, ainda tinha a possibilidade de
variar a posição das pás conforme a ação do vento.

Figura 1: Panêmona chinesa/


imagem via Repositório UPCT

Passando pro século I d.C., o engenheiro grego Heron de Alexandria concebeu


uma estrutura mais elaborada para a captação e utilização da força dos ventos, ele
chamou a sua invenção de “órgão de vento” (Figura 2). A concepção do “moinho de
vento” se deu início primeiramente na Pérsia (Figura 3), por volta do século VII e se
espalhou pelo Oriente Médio e a Ásia Central. Esses moinhos eram na horizontal e

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faziam transmissões com um cano no centro da estrutura. Sua função era a de bombear
água pras lavouras. como conhecemos atualmente apareceu, principalmente na China e
na Índia.

Figura 3: Moinho de vento


Figura 2: Roda Eólica de Heron/ horizontal dos persas.
imagem via Google Imagens /imagem via zonadaeletrica

Os moinhos de vento (cata-ventos) eram as únicas máquinas de tração não


animal que eram capazes de fornecer energia mecânica. A partir de 1430, foi onde
começaram a surgir e evoluir os moinhos de vento na Europa (Figura 4), embora,
segundo Casa Nova (2017), documentos portugueses já relatavam a sua existência
prévia em 1303, num formato que destoa um pouco dos demais moinhos europeus,
apresentando um telhado cônico e um número variado de velas de pano, cuja origem
talvez remeta a um valeme das embarcações (Figura 5). Nesse período, a energia eólica
era utilizada para moer grãos, bombear água (controlar e drenar o excesso de água nas
regiões que ficavam abaixo do nível do mar) e transportar mercadorias em barcos a
vela. Desde o seu surgimento, sofreu várias modificações, até que no final do século
XVIII, os Estados Unidos adaptaram uma nova geração de máquinas eólicas com uma
concepção diferente das anteriores, as chamadas “multi-pás” americanas (Figura 6),
sendo essas utilizadas para bombear água em fazendas e abastecer os bebedouros para o
gado em pastagens extensas, com o tempo, a nova tecnologia melhorada pelos EUA
correu o mundo, sendo utilizadas na Austrália, Rússia, África e na América Latina. Já
no século XIX, teve início à adaptação dos cata-ventos para a geração da energia eólica
como conhecemos.

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Figura 5: Moinho de vento Figura 6: Moinho multi-pás
português (mediterrâneo) /imagem americano /imagem via
Figura 4: Moinho de vento
via Google Imagens Google Imagens
holandês/europeu /imagem
via Google Imagens
Em 1888, Charles Francis Bruch deu um ambicioso passo, combinando teste de
aerodinâmica, estrutura dos moinhos e as recentes inovações tecnológicas na produção
de energia elétrica. Charles construiu o primeiro cata-vento destinado à geração da
energia elétrica que a partir de então, ficou conhecido como “aerogerador” (Figura 7).

Figura 7: Turbina Eólica de


Charles Bruch /imagem via
Google Imagens

Na Europa, no mesmo período, um programa governamental que incentivava o


desenvolvimento eólico foi criado, que começou a dar frutos no início do século XX,
com mais de 70 turbinas montadas com potência aproximada de 25 kW, embora ainda
não houvesse uma conexão com a rede elétrica. Já na Rússia, pouco antes da Segunda
Grande Guerra Mundial, surgem os aerogeradores de grande porte com aplicações
elétricas. O primeiro aerogerador russo foi o Balaclava (Figura 8), de 100 kW, sendo a
primeira tentativa bem sucedida de se conectar a uma usina termelétrica (de 20 MW).
Foi medida a energia durante um ano, tendo um total de 280.000 kWh, o que
correspondia a 32% da energia elétrica russa.

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Por fim, a conexão com a rede elétrica como ainda é atualmente, data de 1941,
onde Smith-Putnam (EUA) produziu um aerogerador que possuía potência superior a
1MW, com rotor em aço inoxidável e com um sistema de regulação de potências por
variação de conicidade (Figura 9). Aqui no Brasil, segundo a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel, 2008), a primeira experiência com energia eólica em solo
brasileiro ocorreu no ano de 1992, quando foi instalada a primeira turbina eólica (Figura
10) comercial, no arquipélago de Fernando de Noronha, no estado de Pernambuco (PE)
a partir de um projeto realizado pelo Grupo de Energia Eólica da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), com financiamento do Folkecenter, um instituto de pesquisas
dinarmaquês, em parceria com a CELPE – Companhia Energética de Pernambuco.
Rodrigues (2015) cita que nos primeiros dez anos houveram poucos avanços para a
consolidação do setor eólico como uma fonte alternativa de geração elétrica no país. Só
no ano de 2002, um ano após os Blackouts que trouxeram a Crise Energética (2001), é
que começaram as tentativas de incentivar a contratação de energia eólica no Brasil,
com a criação da Proinfa – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica.

erador Figura 9: Turbina Eólica Smith- Figura 10: Turbina Eólica na


em via Putnam /imagem via Google ilha de Fernando de Noronha
Imagens /imagem via Google Imagens

2. A GRANDE RELEVÂNCIA DA ENERGIA EÓLICA, UMA FONTA LIMPA E


INESGOTADA PARA A PRODUÇÃO ENERGÉTICA.

A escassez das chuvas em grande parte do território brasileiro, causada


principalmente pelo desmatamento, foi um dos fatores determinante para essa Crise
Energética (2021), pois a retirada das florestas afetou a geração de energia das
hidrelétricas, que corresponde há dois terços da eletricidade gerada no país. Assim,

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diminuiu o nível de produção energética e aumentou os preços por demanda,
ocasionando uma inflação e uma menor movimentação econômica.

A falta de maiores investimentos em outros setores energéticos resultou nessa


crise atual, considerada tão grave quanto os Blackouts ocorridos em 2001. Esse é um
ótimo momento para a sociedade se desvencilhar do monopólio das hidrelétricas e
voltar os olhos para outros horizontes, abraçando outras Fontes de Energia Renováveis
ainda mais, visto que atualmente, a energia gerada pelas hidrelétricas tende a encarecer
mais e mais.

O Brasil sendo um dos maiores países do mundo, ter como meio de fonte
energética mais de 50% (vide Gráfico 1, abaixo) em apenas uma fonte energética é algo
desastroso. Na última década, vem se investindo lentamente em fontes de energias
renováveis, a ponto de que o crescimento dela já soma um total de 25%, segundo o
CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, 2016).
As grandes dependências de fontes não renováveis de energia têm acarretado, além da
preocupação permanente com o seu esgotamento, a emissão de gases tóxicos e
poluentes para a atmosfera. Principalmente os gases do efeito estufa (Nascimento, 2016;
Drumm, 2014). Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
divulgados no primeiro semestre de 2020, a matriz elétrica do país é formada pelas
respectivas usinas de operação, abaixo, o gráfico do Perfil tecnológico brasileiro em
2017:

Gráfico 1

Fonte: ANEEL

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No cenário mundial, o Brasil se destaca, uma vez que apresenta uma matriz de
geração de energia elétrica baseada em fontes renováveis, em que predomina o uso da
hidroeletricidade e da biomassa proveniente da cana-de-açúcar (Bezerra; Santos, 2017),
seguindo bem atrás com a energia dos ventos. Mesmo assim, podemos afirmar que o
Brasil apresenta um dos perfis energéticos mais limpos do mundo, consistindo quase
que 80% da matriz nacional, conforme dados do gráfico acima.

Com a energia eólica sendo a terceira maior fonte de energia do Brasil, se torna
importante especialmente porque em períodos de escassez hídrica os níveis dos
reservatórios ficam mais baixos, então é necessário recorrer a outras fontes de energia
para garantir o fornecimento para todo o país, ou parte dele.

Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Energia Eólica


(ABEEólica), mostra que o Nordeste é responsável por 85% do total de geração de
eletricidade por meio dos ventos. Dos 534 parques eólicos presentes e em atividade no
território brasileiro, 430 destes estão justamente posicionados sobre a região nordestina.

De acordo com o Global Wind Energy (GWEC), no ano de 2017 o Brasil


ultrapassou o Canadá no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica,
passando a ocupar o 8º lugar. A liderança mundial ainda permanece com a China.

O estado do Rio Grande do Norte é o maior produtor da energia eólica no


Brasil, possuindo um total de 137 dos 430 parques da região Nordeste, seguido da
Bahia, que apresenta 111 parques e em terceiro lugar nós temos o Ceará com 80
parques. A produção de energia eólica representa 8,5% da matriz energética brasileira,
segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

3. OBJETIVO

O propósito desse artigo é analisar e comparar às características e


particularidades em níveis ambientais, citando em segundo plano as econômicas, sociais
e tecnológicas originadas com a implantação dos Parques Eólicos como fonte de energia
elétrica.

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4. METODOLOGIA

A metodologia aplicada neste artigo consiste em uma pesquisa em vasto material


bibliográfico, disponibilizado em publicações, principalmente no site Scielo, mas
também em páginas eletrônicas relacionadas, direta ou indiretamente com o setor de
energia eólica, como páginas de produção energética ou das empresas por detrás dos
serviços e ainda de repositório de Universidades Internacionais.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em razão de seu favorecimento de ventos, o Brasil apresenta um potencial eólico


bastante representativo, que ainda precisa ser muito bem explorado e expandido como
uma alternativa viável para a geração de energia elétrica. Dentre as regiões brasileiras, o
Nordeste é campeão na produção dessa energia. Juárez et al. (2014) cita que a região
tem atraído muitos investimentos estrangeiro para a construção dos parques eólicos, que
são subsidiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).

O Ceará se destaca nesse processo de produção de energia dos ventos, por ser
geograficamente privilegiado. Como parâmetro dos impactos ambientais, analisaremos
os benefícios e malefícios a cerca das usinas de Beberibe (2008), no município de
mesmo nome e a Fleixeiras I (2011), no município de Trairi, ambos do estado do Ceará.

5.1 DESVANTAGENS

Os impactos ambientais mais intensos foram durante a fase de implantação dos


parques eólicos. A implantação é dividida entre as etapas: limpeza de terreno, instalação
do canteiro de obras, terraplanagem, estaqueamento e construção das bases de concreto
e a montagem dos equipamentos. Para Costa (2018), os impactos que mais se
destacaram, foram:

- Os impactos à fauna: terrestre e alada por conta do barulho e abertura das vias
de acesso para o transporte da estrutura, após a construção das torres, existe a
possibilidade de retorno da fauna local;

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- Os impactos à flora: são relacionados à suspensão/retirada da vegetação nativa
apenas em locais pontuais, no caminho que serviria de via de acesso para a construção e
manutenção das torres, porém, o resto da área dentro do parque costuma ser usado como
a criação de pecuária, como ocorre no Parque Eólico Fleixeiras;

- Os impactos sonoros: Incomodo provocado pelos ruídos dos aerogeradores as


residências que se localizam próximas ao parque (até 500 metros, mais ou menos);

- Os impactos à paisagem natural: Apesar da introdução de estruturas que se


destacam pelo seu grande porte, moradores das proximidades do Parque Eólico
Beberibe relatam que os aerogeradores não interferem na beleza cênica e nem na
paisagem da região, apesar da descaracterização natural da mesma;

- Os impactos à degradação da área: ocorre devido ao desmatamento e a


terraplanagem nas vias de acesso e nas bases das torres, ocasionando aterramento de
lagos, que surgem entre as dunas (paisagens naturais onde geralmente os parques
eólicos são instalados no nordeste brasileiro), interferindo na qualidade das águas e a
destruição de locais preservados;

- Os impactos ao solo: durante o período das obras de construção, tanto o Parque


Eólico Fleixeiras quanto o Parque Eólico Beberibe, relataram que houve a inclusão de
material sedimentar, que impermeabilizaram e compactaram o solo, esse material foi
utilizado tanto para a construção das vias de acesso, com piçarra, para a formação do
leito das vias, quanto para a fincagem das bases dos aerogeradores, alterando os
sedimentos arenosos por estruturas de concreto.

Entre outras desvantagens a cerca da energia eólica, podemos citar:

- ventos irregulares, tornando imprevisível a geração de energia muitas vezes,


não conseguindo a produção necessária a que se propôs;

- Além disso, os equipamentos e manutenção têm um custo expressivamente


altos, o que dificulta a implantação dos parques;

- É necessário uma grande área e que a mesma seja propícia a ventos para a
implementação dos parques eólicos para comportar os aerogeradores;

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- Um grande impacto visual e sonoro é gerado para quem mora nas localidades
próximas ao parques;

- Os aerogeradores afetam os movimentos migratórios de aves.

5.2 BENEFÍCIOS

A energia eólica apresenta incontáveis benefícios quando posta lado a lado com
as outras fontes energéticas, além de ser uma fonte natural e renovável, não emite
poluentes para a atmosfera e não produz resíduos (EIA, 2018). Toda forma de produção
de energia gera algum impacto ambiental, seja em grande ou larga escala. As
instalações dos parques eólicos são a opção mais viável para uma energia limpa e de
baixo custo, contudo, em alguns casos, há impactos ambientais, sociais, econômicos e
tecnológicos que esse empreendimento traz durante o período de implantação dos
parques.

Como impacto socioambiental, a construção e a operação dos parques eólicos,


podemos destacar: interferência da fauna e da flora local, pela alteração da cobertura
vegetal para comportar as torres eólicas; A interferência na fauna alada por colisão com
as pás dos aerogeradores nas pontas das torres; aumento na demanda por serviços e
infraestrutura; distúrbio das vias de acesso durante a locomoção dos componentes das
torres; produção de ruído por conta dos rotores; alteração da paisagem natural e o
aumento da dinâmica econômica (Fernandes 2017; Tolmasquim, 2016; Wang, 2015).

Como benefícios, nós temos além da geração de energia elétrica, que não
apresenta riscos da emissão de radiação, além de depender de uma fonte de energia livre
e renovável que se tem em abundância, pois é um recurso inesgotável;

Outra vantagem é que ela não contribui significativamente para a emissão de CO2,
principal Gás do Efeito Estufa (GEE) (Carneiro et al., 2013). Segundo Oebels e Pacca
(2013), a emissão de CO² produzido pela energia eólica está concentrada, quase que
totalmente, na fase de fabricação e, secundariamente nas fases de manutenção e
transporte. Durante a fase de construção e operação apresenta contribuição
insignificante.

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Proporciona a redução da dependência dos combustíveis fósseis para a geração
de energia elétrica, pois hoje as usinas termelétricas são acionadas quando as usinas
hidrelétricas estão com reservatórios com níveis baixos; E gera empregos nas regiões
onde os parques eólicos são instalados.

Segundo Vogel et al. (2018), Melo (2013), Jung e Schindle (2018), esse pacote
de vantagens faz com que a energia produzida pelos ventos desempenhe um papel cada
vez mais significativo na geração de energia em todo o mundo, tanto visando atender as
demandas futuras por eletricidades, como também para balancear as alterações
climáticas provocadas pela emissão de GEE.

Para Jorge Trinkenreich, diretor da empresa PSR Consultoria, relata que o custo
de investimento de uma usina eólica dividido pela energia gerada resulta em um preço
de venda em torno de R$ 205,00 por megawatt hora (MWh), enquanto o de uma usina
térmica convencional, movida a óleo combustível por exemplo, apresenta custo de R$
145,00 por MWh. A diferença de R$ 60,00 entre essas duas fontes de energia pode se
reduzir para cerca de R$ 17,00, considerando-se que a usina eólica vai gerar mais
energia, além de substituir a geração térmica, cujo combustível tem preço elevado.

“O sistema vai pagar menos por combustível durante a geração. Isso significa
que o consumidor, no fundo, vai ter um benefício porque eu coloquei uma eólica no
sistema que vai gerar energia a um custo de operação nulo e vai deixar de gerar o óleo
combustível ou o gás natural”, explicou Jorge Trinkenreich em entrevista à Agência
Brasil, O diretor destaca que os valores citados se referem à diferença entre a opção
eólica e a opção térmica convencional e não ao preço efetivo de venda dessas energias.

Shamshirband et.al. (2014) descreve que o equipamento que converte a energia


elétrica é a turbina eólica, também chamada de aerogerador ou ainda de sistema
conversor de energia eólica. A energia cinética do vento é captada pela turbina eólica
em função da velocidade do vento, da massa específica do ar, da área de varredura das
pás e da eficiência do equipamento.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A preocupação com a segurança da energia elétrica e os impactos ambientais


decorrentes da expansão do consumo de eletricidade vem forçando a diversificação da
matriz energética no Brasil, com o aproveitamento de fontes alternativas de energia
renovável, que são bem abundantes por aqui.
De um tempo pra cá, o Brasil vem tendo mais participação e financiamento na
geração eólica na sua matriz elétrica. Essa energia vem contribuindo inexpressivamente,
embora esteja ganhando uma posição de destaque na matriz elétrica nacional ao longo
dos últimos 10 anos, por ser uma fonte com grande potencial no território brasileiro e
não emissora de gases tóxicos e poluentes após o inicio do funcionamento.
Embora alguns gráficos e tabelas destoem entre a participação dos recursos
eólicos, colocando-o entre 6% a 8%, é claro que sua contribuição vem aumentando
gradativamente. Há projetos em fase de conclusão que prometem explorar o grande
potencial eólico que nós temos no nosso país. O Proinfa é o mecanismo de incentivo
mais importante para a energia eólica e, atualmente, tem havido Leilões de Compra de
Energia realizados pela ANEEL, sendo que novos parques eólicos estão autorizados
para implantação, sobretudo nas regiões Nordeste e Sul, onde tem um vasto litoral para
explorar a força dos ventos.
Os parques eólicos são economicamente viáveis, além de terem pouquíssimo
impacto ambiental, quando comparado com outras fontes energéticas. Os principais
efeitos negativos relacionado ao meio ambiente se dão na fase da implantação das
usinas, principalmente para as comunidades que moram próximas aos parques eólicos.
Contudo, os impactos ambientais ocasionados pela instalação dos aerogeradores estão
ligados à interferência da paisagem, tais como: terraplanagem, impermeabilização e
compactação do solo, degradação dos campos de dunas, diminuição e/ou substituição da
vegetação são os principais. Esse tipo de impacto ocorre devido a necessidade de cravar
as torres e para a construção das vias de acesso para a locomoção dos maquinários e
equipamentos. Pós-funcionamento, podemos citar a intrusão visual, acústica e a
interferência ao ecossistema natural.

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As vias de acesso, sendo de piçarra, contribuem para um rápido desgaste do
caminho e o levante de poeira ocasionada com o trânsito de carros e caminhões e podem
causar doenças de caráter respiratório, além de sujar as residências próximas aos
parques eólicos. Em relação a fauna, é difícil ter dados, pois seria necessário ter dados
prévios antes da instalação dos parques.
Diante dessa expansão eólica, esses conflitos tendem a se tornar cada vez mais
corriqueiros e se intensificar naturalmente com a ocupação de grandes áreas mais
sensíveis do ponto de vista ambiental e social com aerogeradores de grande porte.
A ampliação de parques eólicos é a melhor estratégica, pois possibilita a
complementação eólico-hídrica, colaborando para o aumento das reservas energéticas
do Brasil, principalmente nos períodos de estiagem, onde a disponibilidade de água nos
reservatórios das usinas hidroelétricas é escassa. Ainda há muito a aperfeiçoar e a
estudar com o apoio de recursos do próprio setor energético para promover um
crescimento sustentável com essa energia eólica participando em peso como fonte
energética na matriz elétrica nacional.

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