Você está na página 1de 14

Análise da potência de uma turbomáquina em função da quantidade de pás:

um estudo do comportamento do aerogerador.


Erick Pereira Guimarães
erick.guimaraes@cefet-rj.br
Nathan Rozendo Leal Lima
nathan.leal@cefet-rj.br
Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET/RJ - UNED Nova Iguaçu.

Resumo. A expansão da energia eólica no Brasil foi impulsionada pela necessidade de diversificar as fontes de energia
e abordar as mudanças climáticas resultantes das ações humanas. Assim, há uma necessidade de investigar uma solução
sustentável e economicamente atrativa. O objetivo deste estudo é analisar o desempenho de uma turbina eólica de eixo
horizontal com diferentes números de pás e comparar sua eficiência em uma configuração estrutural específica. Para
realizar essa análise, os softwares comerciais ANSYS Fluent e ANSYS Design Modeler serão usados como simulador e
modelador de geometria do rotor, respectivamente. Serão examinados os campos de velocidade e pressão ao redor das
pás e serão utilizadas teorias de média de Reynolds e elementos da mecânica dos fluidos para encontrar os resultados
computacionalmente e depois comparar com os dados experimentais disponibilizados pela National Aeronautics and
Space Administration (NASA), demonstrando que a mudança no número de pás afeta diretamente o fluxo do vento e,
consequentemente, a potência que passa pelo rotor.

Palavras Chaves: pás, eólica, rotor, energia, Brasil

1. INTRODUÇÃO

A criação dos aerogeradores teve origem nas evoluções dos moinhos de vento e cata-ventos, nos quais os primeiros
moinhos de vento eram dispositivos que aproveitavam a força do arrasto aerodinâmico sobre placas ou velas para gerar
trabalho. O registro histórico mais antigo do uso da energia eólica remonta ao bombeamento de água e à moagem de grãos
por meio de moinhos de vento. Ao longo de vários séculos, os moinhos de vento na Europa exerceram uma influência
significativa e decisiva na economia agrícola. Com o avanço tecnológico das pás, sistemas de controle, eixos, entre outros
componentes, o uso de moinhos de vento permitiu a otimização de diversas atividades utilizando a força motriz do vento.
Por outro lado, os cata-ventos de múltiplas pás foram amplamente utilizados para o bombeamento de água em áreas
rurais de vários países. Muitos historiadores atribuem parte do sucesso e da rápida expansão colonial do Oeste dos
Estados Unidos à disponibilidade de cata-ventos de múltiplas pás de baixo custo, que facilitaram o acesso à água e o
estabelecimento de suportes em vastas áreas áridas ou semiáridas. Esse sistema adaptou-se bem às condições rurais
devido à sua facilidade de operação e manutenção. A estrutura era geralmente feita de metal, e o sistema de bombeamento
funcionava por meio de bombas e pistões, beneficiando-se do alto torque gerado pelo grande número de pás.
No entanto, durante a Revolução Industrial, essa forma de geração de energia perdeu força para as máquinas a vapor
e, posteriormente, para a utilização de combustíveis fósseis, especialmente o petróleo. Com o advento da globalização,
surgiu a preocupação com a limitação das fontes de combustíveis fósseis e as mudanças climáticas.
Em 1972, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano na cidade de Estocolmo, o que
direcionou o interesse da humanidade para os recursos renováveis. Quatro anos após essa conferência, foi instalada a
primeira turbina eólica comercial do mundo, na Dinamarca. Na verdade, a Dinamarca já havia iniciado seu envolvimento
com energia eólica muito antes da conferência, durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, apresentando
um dos crescimentos mais significativos em energia eólica em toda a Europa. Esse avanço foi liderado pelos cientistas
dinamarqueses Poul LaCour e Johannes Juul (JULL, 1964 apud DIVONE, 1994).
Como a Dinamarca é um país pobre em fontes de energia natural, a utilização da energia eólica teve grande importância
durante o período entre as duas guerras mundiais, quando o consumo de óleo combustível era racionado. Durante a
Segunda Guerra Mundial, a empresa F.L.Smidth (F.L.S) foi pioneira no desenvolvimento de uma série de aerogeradores
de pequeno porte, com cerca de 45 kW. Nesse período, a energia eólica na Dinamarca gerava aproximadamente 4 milhões
de quilowatt-hora anuais, devido ao amplo uso dessas turbinas em todo o país. O sucesso dos aerogeradores de pequeno
porte da F.L.S, que ainda operavam em corrente contínua, permitiu o desenvolvimento de um projeto de grande porte e
mais ambicioso.
Projetado por Johannes Juul, um aerogerador de 200 kW com um rotor de 24 metros de diâmetro foi instalado nas
ilhas de Gedser entre os anos de 1956 e 1957. Esse aerogerador tinha três pás e era sustentado por uma torre de concreto.
O sistema fornecia energia em corrente alternada para uma companhia elétrica local, entre 1958 e 1967, quando o fator
de capacidade atingiu a meta de 20% em alguns anos de operação.
Quanto aos Estados Unidos, considerada a maior potência do mundo na época, desenvolveram um projeto para con-
struir o maior aerogerador já projetado até então. Para a geração de eletricidade, foi utilizado um gerador síncrono de
1250 kW com uma rotação constante de 28 rpm, operando em corrente alternada e conectado diretamente à rede elétrica
local. Esse aerogerador começou a funcionar em 10 de outubro de 1941, em uma colina de Vermont chamada Grandpa’s
Knob. Em março de 1945, após quatro anos de operação intermitente, uma das pás metálicas do aerogerador quebrou
devido à fadiga (SHEFHERD, 1994).
O projeto do aerogerador Smith-Putnam foi pioneiro na organização de uma parceria entre a indústria e a universi-
dade, visando pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias para a geração de energia elétrica por meio dos ventos.
Essa parceria permitiu a implementação do maior número de inovações tecnológicas até então em funcionamento. Em
contrapartida, no Brasil, esse fato só foi se concretizar em 1992 em Fernando de Noronha, Pernambuco (ABEEólica).
Segundo, os dados do Balanço Energético Nacional em 2009, o percentual de energia elétrica por fonte eólica era de
0,2% da produção interna. Da mesma forma, em 2022, esse índice passou a ser de 12% (INFOVENTO). Isso foi possível
devido ao novo cenário criado pelas privatizações no setor elétrico, decorrente da crise energética que o Brasil enfrentou
na década de 1990. Com a chegada de investimentos na área, começou-se a valorizar o aprimoramento das fontes já
existentes e a implantação de fontes alternativas no país, com menor impacto ambiental.
Tendo em vista, o ensejo histórico, é possível estabelecer uma relação entre as características que determinam a
eficácia da geração de energia a partir do vento, tais como o ângulo de ataque, a velocidade do vento, o peso e o material
de construção da pá. De acordo com estudos, foi constatado que a eficiência máxima de uma turbina eólica não ultrapassa
o limite de Betz, que corresponde a 59,3% da energia disponível no vento.
Este trabalho concentra-se no coeficiente de sustentação e sua relação com o giro do rotor em turbinas eólicas. Será
feita uma comparação entre resultados numéricos e experimentais para analisar esse coeficiente. Mas afinal, o que é o
coeficiente de sustentação e como ele está ligado ao giro do rotor?
O coeficiente de sustentação é uma grandeza fundamental na aerodinâmica que mede a capacidade de uma pá de
gerar sustentação em resposta ao fluxo de ar que a atinge. Ele é utilizado para avaliar a eficiência aerodinâmica e a
capacidade de sustentação da pá, considerando suas características geométricas, ângulo de ataque e outras variáveis que
variam conforme as alterações na geometria do perfil.
Esse coeficiente está relacionado ao giro do rotor devido ao fluxo de ar que passa pelo extradorso da pá. Nessa região,
o ar precisa percorrer uma distância maior devido à curvatura da superfície, resultando em uma velocidade maior. Essa
maior velocidade gera uma pressão menor (negativa) em comparação com a parte inferior da pá (positiva). Esse fenômeno
é responsável tanto pela sustentação em uma aeronave quanto pela rotação do rotor em um aerogerador.
Para determinar o coeficiente de sustentação, utiliza-se uma fórmula específica, que será abordada posteriormente
neste trabalho. Essa fórmula permite calcular o coeficiente de sustentação com base nas variáveis relevantes, fornecendo
uma compreensão mais precisa da capacidade de sustentação da pá e sua relação com o giro do rotor.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

Nesta seção, vamos explorar os princípios físicos e econômicos que sustentam a preferência comercial pelo uso de
rotores com 3 pás em relação a outras configurações de aerogeradores. Analisaremos as razões por trás dessa escolha e os
benefícios que ela proporciona em termos de desempenho e viabilidade econômica.
Antes de chegarmos a essas conclusões, vale ressaltar que houve diversas tentativas de encontrar um modelo mais
eficaz para a produção de energia. Alguns exemplos incluem o invento de Bruch, que utilizava a configuração de um
moinho, com uma roda principal de 144 pás e 17 metros de diâmetro em uma torre de 18 metros de altura. Na Inglaterra,
foi desenvolvido um modelo raro de aerogerador de 100 kW com pás ocas e o turbina e gerador na base da torre, mas esse
modelo foi abandonado devido a problemas operacionais e, principalmente, desinteresse econômico. Durante o período
entre 1955 e 1968, a Alemanha construiu e operou um aerogerador com o maior número de inovações tecnológicas da
época. Esse aerogerador, com 34 metros de diâmetro e potência de 100 kW, operou com sucesso, apresentando avanços
tecnológicos que persistem até os dias de hoje.
Ao compararmos aerogeradores com o mesmo design, podemos observar que o aerogerador com 4 pás gera um torque
maior em relação aos demais. Quanto mais pás são adicionadas, maior é o torque gerado. No entanto, o aumento do
número de pás também aumenta o peso e, consequentemente, o custo de produção do aerogerador. Nesse sentido, o
aumento de desempenho proporcionado pelo uso de mais pás não compensa o custo de fabricação mais elevado. Além
disso, o uso de várias pás acarreta o chamado "efeito de disco", que impede o fluxo de ar e reduz a eficiência de captação
de energia. Isso acontece porque a velocidade do fluxo atrás do disco é nula. Considerando o custo-benefício, as opções
de aerogeradores com 2 e 3 pás se mostram mais viáveis.
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
Nova Iguaçu, RJ, Brasil

Figura 1: Efeito de disco.

O aerogerador com 2 pás consegue igualar o desempenho do aerogerador com 3 pás ao aumentar sua velocidade de
rotação em cerca de 22,5%, contudo, isso pode causar o efeito de "overspeed" (sobrevelocidade), em que a velocidade de
rotação ultrapassa os limites seguros do aerogerador. No entanto, existem sensores de velocidade que podem retardar ou
evitar completamente o efeito de overspeed, garantindo a operação segura do aerogerador.
A escolha de 3 pás é motivada pelo equilíbrio entre custo e benefício. Com apenas 3 pás, é possível obter um equilíbrio
adequado entre a captura de energia e a minimização do efeito de disco, garantindo um funcionamento eficiente do
aerogerador. Além disso, os aerogeradores com 3 pás apresentam maior estabilidade e resilência em condições climáticas
adversas, como ventos fortes ou rajadas.
Essa maior estabilidade contribui para a longevidade e durabilidade do aerogerador, reduzindo a necessidade de
manutenção frequente e aumentando sua vida útil. Além disso, quando comparado diretamente aos outros dois tipos
de aerogeradores (com 2 pás e 4 pás), o aerogerador com 3 pás gera mais potência em velocidades de rotação menores do
que o aerogerador com 2 pás e é mais econômico do que o aerogerador com 4 pás.
Considerando o equilíbrio entre desempenho, custo, minimização do efeito de disco, prevenção do efeito de overspeed
e sustentabilidade do rotor, a opção de usar um aerogerador com 3 pás é a mais adequada. Essa configuração oferece uma
combinação ideal de eficiência na captação de energia, estabilidade operacional e custo de fabricação. Portanto, o uso do
rotor com 3 pás é a escolha preferida na indústria devido aos seus benefícios econômicos e físicos.
Consequentemente, a fim de comprovar o supracitado, usaremos os dados aferidos a partir da solução númerica e a
fazeremos uma comparação com os dados analíticos obtidos através do tutorial da Confluence Cornell e dados do site
Airfoil Tools.

3. MÉTODO NUMÉRICO

Neste segmento, iremos realizar uma recapitulação das equações principais que regem a mecânica dos fluidos, assim
como abordaremos a configuração do problema e os modelos utilizados.

3.1 Geometria

Um aerofólio de turbina eólica é um componente crucial utilizado para converter a energia cinética do vento em
energia mecânica rotacional. Ele possui uma forma aerodinâmica projetada para maximizar a eficiência da captura do
vento. Quando o vento atinge o aerofólio, a curvatura assimétrica cria uma diferença de pressão entre a superfície superior
e a inferior. Essa diferença de pressão resulta na geração de uma força aerodinâmica, conhecida como sustentação, que
impulsiona a rotação da turbina. Na figura 2, será apresentado um aerofólio genérico, ilustrando suas características
geométricas.
Figura 2: Aerofólio genérico.

Na construção da geometria do aerofólio NACA 2412, foi utilizado um arquivo DAT (matriz de pontos) para importar
as funções que descrevem o perfil aerodinâmico no software ANSYS Design Modeler no ambiente 2D. O arquivo DAT
continha 200 pontos de interação que foram obtidos por meio do website Airfoil Plotter. Esses pontos do aerofólio foram
gerados com base nas características descritas na figura 3, que serviu como referência para definir a forma do perfil
aerodinâmico desejado.

Figura 3: Configuração plotagem do gráfico.

Para a análise do perfil aerodinâmico no software ANSYS Fluent, é necessário definir um volume de controle em torno
do perfil. Foi escolhido o formato de domínio de malha C, que permitirá a criação de uma superfície para especificar as
condições de contorno necessárias. A geometria será discretizada em elementos finitos, em que cada célula ou elemento
terá características específicas, como tamanho, forma e orientação.
No contexto deste trabalho, será adotada uma malha retangular conforme mostrado na Figura 4 para simplificar a
análise. É importante ressaltar que essa malha retangular não é a opção de maior refinamento disponível, mas foi escolhida
para atender às necessidades específicas deste estudo.
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
Nova Iguaçu, RJ, Brasil

Figura 4: Malha no volume de controle e aerofólio.

3.2 Obtenção dos Esforços Gerados pelo Aerofólio

3.2.1 Tabela Hardwares

Para este trabalho foi utilizado a máquina descrita na tabela a seguir.

Processador AMD Ryzen™ 5 2600 6 Cores @3.4GHz


Memória 16GB RAM DDR4
Placa de vídeo AMD Radeon™ RX 5500 XT 8GB GDDR5
Sistema Operacional Windows 10 64 bits

3.3 Modelo Matemático

Nesta seção, iremos apresentar a descrição dos modelos matemáticos adotados para a solução numérica do problema
utilizando o software proposto e dos modelos analíticos. Em seguida, faremos uma discussão sobre os métodos e técnicas
utilizados para a implementação desses modelos no ambiente computacional.

3.3.1 Equações Governantes

Para um fluxo de fluido incompressível e em regime turbulento, a resolução deste projeto será realizada utilizando o
método de Média de Reynolds. Serão requeridas seis equações e três coeficientes, a saber: a equação da conservação de
massa, a equação média de Navier-Stokes na forma de conservação de momento e os modelos de turbulência k-ϵ e os
coeficientes de sustentação, arrasto e Reynolds.
– Equação da conservação de massa:

Definição: A equação de continuidade é uma expressão da conservação da massa em um escoamento. Ela estabelece
que a taxa de variação da densidade do fluido em relação ao tempo, somada ao produto da densidade pelo divergente
do vetor velocidade, é igual a zero. Matematicamente, pode ser expressa como:

∂ρ
+ ∇ · (ρu) = 0 (1)
∂t

Como consequência de ser um fluido incompressível:

∇·u=0 (2)

Onde:

∂ρ
– ∂t é a taxa de variação da densidade em relação ao tempo;

– ∇ · (ρu) é o divergente do produto da densidade pelo vetor velocidade (divergente de massa);

– ρ é a densidade do fluido;

– u é o vetor velocidade média do fluido.

- Equação de Navier-Stokes média na forma de conservação de momento:

Definição: As equações de Navier-Stokes são um conjunto de equações diferenciais parciais que descrevem o
movimento de um fluido viscouso e compressível.

∂u 1 F
+ (u · ∇)u = − ∇p + ν∇2 u + + R (3)
∂t ρ ρ

Onde:

– ρ é a densidade do fluido;

– u é o vetor velocidade média do fluido;

– t é o tempo;

– P é a pressão;

– ν é a viscosidade cinemática do fluido;

– F é a força externa por unidade de massa;

– R é o termo de reação.
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
Nova Iguaçu, RJ, Brasil

- Equações de transporte k- ω :
Definição: As equações de turbulência k-omega são um conjunto de equações diferenciais parciais utilizadas para
modelar o comportamento da turbulência em escoamentos fluidos. Essas equações descrevem a evolução das var-
iáveis k (energia cinética turbulenta) e omega (taxa de dissipação turbulenta).
Equação de Transporte da Energia Cinética Turbulenta (k):
  
∂(ρk) ∂(ρuk ) ∂ µt ∂k
+ = µ+ + Pk − ε (4)
∂t ∂xi ∂xj σk ∂xj

Equação de Transporte da Taxa de Dissipação Turbulenta (ω):

ρω 2
  
∂(ρω) ∂(ρuω ) ∂ µt ∂ω
+ = µ+ + Pω − β (5)
∂t ∂xi ∂xj σω ∂xj k

Onde:

– ρ é a densidade do fluido;
– t é o tempo;
– uk é a velocidade média do escoamento na direção xi ;
– xi e xj são as coordenadas espaciais;
– µ é a viscosidade dinâmica do fluido;
– µt é a viscosidade turbulenta;
– σk e σω são coeficientes de difusividade turbulenta para a energia cinética e taxa de dissipação, respectivamente;
– Pk e Pω são termos de produção das equações, que representam a transferência de energia para a turbulência;
– ε é a taxa de dissipação turbulenta;
– β é um coeficiente de dissipação.

- Coeficiente de sustentação:
Definição: O coeficiente de sustentação é um parâmetro utilizado na aerodinâmica para descrever a capacidade de
uma asa ou qualquer outro perfil aerodinâmico de gerar sustentação. A sustentação é a força aerodinâmica que age
perpendicularmente à direção do fluxo de ar permitindo que um objeto seja mantido no ar.

FL
CL = 1 2
(6)
2 ρv A

Onde:

– ρ é a densidade do fluido;
– FL é a força de sustentação;
– v é a velocidade relativa entre o objeto e o ar;
– A é a área da superfície exposta ao fluxo de ar.

- Coeficiente de arrasto:
Definição: O coeficiente de arrasto é um parâmetro admensional que representa a resistência do movimento de um
objeto através do fluido.
Para calcular o coeficiente de arrasto, utiliza-se a seguinte fórmula:

Fd
Cd = 1 2A
(7)
2 ρV
Onde:

– Cd é o coeficiente de arrasto.
– Fd é a força de arrasto experimentada pelo objeto.
– ρ é a densidade do fluido.
– V é a velocidade do objeto em relação ao fluido.
– A é a área de referência do objeto, que é perpendicular à direção do fluxo do fluido.

- Coeficiente de Reynolds:
Definição: O coeficiente de Reynolds é um parâmetro utilizado para descrever o fluxo do escoamento ao redor de
um objeto.
O coeficiente de Reynolds é calculado pela seguinte fórmula:

ρ·V ·L
Re = (8)
µ

Onde:
– Re é o coeficiente de Reynolds.
– ρ é a densidade do fluido.
– V é a velocidade do fluido em relação ao objeto.
– L é uma dimensão característica.
– µ é a viscosidade dinâmica do fluido.
- Relação da velocidade de ponta:
Definição: É a relação entra a velocidade de ponta da pá e a velocidade do vento de entrada. Isso significa que essa
relação é importante para determinar o número de pás de um aerogerador.

rpá · Ω
T SR = (9)
u

Onde:
– rpá é o raio da pá.
– Ω é a velocidade angular.
– U é a velocidade do vento em relação ao pá.
- Potência efetiva :
Definição: É a relação da energia cinética absorvida do vento considerando a eficiência da turbina.
Onde:
1
Pefetiva = · ρ · A · v 3 · η · Cp (10)
2

Onde:
– ρ é a densidade do ar.
– A é a área de varredurra do rotor.
– v é a velocidade do vento.
– η é a eficiência da turbina.
– Cp é o coeficiente de potência da turbina.
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
Nova Iguaçu, RJ, Brasil

3.3.2 Parâmetros Utilizados

– GENERAL -> SOLVER:


– Type: Pressure-Based
– Velocity Formulation: Absolute
– Time: Steady
– MODELS: SST-K-omega
– MATERIALS:
– Fluid: Air
– Edit Materials -> properties
– Density -> Constant -> (1.225 kg/m³)
– Viscosity -> Constant -> (1.802e-05 kg/m³)
– Airfoil: Aluminium
– BOUNDARY CONDITIONS:
- Inlet -> Momentum
- Backflow Reference Frame -> Components
- X-Velocity -> (46.5 m/s)
- Outlet -> Momentum
- Backflow Reference Frame -> Absolute
- Gauge Pressure - > (0 Pa)

4. RESULTADOS

Com base nas condições mencionadas anteriormente, é viável realizar simulações computacionais para obter o
coeficiente de sustentação, os campos de velocidade e os campos de pressão. Utilizando os dados implementados
na seção anterior, foi possível calcular computacionalmente o coeficiente de sustentação do aerofólio NACA 2412,
conforme ilustrado na Figura 5. O ponto de convergência do gráfico ocorre em 0.2008, indicando que o valor
numérico do coeficiente de sustentação (CL ) é igual a 0.2008.

Figura 5: Gráfico do coeficiente de sustentação.

A fim de confirmar a precisão dos dados obtidos pelo software, faremos uma comparação com o valor experimental
do coeficiente de sustentação. Para isso, será necessário utilizar a Equação (8) para calcular o número de Reynolds
correspondente.
1.225[kg/m3 ]·46.5[m/s]·1[m]
Re = 1.802·e−5[kg/m·s]
6
Re = 3.10

Assim, como o ângulo de ataque do perfil é 0◦ , podemos fazer referência aos dados experimentais, conforme
ilustrado na Figura 6, e observar que para o número de Reynolds calculado, obtivemos um valor de (Cl ) é igual a
0.25.

Figura 6: Tabela do coeficiente de sustentação experimental.

Logo, pode-se calcular o erro relativo entre as aferições experimental e computacional para o coeficiente de susten-
tação. Sendo assim, temos:
|0.2008−0.25|
E1 = 0.25 ∗ 100% = 19, 68%

Como foi mencionado anteriormente, faremos uma comparação entre os valores experimentais e computacionais
para o coeficiente de arrasto. Ao analisar a Figura 7, podemos observar que o coeficiente de arrasto converge para
o valor de 0.010572, sendo este o valor numérico do coeficiente de arrasto (CD ).
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
Nova Iguaçu, RJ, Brasil

Figura 7: Gráfico do coeficiente de arrasto.

Continuando com as mesmas condições de ângulo de ataque, número de Reynolds e utilizando o coeficiente de
sustentação mencionado anteriormente, podemos constatar um valor experimental de (CD ) igual a 0.010250 na
Figura 8.

Figura 8: Tabela do coeficiente de arrasto.

Mediante ao exposto acima, pode-se calcular o erro relativo entre os valores experimental e computacional do
coeficiente de arrasto.
|0.010572−0.010250|
E2 = 0.010250 ∗ 100% = 3, 14%

Na figura 9, temos os seguintes parâmetros a convergência dos valores das velocidades dos eixos x e y e os valores
do modelo computacional ômega.

Figura 9: Resíduos escalonados.


Na figura 10, temos os parâmetros do campos de pressão no aerofólio. Isso comprova que ao fluir sobre a superfície
do aerofólio, o ar exerce uma pressão que pode variar em diferentes pontos ao longo do perfil. Essas variações de
pressão criam as forças aerodinâmicas que atuam sobre o aerofólio, tendo as seguintes características: pressão mais
baixa na superfície superior, pressão mais alta na superfície inferior, ponto de estagnação na região mais frontal do
aerofólio (velocidade do ar é mínima e a pressão é máxima).

Figura 10: Campos de pressão no aerofólio.

Na figura 11, temos a distribuição e o comportamento do fluxo de ar ao redor de sua superfície, quando o ar flui
sobre o aerofólio, a sua forma e curvatura afetam a velocidade do ar em diferentes pontos ao longo do perfil,
elas possuem as seguintes características: velocidade mais alta na superfície superior, velocidade mais baixa na
superfície inferior, ponto de estagnação na região mais frontal do aerofólio.

Figura 11: Campos de velocidade no aerofólio.

Com o objetivo de demonstrar a importância do uso do rotor com três pás para aplicações comerciais, utilizare-
mos a equação (9). Utilizando os dados obtidos no trabalho de (MARQUES) e estimando alguns dados do nosso
aerogerador, faremos uma comparação entre os modelos de dois, três e quatro pás.
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
Nova Iguaçu, RJ, Brasil

– Para 2 pás:

TSR: 8; Logo, Ω2 = 72 rad/s

– Para 3 pás: TSR: 6;

Logo, Ω3 = 54 rad/s

– Para 4 pás:

TSR: 4.5;

Logo, Ω4 = 40,5 rad/s

Com base nos aspectos discutidos no trabalho, é possível afirmar que a velocidade angular de rotação da pá é alta
quando são utilizadas apenas duas pás e baixa quando são utilizadas quatro pás. Isso torna o projeto do aerogerador
com três pás o mais adequado.

Além disso, para determinar a potência gerada pelo perfil aerodinâmico selecionado, podemos calcular utilizando a
equação (10) e inserindo os dados mencionados no trabalho.

– ρ = 1.225 [kg/m³];
π·d2
– A= 4 [m²];

– v = 9.0 [m/s];

– η = 40 %.

– Cp = 0.4.

Logo,

1
Pe f = · 1.225[kg/m3 ] · 1[m] · (9.0)3 [m3 /s3 ] · 0.4 · 0.4 = 71, 44W (11)
2

5. CONCLUSÕES

Com base em todos os pontos discutidos neste artigo, concluímos que, após uma análise detalhada do número de
pás, tornou-se evidente qual modelo seria mais adequado para utilização. Com isso, a comparação entre o método
experimental e o analítico, mencionados anteriormente, foi bem-sucedida. Embora tenha sido observado que ambos
os métodos forneceram resultados consistentes e confiáveis ao avaliar o desempenho e a eficiência do aerogerador,
é possível atingir um nível de superioridade ao utilizar uma malha mais refinada.

Essa abordagem proporcionou uma compreensão mais aprofundada das interações entre o número de pás e o coefi-
ciente de sustentação, fornecendo dados valiosos para futuras melhorias e otimizações.

Com base em princípios científicos e equações matemáticas relevantes, foi possível simular o comportamento do
aerogerador e obter resultados que estavam em concordância com as observações experimentais.

Em geral, os resultados alcançados ressaltam a importância de investimentos em pesquisa e desenvolvimento nesse


setor, impulsionando avanços tecnológicos e a transição global para fontes de energia mais limpas e sustentáveis.
Os resultados apresentados e discutidos ao longo deste trabalho demonstram a eficiência energética e financeira
alcançada ao utilizar modelos adequados e considerar a crescente preocupação com o bem-estar do planeta e a
saúde das gerações futuras, um tema cada vez mais relevante nos dias atuais.
6. REFERÊNCIAS

ABBOTT, I. H.; VON DOENHOFF, A. E.; STIVERS Jr., L. S. National Advisory Committee for Aeronautics.
1945. Documento PDF. NASA Technical Reports Server (NTRS). Disponível em: https://ntrs.nasa.gov/api/citations
/19930090976/downloads/19930090976.pdf
Adeyeye, K. A., Ijumba, N., Colton, J. (2021). The Effect of the Number of Blades on the Efficiency of a Wind Tur-
bine. University of KwaZulu Natal, Durban, South Africa. Disponível em: https://iopscience.iop.org/article/10.1088
/1755-1315/801/1/012020/pdf
Airfoil Tools. N0012-il. Disponível em: http://airfoiltools.com/airfoil/details?airfoil=n0012-il.
Borges Santos Pereira, R. Carvalho Tutida, V. U. (2015). Proposta de perfis aerodinâmicos para aerogeradores
em baixas velocidades. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Universidade de Brasília - UnB, Faculdade UnB
Gama - FGA. Disponível em: https://fga.unb.br/articles/0001/2601/TCC2_RafaelBorges_VictorTutida.pdf
Canal XYZ. (2023). NACA2412 Tutorial in ANSYS Fluent (Student Version) - Lift, Drag, Angle of Attack [Vídeo
online]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3i9Ryq-m1HAt=1261s
DESCONHECIDO. INFOVENTO 26. ABEEólica, 2022. Disponível em: https://abeeolica.org.br/dados-abeeolica/
infovento-26/. Acesso em: 10 mar. 2023.
DESCONHECIDO. Quem Somos. ABEEólica, 2022. Disponível em: https://abeeolica.org.br/quem-somos/. Acesso
em: 10 mar. 2023.
DONINI, M. S. Escoamento sobre o perfil aerodinâmico NACA 4412. 2014. Documento PDF. Universidade Fed-
eral do Pampa (Unipampa). Disponível em: https://dspace.unipampa.edu.br/bitstream/riu/911/1/Escoamento%20sobre
%20o%20perfil%20aerodin%C3%A2mico%20NACA%204412.pdf.
HENN, Érico Antônio Lopes. Máquinas de fluido. 3. ed. Santa Maria: UFSM, 2012. 388-394 p. ISBN 978-85-
7391-151-0.
MARQUES, JEFESON, Turbinas Eólicas: Modelo, Análise e Controle do Gerador de Indução com Dupla Alimen-
tação. Tese de M.Sc., PPGEE / UFSM, Santa Maria, RS, Brasil, 2004.
Silva, N. G. (2017). Dimensionamento aerodinâmico de rotores de eixo horizontal de torre eólica (TCC). Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro, Campus Macaé. Disponível em: http://engenharias.macae.ufrj.br/images/testetcc/2017/
TCC_Nathan_Gazon_da_Silva_Civil.pdf
UNIVERSIDADE CORNELL. Flow over an Airfoil - Geometry. 2015. Disponível em: https://confluence.cornell.edu/
display/SIMULATION/Flow+over+an+Airfoil+-+Geometry.

Você também pode gostar