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BACHAREL EM ENGENHARIA MECÂNICA

KATRINE TEIXEIRA

ESTUDO COMPARATIVO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS PARA O


ABASTECIMENTO DE UMA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE: uma revisão
bibliográfica

Curitiba - PR
2022
KATRINE TEIXEIRA

ESTUDO COMPARATIVO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS PARA O


ABASTECIMENTO DE UMA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE: uma revisão
bibliográfica

Monografia do Projeto de Pesquisa apresentada à


disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Universidade Nove de Julho, como
requisito para obtenção de grau de Bacharel em
Engenharia Mecânica Plena.

Orientador: Prof. Deiglys Borges Monteiro.

Curitiba - PR
2022
RESUMO

Palavras chave:
ABSTRACT

Key words:
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Máquina a vapor.........................................................................................10


Figura 2: Primeiro veículo a 4 tempos.......................................................................10
Figura 3: Radiação solar incidente na superfície terrestre........................................12
Figura 4: Energia Mecânica - Exemplos de Força e Movimento...............................13
Figura 5: Exemplo de energia química......................................................................13
Figura 6: Esboço de uma usina nuclear.....................................................................14
Figura 7: Repartição da oferta interna de energia - OIE............................................15
Figura 8: Plataforma de extração de petróleo............................................................16
Figura 9: Área de extração de carvão mineral...........................................................17
Figura 10: Campo de Lula foi o que mais produziu no país, com 34,2 milhões de m³
de gás natural..............................................................................................................17
Figura 11: A energia solar é uma fonte renovável utilizada para gerar energia por
meio de painéis fotovoltaicos......................................................................................19
Figura 12: Turbina eólicas convencionais..................................................................19
Figura 13: Biomassa..................................................................................................20
Figura 14: Energia hidrelétrica em usinas.................................................................21
Figura 15: Matriz Elétrica Brasileira (2019)................................................................24
Figura 16: Ranking dos dez maiores produtores mundiais de celulose em 2015.....25
Figura 17: Ranking da Produção mundial de celulose oriunda do processo químico –
2015.............................................................................................................................26
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 8
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9
2.1 CONCEITO DE ENERGIA 9
2.1.1 Energia solar......................................................................................................11
2.1.2 Energia mecânica...............................................................................................12
2.1.3 Energia química.................................................................................................13
2.1.4 Energia nuclear..................................................................................................14
2.2 FONTES DE ENERGIA 14
2.2.1 Fontes não renováveis.......................................................................................16
2.2.2 Fontes renováveis..............................................................................................18
2.3 SUSTENTABILIDADE 21
2.4 ENERGIA ELÉTRICA 23
2.5 PERFIL DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL 24
REFERÊNCIAS 27
6

1 INTRODUÇÃO

Em sua etimologia, a palavra energia é dita como “Força em ação”. Essa


definição é confirmada na integração com o ser humano, que desde os tempos
remotos da humanidade busca formas de obtenção de energia para os mais
diversos fins. Desde o período Paleolítico, há cerca de 500 mil anos, a dependência
de energia se torna presente, quando o homem aprendeu propriedades inerentes ao
fogo como o calor e luz.
Essa necessidade intrínseca de utilização de energia ganhou ainda mais
evidência com o passar dos anos, onde a dependência se tornava cada vez mais
latente. Assim, foram sendo descobertas e incorporadas novas fontes de energia,
que mais à frente seriam classificadas como renováveis e não renováveis, com base
nas fontes geradoras correspondente a cada tipo de energia.
Em paralelo, cabe elucidar que em decorrência das gigantescas mudanças
globais que afetam a vida diária das pessoas, problemáticas antes pouco
recorrentes, têm alcançado destaque e aumentado de forma gradativa. Tais
paradigmas sugerem com que as pessoas e empresas, reformulem sua forma de
pensar e agir. A situação ambiental vem se agravando de tal modo, a ponto de
termos de perceber que de fato os recursos naturais têm se tornado cada vez mais
escassos e, incentivando as grandes indústrias tomarem decisões responsáveis no
quesito socioambiental.
As fontes de energia são extremamente importantes nas atividades humanas,
pois originam combustíveis e eletricidade que servem para iluminar, movimentar
entre outras importantes aplicações, além de facilitar o trabalho do homem, que sem
ela teria uma grande dificuldade de executar atividades corriqueiras do cotidiano.
Empresas que hoje visem crescer, devem voltar-se a sustentabilidade, uma
vez que, mediante a grave situação vivenciada, o cliente contemporâneo procura
cada vez mais produtos não prejudiciais ao meio ambiente, ou ainda, corporações
com valores éticos, que busquem primordialmente a boa saúde do meio ambiental.
O presente trabalho tem por objetivo central, discorrer sobre a energia,
identificando as renováveis e não renováveis, bem como elaborar um estudo
comparativo de energias renováveis para o abastecimento de uma indústria de papel
e celulose, por meio de uma revisão bibliográfica, uma vez que este setor industrial é
o terceiro maior consumidor de energia (GVECS, 2016).
7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITO DE ENERGIA

Aristóteles utilizava a palavra energia como uma ‘força de expressão’,


enquanto Bristoli apresentava como ‘força de ação’. Assim, seu conceito pode ser
compreendido como “uma força para fazer as coisas acontecerem, para a condução
de todo o tipo de processo, máquina, dispositivo ou, uma fonte de energia para
moinhos de vento e rodas d’água”. (HENRIQUE, 2018)
A partir da descoberta do homem pré-histórico de como fazer fogo, com o
atrito de pedras e madeiras, onde as fagulhas incendiavam a palha seca, começou
então o domínio do homem sobre a produção de energia em seu benefício, como
cozer os alimentos, aquecer as noites frias, iluminar e afastar os animais e outros
grupos inimigos. (NELI et al., 2019)
Segundo Neli et al. (2019) a energia obtida a partir do vento, teve contribuição
no desenvolvimento da humanidade, uma vez que tornou possível aos navegadores
europeus fazerem grandes descobertas, aventurando-se nas suas caravelas
movidas pela força dos ventos para navegarem pelos mares, descobrindo e
colonizando novos continentes.
O século XVIII, caracterizou como importante marco a invenção da Máquina
a Vapor, como mostra a figura 1, que deu início à era da Revolução Industrial na
Europa, marcando definitivamente o uso e a importância da energia nos tempos
modernos, tendo como aplicabilidade, na sequência, uso da energia das máquinas a
vapor, entre outras descobertas.

Figura 1: Máquina a vapor


Fonte: (Correa Junior, 2012)
8

O conforto proporcionado decorrente dos avanços no campo da energia e de


suas transformações, impulsionavam o homem a buscar novas maneiras de aplicar
esse conceito, de forma a otimizar suas atividades. Em 1885, na Alemanha, Karl
Benz criou o motor de combustão interno de 4 tempos, com isso o ser humano
aprendeu a transformar energia química armazenada em um combustível em
energia cinética passando pela energia térmica (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN,
2003). Essa invenção é exemplificada na figura 2.

Figura 2: Primeiro veículo a 4 tempos


Fonte: (VOGEL, 2011)

Segundo Santos (2018) após a Revolução Industrial houve aumento


significativo do consumo de energia, em função do conhecimento sobre o
processamento de diferentes formas de energia. O homem aprendeu a processar a
energia térmica, posteriormente a processar energia mecânica transformada em
elétrica, logo o conhecimento do homem sobre o controle do elétron e o
processamento de energia elétrica provocou uma revolução tecnológica relacionada
à capacidade de processamento, transmissão e armazenamento de informação,
tornando possível muitas tecnologias e colocando a humanidade em uma profunda
transformação social.
Segundo Engiel (2017) desde o século XIX, a energia tem desempenhado um
papel fundamental no crescimento econômico e desenvolvimento da economia
mundial, pois neste século inicia-se a utilização das novas fontes de energia –
petróleo e eletricidade – que se tornariam peças chaves para o desenvolvimento da
humanidade.
9

A energia manifesta-se de formas diferentes, as quais podemos mencionar:


energia solar, energia mecânica, energia química, energia nuclear, energia elétrica
entre outras.

2.1.1 Energia solar

A energia solar é gerada no núcleo do Sol, através de um processo de fusão


nuclear, no qual hidrogênio é transformado em hélio. A radiação emitida pelo Sol
chega à superfície da Terra em 8 minutos e 20 segundos. Anualmente, a atmosfera
terrestre recebe um percentual do total da radiação emitida pelo Sol, em torno de
1,5x1018 kWh, que corresponde a 10.000 vezes o consumo mundial anual de
energia (KALOGIROU, 2009).
Engiel (2017) ressalta duas formas de aproveitamento da energia solar: a
fotovoltaica e a térmica. No primeiro caso, são utilizadas células específicas que
lançam o chamado “efeito fotoelétrico” para a produção de eletricidade. No segundo
caso, utiliza-se o aquecimento da água tanto para uso direto quanto para a geração
de vapor, que atuará em processos de ativação de geradores de energia.
A figura 3, esquematiza essa fonte de energia.

Figura 3: Radiação solar incidente na superfície terrestre.


Fonte: (RIBEIRO, 2015)

2.1.2 Energia mecânica

Energia que manifesta-se pela transmissão de movimento a um corpo. Assim,


a energia mecânica é considerada a soma da energia cinética e da energia
potencial, como já vimos acima. A partir dessa soma percebe-se a conservação
10

durante o movimento sob ação exclusiva de forças conservativas, como por


exemplo, na mecânica, a força peso e a força elástica. Em suma, essa energia
estuda o estado de movimentos dos corpos. (MENDES, 2019)
A figura 4 exemplifica esse tipo de energia.

Figura 4: Energia Mecânica - Exemplos de Força e Movimento


Fonte: (Ciências Resumos, 2019)

2.1.3 Energia química

Energia química está ligada ao potencial de um produto químico em sofrer


transformação através de uma reação química ou se transformar em outros produtos
químicos. Isso ocorre quando há formação ou quebra de ligações químicas. Essa
energia pode ser absorvida ou evoluída de um sistema químico.
A energia química está intimamente relacionada à termodinâmica, na qual
aparecem conceitos de energia interna, entalpia e processos termodinâmicos.

Figura 5: Exemplo de energia química


Fonte: (PLANAS, 2015)
11

2.1.4 Energia nuclear

Correa Junior (2012), diz que:

A energia nuclear é liberada quando, em certos átomos, ocorre uma reação


nuclear e a consequente transformação de massa em energia. As formas de
se aproveitar essas energias são através da fissão e a fusão. 24 A fissão
consiste na divisão do núcleo do átomo em 2 ou mais partículas formando
outros átomos e liberando energia. A fusão consiste na união de 2 ou mais
núcleos com posterior formação de outros elementos químicos e a liberação
de hidrogênio.

A figura 6 demonstra a aplicabilidade essa energia.

Figura 6: Esboço de uma usina nuclear


Fonte: (COREA JUNIOR, 2012)

2.2 FONTES DE ENERGIA

As fontes de energia são extremamente importantes nas atividades humanas,


pois originam combustíveis e eletricidade que servem para iluminar, movimentar
máquinas, caminhões entre outras aplicações, facilitando o trabalho do homem.
No Brasil os principais recursos energéticos, os fluxos ou as reservas de
energia disponíveis na Natureza que podem ser utilizados para atender a sociedade,
comumente chamados de fontes de energia, são provenientes de fonte solar,
petróleo, gás natural, carvão, biomassa e outros.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (2014), as fontes de energia
caracterizam:
12

● Concentração geográfica que determina o volume da reserva;


● Densidade energética;
● Natureza da reserva ser renovável ou não;
● Disponibilidade técnica ou econômica de acesso;
● Tamanho das cadeias de transformação até o uso final;
● Condição, nível de utilização de tecnologias (consolidadas ou não);
● Nível de intermitência;
● Participação numa determinada matriz energética; e
● Finalidade do uso da energia a que se destina, se para o Sistema
● Interligado Nacional (SIN) ou para um sistema isolado

A EPE - Empresa de Pesquisa Energética com base no balanço feito no ano


de 2019, estabeleceu a proporção de energia utilizada em território nacional, quanto
ao tipo – renovável e não renovável. A figura 7 demonstra isso.

Figura 7: Repartição da oferta interna de energia - OIE


Fonte: (Empresa de Pesquisa Energética, 2020)

Esta ainda pode ser classificada quanto ao número de transformações,


quanto a inserção na matriz energética, isto é, se é uma fonte renovável ou não
renovável.

2.2.1 Fontes não renováveis

As fontes não renováveis de energia se utilizam de recursos naturais de


fontes esgotáveis. A utilização dessas fontes, podem apresentar problemas de
ordem ambiental, além de disputas envolvendo a extração e comercialização de
suas matérias-primas, sendo exemplos de fontes de energia não renováveis os
combustíveis fósseis - petróleo, carvão mineral, gás natural, além dos combustíveis
nucleares.
13

2.2.1.1 Petróleo

Uma das principais fontes de energia do mundo é o petróleo, dessa forma,


sua extração e utilização foram e ainda são alvos de conflitos. Se trata de um
recurso muito utilizado por veículos, constituindo-se como um elemento importante
nos meios de transporte, além de também ser utilizado na fabricação de produtos
derivados, como o plástico.

2.2.1.2 Carvão mineral

O carvão é um combustível fóssil que se formou em áreas sedimentares


durante o período carbonífero da Era Paleozoica. Nessa era haviam áreas com
imensas florestas e pântanos onde houve um gradativo acúmulo de plantas mortas,
constituindo um material orgânico que foi por diversas vezes soterrado por várias
camadas de sedimentos. Assim, com o tempo, formou-se uma condição natural de
grande pressão sobre esse material que se transformou em carvão mineral. (PENA,
2020).

2.2.1.3 Gás natural

Se trata da mistura de hidrocarbonetos leves na forma gasosa, tais como o


metano, etano, propano, butano e outros. As reservas de gás natural encontram-se
quase sempre disponibilizadas nas áreas onde se extrai o petróleo, passando pelo
mesmo processo de constituição. (PENA, 2020).

2.2.2 Fontes renováveis

As energias renováveis são provenientes de ciclos naturais de conversão da


radiação solar, fonte primária de quase toda energia disponível na Terra e, por
eletricidade, com possibilidade de reduzir em 70% o consumo de energia
convencional (PACHECO, 2006).
Segundo Neli et al. (2019) as principais vantagens resultantes da sua
utilização consistem no fato de não serem poluentes e poderem ser exploradas
localmente. Ainda são pouco utilizadas devido aos custos de instalação, à
14

inexistência de tecnologias e redes de distribuição experimentadas e, em geral, ao


desconhecimento e falta de sensibilização para o assunto por parte dos
consumidores e dos municípios.
Ao ritmo que cresce o consumo dos combustíveis fósseis, e tendo em conta
que se prevê um aumento ainda maior a curto/médio prazo, colocam-se dois
importantes problemas: questões de ordem ambiental e o facto dos recursos
energéticos fósseis serem finitos, ou seja, esgotáveis. As fontes de energia
renováveis surgem como uma alternativa ou complemento às convencionais. Num
país como Portugal, que não dispõe de recursos energéticos fósseis, o
aproveitamento das fontes de energia renováveis deveria ser um dos objetivos
primordiais da política energética nacional. (NELI et al., 2019)
Nesta busca por fontes alternativas o Brasil apresenta grande diferencial em
relação a outros países, pois a sua imensa biodiversidade, permite a geração de
energia por vários meios, incluindo as fontes de energia renováveis como a
hidrelétrica e também a busca pelo desenvolvimento de fontes alternativas como a
utilização da biomassa, para produção de combustíveis renováveis, como o álcool, o
biodiesel, e, mais recentemente, o H-bio. (AGRONEGÓCIOS, 2006).
Podemos mencionar como fontes de energia renováveis: solar, hidráulica,
biomassa e eólica.

2.2.2.1 Energia solar

Esse tipo de energia é a designação dada a qualquer tipo de captação de


energia luminosa proveniente do Sol, e posterior transformação dessa energia
captada em alguma forma utilizável pelo homem, seja diretamente para aquecimento
de água ou ainda como energia eléctrica ou mecânica. (NELI et al., 2019)

2.2.2.2 Energia eólica

Se trata de uma energia limpa, renovável e disponível em todos os lugares, a


utilização dessa fonte energética para a geração de energia, em escala comercial,
iniciou-se em 1992, com a instalação de uma turbina de 75 kW, em Fernando de
Noronha, através de iniciativa do Centro Brasileiro de Energia Eólica-CBEE.
15

Pesquisas apontam que no território nacional existem diversos pontos com grande
potencial eólico ainda não explorados. (PACHECO, 2006).
2.2.2.3 Biomassa

É a energia química produzida pelas plantas na forma de hidratos de carbono


através da fotossíntese. Plantas, animais e seus derivados são biomassa. Sua
utilização como combustível pode ser feita na sua forma bruta ou através de seus
derivados. Madeira, produtos e resíduos agrícolas, resíduos florestais, excrementos
animais, carvão vegetal, álcool, óleos animais, óleos vegetais, gás pobre, biogás são
formas de biomassa utilizadas como combustível. (PACHECO, 2006)

2.2.2.4 Hidráulica

Energia que produz eletricidade a partir do pelo aproveitamento da energia


potencial gravitacional da água contida em uma represa elevada. Esta energia está
presente na natureza e pode ser aproveitada em desníveis acentuados ou quedas
d’água.
Antes de se tornar energia elétrica, a energia deve ser convertida em energia
cinética. O dispositivo que realiza essa transformação é a turbina. A turbina consiste
basicamente em uma roda dotada de pás, que é posta em rotação ao receber a
massa de água. O último elemento dessa cadeia de transformações é o gerador,
que converte o movimento rotatório da turbina em energia elétrica. (ITAIPU, 2020).

2.3 SUSTENTABILIDADE

A utilização dos recursos oferecidos pela natureza sempre foi utilizada pelo
ser humano de uma forma não consciente durante vários anos, isto é, sem
preocupação com os impactos gerados no meio ambiente pela ação antrópica
(AFONSO, 2006).
Teodoro (2011) aponta que alguns fatos contribuíram para a maior
degradação e desgaste dos recursos naturais, podendo destacar o advento da 15
Revolução Industrial em meados dos anos de 1970. A partir desse episódio,
esforços foram sendo dedicados e voltados para a preocupação com as questões
ambientais.
16

Cabe ressaltar um evento ocorrido em 1972 através da Conferência das


Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, na Cidade de Estocolmo, da Suécia, que se
tornou um dos marcos sobre o tema da proteção ao meio ambiente. Neste
documento foi estabelecido os critérios para a preservação e melhorias ao meio
ambiente. Sendo elaborados ao final da Conferência, uma declaração que continha
os princípios indicadores acerca das preocupações ambientais e sociais, que por
sua vez deviam ser seguidos pelos países participantes (TEODORO, 2011).
A temática da sustentabilidade é uma questão que vem ganhando destaque
cada vez maior no meio midiático. Mas justamente pelo alcance e popularidade
desse assunto é necessário ter cautela e um certo discernimento na definição desse
termo, pois o tema está sendo banalizado e utilizado de forma errônea, sem a
devida aplicabilidade do tema. Para Barbosa et al. (2018) a sustentabilidade deve
ser compreendida como algo intrínseco ao próprio ser humano e suas atitudes e não
apenas influenciado pelos dizeres midiáticos.
Afonso, (2006) traça a definição de sustentabilidade defendendo a ideia da
manutenção presente e futuro dos recursos naturais, preservando as suas fontes
originárias. Sendo que, a sustentabilidade não ocorre de forma instantânea ou por
fórmula mágica, são necessárias mudanças e transformações estruturais que
dependem de toda a sociedade e seus setores.
“Sustentabilidade é a capacidade de um sistema humano, natural ou misto
resistir ou se adaptar à mudança endógena ou exógena por tempo indeterminado”
(SARTORI; LATRÔNICO; CAMPOS, 2014, p.1). Desta forma, a capacidade de
resiliência e resistência são fundamentais para a sustentabilidade perante as ações
antrópicas, causadas pelo homem e aos danos causados pela própria natureza,
como acidentes ambientais e desastres naturais.
Uma das definições de sustentabilidade enaltece o gerenciamento da
qualidade e quantidade nos recursos naturais sem que haja danos ou limitações nas
suas fontes primários que impeçam o abastecimento futuro, onde, tanto os anseios
presentes como os futuros sejam equitativamente atendidos. Para Afonso (2006)
esses preceitos da sustentabilidade preconizam:

 O atendimento das necessidades básicas da população de forma


igualitária, oferecendo uma melhor qualidade de vida;
 Consumo consciente para que a natureza não entre em desequilíbrio;
 O crescimento demográfico em equilíbrio com o ecossistema;
17

 A não degradação dos sistemas naturais, como solos, atmosfera, águas e


seres vivos;
 Utilização racional dos recursos não-renováveis;
 Eliminação e/ou redução dos impactos sobre os elementos naturais
(AFONSO, 2006).
O desenvolvimento sustentável é um dos maiores desafios para o século XXI,
uma vez que o desenvolvimento sustentável envolve as várias dimensões da
sociedade, sendo necessário engajamento e esforços dos vários setores e da
população para que seja uma realidade. Ações isoladas dificilmente terão resultados
para o desenvolvimento sustentável pleno e satisfatório (VEIGA, 2008).
Este tipo de desenvolvimento envolve o gerenciamento e a preservação dos
ecossistemas, dos processos biológicos, da diversidade e das mais variadas
espécies de fauna e flora presentes nos espaços naturais. Acima de tudo, o
desenvolvimento sustentável diz respeito a uma mudança nos paradigmas e
padrões de consumo e utilização dos recursos naturais.

2.4 ENERGIA ELÉTRICA

Ao longo dos anos, devido ao aumento da população mundial, é perceptível a


crescente demanda de energia no que diz respeito a inovações e descobrimento de
novas fontes e, consequentemente, aumento do consumismo decorrente à oferta de
novos produtos eletrônicos, multimídias entre outros, que são baseados no consumo
de energia elétrica.
Não obstante o Brasil, apresenta essa dependência à energia elétrica, com
base no consumo. O Balanço Energético Nacional feito pela Empresa de Pesquisa
Energética – EPE (2020), aponta o consumo final de eletricidade no país em 2019
registrou uma progressão de 1,3%. Os setores que mais contribuíram para este
aumento em valores absolutos foram o Residencial que expandiu o seu consumo em
4,8 TWh (+3,5%), seguido pelo Comercial que cresceu 4,1 TWh - Terawatt-hora
(+4,5%), energético, 1,3 TWh (+4,1%) e o Público 0,9 TWh (+2,1%)
Essa mesma pesquisa realizada pela EPE (2020) corrobora que a energia
elétrica, obtida a partir de fontes renováveis, tem passado por um crescente
nacional. Isto porque, em 2019, a oferta interna de energia atingiu 294,0 Mtep (Mtep
- calor libertado na combustão de uma tonelada de petróleo cru, aproximadamente
42 Gigajoules), registrando um acréscimo de 1,4% em relação ao ano anterior. O
incremento das fontes eólica e solar na geração de energia elétrica (perda zero) e o
18

avanço da oferta de biomassa da cana e biodiesel contribuíram para que a matriz


energética brasileira se mantivesse em um patamar renovável muito superior ao
observado no resto do mundo. Além disso, a retração da oferta de carvão mineral,
explicado pela redução da produção de aço bruto no Brasil, também contribuiu para
o alto percentual de renovabilidade da matriz. (EPE, 2020)
A figura 15 demonstra a matriz energética do Brasil, com base em pesquisas
realizadas em 2019.

Figura 8: Matriz Elétrica Brasileira (2019)


Fonte: (EPE, 2020)

Esses dados evidenciam a dependência à energia elétrica, dado o


crescimento do consumo, bem como o crescimento nacional de utilização de
consumo de eletricidade a partir de fontes renováveis, quando comparado com
outros países. Isso corrobora para o fato de que as fontes renováveis têm ganhado
visibilidade e atenção, quando o assunto é geração de energia elétrica. Daí a
importância de estudar e implementar novos recurso renováveis e limpos para obter
energia.

2.5 PERFIL DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL

Segundo Sartori (2016) a indústria de papel e celulose consiste em uma


indústria de base, madura, relativamente conservadora e intensiva em capital,
recursos naturais e energia.
O segmento industrial de papel e celulose tem grande representatividade na
economia nacional, assim como em âmbito mundial. Este fato é decorrente da
19

receita gerada, aos elevados investimentos e devido, também, ao impacto que esse
setor tem sobre os outros diversos setores econômicos, tanto para os que se
encontram antes quanto depois de sua cadeia produtiva (GEDF - CD/FIEP-2016).
O segmento de mercado da celulose possui características particular e
distintas quando comprado aos demais mercados, isso deve ao fato de possuir um
elevado nível de desenvolvimento tecnológico, uma vez que utiliza instalações
industriais com grande capacidade de produção, uma ampla base de recursos
florestais plantados e intenso capital aplicado em tecnologia.
Conforme a figura 16, é possível concluir que dez países nesse segmento são
considerados como principais produtores mundiais de celulose, sendo juntos
responsáveis, em 2015, por mais de 82% da produção mundial (FAO, 2016).

Figura 9: Ranking dos dez maiores produtores mundiais de celulose em 2015


Fonte: GEDF-CD/FIEP (2016)
A EPE (2017) apontou que a produção de celulose mundial equivale a 180,9
milhões de toneladas. Segundo os diferentes tipos de processos (químicos, de alto
rendimento, semiquímico e pastas de outras fibras), onde 74% da produção mundial
equivale à produção de celulose pelo processo químico, o que representa
aproximadamente 135 milhões de toneladas.
A produção de celulose, resultante do processo químico, está concentrada em
9 países que juntos representam mais de 84% da produção mundial. Observa-se os
EUA como maior produtor, com a produção de 42,1 milhões de toneladas de
celulose, provenientes do processo químico, em 2015 e o Brasil em terceira posição
com 16,6 milhões de toneladas de celulose, conforme exemplifica a figura 17.
20

Figura 10: Ranking da Produção mundial de celulose oriunda do processo químico – 2015
Fonte: GEDF-CD/FIEP (2016)

A ABTCP (2017) estima que até 2030, o consumo de fibra para papel
crescerá no mundo com uma média de 1,1% ao ano. Os mercados emergentes
como o Leste Europeu e a América Latina continuam a crescer. O crescimento na
China, apesar da atenuação considerável comparando com os últimos 10-15 anos,
irá representar metade do crescimento projetado.

3 METODOLOGIA

O presente trabalho é de natureza qualitativa, pois se acredita que ela


possibilita uma aproximação e uma compreensão mais fácil do problema que será
investigado, quanto ao procedimento: a pesquisa é de ordem bibliográfica através de
revisões de livros e artigos científicos, este tipo de pesquisa é uma fase essencial
em todo trabalho de pesquisa, pois é a base para todas as outras etapas.
Na visão de Carvalho et al. (2005, p. 100) a pesquisa bibliográfica “é a
atividade de localização e consulta de fontes diversas de informação escrita, para
coletar dados gerais ou específicos a respeito de determinado tema”. Este consiste
no levantamento de literaturas, que abordam sobre energias renováveis, bem como
o abastecimento de energia de empresa de papel e celulose, o período de
referências e os critérios de inclusão dos artigos foram do ano 2006 até o ano 2022.
21

Trata-se de um estudo de revisão narrativa, em que foram utilizados artigos


acerca do assunto energias renováveis para o abastecimento de uma indústria de
papel e celulose nas bases de dados Google Acadêmico e Scielo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A produção de celulose e papel apresenta alto consumo de energia térmica e


eletricidade. Em nosso país, o consumo médio de eletricidade na produção de
celulose chega a aproximadamente, 600 KWh por tonelada de pasta seca. Esta
celulose, levada ao estágio de papel, consome outros 870 KWh, por tonelada de
produto final. As variações no consumo de eletricidade são maiores na produção do
papel, se comparadas à produção de celulose (KISHINAMI, 2020).
O autor Kishinami (2020) complementa dizendo que durante a produção
celulose e/ou papel, ocorrendo de maneira integrada, a caldeira de recuperação,
opera tanto a recuperação das substâncias químicas de processo, assim como a
produção do vapor para fins térmicos e de geração de eletricidade. Nesse
equipamento está direcionada a maior parte dos esforços para o aumento da
geração de eletricidade, tanto pela via do simples aumento da pressão do vapor,
como pela via das mudanças de tecnologia, como a substituição das turbinas de
condensação por turbinas de contrapressão, combinadas com pré-aquecimento da
água e do ar de alimentação da caldeira.
A CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (2013) ratifica que os
principais desafios da indústria de celulose e papel no Brasil são:

Manter a liderança mundial na produção e exportação de celulose


branqueada de fibra curta; aumentar a competitividade na produção de
papel; modernizar as fábricas que produzem papel a partir de aparas e
melhorar a atual estrutura de suprimento desse insumo; aumentar a
produção de produtos de maior valor agregado; incrementar sua imagem,
no Brasil e no exterior, como uma indústria verde que se preocupa em
minimizar seus impactos ambientais negativos e consumir o máximo
possível de fontes renováveis de energia ao longo de toda a sua cadeia
produtiva; e expandir a área de florestas plantadas do setor para fomentar o
potencial subotimizado da produção de celulose e papel do Brasil para
atender a demanda maior gerada no cenário de biorrefinaria (CGEE, 2013).

Como explicitado pela CGEE, um dos principais desafios das indústrias de


papel e celulose é consumir o máximo possível de fontes renováveis de energia ao
longo de toda a sua cadeia produtiva isso porque o custo da energia, sobretudo da
22

energia elétrica, nessa indústria é elevado, bem como é alto o seu potencial de
autoprodução de eletricidade por meio da cogeração, tecnologia utilizada
atualmente, no Brasil, bem aquém de suas possibilidades. Portanto, a busca de
ganhos de eficiência energética pode propiciar reduções significativas de custos,
com importantes reflexos na competitividade nesse ramo industrial, assim como
contribuir para a obtenção de ganhos ambientais e a consequente melhoria da
imagem de indústria verde.
A EPE (2017) apontou que em 2016, a indústria de papel e celulose foi
responsável por 14,7 % do consumo energético industrial, sendo que o segmento da
cadeia de papel e celulose representou 4,8 % do consumo energético total do Brasil,
revelando a marcante característica eletro intensiva desta indústria, sendo
incumbida por 21,93% do consumo final de energia elétrica do setor industrial
brasileiro, algo em torno de 18.284 GWh.
É imprescindível pontuar que este ramo está em crescimento. Segundo a
ABTCP (2017), até 2030, o consumo de fibra para papel crescerá no mundo com
uma média de 1,1% ao ano. Os mercados emergentes como o Leste Europeu e a
América Latina continuam a crescer, como ilustra a figura 18.

Figura 11: Projeção do consumo de fibra para papel por região (2014-2030)
Fonte: Guia ABTCP (2017)

Diante das premissas apresentadas, é notório o expressivo gasto de energia


nas produções deste ramo industrial e, portanto se faz necessário discutir sobre
23

quais fontes renováveis de energia podem ser implementadas ao longo de toda a


sua cadeia produtiva.

4.1 REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS DE ENERGIA

Ao se falar sobre energias renováveis, logo se remete a sustentabilidade


como percursora desse modelo de trabalho. Assim, antes de falar propriamente nas
energias renováveis, que defendem as causas sustentáveis, é importante ressaltar
que a gestão dos recursos energéticos e, consequente menor desperdício já
corrobora com esse ideal.
Os autores Bajay (1997); Berni; Bajay; Gorla (2010) e Kramer et al. (2010)
enfatizam que a potência motriz é o principal uso final da energia elétrica em
fábricas de celulose e papel, e a existência de motores elétricos
superdimensionados e motores antigos, de baixa eficiência, é a principal causa de
desperdício desse energético nessas fábricas. Destarte, a troca desses motores por
outros de elevada eficiência e capacidade adequada pode reduzir bastante o
desperdício.
Além disso os autores apontam que o vapor d’água compreende como
principal fluido térmico utilizado em fábricas de celulose e papel nas seguintes fases
finais: aquecimento de processos, secagem e produção de potência mecânica em
turbinas a vapor. Nas produções mais antigas e/ou onde não há manutenção
apropriada, acontecem perdas expressivas de vapor através de vazamentos, sendo
mais frequente ocorrer nos purgadores utilizados na rede de distribuição. Assim,
monitoramento e manutenção adequada dos purgadores podem minimizar seu
bloqueio e diminuir substancialmente as perdas a um custo bastante reduzido
(BERNI; BAJAY; GORLA, 2010; KRAMER et al., 2010).
Outra importante forma de evitar desperdício de energia nesse ramo é
diminuindo as perdas, de carga no escoamento de fluidos, adotando o diâmetro
ótimo para tubulações de redes de líquidos e gases (KRAMER et al., 2010). O
diâmetro ótimo é aquele que diminui o custo de investimento, incluindo a instalação,
mais o custo de recalque do fluido.

4.2 A OTIMIZAÇÃO DOS FLUXOS DE CALOR E DE ÁGUA


24

Existe uma alarmante preocupação na atualidade no que diz respeito a


otimização dos fluxos de calor e de água, não apenas no segmento industrial de
celulose e papel, como também em diversos outros segmentos industriais, a
exemplo das indústrias de alimentos e bebidas e a indústria petroquímica
(FOELKEL, 1010; BERNI & BAJAY, 1010 CNI, 2010).
Segundo relatos de Mateos-Espejel et al. (2010) uma indústria do ramo de
celulose, situada no Canadá, que utiliza o processo Kraft1 obteve uma otimização
integrada nos fluxos de calor e água, chegando a obter reduções de 26% no
consumo de vapor e 33% no consumo de água da fábrica e a instalação de 44,4 MW
de capacidade de cogeração, utilizando um modelo de simulação, várias técnicas
analíticas e tecnologias que usualmente são empregadas de forma isolada na
avaliação e no projeto de instalações industriais complexas, com usos intensos de
energia térmica e de água, aos quais são:

 Análise de Pinch Point visando à recuperação interna de calor;


 Análise de Pinch Point visando à reutilização de água;
 Análise exergética para eliminar operações onde há destruição de
energia por misturas não isotérmicas de fluxos;
 Aproveitamento de calor residual através de bombas de calor operando
segundo um ciclo de absorção e posicionadas no processo com o
auxílio de uma análise de Pinch Point (BAKHTIARI et al., 2010);
 Recuperação de condensado; e
 Instalação ou ampliação de unidades de cogeração para aproveitar o
vapor disponibilizado com as medidas de economia de energia
adotadas.

Essa proposta visa potencializar a sinergia e minimizar os efeitos colaterais


provenientes por essas técnicas e tecnologias. Sendo possível alcançar expressivas
economias de energia térmica através da busca de melhorias na eficiência de
caldeiras, que são as maiores consumidoras de combustíveis nas fábricas de
celulose e papel, por otimização da relação ar/combustível, monitoramento e
controle contínuo para grandes caldeiras (CNI, 2010

1
O processe Kraft consiste em atuar sobre a madeira na forma de cavacos com uma combinação de
dois reagentes químicos, sendo eles o hidróxido de Sódio (NaOH) e Sulfeto de Sódio (Na 2S2 ),
obtendo como resultado a dissolução da lignina e a liberação das fibras. As fibras liberadas
constituem a “celulose” marrom ou massa marrom,
25

4.3 OUTRAS ENERGIAS RENOVÁVEIS O PARA APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA DE


CELULOSE E PAPEL

É cada vez mais frequente a proposta de novas tecnologias, Softwares e


procedimentos eficientes específicos para a indústria de celulose e papel disponíveis
no mercado, os quais estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1: Softwares e procedimentos eficientes específicos para a indústria de celulose e


papel
PROCEDIMENTOS DESCRIÇÃO

Kramer et al. (2010) sugerem que o uso de descascadores de tambor


DESCASCADORES DE
(cradledebarkers) para tirar as cascas das toras, antes que sejam
TAMBOR
destinadas para os picadores, reduz em 33% a quantidade de
(CRADLEDEBARKERS)
energia, comparada aos métodos convencionais de descascamento.

Para BERNI, BAJAY & ATHAYDE (1996), a queima de resíduos


A QUEIMA DE RESÍDUOS florestais nas caldeiras de biomassa aumenta a autoprodução de
FLORESTAIS energia elétrica. Essa prática é comum nos países escandinavos,
sobretudo na Finlândia, mas não no Brasil.

Segundo a CGEE (2013) a implementação de Softwares par controle,


com base na inteligência artificial para o processo de cozimento da
celulose tem gerado expressivos ganhos de eficiência energética
UTILIZAÇÃO DE nessa etapa da cadeia produtiva.
SOFTWARES COM BASE
EM INTELIGÊNCIA Furumoto (1995) ratificou que a aplicação de um algoritmo de controle
ARTIFICIAL baseado em lógica fuzzy e redes neurais, desenvolvido pela Siemens,
na Alemanha, para otimizar o cozimento da celulose em uma planta
na cidade de Caima, em Portugal, propiciou uma economia de 14%
no consumo de vapor de processo.

Bajay (1997) explana outra forma, através da introdução de novas


técnicas de secagem mecânica, onde se utiliza prensas de sapatas,
Secagem mecânica
que geram economias substanciais de vapor nos múltiplos cilindros
que compõem a parte de secagem térmica da máquina de papel.

Segundo O CGEE (2013) a biorrefinaria é processo descrito pela


utilização de biomassa em geral, assim como produtos derivados
dela, a exemplo das aparas de papel, para produzir, em um mesmo
local, calor, energia elétrica, biocombustíveis, como o etanol, e
Biorrefinaria
biomateriais, como o papel. As emissões de CO2 conjuntas à
produção desses múltiplos produtos são compensadas pela absorção
desse gás durante a fase de crescimento da fonte de biomassa
utilizada. O presente processo é ilustrado na figura 19.
Fonte: Elaboração do próprio autor.
26

5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento econômico caminha em parceria e sinergia com a


sustentabilidade e a responsabilidade social. A compreensão dessa premissa é
essencial para que empresas se destaquem no mercado.
Entre as ações responsáveis pelo crescimento no setor produtivo de papel e
celulose está a utilização de energia renovável.
Dados levantados pelo Balanço Energético Nacional em 2021, indicam que
entre as fontes da matriz energética do Brasil, as hidrelétricas e os recursos hídricos
são responsáveis pela maior porcentagem da energia elétrica no país, cerca de
65%, seguidos das termoelétricas, com cerca de 22% da fatia do mercado
(biomassa, gás natural, carvão e derivados). Esse percentual indica que em grande
parte dos recursos energéticos não são utilizadas as fontes renováveis.
Considerado que em 2016, a indústria de papel e celulose foi responsável por
14,7 % do consumo energético industrial, sendo que este segmento representou
4,8% do consumo energético total do Brasil, revelando a marcante característica
eletro intensiva desta indústria, aduz se a importância em utilizar como fonte
geradora de energia para a execução dos processos as que sejam renováveis.
Depender de combustíveis fósseis, como o petróleo ou gás natural, além de
gerar uma vulnerabilidade para a produção, pelo fato de serem fontes esgotáveis,
gera um impacto ambiental pelo grau de poluição. Portanto, as organizações do
ramo de papel e celulose, precisam estar atentas a inserção de energias renováveis
em suas demandas industriais.
Um dos principais desafios das indústrias de papel e celulose é consumir o
máximo possível de fontes renováveis de energia ao longo de toda a sua cadeia
produtiva isso porque o custo da energia, sobretudo da energia elétrica, nessa
indústria é elevado, bem como é alto o seu potencial de autoprodução de
eletricidade por meio da cogeração, tecnologia utilizada atualmente, no Brasil, bem
aquém de suas possibilidades. Portanto, a busca de ganhos de eficiência energética
pode propiciar reduções significativas de custos, com importantes reflexos na
competitividade nesse ramo industrial, assim como contribuir para a obtenção de
ganhos ambientais e a consequente melhoria da imagem de indústria verde.
27

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