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AULA 5

BATERIAS E CÉLULAS
COMBUSTÍVEIS

Prof.ª Juliana D’Angela Mariano


TEMA 1 – PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO

Nesta aula, vamos falar sobre a produção de hidrogênio com o uso de


energias renováveis como armazenamento de energia. Antes de iniciar o assunto,
vamos definir algumas abreviações que irão aparecer:

• EL – Eletrólise
• RES – Fontes de Energias Renováveis
• AEL – Eletrólise Alcalina
• HTEL – Eletrólise de Água de Alta Temperatura
• PEM – Membrana de Troca de Prótons
• HEMEL – Eletrolisador de Membrana de Troca de Hidróxido

1.1 Introdução

O hidrogênio é um dos elementos mais abundantes na superfície da Terra;


também é um gás industrial importante para processos químicos, principalmente
produzido por vapor ou reforma de gás natural; é amplamente utilizado na
indústria para processamento de combustíveis fósseis (por exemplo,
hidrocraqueamento) e produção de fertilizantes amoníaco. Pode ser considerado
um transportador de energia secundário que armazena energia química. No
entanto, apresenta maior energia específica e menor densidade de energia.

TEMA 2 – FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA

A reação química básica se dá por meio de dois eletrodos em um eletrólito


básico, os quais são conectados a uma fonte de corrente contínua (CC). Quando
uma tensão de célula suficientemente alta é aplicada à célula, a reação redox
ocorre produzindo hidrogênio no cátodo (eletrodo negativo) e oxigênio no ânodo
(eletrodo positivo).
Há vídeos em que é possível ver as moléculas sendo separadas em um
eletrolisador. O principal objetivo do eletrolisador é converter energia elétrica em
hidrogênio, que se torna o meio de armazenamento. Sua alta dinâmica de carga
é utilizada para estabilização da rede elétrica, pois atua como um sumidouro de
carga de reação rápida em momentos de forte geração de Energia Renovável
(RES), em que mantém o equilíbrio entre oferta e demanda de energia; ele
equaliza o efeito da energia renovável flutuante alimentada na rede.

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2.1 Tipos de eletrolisador – eletrólise de água alcalina (AEL)

Utiliza uma solução aquosa alcalina como eletrólito, e é a tecnologia mais


comum e madura em EL água. Há mais de 100 anos, os eletrolisadores de água
alcalina são utilizados em aplicações industriais e até hoje o processo AEL domina
o mercado de eletrolisadores de água. Utiliza-se hidróxido de potássio com uma
concentração de 2040 wt.% em peso circula como eletrólito básico através das
células (wt. % em peso por cento em peso. A pressão de operação é
principalmente atmosférica, mas sistemas comerciais com pressões de até 1,5
MPa também estão no mercado.

2.2 Tipos de eletrolisador – eletrólise de água (PEM)

Uma célula de eletrólise usa energia elétrica para dividir a água em seus
elementos básicos, hidrogênio e oxigênio. O núcleo da tecnologia do eletrolisador
PEM é a membrana de polímero condutor de prótons da qual o nome é derivado.
Essa membrana separa os compartimentos de reação para hidrogênio e oxigênio,
além de proporcionar o contato iônico entre os eletrodos, essencial para o
processo eletroquímico. A produção do próprio gás ocorre na superfície do
respectivo eletrodo de metal precioso.

2.3 Tipos de eletrolisador – eletrólise de água de alta temperatura (HTEL)

Além da cinética muito mais alta em temperaturas mais altas, uma vantagem
adicional de temperaturas de operação mais altas reduz a contribuição de energia
elétrica e, portanto, a tensão teórica da célula. HTEL é, portanto, uma opção
interessante se o calor residual estiver disponível de fontes geotérmicas, solares
e/ou nucleares. Pode ser operado principalmente sem fontes externas de HT por
recuperação de calor, uso de isolamento de alta eficiência e compensação das
perdas de calor por aquecimento elétrico. As desvantagens do processo HTEL
são, principalmente, devido às limitações de material, tempo de inicialização longo
e resposta dinâmica ruim.

TEMA 3 – APLICAÇÕES DO HIDROGÊNIO EM LARGA ESCALA

A segmentação do armazenamento de energia elétrica em termos de


aplicações se dá em larga escala com alta potência.

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O hidrogênio pode suprir capacidades de energia até capacidades muito
grandes e também oferece uma ampla faixa de potência e é aplicável ao nível da
comunidade, na rede de distribuição e áreas de alta densidade populacional, e ao
nível da rede de transmissão. Adicionar hidrogênio à rede de gás natural (GN)
como matéria-prima para processos químicos e utilizá-lo como combustível no
conceito de mobilidade H2, são outras opções que revelam sua versatilidade.
O hidrogênio pode ser obtido de diversas matérias-primas e também de
ocorrências naturais (geológico), por meio de variadas rotas tecnológicas.
Várias opções técnicas, como motores a gás de combustão interna, usinas
de turbinas a gás, ou células de combustível, são concebíveis para a reconversão
do gás combustível em eletricidade. A saída de energia pode começar tão baixa
quanto na classe de quilowatts, como em aplicações de células de combustível;
também pode atingir várias centenas de megawatts em sistemas de
armazenamento de energia com base em turbinas de combustão em grande
escala. O mesmo se aplica ao conteúdo de energia de um sistema de
armazenamento que começa na categoria de quilowatts-hora com alguns
quilogramas de hidrogênio em garrafas de aço de gás pressurizado e termina nas
centenas de gigawatts-hora, o que equivale a 10.000 t de hidrogênio em uma
caverna subterrânea.
A eficiência para a etapa de reconversão depende do modo operacional e,
portanto, varia de 60% a 55% (usina de ciclo combinado a plena carga/carga
parcial).

TEMA 4 – RELAÇÃO DE DISPONIBILIDADE E CUSTO

O armazenamento subterrâneo de hidrogênio em cavernas de sal se dá


nas seguintes condições:

• Extremamente alta estanqueidade de sais-de-rocha, mesmo em altas pressões;


• Altas pressões operacionais em profundidades de até quase 2 mil m,
permitindo altas densidades de energia devido à maior pressão de
operação da caverna;
• Volumes geométricos de 500 mil m³ ou superiores, permitindo capacidades
de armazenamento de vários milhares de toneladas de hidrogênio;
• Pequena pegada de carbono de terra na superfície;
• Baixos custos específicos de investimento por megawatt/hora de armazenamento;

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• Muito seguro contra manipulação e obstrução.

4.1 Utilização de cavernas de sal subterrâneas minadas artificiais

Os parâmetros técnicos típicos do projeto de uma caverna de hidrogênio a


mil metros de profundidade são um volume de 500 mil m3 e uma faixa de pressão
operacional entre 60 bar e 180 bar. A capacidade de armazenamento fornecida
seria de 140 GWh térmicos ou 85 GWh de energia elétrica, e a potência de saída
de uma caverna depende da cabeça do poço e dos limites termodinâmicos da
cavidade e é de aproximadamente 700 MW.

4.2 Equação de LCOS

• CapEx: aquisições para o sistema/equipamentos, ou seja, baterias;


• Preparação do local: fundação;
• Transporte: material novo e material antigo, descarte;
• O&M: operação e manutenção – sistema de mão de obra para serviço,
serviços usados (ou seja, internet), materiais usados;
• kWh: energia utilizável, leva em conta o desvanecimento da capacidade,
estado de carga utilizável, eficiência de ciclo.

4.3 Custo do eletrolisador

Para eletrolisador PEM de última geração, os custos podem ser divididos


em:

• 15% eletrônica de potência;


• 32% BoP (balance da planta);
• 53% pilhas (stacks).

Para um sistema tão pequeno, a BoP tem alta participação comparável. Na


classe de potência de MW resulta em uma participação de 40-50% para as pilhas
dependendo da pressão de operação. Assim, temos:

• 15% para eletrônica de potência e distribuição;


• 45% para produção de hidrogênio (incluindo gerenciamento de eletrólitos,
abastecimento de água de alimentação e resfriamento);
• 25% para processamento de hidrogênio incluindo purificação;
• compressão a 30 bar e medição, e 15% para infraestrutura da planta.
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TEMA 5 – PANORAMA ATUAL

Atualmente, existem 75 estações de reabastecimento de hidrogênio em


operação, localizadas nos Estados Unidos, no Canadá, na Espanha, no Reino
Unido, na Índia, na Austrália, no Japão, na Coreia e em alguns outros países.
Além destas, há aproximadamente mais 150 em fase de planejamento em todo o
mundo, incluindo o Brasil. De acordo com EPE (2021),

a produção e usos industriais do hidrogênio no Brasil se encontram


relativamente consolidados. Entretanto, o aproveitamento mais amplo de
projetos energéticos baseados em hidrogênio demandará um aporte
mais continuado de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e
inovação, para que o país seja um ator relevante na Economia do
Hidrogênio que se apresenta no horizonte. A difusão de novas
tecnologias, o desenvolvimento de uma infraestrutura de produção,
armazenamento, transporte e distribuição do hidrogênio inserem-se
como tópicos de destaque a serem endereçados nesse contexto.
Avanços na padronização e certificação de indústrias, e parcerias com
países com tecnologias mais desenvolvidas também fazem, por certo,
parte desta pauta.

Os Estados Unidos foram reconhecidos como líderes globais no


desenvolvimento da produção de hidrogênio, com a marca anual de cerca de
9 milhões de toneladas métricas, o suficiente para abastecer de 20 a 30 milhões
de carros ou de 5 a 8 milhões de residências. A maior parte desse hidrogênio é
produzida na Califórnia, na Louisiana e no Texas (Hosseini, Wahid, 2016).
A reforma de metano a vapor é, atualmente, o método menos caro de
produzir hidrogênio e representa cerca de 95% da produção nos Estados Unidos.
A Alemanha tem um dos programas de hidrogênio e células de combustível em
expansão mais ativo do mundo. Com mais de 350 empresas e organizações que
compõem a maior parte da indústria de hidrogênio e células de combustível, o
país possui cerca de 70% da participação da Europa em unidades de
demonstração de células de combustível (Hosseini, Wahid, 2016).
Mais especificamente, o trabalho de pesquisa será realizado para investigar
como o armazenamento de hidrogênio em salinas precisa ser tratado em termos
de requisitos técnicos e do ponto de vista do licenciamento. A reconversão do
hidrogênio em energia elétrica por meio de uma turbina a gás é outro campo de
intenso trabalho de P&D. A queima de hidrogênio com pouca emissão em uma
turbina a gás requer um queimador e sistemas de fornecimento de combustível
recém-projetados. Campanhas de teste demoradas para avaliar as capacidades
dos queimadores em relação ao envelope de operação esperado são outro
esforço de desenvolvimento essencial que precisa ser iniciado.
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Os custos dos eletrolisadores ainda são altos e variam entre milhares a dez
mil euros por quilowatt e de acordo com os sistemas. Os custos serão reduzidos
pelo maior uso de material devido ao aumento das áreas de células ativas. Além
disso, outros custos, como o sistema de controle e o equilíbrio da planta, serão
reduzidos, pois não aumentam 1:1 quando o tamanho do sistema aumenta.
A produção de hidrogênio pode atingir 100.000 m3H2 h-1 ou mais com
custos de instalação significativamente inferiores a 1.000 € MW-1.

5.1 Reconversão do hidrogênio em eletricidade

Em aplicações de grande escala, a partir de 30 MW de potência, o uso de


usinas de ciclo combinado altamente eficientes será uma solução preferível. Tais
usinas são altamente flexíveis e podem contribuir para a redução do pico de
demanda diária. Além disso, também podem operar de forma semelhante às
unidades de carga básica por alguns dias ou semanas durante a produção de
baixa energia renovável. Ademais, estabilizam a rede fornecendo corrente de
curto-circuito. Nos estágios iniciais, surgirão soluções de usinas de menor porte,
como as usadas em âmbito municipal.

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REFERÊNCIAS

ABBASI, R. et al. 2019. A Roadmap to Low‐Cost Hydrogen with Hydroxide


Exchange Membrane Electrolyzers. Advanced Materials, v. 31, p. 805-876.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Bases para a Consolidação da Estratégia


Brasileira do Hidrogênio. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-
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DATAPHYSICS. Como medir ângulos de contato em altas temperaturas pode


ajudar a desenvolver células de combustível. Disponível em:
<https://www.dataphysics-instruments.com/application/notes/high-temperature-
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Disponível em: <http://www.chfca.ca/wp-content/uploads/2019/09/GOC-
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<https://www.nrcan.gc.ca/changements-climatiques/producing-hydrogen-
canada/23151>. Acesso em: 6 fev. 2022.

HOSSEINI, S. E.; WAHID, M. A. Hydrogen production from renewable and sustainable


energy resources: promising green energy carrier for clean development. Renewable
and Sustainable Energy Reviews, v. 57, 2016, p. 850-866.

MOSELEY, P. T.; GARCHE, J. (ed.). Electrochemical energy storage for


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NITTA, N.; WU, F.; LEE, J. T.; YUSHIN, G. Li-ion battery materials: present and
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The Hague.

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