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Semana Nacional de Engenharia Nuclear e da Energia e Ciências das Radiações – VI SENCIR

Belo Horizonte, 8 a 10 de novembro de 2022

Id.: EN-21

REVISÃO SOBRE REATORES REFRIGERADOS A CHUMBO (LFR)

Paola M. Almeida¹, Clarysson A. M. da Silva¹


¹ Departamento de Engenharia Nuclear
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha, Belo
Horizonte - MG, 31270-901)
machadopaola813@gmail.com

Palavras-Chave: Reatores Avançados; Reatores Rápidos; Reatores Refrigerados a Chumbo

RESUMO

Estabelecido em 2001, o Fórum Internacional Geração IV (Generation IV International Forum -


GIF) foi criado com intuito de instituir uma colaboração mútua de múltiplos países em busca de
desenvolver pesquisas e conhecimentos necessários para testar a viabilidade e o desempenho de
sistemas nucleares de quarta geração. Dessa forma, o GIF selecionou os seguintes modelos e
tecnologias: o reator rápido refrigerado a gás (Gas Fast Reactor - GFR), o reator rápido
refrigerado a chumbo (Lead-cooled Fast Reactor - LFR), o reator de sal fundido (Molten Salt
Reactor - MSR), o reator rápido refrigerado a sódio (Sodium-cooled Fast Reactor - SFR) , o reator
supercrítico refrigerado a água (Supercritical-Water-CooledReactor - SCWR) e o reator térmico
refrigerado a gás a alta temperatura (Very-High-Temperature Reactor - VHTR). Assim, dentre as
propostas do fórum internacional o sistema nuclear refrigerado a chumbo foi destacado. Em um
futuro próximo, tais sistemas podem contribuir para geração de energia elétrica devido às suas
características intrínsecas, tais como a sustentabilidade e a segurança que esses sistemas
oferecem. Uma de suas vantagens é o alto ponto de ebulição do refrigerante, o que diminui a
probabilidade de exposição do núcleo. Também, por serem reatores rápidos eles podem ser
utilizados de forma a minimizar a produção de combustível irradiado. Dessa forma, nesse trabalho
será apresentado uma visão geral dos modelos vigentes, apresentando as principais vantagens e
desvantagens dos reatores refrigerados a chumbo.

1. INTRODUÇÃO

Diante do panorama mundial, a energia nuclear está sendo cada vez mais visada, devido
ao gradual esgotamento dos combustíveis fósseis e aos esforços globais para combater as
mudanças climáticas. A utilização de fontes energéticas consideradas “limpas” contribui
para a redução da emissão de gases agravadores do aquecimento global, sendo a energia
nuclear uma das que menos causam impactos ambientais e que pode ser o ponto de virada
na corrida pela descarbonização. Assim, para uma redução expressiva desses gases, uma
associação de energias renováveis e nuclear seria imprescindível, já que, por exemplo, a
energia solar e eólica ficam dependentes de recursos como sol e o vento, e a nuclear pode
ser a chave no preenchimento dessa lacuna. Enquanto a energia nuclear produz emissão
zero de gases em sua geração, há produção desses no processo de extração, transporte e
processamento do urânio necessário para abastecimento da usina. No entanto, uma análise
da Comissão Europeia concluiu que as emissões da energia nuclear são aproximadamente
baixas ou inferiores às fontes renováveis, quando o ciclo de produção é levado em
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consideração [1]. Assim, esses sistemas nucleares estão entre os mais favoráveis e
sustentáveis ao meio ambiente pautados nesse quesito.

Não somente, a utilização de termonucleares poderá auxiliar na diversificação da matriz


energética e suprir a demanda de energia global. Nas últimas décadas, a indústria nuclear
tem direcionado esforços para o desenvolvimento de sistemas avançados visando o uso
de combustível com maior eficiência, a redução de produção de rejeitos radioativos, os
reatores serem economicamente competitivos e atenderem a padrões rigorosos de
segurança e resistência à proliferação [2]. Novas propostas foram instauradas pelos
reatores avançados , e sua importância na geração de energia elétrica se dá pela segurança
passiva inerente do sistema, a ausência de rejeitos de longa duração através de sua queima
ou reciclagem interna, provisão ilimitada de suprimento de combustível através do uso de
urânio natural ou empobrecido, tornando-os mais eficazes para a produção de eletricidade
[3]. Nesse contexto, os reatores refrigerados a chumbo (LFR) mostram-se bastante
atrativos devido às características que esses sistemas oferecem e por satisfazerem os
objetivos estabelecidos no Fórum Internacional Geração IV (GIF).

Assim, o combustível queimado em um LFR pode ser reprocessado e reintroduzido,


reduzindo assim a quantidade necessária de urânio para sua operação. De fato, essa nova
abordagem proporciona o uso dos recursos naturais de maneira mais sustentável, visando
uma significativa redução da produção de rejeitos radioativos de longa duração [3].
Ademais, outra característica inerente a esses sistemas está associada ao uso do chumbo
líquido como refrigerante. Isso se deve ao fato de que o chumbo não necessita de
pressurização, devido ao seu ponto de ebulição à pressão atmosférica ser bem alto
(1743°C), o que evita qualquer ebulição localizada do refrigerante. Mas também, tais
reatores permitem que o refrigerante primário possa ser mantido próximo à pressão
atmosférica, o que elimina a necessidade de introduzir um sistema para manter o nível
adequado de pressão para operação. E também resulta praticamente na eliminação de
acidentes com perda do refrigerante e exposição do núcleo. Assim, é caracterizado por
um alto grau de segurança e é intrinsecamente protegido pelas propriedades do próprio
refrigerante. Dessa forma, reatores refrigerados a chumbo podem fornecer eletricidade,
calor e água dessalinizada para assentamento residenciais remotos, fornecimento de
eletricidade e vapor para complexos industriais e podem ser usados para substituição de
grandes instalações nucleares e o uso de combustíveis fósseis.

Dessa maneira, o trabalho tem como objetivo destacar as vantagens e desvantagens dos
reatores refrigerados a chumbo, mostrando os principais modelos de tecnologias já
existentes e em desenvolvimento, além de transparecer como a energia nuclear pode
contribuir para o futuro da geração de energia elétrica global e uma alternativa viável para
auxiliar na descarbonização mundial.

2. MODELOS DE REATORES REFRIGERADOS A CHUMBO (LFR)

A energia nuclear inspirou pesquisadores desde o século XX, inicialmente bastante


questionada devido à necessidade de grande energia para acelerar partículas carregadas e
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a alta temperatura para a fusão de núcleos leves. No entanto, com a descoberta dos
nêutrons em 1932 e a fissão induzida por nêutrons, abriu-se possibilidades para o
desenvolvimento da energia nuclear que se tornou viável em princípios de física e
engenharia [5]. Com o passar dos anos e o aperfeiçoamento da tecnologia nuclear, novos
modelos de reatores vêm surgindo com a proposta de otimizar os sistemas nucleares
preexistentes, introduzindo maneiras mais eficazes de se utilizar a fonte nuclear. Dentre
esses modelos os reatores refrigerados a chumbo (LFR) podem ser citados, uma vez que
adotam chumbo ou chumbo-bismuto como refrigerante, podendo operar sob pressão
atmosférica e alta temperatura. Além disso, o chumbo tem uma propriedade pobre de
moderação, o que pode empregar matrizes de combustível de urânio empobrecido para
maximizar a utilização de recursos e minimizar a produção de combustível queimado, de
maneira mais econômica e sustentável [4].

O reator refrigerado a chumbo tem muitas vantagens em relação aos outros cinco reatores
da geração IV. Primeiramente, seu uso não produz hidrogênio ou outros gases explosivos,
além do refrigerante ser difícil de reagir com água e com o ar. Mas também, o grande
coeficiente de expansão térmica associado ao chumbo resulta na possibilidade de um
sistema de circulação natural, de modo a ter melhores atributos de segurança passiva.
Ademais, o LFR garante a sustentabilidade da fonte de energia a longo prazo, o que torna
a quantidade de urânio exigida pelas tecnologias atuais seja aproximadamente de 50 a
100 vezes menor que as reservas disponíveis do mundo.

Não obstante, algumas desvantagens precisam ser levadas em consideração, uma delas se
deve ao fato de que o aço é corrosivo em contato com o refrigerante, o que danifica o
material base do reator. Limitações quanto ao tamanho do reator são previstas associadas
ao suporte estrutural, devido ao peso do chumbo. Além disso, em razão do seu alto ponto
de fusão, há a possibilidade de solidificação do refrigerante e entupimento nas tubulações.
Não somente, o Po-210 será produzido a partir da liga chumbo-bismuto, que em contato
com a água forma-se H2Po, assim pode ocorrer vazamento do 210Po para o gerador de
vapor e turbina, ou seja, além de acarretar corrosão nos revestimentos de aço, corre o
risco de contaminar todo o sistema refrigeração. Ademais, é necessário um sistema de
aquecimento auxiliar para manter o refrigerante em sua fase líquida. Dessa maneira, os
reatores refrigerados a chumbo são sistemas ainda em desenvolvimento com suas
vantagens e desafios a serem superados. Dentre as várias propostas desses reatores, os
principais sistemas serão apresentados a seguir.

2.1. BREST-300

O BREST-300 é um reator refrigerado a chumbo de demonstração, do tipo circulação


forçada, como da Fig. 1. Projetado pela Rússia tem potência de 300 MWe. Seu
combustível consiste em mononitreto de urânio e plutônio (PuN e UN), cujo sistema
primário contém chumbo como refrigerante e um ciclo água-vapor é empregado no
sistema secundário. Não é um reator de circulação natural devido à bomba principal do
refrigerante em seu sistema primário [6]. O chumbo possui alto ponto ebulição, e possui
pequena probabilidade de ativação neutrônica, é inerte quimicamente com água e ar, não
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requer alta pressão no circuito primário, característica que minimiza a possibilidade de


acidentes com perda de refrigerante, incêndios e explosões em contato com o meio
ambiente [7].

Fig. 1. Modelo do sistema primário BREST-300

2.2. SVBR-100

O SVBR-100 é um reator rápido, pequeno, modular e avançado desenvolvido pela Rússia,


o qual baseia-se na tecnologia de reatores para submarinos nucleares. Sua capacidade de
geração de energia é de 100 MWe. Tem como característica o refrigerante LBE, 44%
chumbo e 56% bismuto. Em sua operação de regime permanente, a circulação do
refrigerante é acionada pela bomba de circulação principal [6]. Possui sistema de
segurança passiva e ativa, e o chumbo circula no modo refrigeração forçada. É um reator
em fase experimental e atende aos requisitos dos sistemas nucleares da Geração IV.
Considerando o seu tempo de operação, o SVBR-100 pode operar no modo
autossuficiente de combustível, ou seja, opera sem nenhum reabastecimento parcial, e a
vida útil do núcleo devido ao combustível é de até 7-8 anos. O módulo do reator, cujo
modelo pode ser visto na Fig. 2, é transportável por ferrovia, estrada ou hidrovia [8].

Fig. 2. Sistema primário do SVBR-100


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2.3. CLEAR

O CLEAR é um reator rápido e modular, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia e


Segurança Nuclear (INEST), que usa o LBE como refrigerante. Sua circulação é do tipo
forçada de forma que o sistema primário possa atingir uma potência de 10 MWe. Esse
modelo pode operar sob um modo crítico e subcrítico, além de possuir um sistema de
segurança passiva. Seu combustível de nitreto possui enriquecimento de 19,75% e foi
projetado para operar 10 anos sem reabastecimento. Com base em seus recursos de
segurança e características intrínsecas desse sistema, o CLEAR pode ser usado em
plataformas de petróleo e navios [6]. É um reator de pesquisa e demonstração de
tecnologia, ainda em desenvolvimento. Um exemplo desse modelo pode ser visto na Fig.
3. O refrigerante tem a característica de baixa absorção e moderação de nêutrons,
resultando numa boa transmutação de resíduos nucleares e capacidade de geração de
combustível [10].

Fig. 3. Modelo do sistema primário do CLEAR

2.4. SSTAR E SUPERSTAR

O SSTAR é um reator rápido, autônomo, transportável, pequeno e seguro, cujo


refrigerante associado é o chumbo, e sua potência é de 20MWe. Dentre suas
características destacam-se: o fato de ser um reator do tipo piscina (Fig. 4), a
configuração de seu núcleo ter vida útil de 30 anos e ter circulação do tipo natural. A
temperatura de saída do núcleo do SSTAR é de 837K e a temperatura de entrada do
núcleo é de 693K. Entretanto, as tecnologias de combustível e material atualmente não
são capazes de suprir as demandas estabelecidas por esse modelo. Em virtude disso, o
SUPERSTAR é desenvolvido para atuar com uma temperatura de saída do núcleo mais
baixa (753K), o que permite com que o sistema se torne mais possível e viável. A
potência térmica do SUPERSTAR é aumentada para 300 MWth [7]. A otimização do
modelo anterior refere-se ao design do SUPERSTAR, com modificações no
refrigerante, combustível e geometria de montagem. Seu design modular e a longa vida
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útil do núcleo contribuirão com um melhor desempenho do reator, mas também para a
resistência à proliferação. A nova proposta do reator terá relativamente menor volume,
menos equipamentos e requisitos de manutenção, sendo mais flexível e seguro.

Cabeça de Acionamentos
fechamento da haste de
controle
Bocal de saída
Tubos de guia da
de CO2 (1 de 8)
haste de controle
e linhas de
Bocal de entrada transmissão
de CO2 (1 de 4)
Defletor
Trocador de calor térmico
Pb-TO-CO2 (1 de 4)

Vaso de
Blindagem de fluxo proteção

Refletor radial Vaso do


reator
Núcleo ativo e
gás de fissão

Distribuidor de fluxo

Fig. 4. Modelo núcleo SSTAR

2.5. ELECTRA

O ELECTRA é um reator refrigerado a chumbo com combustível de nitreto ((Pu, Zr)N),


cuja potência nominal é de 0,5MWth. Um dos objetivos desse modelo é o de acumular
experiências úteis para a construção de reatores rápidos refrigerados a chumbo, sendo
destinado a fins de pesquisa, treinamento e demonstração da tecnologia. Desenvolvido
pelo Instituto de Tecnologia Real, Universidade de Tecnologia Chalmers e Universidade
de Uppsala (Suécia). O núcleo pequeno é obtido graças ao uso de combustível de matriz
inerte (Pu, Zr)N, cujo exemplo do seu modelo pode ser visto na Fig. 5. A queda de pressão
resultante é baixa o suficiente para permitir a remoção total de calor por convecção
espontânea, ou seja, seu sistema pode operar em circulação natural. A escolha da
convecção natural para remoção do calor evita a necessitada de desenvolver e qualificar
materiais para impulsores de bombas. No entanto, podem surgir problemas na
estabilidade do fluxo [9]. A remoção do calor é realizada com oito geradores de vapor de
baixa pressão. O diâmetro externo do vaso primário é de 1 metro e a altura total é de 3,5
metros [6].
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Fig. 5. Modelo do sistema primário do ELECTRA

2.6. ENHS

O ENHS é um reator modular refrigerado a LBE, com potência total de 125MWth e


circulação natural. Sua característica distinta está em seus dois circuitos de circulação do
refrigerante no sistema primário. O refrigerante primário flui para o trocador de calor
intermediário (IHX) que está localizado entre a parede estrutural interna e externa. O
refrigerante secundário flui para IHX do fundo da piscina e realiza a condução de calor
com o refrigerante primário. Os geradores de calor instalados na parte superior do reator
recebem essa quantidade de calor, cujo esquema pode ser visto na Fig. 6. A altura e o
diâmetro do vaso são 21 metros e 4 metros [6].
Conexão
água/vapor
Geradores
de vapor Pb-Bi primário
Pb-Bi secundário

Estrutura de
suporte em
isoladores
sísmicos

Vaso
primário
Região da do
estrutura módulo
de suporte ENHS
embutida

Núcleo Vaso
reator piscina

Fig. 6. Esquema ENH


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2.7. ALFRED

ALFRED é um reator rápido refrigerado a chumbo de potência 300MWth, desenvolvido


para testar a viabilidade da tecnologia LFR europeia para uso em uma futura usina
comercial. É um reator do tipo piscina (Fig. 7) com todos seus componentes removíveis.
Possui uma baixa queda de pressão do refrigerante primário permitindo circulação natural
no sistema. Seu núcleo é constituído por 171 conjuntos combustíveis hexagonais, 12
barras de controle e 4 barras de segurança. É usado combustível MOX com
enriquecimento de plutônio de 30%. Além disso, possui sistema passivo de segurança e
isoladores sísmicos são instalados abaixo do prédio do reator para cortar as cargas
sísmicas horizontais. É esperado que a realização do reator ocorra por volta de 2025 [11].

Fig. 7. Sistema primário do ALFRED

2.8. SEALER

É um reator refrigerado a chumbo, projetado para produção de energia, em formato


altamente compacto, além de possuir segurança passiva do sistema. Seu combustível não
necessita ser trocado durante seu funcionamento, minimizando os custos no
gerenciamento do combustível. Existem propostas para uso desse reator em regiões
inóspitas como no Ártico. Sua produção de eletricidade, pode variar entre 3 a 10 MW e
seu combustível é de óxido de urânio enriquecido a 19,9%. Para aplicações na rede, o
combustível é de nitreto de urânio enriquecido a 12% e potência nominal de 55MWe. A
remoção de calor no núcleo é dada por convecção natural [12], um modelo do núcleo
pode ser visto na Fig. 8.
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Fig. 8. Sistema primário do SEALER

2.9. MYRRHA

MYRRHA (Multi-purpose hybrid research reactor for high-tech applications) é um


reator experimental desenvolvido no Centro de Pesquisa Nuclear Belga (SCK.CEN), com
potência nominal do núcleo de 100MW e combustível de óxido misto (MOX). Permitirá
o desenvolvimento de combustível para sistema de reatores inovadores, de materiais para
sistemas geração IV, materiais para reatores de fusão, produção de radioisótopos para
aplicações médicas e industriais. O MYRRHA foi projetado como um sistema acionado
por acelerador multifuncional, no qual consiste em um acelerador de prótons. Por ser um
reator refrigerado a chumbo poderá contribuir no desenvolvimento da tecnologia Lead
Fast Reactor (LFR). Devido ao uso de LBE como refrigerante, é possível diminuir a
temperatura de operação de entrado do núcleo (até 270 °C), diminuindo a o risco de
corrosão. Além disso, adota um sistema de segurança passiva e possui circulação do tipo
forçada [13]. Um exemplo de seu núcleo pode ser visto na Fig. 9.

Fig. 9. Esquema MYRRHA


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3. CONCLUSÃO

Em suma, com o crescente interesse na geração distribuída de energia como uma


alternativa sustentável e eficaz aos sistemas tradicionais de energia centralizada, novos e
pequenos reatores são considerados uma das soluções mais confiáveis e acessíveis para
atender as crescentes demandas de energia. Reatores refrigerados a chumbo podem
fornecer eletricidade, calor e água dessalinizada para assentamento residenciais remotos,
fornecimento de eletricidade e vapor para complexos industriais e podem ser usados para
substituição de grandes instalações nucleares e o uso de combustíveis fósseis. Dessa
forma, fica evidente as potencialidades de tais sistemas nucleares e seus vislumbres para
o futuro. A atratividade dos reatores refrigerados a chumbo se dá não somente em relação
à seguridade que esses modelos oferecem, mas também ao crescente surgimento de novas
pesquisas e tecnologias nessa área. Assim, a segurança aprimorada desses sistemas é uma
característica fundamentalmente importante, visto que essa é um dos principais critérios
na escolha de instalações nucleares de próxima geração. Ademais, o LFR garante a
sustentabilidade da fonte de energia a longo prazo, já que a quantidade de urânio exigida
pelas tecnologias atuais é aproximadamente de 50 a 100 vezes menor que as reservas
disponíveis do mundo. Como também, os reatores refrigerados a chumbo sugerem um
importante potencial de excelente desempenho econômico em razão das propriedades e
especificidades do próprio refrigerante.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem as seguintes agências de fomento: FAPEMIG (Fundação de


Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais), CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), CNPq (O Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e CNEN (Comissão Nacional de Energia
Nuclear).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/pt/qanda_22_712 acessado em


26/10/2022.

[2] www.gen-4.org acessado em 08/08/2022.

[3] W. S. Bastos, Uma introdução a reatores rápidos de IV geração, Tese, Instituto de


Engenharia Nuclear / CNEN, Brasil (2002)

[4] A. Alemberti, The Lead Fast Reactor: An Opportunity for the Future?, Elsevier engineering
journal, volume 2, Itália (2016).

[5] International Atomic Energy Agency (IAEA), Liquid Metal Coolants for Fast Reactors Cooled
By Sodium, Lead, and Lead-Bismuth Eutectic, IAEA Nuclear Energy Series, pp. 4-6 (2012).
Semana Nacional de Engenharia Nuclear e da Energia e Ciências das Radiações – VI SENCIR
Belo Horizonte, 8 a 10 de novembro de 2022

[6] Chen Wang, A Preliminary Design Study for a Small Passive Lead-bismuth Cooled Fast
Reactor, Stockholm, Sweden (2019).

[7] International Atomic Energy Agency (IAEA), BREST-OD-300, “IAEA Report”, Rússia
(2013).

[8] International Atomic Energy Agency (IAEA), SVBR-100, “IAEA Report”, Rússia (2013).

[9] International Atomic Energy Agency (IAEA), ELECTRA, “IAEA Report”, Suécia (2013)

[10] Yican Wu, Design and R&D Progress of China Lead-Based Reactor for ADS Research
Facility, Elsevier engineering journal, Vol. 2 (2016).

[11] International Atomic Energy Agency (IAEA), ALFRED, “IAEA Report”, Itália (2013)

[12] International Atomic Energy Agency (IAEA), SEALER-UK, “IAEA Report”, Suécia/Reino
Unido (2013)

[13] H. A. Abderrahim, MYRRHA – A multi-purpose fast spectrum research reactor, Energy


Conversion and Management, Vol. 63, pp. 4-10 (2012)

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