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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

BERNARDO REIS MELO

TRABALHO INDIVIDUAL ANÁLISE EXERGÉTICA

CURITIBA
2023
BERNARDO REIS MELO

RELATÓRIO TÉCNICO COGERAÇÃO DE ENERGIA

Relatório técnico apresentado ao curso de


Graduação em Engenharia Ambiental, Setor de
Tecnologia,Universidade Federal do Paraná,
como atividade individual da disciplina
Análise Exergética

Professor(a): Prof. Dr. Marcelo R. Errera

CURITIBA
2023
SUMÁRIO

1 RESUMO
2 INTRODUÇÃO
3 REVISÃO E FUNDAMENTAÇÃO
3.1 COGERAÇÃO POR BIOMASSA
4 RESUMO DE ARTIGO PRÁTICO DE TERMOECONOMIA
4.2 RESULTADOS
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS
1 RESUMO

A cogeração a biomassa tem se mostrado cada vez mais como uma alternativa versátil
e promissora como atuante na transição energética e protagonista em países de escala
econômica como o Brasil. No caso brasileiro, a utilização do bagaço de cana de açúcar como
combustível é muito encorajado, visto que o país é o maior produtor mundial dessa matéria-
prima.
Neste relatório, foi usado como base um estudo realizado em um hospital no estado de
São Paulo para exemplificar o processo de construção do projeto e validação da alternativa de
cogeração através de avaliações exergéticas e termodinâmicos de 4 plantas com equipamentos
e demandas diferentes.
No contexto do curso, um engenheiro ambiental pode ser o responsável por avaliar a
viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto, elaborar estudos de impacto ambiental
e planos de gestão ambiental, visando minimizar os impactos negativos ao meio ambiente,
realizar a gestão de resíduos sólidos gerados na produção de biomassa

2 INTRODUÇÃO

Produção de cogeração (CHP’s) é o processo implantado em usinas onde energia


elétrica e calor útil são gerados simultaneamente. O calor gerado no processo de combustão
em usinas térmicas convencionais não é inteiramente aproveitado, há um desperdício no
processo de aquecimento da água a ponto de vapor, que é utilizada para movimentar as pás
dos geradores. No caso das usinas CHP’s esse calor é destinado com a finalidade útil de
aquecimento da própria instalação ou de cidades vizinhas à usina.
Uma usina CHP é melhor utilizada, em termos de sustentabilidade, quando utilizados
combustíveis renováveis para o processo de combustão como por exemplo como a casca do
arroz, bagaço da cana-de-açúcar, casca de côco entre outros tipos de biocombustíveis.
Ademais, uma instalação de cogeração consome, geralmente, mais combustível do que o
necessário para produzir qualquer forma de energia por si só.
No entanto, o combustível total necessário para produzir energia elétrica e térmica em
um sistema de cogeração é menos do que o total de combustível necessário para produzir a
quantidade equivalente dos dois produtos em sistemas separados. Portanto, os sistemas CHP’s
baseados em biomassa estão se tornando amplamente populares e estudados em vários
cenários mundialmente.
Este relatório tem o objetivo de descrever sucintamente os processos e operações de
uma usina de cogeração a biomassa e conjuntamente apresentar alternativas já implantadas
desse modelo de geração de energia num cenário brasileiro.

3 REVISÃO E FUNDAMENTAÇÃO

3.1 COGERAÇÃO POR BIOMASSA

O processo de combustão da biomassa em uma usina de cogeração a biomassa ocorre


em um ambiente controlado, onde o combustível é queimado em uma câmara de combustão.
Durante esse processo, a energia térmica gerada pela combustão é transferida para um fluido
de trabalho, geralmente água, que é convertida em vapor.
Esse vapor, com alta pressão e temperatura, é então direcionado para a turbina, que
gera eletricidade ao acionar um gerador elétrico. O vapor, após passar pela turbina, é resfriado
e condensado em um condensador, formando novamente água. Essa água, após ser tratada e
aquecida, é novamente direcionada para a câmara de combustão, reiniciando o ciclo de
produção de vapor.
A eficiência de uma usina de cogeração a biomassa pode variar dependendo de
diversos fatores, como a qualidade do combustível, o tipo de tecnologia utilizada e o sistema
de controle de emissões. Estima-se que a eficiência média dessas usinas seja em torno de 30 a
40%, o que significa que cerca de 60 a 70% da energia contida na biomassa não é convertida
em energia elétrica e é liberada como calor residual. Esse calor residual pode ser utilizado
para diversos fins, como aquecimento de edifícios, secagem de produtos e outros processos
industriais, aumentando ainda mais a eficiência da usina.
O trabalho de (Uddin e Barreto) analisou usinas de cogeração movidas a biomassa
baseadas na tecnologia de turbina a vapor (CHP-BST) e tecnologia de ciclo combinado de
gaseificação integrada (CHP-BIGCC) e estimou os custos de mitigação de CO2 de biomassa
em grande escala tecnologias de cogeração com captura e armazenamento de CO2.
Também foi avaliado o desenvolvimento de modelos para projeto termoeconômico e
otimização de operação. Estas obras nomeiam otimização termoeconômica e a melhor forma
de obter o equilíbrio entre balanço exergético e produção/geração de energia custos.
4 RESUMO DE ARTIGO PRÁTICO DE TERMOECONOMIA

Nesta seção será apresentado um resumo do artigo: “Ecological efficiency and


thermoeconomic analysis of a cogeneration system at a hospital” SILVEIRA(2012).

4.1 OBJETIVO E DESCRIÇÃO

O objetivo principal do estudo foi analisar a eficiência termoeconômica de um sistema


de cogeração do Hospital de Clínicas Barão Geraldo que se localiza no campus da
Universidade Estadual de São Paulo. Sua infraestrutura é composta por 400 quartos e
aproximadamente 3 mil funcionários. Para atender toda essa demanda o hospital possui duas
subestações para distribuição de energia, com potência total de 5.8MW de energia consumida
pelos mais diversos equipamentos e máquinas. 2MW são adquiridos por meio de compra de
energia da rede. A média de energia consumida por mês é por volta de 77000 kWh no pico de
consumo e aproximadamente 760 kWh fora do pico. Cerca de 30% do consumo total de
energia do hospital é destinado aos sistemas de ar condicionado.
Foram avaliados 4 cenários diferentes de cogeração de energia alternativa:
Cenário 1: gás natural associado a um gerador de vapor de recuperação de calor
residual (HRSG) e limite de geração de vapor de 2.960 kg/h, correspondendo às demandas de
cozinha e lavanderia, respectivamente 524 kW e 1416 kW.
Cenário 2: Gás natural associado a um HRSG residual e com limite de geração de
vapor de 800 kg/h, correspondente à cozinha precisa.
Cenário 3: Gás natural associado a um HRSG residual e com limite de geração de
vapor de 2160 kg/h, correspondendo às necessidades da lavanderia.
Cenário 4: Gás natural associado a um sistema de refrigeração por absorção com
aproveitamento direto dos gases de exaustão para produção de frio água a 7 ◦C substituindo
chillers elétricos, correspondendo a uma capacidade de 700TR (2506 kWc).
No entanto os casos 1, 2 e 3 correspondem a cogeração de vapor utilizando o calor
residual, e o caso 4 utiliza esse calor para produzir água gelada.

Tabela 1 - Parâmetros técnicos iniciais considerados

Eficiência média do boiler 85%


Calor recuperado 70%

Demanda de água quente 419kW (0.64 t/h)

Energia elétrica demandada com boiler 2MW

Energia elétrica demandada com resfriamento 1.5MW


( caso 4)

Figura 1 - Sistema de cogeração com boiler (casos 1, 2 e 3)

Fonte: Adaptado de (SILVEIRA, 2012)

Figura 2 - Sistema de cogeração com máquina de condensação (caso 4)

Fonte: Adaptado de (SILVEIRA, 2012)


Figura 3 - Diagrama de representação dos sistemas 1, 2 e 3

Fonte: Adaptado de ((SILVEIRA, 2012)

Figura 4 - Propriedades termodinâmicas (casos 1, 2 e 3)

Tabela 2 - Economias previstas


Caso Equipamentos Economia Total

Eletricidade Vapor Água fria Água quente Economia Anual


(U$) (U$) (U$) (U$) (U$)

1 -44,001 -313,097 0 7098 -350000

2 268,779 -80,992 0 18,624 206411

3 82,482 -252,675 0 12,290 -157903

4 -638,959 0 -138,609 5567 -772,001

4b -142,776 0 84,083 11,495 -41,198

4.2 RESULTADOS

Da análise dos 4 cenários realizados neste estudo, foi possível observar uma intra-
variação sobre a melhor escolha para a planta de cogeração ideal, considerando. Dos
resultados obtidos, os fatos mais importantes a se destacar são:

● A planta mais eficiente sob o ponto de vista do balanço energético é a central de


cogeração que associa AICE a duplo efeito máquina de absorção (caso 4b), onde é
possível obter uma eficiência global em torno de 58%.
● É possível observar que a melhor alternativa sob do ponto de vista de economia
energética é o caso 2, pois através da análise de viabilidade econômica, que se baseia
em buscar o maior benefício anual ou recebimento esperado, em função de gasto com
energia antes e depois da inserção da cogeração, este caso apresentou uma eficiência
global em torno de 55%.

5 CONCLUSÃO

Estudos como esses são imprescindíveis para realizar uma modelagem


termoeconômica, energética e exergética para projetos de usinas nos mais variados tipos de
infraestruturas e com as possibilidades de combustíveis de biomassa distintos. É importante
ressaltar que as análises efetuadas nesse estudo correspondem a apenas um dos vários casos
possíveis de serem estudados, como avaliação ambiental e econômica ou avaliação térmica e
ambiental. No contexto da Engenharia Ambiental, muitos trabalhos semelhantes a esse podem
ser realizados a fim de determinar não apenas a eficiência exergética da usina e dos
combustíveis utilizados mas também a potencialidade de emissão de poluentes.
6 REFERÊNCIAS

RAJ, N. Thilak; INIYAN, S.; GOIC, Ranko. A review of renewable energy based
cogeneration technologies. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 15, n. 8, p.
3640-3648, 2011.
ONOVWIONA, H. I.; UGURSAL, V. Ismet. Residential cogeneration systems: review of the
current technology. Renewable and sustainable energy reviews, v. 10, n. 5, p. 389-431,
2006.
UDDIN SN, BARRETO L. Biomass-fired cogeneration systems with CO2 capture and
storage. Renew Energy 2007;32:1006–19.
SILVEIRA, Jose Luz et al. Ecological efficiency and thermoeconomic analysis of a
cogeneration system at a hospital. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 16, n. 5,
p. 2894-2906, 2012.

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