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ANÁLISE EXPERIMENTAL DO CONSUMO DE ENERGIA EM CÂMARAS

FRIGORÍFICAS: ESTUDO DA A INFLUÊNCIA DO AJUSTE DA


TEMPERATURA INTERNA FINAL (SETPOINT)

Antônio Henrique Braga Alves, Antonio@tecclima.com¹


Lucas Ramos de Souza Lima, lrsl@discente.ifpe.edu.br2
Stiven Gutemberg Figueira Rolim, bergrolim28@gmail.com2
Edilson Eugenio da Silva, edilsoneugeniosilva@gmail.com2
Alvaro Antonio Ochoa Villa, ochoaalvaro@recife.ifpe.edu.br2
Kilvio Alessandro Ferraz, kilvioaf@yahoo.com.br2
1
Centro Universitário Estácio do Recife, Av. Eng. Abdias de Carvalho, 1678, Recife-PE, 4003-6767.
2
Instituto Federal de Pernambuco, Av. Prof. Luís Freire, 500 - Cidade Universitária, Recife-PE, 50740-545.

Resumo: Esta trabalho tem por objetivo investigar a influência do ajuste de setpoint da temperatura de evaporação e
o consumo elétrico em câmaras frigoríficas do tipo resfriados e congelados para conservação de alimentos perecíveis.
Foi desenvolvida uma metodologia experimental levando em consideração uma câmara frigorífica de pequeno porte,
operando em duas condições: resfriado e congelado. A câmara frigorífica de estudo está localizada no IFPE Campus
Recife, e foram monitorados vários parâmetros tais como: temperatura de evaporação (setpoint), consumo elétrico,
potência ativa, ao longo de um período de 6 horas. A ideia foi caracterizar a operação da câmara frigorífica
considerando carga de resfriado (temperatura interna ao redor de 0º) e carga de congelado (temperatura interna,
aproximadamente de -18º). Foi possível verificar economia de 19,5% de energia quando a câmara frigorífica operava
com carga de congelados, mas existiu uma maior alteração na temperatura interna, 4,1°C a mais que com o ajuste de
-18°C e para a configuração da câmara em função de resfriado, o aumento da temperatura interna foi de 1°C, com
menor impacto entre as temperaturas de armazenagem para o intervalo de tempo de 10 minutos, com um resultado
energético de economia de 18,4%.

Palavras-chave:Câmaras Frigoríficas, fluidos refrigerantes, consumo energético, setpoint.


1. INTRODUÇÃO
Câmaras frigoríficas são compartimentos refrigerados, fechados, isolados termicamente, no interior dos quais são
mantidas as condições termohigrométricas, isto é, de temperatura e de umidade, mais adequado para a conservação dos
gêneros alimentícios (SILVA, 2012; ALVES, 2019). A manutenção das condições termohigrométricas requeridas é
provida por uma unidade de refrigeração, eventualmente integrada por sistemas de aquecimento e umidificação. Cada
câmara frigorífica deve ser projetada para um determinado fim, cuja carga térmica a ser retirada pelo equipamento
frigorífico e o período de tempo necessário do processo são calculados criteriosamente. As câmaras frigoríficas de
temperatura ao redor de 0°C e umidade relativa elevada, são utilizadas para a conservação de gêneros alimentícios
frescos por breves períodos de tempo. As câmaras de baixa temperatura, caracterizadas por um elevado isolamento
térmico, mantêm no seu interior as baixas temperaturas necessárias para a conservação a longo prazo dos produtos
congelados. As câmaras de atmosfera controlada, a temperatura média - alta, são caracterizadas pela absoluta
estanqueidade e têm equipamentos aptos a produzir no seu interior atmosferas artificiais tais para prolongar a duração
da conservação de alguns produtos hortifrutigranjeiros. As câmaras para o controle do amadurecimento dos produtos
hortifrutigranjeiros são câmaras de refrigeração a temperatura alta – média, de estrutura parecida àquela das câmaras de
atmosfera controlada, no interior das quais tenham as condições termohigrométricas que variam na atmosfera em
função de ciclos preestabelecidos.
O subresfriamento do líquido, que consiste no resfriamento adicional de um líquido saturado, para garantir que não
exista vapor indo para a válvula de expansão, antes de sua entrada na válvula de expansão aumenta a capacidade do
sistema sem aumentar a potência consumida. Portanto, o subresfriamento representa um parâmetro importante para
aumentar a eficiência de sistemas frigoríficos. Normalmente, os sistemas frigoríficos operam com subresfriamento entre
3 e 4°C, no entanto, em sistemas com um nível de pressão, pode-se aumentar o subresfriamento sem prejudicar o
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funcionamento do sistema. (VENTURINI, 2005). Por outro lado, o superaquecimento corresponde ao aumento de
temperatura do refrigerante acima da temperatura de evaporação. Quanto maior o superaquecimento, maior o volume
específico do fluido na aspiração do compressor. Consequentemente, menor será a vazão mássica deslocada. Isto reduz
a capacidade do compressor sem reduzir o seu consumo de potência, o que aumenta os custos. Com o desenvolvimento
das válvulas de expansão eletrônica, os sistemas frigoríficos podem trabalhar com superaquecimentos menores (2ºC),
sem o risco de retorno de líquido para o compressor. Com as válvulas de expansão termostáticas, o retorno de líquido
pode ser um problema, o que requer a operação com superaquecimentos maiores (5 a 8°C). Assim o fator de utilização
do compressor e a eficiência energética do sistema aumentam, pela utilização de válvulas de expansão eletrônicas.
O consumo de energia voltado ao armazenamento frigorífico de produtos alimentícios tem impactado os
estabelecimentos comerciais nos custos e demanda energética. Os produtos perecíveis exigem um cuidado maior no
armazenamento e exposição com objetivo de manter à temperatura adequada desde o transporte da indústria até chegar
a comercialização pelos supermercados (SOUZA et. al., 2003). Visando estudos de comparação de eficiência energética
em sistemas de refrigeração, Franco et al., 2019, realizaram um estudo experimental comparativo considerando um
protótipo de refrigeração que utiliza R404a como refrigerante e dois dispositivos de expansão; termostática e eletrônica,
onde foi encontrado que o protótipo de refrigeração a carga parcial, mostrou um rendimento energético com o uso do
dispositivo de expansão eletrônica melhor ao rendimento oferecido pelo dispositivo de expansão termostática, com
acréscimo relativo deste rendimento energético em função da operação dinâmica do protótipo foi de aproximadamente
de 28 a 50% maior ao encontrado em carga plena do sistema. É importante ressaltar, que há uma grande urgência pela
otimização dos sistemas de controle, monitoramento e operação dos equipamentos e plantas de refrigeração, sejam do
uso comercial e/ou industrial. Isto pode ser visualizado na literatura pertinente, aonde por estudos e análises, vem
procurando a maximização da capacidade frigorífica e minimização do consumo energético (LOUZADA et al., 2017;
TEREHOVICS et al., 2018; BISTA et al. 2018). Estudos recentes da literatura mostram que a busca pela otimização do
comportamento energético em câmaras frigoríficas e sua vinculação com a redução do consumo elétrico vêm sendo
analisado de forma intensa utilizando diversas técnicas (AKERMA et al., 2020) e metodologias numéricas e
experimentais (TIAN et al., 2019; DURENT et al., 2020). Visando a técnica da resposta à demanda (RD) Akemar et al.,
2020 apresentaram uma investigação experimental utilizando uma câmara frigorífica com carga total de produto com o
intuito de verificar a influência em diferentes parâmetros (carga de produto, temperatura externa, temperatura de ponto
de ajuste e duração da RD). Os resultados mostraram que a aplicação desta técnica tem impacto limitado no produto
armazenado com aumento máximo de 1,1°C no núcleo do produto após 3 dias da aplicação da técnica. Utilizando um
modelo hibrido, Tian et al., 2019 analisaram de forma dinâmica o consumo de energia em câmaras frigoríficas
utilizando um modelo de transferência de calor para simular a dissipação de energia de resfriamento do envoltório do
edifício e uma equação semi-empírica na simulação da carga de resfriamento de infiltração, onde foi verificado que a
variação da carga de resfriamento do produto foi linear dependente da variação da temperatura ambiente. Em Durent et
al., 2020 foi realizado uma análise experimental e numérica sobre a caracterização da temperatura dos alimentos e o
consumo energético de câmaras frias em uma planta de alimentos utilizando uma estrutura baseada em dados reais para
a formulação do modelo. Foi verificado que até 18% de economia de energia pode ser alcançada através do auemnto da
temperatura de ajuste do termostato (setpoint) da sala de processamento e da sala de armazenamento com um impacto
limitado na temperatura do produto.
Neste contexto, este trabalho investigou o efeito do ajuste de setpoint da temperatura de evaporação e o consumo
elétrico em câmaras frigoríficas do tipo resfriados e congelados para conservação de alimentos perecíveis, considerando
a operação da câmara frigorífica em modo de carga de resfriado (temperatura interna ao redor de 0º) e modo de carga de
congelado (temperatura interna, aproximadamente de -18º).

2. METODOLOGIA
Neste tópico serão descritos os materiais, instrumentos e procedimentos utilizados para fazer o levantamento
experimental das câmaras frigoríficas.
2.1. Metodologia Empregada
A presente pesquisa foi desenvolvida considerando uma abordagem experimental através da coleta de dados
extraídos de equipamentos comerciais (câmaras frigoríficas) para a verificação do desempenho energético em função da
variação do setpoint de controle (ALVES, 2019).
2.2. Metodologia Experimental
A análise experimental das câmaras frigoríficas abrange o levantamento real de consumo elétrico em função da
variação do setpoint de temperatura de controle do sistema de refrigeração, considerando as leis vigentes referentes à
conservação de alimentos. Foram realizados ensaios considerando duas câmaras frigoríficas; uma de resfriamento e
outra de congelamento, as quais utilizam o R404a, um fluido refrigerante.
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2.3. Local dos Ensaios


Este estudo foi desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE),
localizado na cidade de Recife, Pernambuco (8° 03’ 31” S 34º 57’ 3” W). A sala F-09 do bloco F, na figura 1, onde foi
desenvolvido este estudo, possui 64 m² no total com dois condicionadores de ar do tipo Split Teto com capacidade de
36.000 BTU/h e duas câmaras frigoríficas, sendo uma de congelados e outra de resfriados. O isolamento térmico das
câmaras frigoríficas é do tipo ESP (Isopor). Para realizar os experimentos foi utilizada uma câmara frigorífica
considerando inicialmente, modo de resfriamento, e seguidamente, modo de congelamento. Isto foi realizado para ter o
mesmo comparativo entre as unidades de refrigeração. Não foi considerada nenhuma carga de produto dentro da câmara
frigorífica, somente a carga devido à diminuição da temperatura interna, inicialmente, ambiente, e as outras parcelas
reais, devido à infiltração de ar, transferência de calor pelas paredes, dissipação de calor do motor do evaporador e
resistência de degelo.
As tabelas 1 e 2 mostram as especificações da câmara frigorífica, unidades de evaporadora e condensadoras do
laboratório F09. As figuras 2a e 2b mostram as unidades evaporadora e condensadora, respectivamente.

Tabela 1. Dados da Câmara Frigorífica e da Unidade Evaporadora..


DIMENSÕES COMP. LARGURA ALTURA ÁREA VOLUME
M 3,15 m 2,05 m 2,2 m 6,46 m2 14,2 m3
EVAPORADORA FLEXCOLD - ELGIN
Temperatura de Evaporação/ Capacidade Kcal/Hr –
Modelo Potência (W) Refrigerante
Dt 6oC
O O
-5 C - 25 C MOTOR RESISTÊNCIA
FLE086B55A R- 404 A
7925 6700 600 2936
Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 1. Visualização da sala de experimentação – Câmaras Frigoríficas do IFPE. Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 2. a) Unidade evaporador da câmara frigorífica. b) unidade condensadora da câmara frigorífica. Fonte: elaborado
pelo autor.

Tabela 2. Dados da Unidade Condensadora.


CONDENSADORA FLEXCOLD - ELGIN
Modelo Temperatura de Evaporação/Temp. Externa 32 OC/Kcal Potência (W) Refrigerante
O O
-5 C - 25 C
FLEX400X6D 3064 R- 404A
7310 2750
Fonte: elaborado pelo autor.
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2.4. Instrumentação e controle


O sistema de aquisição e supervisório do sistema de refrigeração, foi monitorado através da utilização do software
SITRAD PRO, figura 3, conectado aos controladores para monitorar as temperaturas internas da câmara frigorífica,
bem como o consumo de energético total produzindo relatórios de funcionamento da câmara configuráveis, através do
uso de um medidor de energia, figura 4a. Também foi utilizado um monitoramento inicial e final das temperaturas
externas através de termômetros digitais com objetivo de ter as faixas de trabalho da temperatura externa da câmara,
figura 4b.

Figura 3. Supervisório de dados - SITRAD PRO. Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 4. a) Analisador de Energia Mod. AE-200. b) Medidor de temperatura Penta III. Fonte: elaborado pelo autor.

2.5. Procedimento Experimental


O funcionamento de câmara frigorífica (na maioria operação contínua), para o armazenamento de um produto
especifico, é realizado após atingir a temperatura de setpoint selecionada em função do tipo de conservação do produto.
Desta forma, o equipamento frigorífico opera dentro da faixa, entre o setpoint somado às temperaturas de histerese
ajustada. Segundo a literatura consultada (Franco et al., 2019) foi determinada a faixa de trabalho utilizada no setpoint
para cada câmara frigorífica, considerando a histerese do controlador fixa em 4°C, com intuito de determinar a
influência da variação do setpoint no consumo energético.
O experimento foi realizado sem abertura nas portas e com carga de produto nula. Após a conexão dos
equipamentos de monitoramento do consumo energético e coleta da temperatura do ar da unidade externa a cada hora,
foi acionado o equipamento frigorífico visando baixar a temperatura inicial até atingir o setpoint da câmara, onde a
partir desse ponto era monitorado o consumo energético e diversos parâmetros, tais como; temperatura interna da
câmara, pressão de sucção, superaquecimento, durante o período de 6 horas contínuas. O experimento conteve um único
degelo dentro do período analisado com tempo máximo de ajuste de 30 minutos. O parâmetro mínimo do
superaquecimento no controle da válvula eletrônica foi de 3°C, por se tratar de uma válvula de expansão eletrônica
(Franco et al., 2019). As condições do monitoramento foram analisadas a partir do equipamento atingir o regime de
trabalho, em função das temperaturas internas de setpoint, dentro da faixa de conservação estabelecida ao estudo,
conforme descrito na tabela 3.
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Tabela 3. Condições de monitoramento das câmaras frigoríficas.


Câmaras de Congelados Câmaras de Resfriados
Experimento 1 2 3 1 2 3
Temperatura Setpoint (°C) (-18) (-17) (-16) (0) (1) (2)
Histerese (°C) 4 4
Fonte: elaborado pelo autor.

Os experimentos foram repetidos três vezes com objetivo de determinar o desvio padrão, dentro de um tempo total
de análise a partir do set point de 6 horas contínuas, coletando a temperatura externa no início e no final do
experimento, coletando os dados de temperatura e consumo de energia.

2.6. Levantamento de dados coletados


Como dados de análise das câmaras frigoríficas, foram coletados as temperaturas internas da câmara frigorífica, as
temperaturas externas na entrada do condensador, o superaquecimento frigorífico do equipamento, a pressão de sucção
e os dados elétricos de consumo energético no período estabelecido.
Outro parâmetro importante a ser coletado é o período de degelo em câmaras frigoríficas representa o tempo de
derretimento da película de gelo formada pelo congelamento do vapor de água no interior da câmara no período de
funcionamento do sistema frigorífico, devido à temperatura de evaporação no evaporador estar abaixo do ponto de
congelamento da água, essa formação de gelo na serpentina reduz a troca de calor no trocador, esse período é observado
entre os ciclos de refrigeração.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste tópico serão apresentados os resultados obtidos na análise experimental considerando a variação do setpoint
do controle das câmaras frigoríficas.
As temperaturas do ar externo na entrada do condensador resultaram numa faixa de 26,2 a 30,2 °C, com média de
28,5°C, temperatura que corresponde próximo a média de temperatura da região da cidade do Recife. Inicialmente,
foram feitos comparativos entre o consumo de energia e o superaquecimento do equipamento dentro do período de 6
horas para cada setpoint, ajustado nas câmaras frigoríficas. Os gráficos das figuras 5 até 12 mostram alguns
comparativos entre os setpoint e o consumo energético dentro do período, calculando o impacto percentual de
diminuição do consumo elétrico mensal.

3.1. Resultados dos cenários de câmara frigorífica operando no modo resfriamento


O desempenho da câmara no modo de resfriado obteve um consumo de energia em média de 43 % a menos que uma
câmara de congelados, por causa do regime de trabalho com temperatura de evaporação bem mais baixa, reduzindo a
eficiência de troca térmica das unidades condensadora e evaporadora, além de ter um maior fluxo térmico de
transmissão de calor por possuir uma maior diferença de temperatura do ambiente interno para o externo. A figura 5
mostra o consumo energético médio no período de 6 horas de 4,37 kWh considerando o set point de 2°C, e com
temperatura máxima interna no período de degelo de 10,2 °C em um período total de 10 minutos.

Figura 5. Desempenho médio da câmara frigorífica com ajuste de setpoint de 2°C. Fonte: elaborado pelo autor.
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A temperatura de superaquecimento frigorífico atingiu valores de 14 °C no período de funcionamento do


compressor, o tempo entre o acionamento e o desacionamento do compressor por temperatura ficou em torno de 5
minutos. A figura 6 mostra o comportamento do desvio padrão do consumo energético de 0,17 kWh com variação de
±3,9 % no consumo energético.

Figura 6. Desvio Padrão Desempenho Câmara frigorífica com ajuste de setpoint 2 °C. Fonte: elaborado pelo autor.

A figura 7 mostra o consumo energético médio no período de 6 horas de 4,53 kWh considerando o set point de 1°C,
apresentando uma máxima temperatura interna no período de degelo de 9,8 °C num período total de 10 minutos. A
temperatura de superaquecimento frigorífico atingiu valores de aproximadamente 14 °C no período de funcionamento
do compressor, sendo o tempo entre o acionamento e o desacionamento do compressor por temperatura de 5 minutos.

Figura 7. Desempenho médio da câmara frigorífica com ajuste de setpoint de 1 °C. Fonte: elaborado pelo autor.

A figura 8 mostra o desvio padrão de 0,31 kWh com uma variação de ±6,8 % no consumo energético.
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Figura 8. Desvio Padrão Desempenho Câmara frigorífica com ajuste de setpoint 1 °C. Fonte: elaborado pelo autor.

Os resultados do desempenho da câmara frigorífica considerando ao setpoint de 0°C são mostrados na figura 9,
onde foi observado um consumo energético médio de 5,36 kWh apresentando uma máxima temperatura interna no
período de degelo com valor de 9,2 °C durante 10 minutos. A temperatura de superaquecimento frigorífico atingiu
valores aproximados de 11 °C no período de funcionamento do compressor, sendo de 5 minutos o tempo entre o
acionamento e o desacionamento do compressor por temperatura.

Figura 9. Desempenho médio da câmara frigorífica com ajuste de setpoint de 0 °C. Fonte: elaborado pelo autor.

O desvio padrão foi de 0,2 kWh com variação de ±3,7 % no consumo energético para a condição de setpoint de 0
°C, figura 10.

Figura 10. Desvio Padrão Desempenho Câmara frigorífica com ajuste de Setpoint 0 °C. Fonte: elaborado pelo
autor.
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A tabela 4 mostra um comparativo final do desempenho energético da câmara frigorífica no modo de resfriado com
os três setpoint utilizados.

Tabela 4. Comparação final do desempenho da câmara frigorífica no modo resfriado. Fonte: elaborado pelo autor.
Setpoint (°C) Temperatura máxima Duração do degelo
Interna (°C) (minutos)
0 10,2 10
1 9,8 10
2 9,2 10

Utilizando a câmara do modo de resfriado e com setpoint de 2 °C foi verificada uma redução do consumo
energético de 3,5 % em relação ao setpoint de 1°C e de 18,4 % com relação ao setpoint de 0°C.

3.2. Resultados dos cenários de câmara frigorífica operando no modo de congelamento


Os resultados mostraram que com a temperatura de setpoint ajustada em -16 °C houve uma redução do consumo
energético em 5,9 % em relação ao setpoint de -17 °C e 19,5 % em relação ao setpoint a -18 °C. A temperatura interna
da câmara teve temperaturas máximas de -7,1 °C, no período de degelo, ficando quase 5 °C acima da temperatura
exigida pela norma, sendo que o tempo máximo que nas condições acima da norma foram de 10 minutos. A figura 11
mostra o consumo energético médio no período de 6 horas de 7,51 kW, ficando com a maior temperatura interna
registrada no período de degelo em que atingiu -7,1 °C em um período total de 10 minutos com temperaturas abaixo de
-12 °C.

Figura 11. Desempenho médio da câmara frigorífica com ajuste de setpoint de -16 °C. Fonte: elaborado pelo autor.

Na figura 12 mostra o desvio padrão de 0,04 kW, onde essa variação de ±0,5% no consumo energético.

Figura 12. Desvio Padrão Desempenho Câmara frigorífica com ajuste de Setpoint -16 °C. Fonte: elaborado pelo
autor.
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A figura 13 mostra o consumo energético médio no período de 6 horas foi de 7,98 kW, ficando com a maior
temperatura interna registrada no período de degelo em que atingiu -9 °C em um período total de 10 minutos com
temperaturas abaixo de -12 °C. A figura 14 mostra o desvio padrão de 0,19 kW, onde essa variação de ±2,38 % no
consumo energético.

Figura 13. Desempenho médio da câmara frigorífica com ajuste de setpoint de -17 °C. Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 14. Desvio Padrão Desempenho Câmara frigorífica com ajuste de Setpoint de -17 °C. Fonte: elaborado pelo
autor.

A figura 15 mostra o consumo energético médio no período de 6 horas foi de 9,33 kW, ficando com a maior
temperatura interna registrada no período de degelo em que atingiu -11,2 °C em um período total de 5 minutos com
temperaturas abaixo de -12 °C.

Figura 15. Desempenho médio da câmara frigorífica com ajuste de setpoint de -18 °C. Fonte: elaborado pelo autor.
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A figura 16 mostra o desvio padrão de 0,5 kW, onde essa variação de ±5,3 % no consumo que se obteve pela
diferença entre as temperaturas externas dos ensaios, ocorrendo dias com diferenças de 4 °C.

Figura 16. Desvio Padrão Desempenho Câmara frigorífica com ajuste de Setpoint de -18 °C. Fonte: elaborado pelo
autor.

A tabela 5 mostra um comparativo final do desempenho energético da câmara frigorífica no modo de congelado
com os três setpoint utilizados.

Tabela 5. Comparação final do desempenho da câmara frigorífica no modo congelado. Fonte: elaborado pelo autor.
Setpoint (°C) Temperatura máxima Duração do degelo
Interna (°C) (minutos)
-16 -7,5 5
-17 -9 5
-18 -11,2 5

Utilizando a câmara do modo de congelado e com setpoint de -16 °C foi verificada uma redução do consumo
energético de 16 % em relação ao setpoint de -18 °C e de 24 % com relação ao setpoint de -18°C.
Considerando o consumo no período, pode ser observado um consumo médio de 1,55 kWh, 1,33 kWh e 1,25 kWh
para os setpoint de -18 °C, -17 °C e -16 °C, respectivamente. Para o tempo de funcionamento de uma câmara frigorífica
de 24 horas por dia, poderia ser atingida uma economia aproximada de 2.592 kWh com o ajuste do setpoint de -16 °C
sem prejudicar a qualidade do produto armazenado.
Considerando que o volume interno de uma câmara frigorífica é de 14,2 m³/h, o que representa um volume menor à
maioria das câmaras frigoríficas em estabelecimentos comerciais, este tipo de otimização de estratégia poderia
economizar um valor considerável nas contas dos donos destes estabelecimentos assim, como a vida útil dos
equipamentos e refrigeração.
Outro aspecto importante observado ao longo dos experimentos foi a oscilação do superaquecimento. Esta
temperatura de superaquecimento oscila dentro do regime frigorífico devido às paradas para o degelo onde o sistema
deixa de funcionar nesse período, voltando a ser reduzido gradativamente com a volta do funcionamento do
compressor. Vale ressaltar que no início de qualquer processo de resfriamento frigorífico quando no interior da câmara
frigorífica a temperatura interna está mais elevada em relação a temperatura final da câmara, o superaquecimento
frigorífico, o qual é dado pela diferença entre a temperatura de sucção e a temperatura de evaporação, é mais elevado
por causa da temperatura interna mais elevada, a partir da queda de temperatura interna a temperatura de
superaquecimento se reduz proporcionalmente, pois vale considerar que existe uma variação entre a temperatura de
evaporação e a temperatura da câmara, que pode variar entre 4 a 10 °C, com base nos catálogos de projetos essa
temperatura é de aproximadamente 6 °C para fins de carga térmica.

4. CONCLUSÃO
O ajuste no setpoint para câmaras frigoríficas de resfriados e congelados demonstram um impacto relevante no
percentual de economia energética.
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Vale salientar que foram obtidos 19,5 % de economia de energia para os produtos congelados, mas existiu uma
maior alteração na temperatura interna, 4,1 °C a mais que com o ajuste de -18 °C, levando a um estudo mais detalhado
de qual seria o impacto na qualidade do produto se o mesmo teria essa oscilação de temperatura em um espaço de
tempo de 10 minutos.
Para as câmaras de resfriados, o aumento da temperatura interna foi de 1 °C, com menor impacto entre as
temperaturas de armazenagem para o intervalo de tempo de 10 minutos, com um resultado energético de economia de
18,4 %.

5. AGRADECIMENTOS
O segundo e terceiro autor agradecem ao IFPE pelo apoio financeiro através da bolsa PIBEX 2020 o quarto autor
também agradece ao CNPq pelo apoio financeiro através da Bolsa CNPq PIBIC 2019/2020 agradece. O quarto autor
também agradece ao CNPq pela bolsa de produtividade nº 309154/2019-7 e também o IFPE por seu apoio financeiro
através da Chamada 10/2019/Propesq. Os autores agradecem à FACEPE/CNPq pelo apoio financeiro ao projeto de
pesquisa APQ-0151-3.05/14 e também o CNPq pelo apoio financeiro ao projeto de pesquisa - Universal 402323/2016-
5..

6. REFERÊNCIAS
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response in a refrigerated cold room. International of refrigeration, 113 (2020), 256-265. Doi:
10.1016/j.ijrefrig.2020.02.006.
ALVES, A.H.B. Análise da influência do ajuste da temperatura interna final (setpoint) no consumo de energia em
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BISTA, S.; HOSSEINI, S.E.; OWENS, E.; PHILLIPS, G. Performance improvement and energy consumption
reduction in refrigeration systems using phase change material (PCM). Applied Thermal Engineering, 142(2018), 723-
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DURENT, S.; HAMON, E.; HOANG, H.M.; STAHL, V.; DERENS-BERTHEAAU, E.; DELAHAYE, A.;
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XVI CONBRAVA - Congresso Brasileiro De Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação, Aquecimento E Tratamento
Do Ar São Paulo Expo - 10 a 13 de setembro de 2019
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ANALYSIS OF ENERGY CONSUMPTION IN REFRIGERATING


CHAMBERS: STUDY OF THE INFLUENCE OF THE FINAL INTERNAL
TEMPERATURE ADJUSTMENT (SETPOINT)
Antônio Henrique Braga Alves, xxxxx@hotmail.com¹
Lucas Ramos de Souza Lima, lrsl@discente.ifpe.edu.br2
Stiven Gutemberg Figueira Rolim, bergrolim28@gmail.com2
Edilson Eugenio da Silva, edilsoneugeniosilva@gmail.com2
Alvaro Antonio Ochoa Villa, ochoaalvaro@recife.ifpe.edu.br2
Kilvio Alessandro Ferraz, kilvioaf@yahoo.com.br2
1
Centro Universitário Estácio do Recife, Av. Eng. Abdias de Carvalho, 1678, Recife-PE, 4003-6767.
2
Instituto Federal de Pernambuco, Av. Prof. Luís Freire, 500 - Cidade Universitária, Recife-PE, 50740-545

Abstract. This work aims to investigate the influence of the evaporation temperature setpoint adjustment and electrical
consumption in cold and frozen refrigeration chambers for preserving perishable foods. An experimental methodology
was developed taking into account a small cold room, operating in two conditions: cooled and frozen. The study cold
room is located at the IFPE Campus Recife, and several parameters were monitored such as: evaporation temperature
(setpoint), electrical consumption, active power, over a period of 6 hours. The idea was to characterize the operation
of the cold room considering cold load (internal temperature around 0º) and frozen load (internal temperature,
approximately -18º). It was possible to verify energy savings of 19.5% when the cold room operated with a frozen load,
but there was a greater change in the internal temperature, 4.1 ° C more than with the -18 ° C adjustment and for the
configuration of the chamber due to cold, the increase of the internal temperature was 1 ° C, with less impact between
the storage temperatures for the time interval of 10 minutes, with an energy saving result of 18.4%.

Keywords: Cold rooms, refrigerants, energy consumption, setpoint.

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