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ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA

Severiano Mário Porto

Fernanda Almeida Ferreira dos Santos


Os primeiros estudos sobre a combinação entre arquitetura e meio ambiente surgiram por volta da década
de 60 e teve seu desenrolar no movimento ecológico nos anos 70.
Os precursores dessas novas ideias foram os irmãos Victor e Aladar Olgyay, eles são os responsáveis pelas
primeiras referências da área — entre elas, os livros “Design with Climate” e “Architecture and Climate”. Nesse
contexto, eles criaram o termo bioclimatism.
Derivado do termo “bioclima” (que significa “clima específico em determinadas áreas que garante o
desenvolvimento de seres vivos”), o chamado bioclimatismo é sua aplicação na arquitetura, em estudos teóricos
do ramo e em soluções praticas. Os irmãos foram os primeiros a descrever o relacionamento dos fatores
climáticos com a arquitetura comum. Nos ensaios, eles defendem que alguns conhecimentos de outras
disciplinas também deveriam ser levados em conta em projetos arquitetônicos, entre eles a meteorologia, a
biologia, a topologia, a climatologia e a física.
O objetivo das pesquisas era apresentar maneiras de criar projetos mais harmônicos e adequados à
natureza, a fim de que a construção fosse integrada ao clima e aos processos energéticos.
Na Arquitetura Bioclimática, o principal aspecto é a relação com os fatores climáticos e com o que a
natureza oferece de maneira gratuita e genuína, de acordo com a localização geográfica. A ideia é de respeitar e
agregar esses elementos à construção garantindo mais conforto as pessoas.
A Arquitetura Bioclimática propõe projetos que harmonizem totalmente o ambiente externo ao interno,
passando por técnicas que aproveitem melhor as condições climáticas. O aumento da eficiência energética da
construção permite que o impacto negativo da obra seja reduzido.
Os projetos devem estar de acordo com as características do local, antecipando todas as ações naturais que
possam ajudar (ou mesmo complicar) a adaptação dos moradores ou frequentadores, por exemplo.
Sendo, quatro traços fundamentais:
 1° - A projeção de espaços que, acima de tudo, sejam saudáveis para as pessoas, isto é, que garantam
qualidade de vida e bem-estar.
 2° - O uso inteligente do que a natureza oferece a fim de diminuir o consumo de energias não renováveis ou
poluentes. Aproveitando os recursos certos, é possível aumentar a eficiência energética sem prejudicar o uso.
Nesse ponto, também são levados em conta quaisquer ferramentas e artifícios que aumentem o ciclo de vida
da construção ou possibilitem que os materiais sejam reutilizados ou reciclados.
 2° - O uso inteligente do que a natureza oferece a fim de diminuir o consumo de energias não renováveis
ou poluentes. Aproveitando os recursos certos, é possível aumentar a eficiência energética sem
prejudicar o uso. Nesse ponto, também são levados em conta quaisquer ferramentas e artifícios que
aumentem o ciclo de vida da construção ou possibilitem que os materiais sejam reutilizados ou
reciclados.
 3° - Diminuição do desperdício e da geração de lixo. O uso de fontes renováveis de energia é o último
ponto, junto da escolha de materiais que não agridam o meio ambiente.
 4° A tecnologia pode ser considerada um fator extra e sempre deve ser vista como aliada. Ela consegue
apresentar soluções eficientes e cada vez mais baratas, como os painéis solares e os vidros reflexivos.
Na criação do projeto, existem softwares e programas que permitem a simulação do desenho com muita
exatidão.
As soluções na Arquitetura Bioclimática não precisam ser caras e inacessíveis, são valorizados também os
sistemas simples, comuns, e até antigos ou vernaculares (quando são utilizados recursos do próprio meio
em que a obra é realizada).
Severiano Mário Porto chegou em Manaus em 1965, e a região apresentava poucos profissionais
na área da construção. Muitos desses profissionais não se preocupava em adaptar a arquitetura com
as condições locais. Sendo assim, Severiano tomou a frente difundindo essas ideias, e de implantar
novos padrões de projetos e técnicas construtivas que adequassem a cultura local e usassem matérias
regionais ali presentes. Esse novo modelo de projetar, demonstrou sua preocupação com a arquitetura
bioclimática.
O arquiteto buscou uma arquitetura que vai além do tradicional, ele busca o que a região oferece e
necessita, sua atitude resulta em uma arquitetura que harmoniza com o meio, e que não prioriza
modelos e soluções de outras regiões, sendo inadequadas para a região local. Sua arquitetura integra
fatores simples como o sol, chuva, vento, luz , qualidade dos materiais e tecnologias acessível, tudo
sendo pensado e projetado para o um conforto ambiental de qualidade aos usuários.
Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Arquiteto: Severiano Porto
Ano: Início 1976 entrega 1986
Severiano Porto procurou conhecer bem a
região de Manaus, o lugar da intervenção, sua
vegetação e topografia para que houvesse o
mínimo de desmatamento.
Vista aérea do campus ( Google)

A implantação das edificações tiveram como


partido um sistema de uma malha modular,
visando a unidade do projeto e
proporcionando uma flexibilidade para futuras
reformas, ampliações e adaptações.
Planta geral do campus (PENTEADO et al,1986)
Os pavilhões são unidos
por circulações cobertas
e muita área verde em
seu entorno.

Planta geral da faculdade – pavimento térreo e superior (SABBAG, 2003)

Corredor e vegetação do campus ( Google )


ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS E CONFORTO AMBIENTAL

Os ventos dominantes da região, é o nordeste. Sendo assim, usou- se as maiores fachadas na direção
Norte-Sul para a implantação dos prédios e as fachadas menores estão à Leste-Oeste reduzindo assim a
exposição da radiação solar. Os jardins entre as edificações ajudam no controle de movimento do ar e
resfriam o fluxo de ar que entra dentro das edificações.

Bloco do campus ( Google) Vista do jardim entre as edificações ( Google )


Manaus é uma região de altas taxas de precipitações, forte insolação e umidade excessiva. E para
que as edificações apresentem conforto térmico se faz necessário grandes coberturas e áreas de
circulação cobertas. Os beirais mais largos ajudam na proteção, gerando mais sombra e mais área
coberta para circulação.

BEIRAL

Cobertura metálica e beiral largo ( Google)


Manaus situa-se próximo alinha do Equador, e faz com que a trajetória do sol apresente uma inclinação
de ângulo próximo a 90° graus ao longo de todo ano, em relação ao plano do solo. Com isso as
coberturas das edificações sofrem com a intensa radiação solar e por isso se torna um dos elementos
mais importantes nas construções para proteção solar. Na projeção da sombra durante o inverno percebe-
se que, a radiação solar incide diretamente em uma pequena área das salas de aula, enquanto que no
verão a sombra favorece bem as salas de aulas devido os beirais serem mais largos.

Trajetória parente do sol sobre uma edificação do campus Projeção da sombra da cobertura em duas épocas do ano para um bloco de sala de aula
A ventilação natural dos ambientes foi trabalhada com uma
atenção maior, por causa do clima quente e úmido da região,
visando um maior conforto térmico para os usuários, e
limitando o gasto com ar condicionados no interior dos
ambientes. O desnível do terreno entre os blocos e a pouca
movimentação de terra para implantação dos edifícios facilita
Cobertura em diferente níveis ( Google) a passagem do vento por entre eles.

Espaço circulação de ar
entre forro e cobertura
A cobertura de estrutura metálica é independe do
fechamento dos ambientes, isso forma um
colchão de ar entre o forro de concreto e as
telhas de fibrocimento favorecendo a ventilação.

Circulação interna ( SABBAG,2003)


Corte transversal bloco administrativo Cobertura ( Google)

A cobertura com o telhado inclinado facilita a saída de ar quente pela cumeeira através dos lanternins com
aberturas para o sul, lado oposto dos ventos. Isso oferece proteção contra chuvas, e faz com que o ar quente
de dentro do ambiente (salas) e do telhado saia por sucção, mais conhecido como efeito chaminé.
O campus é composto por dois tipos de tipologias de blocos, sendo de um pavimento para as salas de
aulas e os de dois pavimentos incluem a administração e os laboratórios. Os dois tipos de blocos são
alongados e em resposta a isso, tem-se uma melhor ação da ventilação cruzada. Os corredores de
circulação estão posicionados no lado contrário dos ventos dominantes (nordeste) para que haja proteção
contra as chuvas.

Bloco de um e dois pavimentos, respectivamente ( PENTEADO et, al1986)


Os beirais grandes da cobertura tem a função de proteção solar e das constantes chuvas da região., eles
também auxiliam na movimentação de ar, pois podem aumentar a diferença de pressão entre as fachadas
opostas, desviando o movimento de ar para dentro da edificação.

Fachada sul do bloco de salas de aula

Elementos vazados ajudam na troca de ar dentro das


edificações, resfriando os ambientes e fazendo com o ar
circule com mais dinamismo.

Detalhes dos beirais elementos vazados (SABBAG,2003)


Elementos vazados

Planta bloco administrativo – pavimento térreo


Planta bloco administrativo – pavimento superior

As caixas de escadas são protegidas da radiação solar por meio de elementos vazados, permitindo a troca
constante de ventilação.

Corte transversal e representação do movimento de ar


Fachadas Norte e Sul, respectivamente

Analisando o bloco de dois pavimentos, temos a combinação da ventilação cruzada com o efeito chaminé. No
térreo a estrutura metálica permite a ventilação cruzada sobre a laje, e na cumeeira existe uma altura de 2,5m
que permite a ventilação do efeito chaminé. O ar mais quente sai pelas aberturas localizadas na fachada sul.
O bloco de um pavimento possui fachadas em lados opostos norte e sul o que garante a ventilação cruzada,
sendo associada ao efeito chaminé. Além das aberturas laterais existe na laje de concreto aberturas zenitais
que, funcionam em conjunto com o lanternim da cobertura. Isso forma uma camada de ar móvel entre o forro e
telhado auxiliando na dissipação do calor da irradiação solar que chega ao telhado.

Vista interna das salas de aula (PENTEADO et, al 1986) Perspectiva bloco sala de aula (SABBAG,2003)
As janelas usadas são do tipo pivotante horizontais e com esquadrias de madeira , possibilitando que os
usuários controlem o fluxo de ar dentro das salas de aulas e dos outros ambientes.

Esquadria da face norte – fechada e aberta


Os materiais usados na execução da obra foram estrutura metálica para maior agilidade já que as
precipitações de chuvas eram frequentes, concreto e alvenaria.
As telhas são de fibrocimento onduladas pintadas de branco evitando o enegrecimento das telhas.
Atividade 1

Sala 20m²

 U = 1,87 atende a norma para Z2.

 Capacidade térmica= 87,86 não atende a norma esta


abaixo de 130. Deve- se mudar a espessura de
materiais para alcançar esse valor.

 Cobertura =0,77 atende a norma.

Área de ventilação =18,9% atende a norma pois esta


acima de 7% da área de piso.

 Área de transparência atende a norma , pois está


abaixo da porcentagem de 20% exigida pela norma.
Atividade 2

Quarto 8m²

 U = 1,36 atende as normas para cores escuras Z8.

 Capacidade térmica= 674,32 sem requisito para a norma.

 Cobertura=0,86 atende a norma para cores escuras.

 Área de ventilação = 9% não atende a norma, pois o vão


para a Z8 (Manaus) deve ser maior ou igual a 12. Deve-se
aumentar o tamanho da janela para que a passagem de ar
também aumente.

 Área de transparência = 9 % atende a norma , pois está


abaixo da porcentagem de 20% exigida pela norma.
Atividade 3

 U= 0,84 atende a norma para Z4.

 Capacidade térmica =1065,72 atende a norma acima


de 130.

 Cobertura= 0,38 atende a norma para cores claras.

 Área de ventilação= 16,8% atende a norma.

 Área de transparência = 16,8% não atende a norma ,


pois a área de transparência exigida pela norma tem
que ser menor que 4 m², sendo a área de
transparência dessa janela de 8,4m².
https://blog.archtrends.com/arquitetura-bioclimatica/?psafe_param=1&amp&gclid=EAIaIQobChMIwNi
Lm-mT_wIVpkFIAB17zQZlEAAYASAAEgKRN_D_BwE
Acesso em:27/05/2023

FOTO LATERAL
https://www.amazonamazonia.com.br/2020/12/14/reitor-e-professores-da-ft-ufam-destacam-legado-
de-severiano-mario-porto/
FOTA MOCA
https://www.portalmarcossantos.com.br/2018/02/18/severiano-mario-porto-que-completa-88-anos-s
era-homenageado-em-evento-nesta-segunda/
FOTO COBOGO https://www.google.com/search?q=UFAMmanaus+
+severiano+porto&tbm=isch&ved=2ahUKEwjY-Yy9j5j_AhX-BbkGHQtxBt0Q2-
cCegQIABAA&oq=UFAMmanaus+
+severiano+porto&gs_lcp=CgNpbWcQA1CMCFjLJ2DFKmgBcAB4AIABhQGIAcwNkgEEMC4xNJgBAKABAa
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KZ6A0&bih=600&biw=1366#imgrc=r79iJcNUbTZi-M
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18141/tde-03012007-232857/publico/
dissertacaoNEVES_compactada.pdf

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