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CONFORTO AMBIENTAL
AULA 1
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CONVERSA INICIAL
Temos como objetivo apresentar os conceitos sobre conforto ambiental e sua importância para o
controle de consumo de energia em ambientes internos de edificações (residenciais ou comerciais),
considerando a eficiência do projeto de interiores e visando ao bem-estar do usuário.
Conforto ambiental;
Arquitetura bioclimática;
Relação entre o clima e o conforto ambiental;
Climas do Brasil;
Zoneamento bioclimático do Brasil.
CONTEXTUALIZANDO
Se um objeto está colocado de maneira a obstruir o sol em um heliocaminus, deve afirmar que tal
objeto cria sombra em um local onde a luz do Sol constitui uma absoluta necessidade. Isto e, assim,
térmico/higrotérmico, lumínico, acústico e visual aos seus usuários com o menor consumo de energia.
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Um projeto de interiores que vise atender ao conforto ambiental do usuário deve ponderar, além
(por exemplo, residencial ou comercial) para que sejam empregadas estratégias naturais quanto à
temperatura, iluminação e acústica.
Para tanto, existem normas de desempenho que foram criadas para aplicação em arquitetura e
engenharia com o objetivo de atender aos requisitos desejáveis para o conforto ambiental, sendo estar
referência para que os designers de interiores desenvolvam seus projetos.
Segundo Yannas e Corbella (2003, p. 3), “uma pessoa está confortável com relação a um
acontecimento ou fenômeno quando pode observá-lo ou senti-lo sem preocupação ou incomodo.
Então diz-se que uma pessoa está em um ambiente físico confortável quando se sente em neutralidade
com relação a ele”.
Vários autores descrevem que a aplicação do conforto ambiental deve ser estruturada com base
Créditos: Marish/Shutterstock
O conforto térmico e o conforto lumínico estão ligados à eficiência energética, pois, em situações
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O ser humano utiliza o sistema sensorial (constituído pelos órgãos dos sentidos: visão, olfato,
audição, paladar e tato) para identificar seu estado de conforto ambiental ao considerar fatores como
idade, peso, sexo, saúde, metabolismo, intensidade da atividade física exercida, roupas que estão sendo
utilizadas e adaptação ao clima local em que se encontra.
Por exemplo, em uma academia de ginástica onde as pessoas realizam atividade física intensa, a
ventilação deve ser abundante, e as sensações de desconforto – seja pelo calor, seja pelo frio – quanto
O cenário ideal para que se consiga o conforto ambiental em ambientes internos de edificações
provém do trabalho do designer de interiores em conjunto com uma equipe interdisciplinar (arquitetos
e engenheiros), apta a atender às necessidades dos ambientes em todas as fases de projeto,
contribuindo para o desenvolvimento sustentável pela aplicação dos conceitos de eficiência energética
e arquitetura bioclimática (bioclimatismo).
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sendo imprescindível que possua conhecimento básico dos conceitos sobre eficiência energética em
edificações para que, assim, seja capaz de proporcionar eficácia a seus projetos de interiores.
As normas técnicas sobre conforto ambiental são referência para o desenvolvimento de projetos
de arquitetura e de engenharia. Ao aplicá-las em seus projetos, o designer de interiores possibilita que
o usuário da edificação tenha melhores condições físicas e psicológicas no espaço projetado,
Figura 3 – Bioclimatismo
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O termo bioclimatismo é derivado de bioclima e essa área de estudos tem seu foco no
comportamento dos processos de troca de energia que ocorrem entre as construções e o clima, com o
objetivo de alcançar o conforto ambiental humano (conforto térmico/higrotérmico, lumínico, acústico e
visual). Ele visa adequar a construção ao seu microclima, utilizando técnicas passivas (energia solar,
iluminação natural, ventilação natural etc.), com o intuito de obter a carga térmica desejada dentro do
ambiente. De acordo com Romero (2001, p. 21):
Na arquitetura bioclimática é o próprio ambiente construído que atua como mecanismo de controle
das variáveis do meio através de sua envoltura (paredes, pisos, coberturas), seu entorno (água,
vegetação, sombras, terra) e, ainda, através do aproveitamento dos elementos e fatores do clima para
o edifício é um filtro; dos fluxos energéticos que permite uma interação apropriadamente o ambiente
externo e o interno. Seus espaços internos não possuem uma função determinada, estabelecendo-se
dentro deles certo “nomadismo” para acompanhar as estações do ano e o movimento aparente do
sol, e levando a uma participação ativa do homem na climatização de seu abrigo.
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Para cada região climática, existem princípios a serem considerados ao realizar o estudo
bioclimático de uma edificação visando controlar os elementos climáticos que irão influenciar no
equilíbrio térmico entre o homem e o ambiente. Um projeto de interiores embasado nos conceitos de
arquitetura bioclimática deve considerar tudo o que acontece no ambiente externo. “As decisões
adotadas para resolver cada caso devem ser integradas, a fim de propiciar um bom nível de conforto
seu microclima, ou seja, considerando as características climáticas locais, é possível obter conforto
dentro de um ambiente da edificação, reduzindo o uso de equipamentos eletrônicos e satisfazendo as
bioclimáticas como insolação (raios solares na edificação), iluminação natural, chuva e ventos do local
do edifício.
Autores como Givoni (1976), Olgyay (1963), Lynch (1980), Comes (1980), Ferreira (1965), entre
edificações.
determinado local. Geralmente, o seu conceito aparece em oposição à ideia de “tempo”, que seria o
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estado momentâneo da atmosfera. Portanto, para se conhecer um clima de um dado lugar, é preciso
clima, num sentido restrito é geralmente definido como 'tempo meteorológico médio', ou mais
precisamente, como a descrição estatística de quantidades relevantes de mudanças do tempo
meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de
30 anos, definido pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são
geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima num sentido mais
amplo é o estado incluindo as descrições estatísticas do sistema global. (citado por Nowatzki, [S.d.])
o estudo do clima, que compreende tanto a formação resultante de diversos fatores geomorfológicos
e espaciais em jogo (sol, latitude, altitude, ventos, massas de terra e água, topografia, vegetação, solo
etc.), quanto sua caracterização definida por seus elementos (temperatura do ar, umidade do ar,
movimentos das massas de ar e precipitações), torna-se, pois, importante para a compreensão dos
princípios e para o entendimento do que deve ser controlado no ambiente a fim de se obter os
resultados esperados durante o projeto. Os fatores climático globais (radiação, latitude, longitude,
altitudes, ventos e as massas de água e terra), os fatores climáticos locais (topografia vegetação,
definem.
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Para Lambers et al. (2014, p. 71), ao desenvolver um projeto de conforto ambiental de uma
edificação, tem-se a escala microclimática, na qual devemos considerar as condições locais de clima
para atingir o bem-estar das pessoas e a eficiência energética. Conhecendo os dados climáticos, os
arquitetos, engenheiros e designers de interiores conseguem avaliar seu desempenho térmico
analisando o comportamento das variáveis ambientais: temperatura radiante média, umidade relativa
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O estudo bioclimático de uma edificação que vise ao conforto ambiental deve considerar, entre
outros parâmetros, o clima da região em que serão desenvolvidos os projetos arquitetônicos e de
engenharia civil, os quais servirão de base para o projeto de interiores. Os princípios bioclimáticos
O Brasil é um país com grande extensão territorial e, consequentemente, grande variação climática,
portanto, conhecer cada clima nos auxilia na hora de adaptar a edificação aos princípios bioclimáticos.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibiliza o mapa de clima do Brasil, em que
estão representadas as diferentes zonas climáticas agrupadas por temperatura e umidade, tidas como
referência para estudos de conforto ambiental.
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Tropical Zona Equatorial, predominante no Tocantins, Piauí, Ceará, Maranhão, Rio Grande do
Norte, Pernambuco, região leste de Roraima e oeste da Paraíba. É caracterizado por verões
chuvosos, invernos secos com pouca chuva e temperatura média de 25 ºC.
Tropical Nordeste Oriental, predominante em toda a faixa litorânea do Nordeste, da Bahia ao Rio
Grande do Norte, sendo caracterizado por estiagem e verões chuvosos e temperatura média
anual de 25 ºC.
Tropical Brasil Central, verão quente e chuvoso e inverno quente e seco, com temperaturas
médias acima de 20 ºC e amplitude térmica anual de até 7 ºC; chuvas entre 1.000 mm/ano e 1.500
mm/ano.
Temperado, predominante em regiões próximas aos trópicos e círculos polares (central e sul do
Paraná, de Santa Catarina e Rio Grande do Sul), possui estações bem definidas, sendo verões com
que irão influenciar no equilíbrio térmico entre o homem e o ambiente. Para um projeto de design de
interiores ser eficaz, deve-se considerar as análises climáticas, priorizando a eficiência energética para
Lambers et al. (2014, p. 43) explicam que “o conforto térmico interno em edifícios não
condicionados depende muito da variação do clima externo e da experiencia de uso dos habitantes”, o
que enfatiza a importância de conhecer o clima onde será realizado o projeto de conforto ambiental,
almejando alcançar melhores resultados práticos.
Técnicas (ABNT), que apresenta recomendações de projeto bioclimático desenvolvidos para diversas
regiões do Brasil (ABNT, 2005).
baixo consumo de energia. A conexão entre zoneamento bioclimático e conforto ambiental possibilita
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que profissionais (designer de interiores, arquitetos, engenheiros, entre outros) encontrem soluções
adequadas para alcançar o conforto ambiental considerado ideal para cada clima. O zoneamento
bioclimático do Brasil advém de estudos sobre o clima do território brasileiro, realizado entre 1931 e
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O Brasil é composto por oito zonas, classificadas utilizando a Carta Bioclimática de Givoni,
sombreamento nas aberturas de forma permitindo o sol do inverno; as paredes e coberturas com
materiais de inércia térmica leve devem utilizar isolamento térmico nas coberturas; as estratégias
bioclimáticas são o uso de aquecimento solar, com materiais de grande inércia térmica nas
vedações internas; a norma adverte que apenas o condicionamento passivo não será suficiente
nos períodos mais frios do ano. Segundo Lamber et al. (2014, p. 98), compreende as cidades de
ventilação cruzada no verão. Como ocorre na Zona 1, a norma adverte que apenas o
condicionamento passivo não será suficiente nos períodos mais frios do ano. Segundo Lamber et
al. (2014, p. 98), compreende as cidades de Laguna, Uruguaiana, Pelotas, Ponta Grossa e
Piracicaba.
externas leves e refletoras à radiação solar. Segundo Lamber et al. (2014, p. 98), compreende as
cidades de Florianópolis, Camboriú, Chapeco, Porto Alegre, Rio Grande, Torres, São Paulo,
Petrópolis.
Zona 4: as recomendações construtivas são o uso de aberturas médias, sombreamento nas
aberturas durante todo o ano, paredes pesadas e coberturas leve com isolamento térmico; as
ventilação seletiva no verão, o aquecimento solar e grande inércia térmica nas vedações internas
para o período de frio. Segundo Lamber et al. (2014, p. 98), compreende as cidades de Brasília,
Franca, Limeira, Ribeirão Preto e São Carlos.
Zona 5: as recomendações construtivas são para janelas de tamanho médio com sombreamento,
pesadas, com grande inércia térmica no inverno. Segundo Lamber et al. (2014, p. 98), compreende
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Segundo Lamber et al. (2014, p. 98), compreende as cidades de Goiânia, Campo Grande e
Presidente Prudente.
Zona 7: as recomendações construtivas são para aberturas pequenas e sombreadas o ano todo, o
uso de paredes e de coberturas pesadas; as estratégias bioclimáticas são de resfriamento
evaporativo e ventilação seletiva no verão. Segundo Lamber et al. (2014, p. 98), compreende as
ventilação cruzada o ano todo. A norma adverte que apenas o condicionamento passivo não será
suficiente durante as horas mais quentes. Segundo Lamber et al. (2014, p. 99),compreende as
cidades de Belém, Corumbá, Fernando de Noronha, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Manaus,
Natal, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Santarém, Salvador, São Luiz e Vitória.
15.220 – Parte 3, para que consiga identificar as estratégias que irá adotar quanto ao projeto de
interiores de uma edificação com base nas técnicas construtivas para adequação climática utilizadas por
arquitetos e engenheiros.
Saiba mais
Para entender como foi classificado o Zoneamento Bioclimático Brasileiro e ampliar seus
conhecimentos acerca deste assunto, leia a NBR 15.220 – Parte 3 na íntegra (ABNT, 2005).
TROCANDO IDEIAS
Considerando o conteúdo abordado nesta etapa, converse com pessoas interessadas no tema
Qual a importância da aplicação dos conceitos de bioclimatismo nos projetos desenvolvidos pelo
NA PRÁTICA
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Para complementar os conceitos apresentados nesta etapa, leia o estudo de caso O bioclimatismo
como uma das habilidades e competências do designer de interiores: O caso da moradia em Campo
FINALIZANDO
Nesta etapa, foi apresentado o conceito de conforto ambiental e sua aplicação para o
sobre o bioclimatismo, sob a ótica da arquitetura bioclimática. Na sequência, foi exposta a relevância da
relação entre o clima e o conforto ambiental ao desenvolver um projeto de conforto ambiental para
Posteriormente, foram descritos os climas do Brasil segundo a classificação do IBGE, que apresenta
as diferentes zonas climáticas que são referência para os estudos de conforto ambiental. Por fim, foi
REFERÊNCIAS
até cinco pavimentos – Desempenho. Parte 1: Requisitos Gerais. Rio de Janeiro, 2013.
Janeiro, 2013.
até cinco pavimentos – Desempenho. Parte 5: Requisitos para sistemas de coberturas. Rio de Janeiro,
2013.
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ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15215-3:2005: Iluminação natural - Parte
Designer de Interiores: O Caso da Moradia em Campo Grande. Revista IntraMuros. Disponível em: <
https://revistaintramuros.com.br/o-bioclimatismo-como-uma-das-habilidades-e-competencias/>.
GIVONI, B; Comfort, climate analysis and building design guidelines. In: Energy and Building, v. 18,
jul. 1992, p. 11-23.
LAMBERTS, R., DUTRA, L., PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na Arquitetura. São Paulo: PW
5 set. 2022.
2000.
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