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INTERFERÊNCIA DAS FORMAS GEOMÉTRICAS NO

PROJETO ACÚSTICO DAS EDIFICAÇÕES

Mariane Brito Azevedo


UFRJ / EBA - Especialização em Técnicas de Representação Gráfica
UFRJ / FAU / PROARQ – Mestre em Ciências da Arquitetura
mariane.azevedo@ufrj.br

Resumo
Atualmente, o mundo vê a importância de se fazer uma arquitetura
sustentável, que tem como pilares o social, o econômico e o ambiental.
Sendo assim, a busca pelo conforto ambiental de forma natural é a opção
mais adequada para se adquirir tal arquitetura. Nesse contexto, o presente
trabalho tem por objetivo relacionar diretrizes de projeto, baseadas na
questão da forma, que contribuam para a melhoria do conforto acústico
das edificações. A partir de uma breve revisão bibliográfica sobre os
conceitos de conforto acústico, explicando sua relação com a forma
geométrica, são propostas diretrizes de projetos, onde a forma apresenta-
se como aliada e não como um problema a ser resolvido por mecanismos
e/ou materiais.

Palavras-chave: conforto acústico, formas geométricas, projeto de


arquitetura.

Abstract
Currently, the world sees the importance of making sustainable
architecture, which has as pillars the social, economic and environmental.
Therefore, the search for the environmental comfort in a natural way is the
most suitable option to acquire such architecture. In this context, this work
aims to relate to project guidelines, based on the question of form, which
contribute to the improvement of acoustic comfort of buildings. Based on a
short bibliographic review about the concepts of acoustic comfort,
explaining its relationship to geometric shape, are proposed guidelines for
projects where form presents itself as an ally and not as a problem to be
solved by mechanisms and / or materials.

Keywords: acoustic comfort, geometric shape, architecture project.


1 Introdução
Nas últimas décadas pode-se observar uma modificação na Arquitetura quanto à
resposta para as necessidades humanas. Nos meados da década de 70, com a crise
do petróleo, houve uma necessidade de se economizar energia e, devido a um grande
potencial energético solar brasileiro, a utilização dessa energia teve um crescimento
neste período.
A partir dos anos 80, buscou-se conciliar as características locais e o clima com o
conforto do usuário – seja para trabalho, habitação ou lazer – na Arquitetura
Bioclimática. Mais tarde, a partir dos anos 90, percebendo que não só o meio
influencia a edificação como o oposto também ocorre, a arquitetura evolui para uma
Arquitetura Eco-Eficiente, onde além do conforto ambiental também são priorizados o
uso de fonte de energias alternativas, a qualidade da água e do ar, gestão de recurso
etc.
Em junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, aconteceu a ECO-92, na qual a
Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento criada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) consolidou o termo “desenvolvimento sustentável”. Um dos
principais resultados foi a criação da Agenda 21, onde cada país se comprometia com
seu desenvolvimento sustentável, que visa uma compatibilização entre o
desenvolvimento socioeconômico e a preservação do meio ambiente, definido como:
“A humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma sustentável,
entretanto é preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as
habilidades das futuras gerações em encontrar suas próprias necessidades”.
Entretanto, muitos assuntos ficaram pendentes e, em 1997, na cidade de Kyoto –
Japão, foi assinado o Protocolo de Kyoto, onde mais de 160 países determinaram
metas para a redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE). Em agosto de
2002, em Johanesburgo - África do Sul, desta vez as discussões englobaram aspectos
sociais como a busca por medidas para reduzir a quantidade de pessoas que vivem
abaixo da linha de pobreza, ou seja, com menos de um dólar por dia, pela metade.
Em agosto de 2007 foi constituído o CBCS - Conselho Brasileiro de Construção
Sustentável com o objetivo de inserir práticas mais sustentáveis no setor de
construção civil. Em junho de 2012, novamente na cidade do Rio de Janeiro, realizou-
se a RIO+20 que tinha por objetivo renovar os compromissos de desenvolvimento
sustentável firmados desde a ECO-92.
O termo “Arquitetura Sustentável” está apoiado no tripé de sustentabilidade
econômica, social e ambiental. Concluindo:
A Arquitetura sustentável é a continuidade mais natural da
Bioclimática, considerando também a integração do edifício à
totalidade do meio ambiente, de forma a torná-lo parte de um
conjunto maior. É a arquitetura que quer criar prédios objetivando o
aumento da qualidade de vida do ser humano no ambiente construído
e no seu entorno, integrando as características da vida e do clima
locais, consumindo a menor quantidade de energia compatível com o
conforto ambiental, para legar um mundo menos poluído para as
próximas gerações. (CORBELLA e YANNAS, 2003, p. 19).

Dentro deste contexto, o presente trabalho tem por objetivo relacionar diretrizes de
projeto, baseadas na questão da forma, que contribuam para a melhoria do conforto
acústico das edificações. Uma vez que, um projeto com seu desenho bem elaborado e
consciente é primordial para a obtenção do conforto acústico. Dessa forma, promove
maior inteligibilidade e privacidade de um recinto, tornando o projeto mais salubre e
econômico.

2 Conforto Acústico
O conforto acústico apresenta-se como uma das variáveis do conforto ambiental,
juntamente com os confortos higrotérmico, lumínico e olfativo; seu estudo deve ser
feito em conjunto; pois, muitas das vezes, as soluções arquitetônicas voltadas para
um, entram em conflito com as direcionadas para os demais.
O conforto acústico está intimamente ligado ao conceito de ruído. Ruído são os
sons desagradáveis, indesejáveis, prejudiciais e/ou perturbadores, sons estranhos à
atividade que se está fazendo. Entretanto, também se apresenta ligado aos gostos de
cada pessoa, uma vez que um determinado som pode agradar alguns indivíduos e
outros não, sendo um conceito subjetivo.
“O som se propaga no ar sob a forma de ondas esféricas e concêntricas, tendo a
fonte sonora como centro comum” (CARVALHO, 1967, p.12). No ar, a velocidade do
som é de 330m/s e como, dentro da onda sonora, cada ponto desta se desloca de
forma retilínea, este trajeto é conhecido como raio sonoro, e preenche todo o espaço
interior do compartimento onde é propagado. Entretanto, no vácuo as ondas sonoras
não se propagam. A frequência, a amplitude e o timbre caracterizam os tipos de som.
Quanto aos fenômenos do som, ocasionados pela influência da forma, pode-se
destacar a reflexão, onde “o raio sonoro incidente forma, com a superfície refletora, um
ângulo igual ao que faz o raio refletido com esta superfície." (CARVALHO, 1967, p. 13)
e a reverberação, na qual “as ondas refletidas se distinguem das ondas de
reverberação por uma maior intensidade e por um atraso maior do que 1/15 de
segundo, produzindo o Eco”. (CARVALHO, 1967. p. 29). A interferência, outro
fenômeno, se dá no cruzamento de um som direto com um som refletido; que causa
no seu encontro, se no mesmo sentido, um som mais forte, chamado de ressonância e
se em sentidos opostos, um som mais fraco, conhecido como ondas estacionárias.
A difusão é obtida quando uma onda sonora colide com uma superfície que possui
uma abertura, esta onda se difundirá para o outro lado, como se a fonte fosse o vão.
Tal fenômeno gera além de perda da privacidade, interferência na comunicação do
outro ambiente; sendo muito comum em janelas e portas mal vedadas. Já a difração,
acontece com a existência de obstáculo(s) no meio do recinto, fazendo com que as
ondas sonoras que cheguem a ele, retornem promovendo uma intervenção entre os
sons por ele refletidos e o som proveniente da fonte sonora. Ao mesmo tempo, o
obstáculo cria em sua parte posterior uma zona de sombra, sua atenuação vai variar
de acordo com a altura da barreira, seu posicionamento e comprimento de onda,
devendo ser calculada para cada faixa de frequência; tais barreiras criam estas zonas
em altas frequências, enquanto nas baixas tendem a se difratar.

3 Diretrizes de projeto
A arquitetura surge como um espaço para proteção, segurança e conforto do ser
humano, sendo assim para a elaboração de um projeto o primeiro aspecto que deve
ser analisado e compreendido é o usuário. De acordo com a tipologia da construção,
sabe-se quem são seus usuários, que atividades serão praticadas e em quais
condições, para então poder elaborar um estudo adequado a cada caso.
Posteriormente, com o terreno escolhido, faz-se uma análise do entorno,
condições climáticas, configurações de traçado e, tendo como foco o conforto
acústico, um levantamento de suas fontes sonoras, estudando tipos, distâncias, além
de observar se possui entre elas e o terreno, barreiras físicas construídas e/ou
naturais, evitando assim locar num terreno inadequado.
Dentro da análise bioclimática da região, deve-se identificar a velocidade e
frequência dos ventos, uma vez que o som se propaga no ar e vento é o ar em
movimento. Quando o vento está a favor das ondas sonoras estas se propagam mais
rapidamente, entretanto, quando está contra, as retardam.
Escolhido o terreno, analisado o entorno atentar para a orientação, configuração
no lote, de acordo com o caminho que o som fará e se quer ouvi-lo ou impedi-lo.
Considerar a legislação e normas específicas da ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas – como, por exemplo, a NBR 10.151 que limita níveis máximos de
ruído exterior diurno e noturno para cada tipo de área e a NBR 10.152 que fixa níveis
sonoros de conforto e aceitáveis para diversificados cômodos dentro das tipologias de
edificações.
3.1 Diretrizes relacionadas com a forma geométrica
Como comentado, as ondas sonoras são emitidas de forma esférica e cada raio
sonoro possui uma trajetória retilínea. Esse raio sonoro ao chocar-se com um anteparo
sofre uma perda de intensidade, devido à absorção e/ou transmissão, e outra parte é
refletida com mesma angulação da sua incidência.
Em superfícies planas, o raio refletido possui mesma angulação do raio incidente.
Logo, quando um recinto é formado por paredes paralelas, se terá um ambiente com
muito mais reflexão do se as paredes convergissem, pois as reflexões parariam em
um dado momento. Ao se quebrar o paralelismo, com uma pequena inclinação entre
as paredes, ou seja, tornando-as convergentes, faz-se com que as reflexões parem
em dado momento.
Retas paralelas são retas que se encontram no infinito, pois o ângulo formado por
elas é zero. Quando um som é emitido em um recinto com paredes paralelas, devido a
seu ângulo de reflexão ser igual ao de incidência, ele será refletido infinitas vezes,
criando assim interferências (figura 1). Neste caso, o som só terá fim quando toda sua
energia for dissipada e/ou absorvida pelas superfícies.

Figura 1: Demonstração dos raios sonoros em retas paralelas e convergentes.


Fonte: Própria (programa Geometer's Sketchpad 5)

Conforme Souza e outros (2003, p.115), a propagação de ondas estacionárias


pode ser evitada se a largura, altura e comprimento do ambiente não forem múltiplos
entre si, impedindo assim a coincidência de fase das ondas refletidas. Na figura 2
observa-se outra maneira de se evitar ou corrigir o paralelismo seria utilizando
difusores nas paredes do recinto.
Figura 2: Utilização de difusores para quebra de paralelismo.
Fonte: SOUZA et. al., 2003, fig. 125 p.116.

Nos tetos (figuras 3), as angulações também devem ser utilizadas em favor do
ambiente sonoro que se deseja construir, utilizando estas para direcionar o som . O
mesmo ocorre com os ângulos formados pelas paredes (figura 4), como pode
ser melhor compreendido com citação abaixo.

Figura 3: Teto simples e com direcionamento do som.


Fonte: CARVALHO, 1967, figs. 2.6 e 2.7 p.21.

Arestas que formam ângulos retos e agudos, também


apresentam pontos de grande superposição sonora e em
alguns casos excesso de som refletido, retornando para a
própria fonte. Uma forma de serem evitadas essas reflexões é
a promoção de ângulos obtusos. (SOUZA et. al.., 2003, p.116)

Figura 4: Reflexão do som em ângulos reto (onde acontecem uma superposição sonora),
agudo (superposição excessiva) e obtuso (evita a superposição), respectivamente
Fonte: SOUZA et. al., 2003, figs. 126 e 127 p.116-117
Em superfícies curvas, além da diferenciação entre as côncavas e as convexas,
também serão estudadas os quatro tipos de superfícies cônicas (circulares,
parabólicas, elípticas e hiperbólicas).
Quando côncavas (figura 5), devem ser utilizadas com extrema cautela por
convergirem às ondas sonoras para um determinado ponto, que em geometria
conhecemos como foco. Em se tratando de acústica é aconselhável evita-lo com a
colocação de difusores (figura 6), isto é, a quebra da concavidade na superfície.

Figuras 5 e 6: Distribuição não uniforme do som por reflexão de superfícies côncavas e a


colocação de difusores para atenuação do efeito.
Fonte: SOUZA et. al., 2003, figs. 121 e 122 p.114.

As superfícies convexas possuem como característica a difusão dos raios


sonoros, como pode ser observado na representação do coreto (figura 7) que tem o
objetivo de propagar o som emitido em seu interior.

Figura 7: Versão moderna dos coretos, superfície convexa como difusor sonoro.
Fonte: CARVALHO, 1967, fig. 5.5 p.50.
Quanto às superfícies circulares, sabe-se que a circunferência de círculo (figura 8)
é o lugar geométrico dos pontos equidistantes de um ponto conhecido C, este é
deno9minado de centro. Em acústica, quando a fonte sonora se encontra sobre a
circunferência de círculo, o som emitido retornará ao emissor; se a fonte estiver
exatamente sobre o centro, o som caminhará até a superfície e retornará ao centro;
por fim, se estiver deslocada para o exterior dela (figura 9 e 10), a superfície
funcionará como um difusor do som.

Figura 8: Circunferência de círculo.


Fonte: Fonte: Própria (programa Geometer's Sketchpad 5)

.
Figuras 9 e 10: Superfície côncava como difusor sonoro em planta e corte.
Fonte: SOUZA et. al., 2003, fig. 124 p.115 e fig.39 p.38.

Coberturas como cúpulas ou domos, que são metade de uma esfera possuem seu
foco, normalmente, bem acima das fontes sonoras, assim evitando as interferências. O
mesmo ocorre com abóbodas de berço e de aresta.
Entretanto, no caso da cobertura ser uma seção de esfera menor que uma
hemisfera, deve-se evitar que o foco fique na parte onde se loca as fontes e/ou os
receptores. De acordo com Carvalho (1967, p.20), para que não haja este perigo de
criação de foco, o raio de curvatura do teto deverá ser maior ou igual a duas vezes o
pé direito da sala.
Têm-se também as superfícies parabólicas, a parábola (figura 11) é o lugar
geométrico onde todos os pontos equidistam de um ponto fixo F, o foco, e de uma reta
d, a diretriz. Devido a sua propriedade, as superfícies parabólicas são amplamente
utilizadas dentro da acústica, principalmente em espaços com palco e plateia como
concha acústica. Na superfície parabólica (figura 12), quando a fonte sonora é
colocada sobre seu foco, o som refletirá sobre a superfície e sairá de forma paralela.

Figura 11: Seção parabólica


Fonte: Própria (programa Geometer's Sketchpad 5)

Figura 12: Paraboloide de revolução nas conchas acústicas


Fonte: CARVALHO, 1967, fig.5.1 p.48

Se a plateia fôr muito grande e disposta mais sôbre o sentido da


largura, desenha-se o perfil da “concha” de maneira que a superfície
por ela gerada seja uma secessão de parábolas cujos os focos se
achem todos sobre uma mesma linha curva (figura 13). [...]
É evidente que as conchas com a forma de paraboloide de revolução
tem o inconveniente de – muito embora reproduzam fielmente e
conduzam a grandes distancias os sons partidos das proximidades de
seu foco – não conseguirem fazer o mesmo com os que se originam
de fontes (instrumentos ou vozes) sonoras que se afastam daquele
ponto, como é o caso das grandes orquestras. (CARVALHO, 1967,
p.48)
Figura 13: Concha acústica para plateia desenvolvida no sentido da largura
Fonte: CARVALHO, 1967, fig.5.2 p.48

As superfícies elípticas devem ser evitadas, pois ela apresenta dois focos. Devido
a sua propriedade comum e exclusiva (figura 14), ou seja, a soma das distâncias de
qualquer um de seus pontos a cada um dos seus focos F e F’ (pontos fixos) é sempre
constante e igual ao seu eixo maior. Sendo assim, o som emitido em um de seus focos
é propagado em todas as direções, mas audível de maneira inteligível apenas no outro
foco.
Por fim, têm-se as superfícies hiperbólicas que funcionam como difusoras do som,
devido aos seus focos se situarem na parte posterior da superfície, os raios sonoros
são propagados de maneira divergente, como nas superfícies convexas. Pois a
hipérbole (figura 15) é o lugar geométrico dos pontos do plano cuja diferença da
distância a cada um dos seus focos F e F’ (pontos fixos) é sempre constante e igual ao
seu eixo maior.

Figuras 14 e 15: Elipse e hipérbole, respectivamente


Fonte: Própria (programa Geometer's Sketchpad 5)
3.2 Demais diretrizes
Quando a construção for locada com certa proximidade das fontes sonoras, podem ser
tomadas algumas medidas como: evitar aberturas para o exterior, sendo pátios
internos uma opção, caso não seja possível, criar espessura de fachada ou espaços
de transição, com colocação de brises e/ou marquises, que funcionarão como
elemento de transição para perda de energia dos raios sonoros, além da perda
térmica; buscar utilização de barreiras, uma vez que o som se propaga em linha reta e
as barreiras fariam zonas de sombra; setorizar conforme sua capacidade de
propagação de ruído, separando espaços sensíveis das fontes de ruído, ou seja, as
salas de aula e biblioteca (no caso de escolas) ou quartos (em residências) de áreas
de serviço, circulação e lazer; escolher materiais de fechamento adequado, principal
atenção para as esquadrias de PVC ao invés das de alumínio, que são mais
reverberantes.
Quando for necessária a criação de corretivos para construções existentes,
algumas medidas podem ser tomadas como: isolar os ambientes que precisam de
mais privacidade e/ou silêncio através do uso de materiais reflexivos e absorventes no
interior dos mesmos; tratar as fontes de ruído de impacto, provocado pelas instalações
prediais e por máquinas e/ou equipamentos, os quais devem ser isolados da estrutura
(opção utilizar laje flutuante); vedar esquadrias, eliminando as frestas.

4 Conclusão
Em virtude dos fatos mencionados, pode-se perceber como as formas geométricas e a
volumetria influenciam na acústica, logo um conhecimento prévio dessa relação, na
fase de projeto, reduz os gastos com correções, aumenta a eficiência e minimiza as
necessidades de climatização causadas, muitas vezes, pelos ruídos.
Viu-se como a forma tem importância quanto à qualidade acústica do lugar,
entretanto esta, normalmente, só aparece em estudos de tipologias onde a palavra
professada e/ou a música são primordiais como igrejas, teatros, assembleias etc..
Todavia, o conforto acústico deve ser pensado para todas as tipologias, como: salas
de aula precisam de privacidade e inteligibilidade, bibliotecas e hospitais de silêncio,
residências de atenuação dos ruídos.
Outra contribuição seria a demonstração de como um conhecimento sobre
geometria é imprescindível para a formação do arquiteto, não o auxiliaria apenas na
concepção acústica do projeto e sim na forma como um todo. Questões estruturais, de
iluminação e de conforto térmico também teriam benefícios com tais conhecimentos.
Agradecimentos
Agradeço aos professores e aos colegas, em especial a Beatriz e Luciene, da turma
de 2011 do curso de Especialização em Técnica de Representação Gráfica, uma vez
que este artigo foi baseado em minha monografia de final de curso. Reconheço
também o apoio de minha família, onde incluo Paulo Victor e Caruline, além de pais,
irmãos e sobrinhos.

Referências

AZEVEDO, Mariane Brito. Compatibilização do conforto acústico com o conforto


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