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ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS

Profª Regina Dias


QUAIS SÃO AS REFERÊNCIAS DE
CONSULTA?

As bases de dados se pautam pelas temperaturas e umidade do


ar das regiões.
 Normais Climatológicas: servem satisfatoriamente para uma
análise do clima do local do nosso projeto.
 TRY – Test Reference Year ou Ano Climático de Referência:
é uma base de dados mais precisa do que a das Normais
Climatológicas. É um arquivo com dados climáticos de uma
cidade.
Esses dados podem ser trabalhados em softwares de
desempenho termoenergético das edificações.
NORMAIS CLIMATOLÓGICAS DO PORTAL INMEP
TRY – TESTE REFERENCE YEAR
 Subdivide o Brasil em 8
zonas Bioclimáticas.
Estabelece diretrizes
construtivas e bioclimáticas
ZONEAMENTO para cada uma dessas zonas:
BIOCLIMÁTICO materiais, tamanho de janelas,
BRASILEIRO – sombreamentos. As cidades
NBR 15220-3 marcadas no mapa são as
que possuem dados
climáticos no TRY ( Belém,
São Paulo, Rio de Janeiro,
etc)
A NORMA É DIVIDIDA EM VÁRIAS PARTES
Zoneamento Bioclimático Brasileiro
umidade

ºC
- Umidade medida sem evaporação
PARA O BRASIL ....

 O uso do AC é imprescindível somente nas regiões Norte e


Nordeste. Nas demais seu uso pode ser substituído por
alternativas mais econômicas como ventilação natural ou a
inércia térmica para resfriamento.

 As horas mais frias se concentram a noite

 Um problema! As edificações brasileiras nas grandes cidades,


incorporam linguagens de outras localidades e as vezes não
são condizentes com a nossa realidade. O repertório do
arquiteto deveria ser mais amplo!!!
 A ventilação natural é
uma necessidade básica
no nosso país. O
LEMBRANDO
QUE.... resfriamento é depois
do sombreamento a
estratégia de projeto
mais importante!
VERIFICAR QUAL ESTRATÉGIA BIOCLIMÁTICA É
MELHOR PARA O SEU PROJETO

Sombreamento x resfriamento

 O sombreamento é a estratégia mais adequada ao


nosso país já que as regiões na sua maioria tem uma
temperatura média superior a 20ºC.

 As principais técnicas de sombreamento são: uso de


proteção solar (brise), beirais, marquises, sacadas,
persianas, venezianas
O resfriamento através da ventilação natural é eficaz
entre as temperaturas de 20ºC a 32ºC., pois a partir daí
os ganhos térmicos por convecção funcionariam mais
como aquecimento do ambiente do que resfriamento.

No clima quente e úmido, a ventilação cruzada é uma boa


estratégia.

Regiões onde a temperatura é acima de 29ºC é melhor


adotar o resfriamento noturno. Não adianta
privilegiarmos a ventilação diurna se o ar que entra na
edificação é quente.
ESTRATÉGIAS DE PROJETO
DEVEM SER RESULTADO DA
ANÁLISE DAS
NECESSIDADES QUE CADA
ZONA CLIMÁTICA PRECISA

 No Lambert vocês podem


encontrar as estratégias básicas
(Capítulo 3)
APROVEITO PARA APRESENTAR
ESSE MATERIAL:

Um Manual elaborado pela


ELETROBRAS
muito didático e que eu aconselho a
leitura.
ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS
MAIS UTILIZADAS DE FORMA
GERAL:

 As estratégias bioclimáticas que


proporcionarão o condicionamento
térmico (dependerá da ventilação, da
temperatura e da umidade) tem como
objetivo adequar a edificação ao meio em
que esta está inserida e o resultado desse
condicionamento impactará no bem estar
ou seja no conforto dos usuários dessa
construção.
PRINCIPAIS
ESTRATÉGIAS
BIOCLIMÁTICAS
1) VENTILAÇÃO PASSIVA

A ventilação passiva proporciona a renovação


do ar no interior das edificações. O desconforto
térmico pode ser provocado pelo excessivo
ganho de calor solar, principalmente no verão.
A ventilação natural tem a função de remover
esse excesso de calor. Para isso algumas
estratégias podem ser utilizadas:
• A forma e a orientação: de modo a prevalecer a
orientação na direção do vento
 Projeção de espaços fluidos: permitem a circulação
do ar entre os cômodos.

Espaços fluidos. Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2004


 Promover a ventilação vertical: pois o ar quente tende a subir e
se acumular nas partes mais elevadas,

Ventilação vertical. Fonte:


Lamberts, Dutra e Pereira,
2004.
 Elementos que direcionam o fluxo de ar para
o interior:

 pode-se atribuir ao projeto, elementos como


janelas e aberturas, que direcionam o fluxo
de ar para o interior, com o intuito de
incrementar o volume e a velocidade do
fluxo de ar para o interior.
2) RESFRIAMENTO EVAPORATIVO

 Se caracteriza pela retirada do calor do ar pela


evaporação de água ou pela evapotranspiração das
plantas:
- Construir áreas verdes próximas a edificação ou até
mesmo inserir espécies nas paredes externas. Prefira o
uso de vegetação com folhagem caduca ou seja, que
no inverno cai..... Assim a evaporação será menor.

- Construir telhados verdes, com a incidência solar essa


estratégia ameniza a transposição do calor para a laje.
Resfriamento evaporativo – áreas com vegetais. Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2004.
Resfriamento
evaporativo – paredes
com vegetais – jardim
e tanque de água
sobre o telhado.
Fonte: Lamberts, Dutra
e Pereira, 2004.
3) UMIDIFICAÇÃO

 O uso de fontes e espelhos de água próximos à edificação, assim


como a presença de vegetais umidificam o ar. Super importante em
regiões onde a umidade relativa do ar é menor que 20%.

Umidificação – fonte e espelho de


água. Fonte: Lamberts, Dutra e
Pereira, 2004.
4) MASSA TÉRMICA

 Pode ser utilizada tanto para aquecer ( se a temperatura for entre 14ºC
e 20ºC) quanto para resfriar (se a temperatura for acima de 29ºC) os
ambientes. Basicamente é utilizar fechamentos maciços mais grossos
(paredes) e diminuir as aberturas orientando-as para o sol.

As paredes recebem o sol durante o dia e devolvem o calor para dentro do


ambiente durante a noite.....isso aquece durante a noite.
As paredes mais grossas podem evitar a entrada do sol desde que as
aberturas sejam protegidas (também para evitar a ventilação durante o dia)
e promove-la durante a noite onde as temperaturas caem e assim podem
oferecer um resfriamento dos recintos.
Massa térmica – resfriamento e aquecimento. Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2004.
5) AQUECIMENTO SOLAR PASSIVO

 Seria aproveitar o aquecimento solar (para temperaturas


mais baixas) e utilizar isolantes térmicos para evitar a perda
desse calor. Esse ganho de calor pode ser obtido de forma
direta através de aberturas ou indireta com a utilização de
vidros.

Ganho solar direto.


Fonte: Lamberts,
Dutra e Pereira,
2004.
6) AR CONDICIONADO

 Deve ser utilizado em situações de temperaturas elevadas onde as


estratégias naturais não conseguem viabilizar o conforto dos
usuários. Deve-se observar o fechamento total do local para evitar
perdas do AC (ambiente ou geral)
7) AQUECIMENTO ARTIFICIAL

 Recurso necessário quando as temperaturas são


bem baixas ( - 10ºC ). Procurar evitar perdas de
calor. Funciona parecido com o AC. (ambiente ou
geral)
BAIRRO POLANCO, CIDADE DO MÉXICO - SOMBREAMENTO
JAPÃO-
KANAZAWA UMIMIRAI LIBRARY, 2011 - SOMBREAMENTO
FORTALEZA-
CENTRO CULTURAL DRAGÃO DO MAR - VENTILAÇÃO
FORTALEZA –
REDE SARAH (LELÉ) - VENTILAÇÃO
RJ –
PARQUE GUINLE, RIO DE JANEIRO-ARQ. LÚCIO COSTA -
VENTILAÇÃO
BRASÍLIA – AEROPORTO – RESFRIAMENTO
EVAPORATIVO- UMIDIFICAÇÃO
ESPANHA –
MADRI - ESTAÇÃO ATOCHA – RESFRIAMENTO
EVAPORATIVO
ÍNDIA –
KANCHANJUNGA ARQ. CHALES CORREA – INÉRCIA TÉRMICA
SÃO PAULO – ZONA BIOCLIMÁTICA 3

 Zona bioclimática 3 : recomenda-se:

 Ventilação cruzada no verão


 Aberturas para ventilação no verão de dimensões
médias
 Paredes externas leves e refletoras
 Sombreamento das aberturas permitindo a entrada
do sol no inverno
INTERVALO
MOMENTO REPERTÓRIO:

Pesquisar:
Diébédo Francis Kéré
EXERCÍCIO
DE
PESQUISA...
EXEMPLOS REAIS PELO MUNDO...

 Em Londres, as temperaturas no verão não são


tão intensas, raramente chegando à temperatura
de 30°C. Já no inverno, as temperaturas podem
chegar a níveis abaixo de 0°C.
A forma oval e inclinada de City Hall, evita a luz
direta que vem do sul e absorve com a sua enorme
fachada de vidro inclinado, a luz difusa
procedente do norte.
• Estratégias Bioclimáticas Utilizadas

- Ventilação Natural
- Forma de modo a minimizar a exposição direta a radiação solar
- Aquecimento Solar Passivo
- Sombreamento provocado pela Inclinação

Fachada City Hall - Londres. Fonte:


Wikiarquitectura, 2015.
 Cingapura: clima tropical.
Este arranha céu de 26 andares, foi elaborado
principalmente para manter a concepção dos espaços
verdes.. Conta com 40% da energia oriunda do sistema de
painéis solares.
O nível de conforto térmico dos ocupantes é assegurado
por uma mistura de opções, incluindo elementos
arquitetônicos destinados ao vento direto para ventilação
e ventiladores de teto com nebulizador de água para
minimizar a refrigeração baseada em ar condicionado.
• Estratégias Bioclimáticas Utilizadas
- Ventilação Natural
- Resfriamento Evaporativo
- Umidificação
- Ar condicionado para resfriamento

Projeto Fachada Editt Tower - Cingapura. Fonte:


Plataforma BIM, 2013.
 Copenhague e Toronto
 A primeira cidade a adotar o telhado verde como medida
pública foi Toronto, em 2010. Como resultado, a cidade tem
1,2 milhões de metros quadrados verdes e uma economia de
energia estimada em 1,5 milhões de kWh por ano.
Recentemente, Copenhague também adotou a lei como
medida obrigatória para edifícios com mais de quatro
pavimentos. A ideia é adotar uma medida simples, bonita e
sustentável, que em larga escala melhora o entorno e a
qualidade de vida das pessoas.
Telhado verde
obrigatório em Toronto
e Copenhague. Fonte:
Vivagreen, 2015.
 Casa Folha – Angra dos Reis (RJ)
O projeto que tem como destaque a cobertura em forma de folhas, em que se
buscou inspiração na arquitetura brasileira indígena, fruto de climas quentes e
úmidos. A cobertura em si, é responsável pela proteção solar de todos os
cômodos da casa, assim como os espaços livres que são os mais ocupados pelos
habitantes.
- Com um pé direito muito alto, permite que o vento dominante de sudeste
venha frontalmente do mar em direção e através da casa, provendo a todas as
áreas da casa, abertas ou fechadas ventilação e resfriamento passivo.
- Além da ventilação natural como estratégia bioclimática, a estrutura se
localiza próxima ao mar, o que disponibiliza uma grande capacidade de
umidificação do local, devido às brisas oriundas do mar. Para tanto, o projeto
ainda mantém as áreas verdes no entorno da edificação, promovendo além do
resfriamento passivo por parte da vegetação, com o processo de
evapotranspiração, o sombreamento do local pela vegetação de maior porte.
• Estratégias Bioclimáticas Utilizadas
- Resfriamento Evaporativo
- Umidificação
- Ventilação Natural
- Sombreamento

Angra dos Reis. Fonte: Sustentarqui, 2014.


 Casa de Pedra – Serra Gaúcha
Em locais onde existe uma grande oscilação climática, com temperaturas baixas no
inverno e altas no verão, pode-se utilizar da técnica de massa térmica, tanto para
aquecimento no inverno quanto para resfriamento no verão.
Nos dias frios de inverno, a radiação solar pode ser absorvida pelas aberturas das
residências aquecendo o interior, além do calor transmitido pela parede que recebe a
insolação. O calor que fica retido nas paredes da edificação pode ser devolvido ao
interior nos horários mais frios, geralmente à noite. Já nos dias quentes de verão, o
calor armazenado na edificação durante o dia é devolvido ao ambiente somente à
noite, quando as temperaturas externas diminuem, diminuindo a amplitude da
temperatura interior em relação ao exterior. De forma complementar, a estrutura
térmica resfriada durante a noite mantém-se fria durante a maior parte do dia,
reduzindo as temperaturas interiores.
Casa de Pedra – Massa Térmica. Fonte: SKYSCRAPERCITY, 2006.
BIBLIOGRAFIA

 http://www.ct.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2015/T
CC_JAIR%20ALBERTO%20FELICE%20JUNIOR.pdf

 Lamberts, Dutra. Eficiência Energética na Arquitetura

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