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ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA

Professor Flávio Negrão


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• Essa concepção projetual considera como fundamentos básicos da arquitetura três aspectos: o lugar, a história e
a cultura.

1. O LUGAR: Origem e ponto de referencia do homem, em suas concepções clássicas de contexto e entorno,
aparece como grande condicionante do problema arquitetônico, fornecendo os valores climáticos e
microclimáticos existentes. Por sua vez, o microclima inclui numa relação integradora os aspectos térmicos,
luminosos e acústicos, inseparáveis no espaço arquitetônico.
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2. A HISTÓRIA: Aponta com precisão a constante adequação do homem ao seu entorno, indicando também o
rico repertorio de linguagens arquitetônicas que se fazem presentes e compatíveis com a arquitetura e a
cidade.

Serro – MG
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3. A CULTURA: Mostra os mecanismos e recursos do fazer humano, dos fatos arquitetônicos que constituem o
espaço habitável e extrai, analisa e pondera os valores estéticos que fazem possível a arquitetura.

Caeté – MG Belo Horizonte – MG


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A concepção bioclimática é, sobretudo, uma espécie de compromisso cujo enraizamento com o lugar, a
recuperação de nossa historia e de nossa cultua conduzem para um futuro energético e ecológico mais equilibrado.
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1. Clima equatorial

2. Clima semi-árido

3. Clima tropical

4. Clima subtropical
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1. CLIMA EQUATORIAL – Amazonas, Acre e Roraima

A) Descrição geral: Clima úmido com amplitude térmica anual baixa, na ordem de 3°C, com temperaturas médias
variando entre 24°C e 26°C. O regime de chuva é intenso e bem distribuído.

B) Estratégias projetuais – radiação solar, vento e umidade:


• Sendo pequena a variação diurna de temperatura, o movimento de ar torna-se a principal estratégia de
amenizar as altas temperaturas.

• A sombra passa a ser um elemento chave no projeto, onde a radiação solar direta deve ser evitada.

• Os fechamentos verticais e horizontais não podem ser pesados, em decorrência da necessidade de evitar o
armazenamento de calor.

• É recomendada a orientação NORTE/SUL para as faces de maiores dimensões das edificações, facilitando o
controle da radiação solar, devido as maiores alturas solares.
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• Recomenda-se que as orientações LESTE/OESTE sejam protegias permanentemente.

• Os pisos devem ser elevados do solo, impedindo ganhos indesejáveis de umidade ao contexto inferior.

• As paredes devem possuir cores claras, serem leves e isolantes.

• A cobertura é a superfície que recebe a maior quantidade de energia solar. Recomenda-se utilizar um grande
espaço ventilado entre o telhado e a laje de cobertura.
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Oca indígena
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Oca indígena
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Casas palafitas
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Moradia Infantis – TO (Rosenbaum + Aleph Zero)


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2. CLIMA SEMI–ÁRIDO – Sertão nordestino

A) Descrição geral: É a região mais seca do país, com temperaturas médias muito altas, em torno de 27 °C. O índice
pluviométrico é baixo, e a amplitude térmica anual é em torno de 5 °C.

B) Estratégias projetuais:
• Deve-se evitar que o edifício abra-se muito para o exterior com o intuito de maximização da iluminação natural,
já que a disponibilidade de luz é muito grande, e pequenas aberturas são suficientes.

• É conveniente a utilização da luz refletida por pátios internos e/ou varandas, impedindo a entrada da radiação
solar direta nos espaços internos.

• O clima seco permite o uso de paredes e coberturas ”pesadas” como artificio de controle da radiação solar
direta.

• As orientações LESTE/OESTE devem ser rigorosamente protegidas, e o eixo NORTE/SUL o mais recomendado para
implementação de edificações.
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• Considerando os baixos níveis de umidade da região são indicados lagos ou espelhos d’água próximas as
edificações, caracterizando a estratégias de resfriamento evaporativo.

Tipologia da região nordeste do país


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Tipologia da região nordeste do país


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Casa no Peixe Gordo – CE (ARQUITETOS ASSOCIADOS)


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3. CLIMA TROPICAL
3.1. TROPICAL – CENTRO OESTE

A) Descrição geral: Verão quente e chuvoso, e o inverno quente e seco. Temperaturas médias ficam em torno dos
20°C, com amplitude térmica de 7°C. Índice pluviométrico variando de 1000 a 1500mm/ano.

B) Estratégias projetuais:
• É recomendado o controle da radiação solar no plano vertical e no interior das edificações, através do
sombreamento das esquadrias, recomendando-se também um tamanho médio para as mesmas.

• As paredes devem ser ”pesadas” e as coberturas levem e isoladas.

• As coberturas de telha compatibilizadas com lajes em concreto pode ser uma solução desejável, e uma boa
ventilação entre os planos de cobertura irá contribuir significativamente no desempenho térmico da edificação.
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B) Estratégias projetuais:
• É desejável a orientação NORTE/SUL para as fachadas de maiores dimensões, e um maior controle e proteção
da radiação solar nas fachadas LESTE/OESTE.

• Nas regiões de menores latitudes, próximas a Brasília por exemplo, a umidificação é uma estratégia projetual
interessante, neste sentido, recomenda-se o projeto de espelhos e lâminas d’água nos espaços abertos e
fechados.

Palácio da Alvorada – DF (OSCAR NIEMEYER)


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Catetinho – DF (OSCAR NIEMEYER)


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Casa Vila Rica – DF (BLOCO ARQUITETOS)


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Casa Vila Rica – DF (BLOCO ARQUITETOS)


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3. CLIMA TROPICAL
3.2. TROPICAL ATLÂNTICO – COSTA DE SÃO PAULO AO NORDESTE

A) Descrição geral: As temperaturas médias variam entre 18°C (regiões com maiores latitudes) e 26°C (regiões mais
próximas da linha do equador). As chuvas concentram-se no inverno e outono para as regiões de latitudes mais
baixas e no verão para as regiões mais ao sul. Nas regiões litorâneas com menor latitude a diferenciação entre
período de verão e de inverno vincula-se ao regime pluviométrico, enquanto que, para as áreas mais afastadas da
linha do equador as diferenças relacionam-se as amplitudes térmicas.

B) Estratégias projetuais:
• Nas regiões litorâneas, próxima ao Equador, deve-se adotar critérios semelhantes aqueles citados para o clima
equatorial, como por exemplo, evitar a radiação solar direta no ambiente interior em períodos de inverno e
verão.
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• No caso das regiões de maiores latitudes, com


temperaturas mais frias deve-se facilitar a radiação
solar direta na orientação NORTE, com dispositivos
de controle. Os sistemas de controle de radiação
solar devem possibilitar a possibilidade de ganhos
térmicos (termoacumuladores), principalmente e,
períodos próximos as solstício de inverno, onde
ocorrem baixas alturas solares.

• É recomendando que as edificações sejam


permeáveis a ventilação, ou seja, devem estar
presentes no ambiente interior janelas e portas
com dispositivos que permitam a ventilação
constante, possibilitando fluxos de ar em diferentes
altura, com dispositivo de controle independentes.
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Casa Folha – SP (MAREINES + PATALANO)


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Casa Folha – SP (MAREINES + PATALANO)


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Casa Gerassi – SP (PAULO MENDES DA ROCHA)


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3. CLIMA TROPICAL
3.3. TROPICAL DE ALTITUDE

A) Descrição geral: Temperaturas médias situam-se entre 18°C e 22°C. O contexto climático sofre interferência
diretas das massas frias provenientes do SUL. O regime pluviométrico aproxima-se dos 1800mm/ano, e as chuvas
são mais intensas no verão.

B) Estratégias projetuais:
• A radiação solar direta deve ser evitada, seja por intermédio do uso da vegetação, seja por intermédio de
protetores solares horizontais, verticais e mistos (brises, marquises, varandas).

• Diferente do contexto climático equatorial, onde a ventilação noturna está presente nas estratégias de projeto,
no tropical de altitude a ventilação noturna deve ser controlada.
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B) Estratégias projetuais:
• É importante que as esquadrias possibilitem a ventilação de conforto e higiênica, ou seja, estejam preparadas
para temperaturas acima da zona de conforto e abaixo dela, para isso devem ser projetadas sistemas
autônomos de abertura.

• É desejável a implementação das faces maiores dimensões das edificações para a orientação NORTE/SUL,
evitando a maior incidência solar das fachas LESTE/OESTE, e aproveitando a boa luminosidade da NORTE.

• A utilização de áticos ventilados entre a laje e o telhado, possibilitando o aumento das trocas térmicas, e
minimizando os ganhos de calor no interior das edificações, se faz como uma boa estratégia de projeto.

• A norma NBR 15220 (2005) recomenda que os fechamentos verticais sejam ”pesados” e os horizontais leves e
refletores.
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Barroco mineiro
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Obras diversas – BR (JOÃO FILGUEIRAS LIMA – LELÉ)


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1. CLIMA SUBTROPICAL – Região Sul

A) Descrição geral: Caracterizado por temperaturas medias, no mês mais frio, entre 0°C e 18°C e, no mês mais
quente, acima de 22°C. Regime pluviométrico de chuvas bem distribuídas durante o ano (nenhum mês com
menos de 60mm).

B) Estratégias projetuais:
• Nesta complexidade climática, a determinação dos princípios de desenho do edifício e a escolha dos materiais
a serem empregados devem ser feitas de maneira a associar soluções para vários climas, as quais sevem ser
utilizadas de forma cautelosa e com eventuais ajustes.

• Para uma melhor condição de habilidade – exposição à radiação solar no inverno e mínima no verão –, a
fachada principal de um edifício deve estar orientada para NORTE.

• As fachadas orientadas para NORDESTE e NOROESTE oferecem a vantagem de uma insolação mais equilibrada
durante todo ano, tendo em vista a menor altura solar incidente.
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B) Estratégias projetuais:
• As exposições para LESTE e OESTE tornam os ambientes mais quentes no verão e mais frios no inverno.

• Assim sendo, as estratégias de condicionamento térmico indicadas são de aquecimento solar passivo, massa
térmica, desumidificação (renovação do ar) e, ainda, ventilação de conforto.

Interior de uma casa colonial italiana no Brasil


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Tipologia da região sul do país


ZONAS CLIMÁTICAS BRASILEIRAS 35/36

Minimod Curucaca – SC (MAPA ARQUITETOS)


ZONAS CLIMÁTICAS BRASILEIRAS 36/36

Minimod Curucaca – SC (MAPA ARQUITETOS)

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