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Centro Universitário SENAC

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO


APOSTILA
DISCIPLINA – CONFORTO AMBIENTAL
1. Conforto térmico.

1.1. Variáveis de conforto térmico.

O homem, por ser um animal de sangue quente, tem a necessidade de manter sua
temperatura corpórea em torno de 37ºC. Como o corpo humano troca calor constantemente
com o ar, quando a temperatura do ar está maior do que 37ºC se ganha calor do ar e quando
está menor de 37ºC perde-se calor.

Assim, quando a temperatura do ar está muito maior ou muito menor do que nossa
temperatura corpórea, ocorrem reações biológicas na tentativa de mediar o balanço de
perda e ganho de calor de nosso corpo. Estas reações são o suor, a contração e dilatação
dos poros, necessidade de beber líquidos quentes ou frios, dentre outros. Estes
mecanismos são chamados de Mecanismos termorreguladores.

Também o homem toma algumas atitudes comportamentais para manter este balanço,
como movimentar-se ou permanecer em repouso, que influencia no seu metabolismo, bem
como vestir mais ou menos peças de roupas. Estas atitudes comportamentais citadas são
chamadas de Variáveis Humanas de Conforto Térmico.

Igualmente as condições ambientais têm grande influência no conforto térmico, tais


como a temperatura, umidade relativa e movimentação do ar, bem como a temperatura
radiante média, ou seja, o calor emitido pelos corpos aquecidos. Para estas condições dá-
se o nome de Variáveis Ambientais de Conforto Térmico.

Pesquisas quantitativas de Conforto Térmico resultam das respostas de um grupo de


pessoas quando submetidas a determinadas combinações de Variáveis Humanas e
Ambientais. Dessas pesquisas a mais consagrada foi a engendrada por O. G. Fanger que
resultou no Voto Médio Predito (PMV) e o Percentual de Pessoas Insatisfeitas (PPD),
importantes indicadores quantitativos de conforto térmico.

1.2. Diferenças entre Clima e Tempo.

Quando visitamos um local por um breve período de tempo e são observadas certas
condições ambientais (temperatura e umidade do ar, precipitações de água, etc.), não pode
ser determinada a condição climática deste local com base nesta experiência de curto
período. O clima de um local é determinado pela tabulação de condições climáticas médias
por um prolongado espaço temporal, baseando-se num período de dez anos
aproximadamente, o que caracteriza o Ano Climático de Referência (TRY - Test Reference
Year).

Assim, o tempo é um estado momentâneo da atmosfera, enquanto o clima é a


configuração mais permanente, ou seja, referente a um período maior.

1.3. Diagnóstico bioclimático.

O termo “bioclimático” estabelece uma ligação entre a biologia humana e o clima,


sendo que Cartas Bioclimáticas são gráficos de relacionam dados climáticos de uma região
com variáveis quantitativas de conforto térmico. O objetivo destas cartas bioclimáticas é
fornecer aos arquitetos estratégias para aplicação no projeto arquitetônico. Existem várias
cartas bioclimáticas que podem ser citadas, porém a de Baruch Givoni, com algumas
modificações, embasou a norma brasileira NBR 15220 (ABNT, 2005)1 que versa sobre o
conforto térmico nas edificações.

Não obstante as recomendações normativas e regulamentares sobre o conforto


térmico nos edifícios, antes de iniciar um projeto, para adaptar a edificação ao clima onde
ela está inserida é fundamental que o arquiteto observe alguns aspectos para ter uma ideia
do padrão climático do local onde o edifício será implantado.

Em primeiro lugar deve ser considerado o hemisfério onde será feito o projeto, pois
regiões localizadas no hemisfério norte tendem a ser mais frias e mais quentes (inverno e
verão) de outra que, mesmo tendo a mesma latitude e altitude, localizam-se no hemisfério
sul.

A latitude2 do lugar também deve ser considerada, pois regiões localizadas entre os
trópicos de câncer (23º26’ Norte) e capricórnio (23º26’ Sul) têm poucas variações nas
condições ambientais nas estações extremas (inverno e verão), sendo que quanto mais
próximo da linha do equador (latitude 0º) menor ainda estas distinções. Por sua vez, regiões

1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220/1-5: Desempenho térmico de edificações. Rio
de Janeiro, 2005.
2 Distância medida em graus de qualquer ponto da terra até a linha do equador, considerando-se a linha do equador a
latitude 0º, o polo Norte latitude 90º Norte e o polo Sul latitude 90º Sul.
localizadas em latitude altas (acima dos trópicos) possuem grandes diferenças, com
invernos com frio extremo e verões quentes.

A altitude do lugar também tem forte influência nas suas condições de clima, pois
locais a grande altura tendem a ser mais frios que outros em relação ao nível do mar. Para
cada 200 metros de altitude a temperatura média do ar decresce 1º Celsius.

Por fim, as regiões próximas a rios caudalosos e florestas tendem a ser mais úmidas
que as grandes concentrações urbanas. Consequentemente as metrópoles são mais
quentes que as áreas verdes e próximas a grandes rios.

1.4. Estratégias de projeto.

A condição climática quente e úmida tem por características a temperatura do ar


máxima não atingir valores muito elevados (entre 32° e 35° Celsius), porém com uma alta
taxa de umidade relativa do ar (acima de 70%). Também ocorrem pequenas oscilações da
temperatura do ar nos períodos diurnos e noturnos. Aqui as vedações externas devem ser
leves (inércia térmica baixa) e a edificação deve ser abundantemente sombreada com
varandas e grandes beirais. As aberturas para ventilação devem ter dimensões generosas
para privilegiar a ventilação.

Na condição quente e seca, por sua vez, a temperatura do ar alcança níveis elevados
(entre 40° e 45° Celsius) e a umidade relativa do ar é baixa (não superior a 20%).
Diferentemente da condição quente e úmida, aqui ocorre uma grande variação entre as
temperaturas do ar dos períodos diurno e noturno, com manhãs muito quentes e noites frias.
As vedações externas devem ser espessas (inércia térmica alta), compostas de alvenaria
ou pedra, sendo pintadas na parte externa com cores claras para atrasar a passagem do
calor da parte externa para o interior dos edifícios. De mesmo modo as edificações devem
estar agrupadas e ter pequenas aberturas nos ambientes para evitar a ventilação
abundante. Igualmente espelhos d’água e umidificadores devem ser utilizados.

No frio extremo, considerando a temperatura do ar não superior a 5° Celsius, deve-se


prover a estanqueidade na edificação, tomando cuidado com as esquadrias para que não
seja perdido o calor gerado no interior dos edifícios. De mesmo modo deve ser usada inércia
térmica alta nas vedações externas ou mesmo o isolamento térmico, com o uso de isopor
ou lãs de vidro e de rocha no interior das vedações. Digno de nota que o isolamento térmico
acaba com a inércia térmica, não permitindo a passagem de calor um lado para o outro da
vedação, não sendo adequada como estratégia de projeto para a condição quente e seco
e muito menos para o quente e úmido.

1.5. Especificações de vedações externas considerando o conforto térmico nos


edifícios.

O calor é a energia térmica em trânsito, sendo que se desloca de um meio mais quente
para outro mais frio. Dentre os mecanismos de trocas térmicas, serão destacadas as secas,
ou seja, quando não há uma mudança de estado físico, consistindo na convecção, a
condução e a radiação.

A convecção é a troca térmica que ocorre entre um meio líquido ou gasoso e um sólido
e, nos edifícios, ela fica explicitada quando suas vedações externas trocam calor com o ar.
A condução, por sua vez, acontece quando dois sólidos de diferentes temperaturas estão
unidos e trocando calor, sendo que, numa vedação composta de várias camadas de
materiais distintos, essas camadas trocam calor por condução. A radiação é a propagação
do calor por meio de ondas eletromagnéticas e a edificação ganha calor por radiação da
luz do sol.

Ainda, convém destacar que se a temperatura do ar externa está maior que a


temperatura interna a edificação tende a ganhar calor e, inversamente, se a parte externa
está mais fria que o interior a edificação está perdendo calor para o exterior.

Neste balanço entre a perda e ganho de calor da edificação as características térmicas


dos materiais que compõe a vedação, bem como a cor externa têm importância abissal,
definindo o princípio de inércia térmica do edifício, que é a capacidade de armazenar e
liberar calor. Se a inércia térmica do edifício é alta (vedações pesadas), o ambiente interior
fica menos sujeito às oscilações térmicas do exterior mantendo a temperatura interna
constante. Por outro lado, se a inércia térmica é baixa (vedações leves), a temperatura
externa fica mais sujeita às oscilações externas. Convém salientar que o isolamento térmico
(uso de materiais isolantes térmicos nas vedações externas, como isopor, lã de vidro, etc.)
acaba com a inércia térmica, pois se pressupõe o impedimento da passagem do calor pela
vedação.
Nesse sentido dois indicadores quantitativos são importantes para definição das
vedações externas, sendo elas a Transmitância Térmica e a absortância que serão
delineadas a seguir. Tendo como unidade W/m²K, a Transmitância Térmica (U) é o inverso
de Resistência Térmica (R – m²K/W) que é a relação entre a quantidade de calor que passa
por uma superfície por um determinado tempo e a espessura da superfície3.

Quanto mais alta a Transmitância Térmica (U), maior a quantidade de calor que passa
de uma face para a outra da vedação. Para condições climáticas quente e seco e frio
extremo o ideal é que a transmitância seja baixa (abaixo de 2,5 W/m²K) e para quente e
úmido a Transmitância Térmica (U) pode ser alta (acima de 3 W/m²K). Vale acrescentar que
a norma brasileira NBR 15220 (ABNT, 2005) divide o território brasileiro em oito regiões
bioclimáticas com recomendações sobre à Transmitância Térmica (U) mais adequada para
cada uma delas.

A absortância, por sua vez, diz respeito à cor externa da vedação, pois é a parcela da
radiação solar incidente sobre a face de uma superfície que é absorvida. Quanto mais
escura a cor maior a absortância, sendo que a cor branca absorve de 10 a 20% e o preto
absorve de 70 a 80% da radiação solar incidente.

1.6. Ventilação nos edifícios.

O vento é a movimentação do ar no globo terrestre. Ocorre quando existe diferença


de pressão do ar, pois se desloca de áreas de maior pressão para as de menor pressão.
As diferenças de temperatura do globo terrestre, bem como a rotação do planeta são os
grandes responsáveis pela ocorrência dos ventos.

No século XIX o meteorologista Francis Beaufort criou uma escala de quantificação


dos fluxos de vento de acordo com sua velocidade, apresentando-se, a seguir, alguns
valores:

0,3m/s (1Km/h) – Fumaça sobe na vertical.


0,3 a 1,5m/s (1 a 3Km/h) – Fumaça se inclina.
3,4 a 5,4m/s (12 a 19Km/h) – Folhas se agitam e bandeiras tremulam.
13,9 a 17,1m/s (50 a 61Km/h) – Dificuldade de andar contra o vento.

3 A relação entre Resistência Térmica (R) e Transmitância Térmica (U) é definida pela equação R=1/U
32,7m/s (118Km/h) – Furacão.

Na década de 50 do século XX Emerick (1951) 4 apresentou uma escala mais


adequada aos espaços interiores dos edifícios, sendo:

 0,25m/s – Não é sentido.


 0,25 a 0,5m/s – Agradável.
 0,5 a 1m/s – Agradável, mas já são sentidos os efeitos.
 1 a 1,5m/s – Incômodo.
 Acima de 1,5m/s – Muito incômodo.

Vale acrescentar que existem duas estratégias de uso da ventilação nos projetos de
arquitetura: ação dos ventos e efeito chaminé. A ação dos ventos é baseada no preceito de
que o vento se desloca de maneira laminar, ou seja, paralela ao plano do solo. Então nesta
estratégia deve ser otimizada a entrada e passagem do vento pelos ambientes. É
necessário observar a direção predominante do vento no local onde será implantada a
edificação e voltar as aberturas (janelas) para esta direção. Se forem previstas aberturas
em paredes opostas estará sendo aproveitado o fluxo de passagem (ventilação cruzada).

Na estratégia denominada efeito chaminé é adotado o princípio de que o ar quente é


mais leve e sobe. Assim, o efeito chaminé é adotado em ambientes com grandes alturas,
pois quanto maior o pé direito do ambiente e maior a geração de calor no local, mais efetiva
é esta estratégia.

Por fim, convém citar que os dois usos da ventilação nos edifícios são a ventilação
higiênica e a ventilação de conforto. A ventilação higiênica é necessária para a renovação
do ar nos ambientes interiores. Para este caso as aberturas devem ser mínimas e
suficientes apenas para preservar a sanidade desses espaços. Em geral os códigos de
obras e edificações existentes em nosso país regulamentam a necessidade de prever
aberturas de ventilação para os cômodos atendendo à ventilação higiênica. Como exemplo
pode ser citado o Código de Obras e Edificações da Cidade de São Paulo (2017) que
delibera que a área total de aberturas nos ambientes de permanência prolongada deve
representar 15% da área do piso do ambiente. Ainda assim, apenas metade desta área é

4 EMERICK, R. H. Comfort Factors Affecting Cooling Design. PP 97-99. Progressiv Architecture, 1951.
considerada para a ventilação, pois aceita-se janelas de correr onde sempre uma das folhas
estará fechada.

Por sua vez a ventilação de conforto é adequada principalmente aos climas quentes
e úmidos. Incrementa a troca de calor por convecção do ar com o corpo humano e nesse
uso as aberturas devem ser máximas, privilegiando o fluxo de ar através dos ambientes. A
norma NBR 15220 (2005) apresenta um dimensionamento para as aberturas baseado na
ventilação de conforto. Para tal é determinado um percentual da área do piso dos ambientes
para cada zona bioclimática de acordo com as classificações do tamanho das aberturas,
sendo:

 Aberturas pequenas – 10 a 15% da área do piso.


 Aberturas médias – 15 a 25% da área do piso.
 Aberturas grandes – acima de 40% da área do piso.

1.7. Orientações para uso da NBR 15220 - escolha de vedações verticais/cor externas
e aberturas para ventilação.

Segue um roteiro para orientar definições no projeto de arquitetura, utilizando a parte


3 da norma NBR 15220 (ABNT, 2005).

 Ir na página “11” (anexo A) e Verificar a Zona bioclimática da cidade (quarta coluna da


tabela).
 No corpo da norma (a partir da página 4) são apresentadas as recomendações para as
oito zonas bioclimáticas brasileiras. Encontrar a zona bioclimática relativa a cidade
verificada no item “1”.
 A primeira tabela com estratégias para cada zona bioclimática, é relativa às aberturas
para ventilação, que podem ser Pequena, Média ou Grande. Também é apresentada a
necessidade, ou não, de adotar elementos de sombreamento de aberturas como brises,
por exemplo.
 No anexo da página “17”, tabela C.1 a NBR 15220 determina os percentuais de área
de piso que as aberturas devem representar, sendo Pequena (10 a 15%), Média (15 a 25%)
ou Grande (igual ou superior a 40%). Vale acrescentar que este percentual deve ser
atendido nas áreas de abertura. Assim, janelas de correr, quando sempre a metade do vão
permanece fechada, a área de abertura considerada é metade da área da janela.
 Também a norma apresenta, na segunda tabela para cada zona bioclimática,
recomendações para a escolha das vedações verticais (paredes) externas e coberturas. No
trabalho de disciplina será adotada apenas a escolha das paredes externas, que podem
ser Pesadas, Leves ou Leves e Refletoras.
 Igualmente no anexo da página “17”, tabela C.2 a NBR 15220 determina os limites de
Transmitância Térmica (U-w/m²K), Atraso Térmico em horas e Fator Solar para as vedações
externas (paredes), sendo Leve (U máximo de 3W/m²K e fator solar máximo de 5), Leve
Refletora (U máximo de 3,6W/m²K e fator solar máximo de 4) ou Pesada (U máximo de
2,2W/m²K e fator solar máximo de 3,5).
 A partir da página “18”, anexo D, da NBR 15220, são apresentados diversos tipos de
paredes externas com suas devidas Transmitâncias Térmicas (U-w/m²K). Deve ser
escolhida uma que atenda aos requisitos de Transmitância Térmica máxima, porém esta
escolha deve ser mediada com a cor externa a partir do Fator Solar máximo citado. Para
tal, deve ser usada a seguinte equação:
FS = 4.α.U
Onde:
FS – Fator Solar
α – Absortância da face externa determinada pela cor (%)
U - Transmitância Térmica (U-w/m²K).
 Para a escolha da parede externa, também podem ser utilizadas as tabelas constantes
em John e Racine (2010)5 , conhecido como “Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal,
a partir da página 98.

1.8. Geometria da Insolação.

Geometria da insolação trata-se do estudo da trajetória aparente do sol no céu. Para


efetivação dos estudos convém citar que o norte marcado na bússola é o magnético, o que
não é o mais adequado para os estudos de insolação. Nesse caso é conveniente a
utilização do chamado Norte Verdadeiro ou Solar, cuja diferença para o Norte magnético
depende da data, localização no globo terrestre, etc. Esta variação entre o Norte Magnético
e o Verdadeiro é chamada de Declinação Magnética e para a cidade de São Paulo pode-
se considerar esta declinação magnética de 20º no sentido anti-horário.

5 JOHN, Vanderley; RACINE, Tadeu Araújo Prado (coord.). Boas práticas para habitação mais sustentável.
São Paulo: Páginas & Letras - Editora e Gráfica, 2010.
Para os estudos de insolação é necessário utilizar as Cartas Solares, que são
representações gráficas da trajetória aparente do sol no céu no período de um ano
(projeções estereográficas). Nas cartas solares o círculo é a representação do céu, sendo
que a borda deste círculo é a linha do horizonte e o ponto central é o zênite. Igualmente as
linhas que aparecem nas cartas solares representam a trajetória do sol nos dias e sua
localização numa hora específica (figura 1). Vale acrescentar que para cada latitude existe
uma carta solar específica.

N linha do horizonte
N N

22/6
21/5 e 24/7
1/5 e 13/8
16/4 e 28/8
3/4 e 11/9
W E W 13 12 11 10 9 E W 21/3 e 24/9
15 14 8 8/3 e 6/10
16 23/2 e 20/10
17 7
zênite 18 6 9/2 e 4/11
linhas das linhas dos 21/1 e 22/11
horas dias 22/12

S S S

ESTUDOS SOBRE A CARTA SOLAR DA LATITUDE 24ºSUL

Figura 1 – Demonstrativo de linhas de horas e dias em carta solar.

Nas cartas solares existem alguns dias


N
significativos sendo os solstícios (inverno e
verão) e os equinócios. O solstício de verão
é o dia em que a manhã tem o ápice de maior solstício de inverno
duração do que a noite (22/6 no hemisfério
equinócios
Norte e 22/12 no hemisfério Sul). Já o
W E
solstício de inverno é o dia em que a o
período noturno tem o pico de mais horas do solstício de
verão
que o período diurno (22/12 no hemisfério
Norte e 22/06 no hemisfério Sul). Os
equinócios são os dias em que a noite tem a
mesma duração do que a manhã (21/3 e S
Figura 2 – Identificação de solstícios e equinócios em carta
24/9). solar de latitude 24°S.

Para uma identificação rápida nas cartas solares, os arcos extremos representam a
trajetória do sol nos solstícios, sendo o maior o de verão o menor o de inverno. Os
equinócios, por sua vez, são representados pelo arco que se inicia exatamente no Leste e
termina exatamente no Oeste, conforme demonstrado na figura 2.

Céu Visível Assim, o primeiro estudo a ser


N
ND apresentado é o de horários de
insolação nas fachadas a partir de
Horários de insolação sua orientação. Para tal deve-se
na fachada
cobrir na carta solar a orientação
E
contrária e verificar os horários de
insolação restantes no céu visível,
conforme exemplificado na figura 3,
para a orientação nordeste na carta
solar de latitude 24ºSul.
Figura 3 – Horários de insolação e céu visível em fachada nordeste para
carta solar de latitude 24°S.

1.9. Projeto de elementos de sombreamento – Brise soleil.

No projeto de arquitetura, podem ser previstos


elementos de sombreamento, como beirais, marquises
e, os mais famosos, brise soleil. Esses elementos
contribuem para a melhoria das condições de conforto
térmico nos edifícios, impedindo a incidência de raios
solares diretamente nos ambientes interiores, bem
como contribuindo para o controle de ofuscamento que
essa incidência solar representa. Vale acrescentar, que
os elementos de sombreamento servem
primordialmente para proteção de planos translúcidos,
como as grandes superfícies envidraçadas, como
fachadas cortina, por exemplo.

Igualmente algumas considerações preliminares


são importantes para o projeto de elementos de
sombreamento. Primeiramente, para o planejamento
dos brises em localidades onde existe uma grande
distinção entre inverno e verão, é importante que os
Figura 4 – Transferidor auxiliar e detalhes.
espaços interiores sejam protegidos dos raios solares dos meses quentes, permitindo a
incidência direta dos raios solares nos períodos frios.

Também, para o desenho da máscara de obstrução de céu proporcionada pelo brise,


deve ser utilizado um transferidor auxiliar, que demonstra os ângulos de corte, ou seja,
ângulos de visibilidade do céu. Esse transferidor auxiliar deve ter o mesmo tamanho da
carta solar da localidade onde será elaborado o projeto.

Basicamente os brises se dividem em cinco tipos:

 Horizontal infinito
 Vertical infinito
 Combinado (horizontal/vertical)
 Horizontal finito 5.
 Vertical finito

A seguir serão apresentados os procedimentos para elaboração das máscaras de


obstrução de céu para cada um dos brises citados acima.

Considera-se brise Horizontal Infinito, aquele onde não existe a possibilidade de


visualização do seu término lateral a partir da abertura que ele protege. Para o desenho da
máscara de obstrução de céu, é utilizado um estudo em corte esquemático da abertura.
Neste corte é traçada uma linha do ponto inferior da abertura até a ponta do brise. Com um
transferidor comum, verificar o ângulo de obstrução horizontal. Digno de nota que, se o
brise estiver afastado da janela o ponto inferior é o do brise inferior e não o da janela.

exterior
interior

60°
60°

Céu
visível

Brise

Máscara de obstrução de céu


proporcionada pelo brise
Figura 5 – Exemplo 1 de desenho de máscara de obstrução de céu de brise horizontal infinito.
exterior
interior 45°

45°

Céu
visível

Brise

Máscara de obstrução de céu


proporcionada pelo brise
Figura 6 – Exemplo 2 de desenho de máscara de obstrução de céu de brise horizontal infinito.

Considera-se brise Vertical Infinito, aquele onde não existe a possibilidade de


visualização do seu término na parte superior a partir da abertura que ele protege. Para
desenho da máscara de obstrução de céu, é utilizado um estudo em planta esquemática
da abertura. Nesta planta é traçada uma linha do ponto lateral da abertura contrária ao brise
até a ponta do brise. Com um transferidor comum, verificar o ângulo de obstrução vertical.
Também para este brise, se o ele estiver afastado da janela o ponto contrário é o posterior
do brise contrário e não o da abertura.

20° 20°
exterior

interior

visível
20° 20°
Brise Brise

Máscara de obstrução de céu


proporcionada pelo brise
Figura 7 – Exemplo 1 de desenho de máscara de obstrução de céu de brise vertical infinito.
25° 25°
exterior

interior

visível
25° 25°

Brise Brise

Máscara de obstrução de céu


proporcionada pelo brise
Figura 8 – Exemplo 2 de desenho de máscara de obstrução de céu de brise vertical infinito.

Considera-se brise Combinado (Horizontal/Vertical), aquele que tem desempenho


compatível aos dois brises citados anteriormente. Para desenho da máscara de obstrução
de céu, são utilizados estudos em planta e corte esquemáticos da abertura. No corte é
traçada uma linha do ponto inferior da abertura até a ponta do brise. Com um transferidor
comum, verificar o ângulo de obstrução horizontal. Na planta é traçada uma linha do ponto
lateral da abertura contrária ao brise até a ponta do brise. Com um transferidor comum,
verificar o ângulo de obstrução vertical.

exterior
interior

60°

60°

20° 20°

Céu
visível
20° 20°
exterior Brise

Máscara de obstrução de céu


interior proporcionada pelo brise

Figura 9 – Exemplo de desenho de máscara de obstrução de céu de brise combinado.


Considera-se brise Horizontal Finito, aquele onde é possível a visualização do seu
término lateral a partir da abertura que ele protege. Para desenho da máscara de obstrução
de céu, é utilizado um estudo em corte e elevação interna esquemáticos da abertura. No
corte é traçada uma linha do ponto inferior da abertura até a ponta do brise. Com um
transferidor comum, verificar o ângulo de obstrução horizontal. Em elevação interna da
abertura, traçar uma linha do canto lateral inferior da abertura até a ponta da projeção final
do brise. Com um transferidor comum, verificar o ângulo de obstrução lateral.

exterior
interior

60°

60°

projeção do brise externo 60° 60°

Céu
visível
60° janela 60°
Brise

Máscara de obstrução de céu


proporcionada pelo brise

Figura 10 – Exemplo de desenho de máscara de obstrução de céu de brise horizontal finito.

Considera-se brise Vertical Finito, aquele onde é possível a visualização do seu


término superior a partir da abertura que ele protege. Para desenho da máscara de
obstrução de céu, é utilizado um estudo em planta e elevação interna esquemáticos da
abertura. Na planta é traçada uma linha do ponto lateral da abertura contrária ao brise até
a ponta do brise. Com um transferidor comum, verificar o ângulo de obstrução vertical. Em
elevação interna da abertura, traçar uma linha da parte superior da abertura lateral contrária
ao brise até a ponta da projeção final do brise. Com um transferidor comum, verificar o
ângulo de obstrução lateral.

20° 20°
exterior

interior

20° 20°

40° 40°
projeção do brise externo

projeção do brise externo

40° 40°

Céu
janela visível

Brise Brise

Máscara de obstrução de céu


proporcionada pelo brise

Figura 11 – Exemplo de desenho de máscara de obstrução de céu de brise vertical finito.

Por fim, para o dimensionamento dos elementos de sombreamento é necessário,


primeiramente, um estudo na carta solar para determinação dos ângulos de obstrução em
função dos dias e horários de insolação que se queira obstruir. Como exemplo, nas cidades
onde existe uma diferenciação clara entre as estações, com invernos frios e verões quentes,
é imperativo o meticuloso dimensionamento dos elementos de obstrução de céu, para que
seja permitida a entrada de sol nos meses de inverno e seja impedida a insolação no verão.
Já cidades mais próximas da linha do equador (latitude 0º) o dimensionamento dos
elementos de obstrução de céu deve ser máximo, maximizando o sombreamento dos
ambientes internos. Assim, apresenta-se um exemplo de estudos para definição de ângulos
de obstrução de céu horizontal e/ou vertical para fachadas Norte na carta solar de 24ºS,
que pode ser utilizada para a cidade de São Paulo (latitude 23º55’S), ângulos esses,
imprescindíveis para o dimensionamento dos elementos de sombreamento.
N

22.6 22.6
24.7 21.5

13.8 1.5

28.8 16.4

11 .9 3.4

21 .3
24.9
W E

Carta solar 24°S


Face Norte
Céu visível sem brise
N

22.6 22.6

PASSO 1 24.7 21.5

13.8 1.5
22.6 22.6 16.4
28 .8
24.7 21.5
11. 9 3.4

13.8 1.5
21.3
24.9
28.8 16.4
W 0 14
13 12 11
10 8.3
E
11 .9 3.4 6.1
15 9
23
.10 .2
20 16 8
21.3
24.9
W E 4 .1
1 17 7 9.2
21

1
.1

.1
18 6

22

22
.1

.1
22
Carta solar 24°S

2
Face Norte
Céu visível com área
que deve ser sombreada
0° 10°
10°
S
PASSO 2
20°
20°

° 30

Carta solar 24°S


30 °
10°

° 40
40 °
20°
°

50

Angulo de corte horizontal


50

adequado - 65°
30°


60°

60

10° 10°
°

20°
20°
40°

° 30
30 °
70°

70°
50°

10°
° 40
40 °
60°
80°

80°
70°

20°
°

50
50

°
80°

30°
90°
90°

60
60

°
10° 20° 30° 40° 50° 60° 70° 80° 80° 70° 60° 50° 40° 30° 20° 10°

40°
70°

70°
50°
Transferidor auxiliar - Opção 1 (brise horizontal infinito)

60°
80°

80°
70°
80°
90°

90°
10° 20° 30° 40° 50° 60° 70° 80° 80° 70° 60° 50° 40° 30° 20° 10°

PASSO 3 Transferidor auxiliar


0° 10°
10°

Para Brise combinado manter 20° 20°

3 0°
°
30
angulo de corte horizontal de 65° e
10°

° 40
utilizar angulos de corte verticais 40 °

de 20° para ambos os lados


20°
°

50
50

°
30°
°

60°
60

40°
70°

70°
50°
60°

80°
80°

70°
80°
90°

90°

10° 20° 30° 40° 50° 60° 70° 80° 80° 70° 60° 50° 40° 30° 20° 10°

Transferidor auxiliar - Opção 2 (brise combinado)

Figura 12 – Exemplo de escolha de tipo de brise e determinação de ângulos de obstrução de céu..

2. CONFORTO ACÚSTICO.

2.1. O som.

Trata-se de uma movimentação (vibração) de moléculas de um meio que sensibiliza


o ouvido humano. Esta movimentação ocorre em ondas de compressão e rarefação das
moléculas e, hipoteticamente, o som se propaga, a partir de uma fonte sonora, por igual
para todos os lados.
Importante frisar que o som não se propaga no vácuo, pois nele não existe matéria,
ou seja, não existem moléculas para sua propagação.

A velocidade do som depende da densidade do meio. Quanto mais denso o meio mais
rápida a propagação do som. No ar a velocidade de propagação do som varia de 340 a
345m/s. O ouvinte é atingido por frentes de ondas sonoras (compressões) e, quando o som
é representado por um vetor, é chamado de Raio Sonoro.

2.2. Frequência do som.

Frequência relaciona o número de ocorrências de um evento num determinado tempo.


Assim, frequência do som é o número de frentes de ondas sonoras que atingem um ouvinte
em um segundo. Quando o ouvinte é atingido, de maneira regular, por 100 frentes de onda
sonora num período de um segundo, o som que o atinge tem frequência de 100 Hertz.

Na senoide representativa do som, a frequência é definida pelo comprimento de onda,


podendo ser calculada pela seguinte equação:

λ=

Onde:
λ - Comprimento da onda sonora.
V - Velocidade do som no ar.
F - Frequência do som.

Efetivamente, para os sons puros (de frequência única), a frequência define se ele é
grave (20 a 200 Hz), médio (200 a 2000 Hz) ou agudo (2000 a 20000 Hz). O homem escuta,
portanto, de 20 até 20000 Hz. Abaixo de 20 Hz é chamado de infrassom e acima de 20000
Hz é ultrassom. Digno de nota que o homem é mais sensibilizado pelos sons agudos do
que pelos graves.

Bandas de oitava são faixas de frequências audíveis pelo homem que vão do grave
ao agudo dobrado o valor de uma para outra. Assim podemos definir como “uma oitava”:

63 Hz – 125 Hz – 250 Hz – 500 Hz – 1000 Hz – 2000 Hz – 4000 Hz – 8000 Hz


2.3. Decibel.

Na sua movimentação o som exerce sobre pressão nas moléculas do ar e a magnitude


desta sobre pressão define sua potência, sendo que a unidade internacional de pressão é
o Pascal (Pa). Destarte, o ouvido humano é capaz de ouvir de 0,00002 até 100 Pa. Como
a distância entre os extremos é muito grande, foi elaborada a escala de decibel (dB) que é
a relação logarítmica entre um número e um valor de referência.

Para transformar Pascal em decibel é utilizada a seguinte Equação:

Lp=20.Log( )

Onde:
Lp – Nível de pressão sonora em decibel
I – Nível de pressão sonora em Pascal a ser transformado em decibel
Io – Nível de pressão sonora de referência em Pascal (0,00002 Pa)

Assim, a variação de sensibilidade auditiva do homem vai de 0 dB (0,00002 Pa) até


140 dB (100 Pa).

Vale acrescentar que o homem não escuta por igual as diferentes frequências, como
já informado. Foram criadas, então, ponderações que relacionam o decibel com a
sensibilidade auditiva do ser humano. Estas ponderações representam esta sensibilidade
num número único, das quais aqui destacamos a ponderação “A” – dB(A), utilizada para
avaliações de níveis de pressão sonora moderados, ou seja, do cotidiano.

Na prática a principal diferença entre dB e dB(A) é que o desempenho acústico de


materiais, no que diz respeito à capacidade de isolamento de sons, é fixado em dB, pois é
a relação da pressão sonora que incide sobre uma superfície deste material e a pressão
sonora que passa por ele. Por sua vez as normas e Leis que fixam valores de níveis de
ruídos para ambientes, sejam eles fechados ou abertos, o fazem num número único em
dB(A). Outra diferença é que dB pode ser apresentado por frequências, já dB(A) sempre
será um único valor.

Alguns níveis de ruídos relacionados com as sensações humanas:


 0 a 20 dB(A) – silencio absoluto, muito difícil de ocorrer nos ambientes de nosso
cotidiano.
 35 a 40 dB(A) – níveis sonoros compatíveis com o sono. Ambiente silencioso.
 50 a 55 dB(A) – cotidiano de um ambiente doméstico.
 65 dB(A) – limite de níveis sonoros para escritórios.
 69 dB(A) – limite da irritabilidade.
 80 dB(A) – limite da saúde auditiva.
 130 dB(A) – nível sonoro a uma distância de 5 metros de um jato de avião em
funcionamento.
 140 dB(A) – Limiar da dor.

No Brasil as normas que indicam os níveis sonoros adequados são a NBR 10151
(ABNT, 2003) para espaços externos e a NBR 10152 (ABNT, 1992) para os ambientes
interiores dos edifícios.

A progressão sonora não ocorre linearmente, e sim de uma maneira logarítmica, ou


seja, a progressão tende a estabilizar-se num determinado patamar. Assim, na equação a
seguir é determinado o resultado da soma de diferentes níveis de pressão sonora:

𝐿1 + 𝐿2 + ⋯ 𝐿𝑛 = 10. 𝐿𝑜𝑔(10 + 10 + ⋯ 10 )
onde:
L1, L2 e Ln – Níveis de pressão sonora em decibel que serão somados (dB)

Para facilitar as análises, no entanto, pode ser citada a tabela seguinte, porém só deve
ser usada para a soma de até oito níveis de pressão sonora.

Diferença de... Acrescentar ao maior...


0 ou 1 3
2 ou 3 2
4a9 1
Maior de 9 0

Assim, fica determinado o conceito de mascaramento do som quando o de maior


pressão sobrepõe-se ao de menor pressão chegando mesmo a ofuscá-lo.
2.4. Principais fontes de ruídos a serem observados terreno

Ao visitar o terreno o arquiteto deve observar a existência de significativas fontes de


ruídos nos arredores, para que possa tomar medidas de minimização dos efeitos dstas
fontes nos ambientes interiores.

Estas fontes podem ser:

 Autoestradas – 80 dB(A)
 Estradas secundárias ou vicinais – 75 dB(A)
 Vias férreas – picos de até 70 dB(A)
 Grandes avenidas radiais – 70 dB(A)
 Aeroportos – picos de até 90 dB(A)
 Bares, escolas e ambientes de acúmulo de pessoas – até 70 dB(A)

Sendo verificada a existência de alguma das fontes citadas, a primeira medida a ser
tomada é prever as janelas dos ambientes da edificação de permanência prolongada
(dormitórios, salas de aula, etc.) nas fachadas opostas à direção das fontes.

Em adição, existem outras duas medidas a serem implementadas que serão


detalhadas a seguir.

2.5. Diminuição do som pela distância

O som perde energia, quanto mais distante da fonte o receptor está. Isto é devido ao
fato de que quanto mais distante da fonte maior será a área que a frente de onda atingirá,
decaindo a energia sonora. A magnitude desta perda de energia pode ser calculada pela
equação a seguir:

𝐿2 = 𝐿1 − 20. 𝐿𝑜𝑔( ) para fontes sonoras pontuais

𝐿2 = 𝐿1 − 10. 𝐿𝑜𝑔( ) para fontes sonoras lineares onde:6

D1 – Distância mais próxima da fonte Sonora pontual (metros)


D2 – Distância mais distante da fonte Sonora pontual (metros)

6
Fontes sonoras pontuais – ponto emitindo energia sonora constante em todas as direções como uma sirene de fábrica.
Fontes sonoras lineares – segmento de reta com fontes sonoras pontuais muito próximas entre si emitindo sons em todas
as direções resultando numa onda sonora cilíndrica, como uma autoestrada, por exemplo.
L1 – Nível de pressão a uma distância D1 da fonte sonora (dBA)
L2 – Nível de pressão a uma distância D2 da fonte sonora (dBA)

Efetivamente, ao dobrar-se a distância de uma fonte sonora pontual o som decai 6


dB(A). Já para fontes lineares este decaimento é de 3 dB(A).

2.6. Barreiras acústicas.

Anteparos construídos entre a fonte e o receptor. Sua ação como amortecedor de


níveis de pressão sonora baseia-se no conceito de difração do som, que é a capacidade
que o som possui de transpor barreiras, porém perdendo potência nesta transposição.
Existe uma região, imediatamente posterior à barreira, denominada sombra acústica onde
pouco se escuta dos ruídos oriundos da fonte.

É digno de nota que as barreiras acústicas devem ser constituídas de materiais


densos como alvenaria, concreto ou vidro laminado e não devem possuir aberturas.
Agrupamentos vegetais, como árvores e cercas vivas, não tem eficiência para serem
utilizados como barreiras acústicas.

O amortecimento proporcionado pela barreira acústica pode variar de 15 a 20 dB(A)

2.7. Acústica em esquadrias

Nas esquadrias o isolamento de ruídos aéreos deve-se evitar que as janelas tenham
frestas, colocando-se borrachas nas bordas e escovinhas de feltro nas partes móveis.
Também os mecanismos de fechamento devem propiciar uma ligeira pressão para que a
esquadria não se movimente quando fechada.

O tipo de funcionamento da esquadria pode melhorar o isolamento de ruídos aéreos,


pois as janelas de abrir e maxi ar terem um desempenho melhor que as de correr. Quando
tomadas os cuidados citados para melhoria das condições de isolamento sonoro, a
capacidade de impedir a passagem de ruídos aéreos nas esquadrias de abrir e maxi ar é
de até 21 dB e nas de correr este número cai para 18 dB.

As esquadrias chamadas “acústicas” têm todas as características para otimização da


capacidade de isolamento de ruídos aéreos em janelas citadas anteriormente, possuindo
estruturas mais robustas e vidros mais espessos e, algumas vezes duplos com vão entre
eles. Com um isolamento sonoro que varia de 35 até 45 dB, as esquadrias acústicas são
muito caras e devem ser usadas para casos extremos como a existência de uma importante
fonte de ruídos nas proximidades da edificação como uma autoestrada ou avenida ruidosa,
ou os níveis de ruídos externos de um dormitório no período noturno (de 22h até 6h)
excederem 65 dB(A), por exemplo.

2.8. Isolamento sonoro em vedações

O isolamento acústico de ruídos aéreos diz respeito a uma propriedade intrínseca dos
materiais que compõe uma vedação. Para que um material seja considerado isolante
acústico deve ter como característica principal ser pesado.

Porém, para se avaliar o desempenho acústico de uma divisória entre ambientes deve
ser levada em conta, além do peso como citado anteriormente, sua espessura. Nesse
sentido é importante destacar a chamada “Lei das massas”, pois quanto maior a espessura
da lâmina de um material, maior sua capacidade de isolamento acústico de ruídos aéreos.
Quando duplicada a espessura de uma divisória acrescenta-se 6 dB no isolamento de
ruídos aéreos.

Se houver uma camada de ar entre duas placas de um material qualquer com


espessura máxima de 0,12m haverá um acréscimo na capacidade de isolamento de ruídos
aéreos da divisória que pode ser otimizado ainda mais se esta camada de ar for preenchida
com material absorvente acústico, como lãs minerais (lã de rocha ou lã de vidro). Este
recurso é utilizado em divisórias leves, como gesso acartonado por exemplo, para que estas
fiquem com um desempenho acústico para o isolamento de ruídos aéreos similar ou mesmo
superior ao de vedações muito mais pesadas.

Como indicadores de desempenho para o isolamento sonoro em vedações (lajes e


paredes), podem ser citados o Índice de Redução Sonora Ponderado (Rw) e a Diferença
Padronizada de Nível Ponderada (Dnt,w). Ambos são apresentados num número único e o
que diferencia os dois índices é que o Rw é válido para testes feitos em laboratórios e o
Dnt,w é obtido em testes, mesmo que normatizados, feitos no local onde foi executada a
vedação, ou seja, em condições de uso.

Vale acrescentar que quanto maior o valor de Rw e Dnt,w, melhor a capacidade da


vedação em impedir que o som passe de um lado para o outro, sendo:
 Rw de 40dB (Dnt,w de 35dB) se ouve e entende bem o que uma pessoa fala no outro
lado da vedação.
 Rw de 45dB (Dnt,w de 40dB) se ouve, porém não se entende o que uma pessoa fala no
outro lado da vedação.
 Rw de 50dB (Dnt,w de 45dB) se ouve com dificuldade o que uma pessoa fala no outro
lado da vedação.
 Rw de 55dB (Dnt,w de 50dB) não se ouve o que uma pessoa fala no outro lado da
vedação.

A norma brasileira NBR 15575 (ABNT, 2013) apresenta três níveis de desempenho
para o isolamento de ruídos aéreos em vedações para habitações, sendo esses níveis o
mínimo, o médio ou o superior. Como exemplo pode ser citado que o nível mínimo de
desempenho para vedações verticais que dividem unidades habitacionais distintas é Rw de
45 dB (Dnt,w de 40 dB).

A seguir, são apresentadas as capacidades de isolamento de ruídos aéreos de algumas


vedações verticais usadas nas edificações brasileiras:

 Alvenaria de tijolo baiano de oito furos com reboco em ambas as faces e espessura final
de 15cm – Rw de 45 dB
 Alvenaria de tijolo de barro maciço com reboco em ambas as faces e espessura final de
15cm (meio tijolo) – Rw de 48 dB
 Alvenaria de tijolo de barro maciço com reboco em ambas as faces e espessura final de
25cm (tijolo inteiro) – Rw de 52 dB
 Alvenaria de bloco de concreto (14x19x39cm) revestido em ambas as faces por camada
de gesso comum de 0,5cm – Rw de 45 dB

2.9. Amortecimento de ruídos de impacto.

Ruído de impacto é resultado da percussão de um material em outro, sendo


representado pelo ruído de solas de sapatos em lajes ou o arrastar de móveis. Trata-se de
um dos piores problemas acústicos nas edificações

Como indicador de desempenho para ruídos de impacto em vedações horizontais


divisórias de pavimentos pode ser citado o Nível de Pressão Sonora de Impacto
Padronizado Ponderado (Lnt,w). Apresentado num número único e tendo como unidade o
decibel (dB), quanto menor o valor de Lnt,w melhor o desempenho da vedação horizontal,
sendo:

 Lnt,w de 80 dB – São ouvidos os passos na laje com facilidade


 Lnt,w de 60 dB – São ouvidos os passos na laje
 Lnt,w de 50 dB – São ouvidos os passos na laje com dificuldade
 Lnt,w de 40 dB – Não são ouvidos os passos na laje

A norma brasileira NBR 15575 (ABNT, 2013) apresenta para o nível obrigatório
(mínimo) um Lnt,w de 80 dB. Este valor corresponde ao desempenho de uma laje maciça
de concreto armado com 10cm de espessura.

Para minorar os efeitos dos ruídos de impacto inicialmente pode ser citado o aumento
da espessura da vedação horizontal (laje) entre pavimentos. Em lajes de concreto armado
maciças, para cada centímetro de acréscimo na sua espessura ocorre uma diminuição de
1 dB no valor de Lnt,w.

Outra solução em vedações horizontais para minimização dos efeitos de ruídos de


impacto é o seu amortecimento, com o uso de materiais macios sobre ou sob o piso
acabado da vedação. Nesse sentido o uso de carpetes, tapetes, pisos emborrachados,
dentre outros é eficiente, porém é um limitador estético ao projetista. Assim a mais
consagrada solução é o chamado “piso flutuante”, que se trata do uso de material resiliente,
como mantas de polietileno expandido, entre a laje e o contrapiso. Vale destacar que o
material resiliente deve ser dobrado na conexão da vedação vertical com a vedação
horizontal, isolando o contrapiso da alvenaria e vigas, evitando a transmissão marginal do
ruído de impacto pela vibração da estrutura.

2.10. Reverberação

Reverberação é um fenômeno acústico caracterizado pelo prolongamento do som


num determinado ambiente após cessada sua fonte. Diferentemente do eco, na
reverberação não é identificado o que foi falado no som da origem, porém seu
prolongamento por um tempo elevado pode comprometer o entendimento das palavras e
frases. Também, diversamente ao eco a reverberação é um fenômeno característico de
locais fechados.
Tempo de Reverberação (TR) é o tempo, em segundos, de permanência do som num
ambiente depois de encerrada sua fonte. Quando elevado, pode prejudicar o entendimento
da palavra falada, bem como aumentar os níveis de ruídos de um ambiente.

Cada ambiente possui um TR adequado, existindo algumas deliberações normativas


que demonstram o valor conveniente para o local. No Brasil a norma NBR 12179 (ABNT,
1992) apresenta um gráfico que relaciona o TR com o volume da sala e seu uso. No entanto,
para salas onde é importante o bom entendimento da palavra falada ou é imperativo o
controle dos níveis de ruídos, como escritórios, salas de aulas, restaurantes, salas de
embarque e desembarque de estações rodoviárias e aeroportuárias, pode-se considerar
que o TR ótimo se delimita entre 0,4 e 0,6 segundos. Nestes ambientes o TR máximo deve
ser de 0,8 segundos.

Para controle e diminuição do TR devem ser usados como materiais de revestimento


e acabamento que têm por característica principal serem leves, fibrosos e de poros abertos,
como lãs de vidro ou rocha, tecidos grossos, tapetes e produtos industrializados, como os
forros minerais, por exemplo. Deve-se tomar cuidado, pois muitos destes materiais são de
fácil combustão e propagação de fumaça tóxica.

Para classificar e quantificar os materiais na sua capacidade de absorção sonora,


podem ser citados o Coeficiente de Absorção Sonora (α) e o Coeficiente de Redução de
Ruídos (NRC). O primeiro, apresentado por frequências, indica numericamente a
competência de absorção de um material. O outro trata-se de um número único resultado
da média aritmética de α para diversas frequências que classifica os materiais na sua
capacidade de absorção sonora, sendo:

 NRC de até 0,5 – Não é absorvente acústico.


 NRC de 0,5 até 0,65 – Material regular na capacidade de absorção acústica.
 NRC de 0,65 até 0,75 – Material bom absorvente acústico.
 NRC acima de 0,75 – Material excelente na sua capacidade de absorção acústica.

Existem algumas equações utilizadas para o cálculo de TR, sendo a mais consagrada
a desenvolvida por Wallace Sabine, apresentada a seguir:
0,161. 𝑉
𝑇𝑅 =
∑(𝛼. 𝐴)
Onde:
TR – Tempo de Reverberação (segundos)
V – Volume do recinto (m³)
A – Área da superfície onde é aplicado o material (m²)
α – Coeficiente de absorção do som para a frequência calculada.

Digno de nota que o cálculo de TR deve ser feito por frequência. Para os materiais
considerados bons absorventes acústicos, os fabricantes fornecem tabelas com
coeficientes de absorção (α) de seus produtos para diversas frequências. Porém, seguem,
na tabela a seguir, os coeficientes de absorção de acabamentos usuais.

Material 250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 4000 Hz


Piso cerâmico 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02
Mármore ou granito 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02
Tacos de madeira colados 0,04 0,06 0,12 0,10 0,17
Réguas de madeira encerada 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07
Borracha lisa 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02
Carpete 5mm (Fabricante FADEMAC) 0,03 0,07 0,14 0,24 0,34
Tapete 5mm de espessura 0,04 0,15 0,29 0,52 0,59
Tijolo cerâmico sem reboco 0,03 0,03 0,04 0,05 0,07
Bloco de concreto aparente 0,44 0,31 0,29 0,39 0,25
Reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06
Lambri de madeira 0,07 0,06 0,06 0,06 0,05
Concreto aparente sem pintura 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03
Esquadrias convencionais com vidro 0,25 0,18 0,12 0,07 0,04
Porta de madeira compensada envernizada - 0,03 - 0,03 -
Gesso comum em placas - 0,03 - 0,05 -
Gesso acartonado 12,5mm - 0,05 - 0,07 0,09
Adulto em pé 0,325 0,44 0,42 0,46 0,37
Adulto em poltrona simples 0,33 0,38 0,46 0,39 0,35
Criança 0,20 0,27 0,30 0,36 0,36
Obs. Para as pessoas o valor de α deve ser multiplicado pelo número de pessoas.

2.11. Fundamentos de projeto arquitetônico para auditórios e teatros.

Na Acústica Arquitetônica, existem algumas salas onde os princípios fundamentais da


acústica são premissas do projeto arquitetônico. Como exemplo, podem ser citados
auditórios, teatros, cinemas, salas de concerto, etc.

Desse modo, serão apresentados, a seguir, algumas diretrizes básicas para o


dimensionamento de duas dessas salas (auditórios e teatros) com configuração retangular,
que podem contribuir para uma melhor experiência visual e acústica para seus usuários.
2.11.1. Determinando a largura da sala.

Tendo como base as dimensões de uma poltrona padrão, define-se a quantidade de


poltronas por fileira, bem como a quantidade de corredores de passagem. Cada corredor
de passagem deve ter 1,20m de largura. Importante ressaltar que as poltronas devem estar
presas no piso e o máximo de poltronas por fileira continuamente, sem a necessidade
corredor de passagem entre elas é de 16 poltronas.

Figura 13 – Orientações para definição de largura da sala.

2.11.2. Determinando o comprimento da Sala.

Definida a largura da sala e tendo como premissa uma proporção ideal, obtém-se o
seu comprimento através da equação:

Comprimento = 1,6 x Largura

Algumas definições devem ser igualmente consideradas.

1) Do comprimento calculado, 1/3 é referente à profundidade palco e 2/3 para a plateia.


2) A distância do palco até o primeiro degrau de fileiras deve variar entre 2,00m até 3,00m.
3) A profundidade de cada degrau de fileira deve ser de, no mínimo, 1,10m. Se o acesso
da sala for pelo último degrau de fileiras, este último degrau deve ter 2,00m de
profundidade.
4) Espaços para cadeirantes devem estar localizados na fileira de acesso à sala.
Figura 14 – Orientações para definição do comprimento da sala.

2.11.3. Definindo alturas.

A altura do Palco deve variar entre 0,80m e


1,10m. As alturas dos degraus de fileiras, por sua
vez, devem ter variação entre 0,13m e 0,15m.
Nesta altura de degraus de fileiras, as poltronas
devem ser intercaladas, ou seja, o centro da
poltrona da fileira posterior deve se alinhar com a
divisão entre duas poltronas da fileira da frente.
Para que as poltronas das fileiras posterior e de
frente possam ser alinhadas, as alturas dos
degraus devem variar entre 0,30m e 0,40m.

O pé-direito mínimo no ponto mais alto da Figura 15 – Finalização dos degraus nas paredes
laterais.
sala deve ser de 4,00m (quando o teto é reto).
Observar que no fundo da sala (último degrau) o pé-direito não pode ser inferior a 2,30m.
Se existirem mezaninos, devem ser adotadas as seguintes dimensões:

Figura 16 – Definindo alturas na sala.

Figura 17 – Dimensões para mezaninos e balcões.


Em adição, são apresentadas algumas considerações complementares.

 Evitar locar banheiros nas paredes limítrofes da sala.


 Nas paredes limítrofes o Rw mínimo é de 50dB.
 Nunca utilizar as paredes limítrofes da sala para passagem de tubulação hidráulica.
 Ideal locar corredores nos arredores da sala (ambientes de permanência transitória).
 Deve ser evitado separar salas de espera e foyers da área de apresentações apenas
por paredes (box in the box)
 Evitar implantar ambientes de uso sobre salas especiais (ruídos de impacto).
 Nunca implantar ginásios esportivos sobre salas especiais.
 Para salas que têm ambientes de apoio (coxias, camarins, etc.) devem ser previstos
acessos distintos para a plateia e para esses ambientes de apoio.
 Ideal prever antecâmara para acesso à plateia.

Por fim, são apresentadas peças gráficas de um exemplo de projeto.

Figura 18 – Exemplo de projeto – Planta sem escala.


Figura 19 – Exemplo de projeto – Corte transversal sem escala.

3. LUMINOTÉCNICA.

3.1. A luz.

Toda radiação eletromagnética que é percebida pelo olho humano. A luz visível é
geralmente definida como tendo comprimentos de onda na faixa de 400 até 700
Nanômetros7. Quando o comprimento de onda desta radiação é menor de 400 Nanômetros
ela é chamada de Ultravioleta e quando é superior a 700 Nanômetros é chamado de
Infravermelho.

Para a luminotécnica a preocupação é, além da quantificação da parte visível da luz,


igualmente no controle de Ultravioleta, pois seus efeitos podem, dentre outros, desbotar
cores de roupas e pinturas artísticas.

3.2. Unidades Fundamentais.

Para as fontes luminosas o que quantifica a luz emitida é o fluxo luminoso. Tendo
como unidade o Lumen (Lm) é definido como a potência de radiação total emitida por uma
fonte de luz para todos os lados. Para as lâmpadas este dado pode ser obtido nos catálogos
dos fabricantes.

7 unidade de medida de comprimento do sistema métrico que correspondente a 0,000000001 metro.


Quando é considerada a radiação emitida num ângulo sólido, ou seja, quando a luz é
direcionada e representada graficamente por um vetor, a quantificação se dá pela
Intensidade luminosa e sua unidade é candela (Cd).

Já a luz que incide sobre um plano é quantificada em Iluminância e tem como unidade
o Lux (Lx). Vale acrescentar que as normas e Leis que fixam níveis de iluminamento
adequado para ambientes, sejam eles externos ou internos, o fazem em Lux.

Tendo como unidade o Kelvin (K) a Temperatura de Cor define se a luz emitida pela
fonte é amarela (quente), branca (intermediária) ou branca azulada (fria), sendo:

a) Até 3.000 K – luz amarela


b) De 3.000 K até 5.000 K – luz branca
c) Acima de 5.000 K – luz branca azulada

Índice de Reprodução de Cor (IRC) define a capacidade de refletir a cor de um objeto


quando iluminado por uma fonte artificial de luz, se comparado com a cor deste objeto ao
ser iluminado pela luz do sol.

Por fim, a eficiência energética das fontes artificiais de luz. Trata-se da relação entre
o fluxo luminoso (lumen) que a fonte artificial de luz emite e a quantidade de energia elétrica
consumida no seu funcionamento (Lumen/Watt). Como exemplo uma lâmpada fluorescente
compacta que consome 23 Watts emite 1.400 Lumens (60,86 Lm/W), sendo muito mais
eficiente do que uma lâmpada incandescente comum que consome 40 Watts e emite 516
Lumens (12,90 Lm/W).

3.3. Luminárias.

Trata-se de um sistema ótico que tem como funções conectar a lâmpada na energia
elétrica e distribuir ou modificar a luz emitida pelas lâmpadas. Também as luminárias podem
controlar ofuscamento, tendo como função secundária os aspectos simbólicos e estéticos
na sua escolha.

No que diz respeito ao controle de ofuscamento, a norma brasileira NBR ISO/CIE 8995
adota o indicador de UGR (Unified Glare Ration – Razão de Ofuscamento Unificado).
Dizendo respeito às dimensões e o uso do ambiente, o UGR trata-se de um número que
vai de 13 até 28 pulando de três em três. Quanto Maior o UGR menor a necessidade de
controle de ofuscamento, sendo:

(maior controle) 13 – 15 – 19 – 22 – 25 – 28 (menor controle)

No entanto, alguns catálogos de luminárias apresentam o UGR que serve para aquela
luminária, normalmente trazendo o UGR global para Transversal e Longitudinal.

As luminárias podem ser classificadas em difusa (luz emitida para todos os lados),
diretas (luz emitida para baixo), mistas (luz emitida para baixo e para cima) e indiretas (luz
emitida para cima).

Igualmente as luminárias possuem classificação de proteção contra resíduos sólidos


(poeira), e também contra líquidos (jatos de água, respingos, chuva intensa, submersão,
etc). Chamada de classificação IP (Índice de Proteção), trata-se de dois números, sendo o
primeiro número é a proteção contra poeira (0 a 6) e o segundo a proteção contra líquidos
(0 a 8).

Por fim, convém citar que, com a evolução dos módulos LED (Diodo Emissor de Luz),
cada vez mais as luminárias já têm a integração da fonte luminosa com a luminária.

3.4. Lâmpadas.

Primeiramente convêm citar que as lâmpadas, pela sua emissão de luz, podem ser
separadas em lâmpadas refletoras e difusas. As lâmpadas refletoras direcionam a luz
emitida numa direção e são as PAR (Parabolic Aluminized Reflector), AR (Alumínio Refletor)
e dicroica. Esse tipo de lâmpada é escolhida em função do ângulo de abertura de foco e a
quantidade de luz emitida é quantificada em Candelas. Já as lâmpadas difusas emitem luz
em todas as direções e a quantidade de luz que elas emitem são quantificadas em Lumens.

A classificação das lâmpadas ocorre pelo seu funcionamento. Nesse sentido, podem
ser divididas entre as incandescentes, as de descarga e as lâmpadas LED.

Lâmpadas incandescentes funcionam pela passagem de elétrons por um filamento


metálico, que se aquece e se ilumina. Nesse grupo as lâmpadas sempre a luz emitida
sempre é amarela (máximo de 3.000 K), com pouca durabilidade (máximo de 3.000 horas
de vida média) e com baixa eficiência energética. Porém sempre têm IRC de 100%. Nesse
grupo estão as incandescentes comuns, as halógenas e as halógenas refletoras (AR, PAR
e dicroica).

No conjunto das lâmpadas de descarga o funcionamento se baseia na descarga


elétrica numa mistura de gases que se ilumina. Podem emitir luz amarela, branca ou branca
azulada e têm grande durabilidade (de 6.000 até 15.000 horas). Em adição as lâmpadas de
descarga possuem boa eficiência energética, no entanto têm, como pontos negativos, o
máximo de IRC de 85% e precisam de equipamentos auxiliares especiais para serem
usadas em temporizadores, não podendo ser usadas em dimmers . Nesse grupo de
lâmpadas podem ser citadas as lâmpadas fluorescentes tubulares, as fluorescentes
compactas e as lâmpadas de descarga de alta intensidade como as de Vapor Metálico,
Vapor de Sódio e Vapor de Mercúrio.

LED é a sigla de Lighting Emited Diode, ou Diodo Emissor de Luz. A luz emitida por
essa fonte é resultante de uma pequena descarga elétrica em chip de silício ou germânio
que emitem luz. São compostos de módulos que adquirem inúmeras formas podendo
substituir todos os tipos de lâmpadas, sendo ideais para retrofit, ou seja, atualização
tecnológica do sistema luminotécnico. Possuem altíssima vida média (acima de 15.000
horas) e uma excelente eficiência energética, também podendo ser amarelas, brancas ou
brancas azuladas.

3.5. Procedimentos de cálculo para o projeto luminotécnico. eixo da lâmpada

teto
3.5.1. Iluminação local ou de destaque
1.50

Basicamente existem duas maneiras de escolher a


2.70

lâmpada refletora adequada para iluminar apenas um ponto ou


objeto do ambiente. Tendo como modelo o caso apresentado na
1.20

figura 20, serão delineados os dois critérios de escolha, sendo


que ambos podem ser usados combinados. piso

CORTE
O primeiro critério é pela área a ser iluminada. Neste caso
0.50

a escolha baseia-se no ângulo de abertura de facho da lâmpada.


A seguir é apresentado um passo-a-passo para a escolha da 0.50

lâmpada, levando em conta sua abertura de facho: PLANTA


Figura 20 – Objeto a ser iluminado
 Ligar as extremidades do objeto com a lâmpada. Verificar ângulo da abertura (Figura
21).
 Escolher lâmpada refletora com ângulo de abertura de facho mais aproximado. Ver
círculo resultante no plano iluminado (Figura 22).

Figura 21 – Ângulo necessário. Figura 22 – Escolha da lâmpada.

Outro critério de escolha é pela Intensidade Luminosa da lâmpada, ou seja, a


quantidade de Candelas que ela emite. Para isto deve-se verificar a Iluminância (Lux) que
se deseja alcançar no centro do círculo resultante no plano iluminado e utilizar a equação
apresentada a seguir.

𝐼
𝐸=
𝑑²

Onde:
E – Iluminância no centro do círculo (Lux)
I – Intensidade Luminosa da lâmpada (Candela)
d – Distância da lâmpada ao plano iluminado
(metro)

Vale acrescentar que a iluminância na


borda do círculo resultante será a metade da
iluminância calculada no centro, conforme Figura 23 – Cálculo de iluminâncias.
apresentado na Figura 23 para exemplo
anterior.

3.5.2. Iluminação geral

Neste procedimento é considerada a iluminação no plano de trabalho procurando


uniformizá-la em todos os pontos do recinto. Assim, calcula-se a quantidade de luminárias
necessárias para alcançar a iluminância (lux) recomendada para o uso do ambiente
segundo a NBR ISO/CIE 8995 (ABNT, 2013) e esta quantidade deve ser distribuída
uniformemente.

A seguir será apresentado um passo a passo para o cálculo do número de luminárias


necessárias.

 Calcular o índice do recinto com a seguinte equação:

(5. 𝑃𝐷𝑈. [𝐿 + 𝐶])


𝑅𝐶𝑅 =
𝐴

Onde:
RCR – Razão de Cavidade Zonal
PDU – Pé Direito Útil, ou seja, distância da luminária ao ponto iluminado (metro)
L – Largura do ambiente (metro)
C – Comprimento do ambiente (metro)
A – Área do ambiente (m²)

 Em tabela da luminária, achar o Fator de Utilização (FU). Apresenta-se um exemplo de


determinação de FU em tabela, calculado RCR de 5 e com refletância de teto (80%),
parede (50%) e piso (20%).
Refletância do teto

Refletância das paredes

Refletância do piso
Segue uma tabela com refletâncias de diversas cores.

Vale acrescentar que existe uma tabela de Fator de Utilização (FU) específico de cada
luminária. Alguns fabricantes apresentam esta tabela nos catálogos de suas
luminárias. Para os catálogos de fabricantes que não apresentam estas tabelas,
podem ser utilizadas as tabelas genéricas constantes no anexo. Basta escolher a
tabela da luminária com aparência e descrição mais próxima da apresentada nas
tabelas genéricas.

De mesmo modo, alguns fabricantes apresentam tabelas de Fator de Utilização


utilizando o índice do recinto “K”. Neste caso, pode-se adotar uma relação entre K e
RCR:

5
𝑅𝐶𝑅 =
𝐾

 Calcular o número de luminárias necessário, utilizando a seguinte equação:

𝐸. 𝐹𝐷. 𝐴
𝑁=
𝐹𝑈. [𝑛. 𝛹]

Onde:
N – Número de luminárias
E – Iluminância a ser alcançada (lux)
FD – Fator de Depreciação (1,25 para boa manutenção ou 1,67 para má manutenção)
A – Área do ambiente (m²)
FU – Fator de Utilização
n – Número de lâmpadas existentes em uma luminária.
Ψ – Fluxo luminoso de uma lâmpada (Lumen)

 Definir um valor cheio para o número de luminárias (N). Não pode ser um número primo.
 Verificar a Iluminância resultante com o valor N adotado.
Onde:
N – Número de luminárias
E – Iluminância a ser alcançada (lux)
FD – Fator de Depreciação (1,25 para boa manutenção ou 1,67 para má manutenção)
A – Área do ambiente (m²)
FU – Fator de Utilização
n – Número de lâmpadas existentes em uma luminária.
Ψ – Fluxo luminoso de uma lâmpada (Lumen)

 Determinação das distâncias entre eixos de luminárias e distribuição do conjunto nos


eixos X e Y. Nesse caso, deve ser considerado que distância de parede até o centro da
luminária é sempre a metade da distância do centro da luminária até o centro da outra
luminária, conforme exemplo apresentado para distribuição de 6 luminárias, sendo
fileiras de 3 luminárias e colunas de 2 luminárias. Note-se que o total de x e y
corresponde ao comprimento e largura respectivamente.

Figura 24 – Exemplo de distribuição de luminárias.


ANEXOS

Tabela de Fator de Utilização para luminária 1


80 80 80 50 50 50 10 10 10
Luminária difusa
RCR 50 20 10 50 30 10 50 30 10
pendente
20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 0.70 0.66 0.62 0.55 0.52 0.49 0.38 0.36 0.34
2 0.60 0.53 0.47 0.46 0.42 0.37 0.30 0.28 0.25
3 0.51 0.43 0.38 0.40 0.35 0.30 0.26 0.23 0.21
4 0.45 0.37 0.32 0.36 0.30 0.25 0.23 0.20 0.17
5 0.39 0.32 0.26 0.31 0.25 0.20 0.20 0.17 0.14
6 0.36 0.27 0.22 0.27 0.22 0.19 0.17 0.14 0.12
7 0.31 0.24 0.19 0.24 0.19 0.15 0.16 0.12 0.10
8 0.28 0.21 0.17 0.21 0.16 0.13 0.14 0.11 0.08
9 0.25 0.18 0.14 0.19 0.14 0.12 0.14 0.10 0.07
10 0.21 0.17 0.12 0.17 0.12 0.09 0.12 0.08 0.07

Tabela de Fator de Utilização para luminária 2


Spot circular de 80 80 80 50 50 50 10 10 10
embutir com
lâmpada(s) RCR 50 20 10 50 30 10 50 30 10
posicionada(s) no
sentido transversal 20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 0.87 0.84 0.81 0.82 0.79 0.77 0.76 0.74 0.72
2 0.77 0.72 0.67 0.72 0.67 0.65 0.67 0.64 0.62
3 0.68 0.61 0.56 0.64 0.59 0.55 0.60 0.56 0.53
4 0.60 0.53 0.48 0.57 0.51 0.47 0.53 0.49 0.45
5 0.52 0.46 0.40 0.50 0.44 0.40 0.47 0.42 0.39
6 0.47 0.40 0.34 0.45 0.38 0.34 0.43 0.37 0.34
7 0.42 0.34 0.29 0.40 0.33 0.29 0.37 0.32 0.28
8 0.37 0.30 0.25 0.36 0.29 0.25 0.34 0.29 0.25
9 0.34 0.27 0.22 0.32 0.26 0.26 0.30 0.25 0.21
10 0.30 0.24 0.19 0.29 0.23 0.19 0.28 0.22 0.19
Tabela de Fator de Utilização para luminária 3
Spot circular de 80 80 80 50 50 50 10 10 10
embutir com
lâmpada(s) RCR 50 20 10 50 30 10 50 30 10
posicionada(s) no
sentido longitudinal 20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 0.83 0.80 0.78 0.78 0.76 0.75 0.72 0.71 0.70
2 0.76 0.72 0.69 0.72 0.69 0.67 0.67 0.65 0.64
3 0.70 0.65 0.62 0.66 0.63 0.60 0.62 0.60 0.58
4 0.64 0.59 0.55 0.61 0.57 0.54 0.58 0.55 0.53
5 0.58 0.53 0.49 0.56 0.52 0.49 0.53 0.50 0.47
6 0.53 0.48 0.44 0.51 0.47 0.44 0.49 0.46 0.43
7 0.49 0.43 0.39 0.47 0.42 0.39 0.45 0.41 0.38
8 0.44 0.39 0.35 0.43 0.38 0.35 0.41 0.37 0.34
9 0.40 0.35 0.31 0.39 0.34 0.31 0.37 0.34 0.31
10 0.38 0.32 0.28 0.36 0.31 0.28 0.34 0.30 0.27
Tabela de Fator de Utilização para luminária 4
Luminária difusa 80 80 80 50 50 50 10 10 10
para lâmpadas RCR 50 20 10 50 30 10 50 30 10
fluorescentes
20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 0.85 0.81 0.77 0.77 0.73 0.70 0.67 0.65 0.63
2 0.73 0.66 0.60 0.66 0.60 0.56 0.57 0.54 0.51
3 0.63 0.55 0.49 0.57 0.51 0.46 0.50 0.46 0.42
4 0.55 0.47 0.41 0.50 0.44 0.38 0.44 0.39 0.35
5 0.48 0.40 0.34 0.44 0.37 0.32 0.38 0.33 0.29
6 0.43 0.35 0.29 0.29 0.32 0.27 0.34 0.29 0.25
7 0.38 0.30 0.24 0.35 0.28 0.23 0.31 0.26 0.22
8 0.34 0.26 0.21 0.31 0.25 0.20 0.28 0.22 0.18
9 0.31 0.23 0.18 0.28 0.21 0.17 0.25 0.19 0.16
10 0.28 0.20 0.16 0.25 0.19 0.15 0.23 0.17 0.14
Tabela de Fator de Utilização para luminária 5
Luminária direta 80 80 80 50 50 50 10 10 10
para lâmpadas RCR 50 20 10 50 30 10 50 30 10
fluorescentes 20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 0.87 0.84 0.81 0.78 0.76 0.73 0.67 0.66 0.65
2 0.77 0.72 0.66 0.69 0.65 0.61 0.60 0.57 0.55
3 0.68 0.61 0.56 0.61 0.56 0.52 0.53 0.50 0.47
4 0.60 0.53 0.47 0.54 0.49 0.44 0.48 0.44 0.41
5 0.53 0.46 0.40 0.48 0.42 0.38 0.42 0.38 0.35
6 0.47 0.40 0.34 0.43 0.37 0.33 0.38 0.33 0.30
7 0.42 0.35 0.30 0.39 0.33 0.28 0.34 0.30 0.26
8 0.38 0.31 0.26 0.35 0.29 0.24 0.31 0.26 0.23
9 0.34 0.27 0.22 0.31 0.25 0.21 0.27 0.23 0.19
10 0.31 0.24 0.19 0.28 0.22 0.18 0.25 0.20 0.17
Tabela de Fator de Utilização para luminária 6
Luminária direta 80 80 80 50 50 50 10 10 10
para lâmpadas
RCR 50 20 10 50 30 10 50 30 10
fluorescentes com
difusor 20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 0.60 0.57 0.55 0.56 0.54 0.53 0.52 0.51 0.50
2 0.52 0.49 0.46 0.49 0.47 0.44 0.46 0.44 0.42
3 0.46 0.42 0.39 0.44 0.40 0.37 0.41 0.38 0.36
4 0.41 0.36 0.33 0.39 0.35 0.32 0.36 0.34 0.31
5 0.36 0.31 0.28 0.34 0.30 0.27 0.32 0.29 0.26
6 0.32 0.27 0.24 0.31 0.27 0.23 0.29 0.26 0.23
7 0.29 0.24 0.21 0.28 0.23 0.20 0.26 0.23 0.20
8 0.26 0.21 0.18 0.25 0.21 0.17 0.23 0.20 0.17
9 0.23 0.18 0.15 0.22 0.18 0.15 0.21 0.17 0.15
10 0.21 0.16 0.13 0.20 0.16 0.13 0.19 0.16 0.13
Tabela de Fator de Utilização para luminária 7
Luminária direta 80 80 80 50 50 50 10 10 10
para lâmpadas
fluorescentes com RCR 50 20 10 50 30 10 50 30 10
aletas anti-
ofuscamento 20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 0.80 0.77 0.75 0.68 0.66 0.65 0.55 0.54 0.53
2 0.71 0.67 0.63 0.61 0.58 0.56 0.50 0.48 0.46
3 0.64 0.58 0.54 0.55 0.51 0.48 0.46 0.43 0.41
4 0.57 0.51 0.47 0.50 0.45 0.42 0.41 0.38 0.36
5 0.51 0.45 0.40 0.45 0.40 0.37 0.37 0.34 0.32
6 0.46 0.40 0.35 0.40 0.36 0.32 0.34 0.30 0.28
7 0.42 0.35 0.32 0.37 0.32 0.28 0.32 0.27 0.25
8 0.37 0.31 0.27 0.33 0.28 0.25 0.28 0.24 0.22
9 0.34 0.28 0.23 0.30 0.25 0.21 0.25 0.21 0.19
10 0.31 0.25 0.21 0.27 0.22 0.19 0.21 0.19 0.17

Tabela de Fator de Utilização para luminária 8


Luminária direta 80 80 80 50 50 50 10 10 10
para lâmpadas
fluorescentes com
RCR 50 20 10 50 30 10 50 30 10
colméia anti-
ofuscamento
(louver) 20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 0.53 0.51 0.49 0.49 0.48 0.47 0.46 0.45 0.44
2 0.47 0.44 0.42 0.44 0.42 0.40 0.41 0.40 0.38
3 0.42 0.39 0.38 0.40 0.37 0.35 0.38 0.36 0.34
4 0.38 0.34 0.31 0.36 0.33 0.31 0.34 0.32 0.30
5 0.34 0.30 0.27 0.33 0.29 0.27 0.31 0.28 0.26
6 0.31 0.27 0.24 0.30 0.26 0.24 0.28 0.25 0.23
7 0.28 0.24 0.21 0.27 0.24 0.21 0.26 0.23 0.21
8 0.25 0.21 0.19 0.24 0.21 0.19 0.23 0.20 0.18
9 0.23 0.19 0.16 0.22 0.19 0.16 0.21 0.18 0.16
10 0.21 0.17 0.15 0.20 0.17 0.15 0.19 0.16 0.14

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