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GABRIELA PEREIRA FELIPE

ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉRMICO DO CONJUNTO


HABITACIONAL RESIDENCIAL ITATIUNGA

PATOS-PB
JUNHO DE 2021
GABRIELA PEREIRA FELIPE

ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉRMICO DO CONJUNTO


HABITACIONAL RESIDENCIAL ITATIUNGA

Trabalho desenvolvido para


a Disciplina de Estágio
Supervisionado I sob a orientação
da Prof. Esp. Luana Stephanie de
Medeiros.

PATOS-PB
JUNHO DE 2021
ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉRMICO DO CONJUNTO HABITACIONAL
RESIDENCIAL ITATIUNGA
GABRIELA PEREIRA FELIPE

APROVADO EM ______DE_________________________DE__________
MÉDIA: ________

Luana Stephanie de Medeiros


(Orientadora)

(Avaliador interno)

PATOS-PB
JUNHO DE 2021
ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉRMICO DO CONJUNTO HABITACIONAL
RESIDENCIAL ITATIUNGA

Gabriela Pereira Felipe


Orientadora: Luana Stephanie de Medeiros
Centro Universitário de Patos – UNIFIP
Curso Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo

Resumo: A qualidade de uma habitação pode gerar impactos positivos ou negativos aos
seus residentes, a depender do seu planejamento e das estratégias projetuais adotadas.
Considerando as mudanças climáticas no planeta, a busca por edificações sustentáveis,
que proporcionem conforto ambiental aos seus usuários, além de serem eficientes
energeticamente, tem se tornado a maior solução para minimizar os danos ao meio
ambiente e os elevados custos com consumo de energia. Para isso, a aplicação da
Arquitetura Bioclimática deve ser tendenciosa, abrangendo todas as classes sociais,
incluindo as Habitações de Interesse Social. Assim, o presente trabalho tem por objetivo
analisar a qualidade ambiental e a eficiência energética do Conjunto Habitacional
Residencial Itatiunga, localizado na cidade de Patos/PB. Para tal, primeiramente, foram
apresentados os condicionantes climáticos/ambientais da cidade de Patos/PB, para,
posteriormente, se aferir a sua condição de desempenho térmico, tanto a partir de pesquisa
bibliográfica, quanto de avaliação qualitativa das características arquitetônicas dos
edifícios segundo critérios da NBR 15220, que avalia o desempenho térmico de edifícios
baseados em critérios prescritivos segundo diferentes zonas bioclimáticas. Como
resultado, observou-se que o desempenho térmico das habitações de interesse social do
Conjunto Habitacional Residencial Itatiunga tem inúmeros problemas com isolamento
térmico e mal dimensionamento/especificação das características arquitetônicas que
poderiam conferir ao edifício maior conforto. O que ficou evidente é que, como a maioria
das habitações de interesse social construídas no Brasil, o projeto tem deficiências
importantes no desempenho térmico da habitação, que vão desde a escolha das vedações
externas até o dimensionamento das aberturas, comprometendo, em muito, a inércia
térmica desejada para a região e a capacidade de resfriamento do edifício.
PALAVRAS-CHAVE: Conforto térmico, eficiência energética, habitações de interesse
social, qualidade ambiental.
1. INTRODUÇÃO

O estado ou condição de conforto térmico está diretamente ligado à qualidade


de vida da população. O desconforto térmico prejudica o bem-estar, podendo, inclusive,
ocasionar problemas de saúde. Considerando isso, pode-se afirmar que o espaço em que
habitamos gera, direta e/ou indiretamente, impactos no nosso dia a dia. Estar em um
ambiente com condições desagradáveis resultará em problemas físicos e/ou emocionais,
bem como implicará em resultados negativos no rendimento de atividades do cotidiano e
na relação das pessoas que ali residem.

Um projeto arquitetônico de qualidade vai além do senso estético, devendo se


adequar às condições climáticas de cada lugar e gerar ambientes agradáveis e de longa
permanência, pois isso compõe, também, a funcionalidade da edificação. Para tal, ao
projetar, as estratégias e soluções de conforto térmico devem ser pensadas como um dos
pilares primordiais da arquitetura, para que seja realizada uma moradia digna, inclusiva e
de qualidade. Além disso, considera-se a importância da eficiência energética da
habitação, tendo em vista que, nos dias atuais, a busca por métodos sustentáveis deve ser
vista como uma responsabilidade social, caminhando para reduzir os custos com energia
elétrica e os danos ao meio ambiente.

De acordo com Carvalho (2015), quando se trata de habitações de interesse social,


há uma grande problemática referente ao descaso no projeto das edificações. O custo da
obra é um valor decisivo, o governo busca pela maior redução de custos possível, o que
implica, muitas vezes, em um mau planejamento projetual, bem como a reprodução de
uma mesma planta baixa em diferentes orientações, havendo pouco estudo e pouco
cuidado quanto à implantação dessas habitações.

Dito isso, este trabalho tem como objetivo geral analisar o Conjunto Habitacional
Residencial Itatiunga, na cidade de Patos/PB, identificando as falhas e deficiências
projetuais que prejudicam o conforto térmico e a eficiência energética das habitações, de
acordo com os parâmetros da NBR 15.220. E como objetivos específicos:

• Conhecer o perfil bioclimático da cidade de Patos-PB, para avaliar os


condicionantes ambientais interpostos às habitações do Conjunto Habitacional;
• Avaliar as estratégias utilizadas comparando-as com as prescritas em Norma
(NBR 15.220), de forma a avaliar o desempenho térmico das habitações.

Há uma grande escassez referente aos estudos de análise de conforto térmico dos
Conjuntos de Habitações de Interesse Social no Brasil e, principalmente, na região
Nordeste, por isso, o presente trabalho representa uma contribuição à valorização da
temática e da importância de se ter o compromisso com a qualidade das habitações de
interesse social, do ponto de vista do fortalecimento de uma cultura arquitetônica
independente do poder aquisitivo do beneficiado; além disso, esta pesquisa representa
uma alternativa ao combate ao déficit habitacional da região, provocado pelo mau
planejamento das cidades e pela carência de atenção às necessidades mais básicas dos
habitantes da localidade.
Dentro da perspectiva do conforto térmico, o tema também contribui demostrando
a importância da adequação projetual às necessidades climáticas da região, trazendo à
tona questões de resolução projetual não adaptativas e de desempenho térmico e
energético questionáveis, o que compromete ainda mais a qualidade de moradia de seus
habitantes.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho apresenta uma abordagem qualitativa acerca do


desempenho térmico das Habitações de Interesse Social do Conjunto Habitacional
Residencial Itatiunga. Segundo Godoy (1995, p.3), a respeito da perspectiva do estudo
qualitativo, “esse fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e
do qual é parte, devendo ser analisado numa perspectiva integrada”. Tendo em vista isso,
algumas etapas foram realizadas para a composição de um estudo, concretizando a base
do referencial teórico e da investigação da perspectiva das pessoas que habitam o
conjunto, possibilitando um comparativo entre eles.

De início, realizou-se um estudo sobre a temática de conforto térmico e


eficiência energética, a partir da qualidade das Habitações de Interesse Social na Zona
Bioclimática 7, através de pesquisa bibliográfica. Este referencial teórico foi construído
a partir de pesquisas em livros, artigos, dissertações, teses e outros tipos de publicações
científicas.
Em seguida, realizou-se as seguintes etapas para a estruturação do estudo em
si:

• 1º etapa: Levantamento das condições climáticas da cidade de Patos-PB


Nesta primeira etapa, serão descritas as características climáticas de Patos,
como: o clima e a vegetação da região de onde está situado o Conjunto Habitacional
Residencial Itatiunga; as temperaturas mínimas, médias e máximas anuais da cidade; o
estudo de ventilação (velocidade e direção predominante) e a umidade relativa do ar
(mínimas, médias e máximas anuais) da localidade; a zona de conforto dos indivíduos em
relação às temperaturas mensais; o percentual de chuva durante o ano; a intensidade da
média de radiação solar mensal e a carta solar.

• 2º etapa: Caracterização do entorno


Esta etapa apresenta as características físicas do entorno de onde o Conjunto
Habitacional está situado, como os vazios urbanos presentes, a massa vegetal de entorno,
o tipo de solo predominante, a presença de sombra projetada, dentre outras qualidades
arquitetônico-urbanísticas que influenciam nos ganhos térmicos das habitações.

• 3º etapa: Levantamento físico das edificações com base na NBR 15.220


Esta etapa está destinada à análise dos aspectos físicos e construtivos das
habitações, para reconhecimento das deficiências projetuais, de acordo com os
parâmetros da NBR 15.220, e das características térmicas dos componentes do edifício
(envoltória + aberturas). Dentre as características observadas, estão: forma, volumetria e
estratégias construtivas adotadas (partido arquitetônico), aberturas presentes
(posicionamento, áreas e materiais), implantação no terreno e orientações das fachadas,
massa vegetal no lote/edifício, cores e materiais constituintes da envoltória, etc.

• 4º etapa: Comparativo entre os dados coletados

Será realizado um comparativo entre a aquilo que está prescrito em Norma


(NBR15220) e aquilo que foi levantando nos estudos referenciais e/ou de campo, obtendo
um diagnóstico sobre a qualidade das habitações em estudo e seu desempenho térmico
diante das características climáticas da região.
3. DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

O Conjunto Habitacional Residencial Itatiunga encontra-se situado no


município de Patos, no sertão da Paraíba, localizado na BR 361, no bairro Morada do Sol,
conforme Figuras 1 e 2, a seguir.

Figura 1 – Localização do Conjunto Habitacional Residencial Itatiunga.

Fonte: SANTOS; MAIA, 2016/ Modificado pela autora.

Figura 2 - Conjunto Habitacional Residencial Itatiunga.

Fonte: MARQUES, 2016.

Para esta análise, considera-se o clima quente e seco constituinte da cidade de


Patos - PB (o conhecido semiárido Nordestino), localizado na zona bioclimática 7, que
será parâmetro para o estudo e a análise dos dados/residências. O município apresenta
estações pouco chuvosas, umidade do ar relativamente baixa e abundância de luz/radiação
solar. Sua altitude é da ordem de 242 m acima do nível do mar, localizado a uma distância
de 306 km, aproximadamente, da capital João Pessoa.
A estimativa populacional da cidade, em 2020, foi da ordem de 108.192
habitantes, sendo o município com a 4º maior população da Paraíba, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2020. Contudo, ainda que não possua grande
porte, Patos tem destaque como a terceira microrregião mais importante do Estado.
A partir de 1960, Patos iniciou um processo acelerado de expansão, advindo do
impulso ocorrido no comércio da cidade. As fábricas alimentícias, de confecções e o setor
calçadista tiveram um crescimento considerável, o que induziu à cidade a se tornar um
grande centro de distribuição de mercadorias e serviços, polarizando dezenas de
municípios distribuídos entre os três estados: Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte
(FOLHA PATOENSE, 2019).
Além disso, o município trata-se de um polo educacional, contando com grandes
equipamentos de ensino superior e técnico, como o Instituto Federal da Paraíba – IFPB,
UNIFIP Centro Universitário, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB e a
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, dentre outros. (IBGE, 2019).
Com a necessidade de atender a toda essa expansão, o Programa Minha Casa
Minha Vida (PMCMV), com apoio do Governo do Estado e do então governador, à época,
Ricardo Coutinho, beneficiou à cidade com a entrega de 3 Conjuntos Habitacionais de
Interesse Social: o Residencial Vista da Serra, o Residencial Vista da Serra II e o
Residencial Itatiunga (SANTOS; MAIA, 2016).

Figura 3 – Planta Tipo para o Residencial Itatiunga

Fonte: SANTOS; MAIA, 2016.


O Residencial Itatiunga, objeto de estudo do presente trabalho, possui 770
unidades habitacionais, executadas pela Construtora CRE Engenharia Ltda.
As casas estão dentro das especificações exigidas pelo PMCMV, com
aproximadamente 40,59 m² de área construída e 36,51 m² de área interna. A área do
terreno que inclui as duas habitações geminadas corresponde à 150m² (SANTOS; MAIA,
2016), ver figura 3.
Além disso, o Residencial Itatiunga dispõe de 24 unidades habitacionais adaptadas
para portadores de necessidades especiais e 24 unidades para portadores de mobilidade
reduzida (MARQUES, 2016). A área correspondente a esses dois últimos tipos de
habitação acomoda 40,80 m² de área construída e 36,51 m² de área interna (SANTOS;
MAIA, 2016).
A característica que difere o Residencial Itatiunga dos demais Conjuntos
Habitacionais de Patos é a presença de um reservatório de água com a capacidade de 400
m³ de armazenamento, além de uma estação de tratamento de esgoto, garantindo melhor
suporte à sua população local – o Conjunto acolhe cerca de 3800 pessoas,
aproximadamente (IDEM).
Em relação à quantidade de pessoas que cada habitação abriga, observou-se o
número de 4 pessoas por habitação, predominantemente, como mostra o Gráfico 1 abaixo.
A renda predominante de 92% das famílias é de até 1 salário mínimo (IDEM).

Gráfico 1 – Percentual de moradores por unidade habitacional.

Fonte: SANTOS; MAIA, 2016.


3.1 Caracterização climática de Patos
O conhecimento das características climáticas do local é determinante na escolha
do tipo mais adequado de envoltória, do tamanho das aberturas da edificação, dos tipos
de proteção e nas demais soluções de conforto térmico e eficiência energética do edifício.
Dentre as principais características climáticas, uma das principais a serem analisadas é a
forma como a temperatura, a umidade do ar e os ventos se comportam no local em que o
objeto de estudo está localizado.
Ressalta-se que a temperatura de bulbo seco é medida única e exclusivamente em
contato do bulbo com o ar; já a temperatura de bulbo úmido é obtida a partir da
evaporação da água no bulbo, alcançando valores de temperatura mais baixos. A
temperatura de bulbo úmido é equivalente, por exemplo, a temperatura que a pele sente
quando está molhada e é exposta a uma contínua corrente de ar, indicando a quantidade
de umidade presente no ar. Quanto mais baixa for a umidade relativa do ar, maior será o
efeito de resfriamento. Portanto, quanto maior a diferença entre a temperatura de bulbo
úmido e a temperatura de bulbo seco, menor será a umidade relativa.
A seguir, o gráfico 2 representa as temperaturas média, máxima e mínima da
cidade de Patos/PB, bem como a zona de conforto para edificações naturalmente
ventiladas.

Gráfico 2 – Estudo das temperaturas de bulbo seco e úmido para a cidade de Patos-PB.

Fonte: INMET, 2016.

A umidade relativa do ar é um fator que influencia na temperatura, na sensação


térmica e na precipitação de chuva de uma determinada localidade. Pode ser
compreendida como a relação entre a quantidade de vapor de água existente no ar
(umidade absoluta) e a quantidade máxima desse vapor que poderia haver na mesma
temperatura (ponto de saturação). Em locais com baixa umidade do ar, os dias são muito
quentes e as noites muito frias.
A umidade relativa do ar ideal concentra-se entre 40% e 70%, segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS). Níveis abaixo de 30% ou acima de 70% podem
ocasionar problemas de saúde e afetar na qualidade de vida das pessoas. Como observado
no gráfico 3, Patos apresenta maiores índices de umidade relativa do ar entre os meses de
Fevereiro a Agosto, correspondentes às estações de outono e inverno e os menores índices
de umidade relativa do ar nos meses de Setembro à Janeiro, correspondente às estações
de primavera e verão.

Gráfico 3 – Estudo da umidade relativa do ar para a cidade de Patos-PB.

Fonte: INMET, 2016.

A cidade de Patos possui estações pouco chuvosas, sofrendo com longos períodos
de estiagem. Como pode ser observado no Gráfico 4, abaixo, o percentual de chuva é
mais elevado no final do verão e início de outono (referente aos meses de Março, Abril e
Maio) culminado a maior precipitação no mês de Abril.
Gráfico 4 – Estudo precipitação de chuva para a cidade de Patos-PB.

Fonte: INMET, 2016.

Como já ressaltado, o conforto térmico é definido através da satisfação do


indivíduo com as condições térmicas do ambiente o qual está exposto. Essa condição de
conforto não é constante, podendo variar de acordo com as estações e as temperaturas as
quais o indivíduo está acostumado. O gráfico 5, abaixo, representa as delimitações da
zona de conforto em relação às temperaturas mensais, sem considerar os fatores físicos e
psicológicos que interagem na percepção térmica dos indivíduos.

Gráfico 5 – Estudo dos índices de temperaturas e a zona de conforto (ideal) para a cidade de Patos-PB.

Fonte: INMET, 2016.


No tocante à incidência de radiação solar, é importante que se diga que conhecer
o percurso do sol e a incidência desta radiação no ambiente construído é fundamental para
o controle do conforto térmico nos edifícios. Segundo o site PROJETEEE, renomado por
propor soluções de eficiência energética,
a implantação do edifício, criação de aberturas, artifícios para sombreamento,
uso de materiais isolantes, disposição da relação comprimento x largura, etc;
estão relacionados diretamente com o conhecimento do percurso do sol sobre
o edifício (PROJETEEE, SEM DATA).

O gráfico 6, a seguir, identifica os níveis de radiação solar média mensal para


a cidade de Patos-PB. Considerando que a cidade de Patos tem latitude: 7° 1' 32'' Sul, ou
seja, recebe a radiação solar quase que perpendicularmente à superfície da Terra, é
possível observar que os índices de radiação obtidos são extremamente altos,
intensificando-se nos meses de Setembro a Abril. Tal característica demanda de soluções
que amenizem o cruel desconforto que a alta exposição solar causa aos moradores desta
cidade.

Gráfico 6 – Estudo da incidência de radiação solar na cidade de Patos-PB – médias mensais.

Fonte: INMET, 2016.


Em relação a Carta Solar da cidade, que representa a trajetória solar ao longo da
abóbada celeste, durante todo o ano, percebe-se pelo gráfico 7 – obtido a partir da
projeção do software SOL-AR (que avalia a incidência de radiação a partir de dados
obtidos em função da latitude das localidades) –, desenvolvido pelo Laboratório de
Conforto Térmico da USFC (LabEEE), que existe uma leve predominância de radiação
solar na fachada Norte dos edifícios, nos meses de Março a Setembro (coincidentes com
as estações de Outono e Inverno), virando para a fachada Sul nos meses de Outubro a
Fevereiro (coincidentes com as estações de Primavera e Verão).

Gráfico 7 – Estudo da trajetória solar por fachada na cidade de Patos-PB.

Fonte: SOL-AR, 2021.

Em relação à incidência de ventilação na cidade, os gráficos 8 e 9 evidenciam a


rosa dos ventos para a cidade de Patos-PB, em condições diurnas e noturnas, obtido a
partir de estações meteorológicas afiliadas ao INMET na cidade. Este gráfico mostra as
estatísticas de direção, frequência e velocidade do ar para a cidade de Patos-PB, reunidas
ao longo do tempo.
Gráfico 8 – Estudo da Rosa dos Ventos para a cidade de Patos-PB – Ventilação diurna.

Fonte: INMET, 2016.

Gráfico 9 – Estudo da Rosa dos Ventos para a cidade de Patos-PB – Ventilação noturna.

Fonte: INMET, 2016.

Por eles, é possível perceber que a ventilação diurna ocupa primordialmente as


direções Leste e Sudeste, enquanto que a noturna incide mais pontualmente na direção
Leste. Em relação à velocidade do ar, percebe-se que a maior incidência de vento nas
duas condições (diurna e noturna) é da ordem de 0 a 4 m/s nas principais orientações que
recebem ventilação na cidade, ou seja, Leste e Sudeste.
Em relação às frequências de vento, também é possível inferir que as orientações
Leste e Sudeste são as de maior frequência de vento, estando prioritariamente nas faixas
de 0-2 m/s e 2-4 m/s, o que configura uma ventilação tipo calmaria.
4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 CONFORTO TÉRMICO

A arquitetura tem o importante papel de oferecer condições térmicas de


conforto compatíveis às necessidades humanas. Isso quer dizer que, além de atender às
exigências pessoais, é imprescindível que a qualidade térmica do ambiente satisfaça às
necessidades térmicas dos seus usuários (FROTA; SCHIFFER, 2006).

A reação do organismo ao ambiente a qual está exposto é a resposta para definir


a qualidade deste ambiente. Quanto menos esforço para realizar a troca de calor, mais o
indivíduo está em condição de conforto, garantindo, dessa maneira, maior disposição e
produtividade em suas atividades (IDEM).

Segundo a norma ASHRAE Standard 55 (2010, p.3), o conforto térmico pode


ser entendido como
um estado ou condição de sentir satisfação com relação ao ambiente térmico
em que a pessoa se encontra. Se o resultado das trocas de calor a que o corpo
da pessoa se encontra submetido for nulo, e a temperatura da pele e suor
estiverem dentro alguns limites aceitáveis, é possível dizer que a pessoa sente
conforto térmico.

A partir disso, pode-se entender que o organismo humano pode ser comparado
a uma máquina térmica que, de acordo com a atividade desenvolvida ou com as condições
térmicas do meio onde está, possui uma resposta diferente ao produzir calor. A
temperatura ideal do corpo humano é, em média, na casa dos 37 ºC, devendo se manter
constante ou a níveis estreitos a isso, ainda que a temperatura externa varie. Quando
exposto a altas ou baixas temperaturas, o corpo humano responde aos estímulos
estressores através de mecanismos de regulação térmica, em que pode haver produção ou
perda de calor, mantendo o corpo sempre estável (RODRIGUES, 2019).

Contudo, para compreender esse conceito, de fato, é necessário estar ciente de


que a sensação de conforto térmico não é uma regra, haja visto que o que “confortável”
para um, pode ser “desconfortável” para outro. Por isto, admite-se que as relações entre
conforto e desconforto térmico podem apresentar variações de percepção de até 10% de
seus usuários, em que os ocupantes possam manifestar a sensação de se sentirem
desconfortáveis (ISO 7730, 2005).
Considerando as variações climáticas que há de região para região, pode-se
afirmar que a percepção de conforto térmico também varia entre as localidades. Um
indivíduo que reside em uma região que possui características climáticas de altas
temperaturas, com média entre 35 ºC, por exemplo, terá parâmetros diferentes de
percepção de conforto térmico daqueles que moram em regiões extremamente frias, e isto
também está ligado ao que se conhece como “acomodação climática”. A acomodação
climática é a variável de percepção de um indivíduo, exposto às características térmicas
de uma determinada região, que o faz “suportar” determinados padrões climáticos que
outros indivíduos, que não sofreram o processo de acomodação, dificilmente suportariam.
Estes padrões estão diretamente associados às variáveis de temperatura, umidade do ar, a
velocidade do vento e a incidência solar, que influenciam as condições térmicas de cada
localidade no planeta (FROTA; SCHIFFER, 2006).

Dentro dessa percepção, pode-se compreender que o papel da arquitetura vai


além das diferentes percepções térmicas dos indivíduos, pois se caracteriza em dar
qualidade efetiva ao ambiente construído, independente das variáveis climáticas da
região. Para isso, ela pode se utilizar de estratégias projetuais aplicadas que otimizam as
condições climáticas locais, garantindo conforto térmico para a maioria dos indivíduos.
A estes estudos, cunhou-se o termo de Bioclimatologia.

A Bioclimatologia é a ciência que estuda as diversas configurações baseadas


na relação entre o clima e a resposta sensível dos seres vivos. Trata-se de um meio de
utilizar a edificação como intermédio de evitar os efeitos das variáveis climáticas, através
do uso integrado de sistemas naturais (estratégias de aquecimento, resfriamento e
iluminação natural) e artificiais (climatização e iluminação artificial), de forma
ponderada. Desse modo, unindo o conhecimento sobre o clima aos conceitos de conforto
térmico e às estratégias projetuais, é possível aprimorar as condições térmicas dos
ambientes internos e conceber uma melhor experiência aos usuários (LAMBERTS et al.,
2014).

O modelo mais atual desse tipo de estudo é a Carta Bioclimática de Giovani


(Figura 4), concebida em 1969, que propõe adequações da arquitetura ao clima, adaptada
pra os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Através dos dados obtidos
das variáveis de temperatura e umidade do ar, é possível correlacioná-las e ter indicativos
do tipo de estratégia projetual que poderá ser adotada em cada edificação, de cada
localidade (IDEM).
Figura 4 – Carta Bioclimática de Giovani adotada para o Brasil

Fonte: DUTRA, 2014.


No presente trabalho, a área em estudo (objeto de estudo) caracteriza-se como
sendo um local de temperatura relativamente alta e baixa umidade do ar. Dessa maneira,
deverão ser adotadas estratégias bioclimáticas condizentes com este clima, apresentadas
em normativas como NBR 15220 e a NBR 15575 como sendo: uso prioritário de
ventilação natural, inércia térmica para resfriamento e resfriamento evaporativo, segundo
a carta bioclimática adaptada para a região (ver figura 5).

Figura 5 – Carta Bioclimática de Giovani adaptada para a cidade de Patos.

UR [%] U [g/kg]

]
[°C
U
TB

TBS [°C]
UFSC - ECV - LabEEE - NPC
Fonte: Software Analysis Bio, 2021.
Relacionando o conceito às características da região de estudo (clima quente e
seco), pode-se compreender que o uso de paredes com maior espessura –
consequentemente, com mais inércia térmica – irá resultar em um atraso térmico maior
que uma de espessura menor, devendo ser um tipo de estratégia a ser utilizada para
amenizar os ganhos ou perdas de energia térmica no ambiente interno. O calor absorvido
permanece por mais tempo armazenado na estrutura de vedação da edificação, sendo
devolvido ao ambiente externo à noite, quando há diminuição das temperaturas externas.
Além disso, o tipo de material utilizado irá responder de maneira melhor ou pior a essa
demanda, devendo ser priorizados, para o clima quente e seco, aqueles que possuem
maior inércia térmica, a exemplo do concreto e materiais pesados e maciços, bem como
àqueles de características mais isolantes (LAMBERTS et al., 2014).

Figura 6 – Inércia Térmica.

Fonte: DUTRA, 2014.

Em relação à aplicação do resfriamento evaporativo, é importante entender que


esta estratégia ameniza os efeitos de climas quentes e secos a partir do processo de
evaporação da água, que retira o calor do ambiente a partir do processo de perda de
energia térmica pela mudança de fase das gotículas de água presentes no ar, ou seja, pela
presença de umidade. Quanto mais rápido acontece o processo de evaporação da água,
mais rápida será a queda na temperatura.
É importante que se diga que o uso dessa estratégia construtiva esteja
compatibilizado com também com as estratégias de ventilação, tendo em vista que a
velocidade do ar é diretamente responsável pelo aumento da velocidade de evaporação
(PROJETEEE, 2005).
Figura 7 – Resfriamento evaporativo.

Fonte: PROJETEEE, 2005.

A ventilação natural se destaca como uma aliada às intenções de minimizar as


temperaturas dos ambientes internos. Esse tipo de estratégia consiste em fazer
aproveitamento do vento natural, permitindo a entrada e circulação do ar através das
aberturas. O posicionamento dessas aberturas nas paredes é determinante nesse tipo de
estratégia, considerando que intervém no movimento que a ventilação natural realiza
(IDEM).
O ar frio, por ser mais denso, exerce uma pressão positiva sobre o ar quente,
fazendo com que este exerça pressão menos baixa e tenda a subir. Aproveitando desse
movimento natural de ascendência do ar quente, as aberturas podem ser posicionadas em
zonas de diferentes pressões, permitindo com que o ar entre pelos vãos mais baixos e saia
por aberturas posicionadas nas cobertas. Este tipo de ventilação é chamado de ventilação
vertical, também conhecido como efeito chaminé (IDEM).

Figura 8 – Ventilação vertical

Fonte: PROJETEEE, 2005.

Esse mesmo efeito de ventilação cruzada pode ser obtido através de uma
ventilação horizontal, onde as aberturas são posicionadas em paredes opostas que
permitem que o ar circule e resfrie o ambiente. Alguns artifícios como venezianas e cercas
vivas podem tornar essa ventilação seletiva, direcionando-a para orientações mais
convenientes, quando necessário. Essa estratégia é mais eficiente em períodos em que a
temperatura interna é maior que a externa.

4.2 DESEMPENHO TÉRMICO DAS EDIFICAÇÕES SEGUNDO A NBR


15.220

Após terem sido esclarecidos o conceito e o impacto do conforto térmico nas


edificações, é importante ressaltar tipos de ferramentas, aplicados à bioclimatologia, que
estabelecem recomendações de diretrizes construtivas e detalhamento de estratégias de
condicionamento térmico passivo para cada zona bioclimática do território brasileiro.
Neste sentido, a NBR 15.220 é uma das normativas que determina parâmetros
técnicos de projeto para o melhor desempenho térmico de uma edificação, tanto em fase
conceitual (de desenvolvimento de projeto) como em fase de construção ou pós-
ocupação (NBR 15220, 2003, p. 2).
Quando a edificação já se encontra construída, a avaliação pode ser realizada
através de medições in-loco de variáveis representativas de desempenho, enquanto na
fase de projeto essa avaliação pode ser realizada através de simulações computacionais
ou de obediência às diretrizes construtivas de projeto (IDEM)
Tendo em vista as diferenças climáticas presentes no território brasileiro,
ocorreu a divisão do território em oito zonas bioclimáticas relativamente homogêneas e,
para cada uma delas, foi elaborado um conjunto de recomendações técnico-construtivas
que auxiliam na otimização do desempenho térmico das edificações. Portanto,
considerando o objeto de estudo deste trabalho como localizado na zona bioclimática 7
(Figura 9), apresentaremos as recomendações técnicas para esta zona a seguir.

Figura 9 - Zona Bioclimática 7.

Fonte: NBR 15220, 2003, p. 10.


A primeira diretriz citada em norma para esta zona se refere à recomendação
do tamanho das aberturas presentes na edificação, que deverão ser pequenas e
sombreadas, com área útil equivalente a 10% a 15% da área de piso (NBR 15520, 2003,
p. 10). A estratégia de sombreamento se justifica com a minimização dos ganhos solares,
considerando a alta incidência solar recebida pelas fachadas das edificações localizadas
nessa zona bioclimática. Para tal, podem ser utilizados elementos de sombreamento como
vegetação, beiral alongado, cobogó, pérgola, marquise, toldo, dentre outros. Ressalta-se
também a importância de se conhecer o entorno onde a edificação será construída, tendo
em vista que os elementos do entorno poderão projetar sombras sobre a edificação e
influenciar na orientação e aberturas das fachadas (PROJETEEE, 2005).
Relacionado os tipos de vedações externas recomendadas, a NBR 15220
recomenda o uso de paredes e coberturas pesadas (espessas) para este bioclima,
considerando que, quanto maior esse volume (densidade da vedação), maior será o atraso
térmico provocado. Desse modo, como já explicado, o calor armazenado durante o dia
permanecerá por mais tempo nas vedações externas, “se demorando” em atravessá-la,
considerando que estas estão expostas à incidência solar durante o dia.
A NBR 15.220 também define algumas recomendações em termos de ganhos
térmicos da edificação de acordo com tipo de parede ou cobertura aplicada no edifício,
como mostra a Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 - Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para as vedações
externas, segundo a NBR 15220.

Fonte: NBR 15220, 2003, p. 22.

Para atribuir mais eficácia ao desempenho térmico dessas vedações, também é


indicado o uso de materiais com propriedades térmicas que contribuam para atraso
térmico do calor dentro das vedações. Abaixo, as tabelas informativas 2 e 3 definem a
transmitância térmica, a capacidade térmica e atraso térmico de alguns tipos de paredes e
cobertas mais comuns (NBR 15220, 2003, p. 10).

Tabela 2 - Propriedades térmicas de materiais mais comuns utilizados em paredes.

Tabela 3 - Propriedades térmicas de materiais mais comuns utilizados em cobertas.

Fonte: ABNT, 2003, p. 22.

As diretrizes projetuais para melhor desempenho térmico do edifício também


aparecem pré-determinadas na NBR 15220, para o clima da região. São as estratégias de
condicionamento térmico passivo – termo referente às estratégias que utilizam de
recursos naturais para melhorias das condições térmicas dos ambientes – que amenizem
os desconfortos térmicos presentes no interior dos ambientes. São elas: as estratégias de
resfriamento evaporativo, massa térmica para resfriamento e ventilação natural seletiva,
já discutidas no subitem anterior (vide tópico 4.1 deste trabalho)

Tabela 4 – Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona Bioclimática 7

Fonte: NBR 15220, 2003, p. 10.

4.3 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO DO CONJUNTO


HABITACIONAL RESIDENCIAL ITATIUNGA

4.3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO

O Conjunto Habitacional Residencial Itatiunga situa-se na BR 361, no bairro


Morada do Sol, nas franjas de Patos, distante de outros bairros. Historicamente, Segundo
André Carvalho (2014), “desde o início das primeiras políticas habitacionais, a classe de
menor renda foi sendo deslocada para as margens da cidade, o que vem contribuindo com
a segregação socioespacial”.
Os bairros originados dessas políticas públicas, na maioria das vezes, não
dispõem de equipamentos urbanos e infraestrutura de qualidade, havendo deficiências ao
atender às necessidades básicas dos usuários desses conjuntos habitacionais.
Considerando sua localização isolada, o Conjunto Habitacional Residencial
Itatiunga localiza-se em uma área cercada de massa vegetal, caracterizada por vegetação
nativa de caatinga, composta por arbustos e árvores de pequeno e médio porte (em geral,
secas), com copas ralas, não promovendo sombra. Contudo, apenas as casas situadas no
perímetro do conjunto aproximam-se dessa vegetação (ver figura 10).

Figura 10 – Localização do Residencial Itatiunga.

Fonte: Google Maps, 2021/Modificado pela autora.

No detalhe de ampliação da imagem, observa-se que algumas habitações


possuem vegetação em suas frentes, predominando a árvore Nim, que não chega a ter
considerável massa vegetal destinada ao sombreamento do edifício e do conjunto,
representando baixa capacidade em acréscimo à umidade relativa do ar na localidade,
como evidenciado nas Figuras 11, 12.
Figura 11 - Massa vegetal do Conjunto Habitacional Residencial Itatiunga (imagem ao nível
do pedestre).

Fonte: Google Maps, 2019.


Figura 12 – Massa vegetal do Conjunto Habitacional Residencial Itatiunga (ampliação de satélite).

Fonte: Google Maps, 2021.

Nas imagens acima, além da massa vegetal, também se observa o predomínio


das edificações de um único pavimento, com baixa envergadura e cumeeira em torno dos
4 metros de altura.
Relacionado à pavimentação, o paralelepípedo de granito cinza, comum na
região, predomina nas vias urbanas edificadas. Esse tipo de material possui absortância
de 0,30, isto é, absorve cerca de 30% da energia térmica solar que incide sobre sua
superfície, reemitindo 70% de radiação infravermelho.
No conjunto habitacional, percebe-se que as habitações foram implantadas
com dois tipos de orientações prioritárias (conforme Figura 13), havendo fachadas
voltadas ao Norte e ao Sul. Conforme apresentado no Gráfico 7, referente à Carta Solar
de Patos-PB, as edificações de fachada Norte receberão mais Sol, durante todo o período
diurno, nos meses de Março a Setembro, representando o período de outono-inverno,
onde as temperaturas médias máximas mensais ficam na casa dos 31°C; enquanto as
edificações de fachada Sul, receberão mais Sol, durante todo o período diurno, nos meses
de Outubro a Fevereiro, configurando o período mais crítico na região, pois representa o
período de primavera-verão, onde as temperaturas médias máximas mensais passam dos
34°C.
Figura 13 – Orientação de fachada das habitações do Residencial Itatiunga.

Fonte: Google Maps, 2019. / Modificado pela autora.

Como descrito nos Gráficos 8 e 9, do tópico 3.1, em relação à ventilação


dominante, a orientação Sul possui mais vantagens de captação de vento incidente
comparada à orientação Norte. Apesar disso, é necessário fazer um estudo de ventilação
ao nível do edifício, pois as disposições tipológicas das habitações apresentam um padrão
geminado, com áreas de maior permanência voltadas a Norte e Sul (quartos) e áreas de
menor permanência voltados a Leste e Oeste (sala e cozinha). A partir disto, as faixas de
ventilação precisam ser estudadas caso a caso, e serão detalhadas com mais detalhe no
item 4.3.2, a seguir.
4.3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES

O modelo de habitação em estudo apresenta 3 fachadas livres, sendo a 4º


fachada geminada à outra edificação. Observam-se 4 padrões de edificações,
considerando as diferentes orientações as quais a implantação está direcionada. Portanto,
para melhor entendimento, as habitações serão dividias em 4 tipos.
Dessa maneira, no primeiro e segundo tipo de habitação (Figura 14), a fachada
frontal é orientada a Sul, podendo ser observadas as aberturas do acesso principal e janela
do quarto 1, como mostra a figura abaixo.

Figura 14 – Modelos de habitações 1 e 2, respectivamente.

Fonte: SANTOS; MAIA, 2016 / Adaptado pela autora.

Na planta baixa do tipo 1 (à esquerda), as aberturas da sala e do WCB se


encontram orientadas a Oeste; ao contrário da planta baixa do tipo 2 (à direita), onde estas
aberturas estão localizadas a Leste. Em ambas as habitações, há um quarto orientado a
Norte e um quarto orientado a Sul.
Ressalta-se que, entre 12h e 16h, que corresponde às horas mais quentes do
dia, a fachada Oeste está mais exposta a alta incidência solar, sendo a orientação a gerar
mais desconforto térmico, ou seja, a habitação à esquerda (tipo 1).
Nas habitações dos tipos 3 e 4 (Figura 15, a seguir), a conformação de acesso
principal se dá a Norte, mas as aberturas seguem o padrão anterior: a abertura do quarto
1 voltado à fachada principal (Norte, nesta planta); e a Leste ou Oeste, aberturas da sala
e WCB, dependendo da tipologia. Nas duas tipologias, as aberturas da cozinha e quarto 2
ficam voltadas a Sul. Portanto, ocorre algo similar com as habitações de orientação
principal a Norte: a tipologia 4 é a mais prejudicada com o Sol da tarde, pois suas
aberturas de maior extensão (sala) estão voltadas a Oeste.

Figura 15 – Modelos de habitações 3 e 4, respectivamente.

Fonte: SANTOS; MAIA, 2016 / Adaptado pela autora.


Quando relacionamos o tipo de material aplicado nas esquadrias, se observa
que as portas externas são metálicas (na cor cinza escuro) e as janelas são do tipo
basculante (em ferro e vidro). Esse tipo de material se caracteriza como bom condutor de
calor e temperatura, o que implica em aumento da transferência da temperatura externa
para o meio interno. Além disso, a cor cinza das esquadrias tem a propriedade térmica de
elevada absortância, apresentando 86,4, o que implica a apenas 13,6% da energia térmica
refletida.
Quanto à conformação arquitetônica das janelas, foi aplicado uma esquadria
do tipo basculante, com ângulo de abertura na faixa dos 60°, o que reduz à metade sua
capacidade de captação de ventilação incidente, embora tenha 100% de exposição solar,
pois foi utilizado o vidro comum transparente (fator solar de 87%), que aumenta em muito
a carga térmica que adentra o interior do ambiente, ou seja, 87% da carga térmica
incidente.
Salienta-se que algumas habitações realizaram modificações nas cores de suas
esquadrias, mas a maioria apresenta a cor cinza, como mostra a figura abaixo.

Figura 16 – Modificações nas esquadrias das habitações.

Fonte: Google Maps, 2019.

Em relação à volumetria, o edifício é caracterizado por duas habitações


geminadas e espelhadas, o que implica em divergências entre as orientações das aberturas
de alguns ambientes, como explicado anteriormente. O tipo de vedação encontrado é a
alvenaria de tijolo cerâmico de 8 furos, comum na região. Este tipo de vedação se
classifica como uma parede leve (NBR 15220) e podem ser observadas suas propriedades
térmicas nas tabelas abaixo.
Tabela 5 – Transmitância, capacidade térmica e atraso térmico da parede de tijolo de oito furos circulares.

Fonte: NBR 15220, 2003, p. 23.

Tabela 6 - Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para paredes

Fonte: NBR 15220, 2003, p. 21.

No tocante ao tipo de coberta aplicado nas habitações, identificou-se que as


unidades apresentam telha de cerâmica, sem forro e sem laje, com um beiral pequeno.
Abaixo, as tabelas com as propriedades térmicas.

Tabela 7 - Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para cobertura de telha
de barro sem forro.

Fonte: NBR 15220, 2003, p. 26.

Tabela 8 - Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para cada
tipo de vedação externa

Fonte: NBR 15220, 2003, p. 21.

Como observado, as habitações apresentam dois tipos de cores predominantes,


o amarelo e o azul, ambos em tons claros (ver Figuras 17 e 18). A cor amarela apresenta
absortância 29,3, enquanto a de tonalidade azul apresenta absortância de,
aproximadamente, 32,3. Tecnicamente, isso significa que, no caso das habitações
amarelas, 29,3% da radiação incidente vai entrar dentro do edifício em forma de calor;
para as habitações azuis, esse valor representa 32,3%.

Figura 17 – Habitações na cor amarela.

Fonte: Google Maps, 2019.

Figura 18 – Habitações na cor azul

Fonte: Google Maps, 2019.

No que se refere às condições climáticas do local onde o Conjunto


Habitacional Residencial Itatiunga se localiza, as edificações carecem de elementos de
sombreamento e proteção solar, tanto da envoltória, quanto das aberturas, possibilitando
maior incidência de radiação absorvida para o interior das residências. Constatou-se,
apenas, a existência de um beiral pouco expressivo, não ultrapassando 50 cm, e
ineficiente, em termos de sombreamento da edificação, sendo considerado quase
desprezível em função de efeitos protetivos térmicos.
Em relação ao dimensionamento das aberturas, em comparação com o indicado
pela NBR 15220, é preciso entender alguns efeitos que se seguem. Como explicado no
tópico 4.2, a NBR 15220, para a zona bioclimática 7, recomenda aberturas pequenas e
obrigatoriamente sombreadas, com área útil de ventilação/exposição solar equivalente a
10% a 15% da área de piso. Sendo assim, foram analisadas as aberturas das edificações a
partir da tipologia básica edificada, segundo a tabela 9, a seguir.
Tabela 9 - Porcentagem da área útil das aberturas comparada à área de piso de cada ambiente.
PARECER TÉCNICO
ÁREA DE ÁREA ÚTIL DAS PORCENTAGEM DE
AMBIENTE SEGUNDO A NBR
PISO ABERTURAS ÁREA DA ABERTURA
155220
SALA 10.09 m² 2,26 m² 22,40 % Alta exposição
COZINHA 6.71 m² 1,26 m² 18,77% Alta exposição
QUARTO 1 8.27 m² 0,75 m² 9,07% Insuficiente
QUARTO 2 7.54 m² 0,75 m² 9,94% Insuficiente
WCB 3.43 m² 0.05 m² 1,45% Insuficiente
Fonte: Desenvolvido pela autora (2021).

Após a análise, se constatou que todas as aberturas estão classificadas ou como


insuficientes às necessidades de ventilação e iluminação naturais do edifício (ou seja,
abaixo da determinação mínima de 10% da área de piso), ou de alta exposição solar e à
incidência de ventos (aberturas médias), que permitem a entrada de vento e insolação
além das necessidades do edifício, esquentando-o ainda mais, conforme variação
determinada pela NBR 15220, conforme Tabela 10 abaixo.

Tabela 10 – Tamanho das aberturas.

Fonte: NBR 15220, 2003, p. 26.

4.4 PARECER

Como já exposto no tópico 4.3.1, o entorno das habitações do Residencial


Itatiunga é composto por muita massa edificada e pouca vegetação. A massa vegetal
presente no entorno, durante os longos períodos de estiagem da região, encontra-se seca
e sem folhas, na maior parte do ano. Tal característica, devido à carência de sombra ou
umidade, induz à circulação de uma ventilação mais quente, na maioria das horas do dia,
potencializando os efeitos de aquecimento, em vez de resfriamento.
Ademais, as árvores de Nim, observadas na frente de algumas habitações, não
formam uma massa vegetal considerável, o que implica em duas coisas: baixa capacidade
de acréscimo à umidade relativa do ar no local, e pouco sombreamento das fachadas
principais das habitações. Deste modo, não geram efeitos que minimizem os ganhos
térmicos nas habitações.
Além da vegetação, se constatou ausência de sombra projetada sobre os
edifícios (Figura 19), estando as habitações mais expostas ao sol durante um longo
período do dia. Desse modo, com a exposição às altas incidências solares e, portanto, às
altas temperaturas do ar e das superfícies, as habitações tendem a receber mais ganhos
térmicos, aumentando a transferência de calor para dentro dos ambientes.

Figura 19 – Vista a nível do pedestre.

Fonte: Google Maps, 2019.

Em relação a isto, é importante que se diga que as propriedades térmicas dos


fechamentos são determinantes neste processo. Como descrito no tópico 4.3.2, as
vedações encontradas no conjunto habitacional têm característica leve, sendo compostas
por alvenaria de tijolo cerâmico de 8 furos, nas paredes, e telhado sem laje, na coberta.
Estes tipos de vedação têm por característica a baixa inércia térmica, isto é, o calor externo
entra muito rapidamente para o interior da edificação. Salienta-se que, quanto mais
espessa a parede, mais massa terá, portanto, tende a ser mais isolante.
De acordo com o apresentado na tabela 6, o atraso térmico gerado por paredes
classificadas como leves é de 4.3 horas, enquanto àquelas classificadas com pesadas,
geram um atraso de 6.5 horas. Considerando o clima excessivamente quente da
localidade, os fechamentos pesados são os mais indicados para as edificações situadas
nessa região, a fim de minimizar os ganhos de calor advindos do meio externo.
Já a cobertura, que é a superfície que está mais exposta à incidência solar
durante todo o período diurno, nas diferentes estações do ano e orientações de
implantação, também não tende a gerar tanto atraso térmico, pois também apresenta
característica leve, já que apresentam pouca massa e, consequentemente, desenvolvem
menor inércia térmica. De acordo com a tabela 7, o atraso térmico gerado pela coberta de
telha de cerâmica, sem forro, é de 0,3h, ou seja, cerca de 18 minutos para que o calor
absorvido do meio externo atinja o interior das habitações. Assim sendo, as habitações
sofrem grandes consequências, a partir da entrada de expressiva carga térmica em seu
interior, também pela coberta.
Dentro da perspectiva de resfriamento pela área de exposição das aberturas, o
que se tem é que a área útil de todas as aberturas está mal dimensionada, em função dos
ganhos térmicos advindos da exposição ao sol e ao vento quente. Como apresentado na
tabela 9, em vez do edifício se beneficiar com a ventilação, a partir do resfriamento,
ocorre o processo inverso, já que entra mais vento quente do que a capacidade do edifício
em dispersar o calor. Isto implica diretamente na qualidade de conforto do ambiente
interno, tendo em vista que a ventilação incidente não gera os efeitos de resfriamento
necessários.
Por fim, os tipos de materiais utilizados nas esquadrias também não conferem
efeitos positivos quanto ao conforto térmico da habitação. O metal utilizado nas
esquadrias é um bom condutor de calor, enquanto o vidro comum apresenta altos níveis
de transmissividade, características que implicam tanto no aumento da transferência do
calor do ambiente externo para o interno, quanto na própria dinâmica de formação de
efeito estufa, por falta de capacidade de resfriamento adequado, o que é mais uma barreira
para a qualidade térmica destas habitações.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou compreender as falhas projetuais e as características do


entorno que prejudicam o desempenho térmico e a qualidade ambiental das habitações do
Conjunto Habitacional Residencial Itatiunga, localizado na cidade de Patos/PB. Deste
modo, após ter sido ser realizada a caracterização das edificações e do entorno, e
comparados com os parâmetros estabelecidos pela NBR 15.220, os resultados da análise
apontaram que as habitações deixam a desejar quanto ao desempenho térmico e conforto
ambiental oferecidos aos seus residentes.
Observou-se também a carência de estratégias eficazes que minimizam os
excessos de ganhos térmicos para dentro das habitações, considerando que elas estão
situadas em uma zona climática que está exposta à alta incidência solar e ao desconforto
das elevadas temperaturas (a cidade de Patos está localizada a uma baixa latitude, em
relação à linha do Equador, portanto, é esperado que haja forte incidência solar), além da
baixa umidade do ar.
De modo geral, o que foi apontado é reflexo não só de uma má programação
arquitetônica, típica de soluções de habitação de interesse social, no Brasil – pois os
investimentos para supressão da carência habitacional neste país são limitados e o descaso
construtivo em relação a essa população adentra a história há mais de 100 anos –, mas
também de uma falta de empatia com a verdadeira necessidade dos usuários, tendo em
vista que as configurações projetuais destas habitações é deixada de lado, havendo
discrepância e displicência quanto a real necessidade a ser atendida e as medidas
projetuais de planejamento impostas pelos poderes municipais, estaduais e federais,
quanto à construção dessas tipologias.
Percebe-se, portanto, que os programas de atenção a essa população, apesar de
ter beneficiado uma parcela considerável de pessoas, ainda não contempla o objeto fim
da formulação projetual, quer seja, o usuário. Usuário este que varia no tempo e no
espaço, segundo as delimitações geográficas e culturais desse imenso país e, portanto,
não pode receber uma solução padrão, a partir de uma necessidade padrão, imposta por
parâmetros de morar, tal como concebida pelos modernistas.
Portanto, em atenção a essa necessidade, pode-se dizer que a pesquisa atesta a
falta de compromisso da maioria dos programas habitacionais implantados, e,
principalmente, do conjunto analisado, no tocante à resolução projetual de características
ligadas ao clima, à orientação do edifício, a incidência solar e a correta escolha de
materiais para construção de uma moradia mais confortável e saudável, do ponto de vista
da habitabilidade, implicando diretamente nos gastos ativos com energia e na qualidade
de vida das pessoas residentes destes conjuntos.
Embora houve uma limitação metodológica na coleta de informações de
referência, para além das residências, além da impossibilidade de aplicação de entrevista,
considerando o atual contexto de pandemia, a simples análise projetual e do entorno,
obtida de maneira qualitativa, deu resposta significativa para os aspectos projetuais
avaliados, de forma que se pode considerar o estudo relevante e instigante, a partir de
demandas outras que podem surgir mediante esta pesquisa.
Neste sentido, a pesquisa abre caminho para avaliações de desempenho
térmico, a partir da aplicação de outras normas, como a NBR 15575, além de avaliações
pós-ocupação destes recintos, que contribuirão ainda mais para um diagnóstico preciso
da condição de produção, construção e implantação de habitação de interesse social no
país e, ainda mais, no sertão nordestino, área ainda carente de estudos referenciais e
potencialmente importante para a história de um povo e o desenvolvimento do país.
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