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CAMPINA GRANDE - PB
2023
AGRADECIMENTOS
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 4
2. METODOLOGIA...................................................................................................................4
3. TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA......................................................................................4
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO...................................................................................................11
4.1 Sustentabilidade e Bioconstruções............................................................................ 11
4.2 Tecnologia e Inovação na Arquitetura........................................................................ 11
4.3 Consciência e Educação na Arquitetura Sustentável................................................ 12
4.4 Tecnologia e Inovação na Arquitetura Contemporânea............................................. 12
4.5 Preparação para o futuro da arquitetura.................................................................... 13
5. CONCLUSÃO.................................................................................................................... 13
1. INTRODUÇÃO
A arquitetura sustentável se destaca como uma abordagem crucial para projetar
espaços que atendam às necessidades contemporâneas sem comprometer as gerações
futuras. Nesse contexto, a entrevista com o renomado arquiteto Ítalo Tavares fornece uma
perspectiva valiosa sobre como a sustentabilidade e as bioconstruções estão moldando a
arquitetura atual. Ítalo Tavares enfatiza a importância de pensar globalmente e agir
localmente, equilibrando os aspectos sociais, econômicos e ambientais da sustentabilidade.
Além disso, destaca o papel do design de edifícios na busca pela sustentabilidade,
enfatizando a orientação para maximizar a luz natural, a escolha de materiais de construção
ecoeficientes e o uso de tecnologias como painéis solares e telhados verdes. A arquitetura
sustentável não apenas beneficia o meio ambiente, mas também a qualidade de vida das
pessoas, tornando-a uma parte essencial do futuro da construção.
2. METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho envolveu uma análise detalhada da entrevista com
Ítalo Tavares, identificando os principais tópicos relacionados à arquitetura sustentável e
bioconstruções. Além disso, foram consultadas fontes secundárias, como estudos
acadêmicos e artigos científicos, para enriquecer a compreensão desses tópicos e
identificar tendências no campo da arquitetura sustentável. A análise crítica das
informações coletadas permitiu a elaboração de uma visão abrangente sobre como a
sustentabilidade, a inovação tecnológica e a preparação para o futuro desempenham papéis
fundamentais na arquitetura contemporânea.
3. TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA
Bom dia pessoal, me chamo Antônio Lucas e juntamente com meus colegas Aliffy e
Maria Isabelle, vamos realizar uma entrevista com o Ítalo sobre Arquitetura
sustentável e bioconstruções! Então, Ítalo, peço que você se apresente e fale um
pouquinho do seu trabalho aqui pra nós:
Bom dia! Meu nome é Ítalo Tavares, eu sou arquiteto e urbanista, formado em
Arquitetura e Urbanismo pela Unifacisa, tenho uma especializações nas áreas de gestão
urbana e sustentabilidade, e agora estou terminando meu mestrado em arquitetura, mais
centrado na parte de arquitetura e cidade, que envolve um pouco do patrimônio moderno.
Essa área da arquitetura sustentável é uma coisa que eu venho me dedicando desde a
graduação e é intrínseca ao meu trabalho.
Muito massa! agora falando um pouco de arquitetura sustentável no modo geral, você
pode explicar para a gente quais são os princípios da arquitetura sustentável e como
eles impactam no design dos edifícios, no layout e na forma como o edifício é
construído?
Sim, então, a princípio, tem uma frase que é muito significativa como princípio
sustentável, que é o que? É o pensar global e o agir local, a sustentabilidade por base ela
quer dizer que você vai trabalhar agora sem comprometer a geração futura. Podemos
associar a isso, por exemplo, a questão da arquitetura vernacular, que é uma arquitetura
que foi desenvolvida em um lugar para responder adequadamente a aquelas condições
climáticas daquele ambiente, por exemplo, vamos citar a princípio o semiárido, regiões
desérticas, onde se utiliza muito construções de terra que dialogam com o lugar em termos
de materiais que são disponíveis para construção,assim como ela de certa maneira se
camufla em alguns lugares.
Outros princípios da arquitetura sustentável são o tripé: social, econômico e
ambiental. Se você conseguir associar essas questões de uma maneira equalizada, você
vai ter um produto sustentável, você tem parâmetros, tem meios de medir, tem regras para
isso, que seria o que? Os parâmetros do LEED, por exemplo, dentro do processo projetual,
se a gente entender que o BIM pode ser um meio sustentável de projeto, enquanto ele age
nesses princípios econômicos, na questão também energética, ele consegue extrair dados
de projetos que vão trazer essa eficiência do ponto de vista construtivo e do ponto de vista
funcional do objeto arquitetônico. Aí já é uma outra esfera, mais tecnológica e mais abstrata
no sentido que a gente está tratando de projeto, mas que atinge esses princípios da
sustentabilidade na arquitetura.
Você falou na questão do design, na questão do design de um edifício, se a gente
pegar o exemplo mais próximo que a gente tem, que é essa sala aqui, a gente percebe que
ela tem muitas aberturas, aberturas generosas, bem colocadas, que possibilitam uma
iluminação adequada, que a gente não precisa usar tanta iluminação artificial,
economizando na questão da energia elétrica em específico. Na questão material, já
puxando esse gancho com a energia, a gente entende que materiais sustentáveis são
aqueles que têm o menor gasto energético possível, tanto para ser produzido, quanto para
ser extraído. Se a gente pega, por exemplo, o aço, ele é considerado um material
sustentável porque ele é reciclável, certo? Então, se a gente tem um edifício inteiro
construído em aço há uma premissa que diz que esse aço pode ser reciclado, mas aí tem a
questão do gasto energético para esse aço ser reciclado, entendeu? Então, isso vai ser
levado em conta para dizer se ele é, de fato, um material sustentável ou não. A princípio, é,
por quê? Porque se você constrói um pequeno edifício em aço pré-moldado, ele torna a
construção um pouco mais seca, você vai gastar pouca água, vai ter menos mão de obra
para esta resolvendo entulhos das construções, você pode desmontar ele e montar em
outro lugar. Então, você não vai ter uma demolição convencional como são os prédios
comumente construídos no Brasil, em alvenaria, concreto armado, etc. Se você precisar
mudar essas edificações de lugar, elas não têm essa flexibilidade de você levar ela para
outros lugares. Então, a gente equaliza esses pontos,mas isso não quer dizer que toda
edificação metálica é sustentável.
Aí, a bioconstrução, ela já entra em um outro caráter de sustentabilidade.Se, a
princípio, a gente está falando de construções mais urbanas, cidades, quando a gente fala
de bioconstruções ou construções ecológicas, a gente pode entrar nesse aspecto também.
As bioconstruções, geralmente, são mais ecológicas como a gente está falando. Por quê?
Vamos pegar aqui as construções mais tipicamente construídas, que são técnicas com terra
crua. Ou seja, qual o gasto energético que você tem para construir uma edificação em terra
crua, principalmente se você estiver construindo em terreno que tenha aquele material
disponível. A terra, ela é um material existente, a gente não está criando a terra, ela não
passa por um processo industrial, o máximo que a gente vai fazer é utilizar um suplemento
ali para estabilizar aquele material, de acordo com o que a gente quer, que no caso seria o
cimento. Uma casa é um aparelho que ela respira, então ela tem uma troca de calor, ele
está o tempo todo renovando aquele ar. Então, se você tem uma temperatura externa acima
dos, vamos dizer, 35 graus lá fora, que já é considerada uma temperatura alta, dentro do
ambiente de uma construção com terra,por mais vedada que ela seja, ela vai ter essa troca
de... esse arrefecimento interno, entendeu? você vai ter aí uma temperatura interna em
torno de 30 graus, isso torna a temperatura um pouco mais amena.
Como a gente está aqui no interior da Paraíba, por exemplo, estamos muito
próximos de Cabaceiras, que é uma cidade que tem o menor índice pluviométrico do Brasil,
ou seja, é o lugar que menos chove no Brasil. Lá, as construções eram feitas com tijolos de
adobe, que são terra crua também, de uma maneira um pouco mais artesanal, mais
antiga,mas que são casas confortáveis. Acredito que a gente pegar, inclusive, um exemplo
aqui de um grande arquiteto como Lúcio Costa, ele propôs módulos de habitação social em
Taipa.
Então, você pode compartilhar com a gente algum projeto seu, ou algum projeto que
você ache bacana, que possa ser uma referência de arquitetura sustentável?
Eu acho que esse debate é cada vez mais necessário, ele começa a ser
sobressalente na década de 60, até que na década de 70 ele ganha força e na década de
80 a ONU cria princípios, diretrizes para que a gente consiga construir um ambiente
próspero e que garanta a qualidade de vida das sociedades vindouras. Então a partir daí
foram criadas várias agendas, como a Agenda 21, Rio 92, Agenda 2030, a gente tem agora
as ODS, que são também princípios sustentáveis, que não só abarcam a questão da
arquitetura, mas abarcam modos de vida. Então há esse incentivo através da ODS, são
metas para 2030, que tá bem perto, mas há um incentivo para que isso aconteça. Então
quanto mais isso acontecer, melhor as sociedades vindouras vão viver. E se a gente voltar
para aquela questão do pensar global e agir local, a gente compreende que há essa
necessidade de garantir que, por exemplo, as próximas gerações, elas garantam uma
qualidade de vida boa. Isso vai abarcar várias questões, são 17 princípios nas ODS, então
quanto mais itens daquilo você agrega ao seu projeto, mais você vai estar garantindo uma
qualidade de vida pras sociedades vindouras. Então isso é uma questão que, quanto mais
se agrava, mais ela vai se tornar evidente. E o que a gente vê hoje é justamente isso. A
gente tem ignorado esses anúncios das questões climáticas desde a década de 60, mas
vamos dizer que desde a década de 90, quando se tornou mais evidente, mais comprovado
que o trajeto estava sendo este, mais necessário fica tomar essa atitude. Um dos primeiros
projetos considerados sustentáveis, salvo engano, foi do Renzo Piano. É um projeto de um
arquiteto que tem um know-how com relação à tecnologia, desde os seus primeiros projetos
de relevância ali como o Museu Pompidou, que ele trabalha muito essa questão artística,
funcional e tecnológica. E aí a gente vê que isso tem se difundido e tem ganhado força, tem
ganhado força em vários sentidos. Voltando para um projeto meu aqui, por exemplo, que eu
pus, percebendo essa questão a princípio das ventilações, da incisão de núcleos, etc, que
são princípios básicos de arquitetura, mas que nem sempre são utilizados, o que a gente
tem como referência básica e local, municipal, é o Código de Obras, que ele diz o mínimo
que pode ser feito, que nem sempre é confortável, sim, mas é o mínimo. Então, além disso,
eu trabalhei o quê? No primeiro projeto que eu fiz como arquiteto formado, por exemplo, foi
uma residência para o meu irmão, inclusive, em um condomínio, em que eu utilizei paredes
verdes que ajudam nesse sentido bioclimático, na resistência técnica, mas também na
umidade, na ambiência do lugar. Então, é uma casa que tem paredes revestidas de
vegetação, em um primeiro andar, revestida por vegetação. Então, isso aí promove um
aspecto bioclimático para a residência muito agradável. E eles têm confirmado isso pela
vivência deles próprios, então, essa é uma coisa que eu consegui aplicar. Mas, como não é
uma coisa consciente, como eu te falei, as pessoas ainda não têm essa consciência, essa
informação, então, elas não interpretam aqui como uma qualidade delas, como da cultura
local, ainda. Então, por isso também eu não consigo implementar técnicas da construção,
da bioconstrução. Não é tão simples, se você for perguntar aqui as dez pessoas mais
próximas que estejam aí fora, talvez não saibam o que é. Quanto mais você convencer uma
pessoa dessa, que ela deveria aplicar o princípio da bioconstrução na sua casa, ela não
sabe o que é, é quase que alienígena, ela não cita. Então, isso é uma dificuldade, é uma
coisa que deveria ser aplicada, mas que é uma tendência. Quanto mais esses problemas
climáticos forem aparecendo, sendo mais evidentes, mais se buscará por essa via de
solução, porque a solução está dada, mas ela não está sendo aplicada como deveria ser.
Não é isso. Tenho a título de exemplo, construções sustentáveis e tecnológicas, tem outras
obras de município, tem uma que é uma série de ciências e tecnologias, não sei
exatamente o que é, mas que é bem interessante nesse aspecto. A gente tem um
aeroporto em Singapura, que é uma construção altamente tecnológica e referência com
relação à sustentabilidade e acho que ela às vezes é citada como a obra mais sustentável
do mundo, não dá para afirmar isso com tanta certeza, mas que é uma referência, mas
assim, eu digo a título de você linkar tecnologia e sustentabilidade. Tem esses dois
conceitos, o conceito de low-tech e o conceito de high-tech. O low-tech, ele está mais
próximo das bioconstruções, pela própria materialidade. Por exemplo, bioconstruções a
princípio, elas são feitas em regime de mutirão, ou seja, são várias pessoas que tem aquele
domínio da técnica, não necessariamente uma mão de obra que foi formatada pela questão
da força de trabalho para fazer aquilo. Então ela é uma coisa muito mais comunitária, que
atinge esse âmbito social, local, porque aí você vai estar desenvolvendo pessoas do lugar,
utilizando matéria do lugar, então você vai diminuir essa pegada ambiental. Já no high-tech,
já são, já é um outro viés de pensamento que inserção da bioconstrução, que é você aliar a
ciência e tecnologia às questões sustentáveis. A própria placa solar, de energia solar,
materiais mais eficientes, com uma pegada ambiental menor e que ele tem um ciclo de
reuso otimizado, você consegue produzir. Porque, por exemplo, a terra, você demoliu a
construção ali, você pode utilizá-la quase que infinitas vezes. Já tem produto aí que você
não vai conseguir, um concreto armado já é mais difícil, tanto para você passar pelo
processo de demolição, porque a gente tem que prever essa coisa das mudanças, como é
que aquilo é, você tem que pensar que talvez aqui onde existe esse prédio hoje, talvez
amanhã não possa mais ser, ou venha a ser outra coisa. Assim, eu estou falando isso a
título de exemplo, porque o campus universitário é um lugar que dificilmente ele vai perder
essa propriedade, mas só para pensar assim, a questão do ciclo de vida das construções.
Construções de terra, por exemplo, só para falar sobre ciclos de vida, que a princípio parece
que é uma coisa até frágil, mas a gente tem construções de terra que tem milhares de anos,
enquanto construções convencionais, até concreto armado, a própria Vila de Savoye está lá
decrépita. Foi inclusive, a princípio, lógico que era o início, a gente estava desenvolvendo
materiais, a história do concreto armado ainda não era uma técnica estável, muito bem
atualizada, e tinha coisas, infiltrações e coisas que hoje a gente sabe que são evitadas, e a
construção de terra é isso. Você pode ter uma construção de terra que você facilmente faça
ela desaparecer, mas que ela pode durar milhares de anos, ou seja, construção de terra de
mil anos, dois mil anos, é uma coisa quase que impensável, mas é um fato. Bom, eu acho
que com isso a gente acabou elencando todos os tópicos que a gente queria abordar.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO
5. CONCLUSÃO
A preparação para o futuro na arquitetura é um tema central na entrevista com o
arquiteto Ítalo Tavares. O entendimento da importância da sustentabilidade, flexibilidade de
design e inclusão de soluções inovadoras e tecnológicas é crucial para criar edifícios que
perdurem e se adaptem às necessidades em constante evolução da sociedade. É
fundamental projetar edifícios que possam ser utilizados de maneira flexível ao longo do
tempo, incorporando tecnologia e práticas sustentáveis para manter a relevância e
minimizar o impacto ambiental.
Essa preparação para o futuro também exige uma abordagem holística, abrangendo
a educação contínua, a acessibilidade, o planejamento de cidades sustentáveis e a
consideração da cultura e da história locais. A educação desempenha um papel
fundamental para manter arquitetos, clientes e construtores atualizados sobre as melhores
práticas em sustentabilidade e inovação tecnológica. Os arquitetos desempenham um papel
essencial na criação de espaços que atendam às necessidades presentes e futuras da
sociedade, enquanto também respeitam o meio ambiente e a herança cultural.
Finalmente, a escolha entre abordagens low-tech e high-tech na arquitetura
sustentável envolve uma ponderação cuidadosa, considerando fatores como custo,
eficiência energética e disponibilidade de recursos. Com frequência, uma combinação
equilibrada de ambas as abordagens oferece a melhor solução para criar edifícios
sustentáveis. O objetivo final é alcançar um ambiente construído que resista ao teste do
tempo e proporcione um ambiente saudável e funcional para as gerações presentes e
futuras, abraçando a inovação e a sustentabilidade.