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Revista IBRACON de Estruturas e Materiais - Instituto Brasileiro do Concreto 1

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EDIFICAÇÕES ALTERNATIVAS: ESTUDO


COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS
CONSTRUTIVOS PARA HABITAÇÕES DE
INTERESSE SOCIAL
ALTERNATIVE BUILDINGS: A
COMPARATIVE STUDY BETWEEN
CONSTRUCTIVE SYSTEMS FOR SOCIAL
INTEREST HOUSES
Resumo

Problemas referentes a desastres naturais têm contribuindo para o crescimento do déficit habitacional,
o uso de sistemas construtivos inovadores pode ser um aliado no processo de adequação de moradias
para pessoas vulneráveis. Logo, um sistema construtivo pode ser caracterizado como o conjunto de
materiais, técnicas e componentes capazes de produzir um elemento comum denominado
de “edificação”. O objetivo geral deste estudo é comparar os custos, prazos e o conforto térmico de um
projeto de habitação para famílias de baixa renda, utilizando três modelos de sistemas construtivos
diferentes (alvenaria convencional, parede de concreto moldada in loco e Light Steel Frame.). Para
tanto, utilizou-se como parâmetro um projeto de conjunto habitacional para famílias de baixa renda na
cidade de Americana/SP. Através dos índices de construção TCPO e SINAPI, realizou-se o orçamento
e estimativa de prazo em relação dos métodos construtivos considerados. Em relação ao conforto
térmico considerou-se para avaliação a NBR 15220/2003 que apresenta as variáveis, os parâmetros e
diretrizes, levando, as fases de pós e pré-projeto. Para avaliar o conforto térmico pós projeto aplicou-se
um questionário qualitativo com os moradores residentes no local. Com os dados obtidos, determinou-
se qual o sistema construtivo que apresenta o melhor desempenho e o menor custo como habitação.
Observou-se que dos três métodos avaliados, o sistema construtivo de paredes de concreto apresentou
baixo custo e rapidez na execução. No entanto no quesito conforto térmico pós aplicação do
questionário avaliativo observou-se que os moradores entrevistados avaliam o espaço como adequado,
2

e confortável. Em relação ao desempenho térmico dos materiais ainda prevalece o sistema


convencional de construção, podendo ser utilizado como alternativa o sistema Light Steel Frame que
aumenta o conforto térmico dessas residências. Conclui-se que não há um sistema construtivo perfeito.,
e sim o que se adequa melhor às necessidades, considerando a viabilidade econômica e conforto dos
moradores.

Abstract

Problems related to natural disasters have contributed to the growth of the housing deficit, the use of
innovative building systems can be an ally in the process of housing adaptation for vulnerable people.
Thus, a building system can be characterized as the set of materials, techniques and components
capable of producing a common element called “building”. The general objective of this study is to
compare the costs, terms and thermal comfort of a housing project for low-income families using three
different building system models (conventional masonry, on-site cast concrete wall and Light Steel
Frame.). To this end, a housing project for low-income families in the city of Americana / SP was used
as a parameter. Through the TCPO and SINAPI construction indices, the budget and term estimation
in relation to the construction methods considered were performed. Regarding thermal comfort, NBR
15220/2003 was considered for evaluation, which presents the variables, parameters and guidelines,
taking the post and pre-project phases. To assess the thermal comfort after the project, a qualitative
questionnaire was applied to the residents residing at the site. With the data obtained, it was determined
which building system presents the best performance and the lowest cost as housing. It was observed
that of the three evaluated methods, the construction system of concrete walls presented low cost and
speed in execution. However, regarding thermal comfort after application of the evaluation
questionnaire, it was observed that the interviewed residents evaluate the space as adequate and
comfortable. Regarding the thermal performance of the materials, the conventional construction system
still prevails, and the Light Steel Frame system can be used as an alternative, which increases the
thermal comfort of these residences. It is concluded that there is no perfect building system, but the
one that best fits the needs, considering the economic viability and comfort of the residents.

Palavras-chave: Light Steel Frame. Parede de concreto moldada in loco. Alvenaria Convencional. Habitação de
interesse social. Desempenho Térmico.

Keywords: Light Steel Frame. Parede de concreto moldada in loco. Alvenaria Convencional. Habitação de interesse
social. Desempenho Térmico.
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1 Introdução

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com dados amostrais da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE em 2015, o déficit habitacional brasileiro é de 7,757
milhões de moradias, o estado mais afetado é São Paulo, com 1,61 milhão de moradias, sendo
que as famílias de baixa renda correspondem a 91% do total, o que indica a necessidade de
politicas publica voltadas as habitações.

A origem da habitação como politica publica no Brasil esteve atrelada a Era Vargas, antes este
conceito estava vinculado ao IAP (Institutos de Aposentadoria e Pensão), mas apenas
beneficiava certas classes trabalhadoras (FGV), onde o estado era o produtor e financiador das
unidades habitacionais. (BUONFIGLIO E VELLOSO – 2018 [8]).

Com o grande crescimento da imigração campo-cidade devido à revolução industrial houve um


déficit habitacional muito grande e como solução foi criado o BNH (Banco nacional da
habitação) em 1964 durante o governo militar, dessa forma foi possível programar provisões
habitacionais para famílias que não tinham condições financeiras favoráveis para adquirir um
imóvel, as chamadas habitações de interesse social, onde o estado passa a ser apenas o
financiador. (BUONFIGLIO E VELLOSO – 2018 [8]).

Embora esses financiamentos onerosos levem essas famílias muitas vezes a longas dividas,
pode se considerar esse sistema como uma politica publica voltada para habitações de interesse
social. (RODRIGUES – 2011 [26]).

No Brasil atualmente existem diversos projetos e programas de financiamento habitacional em


andamento, a nível Federal, estadual e municipal, que tem como finalidade combater o
problema de carência a moradia no país, principalmente que atinge famílias de baixa renda,
entre esses programas podemos citar o projeto Cadernos Caixa da caixa econômica federal, o
Programa papel passado do ministério das cidades, e o mais conhecido dentre esses o Minha
Casa, Minha Vida criado em 2009 pelo governo federal. (FERREIRA, 2015) [15].

O principal fator a ser considerado no levantamento de custos de uma obra é conhecer os


materiais empregados nos metodos e sistemas construtivos, a fim de saber qual o mais
adequado a ser implantado em programas habitacionais, pois o material e mão de obra estão
diretamente ralacionados aos valores propostos nos financiamentos.
4

No Brasil, o sistema construtivo mais utilizado para a construção de residências é o de


estrutura de concreto armado associado à alvenaria em blocos cerâmicos para vedação. Este
sistema é caracterizado como um método artesanal tendo como particularidade a pouca
produtividade, excessivo desperdício de materiais e grande produção de entulhos.
(SANTIAGO ET, AL, 2012 [27]).

A partir de meados do século XVIII, os tijolos cerâmicos foram difundidos no Brasil, pelos
imigrantes europeus, com o passar dos anos e a forte demanda de alvenaria a produção de
tijolos se intensificou, passando a ser o sistema construtivo mais utilizado no Brasil, pois
garantia o conforto térmico tanto no verão como no inverno. CAMPOS E LARA (2012) [9].

Segundo PEREIRA (2018) [24] a alvenaria convencional, é formada por pilares e vigas em
concreto armado e a chamada alvenaria de vedação formada em sua maioria por tijolos
cerâmicos.

Segundo a norma ABNT NBR 15270-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, pg. 2) [3] os tijolos cerâmicos para vedação constituem as alvenarias
externas ou internas que não têm a função de resistir a outras cargas verticais, além do peso da
alvenaria da qual faz parte.

A estrutura é sustentada basicamente por pilares e vigas que segundo ABNT NBR 6118
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, item 14.4.1.1 e 14.4.1.2) [7]
são definidos como elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical e
horizontal respectivamente, nos pilares as forças normais de compressão são preponderantes já
nas vigas o esforço físico atuante é a flexão. Sua forma mais tradicional é em concreto armado,
essas estruturas tem a finalidade de transmitir as cargas aos elementos de fundação.

Segundo TAUIL E NESE (2010) [28] alvenaria é o conjunto de elementos que justapostos,
colados e revestidos com argamassa na interface de uma estrutura, forma um elemento vertical
coeso e que tem por função vedar espaços resistir a cargas oriundas da gravidade, promover
segurança, resistir a impactos e ação do fogo, isolar e proteger acusticamente os ambientes
contribuir para a manutenção do conforto térmico, além de impedir a entrada de vento e chuva
em seu interior.
5

Porém na última década um sistema construtivo inovador vem ganhando espaço dentro do
cenário nacional, que é o sistema de paredes de concreto moldadas in loco com formas
removíveis.

De acordo com a ABNT NBR 16055 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2012, p.3) [6] Parede de concreto é o elemento estrutural autoportante, moldado
no local com comprimento dez vezes maior que sua espessura e capaz de suportar carga no
mesmo plano da parede.

Segundo MISURELLI e MASSUDA (2009) [23] o método chegou ao Brasil entre as décadas
de 70 e 80 inspirados em experiências bem sucedidas de construções industrializadas em
concreto celular e concreto convencional, conhecidas respectivamente como sistema ghetal e
outinord, porém devido à falta de escala de obras padronizadas e a limitação financeira da
época essa tecnologia não se consolidou. Até que em 2009 com o fortalecimento da economia
nacional e o crescimento de programas habitacionais de interesse social como o Minha Casa,
Minha Vida (MCMV) esse sistema foi implantado no brasil.

Os principais materiais utilizados no processo construtivo de paredes de concreto são as


fôrmas que podem ser de alumínio, madeira ou plástico. As armações da estrutura, que são
compostas por telas eletro soldadas de aço CA60 e o concreto, principal componente deste
sistema.

Segundo MISURELLI e MASSUDA (2009) [23].

“A armação adotada no sistema paredes de concreto é a tela soldada posicionada no


eixo vertical da parede. Bordas, vãos de portas e janelas recebem reforços de telas ou
barras de armadura convencional. Em edifícios mais altos, as paredes devem receber
duas camadas de telas soldadas, posicionadas verticalmente, e reforços verticais nas
extremidades das paredes”.
Atualmente em programas habitacionais que utilizam o sistema paredes de concreto as fôrmas
mais usuais são as de alumínio, embora tenha um elevado custo de aquisição ou locação, esse
material segundo CORSINI (2012) [11] podem ser utilizados de 500 a 2000 vezes em ciclos
constantes de concretagens, sendo que a fôrma de alumínio é a que menos necessita de
manutenções, ou retrabalhos na estrutura pós concretagens.

Segundo a ABNT NBR 16055 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2012, item 19.1) [6] “o concreto destinado à estrutura da parede de concreto, pode ser
preparado pelo executante da obra, ou por empresa de serviço de concretagem, sendo que
6

ambos devem assumir a responsabilidade pelo serviço da obra”. A coletânea de ativos


(Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, 2008) [10] fornece uma tabela com
concretos exclusivamente para paredes de concreto.

Porém os tipos de concreto que apresentam as menores resistências, só podem ser utilizados
em residências de até dois pavimentos, a Coletânea recomenda ainda o uso de fibras ou
materiais que diminuam os efeitos na retração do concreto, o efeito da retração segundo
ITAMBÉ (2010) [25] é quando a uma redução no volume do concreto, ocasionado devido a
saída de água por exsudação ou outros fenômenos que podem ser tanto físico como químicos.

Devido à industrialização da construção civil outros sistemas construtivos foram incorporados


ao redor do mundo, como o Light Steel Frame, que é utilizado em larga escala em países como
Estados Unidos e Japão.

O Light Steel Frame é o sistema construtivo que consiste na utilização de perfis leves de
chapas em aço galvanizado com função estrutural e não estrutural e recebe painéis para
fechamento externos e internos para formar a vedação. É considerada uma construção
racional, pois utiliza pouquíssimos recursos naturais. (HASS E MARTINS, 2011) [20].

Originou-se do Wood Frame, um sistema construtivo muito similar, que utiliza madeira em
vez de aço na sua estrutura, teve inicio ainda no século XIX com a expansão dos Estados
Unidos em direção ao oeste, onde havia a necessidade de uma solução rápida e eficiente para
atender a grande demanda populacional utilizando os recursos disponíveis no local que no caso
era madeira.

Porém no século XX com a expansão da indústria siderúrgica devido a Segunda Guerra


mundial, o processo construtivo Wood Frame sofreu alterações trocando a matéria prima
principal, madeira, pelo aço que era encontrado em abundancia, e assim surge o Light Steel
Frame.

Com a substituição da madeira pelo aço, tiveram as vantagens de eficiência e resistência


estrutural aumentadas, dando à estrutura maior resistências às catástrofes naturais como
furacões e terremotos. (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012) [27].

Segundo GORGOLEWSKI, M. et,al (2001) [19] os elementos básicos de construção da


estrutura do sistema light steel frame são compostos de seções em aço leve formados a frio,
7

pré-fabricados em painéis ou módulos montados no local usando vários métodos de


construção, sendo os principais o método Stick-build e o método dos painéis.

De acordo com GORGOLEWSKI, M. (2001, P.14) [19], a precisão geométrica e a


confiabilidade no metodo dos painéis e outros componentes é melhor do que no método Stick
Build por que os painéis são pré-fabricados em um ambiente de fábrica, o que garante
instalações precisas tanto na fundação como na estrutura, o que é um fator chave para acelerar
o processo de montagem dos painéis garantindo o máximo de eficiência.

Segundo CRASTO (2005) [12] no sistema do steel frame os seus componentes de fechamento
devem ser elementos leves, compatíveis com o seu conceito de estrutura dimensionada para
assim suportar vedações de baixo peso próprio. Estes componentes devem ser posicionados
no lado externo da estrutura para formar uma vedação externa na mesma, além de atender aos
requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575-1 (2013) [4] de segurança, habitabilidade e
sustentabilidade.

Os materiais mais utilizados no Brasil para fechamento deste tipo de sistema construtivo são
OSB (oriented strand board), a placa cimentícia e o gesso cartonado em relação à mão-de-obra
e custo que são importantes para execução de orçamentos, são os materiais que mais atendem
os requisitos do país.

Um orçamento é composto pela prévia determinação dos gastos necessários para a execução
de um projeto de maneira quantitativa, onde o mesmo é separado normalmente em duas
etapas: mão-de-obra e materiais, LIMMER (1997) [21]. A distinção entre orçamento e
orçamentação é de grande importância, onde orçamento é o produto final do processo de
orçamentação (MATTOS, 2006 [22]).

Este levantamento atua como uma importante ferramenta que auxilia e possibilita o estudo da
viabilidade da obra, de forma a encontrar possíveis percalços que ocorrerão durante a
construção da mesma. A definição dos custos a partir do estudo de viabilidade não pode,
porém, ser garantida sem que haja um acompanhamento da execução do projeto, conforme as
diretrizes e parâmetros adotados na definição dos custos (GONÇALVES, 2011 [18]).

A Tabela de composição de preços para orçamentos (TCPO) da editora PINI fornece


coeficientes para cálculos de quantitativos e horas essenciais para compor serviços de
construção civil e predial.
8

Os fatores que indicam os quantitativos e as proporções horárias de pessoal, material e


equipamentos oferecem uma visão aproximada da realidade, mas para que se tenha um
resultado satisfatório os responsáveis por execução de orçamentos devem analisar
cuidadosamente cada etapa dos serviços. TISAKA (2011) [29].

TOGNETTI (2011) [30] afirma que a TCPO não é a única ferramenta para elaboração de
orçamentos, havendo outros meios para obtenção de tabelas para orçamentação, o SINAPI
(Sistema nacional de pesquisa de custos e índices da construção civil) é um desses meios,
disponibilizado pela caixa econômica federal.

Este sistema é uma criação conjunta da Caixa Econômica com o próprio IBGE realizada por
meio de acordo de cooperação técnica, cabendo à responsabilidade da coleta, apuração e
cálculo ao IBGE, enquanto à CAIXA, a definição e manutenção dos aspectos de engenharia,
tais como projetos, composições de serviços etc.

Além dos custos, a engenharia e arquitetura devem ofertar meios para que o ser humano se
sinta confortável, bem como garantir condições térmicas favoráveis ao conforto térmico
humano no interior das edificações, independente das condições climáticas existentes. O
homem apresenta melhores condições de vida, bem estar, saúde e vitalidade quando seu
organismo não esta submetido a altos índices de fadiga ou estresse, o que pode aumentar
devido ao desconforto térmico de sua residência. FROTA E SCHIFFER (2001) [17].

O desempenho térmico é um fator circunstancial nas habitações em especial nas destinadas a


pessoas de baixa renda, a NBR 15575-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013) [4] define o mesmo como uma exigência em relação á habitabilidade do
usuário.

Segundo a NBR 15575-3 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)


[5] a avaliação deste desempenho pode ser realizada também após a construção da residência,
podendo ser por simulação computacional ou através de medições in - loco de variáveis
representativas do desempenho.

Para a realização de ambos os métodos de avaliação leva-se em conta a situação climática


sendo uma dos principais fatores influenciadores no desempenho térmico das edificações, para
isso a NBR 15220-3 (2003) [2] estabeleceu um zoneamento bioclimático brasileiro, nele o
9

território brasileiro é dividido em oito partes homogêneas quanto ao clima de forma a facilitar
a adequação construtiva em relação ao desempenho térmico.

O objetivo geral deste estudo é comparar os custos, prazos e o conforto térmico de um projeto
de habitação para famílias de baixa renda, utilizando três modelos de sistemas construtivos
diferentes (alvenaria convencional, parede de concreto moldada in loco e Light Steel Frame.

1.1 Justificativa

Este trabalho é de fundamental importância no campo da engenharia civil, pois visa apresentar
outros métodos construtivos além dos convencionais, comparando-os com o intuito de
analisar quais dos sistemas construtivos apresenta o menor custo e qual proporciona maior
conforto aos moradores.

Dessa forma é possuir analisar futuramente esses dados para que possam ser aproveitados pela
sociedade com a finalidade de ser uma alternativa para problemas como o déficit habitacional,
e esses sistemas construtivos possam ser incorporados em programas habitacionais de interesse
social.

2 Materiais e programa experimental

2.1 Local de estudo

Na cidade de Americana desde 1996 atua a Cooperativa Nacional de Habitação e Construção a


COOPERTETO, que tem como principal objetivo reunir pessoas interessadas em adquirir a
casa própria, por meio da construção do seu próprio imóvel.

A área de estudo esta localizada na região do Jardim dos Lírios na cidade de Americana/SP,
em um conjunto habitacional construído em um programa habitacional para famílias de baixa
renda desenvolvidas pela COOPERTETO (2019).

O conjunto foi construído por populares em alvenaria convencional mais precisamente foram
empregados blocos cerâmicos estruturais, e apresenta aproximadamente 132 módulos
construídos pelos próprios moradores. A figura 1 apresenta a planta baixa utilizada como
modelo da residência, fornecidos pela empresa, uma residência geminada com
aproximadamente 72,96m² de área construída, com sala, cozinha, dois banheiros, dois quartos,
área de serviço e uma vaga de garagem, o conjunto possui 132 módulos habitacionais.
10

Figura 1 - Planta Baixa da área de estudo.

A partir das medidas e modulações obtidas na planta com o auxilio do programa Auto CAD,
foi possível iniciar o estudo e consequentemente o levantamento de materiais para
desenvolvimento do trabalho.

2.2 Métodos

Na primeira etapa do trabalho foi realizada uma revisão de literatura em bases de dados
científicos e no acervo interno da biblioteca da instituição, buscou-se trabalhar com
publicações atuais e que apresentassem alguma relevância para o estudo bem como a utilização
de normas técnicas e literaturas internacionais.

2.3 Orçamento e Cronograma

Para realizar a orçamentação no sistema Alvenaria Convencional foi considerada as partes, de


estrutura, vedação e revestimento, considerando o máximo de serviços necessários para
executar cada etapa da construção.

Foi utilizado o software auto CAD para facilitar o levantamento de quantitativos, e a TCPO
para auxiliar na analise das etapas da construção. A tabela 1 apresenta os serviços considerados
para as etapas de estrutura, vedação e revestimento, utilizando as quantidades levantadas a
partir do projeto.
11

Tabela 1 - Serviços e quantidades consideradas, para o sistema alvenaria convencional.


Descrição Unid. Quant.
Armação dos pilares com até 12,5 mm Kg 2096,67
Formas madeira para peças de concreto m² 248,76
Concreto estrutural 20 MPa virado na obra m³ 28,18
Lançamento manual de concreto nas formas m³ 28,18
Desmontagem das formas m² 248,76
Armação das vigas com até 10 mm Kg 950,07
Escoramento em madeira para lajes de edificação m² 53,42
Armação da laje com até 8 mm Kg 325,21
Alvenaria de embasamento com blocos cerâmicos de vedação 14 x 19 x 39 cm m³ 0,75
Impermeabilização de alvenaria de embasamento m² 48,97
Alvenaria de vedação com blocos cerâmico furados 9 x 19 x 19 m² 365,97
Verga reta moldada no local com fôrma de madeira m³ 0,43
Encunhamento de alvenaria com tijolo maciço cerâmico m 66,17
Chapisco para parede interna e externa m² 606,30
Emboço para parede interna m² 517,05
Emboço para parede externa m² 89,25
Reboco para parede interna e externa. m² 606,30

A partir dos dados da tabela 1, foi possível atribuir os códigos da TCPO utilizados na analise
de cada serviço, cada código é relacionado a um serviço e fornece fatores que indicam os
quantitativos utilizados na orçamentação e as proporções horárias de pessoal importante para
determinar o tempo que levaria para executar a obra.

Em relação à parede de concreto as etapas consideradas para orçamentação, foram as de


posicionamento das telas de aço, montagem das formas metálicas, concretagem e estucagem
(processo de regularização do reboco). A tabela 2 apresenta os serviços considerados nas
etapas citadas no paragrafo anterior.
12

Tabela 2 - Serviços e quantidades consideradas, para o sistema parede de concreto.


Descrição Unid. Quant.
Armação do sistema de paredes de concreto, executada em paredes de
kg 2036,54
edificações de múltiplos pavimentos, tela Q-138.
Armação do sistema de paredes de concreto, executada como armadura
kg 466,50
positiva de lajes, tela Q-196.
Formas manuseáveis para paredes de concreto moldadas in loco, de
m² 517,05
edificações de múltiplos pavimentos, em faces internas de paredes.
Formas manuseáveis para paredes de concreto moldadas in loco, de
m² 150,00
edificações de múltiplos pavimentos, em lajes.
Escoramento metálico para lajes m² 150,00
Transporte, lançamento, adensamento e acabamento do
m³ 76,14
concreto em estrutura.
Adensamento e regularização de superfície de concreto empregando régua m² 729,25
simples, profundidade até 15 cm
Estucamento de densidade alta, nas faces internas de paredes do sistema de
m² 517,05
paredes de concreto.
Estucamento, para qualquer revestimento, em teto do sistema de paredes de
m² 150,00
concreto.
Estucamento de panos de fachada com vãos do sistema de paredes de
m² 89,25
concreto em edificações de múltiplos pavimentos.

O sistema paredes de concreto por ser um sistema relativamente novo no Brasil, não apresenta
todos os itens de serviços necessários que possam utilizar somente os códigos com os
parâmetros da TCPO, sendo necessario a utilização dos códigos da SINAPI específicos para
esse tipo de construção o SIPCI.

Para o Light Steel Frame, foram considerados os itens da TCPO pertencentes a esse sistema,
que engloba o fechamento interno e laje do tipo steel Deck que é um modelo muito utilizado
nessa tipologia construtiva.

Entretanto a TCPO não possui item para fechamento externo em seus códigos, então foi
considerado os coeficientes horários de mão de obra utilizados no fechamento interno, apenas
com a mudança no material utilizado, massa cimenticia ao invés de gesso cartonado para parte
externa, assim a tabela 3 apresenta os itens considerados para o sistema.
13

Tabela 2 - Serviços e quantidades consideradas, para o sistema Light Steel Frame.


Descrição Unidade Quant.
STEEL FRAME para parede interna, fechamento em gesso acartonado
m² 502,13
entre ambientes secos e úmidos
STEEL FRAME para parede externa, Vedação em placas cimentícias
m² 245,00
parte externa
LAJE PRÉ-FABRICAO A STEEL DECK com chapa metálica, com
m² 150,00
capa de concreto FCK=25Mpa.

Em seguida, assim como nos outros sistemas atribui-se os códigos da TCPO utilizados na
analise de cada serviço.

Após as etapas definidas e os códigos dos índices estabelecidos, foi determinada a quantidade
de funcionários necessários para realizar a obra, para que fosse atingido o máximo de
proximidade aos resultados definiu-se um total de 21 funcionários pra cada serviço dentre os
três sistemas construtivos sendo divido entre ajudantes, oficiais e encarregados.

2.4 Conforto Térmico

Para analise do conforto térmico, inicialmente foi realizada uma visita de campo no local do
estudo onde foi empregado um questionário para verificar de forma sensitiva qual a opinião
dos moradores do conjunto em relação ao conforto térmico dessas residências, o questionário
despunha de dez perguntas relacionadas ao desempenho térmico da edificação, na época em
questão e em diferentes épocas do ano, o questionário foi realizado em dois dias e obtiveram
66 amostras, 50% do total de residências existentes no local.

2.5 Estudo dos Materiais

A NBR 15220-2 (2003) [1] possui métodos de cálculo que determinam de forma teórica
variáveis de desempenho nos elementos e componentes das edificações, os componentes de
edificações estudados na norma são vedações, fechamentos e coberturas, porém para o
desenvolvimento deste trabalho serão aplicadas essas variáveis nos modelos apenas em suas
vedações e fechamentos em todos os sistemas construtivos estudados.

As variáveis calculadas pela NBR 15220-2 (2003) [1] são: Transmitância térmica, capacidade
térmica, atraso térmico e fator solar, essas variáveis foram calculadas através das equações
presentes na norma.
14

Posteriormente os resultados dessas variáveis de desempenho foram analisados e comparados


com os dados gerados pelo software ZBBR que analisa conforme a NBR 15220-3 (2003) [2] se
as variáveis calculadas e a edificação em estudo atendem as diretrizes da norma para garantir o
conforto térmico da residência de acordo com sua localização.

3 Resultados e discussões

3.1 Orçamento e Cronograma

Foi obtido junto à empresa responsável pela obra e o orientador do trabalho os projetos
utilizados na construção do conjunto, porém os projetos cedidos não continham os projetos
estruturais e nem de instalações hidráulicas e elétricas, então foi decidido que seria orçado
apenas às partes da edificação em que fossem empregados os sistemas construtivos, criando
modelos hipotéticos apenas com informações presentes nas normas ou de cunho empírico.

Com os dados das etapas de serviço obtidos para cada um dos sistemas construtivos foi
possível realizar a orçamentação focada nos custos diretos da obra nos três modelos montados
e criar cronogramas com o prazo de realização de cada serviço a fim de comparar qual dos
sistemas tem menor custo e menor prazo de execução das etapas citadas na metodologia.

Após as etapas definidas e os códigos dos índices estabelecidos, com os coeficientes de pessoal
fornecidos pela TCPO e SINAPI foi possível determinar o tempo de execução de serviço para
cada sistema construtivo nas etapas consideradas, conforme demonstra o gráfico 1 abaixo:

Gráfico 1 - Comparativo do tempo de execução dos serviços entre os três sistemas construtivos.
15

Observa-se no gráfico 1 a nítida diferença de tempo que levou para execução da obra no
sistema alvenaria convencional para os demais.

Devido à mão de obra que trabalha de forma quase artesanal e em muitos casos
desqualificadas. No entanto os sistemas Light Steel Frame e paredes de concreto que são
considerados sistemas construtivos industrializados possui mão de obra especializada com
serviços padronizados e que acelera a execução desses serviços.

Em seguida com os dados salariais coletados nos sindicatos das categorias da construção civil e
metalúrgica (Steel Frame) calculou-se o custo da mão de obra em cada sistema construtivo.

3.2 Mão de Obra

Considerou-se no custo da mão de obra o gasto com encarregados de verificação de serviço,


algo importantíssimo no dia a dia de obras desse porte, para obter o gasto em dias dos
encarregados, primeiramente foi determinado os dias necessários para finalização da obra.

Considerando 8 horas diárias de serviço com 22 dias uteis no mês e um efetivo de 20


funcionários entre oficiais e ajudantes, com ponderações feitas de acordo com o peso de cada
atividade relacionada à função, obteve-se um prazo de 27 dias para a entrega das atividades no
sistema alvenaria convencional, o gráfico 2 apresenta o custo com mão de obra desses
sistemas.

Gráfico 2 - Comparativo do custo de mão de obra entre os três sistemas construtivos.


16

Atrelado ao tempo de execução esta o custo com a mão de obra, quanto mais tempo se leva
para finalizar uma obra maior seu custo, o que é explicito no gráfico 2, observa-se que o
sistema alvenaria convencional se torna mais oneroso por ser demorado.

Já o sistema Light Steel Frame sofre influencia do salario da mão de obra, embora leve menos
tempo para ser executado, devido ao fato de sua mão de obra ser mais cara acaba por ter valor
superior ao sistema de paredes de concreto cuja mão de obra possui valor de mercado similar à
alvenaria convencional de acordo com o sindicato da categoria.

Com o custo da mão de obra determinado, o passo seguinte foi o levantamento de custo do
material, assim como os coeficientes horários de mão obra a TCPO e SINAPI também
fornecem os insumos que compõe um serviço.

3.3 Custo de Material

A partir dos insumos obtidos levantaram-se as quantidades de material necessário para a


execução da obra, porém a TCPO e o SINAPI não disponibilizam o preço do material,
devendo estes serem adquiridos por meio de cotação em mercado local ou o mais próximo da
obra possível. O gráfico 3 apresenta o custo total com material dos sistemas analisados com
ênfase nos gastos de cada etapa da construção.

Gráfico 3 - Comparativo do custo com material entre os três sistemas construtivos.

No Light Steel Frame o principal material empregado nas etapas consideradas são os perfis de
aço galvanizado, o que eleva o valor da construção por ser este um material caro difícil de ser
encontrado no mercado.
17

No sistema alvenaria convencional o custo na etapa de estrutura é bem mais elevado que nas
outras etapas, muito se deve pelo uso de materiais caros como aço empregado no concreto
armado dos pilares, vigas e lajes.

Nas paredes de concreto as fôrmas metálicas empregadas no processo tem elevado valor de
aquisição o que tornaria inviável a utilização desse sistema construtivo em apenas uma unidade
habitacional.

Entretanto como este trabalho corresponde a um conjunto habitacional com 132 unidades essa
fôrma teve seu valor diluído para cada unidade construída, resultando na diminuição
considerável do valor final com material já que a forma é o mais oneroso entre todos os
materiais utilizados no sistema.

3.4 Custos finais de Orçamentação

Com todos os custos definidos, materiais e mão de obra, foi possível determinar qual o valor
final orçado para cada sistema construtivo nas etapas consideradas. Em relação ao valor orçado
considerou-se apenas para uma geminação não incluindo outras etapas além da estrutura,
vedação e fechamentos. Portanto o valor final para a as atividades é sessenta e seis vezes maior
do que o apresentado no gráfico 4 desprezando ainda o BDI (Benefícios e Despesas Indiretas)
e os encargos salariais da mão de obra, indispensável para a orçamentação e lucros de empresas
de construção civil.

Em seguida, comparou-se o custo final orçado para cada sistema construtivo conforme gráfico
3.4, a fim de apontar quais os fatores determinantes para que houvesse tal discrepância.

Gráfico 3 - Comparativo de Custo de material e mão de obra, utilizados nos três sistemas construtivos.
18

Ao comparar custo de material e mão de obra observa-se que é elevado o custo do sistema
Light Steel frame em comparação aos demais, embora o custo com mão de obra não seja tão
alto quanto o de alvenaria convencional o elevado custo do material empregado neste sistema
acaba por torná-lo caro.

Embora a alvenaria convencional possua um material com valor de mercado acessível, por ter
um elevado tempo de execução torna sua mão de obra cara, elevando o valor da construção.

Já o sistema paredes de concreto possui uma mão de obra relativamente barata por ser uma
construção rápida e considerada industrializada, e seus materiais mais onerosos tem seu valor
diluído pelo numero de habitações o que torna esse sistema o mais barato nas etapas
consideradas.

3.5 Conforto Térmico

O questionário aplicado no conjunto habitacional contou com 66 amostras de 132 módulos


habitacionais, sendo que dessas 66 pessoas abordadas na pesquisa 50% são do sexo feminino e
50% do masculino. Entrevistou-se pessoas de todas as faixas etárias, cerca de 7,58% entre 0 e
18 anos, 25,76% entre 19 e 30 anos, 13,64% entre 61 e 80 anos e a grande maioria 53,03%
entre 31 e 60 anos.

O questionário utilizado era constituído de 10 questões e relacionava-se ao conforto térmico


dos moradores do conjunto. As visitas de campo foram feitas em duas oportunidades.

A estação do ano era a primavera e a temperatura nos dias da visita estava entre 29 e 32°C no
período entre manhã e tarde.

As perguntas evidenciavam os parâmetros sensitivos como os elencados no quadro 1:


19

Quadro 1 - Questionário de Conforto Térmico.


N° da questão Questão
1 Qual a sua sensação térmica neste momento?
2 Você preferia estar?
3 Para você este ambiente térmico é?
4 Descreva o ambiente térmico em outras épocas do ano?
5 Qual o local da edificação você passa mais tempo?
6 Qual o andar da edificação você passa mais tempo?
7 Você costuma ficar próximo a uma parede de divisa da área externa?
8 Qual seu tipo de vestimenta mais comum?
9 Qual seu nível de atividade neste momento?
10 Você é uma pessoa que geralmente sente muito?

Em relação à sensação térmica no momento da aplicação do questionário, os moradores


entrevistados evidenciaram que suas moradias podem ser consideradas “quentes”, pois cerca
de 35% dos entrevistados estavam com muito calor e 28,79% com calor. Ao serem
questionados sobre como gostariam de estar no momento da entrevista à percentagem das
respostas evidenciou que 45,45% dos entrevistados gostariam de estarem mais resfriados.

Para a terceira questão os moradores entrevistados classificaram a sensação térmica no espaço


como aceitável, com uma percentagem de 87,88% do total de respostas.

Para a quarta questão em relação às estações do ano (verão e inverno), a maioria dos
moradores entrevistados, 56,06% consideraram a residência como confortável, ou seja, não
havendo diferença de temperatura ao longo do ano, sendo que os que consideram esta
desconfortável apresentaram certa indecisão já que para eles a residência possui pontos de
desconforto não sendo completamente desconfortável.

A sala foi o ambiente mais utilizado pelos moradores da residência, pois este é um espaço
utilizado para a socialização familiar, após as atividades diárias: como as cozinhas neste tipo de
moradia são compactas, os moradores normalmente utilizam a sala para convívio social.

Observa-se que à área da residência que os moradores passam mais tempo é o andar térreo,
sala, cozinha e quintal, com pouco mais de 80% das respostas, deve-se ao fato deste andar
possuir mais áreas de abertura facilitando a chamada ventilação cruzada, onde a possibilidade
do transito de correntes de ar entres cômodos.
20

O que não ocorre no primeiro andar da edificação onde ficam os quartos e as portas tende a
permanecerem fechadas e dificultam a ventilação cruzada, bem como a proximidade com o
telhado que dependendo do material utilizado pode apresentar grande dissipação de calor.

Para a sétima questão os moradores responderam que ficam sempre próximos às paredes de
divisa de área externa, ou seja, paredes que recebem maior incidência do sol, cerca de 95,45%
dos entrevistados.

Na oitava questão a porcentagem das respostas indica que 81,82% dos entrevistados preferem
utilizar vestimentas leves em épocas do ano como o verão, pois alivia o desconforto térmico
devido as altas temperaturas mesmo a edificação sendo confortável.

Para a nona questão a percentagem das respostas, 78,28%, expos que os moradores
tendem a utilizar a residência como área de descanso executando atividades leves que não os
desgastem, salvo alguns casos em que os moradores têm como local de trabalho a própria
residência, nestes casos que correspondem a 21,22% do total entre atividades moderada e
pesada, seria apropriado estas residências possuírem o maior conforto térmico possível.

Ao avaliar os resultados apresentados percebe-se que os moradores estão relativamente


satisfeitos com o conforto da edificação, embora a temperatura nos horários em que foram
aplicados os questionários não estivesse agradável quando questionado a respeito do
desempenho da edificação em outras épocas do ano, a grande maioria apontou que a casa se
comporta de forma confortável.

Isso foi apontado no questionário onde a maioria dos entrevistados que estão insatisfeitos com
o conforto da edificação, alegam que o andar superior é muito quente em épocas quentes e
muito frio em épocas frias, preferindo ficar no andar térreo.

3.6 Estudo dos Materiais

Para analisar o desempenho térmico dos materiais empregados nos sistemas construtivos deste
trabalho foram utilizadas as variáveis fornecidas pela ABNT NBR 15220-2 (2003) [1],
Transmitância térmica, capacidade térmica, atraso térmico e fator solar, essas variáveis foram
calculadas a partir dos modelos hipotéticos criados para cada sistema. No cálculo não foi
considerada a cobertura da edificação apenas as seções das paredes.
21

Após o desenvolvimento dos cálculos chegou-se aos seguintes resultados para as propriedades
termo físicas e seus fatores em cada sistema construtivo, a tabela 4 apresenta os resultados dos
cálculos com base na ABNT NBR 15220-2 (2003) [1].

Tabela 4 - Resultado dos cálculos das variáveis de desempenho.


Alvenaria Parede de Light Steel
Grandeza Símbolo Unidade
convencional concreto Frame
Transmitância térmica U W/(m².K) 2,99 11,67 0,40
Resistência térmica total RT (m².K)/W 0,33 0,09 2,48
Capacidade térmica dos
CT J/(m².K) 238,58 360,00 42,47
componentes
Atraso térmico φ horas 3,80 4,05 11,71
Fator solar de elementos
Fso % 2,39 9,34 0,32
opacos

A fim de comparar os resultados obtidos, utilizou-se o software ZBBR que apresenta quais as
diretrizes e fatores para que uma edificação apresente o mínimo de conforto térmico com base
nas diretrizes da ABNT NBR 15220-3 (2003) [2] Zoneamento Bioclimatico Brasileiro.

No software ZBBR, selecionou-se a cidade de Americana apresentando quais as diretrizes da


norma para edificações localizadas no zoneamento bioclimatico do qual a cidade pertence, a
figura 3 apresenta os dados da cidade em operação no software.

Figura 3 - Programa ZBBR com os dados da Cidade Americana/SP

De acordo com as diretrizes apontadas pelo software o sistema alvenaria convencional atende
todos os requisitos estabelecidos pela norma para que a residência tenha o mínimo de conforto
22

observa-se que os parâmetros apontados para as seções das paredes é que a transmitância seja
menor que 3,6 W/(m².k), o atraso térmico seja menor que 4 horas e 18 minutos e que a taxa de
radiação solar que atravessa o elemento (fator solar) não superior a 4%.

O sistema de paredes de concreto por sua vez apresentou um péssimo desempenho, pois
possui uma alta transmitância térmica, características de materiais com alta condução térmica, e
que muitas vezes não funcionam como isolantes e sim dissipadores de calor. O outro fator
preocupante é o fator solar já que a taxa de radiação solar que atravessa o elemento é de 9,34%
sendo que o máximo é de 4%, o atraso térmico foi satisfatório devido a espessura utilizada no
modelo em locais onde o sistema construtivo paredes de concreto apresenta espessura de
parede menor que o utilizado neste trabalho este fator costuma não atender as diretrizes.

Já o sistema Light Steel Frame surgiu como uma solução para quem busca não somente garantir
o mínimo de conforto em projetos de edificações e sim manter esse conforto em padrões
elevados já que o sistema apresentou valores que além de atender as diretrizes da norma, estão
muito abaixo do limite aceitável.

Com uma observação para o atraso térmico que está na faixa de 11 horas e 42 minutos, esse
fator segundo FERREIRA (2017) [15] deve estar na faixa de 8 horas (φ≥8,00 h), sendo que o
valor de 4,3 horas estabelecido pela norma é inapropriado para o zoneamento em questão,
devendo estes limites mínimos de atraso térmico para paredes externas serem de 8 horas.

4 Conclusões

Este tipo de pesquisa enfatiza a importância de uma pesquisa inicial que leve em conta a região
onde o imóvel está sendo construído de forma que a mesma possa gerar o maior conforto
possível ao morador, levando em consideração o preço e o tempo de execução.

Com o trabalho foi possível constatar que o método construtivo em alvenaria convencional
amplamente utilizado no país já se tornou defasado, perdendo espaço para os métodos
industrializados que geram menos custos de construção por possuírem elementos pré-
fabricados que dessa forma também são executados em menor tempo por possuírem um
processo de montagem dos elementos já montados no local da execução.
23

O sistema Alvenaria convencional por utilizar tijolos cerâmicos como insumo principal se
mantem dentro de padrões aceitáveis para o conforto do morador, devido suas propriedades
físicas principalmente a baixa condução de calor.

O método de melhor custo benefício acabou sendo o sistema em paredes de concreto, mas se
mostrou insatisfatório no quesito conforto oferecido ao morador já que seu insumo principal
se baseia em concreto, material que apresenta um isolamento térmico ruim, pois possui
propriedades físicas favoráveis a materiais dissipadores de calor.

O método em steel frame foi o melhor em relação ao conforto do morador, pois em sua
composição existem materiais com excelente isolamento térmico, mas por possuir alto valor de
construção devido ao fato de seu processo construtivo utilizar insumos com altíssimo valor
agregado no Brasil, ele acaba sendo quase que inutilizado.

Dessa forma conclui-se que não existe um processo construtivo perfeito, assim deve-se realizar
um estudo do local geográfico onde será construída a residência e levar em conta as
preferencias do cliente/morador.

5 Agradecimentos
A professora Aparecida Carbone, pelos textos corrigidos, pelas diversas horas de incentivo,
orientação, seu grande desprendimento em ajudar-nos dentro e fora do convívio acadêmico e
amizade sincera.

Ao professor Ítalo Alberto Gática Rispoli pelo incentiva e grande ajuda com o fornecimento
de material para a realização deste artigo.

Agradecemos ao UNISAL (Centro Universitário Salesiano de São Paulo) pela orientação e


disponilização de ferramentas necessarias para as pesquisas técnicas.

6 Referências bibliográficas
[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 15220-2; DESEMPENHO
TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES –PARTE 2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da
capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de edificações.
Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
24

[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 15220-3; DESEMPENHO


TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES –PARTE 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 15270-1; COMPONENTES


CERÂMICOS - PARTE 1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação – Terminologia e
requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.

[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 15575-1; EDIFICAÇÕES


HABITACIONAIS – DESEMPENHO PARTE 1: Requisitos gerais. São Paulo: ABNT, 2013.

[5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 15575-3; EDIFICAÇÕES


HABITACIONAIS – DESEMPENHO PARTE 3: Requisitos para os sistemas de pisos. São
Paulo: ABNT, 2013.

[6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 16055: PAREDE DE


CONCRETO MOLDADA NO LOCAL PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES –
Requisitos e procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

[7] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 6118: PROJETO DE


ESTRUTURAS DE CONCRETO - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.

[8] BUONFIGLIO, Leda Velloso. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL. Mercator, Fortaleza, v.


17, feb. 2018. ISSN 1984-2201. Available at: <http://www.scielo.br/pdf/mercator/v17/1984-
2201-mercator-17-e17004.pdf>. Date accessed: 05 set. 2019.

[9] CAMPOS, P. F.; LARA A. H. SISTEMAS CONSTRUTIVOS ALTERNATIVOS PARA


HABITAÇÕES POPULARES.USP, 2012.

[10] COLETÂNEA DE ATIVOS. Informativo ABCP. Comunidade da construção – sistemas a base


de cimento, p. 2, 2007/2008.

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Acesso em: 01 mai. 2019.

[15] FERREIRA, Antônio, D, D. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL – Aspectos históricos,


Legais e Construtivos. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Interciência, 2015.

[16] FGV. Anos de Incerteza (1930 - 1937) > Institutos de Aposentadoria e Pensões. A Era Vargas:
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25

em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/PoliticaSocial/IAP. Acesso


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[17] FROTA, A. B; SCHIFFER, S. R. MANUAL DE CONFORTO TÉRMICO. São Paulo: Studio


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[18] GONÇALVES, Cilene Maria Marques. Método para gestão do custo da construção no processo
de projeto de edificações. 2011. 182 p. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade
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framing: Residential buildings. The Steel Construction Institute, 2001.

[20] HASS, D. C. G.; MARTINS, L. F. VIABILIDADE ECONOMICA DO USO DO SISTEMA


CONSTRUTIVO STEEL FRAME COMO MÉTODO COONSTRUTIVO PARA
HABITAÇÕES SOCIAIS. 2011, 76 f. Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado
no curso de Engenharia de Produção Civil, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná -
UTFPR, Campus Curitiba.

[21] LIMMER, C. V. Planejamento, Orçamentação e Controle de Projetos e Obras. Editora LTC. 225
pág. Rio de Janeiro: 1997.

[22] MATTOS, Aldo Doréa. Como preparar orçamento de obras: Dicas para o orçamentista, estudos
de caso, exemplos. 1° ed. São Paulo: Pini, 2006.

[23] MISSURELI, Hugo; MASSUDA, Clovis. PAREDES DE CONCRETO, Junho, 2009. Revista
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[24] PEREIRA, C. Principais tipos de sistemas construtivos utilizados na construção civil. Escola
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[25] Retração – Redução de Efeito e Compensação. Cimento itambe, 2010. Disponível em: <
https://tecnoblog.net/247956/referencia-site-abnt-artigos/>. Acesso em: 05 de mai de 2019.

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[29] TISAKA, M. ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL – Consultoria, projeto e execução. São


Paulo: Pini, 2011.

[30] TOGNETTI, G. C. Estimando custos de construção: entendendo o orçamento. São Paulo, 7 abr.
2011. Disponível em: http://construa.wordpress.com/tag/orcamento-construcao/ Acesso em: 29
out. 2019.
26

IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES

A. S. NUNES a, A. S. S. CARBONE b , T. S. JORGE c

a
Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Engenharia Civil, Unisal Campus Dom Bosco,
Estudante, angelosouza221@gmail.com, Rua Monteiro Lobatto 256, Americana-SP, Brasil;
b
Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Engenharia Civil, Unisal Campus Dom Bosco,
Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Cinda.carbone.pln@gmail.com , Rua Antonio
Pazetti 632, Paulinia-SP, Brasil;
c
Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Engenharia Civil, Unisal Campus Dom Bosco,
PisoX Engenharia e Construções, thaislansousa97@gmail.com, Rua Das Palmeiras 236,
Americana-SP, Brasil.

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