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GUIA DE BOAS PRÁTICAS DE

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE
HABITAÇÕES
Produto Elaborado para:
Secretaria Nacional de Habitação/ Ministério do Desenvolvimento Regional

Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável


Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH

Elaborado por:
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT
Laboratório de Conforto Ambiental, Eficiência Energética e Instalações Prediais

Autores (em ordem alfabética):


Adriana Camargo de Brito, Arquiteta, Doutora (IPT)
Andre Azevedo, Engenheiro Civil, Mestre (IPT)
Daniel Setrak Sowmy, Engenheiro Civil, Doutor (IPT)
Fernanda Belizário Silva, Engenheira Civil, Mestre (IPT)
Maria Akutsu, Física, Doutora (IPT)

Coordenação:
Letícia Oliveira (GIZ)
Phiilipp Hoeppner (GIZ)

Diagramação:
Adriana Camargo de Brito (IPT)

Revisão:
Daniel Wagner, Jéssica Gama, Letícia Oliveira, Philipp Hoeppner (GIZ)
Marina Oliveira, Rhaiana Santana (SNH)

Este produto foi elaborado no âmbito do projeto Eficiência Energética no Desenvolvimento Urbano Sustentável, com foco em
habitação social (EEDUS), fruto da cooperação técnica entre a Secretaria Nacional de Habitação (SNH) do Ministério do
Desenvolvimento Regional e o Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha por meio da
Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

Primeira versão: Novembro 2021


Informações Legais
1. Todas as indicações, dados e resultados deste estudo foram compilados e cuidadosamente revisados pelo(s) autor(es). No
entanto, erros com relação ao conteúdo não podem ser evitados. Consequentemente, nem a GIZ ou o(s) autor(es) podem ser
responsabilizados por qualquer reivindicação, perda ou prejuízo direto ou indireto resultante do uso ou confiança depositada sobre as
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de mídia) e distribuição para fins não comerciais é permitida, desde que a GIZ seja citada como fonte da informação. Para outros usos
comerciais, incluindo duplicação, reprodução ou distribuição de todo ou partes deste estudo, é necessário o consentimento escrito da
GIZ.

Ilustrações: as ilustrações constantes neste documento, que não possuem indicação de crédito, foram obtidadas do banco de dados de
imagens Canva.com.

Elaborado por
Prefácio
Secretaria Nacional da Habitação

Mais que um abrigo, a moradia adequada deve ser compreendida nas suas
dimensões física, urbanística, fundiária, econômica, social, cultural e
ambiental, conforme preconiza a Política Nacional de Habitação.

Nesse contexto, a eficiência energética na habitação social está


diretamente relacionada com a redução dos custos de morar, na medida em
que pode reduzir gastos com a conta de energia, principalmente em
períodos de aumento das tarifas; com a sustentabilidade ambiental,
considerando que as edificações residenciais estão entre os maiores
consumidores de energia, e que a redução desse consumo, notadamente na
fase de construção das edificações, contribui para a diminuição das
emissões dos gases de efeito estufa e para a mitigação das mudanças
climáticas; e ainda com a melhoria da qualidade da moradia, por meio da
incorporação de estratégias de projeto e medidas passivas que contribuem
para o conforto ambiental.

Dessa forma, a Secretaria Nacional de Habitação (SNH) do Ministério do


Desenvolvimento Regional (MDR), em parceria com a Deutsche Gesellschaft
für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), tem o prazer de apresentar o Guia
de Boas Práticas de Eficiência Energética em Habitações.

Esse guia é resultado do projeto “Eficiência Energética para o


Desenvolvimento Urbano Sustentável: Foco Habitação Social” (EEDUS), que
contribuiu para a realização de diagnósticos e produção de estudos e
estratégias para a implementação de eficiência energética nas edificações,
com aderência aos custos produtivos da habitação social, mas também aos
benefícios de técnicas incrementais que favoreçam a sustentabilidade da
Eficiência energética de habitações

produção e melhoria habitacional.


O apoio da cooperação técnica com a GIZ contribuiu para que a Secretaria
Nacional de Habitação incorporasse em seus programas e normativos
requisitos mínimos de eficiência energética, referenciados por estudos de
custo benefício e pudesse testar protótipos de habitação de interesse social
a partir de projetos selecionados em um Concurso Nacional de Ideias em
Arquitetura, demonstrando o impacto das estratégias projetuais na
melhoria das condições de conforto ambiental e nas relações com a
ocupação do território urbano.

O projeto EEDUS colaborou ainda com disseminação de estratégias


regionalizadas, por meio de diálogos com o foco nas distintas Zonas
Bioclimáticas brasileiras; com a promoção de cursos de capacitação
oferecidos no Portal Capacidades do Ministério do desenvolvimento
Regional para técnicos, gestores públicos, profissionais projetistas; para
promoção do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat
(PBQP-H) e sua adaptação à economia verde; e ainda com parcerias com o
setor produtivo para dimensionar o consumo energético e as emissões de
carbono na fase de construção da edificações, por meio da ferramenta
CECarbon.

Este Guia de Boas Práticas de Eficiência Energética em Habitações, que


temos a oportunidade de apresentar, reúne diversas dessas iniciativas, que
permitiram fortalecer as ações voltadas à melhoria da eficiência energética
na habitação social brasileira, e oferece aos profissionais da construção
civil uma importante fonte de consulta sobre os conceitos para projetar
moradias que reduzam o consumo de energia e as despesas mensais,
ajudando a melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.
Eficiência energética de habitações

Alfredo Eduardo dos Santos


Secretário Nacional de Habitação
Prefácio
GIZ

A Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) em parceria


com a Secretaria Nacional de Habitação (SNH) do Ministério do
Desenvolvimento Regional (MDR), por meio do projeto “Eficiência
Energética para o Desenvolvimento Urbano Sustentável: Foco Habitação
Social” (EEDUS), tem a satisfação de apresentar o Guia de Boas Práticas de
Eficiência Energética em Habitações. O EEDUS, financiado pelo Ministério
Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha
(BMZ), nasce da cooperação com a SNH e do objetivo comum de melhorar a
eficiência energética na habitação social no Brasil.

Para o projeto EEDUS, a eficiência energética sempre foi entendida de


maneira ampla, como uma qualidade inerente da arquitetura com fim de
trazer conforto ambiental para o habitante. O aumento da qualidade de vida
dos moradores se alcança por meio de medidas passivas de arquitetura
adaptadas ao clima local. Levando em conta as diferentes zonas
bioclimáticas do Brasil, essas alternativas são possíveis, de baixo custo e
aumentam o desempenho termoenergético da edificação.

Melhorar a qualidade da produção habitacional e sua correta adaptação às


diferentes condições climáticas regionais exige que o governo e o setor
privado trabalhem juntos. As decisões tomadas conjuntamente no projeto
arquitetônico geram impactos em toda a vida útil das edificações.
Arquitetos e projetistas devem incluir conceitos que aumentam o
desempenho da edificação no ciclo de vida de forma holística,
considerando os aspectos ambientais, sociais e econômicos.

Nesse sentido, se celebra a oportunidade de apresentar este Guia de Boas


Eficiência energética de habitações

Práticas de Eficiência Energética em Habitações elaborado pelo projeto


EEDUS em parceria com a SNH. O Guia oferece aos profissionais da
construção os melhores conceitos para projetar habitações sustentáveis
com consumo de energia e despesas mensais reduzidos, apoiando a
melhoraria da qualidade de vida das famílias e a preservação do planeta.

Arnd Helmke
Diretor do Projeto EEDUS – GIZ
Siglas
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-
Conditioning Engineers
EEDUS Eficiência Energética no Desenvolvimento Urbano
Sustentável
FAU-USP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
de São Paulo
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo
ISO International Organization for Standardization
IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change
LABEEE Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da
Universidade Federal de Santa Catarina
MDR Ministério do Desenvolvimento Regional
SNH Secretaria Nacional de Habitação
Eficiência energética de habitações

UNEP UN Environment Programme


USDOE United States Department of Energy
WBCSD World Business Council for Sustainable Development
Figuras
Perfis diários das temperaturas do ar exterior e interior de um ambiente habitacional com alta
01 inércia térmica em um dia típico de verão na cidade de São Paulo. 15

02 Exemplo de edificação antiga em local com clima quente e seco. 16

03 Exemplo de grupo de edificações antigas em local com clima quente e seco. 16


Perfis diários da temperatura do ar exterior e interior de ambiente habitacional com baixa
04 inércia térmica em um dia típico de verão na cidade de São Paulo. 17

05 Exemplo de habitação em local com clima quente e úmido. 17

06 Telhado com forro de madeira, subcobertura e material isolante térmico 17

07 Telhado com subcobertura de alumínio e material isolante térmico. 19


Parede de tijolos cerâmicos maciços assentados na maior direção e parede de chapa
08 cimentícia e placa de gesso para drywall. 20
Exemplo de parede dupla com tijolos cerâmicos maciços na face externa e blocos cerâmicos
09 vazados na face interna, com material isolante térmico no meio. 20
Gráfico conceitual indicando perfis diários da temperatura do ar exterior e interior e a
10 delimitação de intervalos de temperatura do ar que correspondem à zona de conforto térmico. 22

11 Zoneamento apresentado na norma NBR 15220. 23

12 Habitação de referência e habitação avaliada. 24


Eficiência energética de habitações

Porcentagem maior e menor das horas do ano na faixa de conforto térmico dos casos
otimizados da casa térrea em comparação com a porcentagem de horas em conforto da
13 referência nas oito Zonas Bioclimáticas. 37
Maior e menor custo total obtido em 50 anos do ciclo de vida da habitação térrea considerando
casos otimizados e o custo da habitação de referência (R$) nas oito Zonas Bioclimáticas
14 Brasileiras. 38

15 Ciclo de vida das edificações 44


Tabelas
Características térmicas dos elementos construtivos e áreas máximas de aberturas
envidraçadas para atendimento do nível "Mínimo" de desempenho térmico da norma 15575
01 (ABNT, 2021) para Zonas 1 e 2. 27
Características térmicas dos elementos construtivos e áreas máximas de aberturas
envidraçadas para atendimento do nível "Mínimo" de desempenho térmico da norma 15575
02 (ABNT, 2021) para Zonas 3 a 6. 28
Características térmicas dos elementos construtivos e áreas máximas de aberturas
envidraçadas para atendimento do nível "Mínimo" de desempenho térmico da norma 15575
03 (ABNT, 2021) para a Zona 7. 30
Características térmicas dos elementos construtivos e áreas máximas de aberturas
envidraçadas para atendimento do nível "Mínimo" de desempenho térmico da norma 15575
04 (ABNT, 2021) para a Zona 8. 31

05 Variáveis de projeto recomendadas para casas térreas otimizadas nas Zonas 1 a 4. 39

06 Variáveis de projeto recomendadas para casas térreas otimizadas nas Zonas 5 a 8. 40

07 Variáveis de projeto recomendadas para casas térreas geminadas otimizadas nas Zonas 1 a 4. 40

08 Variáveis de projeto recomendadas para casas térreas geminadas otimizadas nas Zonas 5 a 8. 41

09 Variáveis de projeto recomendadas para apartamentos otimizados nas Zonas 1 a 4. 41


Eficiência energética de habitações

10 Variáveis de projeto recomendadas para apartamentos otimizados nas Zonas 5 a 8. 42


Sumário
01 Sobre o guia 10

02 Eficiência Energética de edifícios 11

03 Adequação Climática 14

04 Conceitos Gerais 18

05 Diretrizes de Projeto 26

06 Outros fatores a considerar 43

07 Considerações Finais 51

08
Eficiência energética de habitações

Referências 52
01 Sobre o Guia
Este guia faz parte do projeto “Eficiência Energética no
Desenvolvimento Urbano Sustentável" (EEDUS), projeto de
cooperação técnica entre a Secretaria Nacional de
Habitação (SNH) do Ministério do Desenvolvimento Regional
em parceria com o Ministério Federal da Cooperação
Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha por
meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale
Zusammenarbeit (GIZ).

O guia fornece diretrizes para o desenvolvimento de


projetos de habitações com maior eficiência energética e,
consequentemente, menor geração de gases de efeito
estufa, além de abordar fatores relacionados ao custo
benefício de soluções de projeto e custos no ciclo de vida.

O conteúdo técnico do guia inclui informações provenientes


de vários trabalhos desenvolvidos no âmbito do projeto
EEDUS (LABEEE, 2021; MITSIDI, 2019a; MITSIDI, 2019b;
FAUUSP, 2021), além da experiência técnica da equipe do IPT
nos assuntos abordados e trabalhos de sua própria autoria.

Espera-se que as diretrizes aqui apresentadas possam


contribuir para que projetistas tenham mais familiaridade
com questões relacionadas à eficiência energética de
edifícios habitacionais em seu dia a dia profissional. Não se
tem a pretensão de esgotar o assunto, visto que, na prática,
durante o projeto de uma habitação pode haver variáveis
Eficiência energética de habitações

adicionais, referentes às características específicas do local


ou da habitação, que não estão inclusas neste documento

As informações contidas no guia fornecem a base


necessária para arquitetos iniciarem seus estudos no tema
de eficiência energética de habitações.

10
02 Eficiência Energética
de Edifícios
O consumo de energia em edificações
está relacionado à necessidade humana de
obter condições ambientais adequadas ao
Globalmente, os seu bem estar. A edificação faz o papel de
abrigo, protegendo o homem de
edifícios consomem intempéries. Se o abrigo por si só não é
da ordem de 35% da capaz de proporcionar as condições
mínimas, as pessoas buscam outras
energia disponível e soluções, que geralmente, implicam em
consumo de energia.
correspondem a A energia é usada para iluminar, aquecer
ou resfriar recintos, preparar ou conservar
38% das emissões alimentos, para aquecer a água utilizada na

de CO2 relacionadas sua higiene, assim como para produzir os


materiais de construção e construir a
à energia (UNEP, edificação. Ou seja, a humanidade vem
cada vez mais se valendo de recursos
2020) adicionais em busca de maior conforto e
produtividade, resultando no crescente
aumento do consumo de energia (AKUTSU,
1998; UNEP, 2020), geração de gases de
efeito estufa e impactos ambientais
negativos ao meio ambiente.
Entretanto, as várias crises energéticas
que ocorreram a partir da década de 1970 e
Eficiência energética de habitações

continuam a acontecer, bem como a


urgência de reduzir a emissão de gases de
efeito estufa para mitigar as mudanças
climáticas, apontam a necessidade de
repensar a forma como as edificações vêm
sendo construídas.

11
Caso nada
seja feito
Isso impõe a essas pessoas a
exposição prolongada em
ambientes em condições térmicas
As consequências do aquecimento inadequadas, prejudicando sua
global no clima mundial qualidade de vida em longo prazo e
acarretarão em um aumento mais agravando as diferenças entre as
significativo no consumo de classes sociais.
energia elétrica para climatização
de ambientes, agravando ainda
mais a situação ambiental.
Aumentar a
As crises energéticas e hídricas
nacionais colocarão o Brasil em
eficiência dos
uma situação crítica, afetando de edifícios,
modo negativo tanto o
crescimento do país quanto a vida
principalmente a
cotidiana das pessoas, energética, é
especialmente as mais
vulneráveis. praticamente uma
Enquanto o aumento pela demanda
exigência.
por climatização de recintos pode
ser mais bem equacionado por
Eficiência energética de habitações

Isso é necessário tanto para


pessoas de maior renda, quando se
garantir condições adequadas de
trata da população com baixa
conforto térmico para todas as
renda, há dificuldades
pessoas, quanto para preservar o
significativas em arcar com
meio ambiente e mitigar as
dispêndios financeiros
mudanças climáticas.
decorrentes da instalação e uso de

sistemas de climatização.
Para tanto, o papel do projeto
arquitetônico e da atuação dos
arquitetos é fundamental.

12
O que fazer?

É possível desenvolver edificações


com menor consumo de energia, de
recursos naturais e financeiros a partir
de decisões de projeto. Há estudos que
evidenciam essa questão (LABEEE,
2021), envolvendo o uso de técnicas
passivas de climatização de ambientes.

Tais técnicas contribuem para que se


tenha menor necessidade do uso de
sistemas artificiais de climatização,
reduzindo o consumo de energia
elétrica e, consequentemente, a
emissão de gases de efeito estufa.
Quando associadas ao uso de fontes de
energia alternativas, podem reduzir a
quase zero o consumo de energia
elétrica proveniente de fontes
convencionais (WBCSD, 2010).

As técnicas passivas são soluções de


projeto que propiciam o aquecimento
ou o resfriamento de ambientes sem o
consumo de energia elétrica. Edifícios
Habitações projetadas
com essas técnicas são concebidos de
tal modo que sua geometria, materiais com preceitos de
e condições de exposição ao clima adequação climática,
Eficiência energética de habitações

aproveitam recursos como a inércia


com técnicas passivas
térmica da edificação, a ventilação
natural e a energia solar, para obter de climatização,
ambientes com melhor conforto contribuem para a
térmico para as pessoas.
redução do consumo de
Essas estratégias são soluções para energia em
uma maior adequação climática dos climatização.
edifícios.

13
03 Adequação Climática
O comportamento térmico de uma habitação sem
sistemas de climatização depende majoritariamente das
trocas de calor que ocorrem entre sua envoltória
(fachadas, cobertura e pisos) e o ambiente exterior.

Como esse tipo de edificação tem fontes internas de


calor pouco significativas, é possível remover parcial ou
totalmente o calor dissipado internamente por pessoas
e equipamentos, por meio de ventilação natural seletiva,
bem como amortecer os fluxos de calor valendo-se dos
efeitos da inércia térmica dos ambientes.

Habitações têm maior potencial de uso de técnicas


passivas de climatização para proporcionar conforto
térmico em comparação com edificações de outros
usos, como escritórios, que possuem fontes internas de O território brasileiro
calor mais significativas, sejam equipamentos ou tem uma parcela
pessoas.
expressiva da sua
No Brasil predominam as condições climáticas onde o extensão onde é
conforto térmico no interior dos ambientes deve ser possível projetar
equacionado para amenizar a sensação de calor, com
edificações sem
incidência menos significativa de condições com frio
intenso. prever a
necessidade de uso
Além disso, as mudanças climáticas apontam para um contínuo de
aumento das temperaturas médias em todo o globo
terrestre nos próximos anos, se o cenário de ocupação sistemas de
Eficiência energética de habitações

humana continuar com o padrão atual (ONU, 2019). climatização.


Mesmo no cenário de aumento médio da temperatura
em 2 °C, que corresponde ao cenário previsto no Acordo
de Paris, algumas regiões do Brasil podem ter um
aumento de temperatura média superior a 3 °C, com
ondas de calor extremo tornando-se cada vez mais
intensas e frequentes (IPCC, 2021). Desse modo, as
preocupações em resfriar ambientes tendem a se tornar
cada vez maiores.

14
O papel do
projeto O conceito de inércia térmica de
ambientes pode ser explicado
Para que o projeto de uma habitação tendo como referência o perfil
seja adequado aos climas diário das temperaturas do ar
predominantemente quentes, devem interior e exterior (AKUTSU, 1983).
ser considerados os itens a seguir:

Um ambiente tem alta inércia


características do clima do local, térmica quando a amplitude diária
quanto às temperaturas do ar e da temperatura do ar interior é
sua amplitude diária, a radiação significativamente menor do que
solar, a umidade, a direção e a a amplitude do ar exterior, como
velocidade dos ventos; 40 mostra a Figura 1. Ambientes com
tipologia da habitação, casa essas características têm
térrea, apartamento, etc.; condições ambientais internas
características térmicas dos mais amenas que as encontradas
elementos opacos e no ambiente exterior.
transparentes;
forma da edificação, que
determina a área da envoltória Amortecimento
exposta ao clima; 30
dimensões e os tipos de
aberturas para iluminação e
ventilação; Ar interior
orientação solar de aberturas e a
presença de elementos de
sombreamento;
Eficiência energética de habitações

Ar exterior
A combinação de todos esses 20
elementos irá determinar a inércia
térmica dos ambientes, que Figura 1
interfere diretamente na sensação Perfis diários das temperaturas do ar exterior e interior
de conforto térmico do usuário da de um ambiente habitacional com alta inércia térmica
em um dia típico de verão na cidade de São Paulo.
edificação. Observa-se um amortecimento significativo da
amplitude diária do ar interior em comparação com a
amplitude diária do ar exterior. Ilustração: Adriana C.
Brito.
10

15
Em regiões com clima quente e
seco, com alta amplitude diária da
temperatura do ar e radiação solar
intensa, é importante projetar
habitações com alta inércia térmica.
Em linhas gerais, isso implica em
usar:

elementos construtivos pesados


e espessos, com alta capacidade Figura 2
térmica; Exemplo de edificação antiga em local com clima quente
aberturas protegidas da radiação e seco. Observar corredor sombreado e pátio interno.
Fonte: banco de fotos Canva.com.
solar direta;
arquitetura compacta, com
menor área exposta ao clima; Vale destacar que ambientes
pátios internos com aberturas com alta inércia térmica podem
protegidas; ser obtidos não somente com o
ambientes em contato com o solo uso de elementos construtivos
ou parcialmente enterrados; pesados, com alta capacidade
ventilação seletiva, ou seja, térmica, como paredes de 40 cm
somente quando a temperatura de terra, ou paredes mais usuais,
do ar interior for maior que a de concreto com 20 cm de
temperatura do ar exterior. espessura, por exemplo.

Exemplos em que é necessário ter Caso se acrescente um material


ambientes com altíssima inércia isolante térmico na cobertura de
térmica, são encontrados em um recinto e, isso contribua para
habitações antigas no oriente reduzir a amplitude diária da
.
médio, feitas de terra ou pedra, com temperatura do ar interior em
paredes grossas, aberturas comparação com a amplitude do
pequenas, com elementos de ar exterior, essa solução
sombreamento e recintos em contribui para o aumento da
Eficiência energética de habitações

contato com o solo (Figuras 2 e 3). inércia térmica do ambiente

Figura 3
Exemplo de grupo de edificações antigas em local
com clima quente e seco. Observar arquitetura
compacta com elementos pesados, corredores
sombreados.
Fonte: banco de fotos Canva.com.

16
Por outro lado, ambientes com baixa
inércia térmica são aqueles nos quais os
perfis diários das temperaturas do ar
interior e exterior são da mesma ordem de
grandeza (Figura 4). Nesse caso, as
condições ambientais internas
acompanham as variações que ocorrem no
ambiente externo, ou seja, há um
amortecimento pouco significativo da
amplitude diária do ar interior em relação à
amplitude do ar exterior. Ambientes com alta inércia
térmica nesses locais podem
Em locais com clima quente e úmido, com aumentar a sensação de
baixa amplitude diária da temperatura do desconforto do usuário.
ar e radiação solar intensa é importante ter De modo geral, em regiões com
recintos com menor inércia térmica. clima quente e úmido, podem ser
adotadas soluções como:

Figura 4
40
elementos construtivos
Perfis diários da temperatura do ar exterior e interior leves;
de ambiente habitacional com baixa inércia térmica
ambientes com janelas
em um dia típico de verão na cidade de São Paulo. O
ambiente interno acompanha o comportamento do amplas para ventilação;
ambiente externo. Ilustração: Adriana C. Brito aberturas em faces opostas
para promover ventilação
cruzada;
sombreamento de aberturas;
Amortecimento
30
sombreamento da edificação
por beirais ou vegetação;
Ar interior uso de materiais isolantes
térmicos na cobertura;
cores claras nos
acabamentos externos.
Eficiência energética de habitações

Ar exterior Na Figura 5 há um exemplo de


20
habitação com algumas dessas
características.

Figura 5
Exemplo de habitação em local com clima quente e
úmido. Observar elementos de sombreamento de
aberturas e aberturas em fachadas opostas.
Fonte: banco de fotos Canva.com.

17
10
04 Conceitos Gerais
A seguir são apresentados conceitos
complementares que incluem características
térmicas de elementos construtivos, conforto
térmico humano, zoneamento climático e
métodos de avaliação do desempenho térmico de
habitações constantes em normas técnicas
brasileiras, para auxiliar o entendimento das
diretrizes de projeto apresentadas no item 5.

Propriedades
térmicas
A Transmitância Térmica indica a propriedade de
isolamento térmico de um elemento construtivo
como uma fachada, uma cobertura ou um piso.
Elementos com alta transmitância térmica
transmitem mais calor em comparação com outros
com baixa transmitância térmica.

A transmitância térmica é calculada com base na


espessura e na condutividade térmica dos
materiais, além dos coeficientes de condutância
térmica superficiais externo e interno.

Materiais isolantes térmicos têm baixa


condutividade térmica, da ordem de 0,04 W/m.K , Figura 6
dessa forma, quando adicionados a elementos Telhado com forro de madeira,
Eficiência energética de habitações

construtivos reduzem de modo significativo a sua subcobertura e material isolante térmico.


Fonte: banco de fotos Canva.com.
transmitância térmica.

Uma cobertura de telhas cerâmicas e forro de Exemplos de materiais


madeira tem uma transmitância térmica da ordem
de 2,0 W/m².K. Acrescentando-se 5 cm de material isolantes térmicos: lã
isolante térmico sobre o forro da cobertura, a de rocha, lã de vidro,
transmitância térmica desse componente passa a
poliestireno
ser da ordem de 0,6 W/m².K.
expandido.

18
Quanto à Emissividade de
superfícies, trata-se da quantidade Uma subcobertura
de calor que uma superfície emite aluminizada pode ser instalada
por radiação em relação à emissão sob as telhas de uma
de calor proporcionada por um
corpo negro na mesma
edificação, com sua face
temperatura. Um corpo negro tem aluminizada voltada para
emissividade próxima de 1. baixo, para que fique mais
protegida e possa ter maior
Quanto maior for a emissividade de
uma superfície, maior é a durabilidade.
quantidade de calor que ela emite
por radiação. A maioria dos
componentes construtivos
utilizados na construção civil tem
emissividade alta, da ordem de 0,9.

Elementos com baixa emissividade


são eficazes como barreiras
radiantes. Geralmente são
utilizadas em coberturas, sendo
compostas por superfícies
metálicas com emissividade da
ordem de 0,1.

Subcoberturas aluminizadas
em telhados podem, em
Eficiência energética de habitações

alguns casos, proporcionar o


mesmo efeito no desempenho
térmico do ambiente que 5 cm
de material isolante térmico
sobre o forro. Também podem
ser utilizadas em conjunto Figura 7
com materiais isolantes Telhado com subcobertura de alumínio e
material isolante térmico.
térmicos (Figura 7). Fonte: banco de fotos Canva.com.

19
A Capacidade Térmica de um Em paredes com material
componente está relacionada à sua
isolante térmico, deve-se
inércia térmica e corresponde ao
produto do calor específico do material
atentar para a posição da
pela sua massa , expressa em (kJ/m².K) camada desse material. Quando
na Norma NBR 15575 (ABNT, 2021). colocado na face interna da
parede, o material isolante
A Capacidade Térmica indica a
térmico reduz a Capacidade
quantidade de calor necessária para
elevar de 1 K ou 1 °C a temperatura de 1 m² Térmica da Parede. Nos
do componente. Como a maioria dos cálculos dessa grandeza (NBR
materiais de construção convencionais 15575, 2021) são desprezadas as
apresentam calor específico da mesma camadas de outros materiais
ordem de grandeza, paredes mais
posicionadas após a camada de
espessas apresentam maior capacidade
térmica. isolante (Figura 9).

Uma parede dupla de tijolos cerâmicos


maciços e argamassa, com 26 cm de
espessura, tem capacidade térmica de
430 kJ/(m².K), enquanto uma parede
feita com uma placa cimentícia de 1 cm
de espessura na face externa, material
isolante térmico e uma placa de gesso
para drywall na face interna, tem
capacidade térmica mais baixa, da
ordem de 25 kJ/(m².K) (Figura 8).

Eficiência energética de habitações

Figura 9
Exemplo de parede dupla com
tijolos cerâmicos maciços na face
externa e blocos cerâmicos
vazados na face interna, com
material isolante térmico no meio.
Para o cálculo da Capacidade
Figura 8 Térmica é desprezada a camada
com tijolo cerâmico maciço. Fonte:
Parede de tijolos cerâmicos maciços
banco de fotos do Canva.com
assentados na maior direção e parede de
chapa cimentícia e placa de gesso para
drywall. Ilustração: Adriana C. de Brito.

20
A Absortância à radiação solar indica a Superfícies com
quantidade de radiação solar absorvida por uma baixa absortância à
superfície em relação à quantidade total de
radiação incidente. Quanto maior a absortância,
radiação solar em
maior a parcela de radiação solar que será superfícies podem
absorvida pelo elemento construtivo, podendo
proporcionar maior aquecimento do ambiente.
contribuir para a
redução dos ganhos
A absortância depende de fatores como a cor da
superfície. Geralmente, cores claras costumam
de calor pela
ter baixa absortância, da ordem de 0,3, envoltória da
enquanto cores escuras possuem absortância
edificação, ou vice
acima de 0,7.
versa.
Alterações na absortância à radiação solar de
uma superfície proporcionam um efeito mais
significativo no comportamento térmico de
elementos com baixa capacidade térmica (leves)
ou com alta transmitância térmica (pouco
isolantes).

O fator solar de elementos transparentes


corresponde à quantidade de radiação solar que
atravessa o elemento transparente em relação à
quantidade total de radiação incidente. Quanto
menor for o fator solar, menor é a quantidade de
Eficiência energética de habitações

energia térmica que é transmitida ao interior do


recinto.

Um vidro comum tem fator solar da ordem de


0,85, enquanto um vidro de alto desempenho
pode ter fator solar de 0,4.

14
21
Conforto
térmico

O conforto térmico de uma pessoa é a


sensação que exprime a sua satisfação
com relação ao ambiente térmico que a Zona de
conforto
envolve, e depende de características
pessoais e ambientais.

As normas que tratam deste assunto


estabelecem como parâmetros de
conforto térmico, basicamente,
Figura 10
Gráfico conceitual indicando perfis diários
intervalos de valores das seguintes da temperatura do ar exterior e interior e
grandezas: a delimitação de intervalos de
temperatura do ar que correspondem à
Temperatura; zona de conforto térmico. Ilustração:
Umidade e Velocidade do ar; Adriana C. Brito
Temperatura Radiante Média do
ambiente;
Taxa Metabólica;
Índice de Resistência Térmica da Por exemplo, 80% das
vestimenta da pessoa. pessoas de um recinto
(sentadas e com roupas
As exigências das normas estrangeiras
leves) podem ter
que tratam das condições de conforto
térmico humano, como a ISO 7730 e a sensação de conforto
ASHRAE 55, estabelecem que as térmico em ambiente sem
Eficiência energética de habitações

condições térmicas devam ser tais que radiação solar, com


satisfaçam pelo menos uma
velocidade do ar da ordem
porcentagem dos ocupantes de um
ambiente, 80% ou 90% por exemplo, de 0,5 m/s, temperatura
conforme o nível de exigência do ar de 28 °C e umidade
requerido. A norma brasileira NBR relativa de 80%.
16401, para recintos com ar
condicionado, baseia-se nas referidas
normas.

22
Zoneamento
Climático
O Zoneamento climático,
indicado na Figura 10,
apresentado na norma NBR
15220 (ABNT, 2008) é baseado
nas Cartas Bioclimáticas de
Givoni.

As Cartas Bioclimáticas
delimitam condições Figura 11
climáticas de Zoneamento apresentado na norma NBR
15220 (ABNT, 2008). Imagem obtida de

temperatura e umidade Roriz (2004). É possível identificar que


parte significativa do país faz parte da

do ar relacionadas a Zona Bioclimática 8, que apresenta


condições climáticas de verão intenso..

estratégias de projeto
Rio de Janeiro - Zona 8
adequadas ao clima do
local.

As informações obtidas com essas


cartas podem servir como uma
referência inicial para os primeiros São Paulo - Zona 3
passos na escolha dos elementos
Eficiência energética de habitações

construtivos que irão compor uma


habitação.

O Zoneamento brasileiro é composto


por oito Zonas Bioclimáticas, sendo a
Zona Bioclimática 1 aquela que Curitiba - Zona 1
apresenta condições de inverno mais
significativas e a Zona Bioclimática 8,
aquela com condições climáticas
com verão mais intenso.

23
Avaliação de
desempenho térmico Basicamente, a habitação de
referência é simulada com a
mesma geometria da habitação
avaliada, porém, com
A norma NBR 15575 trata da características padronizadas, que
avaliação do desempenho térmico correspondem a:
de habitações com base no Paredes e lajes de concreto
zoneamento da norma NBR 15220. com 10 cm de espessura;
Telhado em telhas de
O “Procedimento Simplificado” fibrocimento;
considera os parâmetros mais Cores médias em superfícies
significativos que influenciam externas;
diretamente na inércia térmica dos Área envidraçada de 17% da
ambientes, que são: área de piso para dormitórios e
Isolação térmica da cobertura salas e 45% da área de janelas
(Transmitância Térmica - U); para ventilação;
Potencial de inércia térmica Sem elementos de
das paredes externas sombreamentos de aberturas.
(Capacidade Térmica - C e
Transmitância Térmica - U). A habitação avaliada pode ser
Valores limites para a área simulada com as características
envidraçada nas fachadas em especificadas no projeto, em
função do tipo de vidro e relação aos elementos
presença de elementos de construtivos, área envidraçada e
sombreamento. dispositivos de sombreamento.

Caso a habitação não atenda aos


Eficiência energética de habitações

critérios indicados é possível Referência Avaliada

utilizar o “Procedimento de
simulações computacionais”, no
qual o desempenho térmico da
habitação é avaliado em
comparação com o desempenho
de uma habitação de referência
(Figura 12). Figura 12
Habitação de referência e habitação
avaliada. Ilustração: Adriana C. de Brito

24
O desempenho térmico da habitação
avaliada pode se enquadrar em um
dos três níveis possíveis:
Mínimo
Intermediário
Superior

São feitas simulações do comportamento


térmico da habitação avaliada e da
habitação de referência, expostas às
características climáticas de um ano
meteorológico típico, com salas e
dormitórios ocupados e o uso de ventilação
natural.

Para atender o nível "Mínimo", o


desempenho térmico da habitação avaliada
deve ser melhor que o da referência. O
indicador do desempenho térmico "Mínimo"
baseia-se nos valores obtidos para a
temperatura operativa no interior dos
dormitórios e salas.

Para verificar o atendimento dos demais


níveis de desempenho térmico
(“Intermediário” e “Superior”), é necessário
efetuar simulações adicionais com uso de
sistemas de climatização.

Os indicadores do desempenho térmico


"Intermediário" e "Superior" referem-se
tanto à temperatura operativa, quanto à
Eficiência energética de habitações

carga térmica para alcançar os valores


estabelecidos para setpoints específicos
em dormitórios e salas. Os critérios para o
atendimento desses níveis são mais
rigorosos do que aqueles que são
necessários para obter o nível "Mínimo" de
desempenho térmico.

25
05 Diretrizes de projeto
A seguir são apresentadas diretrizes gerais de projeto
para habitações brasileiras apresentarem melhor
desempenho térmico e maior eficiência energética,
com base no disposto nas normas NBR 15220 e NBR
15575, complementadas por outros documentos, como
os citados no item 1 do presente guia, incluindo
questões relacionadas ao ciclo de vida da habitação e
custo benefício das alternativas de projeto. Vale
ressaltar a importancia de se considerar ainda questões
relacionadas ao microclima do local em que será
construída uma edificação, que não são contempladas
neste guia.

Zonas Bioclimáticas 1 e 2
Essas Zonas têm condições de verão ameno e inverno
mais rigoroso, demandando o uso de sistemas de
condicionamento térmico para o aquecimento dos Para que as habitações
ambientes. Por exemplo, Curitiba - PR está localizada tenham um
na Zona 1 e, Santa Maria - RS, na Zona 2. Por desempenho térmico
apresentarem alta amplitude térmica diária são
mínimo aceitável, a
recomendadas as seguintes alternativas de projeto:
norma NBR 15575 (ABNT,
Edificação com alta Inércia Térmica; 2021) estabelece, no
Cobertura com forro e isolação térmica; procedimento
Paredes com alta Capacidade Térmica e baixa simplificado de
Transmitância Térmica; avaliação, que sejam
Eficiência energética de habitações

Captação da maior quantidade possível de radiação utilizados elementos


solar no período de inverno: como a região está construtivos com
compreendida na faixa em torno da Latitude de 27°,
determinadas
são favoráveis as orientações de fachada para o N,
características. Para as
ou entre NE e NO;
Promoção de ventilação controlada dos ambientes, Zonas 1 e 2, essas
de modo a não prejudicar as vantagens devido à características são
inércia térmica do ambiente; indicadas na Tabela 1.
Uso de cores médias nas superfícies externas.

26
Tabela 1 Z1 e Z2

Características térmicas dos


elementos construtivos e U ≤ 2,7 U ≤ 2,3 PAEF ≤ 20% da
Nível "Mínimo"
áreas máximas de aberturas área de piso (2)
de desempenho C ≥ 130
envidraçadas para
(1) AEF ≤ 4 m² (3)
atendimento do nível
"Mínimo" de desempenho
térmico da norma 15575 U (W/(m².K)) PAEF (%)
Unidades das
(ABNT, 2021) para Zonas 1 e 2 U (W/(m².K))
grandezas
C (kJ/(m².K)) AEF (m²)

Zonas Bioclimáticas Paredes Cobertura Janelas


Nota:
(1) Segundo NBR 15575 (ABNT, 2021).
2) Porcentagem de área envidraçada na fachada para ambientes de dormitórios e salas com área de piso ≤ 20 m².
(3) Área envidraçada na fachada válida para ambientes de dormitórios e salas com área de piso > 20 m².

Zona Bioclimática 3
A Zona 3 inclui regiões com condições climáticas variadas,
como as cidades de São Paulo - SP, Florianópolis - SC e Porto
Alegre - PR. É importante verificar principalmente a
amplitude diária da temperatura do ar da cidade. Para cidades
com amplitudes diárias acima de 10 °C, é adequado usar
elementos construtivos que proporcionem alta inércia
térmica. No caso de menor amplitude diária, usar inércia
média. Em geral recomenda-se:
Cobertura com forro e isolação térmica;
Paredes com alta Capacidade Térmica e baixa
Transmitância Térmica para locais com amplitude diária
da temperatura do ar maiores que 10 °C;
Paredes com Capacidade Térmica e Transmitância
Eficiência energética de habitações

Térmica médias para locais com amplitude diária da


temperatura do ar menores que 10 °C;
Promoção do sombreamento das aberturas no verão,
porém, de modo a permitir a incidência de radiação solar
no inverno;
As características da habitação para atendimento do nível
"Mínimo" de desempenho térmico pelo procedimento
simplificado da norma NBR 15575, são indicados na Tabela 2,
que também se aplicam às Zonas 4 a 6.

27
Tabela 2 Z3 a Z6

Características térmicas dos


elementos construtivos e U ≤ 3,7, α ≤ 0,6 (2) U ≤ 2,3, α ≤ 0,6 (2) PAEF ≤ 20% da
Nível "Mínimo"
áreas máximas de aberturas área de piso (3)
de desempenho U ≤ 2,5, α > 0,6 (2) U ≤ 1,5, α > 0,6 (2)
envidraçadas para
(1) C ≥ 130 AEF ≤ 4 m² (4)
atendimento do nível
"Mínimo" de desempenho
térmico da norma 15575 Unidades das
U (W/(m².K)) PAEF (%)
U (W/(m².K))
(ABNT, 2021) para Zonas 3 a 6 grandezas C (kJ/(m².K)) AEF (m²)

Zonas Bioclimáticas Paredes Cobertura Janelas


Nota:
(1) Segundo NBR 15575 (ABNT, 2021).
(2) Absortância à radiação solar da superfície externa do elemento.
(3) Porcentagem de área envidraçada na fachada para ambientes de dormitórios e salas com área de piso ≤ 20 m².
(4) Área envidraçada na fachada válida para ambientes de dormitórios e salas com área de piso > 20 m².

Zona Bioclimática 4

A Zona 4 apresenta elevada amplitude térmica


diária, com condições mais amenas tanto no verão
como no inverno. Por exemplo, Brasília - DF está
nesta zona. É possível alcançar condições
satisfatórias de conforto térmico em grande parte
do tempo por meio da adoção das seguintes
alternativas de projeto:
Edificação com Alta Inércia Térmica;
Cobertura com forro e isolação térmica;
Paredes com alta Capacidade Térmica e baixa
Transmitância Térmica;
Sombreamento das aberturas no verão, porém,
Eficiência energética de habitações

permitir a incidência de radiação solar no


inverno;
Ventilação controlada dos ambientes, de modo a
não prejudicar as vantagens devido à inércia
térmica do ambiente;
Resfriamento evaporativo de modo a umidificar
e diminuir a temperatura do ar no interior dos
ambientes no verão;
Uso de cores claras a médias nas superfícies
externas.

28
Zona Bioclimática 5

A Zona 5 apresenta temperaturas


mínimas praticamente dentro da zona de
conforto térmico, demandando ações
apenas para diminuição do desconforto
devido ao calor. Por exemplo, a cidade de
Santos - SP está na zona 5. Por
apresentar baixa amplitude térmica
diária, são recomendadas as seguintes
alternativas de projeto:
Edificação com baixa Inércia
Térmica;
Cobertura com forro e isolação Zona Bioclimática 6
térmica;
Paredes com baixa Capacidade
A Zona 6 apresenta condições de
Térmica e baixa Transmitância
inverno ameno, demandando ações
térmica;
apenas para diminuição do desconforto
Promoção do sombreamento das
devido ao calor. Como exemplo, Campo
aberturas no verão, podendo permitir
Grande - MS está nesta zona. Por
a incidência de radiação solar no
apresentar alta amplitude térmica diária,
inverno;
são recomendadas as seguintes
Promoção da ventilação permanente
alternativas de projeto:
no verão, mas de modo a poder ser
Edificação com alta Inércia Térmica;
controlada no inverno; privilegiar a
Cobertura com forro e isolação
ventilação sobre o corpo das
térmica;
pessoas para promover o conforto
Paredes com alta Capacidade
térmico pela evaporação de suor no
Térmica e baixa Transmitância
verão;
de habitações

Térmica;
Promoção do sombreamento das
de habitações

aberturas no verão, porém, de modo


a permitir a incidência de radiação
energética

solar no inverno;
Promoção da ventilação controlada
energética

dos ambientes, de modo a não


prejudicar as vantagens devido à
Eficiência

inércia térmica do ambiente;


Uso de cores claras nas superfícies
Eficiência

externas.

29
Zona Bioclimática 7
A Zona 7 não apresenta condições de frio,
demandando ações apenas para diminuição do
desconforto devido ao calor. Por exemplo, a cidade de
Cuiabá - MT está nesta zona. Por apresentar alta
amplitude térmica diária, são recomendadas as
seguintes alternativas de projeto:
Edificação com Alta Inércia Térmica;
Cobertura com forro e isolação térmica;
Coberturas verdes são particularmente adequadas;
Paredes com alta Capacidade Térmica e baixa
Transmitância Térmica;
Promoção do sombreamento das aberturas e das
vedações de modo geral;
Promoção da ventilação controlada dos ambientes,
de modo a não prejudicar as vantagens devido à
inércia térmica do ambiente;
Promoção do resfriamento evaporativo de modo a
umidificar e diminuir a temperatura do ar no
interior dos ambientes no verão;
Uso de cores claras nas superfícies externas.

Na Tabela 3 há características da habitação para


atendimento do nível "Mínimo" de desempenho térmico
pelo procedimento simplificado da norma NBR 15575.

Tabela 3 Z7
de habitações

Características térmicas dos


U ≤ 2,3 FT (3),
elementos construtivos e U ≤ 3,7, α ≤ 0,6 (2) PAEF ≤ 20% da
de habitações

Nível "Mínimo" α ≤ 0,4 (2)


áreas máximas de aberturas área de piso (4)
de desempenho U ≤ 2,5, α > 0,6 (2)
envidraçadas para U ≤ 1,5 FT (3),
(1) C ≥ 130 AEF ≤ 4 m² (5)
atendimento do nível α > 0,4 (2)
energética

"Mínimo" de desempenho
térmico da norma 15575 U (W/(m².K)) PAEF (%)
Unidades das
(ABNT, 2021) para a Zona 7 U (W/(m².K))
grandezas
energética

C (kJ/(m².K)) AEF (m²)

Zona Bioclimática Paredes Cobertura Janelas


Eficiência

Nota:
(1) Segundo NBR 15575 (ABNT, 2021).
(2) Absortância à radiação solar da superfície externa do elemento.
Eficiência

3) FT é um fator de correção da transmitância térmica considerando-se ventilação da cobertura.


(4) Porcentagem de área envidraçada na fachada para ambientes de dormitórios e salas com área de piso ≤ 20 m².
(5) Área envidraçada na fachada válida para ambientes de dormitórios e salas com área de piso > 20 m².

30
Zona Bioclimática 8

A Zona 8 apresenta temperaturas acima da zona de


conforto térmico na maior parte do tempo, demandando
o uso de sistemas de ar condicionado para o resfriamento
dos ambientes. Cidades como Rio de Janeiro - RJ e
Salvador - BA, estão nessa Zona. Por apresentar baixa
amplitude térmica diária, são recomendadas as seguintes
alternativas de projeto:
Edificação com baixa Inércia Térmica;
Cobertura com forro e isolação térmica e ventilação
do espaço ático na cobertura;
Paredes com baixa Capacidade Térmica e baixa
Transmitância térmica;
Promoção do sombreamento permanente das
aberturas e das vedações de modo geral;
Promoção da ventilação permanente, tanto para
remoção do calor dos ambientes como para
promoção do conforto térmico pela ventilação sobre
o corpo das pessoas;
Uso de cores claras nas superfícies externas.

As características da habitação para atendimento do nível


"Mínimo" de desempenho térmico pelo procedimento
simplificado da norma NBR 15575 estão na Tabela 4.

Tabela 4 Z8
Características térmicas dos
elementos construtivos e U ≤ 2,3 FT (3),
Eficiência energética de habitações

Nível "Mínimo" U ≤ 3,7, α ≤ 0,6 (2) PAEF ≤ 20% da


áreas máximas de aberturas α ≤ 0,4 (2)
de desempenho U ≤ 2,5, α > 0,6 (2) área de piso (4)
envidraçadas para U ≤ 1,5 FT (3),
atendimento do nível (1) C sem exigência AEF ≤ 4 m² (5)
α > 0,4 (2)
"Mínimo" de desempenho
térmico da norma 15575 PAEF (%)
U (W/(m².K))
(ABNT, 2021) para a Zona 8 Unidades das
U (W/(m².K))
grandezas
C (kJ/(m².K)) AEF (m²)

Zona Bioclimática Paredes Cobertura Janelas


Nota:
(1) Segundo NBR 15575 (ABNT, 2021).
(2) Absortância à radiação solar da superfície externa do elemento.
(3) FT é um fator de correção da transmitância térmica considerando-se ventilação da cobertura.
(4) Porcentagem de área envidraçada na fachada válida para ambientes de dormitórios e salas com área de piso de até 20 m².
(5) Área envidraçada na fachada válida para ambientes de dormitórios e salas com área de piso maior que 20 m².

31
A geometria da habitação
A geometria da habitação determina fatores como:
as porções da envoltória que são opacas e as que
são transparentes;
a área da cobertura e das fachadas que são
expostas à radiação solar e ao vento;
as dimensões dos recintos;
a posição e a orientação solar de aberturas;
a presença de sacadas, etc.

A influência da geometria na resposta térmica dos


ambientes pode ter um papel fundamental para se obter
recintos com desempenho térmico adequado,
dependendo das características térmicas dos
elementos construtivos da envoltória.

Normalmente, recintos com elementos construtivos


leves, de baixa capacidade térmica, como por exemplo,
paredes com chapas cimentícias e drywall, sem
materiais isolantes térmicos, têm seu comportamento
térmico afetado de modo mais significativo por fatores
como a área envidraçada na fachada e as cores das
superfícies externas, bem como do contato com o solo
ou com a cobertura em comparação com elementos
construtivos pesados, com alta capacidade térmica, Mesmo nos
como paredes de concreto de 15 cm de espessura, por primeiros estágios
exemplo (SALES et al., 2014).
do projeto
arquitetônico é
Nesse sentido, a seguir são apresentadas
necessário levar em
recomendações gerais para o projeto de habitações,
Eficiência energética de habitações

quanto à sua geometria, em função das características consideração as


térmicas dos elementos construtivos da envoltória. características dos
fechamentos, que
Essas recomendações podem ser utilizadas como poderão ser
inspiração inicial e complementadas por ferramentas determinantes do
computacionais de avaliação das alternativas de desempenho
projeto, que fornecerão informações mais precisas térmico dos
quanto ao desempenho térmico potencial da habitação. ambientes.

32
Elementos leves

Caso uma habitação com sistemas leves seja


construída em um local que requer maior inércia
térmica, sugere-se utilizar:

Área envidraçada mínima permitida na fachada;


Brises, sacadas ou beirais com larga projeção
protegendo a área envidraçada da fachada;
Cores claras nas superfícies (com baixa
absortância à radiação solar);
Aberturas que permitam a ventilação por 100%
de sua área.

A tipologia da edificação também pode ter um papel


importante no desempenho térmico da habitação.

Habitações térreas têm a contribuição da inércia


térmica do solo para amenizar as condições térmicas
internas, fator fundamental para habitações com
elementos construtivos leves que, de modo geral,
tendem a acompanhar as variações ambientais que
ocorrem no exterior.

Habitações térreas geminadas têm a vantagem de


ter menor área exposta ao clima, o que pode
Quando as contribuir para a obtenção de condições térmicas
características dos mais adequadas. Porém, deve-se ter cuidado com o
uso de materiais isolantes térmicos nas paredes,
fechamentos não são
visto que pode ocorrer situações com aquecimento
potencialmente excessivo dos recintos decorrentes das dificuldades
Eficiência energética de habitações

adequadas ao clima do em dissipar o calor gerado internamente por pessoas


local, o projetista e equipamentos, por exemplo.

precisa ter em mente


que o projeto deve ser
aprimorado para ter
desempenho térmico
adequado.

33
Em apartamentos, especialmente Nos casos de habitações
aqueles em andares tipo, sem contato
com a cobertura ou com o solo, a com sistemas leves em
fachada é mais determinante de seu locais que não requerem
desempenho térmico.
ambientes com alta inércia
Quando compostos por sistemas leves térmica, podem ser
é ainda mais importante considerar ter associadas a cores claras
aberturas em fachadas distintas de
modo a proporcionar ventilação
de superfícies externas,
cruzada e o uso de sacadas para janelas que proporcionem
sombrear os vidros.
alta ventilação dos
Atualmente é crescente o projeto de ambientes, bem protegidas
apartamentos com somente uma da radiação solar.
fachada exposta ao clima. Esse tipo de
solução, além de prejudicar a
ventilação dos ambientes, afeta de
modo negativo o seu desempenho
térmico, visto que, essa pequena
fachada precisará conter uma janela
que cumpra dimensões mínimas quanto
à sua área para iluminação.

Em recintos estreitos com


Eficiência energética de habitações

somente uma fachada pode ser


necessário ter uma janela que
ocupe porção muito significativa
da fachada para atender critérios
de dimensões de aberturas.

34
Elementos pesados

Recintos compostos por paredes com


elementos de alta capacidade térmica,
como por exemplo, com paredes de tijolo
cerâmico maciço com argamassa em
ambas as faces, cobertura com laje de
concreto e telhado com telhas cerâmicas,
têm seu desempenho térmico menos
afetado pela tipologia da habitação e por
variáveis como a área envidraçada na
fachada e as cores das superfícies, em
comparação com aqueles que possuem
sistemas leves.

Porém, também é necessário tomar alguns


cuidados no projeto, para que tenham
melhor desempenho térmico, tais como:

Não utilizar aberturas envidraçadas


com área muito significativa em
relação à área de piso do recinto;
Proteger aberturas da radiação solar
direta;
Evitar cores muito escuras nas
superfícies externas (com alta
absortância à radiação solar).
Eficiência energética de habitações
Também é importante verificar a
adequação do sistema construtivo ao clima
do local, pois, quando são utilizados
sistemas pesados em locais que requerem
baixa inércia térmica é fundamental fazer
estudos específicos para verificar o
desempenho térmico da habitação com as
soluções propostas.

35
Melhorias adicionais
Melhorias adicionais no desempenho térmico e
energético de habitações podem ser conseguidas com
o aprimoramento da envoltória da edificação utilizando
soluções de projeto que vão além daquelas que são
necessárias para o atendimento do nível "Mínimo" de
desempenho térmico previsto na norma NBR 15575, por
exemplo.

Aperfeiçoar a envoltória pode proporcionar um maior


período de tempo em conforto térmico (FAUUSP, 2021)
e não implica, necessariamente, em custos adicionais
no ciclo de vida da habitação em comparação aos
custos de uma habitação de referência (LABEEE,
2021). Nesse contexto, o desempenho de uma
habitação de referência, como descrito na norma NBR
15575, é utilizado como linha de base, a partir da qual
podem ser mensuradas melhorias no desempenho de
edificações com projetos otimizados, utilizando
soluções específicas de projeto.

Tais soluções são relacionadas a:


Pé direito mínimo dos ambientes;
Transmitância térmica máxima de coberturas;
Capacidade térmica mínima e transmitância
térmica máxima de paredes;
Absortância máxima à radiação solar em
superfícies externas;
Área envidraçada máxima na fachada;
Área mínima das aberturas para proporcionar a
Eficiência energética de habitações

ventilação natural dos ambientes;


Presença de elementos de sombreamento de
aberturas como venezianas externas, sacadas e
brises.

A seguir serão apresentados exemplos de análises do


desempenho energético de habitações e seu custo no
ciclo de vida, considerando projetos aprimorados em
comparação com uma habitação de referência.

36
Custo benefício

Após a realização de simulações Porcentagem de horas do ano em conforto


computacionais de uma habitação térmico na casa térrea por Zona Bioclimática
de referência e de várias opções de Maior valor casos otimizados
projeto de habitações otimizadas, 100

nas 8 Zonas Bioclimáticas,


75
identificou-se (LABEEE, 2021):
Menor valor casos
50 otimizados
A porcentagem de horas do ano
em que cada solução Valor da referência
25

proporciona ambientes
adequados ao conforto térmico 0

humano; Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8

Custo no ciclo de vida de cada


solução de projeto. Figura 13
Porcentagem maior e menor das horas do ano na
faixa de conforto térmico dos casos otimizados da
O custo no ciclo de vida casa térrea em comparação com a porcentagem
compreende: de horas em conforto da referência nas oito
Zonas Bioclimáticas (LABEEE, 2021).

A soma dos custos de materiais,


transporte e mão de obra para A partir da Figura 13 é possível afirmar
construção da envoltória; que, todos os casos de projetos
O custo operacional com energia otimizados apresentam porcentagem de
elétrica para uso de sistema de horas em conforto térmico
climatização e equipamentos; significativamente maiores que as obtidas
Os custos de manutenção e de na habitação de referência em todas as
sua eventual desconstrução. zonas.

Dentre as várias opções de projeto


otimizado, foram selecionados os Outras tipologias, como casa
Eficiência energética de habitações

casos que obtiveram a maior e a


térrea geminada e
menor porcentagem de horas do ano
em conforto térmico, para cada apartamento apresentaram as
Zona Bioclimática. Esses valores mesmas tendências gerais
são apresentados na Figura 13, que
indica também a porcentagem de obtidas para a casa térrea
horas em conforto térmico obtida isolada, diferindo somente em
para a habitação de referência.
números absolutos.

37
Custo benefício: custo no ciclo de vida

Dentre as opções de projeto otimizado, Custo da habitação no ciclo de vida


foram selecionadas as situações que
Referência
obtiveram o maior e o menor custo no 200.000

ciclo de vida, para cada Zona Custo máximo


Bioclimática. Esses valores são 150.000

apresentados na Figura 14, que indica Custo mínimo


100.000
também o custo no ciclo de vida obtido
para a habitação de referência.
50.000

Com base na Figura 14 observa-se que, 0

há situações nas quais os casos Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8

otimizados apresentam menor custo


no ciclo de vida em comparação com o Figura 14
custo da habitação de referência. Maior e menor custo total obtido em 50 anos do
Mesmo em situações em que o custo no ciclo de vida da habitação térrea considerando
casos otimizados e o custo da habitação de
ciclo de vida de casos otimizados é
referência (R$) nas oito Zonas Bioclimáticas
maior que o obtido para a referência, os Brasileiras (LABEEE, 2021).
valores são da mesma ordem de
grandeza.

Estes resultados, quanto ao custo no


ciclo de vida e horas no ano em que a
habitação proporciona conforto
térmico, mostram que há um custo-
benefício positivo em se adotar
soluções de projeto otimizadas nas
habitações, ou seja, as habitações com
projeto otimizado são:
Eficiência energética de habitações

Significativamente mais
confortáveis;
Não implicam, necessariamente,
em maior custo no ciclo de vida da
habitação.

38
Soluções de projeto

Algumas das possíveis soluções de projeto que podem ser Recomenda-se o uso
utilizadas para obter os benefícios apresentados quanto de simulações
ao conforto térmico e custos no ciclo de vida da habitação
computacionais dos
(LABEEE, 2021) são indicadas a seguir, para cada zona
climática, para habitações térreas isoladas e geminadas e projetos de
apartamentos. Parte dessas soluções também foram arquitetura a serem
incorporadas em exigências do governo federal para desenvolvidos com
subsídio de habitações. base nas
recomendações aqui
As soluções citadas devem ser utilizadas como diretrizes
apresentadas, para
iniciais, cabendo a necessidade de estudos adicionais para
projetos específicos. se ter informações
São abordados: mais precisas quanto
o pé direito; ao desempenho
características térmicas de coberturas e paredes; térmico dos
cores de superfícies externas;
ambientes.
dimensões de aberturas para iluminação e ventilação.

Z1 Z2 Z3 Z4 Unidade Tabela 5
Casa térrea isolada

2,5 2,5 2,5 2,5 (m) Z1 a Z4
direito

Variáveis de projeto
recomendadas para casas
térreas otimizadas nas
U ≤ 0,6 U ≤ 0,6 U ≤ 0,6 U ≤ 0,7 U (W/m².K) Cobertura Zonas 1 a 4 (LABEEE, 2021).
Na sequência da tabela são
apresentados valores de pé-
U ≤ 1,85 direito dos ambientes, da
C ≥ 130 transmitância térmica da
U ≤ 2,5 U ≤ 1,1 U ≤ 1,85 U (W/m².K)
ou cobertura, da capacidade
C ≥ 130 C ≥ 130 C ≥ 130 C (kJ/(m².K)) Parede
U ≤ 0,75 térmica e da transmitância
Eficiência energética de habitações

C ≥ 30 térmica de paredes, da
absortância à radiação solar
das superfícies (cores); da
porcentagem de área
≤ 0,6 ≤ 0,6 ≤ 0,6 ≤ 0,4 (---) Absortância envidraçada na fachada em
relação á área de piso do
ambiente (PAEF), do fator de
ventilação (FV), que é a
porcentagem de área da
PAEF PAEF PAEF PAEF
janela para este fim, além da
17% 17% 17% 17% indicação da necessidade de
VEN VEN VEN VEN PAEF (%) elementos de
FV (%) Janelas
DORM DORM/ DORM DORM/ sombreamento como
FV45 SALA FV90 SALA venezianas (VEN) e sacadas
em salas e dormitórios.
FV90 FV45

39
Z5 Z6 Z7 Z8 Unidade Tabela 6
Casa Térrea isolada
Pé Z5 a Z8
2,5 2,5 2,5 2,8 (m)
direito

Variáveis de projeto
recomendadas para casas
térreas otimizadas nas
U ≤ 0,7 U ≤ 2,02 U ≤ 2,02 U ≤ 2,02 U (W/m².K) Cobertura Zonas 5 a 8 (LABEEE, 2021).
Na sequência da tabela são
apresentados valores de pé-
direito dos ambientes, da
U ≤ 1,85 U ≤ 1,85 U ≤ 1,85 U ≤ 1,85
C ≥ 130 transmitância térmica da
C ≥ 130 C ≥ 130 C ≥ 130 U (W/m².K)
ou ou ou cobertura, da capacidade
ou
C (kJ/(m².K)) Parede
U ≤ 0,75 U ≤ 0,75 U ≤ 0,70 U ≤ 0,70 térmica e da transmitância
C ≥ 30 C ≥ 30 C ≥ 30 C ≥ 30 térmica de paredes da
absortância à radiação solar
das superfícies (cores); da
porcentagem de área
≤ 0,4 ≤ 0,4 ≤ 0,4 ≤ 0,4 (---) Absortância envidraçada na fachada em
relação á área de piso do
ambiente (PAEF), do fator
de ventilação (FV), que é a
porcentagem de área da
PAEF PAEF PAEF PAEF
janela para este fim, além da
17% 23% VEN 17% 23% VEN indicação da necessidade
VEN DORM/ VEN DORM/ PAEF (%) de elementos de
Janelas
DORM/ SALA DORM SALA FV (%) sombreamento como
SALA FV45 FV90 FV90 venezianas (VEN) e sacadas
FV90 em salas e dormitórios.

Z1 Z2 Z3 Z4 Unidade Tabela 7
Casa térrea geminada
2,5 2,5 2,5 2,5 Pé Z1 a Z4
(m)
direito
Variáveis de projeto
recomendadas para casas
térreas geminadas
otimizadas nas Zonas 1 a 4
U ≤ 0,6 U ≤ 0,6 U ≤ 0,6 U ≤ 0,7 U (W/m².K) Cobertura (LABEEE, 2021). Na
sequência da tabela são
apresentados valores de pé-
direito dos ambientes, da
U ≤ 1,85
C ≥ 130 transmitância térmica da
U ≤ 2,5 U ≤ 1,10 U ≤ 2,5 U (W/m².K) cobertura, da capacidade
ou Parede
C ≥ 130 C ≥ 130 C ≥ 130 U ≤ 0,75 C (kJ/(m².K)) térmica e da transmitância
Eficiência energética de habitações

C ≥ 30 térmica de paredes, da
absortância à radiação solar
das superfícies (cores); da
porcentagem de área
≤ 0,6 ≤ 0,6 ≤ 0,6 ≤ 0,4 Absortância envidraçada na fachada em
(---)
relação á área de piso do
ambiente (PAEF), do fator
de ventilação (FV), que é a
PAEF porcentagem de área da
PAEF PAEF PAEF
janela para este fim, além da
17% 17% 17% 17% indicação da necessidade
VEN VEN VEN VEN PAEF (%) de elementos de
Janelas
DORM DORM/ DORM DORM FV (%) sombreamento como
FV45 SALA FV90 FV45 venezianas (VEN) e sacadas
FV45 em salas e dormitórios.

40
Z5 Z6 Z7 Z8 Unidade Tabela 8
Casa Térrea geminada
Pé Z5 a Z8
2,5 2,5 2,5 2,8 (m)
direito
Variáveis de projeto
recomendadas para casas
térreas geminadas
otimizadas nas Zonas 5 a 8
U ≤ 0,7 U ≤ 2,02 U ≤ 2,02 U ≤ 2,02 U (W/m².K) Cobertura (LABEEE, 2021). Na
sequência da tabela são
apresentados valores de pé-
U ≤ 1,85 U ≤ 1,85 U ≤ 1,85 U ≤ 1,85 direito dos ambientes, da
C ≥ 130 C ≥ 130 C ≥ 130 C ≥ 130 U (W/m².K)
transmitância térmica da
ou ou ou ou Parede cobertura, da capacidade
U ≤ 0,75 U ≤ 0,75 U ≤ 0,70 U ≤ 0,70 C (kJ/(m².K))
térmica e da transmitância
C ≥ 30 C ≥ 30 C ≥ 30 C ≥ 30 térmica de paredes, da
absortância à radiação solar
das superfícies (cores); da
porcentagem de área
≤ 0,4 ≤ 0,4 ≤ 0,4 ≤ 0,4 Absortância
(---) envidraçada na fachada em
relação á área de piso do
ambiente (PAEF), do fator de
ventilação (FV), que é a
PAEF PAEF PAEF PAEF porcentagem de área da
17% 23% 23% 23% janela para este fim, além da
indicação da necessidade de
VEN VEN VEN VEN PAEF (%)
Janelas elementos de sombreamento
DORM/ DORM/ DORM/ DORM/ FV (%)
como venezianas (VEN) e
SALA SALA SALA SALA sacadas em salas e
FV90 FV45 FV45 FV45 dormitórios.

Z1 Z2 Z3 Z4 Unidade Tabela 9
Apartamento
2,5 2,5 2,6 2,6 Pé Z1 a Z4
(m)
direito

Variáveis de projeto
recomendadas para
apartamentos otimizados nas
U ≤ 2,02 U ≤ 0,7 U ≤ 2,02 U ≤ 0,7 U (W/m².K) Cobertura Zonas 1 a 4 (LABEEE, 2021).
Na sequência da tabela são
apresentados valores de pé-
U ≤ 1,1 direito dos ambientes, da
transmitância térmica da
U ≤ 1,1 C ≥ 130 U ≤ 2,5 U ≤ 1,1 U (W/m².K)
ou cobertura, da capacidade
C ≥ 130 C ≥ 130 C ≥ 130 C (kJ/(m².K)) Parede
U ≤ 0,70 térmica e da transmitância
Eficiência energética de habitações

C ≥ 30 térmica de paredes, da
absortância à radiação solar
das superfícies (cores); da
porcentagem de área
≤ 0,6 ≤ 0,6 ≤ 0,6 ≤ 0,4 Absortância envidraçada na fachada em
(---)
relação á área de piso do
ambiente (PAEF), do fator de
ventilação (FV), que é a
PAEF PAEF PAEF PAEF porcentagem de área da
17% 17% 17% 17% janela para este fim, além da
VEN VEN VEN VEN indicação da necessidade de
PAEF (%) elementos de sombreamento
DORM/ DORM/ DORM/ DORM/ Janelas
FV (%) como venezianas (VEN) e
SALA SALA SALA SALA
sacadas em salas e
FV45 SACADA SACADA SACADA dormitórios.
FV45 FV45 FV90

41
Z5 Z6 Z7 Z8 Unidade Tabela 10
Apartamento

2,6 2,6 2,6 2,6 (m) Z5 a Z8
direito

Variáveis de projeto
recomendadas para
apartamentos otimizados
U ≤ 2,02 U ≤ 2,02 U ≤ 2,02 U ≤ 2,02 U (W/m².K) Cobertura nas Zonas 5 a 8 (LABEEE,
2021).Na sequência da tabela
são apresentados valores de
pé-direito dos ambientes, da
transmitância térmica da
U ≤ 1,1 U ≤ 1,10 U ≤ 2,5 U ≤ 2,05 U (W/m².K)
Parede cobertura, da capacidade
C ≥ 130 C ≥ 130 C ≥ 130 C ≥ 130 C (kJ/(m².K))
térmica e da transmitância
térmica de paredes, da
absortância à radiação solar
das superfícies (cores); da
porcentagem de área
≤ 0,4 ≤ 0,4 ≤ 0,4 ≤ 0,4 (---) Absortância envidraçada na fachada em
relação á área de piso do
ambiente (PAEF), do fator de
ventilação (FV), que é a
PAEF PAEF PAEF porcentagem de área da
PAEF
janela para este fim, além da
23% 23% 23% 23%
indicação da necessidade de
VEN VEN VEN VEN PAEF (%)
Janelas elementos de
DORM/ DORM/ DORM/ DORM/ FV (%)
sombreamento como
SALA SALA SALA SALA venezianas (VEN) e sacadas
FV90 FV45 FV90 FV90 em salas e dormitórios.

Eficiência energética de habitações

42
06 Outros fatores a considerar
Há possibilidade de se utilizar outros conceitos ou
soluções de projeto, além dos indicados
anteriormente, que podem resultar em
edificações, não só com maior eficiência
energética, mas também com menores impactos
negativos ao meio ambiente de forma mais geral.
Alguns dos principais fatores são listados a seguir,
com relação, tanto ao projeto da unidade
habitacional quanto ao local onde será construída.

Impactos ambientais no Ciclo de Vida

Diretrizes de projeto de arquitetura com Por exemplo: o uso de forro com


enfoque na adequação climática tem como material isolante térmico na
objetivo reduzir o consumo de energia cobertura pode reduzir o consumo
durante o uso das edificações. Tais diretrizes de energia para climatizar o
se traduzem em benefícios ambientais: por edifício em todas as regiões do
exemplo, para gerar 100 kWh de energia Brasil.
elétrica, emitem-se 6,2 kg de CO2 para a Entretanto, consome-se energia
atmosfera (SIN, 2020), devido ao consumo de para produzir, transportar e
combustíveis fósseis por usinas instalar esses materiais.
termoelétricas que integram a matriz elétrica

brasileira. Portanto, para avaliar o benefício


dessa diretriz, deve-se considerar
Embora a fase de uso seja a de maior duração o balanço entre a economia de
no ciclo de vida das edificações – a vida útil de energia gerada durante o uso da
projeto mínima indicada na ABNT NBR 15575 é edificação e a energia extra gasta
Eficiência energética de habitações

de 50 anos – há outras etapas que também para produzir, transportar e


precisam ser consideradas, tais como a instalar esses materiais.
extração dos recursos naturais, a fabricação
dos materiais, o transporte dos materiais, a
obra e, após o término da vida útil do edifício,
sua demolição.

43
O método para realizar esse tipo de Embora o ideal seja realizar uma
análise é a Avaliação do Ciclo de ACV para quantificar o benefício
Vida (ACV). ambiental de soluções de projeto,
essa é uma atividade que ainda não
Na ACV, quantificam-se todos os faz parte do dia a dia dos
fluxos de materiais e energia que projetistas e há uma carência de
ocorrem nos processos ao longo do dados de ACV representativos para
ciclo de vida de um produto, o que o Brasil.
é chamado de Inventário do Ciclo
de Vida, e convertem-se esses Essa carência tende a ser superada
fluxos em indicadores de potencial em breve, com o desenvolvimento
de impacto ambiental, os quais são de ferramentas nacionais para ACV
expressos em relação a uma na construção, a qualificação de
unidade funcional (ABNT NBR ISO profissionais e a mobilização do
14040). Na Figura 15 é indicada a setor.
abordagem da análise do ciclo de
vida de edificações.
Figura 15
Um exemplo de indicador que pode
Abordagem da Avaliação do Ciclo de Vida de
ser calculado para edificações é o edificações. São indicados os materiais,
potencial de aquecimento global, combustíveis, energia e água consumidos nas
fases da edificação e as emissões, efluentes e
que considera as emissões de resíduos resultantes. Ilustração: Fernanda
gases de efeito estufa e pode ser Belizário Silva. Ícones obtidos de Canva.com.
expresso em kg CO2
equivalente/m² de área útil.

Materiais Combustíveis Energia Água

Extração de recursos Fabricação Transporte Construção Uso - 50 anos Demolição do


naturais de materiais de materiais do edifício edifício
Eficiência energética de habitações

Emissões Efluentes Resíduos

44
Em uma análise
qualitativa, é possível
afirmar que as
diretrizes de projeto
indicadas neste guia,
contemplando fatores
de adequação climática
e técnicas passivas,
têm grande potencial
de reduzir os impactos
ambientais no ciclo de
vida das habitações.

Usar esses preceitos no


projeto de arquitetura exige
poucas alterações na
construção usual, ou seja:

não implica em acréscimo


significativo de material na
envoltória das edificações;
não é necessário mudar
radicalmente os tipos de
materiais geralmente
empregados.

Sendo assim, não deve haver


grande alteração nos
Eficiência energética de habitações

indicadores ambientais, como


as emissões de gases de efeito
estufa, por exemplo, para
produção dos materiais e
construção dos edifícios, ao
passo que os benefícios
obtidos durante a etapa de uso
podem se estender por muitas
décadas.

45
Aquecimento Solar de Água

Os aquecedores solares de água são boas soluções


para melhorar a eficiência energética de habitações.
Os principais componentes de um sistema de
aquecimento solar são: o coletor solar, que é
responsável pela conversão da radiação solar em
energia térmica e o reservatório térmico que armazena
a água quente para consumo. A conexão entre eles é
feita pelo circuito hidráulico primário.

A fração solar, definida como percentual de


participação da energia solar no aquecimento de água,
será proporcional ao tamanho do sistema projetado e
dependerá da sua eficiência e das condições
climáticas do local.

No que se refere às diretrizes para instalação de


sistema de aquecimento solar de água, destacam-se
os seguintes aspectos:

Sombreamento: o local de instalação dos coletores


solares não deve ser sombreado, especialmente,
nos horários com maior incidência de radiação
solar;
Área coletora: o dimensionamento da área coletora
é proporcional ao volume de água quente
necessário para atender à demanda da edificação;
de habitações
Orientação solar da superfície absorvedora: os
coletores devem ser instalados na direção do norte
de habitações

geográfico e, se o objetivo for potencializar a


produção de água quente no inverno, devem ter
uma inclinação igual à latitude do local somando-se
energética

dez graus;
Armazenamento: o reservatório térmico opera
energética

como um aquecedor central armazenando e


Eficiência

distribuindo a água quente para os pontos de


consumo. Seu posicionamento deve estar em uma
Eficiência

cota mais elevada que o topo dos coletores.

46
Sistema Fotovoltaico
No projeto é necessário considerar a ocorrência
de falta de sincronia entre a produção de energia,
distribuída ao longo do dia, e demanda mais
concentrada no período da noite, característica
predominante no setor residencial, que gera um
desequilíbrio entre oferta e demanda. Nesse
sentido, a solução mais recomendada é a conexão
bidirecional com a rede da distribuidora que
permite injetar a energia excedente durante o dia
e consumir durante a noite.

Essa configuração tem como principais


componentes:
Módulo fotovoltaico: que converte energia;
solar em energia elétrica de corrente contínua
Inversor de frequência: equipamento
responsável por converter a energia elétrica
de corrente contínua para corrente alternada
(padrão adotado nas residências) e injetar a
excedente produzida na rede da distribuidora;
Medidor de consumo de energia bidirecional:
registra o consumo de energia elétrica
convencional e a entrega do excedente
produzido pelo sistema fotovoltaico à rede.
Nele são contabilizados os créditos para
consumo futuro.

Em um contexto de crise
hídrica e energética o uso
Eficiência energética de habitações

de sistemas fotovoltaicos
para geração de energia
elétrica em habitações
pode ser uma boa solução
para reduzir a demanda
das distribuidoras e
aumentar a eficiência
energética da edificação.

47
Para a instalação do sistema fotovoltaico, destacam-
se os seguintes aspectos:
Sombreamento: o local de instalação dos módulos
fotovoltaicos deve evitar o sombreamento, pois,
além de reduzir a eficiência do sistema, pode
implicar em dano permanente no módulo;
Área dos módulos: o seu dimensionamento é
proporcional à demanda e energia elétrica que se
pretende atender. A demanda consiste na soma do
consumo de energia em Watt-hora decorrente da
utilização dos eletrodomésticos e outros
equipamentos . De modo geral sua capacidade não
deve exceder a demanda média anual de energia
da edificação;
Orientação solar dos módulos: preferencialmente
devem ser instalados na direção do norte
geográfico com inclinação igual à latitude do local.
Apesar disto, desvios de direção e inclinação
podem ser compensados com acréscimo de maior
área de painéis.

Vale ressaltar que também é necessário prever a


realização de manutenção periódica do sistema,
levando em conta também os custos necessários para
esse fim.
Sistemas leves
As principais normas que definem as condições de
operação do sistema são:
Resoluções Normativas Aneel nº 482 e nº 687;
NBR 10899:2013 Energia solar fotovoltaica;
NBR 16149:2013 Sistemas fotovoltaicos (FV) –
O dimensionamento Características da interface de conexão com a
Eficiência energética de habitações

do sistema deve rede elétrica de distribuição;


NBR 16274:2014 Sistemas fotovoltaicos
considerar o conectados à rede – Requisitos mínimos para
percentual de documentação, ensaios de comissionamento,
inspeção e avaliação de desempenho;
energia elétrica que NBR 11704:2008 Sistemas fotovoltaicos –
se pretende obter a Classificação;
NBR 16690:2019 Instalações elétricas de arranjos
partir do sistema
fotovoltaicas – Requisitos de projeto.
fotovoltaico.

48
Automação
predial
Automatizar a iluminação
Uma alternativa interessante para artificial, ar condicionado,
reduzir o consumo de energia abertura de janelas e outros
elétrica em edificações é utilizar
sistemas automatizados para seu
sistemas de habitações já
acionamento, programados de são realidade em muitos
forma a aumentar a eficiência empreendimentos
energética da edificação.
internacionais, com fortes
Com referência à demanda por tendências de expansão em
resfriamento de ambientes, é virtude de aprimoramentos
possível adicionar tais elementos e barateamento de
para abrir e fechar janelas em
sensores.
função de condições ambientais,
como já utilizado no procedimento
de simulações para avaliação do
desempenho térmico de
habitações presente na norma NBR
15575 (ABNT, 2021).

Outro fator a considerar é


Eficiência energética de habitações

relacionado a iluminação artificial


e aproveitamento da luz natural.
Atualmente há possibilidades de
programar luminárias para serem
acionadas em função da
disponibilidade de luz natural e da
presença de pessoas.

49
Relação do empreendimento
com a cidade
A conexão do empreendimento habitacional
com a cidade já é considerada por vários
mecanismos de avaliação ambiental de
Além disso, a presença de
edifícios, como: arborização significativa nos
empreendimentos e na
A escolha de um terreno com cidade, bem como o uso de
infraestrutura urbana adequada materiais com alta
A proximidade de serviços e
refletância em suas
equipamentos urbanos
A compra de materiais e componentes superfícies de edifícios,
de fornecedores locais calçamentos, etc.,
contribuem para a redução
Esses fatores proporcionam ganhos dos efeitos de ilhas de calor
ambientais, à medida que reduzem o nas grandes cidades e,
consumo de energia e as emissões de gases
consequentemente, também
de efeito estufa em transporte de pessoas e
insumos, por exemplo. podem auxiliar a redução da
necessidade de climatização
Algumas diretrizes internacionais de dos ambientes dos edifícios.
sustentabilidade de edifícios já consideram São mais soluções
a mobilidade induzida pelas edificações no
disponíveis aos projetistas.
cálculo das suas emissões de CO2.

Eficiência energética de habitações

50
07 Considerações Finais
O papel do projetista de arquitetura na concepção
de edifícios com maior eficiência energética é
fundamental. Projetos bem elaborados, levando em
conta de forma global os principais fatores citados
nesse guia, proporcionam não somente melhores
condições ambientais para seus moradores, mas
também a economia de energia, a redução da
emissão de gases de efeito estufa, além da
possibilidade de menor custo das edificações no
seu ciclo de vida.

De modo geral, habitações mais eficientes e com


menor custo de produção possibilitam:

Para o governo: a construção de maior


quantidade de habitações com os mesmos
recursos financeiros;
Para o morador: uma habitação mais digna, que
lhe permita usar os ambientes com maior
conforto, com menor necessidade de sistemas
de climatização, fator importantíssimo para as
pessoas de menor renda, que não tem
condições financeiras de arcar com a instalação
e com os dispêndios financeiros decorrentes do Arquiteto,
uso desses sistemas; engenheiro,
Para o Brasil e o planeta: em um país com
projetista de edifícios:
dimensões continentais, se todos os projetistas
suas ações no dia a
Eficiência energética de habitações

puderem ter maiores cuidados em seus


projetos, os benefícios ambientais decorrentes dia de sua profissão
dessa atitude podem ser muito significativos,
são muito mais
seja pela redução da necessidade de ampliação
dos sistemas de geração de energia elétrica, importantes e
seja pela menor emissão de gases de efeito impactantes do que
estufa. você imagina.
Pense nisso.

51
08 Referências
AKUTSU, M. Aplicação do Método dos Fatores de Resposta para a Determinação
da Resposta Térmica de Edificações. 1983. 82 p. Dissertação (Mestrado) - Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1983.
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Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
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ENGINEERS. Standard 90.1: Energy Standard for Buildings Except Low-Rise
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ENGINEERS. Standard 55: Thermal Environmental Conditions for Human
Occupancy. Atlanta, 2013b.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
__________NBR 15220: Desempenho Térmico de Edificações. Rio de Janeiro, 2008a.
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estrutura. Rio de Janeiro, 2009.
__________NBR 15575: Edifícios Habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro, 2013a.
__________NBR 15569:Sistema de aquecimento solar de água em circuito direto —
Requisitos de projeto e instalação. Rio de Janeiro, 2021
__________NBR 10899: Energia solar fotovoltaica – Terminologia. Rio de Janeiro,
2013b;
__________NBR 16149:Sistemas fotovoltaicos (FV) – Características da interface de
conexão com a rede elétrica de distribuição. Rio de Janeiro, 2013c;
__________NBR 16274: Sistemas fotovoltaicos conectados à rede – Requisitos
mínimos para documentação, ensaios de comissionamento, inspeção e avaliação de
desempenho.Rio de Janeiro, 2014;
Eficiência energética de habitações

____________NBR 11704: Sistemas fotovoltaicos – Classificação. Rio de Janeiro,


2008c;
____________NBR 16690: Instalações elétricas de arranjos fotovoltaicas – Requisitos
de projeto. Rio de Janeiro, 2019.
BRITO, A. C. Contribuição da inércia térmica na eficiência energética de edifícios
de escritórios na cidade de São Paulo. 2015. 241p. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia Mecânica,
São Paulo, 2015.

52
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO -
FAU-USP. Método de avaliação pós-ocupação (APO) para retrofit e requalificação
de empreendimentos habitacionais de interesse social. Relatório Técnico no
âmbito do projeto Eficiência Energético para o Desenvolvimento Urbano
Sustentável (EEDUS), 2021.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Standard 7730:
Ergonomics of the Thermal Environment – Analytical Determination and
Interpretation of Thermal Comfort using Calculation of the PMV and PPD Indices
an Local Thermal Criteria”. Geneva, 2006.
MITSIDI SERVIÇOS E PROJETOS LTDA. Evolução Normativa do PMCMV relativa a
aspectos de Eficiência Energética. Relatório Técnico no âmbito do projeto
Eficiência Energético para o Desenvolvimento Urbano Sustentável (EEDUS),
2019a.
MITSIDI SERVIÇOS E PROJETOS LTDA. Linha de base e estudo exploratório para
redução de emissões de gases de efeito estufa no setor de habitação no Brasil.
Relatório Técnico no âmbito do projeto Eficiência Energético para o
Desenvolvimento Urbano Sustentável (EEDUS), 2019b.
LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SANTA CATARINA - LABEEE. Análise custo-benefício das medidas de eficiência
energética em habitação de interesse social. Relatório Técnico no âmbito do
projeto Eficiência Energético para o Desenvolvimento Urbano Sustentável
(EEDUS), 2021.
SALES, E. M. ; AKUTSU, M. ; BRITO, A. C. ; AQUILINO, M. M. . Efeito de variações no
projeto de arquitetura de uma habitação no seu desempenho térmico. In: XV
ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO (ENTAC
2014), 2014, Maceió. XV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE
CONSTRUÍDO (ENTAC 2014), 2014.
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UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME - UNEP. 2020. Global Status Report
for Buildings and Construction. Report, 2020.
Eficiência energética de habitações

WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT. Eficiência


Energética em Edifícios: realidades empresariais e oportunidades. Relatório
Síntese de projeto de pesquisa sobre Eficiência Energética de Edifícios, Lisboa,
2010.

53
Eficiência energética de habitações

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