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de Campos
nas organizações
Sustentabilidade
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Jeane Passos de Souza - CRB 8a/6189)
Bibliografia.
e-ISBN 978-85-396-2361-7 (ePub/2019)
e-ISBN 978-85-396-2362-4 (PDF/2019)
19-927t CDD-658.408
BISAC - BUS072000
Capítulo 1 Capítulo 4
O mundo das organizações e a Conceito de sustentabilidade nas
sustentabilidade, 9 empresas, 71
1 Os três setores organizacionais da 1 Triple bottom line, 72
sociedade, 10 2 Sustentabilidade empresarial, 76
2 As emergências socioambientais, 13 3 Sustentabilidade global versus
3 O papel de cada setor frente às empresarial, 79
emergências socioambientais, 19 Considerações finais, 90
Considerações finais, 26 Referências, 91
Referências, 27
Capítulo 5
Capítulo 2 Novas ferramentas e modelos:
Conceito de sustentabilidade – atuação responsável, 93
evolução nas políticas, 29
1 Contexto de surgimento (programas
1 Do ecodesenvolvimento à de atuação responsável, ou
sustentabilidade, 30 Responsible Care), 94
2 Conceitos e dimensões da 2 Conceitos e práticas, 97
sustentabilidade, 38 3 Sustentabilidade e sistemas de saúde
3 O que é e o que não é e segurança no trabalho (SST), 100
sustentabilidade, 42 Considerações finais, 108
Considerações finais, 46 Referências, 109
Referências, 47
Capítulo 6
Capítulo 3 Novas ferramentas e modelos:
Conceito de sustentabilidade: ecoeficiência – Parte 1, 111
evolução nas organizações, 49
1 Contexto de surgimento, 112
1 Da postura reativa à postura 2 Recursos naturais e organizações, 116
estratégica, 50
3 Programas de eficiência no uso de
2 A inserção da sustentabilidade na recursos naturais, 120
óptica empresarial, 58
Considerações finais, 123
3 Novos modelos em direção à
sustentabilidade, 63 Referências, 124
Considerações finais, 66
Referências, 67
Capítulo 7 Capítulo 10
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Novas ferramentas e modelos: Novas ferramentas e modelos:
ecoeficiência – Parte 2, 127 análise de ciclo de vida, 175
1 Limites planetários e resíduos, 129 1 Contexto de surgimento e
2 Programas de eficiência no uso conceitos, 176
ou descarte de resíduos: reúso, 2 Etapas da ACV: definição do escopo,
reciclagem, etc., 135 análise de inventário, avaliação de
Considerações finais, 140 impacto e interpretação, 184
Referências, 140 3 Softwares e programas de ACV, 190
Considerações finais, 190
Capítulo 8 Referências, 191
Novas ferramentas e modelos:
sistemas de gestão ambiental, 143 Capítulo 11
Novas ferramentas e modelos:
1 Visão histórica dos sistemas ecodesign, 193
de certificação (da qualidade à
ambiental), 144 1 Contexto de surgimento e
2 Sistema de gestão ambiental conceitos, 194
(SGA), 148 2 Materiais e produtos de baixo
3 Sistema de gestão ambiental e a impacto ambiental, 199
ISO 14001 – NBR versões 2004 e 3 Características do ecodesign, 201
2015, 150
Considerações finais, 206
4 A estrutura da ISO 14001, 152
Referências, 206
Considerações finais, 155
Referências, 155 Capítulo 12
Sustentabilidade e
Capítulo 9 responsabilidade
Novas ferramentas e modelos: socioambiental, 209
Produção Mais Limpa (P+L), 159
1 Visão tradicional e moderna
1 Da abordagem reativa (fim de tubo) da responsabilidade social
à abordagem preventiva (P+L), 160 corporativa, 210
2 Conceitos e aplicações (mudanças 2 Níveis de responsabilidade social
no processo, equipamento, layout, (econômica, legal, ética e
etc.), 164 filantrópica), 216
3 Qualificação de pessoas como 3 Ética empresarial e responsabilidade
estratégia de P+L (competências, socioambiental, 220
treinamento), 168
Considerações finais, 223
4 Implementação, acompanhamento,
Referências, 223
revisão e melhoria, 170
5 Programas empresariais de P+L, 171
Considerações finais, 173
Referências, 173
Capítulo 13 Capítulo 15
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O mundo das
organizações e a
sustentabilidade
9
articula para responder a esses desafios representada pelo modelo dos
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três setores, primeiro (Estado), segundo (empresas) e terceiro (socie-
dade civil organizada) setores. Por fim, veremos o papel que cada um
desses setores geralmente desempenha, no sentido de contribuir para
a busca de um desenvolvimento sustentável.
IMPORTANTE
Finalidade pública
3o setor
(sociedade civil 1o setor
organizada) (Estado)
2o setor
(empresas)
Finalidade privada
* Exemplos de modelos “híbridos”.
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de diferentes naturezas e finalidades, geram impacto na sociedade e
na natureza. Aliás, se pararmos para pensar, toda atividade humana ou
mesmo o ato de consumir produtos ou serviços gera algum impacto so-
cioambiental, seja ele positivo ou negativo. O fato de que praticamente
qualquer produto ou serviço que consumimos seja feito por um conjun-
to de pessoas que se agrupam para uma finalidade específica, esperan-
do obter determinado resultado – o que caracteriza uma “organização”
–, é o que torna esse ente tão importante no estudo da sustentabilidade.
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Conselho do Poder Executivo, por exemplo, tem uma atuação mais vin-
culada a determinada temática socioambiental. Em alguns casos, há
uma articulação transversal.
17 1
16 2
15 3
14 4
13 5
12 6
11 7
10 8
9
1 – Erradicação da pobreza
2 – Fome zero e agricultura sustentável
3 – Saúde e bem-estar
4 – Educação de qualidade
5 – Igualdade de gênero
6 – Água potável e saneamento
7 – Energia acessível e limpa
8 – Trabalho decente e crescimento econômico
9 – Indústria, inovação e infraestrutura
10 – Redução das desigualdades
11 – Cidades e comunidades sustentáveis
12 – Consumo e produção responsáveis
13 – Ação contra a mudança global do clima
14 – Vida na água
15 – Vida terrestre
16 – Paz, justiça e instituições eficazes
17 – Parcerias e meios de implementação
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assumido pelos principais atores dos três diferentes setores, podemos
dizer que eles representam os principais desafios atuais relacionados
ao desenvolvimento sustentável.
IMPORTANTE
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desenvolvimento e promover políticas que apoiem a geração de
emprego e a inovação.
pesqueiros.
O site da ONU sobre a Agenda 2030 (PNUD, 2015a) contém uma descri-
ção detalhada de cada um dos 17 ODS, das 169 metas, dos indicadores
para acompanhamento, bem como o histórico de como eles se origina-
ram e como o Brasil está se organizando para cumpri-los.
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deles, haja uma atuação conjunta e, por vezes, articulada de dois ou
mais setores.
1o setor
(Estado)
Regulamentar
Fiscalizar
Executar
2o setor 3o setor
Propor e
(empresas) contribuir (sociedade civil)
NA PRÁTICA
Por outro lado, o governo geralmente tenta antever como determinada lei
afetará outros atores da sociedade, que, algumas vezes, podem ter inte-
resses diferentes e até mesmo contrários. Por isso se fala em buscar o
“bem-estar geral”. As discussões sobre o Código Florestal (BRASIL, 2012)
são um exemplo de como o Estado está envolvido nessa busca.
O Código Florestal, também conhecido como Lei de Proteção da Vege-
tação Nativa, foi aprovado em 2012 pelo Governo Federal e, entre outras
coisas, determina que as propriedades privadas devem manter áreas de
preservação permanentes e que deve haver respeito a terras indígenas,
que podem ser exploradas apenas pelos próprios índios. No entanto, na
elaboração da lei, houve a influência de empresas e proprietários rurais,
estes diretamente afetados pelas consequências da lei. Por outro lado,
houve também ONGs, especialistas e a sociedade civil de modo geral
pressionando por uma regulação mais restritiva na exploração das áreas
de preservação. O Governo Federal e o Congresso, então, procuraram
mediar o interesse de ambos os grupos, de forma a se tentar chegar em
um equilíbrio que gerasse um “bem-estar geral”.
1 O conceito de poder de polícia está explicitado no artigo 78 da Lei no 5.172, de 25 outubro de 1966 (Código
Tributário Nacional): “Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
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Naturais Renováveis (Ibama) e de órgãos especializados do Ministério
Público que fiscalizam ações relacionadas ao meio ambiente ou às con-
dições de trabalho.
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de empresas ou grupos de empresas integrarem ou participarem de
comissões temáticas no Congresso Nacional, por exemplo. Em uma
dessas comissões, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável da Câmara Federal, ao tratar do “Debate sobre a situa-
ção dos resíduos gerados pelas construções e demolições” (BRASIL,
2018a), em maio de 2018, convidou representantes de entidades de em-
presas de construção civil (Sinduscon-RS) e de reciclagem de resíduos
da construção civil (Abrecon) como expositores.
NA PRÁTICA
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dos os estados brasileiros, que, entre outras coisas, atua oferecendo
orientações e informações a gestantes e mães com filhos com menos
de 6 anos em relação à saúde materna e infantil e à prevenção e o com-
bate à desnutrição e à mortalidade infantil. Em termos de preservação
e conservação de recursos naturais, citamos o Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia (Ipam), que tem como um de seus eixos estra-
tégicos de atuação o trabalho com famílias de baixa renda da Amazônia
para a produção familiar sustentável, gerando simultaneamente renda,
segurança alimentar e prevenção ao desmatamento.
NA PRÁTICA
Considerações finais
Conhecemos neste capítulo o que caracteriza cada um dos três se-
tores organizacionais da sociedade – primeiro (Estado), segundo (em-
presas) e terceiro (organizações da sociedade civil) – em termos de
finalidade (pública × privada) e recursos (públicos × privados). Embora
válida, essa classificação, nos últimos anos, tem sido desafiada, já que
têm surgido organizações de caráter híbrido, ou seja, que não se en-
quadram precisamente em nenhum dos setores. Essas organizações
Referências
BIODIVERSIDADE. Rio de Janeiro: Petrobras, 2018. Disponível em: <http://
www.petrobras.com.br/pt/sociedade-e-meio-ambiente/meio-ambiente/
biodiversidade/>. Acesso em: 1 maio 2018.
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out. 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.
htm>. Acesso em: 30 maio 2018.
UM NOVO Capitalismo. Direção: Henry Grazinoli. São Paulo: Talk Filmes e Dois
e Meio, 2017. DVD (75 minutos).
Conceito de
sustentabilidade –
evolução nas
políticas
29
1 Do ecodesenvolvimento à sustentabilidade
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Ao longo da história, o conceito sobre o que deve ser almejado en-
quanto sociedade evoluiu. Inicialmente, imaginava-se que a sociedade
deveria buscar o progresso como objetivo maior. Posteriormente, o
progresso deu lugar a uma ideia de busca do desenvolvimento, so-
bretudo em termos econômicos e materiais. Tempos mais tarde,
percebeu-se que somente buscar o desenvolvimento econômico era
uma ideia insuficiente. Assim, começaram a surgir questionamentos
sobre em que condições e para quem esse desenvolvimento deveria
ocorrer, abrindo uma perspectiva de um desenvolvimento com dife-
rentes faces, buscando-se um desenvolvimento sustentável. Vamos
compreender com mais detalhes essa evolução conceitual à luz de
alguns acontecimentos históricos.
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No filme de Al Gore Uma verdade inconveniente (2006), o ambientalis-
ta e ex-candidato à presidência dos EUA apresenta dados e gráficos a
respeito da evolução da concentração de gases de efeito estufa na at-
mosfera, demonstrando um exemplo do significativo impacto ambiental
causado por atividades antrópicas (isto é, relativas a atividades huma-
nas), sobretudo após a Revolução Industrial.
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catástrofe ambiental e social. Entre essas medidas, mencionavam, por
exemplo, a necessidade de se buscar uma condição de equilíbrio eco-
lógico e econômico, e de forma que cada pessoa possa ter condições
igualitárias de ter atendidas suas necessidades básicas (MEADOWS
et al., 1972).
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formada pela ONU em 1983, conhecida como Comissão Mundial so-
bre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela médica e então
Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland. Os trabalhos da
Comissão, também conhecida como Comissão Brundtland, foram pu-
blicados em 1987 no relatório Nosso futuro comum, ou simplesmente
Relatório Brundtland. Nesse relatório, foi cunhada a célebre definição de
desenvolvimento sustentável: “O desenvolvimento sustentável é aquele
que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibili-
dade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”
(CMMAD, 1991, p. 46).
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Evolução conceitual até
Marcos históricos o desenvolvimento sustentável
Surgimento do movimento
1962 Publicação do livro ambientalista e primeiros
Primavera silenciosa questionamentos sobre o
significado do desenvolvimento
Criação e estabelecimento do
1972 Conferência de Estocolmo e Relatório
conceito de desenvolvimento
Os limites do crescimento
sustentável
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zação excessiva e desordenada é prejudicial e está associada à pobre-
za crescente, e que o ecodesenvolvimento deve ser pensado tendo em
vista a realidade e as particularidades de cada região (MONTIBELLER
FILHO, 1993; OLIVEIRA; MONTEIRO, 2015). Com efeito, Sachs propõe
uma quinta dimensão: a espacial, ou geográfica.
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tentável”: natural, humano, social, manufaturado e financeiro.
NA PRÁTICA
em sua embalagem que o produto era ECO por ser “100% ecológico”,
quando, na verdade, ele seria apenas “biodegradável”. A empresa, dessa
forma, não poderia alegar, por exemplo, que o processo produtivo da
empresa seguia práticas sustentáveis. Uma associação de consumido-
res denunciou o caso para o Conselho Nacional de Autorregulamenta-
ção Publicitária (Conar), que confirmou que o anúncio era indevido e de-
terminou que deveria ser retificado. Posteriormente, a empresa acabou
alterando a embalagem, deixando apenas ECO.
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deve buscar para viver sustentavelmente dentro dos limites impostos
pela biosfera. O TNS estabelece que a sociedade deve atender a “qua-
tro condições sistêmicas” se quiser atingir o status de sustentável. São
condições sistêmicas, segundo Robèrt (2002):
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agora, único – país a adotá-lo em substituição ao PIB. Outros índices
citados por Veiga (2010) incluem o “investimento genuíno de cada país”
e o “índice de progresso genuíno”.
Considerações finais
Apresentamos, neste capítulo, a evolução histórica do conceito
de desenvolvimento, partindo do conceito de progresso, desenvolvi-
mento econômico e, finalmente, incorporando o conceito de susten-
tabilidade, que culminou no conceito de desenvolvimento sustentável.
Particularmente, analisamos com mais profundidade os principais
acontecimentos históricos a partir da década de 1960, que tiveram
implicações significativas na criação e na consolidação do desenvolvi-
mento sustentável.
Referências
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
(CMMAD). Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação
Getúlio Vargas, 1991.
MEADOWS, Dennis H. et al. The limits to growth: a report for the club of
rome’s project on the predicament of mankind. New York: New American
Library, 1972.
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tentável: conceitos e princípios. Textos em Economia, v. 4, n. 1, p. 131-142,
1993.
ROGERS, Peter P.; JALAL, Kazi F.; BOYD, John A. An introduction to sustainable
development. London: Earthscan, 2008.
Conceito de
sustentabilidade:
evolução nas
organizações
49
advento da articulação da sociedade civil organizada, que passou a
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questionar as ações das empresas, algumas grandes tragédias socio-
ambientais causadas pela atuação muitas vezes negligente delas e a
intensificação das ações do governo visando regulamentar a atuação
empresarial. Trata-se do estágio reativo, ou cumprimento da lei.
•• estágio de imobilidade;
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pouco ou nada intensivos em tecnologia, e que demandam baixa ou
nenhuma escolaridade dos empregados.
NA PRÁTICA
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determinado processo produtivo, componente do produto ou mesmo
do produto final. Com isso, as empresas pretendem mobilizar a opinião
pública e de governos a seu favor ao oferecer contraprovas de que não
há riscos ao ambiente ou à saúde humana, justificando a manutenção
desses processos, componentes e produtos.
NA PRÁTICA
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O foco das empresas no estágio proativo, ou estratégico, é encontrar
maneiras de alinhar ações socioambientais com ganhos econômicos.
Diz-se, então, que a sustentabilidade é estratégica para a empresa e
justifica também o porquê de ela adotar uma postura proativa: por ser
economicamente vantajoso para ela. Essa vantagem decorre tanto da
possibilidade de evitar potenciais riscos, como para que eventuais opor-
tunidades sejam aproveitadas.
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mentos para integrar aspectos de sustentabilidade nas suas ações.
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tais de enormes proporções. Primeiro, temos uma iniciativa da indústria
química chamada Responsible Care, ou cuidado responsável, lançado
no Canadá em 1985 e posteriormente adotado por empresas de outros
países. As empresas signatárias assumem voluntariamente diversas
responsabilidades relacionadas a saúde, meio ambiente e segurança.
Embora nem sempre as empresas reconheçam explicitamente essa
relação, fato é que esse compromisso foi lançado para responder a de-
sastres ambientais ocorridos que envolveram a indústria química e que,
consequentemente, trouxeram prejuízos à reputação das empresas
(KING; LENOX, 2000). Entre esses desastres, o mais importante foi o
episódio de vazamento de gás de uma fábrica de pesticida da empresa
Union Carbide, em Bhopal, na Índia, em 1984, em que milhares de pes-
soas morreram e tantas outras sofreram males de saúde decorrentes
dele, além de ter ocorrido uma grave contaminação do solo, do ar e da
água na região.
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bilidade entre as principais empresas do mundo. Em 1997, ocorreu a
publicação da primeira edição do livro Canibais com garfo e faca, de
John Elkington, que muito contribuiu para a disseminação do con-
ceito de sustentabilidade empresarial, e dos três pilares da sustenta-
bilidade no meio empresarial. No Brasil, temos iniciativas semelhan-
tes, como a criação, em 1997, do Conselho Empresarial Brasileiro de
Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), versão brasileira do WBCSD; e a
criação do Instituto Ethos em 1998.
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“negócio sustentável”.
NA PRÁTICA
1 O sistema B é uma iniciativa nascida nos EUA em 2006 e que atualmente congrega milhares de empresas
no mundo todo comprometidas a utilizar o mercado para ajudar a resolver problemas socioambientais. As
empresas que participam do movimento B são conhecidas como “empresas B”.
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sustentabilidade ao longo do tempo.
Considerações finais
Compreendemos, neste capítulo, que a inserção da sustentabilidade
no universo empresarial foi um processo gradativo, que se estendeu e
vem se estendendo por décadas. Nesse período, diferentes eventos que
envolvem aspectos como legislação, tragédias ambientais e influên
cias de importantes stakeholders contribuíram para que as empre-
sas avançassem em suas práticas e forma de enxergar a questão da
Referências
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ambiental: responsabilidade e sustentabilidade do negócio. São Paulo: Atlas,
2009.
BORGES, Luis Antônio Coimbra; REZENDE, José Luiz Pereira de; PEREIRA, José
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e Meio Ambiente, v. 2, n. 3, p. 447-466, 2009.
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e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 1998. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm>. Acesso em: 6 jun. 2018.
CRANE, Andrew et al. Contesting the value of “creating shared value”. California
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biente: contribuições da legislação ambiental. INTERthesis, v. 10, n. 2, p. 334-
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Conceito de
sustentabilidade
nas empresas
71
empresas na sustentabilidade empresarial. Por fim, analisaremos como
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as empresas se inserem e como podem contribuir para a mudança de
um sistema de produção e consumo linear predominante, para um sis-
tema circular em que a sustentabilidade seja a tônica.
(–) Impostos
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caso com as empresas.
NA PRÁTICA
Situação 3: Situação 4:
insustentável sustentável
socioambientalmente (seguindo o TBL)
Situação 1: Situação 2:
fracasso insustentável
total financeiramente
Desempenho socioambiental
Conceito de sustentabilidade nas empresas 75
2 Sustentabilidade empresarial
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Na concepção de Elkington, utilizando-se do conceito do TBL, sus-
tentabilidade “é o princípio de assegurar que nossas ações atuais não
limitem o conjunto de opções econômicas, sociais e ambientais de ge-
rações futuras” (ELKINGTON, 1997, p. 20, tradução nossa).
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as empresas, como os bancos, criaram um conjunto de regras para fi-
nanciar projetos levando-se em conta aspectos socioambientais. São
os chamados “Princípios do Equador”, criados em 2002 por iniciativa de
alguns dos maiores bancos do mundo. As empresas que desejam obter
recursos financeiros dessas instituições devem atender em seus proje-
tos aspectos como avaliação dos impactos socioambientais, respeito
aos direitos humanos, gestão do risco socioambiental, entre outros.
IMPORTANTE
1 O GRI é uma organização pioneira global criada em 1997 que estabelece diretrizes para uma comunicação
efetiva das iniciativas de sustentabilidade feitas pela empresa, abrangendo o TBL.
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Extração Produção Distribuição Consumo Descarte
As empresas, por sua vez, não somente estão envolvidas como são,
em grande parte, as principais responsáveis por moverem a engrena-
gem desses sistemas. Portanto, cabe a elas uma participação ativa e
determinante na busca por uma maior sustentabilidade desses siste-
mas. Idealmente, a alternativa seria um fluxo circular entre os sistemas,
como ilustrado na figura 3.
Reaproveitamento Extração
Consumo Produção
Distribuição
2 Os autores referem-se a uma analogia para explicar o conceito. O “berço” refere-se ao “nascimento”, isto
é, o processo de fabricação/criação do produto. O “túmulo”, por outro lado, refere-se à “morte”, isto é, o
descarte do produto após o consumo.
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são renováveis. Pelo menos não numa escala minimamente compatível
com a existência humana: eles levaram milhões de anos para se for-
mar a partir de complexos processos físicos inorgânicos, como calor e
pressão. Como descreve Leonard (2011), os processos de mineração
são dos mais danosos também, envolvendo, muitas vezes, a remoção
de montanhas, resultando em pilhas enormes de dejetos do tamanho
de arranha-céus e gerando a contaminação de solos e mananciais. Do
ponto de vista social, os trabalhadores são expostos a toxinas e sofrem
frequentemente acidentes relacionados a explosões, deslizamentos e
manuseio de equipamentos pesados.
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estão empregando alternativas mais sustentáveis ao cloro, que in-
cluem a utilização de oxigênio e ozônio, para obter o mesmo efeito de
branqueamento.
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cada vez mais informais, já que seria chamado apenas quando houves-
se demanda para produção nas fábricas.
3 Segundo cálculos do WWF (2013), com metodologia criada pela Global Footprint Network, atualmente, a
humanidade precisa de 1,5 planeta para manter seu estilo de vida atual.
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recer aos consumidores a opção de devolverem os produtos a ela, para
que dê a destinação adequada a ele. Isso é relevante sobretudo quando
se trata de produtos mais complexos.
PARA PENSAR
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Existe um número cada vez maior de empresas que estão ganhando di-
nheiro com a destinação certa ou o reaproveitamento de resíduos. Ape-
nas para citar dois exemplos, temos a empresa B2Blue, que tem uma
plataforma para conectar empresas que geram resíduos que podem ser
utilizados por outras empresas. De acordo com Pereira (2016), esse pro-
cesso se insere dentro da chamada Ecologia Industrial, em um processo
de comensalismo industrial.
Considerações finais
Neste capítulo, compreendemos que a sustentabilidade empresarial
pode ser caracterizada pela busca equilibrada de três resultados, o cha-
mado triple bottom line (TBL), ou tripé da sustentabilidade: o social, o
ambiental e o econômico. Assim, as empresas devem sempre dar prefe-
rência às chamadas situações de “ganha-ganha”, em que os três pilares
da sustentabilidade sejam contemplados.
Referências
ABRAMOVAY, Ricardo. Muito além da economia verde. São Paulo: Editora Abril,
2012.
ELKINGTON, John. Cannibals with forks: the triple bottom line of 21st century.
Oxford: Capstone, 1997.
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com tudo o que consumimos. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
WORLD WIDE FUND FOR NATURE (WWF). Pegada ecológica: nosso estilo
de vida deixa marcas no Planeta. Cartilha Brasil. Brasília: WWF-Brasil, 2013.
Disponível em: <https://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/cartilha_
pegada_ecologica.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2018.
Novas ferramentas
e modelos: atuação
responsável
93
1 Contexto de surgimento (programas de
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atuação responsável, ou Responsible Care)
Por décadas, apenas seguir as leis era suficiente para a empresa ser
considerada responsável em termos de sua atuação em relação à te-
mática socioambiental. Contudo, na década de 1980, após passarem
a ser questionadas frequentemente sobre sua conduta por diversos
stakeholders, como governos, ONGs, instituições de pesquisa, consumi-
dores, empregados, entre outros, muitas empresas passaram a adotar
normas que visam regular o comportamento coletivo em direção a uma
atuação responsável (HOWARD; NASH; EHRENFELD, 2000). Segundo
Orsato (2012), isto marca uma mudança na conduta das empresas de
uma posição reativa e defensiva, para uma posição mais proativa. Essa
atuação materializa-se no desenvolvimento das chamadas iniciativas
socioambientais voluntárias por parte das empresas, conhecida tam-
bém como sendo uma forma de “regulação privada”, sobretudo por en-
volverem uma coletividade de empresas (PRAKASH, 2000).
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mento para protegê-los.
Desta forma, além de um clamor por uma atuação mais proativa das
empresas quanto à preservação do meio ambiente, que diz respeito à
sociedade como um todo, ocorreu em paralelo também a busca pela
saúde e segurança de públicos mais próximos e mais diretamente afeta-
dos pelas operações das empresas: os empregados e a comunidade no
entorno das instalações das empresas (HOWARD; NASH; EHRENFELD,
2000). No Brasil, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim)
lançou o programa Atuação Responsável em 1992, desenvolvido com
base no modelo americano.
2 Conceitos e práticas
Na esteira do desenvolvimento de programas de atuação responsá-
vel, destacam-se particularmente as iniciativas ambientais voluntárias
coletivas, que consistem em normas de conduta construídas conjun-
tamente e assumidas por diferentes empresas, geralmente das mes-
mas indústrias – por entidades setoriais, como o caso da Atuação
Responsável, coordenado pela Abiquim. Essas iniciativas ocorreram
e ainda ocorrem em grande parte para lidar com as críticas sofridas
após episódios considerados de má conduta ou negligência em relação
a aspectos socioambientais, seja por empresas específicas de deter-
minada indústria, seja pela indústria como um todo (BARNETT; KING,
2008), como abordamos no caso do Responsible Care. Diferentemente
da legislação convencional, elas se caracterizam por não implicarem
penalização para as empresas em caso de não realização das práticas
com as quais se comprometeram. Por isso, podem ser consideradas
uma forma de “regulação suave” (ORSATO, 2012).
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atuação responsável até mesmo como forma de evitar que os governos
tomem a iniciativa de impor regulações mais restritivas. Orsato (2012)
menciona o exemplo da criação do Conselho Empresarial Mundial para
o Desenvolvimento Econômico (WBCSD – World Business Council For
Sustainable Development), uma das primeiras iniciativas voluntárias
empresariais que envolvem empresas de diferentes indústrias, surgida,
entre outros motivos, como resposta à ameaça de regulações mais exi-
gentes por parte dos governos que haviam participado recentemente
da Eco-92 (ou Rio 92). Isso evidencia outra característica desse tipo de
iniciativa, notadamente o fato de não terem um controle centralizado,
mas, sim, terem seu conjunto de regras estabelecido por uma coletivi-
dade de atores.
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define padrões para o levantamento e o relato das emissões de gases
de efeito estufa. Sua criação e gestão é feita pelo Instituto de Recursos
Mundiais (WRI – World Resource Institute), contando com a colaboração
de ONGs, empresas, governos, associações de empresas, universidades,
entre outros stakeholders relevantes. No Brasil, a versão nacional é coor-
denada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (CES) da Fundação
Getúlio Vargas (FGV).
1 Segundo Bersch (2017), tecnologia assistiva é um termo ainda novo utilizado para identificar todo o arsenal
de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com
deficiência e consequentemente promover vida independente e inclusão (BERSCH, 2017, p. 2).
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No Brasil, Chaib (2005) traça um breve histórico das normas de saú-
de e segurança do trabalho. Essa preocupação começou a ocorrer a
partir da década de 1970, quando ocorreram as primeiras pesquisas
sobre saúde e segurança ocupacional sob a coordenação de órgãos
ligados ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)2 criados especifica-
mente para esse fim, notadamente, a Fundacentro.3 Houve também a
publicação das primeiras legislações, portarias e regulamentações rela-
tivas à temática que contribuíram para melhores condições de trabalho.
O foco ainda era mais na fiscalização dos acidentes ocorridos do que na
prevenção de ocorrências.
Nas décadas de 1980 e 1990, Chaib (2005) relata que ocorreu uma
significativa evolução em termos de práticas e normas, sobretudo com
o advento do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)
(norma regulamentadora no 9), que visa reconhecer, antecipar, avaliar
e controlar potenciais riscos no ambiente de trabalho; e com o advento
do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (nor-
ma regulamentadora no 7), que visa promover e preservar a saúde dos
trabalhadores. Outro importante fato também foi a criação da chamada
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) (norma regulamen-
tadora no 5), que visa alçar aos trabalhadores a corresponsabilidade por
conscientizar e promover um ambiente de trabalho com menores riscos
e mais saúde. De fato, como argumenta Ponte Júnior (2014), originou-
-se o termo saúde, meio ambiente e segurança (SMS) ou, em alguns ca-
sos, adicionando-se o “Q” de qualidade, o termo QSMS. Nesse sentido,
como destacam Howard, Nash e Ehrenfeld (2000), o Responsible Care
2 A partir de 2019, após a eleição presidencial de Jair Bolsonaro, o MTE foi extinto, ficando suas atribuições
a cargo da Secretaria de Trabalho, criada pelo governo federal e vinculada ao Ministério da Economia.
3 Presente em todo o Brasil, a Fundacentro foi criada em 1966 para ser um órgão governamental focado
exclusivamente na temática de saúde e segurança ocupacional. Ele está alinhado com as recomendações
propostas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
IMPORTANTE
• poeiras;
• gases;
• ruídos;
• vibrações;
• temperaturas extremas.
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des envolvidas nessa nova abordagem, a engenharia passa a ser acom-
panhada por outras especialidades diversas, como saúde, tecnologia,
comportamento humano, biologia e meio ambiente. Algumas dessas
preocupações multidisciplinares mencionadas por Ponte Júnior (2014)
incluem:
•• erros humanos;
3.2 A OHSAS
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pamentos, materiais ou instalações; instituir controles de enge-
nharia; desenvolver sinalização/advertência e/ou controles admi-
nistrativos; fornecer equipamentos de proteção individual (EPIs)
aos empregados.
IMPORTANTE
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riscos, seguindo a tendência apontada por Pontes Júnior (2014).
Considerações finais
Neste capítulo, estudamos iniciativas socioambientais voluntárias
desenvolvidas pelas empresas, práticas que começaram a expressar
a busca por atitudes mais proativas em termos de cuidados com o
meio ambiente, a saúde e a segurança. Especificamente, abordamos
o Responsible Care, desenvolvido pela indústria química na década de
1980, que, por ser uma das precursoras, influenciou o desenvolvimento
de iniciativas surgidas posteriormente.
Referências
BARNETT, Michael L.; KING, Andrew A. Good fences make good neighbors: a
longitudinal analysis of an industry self-regulatory institution. Academy of
Management Journal, v. 51, n. 6, p. 1150-1170, 2008.
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
lho: requisitos. 2007. Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bitstream/
10400.26/7319/2/Anexo%20I%20OHSAS180012007_pt.pdf>. Acesso em: 28 jun.
2018.
Novas ferramentas
e modelos:
ecoeficiência –
Parte 1
111
Neste capítulo, conheceremos os principais conceitos, estruturas e
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práticas empresarias relativos à ecoeficiência, com enfoque na con-
servação de recursos naturais, partindo da exploração do seu históri-
co de surgimento.
1 Contexto de surgimento
Na esteira das discussões sobre desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade, sobretudo com base em debates sobre os limites do
crescimento, a questão da limitação da quantidade e da disponibilidade
dos recursos naturais para sustentar uma população crescente e com
um padrão de consumo e renda também crescentes tornou-se patente.
Nesse contexto, como estamos em um planeta finito e com recursos
exauríveis, para conseguir atender esse grande aumento de demanda
por recursos naturais, soluções que proponham uma maior produção,
com consumo igual ou menor de recursos, estão se tornando cada vez
mais relevantes.
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que a Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico
(OCDE) define ecoeficiência como “a eficiência com que recursos ecoló-
gicos são usados para satisfazer necessidades humanas” (LEHNI, 2000,
p. 9, tradução nossa); e a Agência Ambiental Europeia, por sua vez, rela-
ciona ecoeficiência com “a geração de mais bem-estar com menos uso
de recursos naturais” (LEHNI, 2000, p. 9, tradução nossa). Essas defini-
ções mostram, conforme sugere Heijungs (2007), que o conceito pode
ser usado ora como ferramenta a ser empregada, ora como objetivo a
ser alcançado ou, ainda, como indicador para mensuração.
PARA PENSAR
Para além dos ganhos ambientais, Côté, Booth e Louis (2006) men-
cionam potenciais direcionadores que impulsionaram as empresas a
adotar práticas e princípios de ecoeficiência. Os direcionadores internos
são:
•• redução de custo;
•• inovação;
•• competitividade;
•• regulação governamental;
•• riscos ao negócio.
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Nas organizações, a mensuração da ecoeficiência geralmente ocor-
re de acordo com o tipo de recurso considerado, seja água, carbono,
energia elétrica ou quaisquer outros recursos naturais utilizados no
processo produtivo ou que compõem os produtos produzidos e/ou são
utilizados nos serviços prestados.
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na sua casa para atividades como tomar banho e lavar roupas. No caso
das empresas, a pegada hídrica direta diz respeito apenas ao consumo
de água relativo às operações mantidas pela empresa. Não considera,
portanto, o volume de água demandado para a produção de matérias-
-primas por parte dos fornecedores, que entra no cálculo da pegada hí-
drica indireta.
IMPORTANTE
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recursos naturais
Hitchcock e Willard (2008) consideram a ecoeficiência um dos pri-
meiros passos da empresa em direção à sustentabilidade após o cum-
primento (obrigatório) da legislação, uma vez que tende a gerar ganhos
econômicos ao reduzir o consumo de recursos naturais. Outro aspecto
relevante é que todas as empresas, independentemente do porte – pe-
queno, médio ou grande –, podem investir em programas de ecoeficiên-
cia (LEHNI, 2000).
PILAR EXPLICAÇÃO
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vender produtos (ORSATO, 2012).
NA PRÁTICA
gratuitamente faz com que a família não tenha gasto ou tenha gasto
bem menor com a conta de energia do que se consumisse a totalidade
da energia oriunda da distribuidora de energia elétrica. Com o passar do
tempo, o valor economizado compensaria o investimento inicial.
Considerações finais
Neste capítulo, estudamos as origens, a evolução e o significado do
conceito de ecoeficiência e sua aplicação desde seu surgimento, no iní-
cio da década de 1990, como resposta à necessidade de se adaptar à
limitação dos recursos naturais e como forma de gerar ganhos econô-
micos para as empresas.
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CÔTÉ, Raymond; BOOTH, Aaron; LOUIS, Bertha. Eco-efficiency and SMEs in Nova
Scotia, Canada. Journal of Cleaner Production, v. 14, n. 6, p. 542-550, 2006.
HOEKSTRA, Arjen Y et al. The Water Footprint assessment manual: setting the
global standard. London: Earthscan, 2011.
Novas ferramentas
e modelos:
ecoeficiência –
Parte 2
127
Neste capítulo, nosso foco será entender a questão dos limites pla-
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netários, que se coloca como uma questão urgente para o presente e o
futuro da humanidade, e a questão das limitações crescentes do aces-
so aos recursos naturais e suas consequências para as empresas. Além
disso, exploraremos de que modo programas de ecoeficiência, sobretu-
do no que diz respeito à coleta, ao reaproveitamento dos resíduos e a
um eventual descarte adequado de resíduos, podem atuar como impor-
tantes ferramentas tanto para a competitividade das empresas quanto
para manter a sustentabilidade planetária.
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em uma nova era geológica, não mais o Holoceno (iniciada por volta do
século XII a.C.), mas o Antropoceno. Esse período inclui sensíveis alte-
rações, como o crescimento de mais de 10 vezes a população mundial,
a ampla ocupação da superfície terrestre para uso de atividades huma-
nas, o uso maciço de recursos naturais como a água, o aumento da
concentração de gases de efeito estufa, para mencionar apenas alguns
aspectos que geram impactos profundos na natureza.
Poluição química
Nesse sentido, a Carbon Trust (2014) cita pelo menos quatro desa-
fios fundamentais que as empresas enfrentam atualmente:
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enfrentar uma interrupção no suprimento de recursos fundamen-
tais para suas operações e produtos em uma situação em que
materiais, água ou mesmo terras disponíveis se tornem escas-
sos em determinada região. Recursos tão básicos como a água
podem se mostrar fundamentais somente no momento em que
faltarem. Diversas pousadas, hotéis, restaurantes e marinas lo-
calizadas à beira de represas do sistema Cantareira enfrentaram
uma grave crise e até mesmo falência em razão da escassez de
água gerada pela crise hídrica que se abateu sobre o estado de
São Paulo entre 2014 e 2016, segundo reportagem da revista Veja
(HOTÉIS..., 2014).
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cesso de aproveitamento material e ao mesmo tempo mostram a rele-
vância do volume de resíduos gerados e, por outro lado, ressaltam que
existe muito espaço para as empresas implementarem e aprimorarem
seus programas de ecoeficiência.
(cont.)
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PNRS, a reutilização ou o reúso, por outro lado, envolve o aproveitamen-
to do resíduo sem que seja necessário alterar suas propriedades físicas,
físico-químicas ou biológicas.
Seja por terem uma visão integrada de sua cadeia produtiva estendi-
da, seja por exigências de legislações mais restritivas, algumas empre-
sas estão assumindo a frente de iniciativas que vão além de seu escopo
direto de atuação, de forma a conseguir obter maior ecoeficiência no
uso e no descarte do produto.
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consumidores que entregassem suas geladeiras e aparelhos de ar con-
dicionado antigos em lojas conveniadas receberiam 50% de desconto
na compra de novos eletrodomésticos.
1 A PNRS (BRASIL, 2010) define logística reversa como “instrumento de desenvolvimento econômico e
social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e
a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.
do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei. (BRASIL, 2010)
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HP, em um processo de fechamento de ciclo da cadeia, ou fluxo circular
(AMCHAM, 2016; SINCTRONICS, 2016).
Considerações finais
Neste capítulo, abordamos a questão dos limites planetários, esforço
relativamente recente que tem tentado quantificar objetivamente em que
medida a humanidade está atuando dentro das possibilidades dos prin-
cipais sistemas e ecossistemas de suporte à vida de se manterem fun-
cionando adequadamente. Compreendemos que, dos nove limites pla-
netários, a humanidade já ultrapassou três deles, inclusive dos dois mais
importantes: as mudanças climáticas e a integridade da biodiversidade.
Referências
ABRAMOVAY, Ricardo. Muito além da economia verde. São Paulo: Abril, 2012.
GOLEV, Artem et al. Rare earths supply chains: Current status, constraints and
opportunities. Resources Policy, v. 41, p. 52-59, 2014.
HOTÉIS do interior perdem clientes com crise hídrica. Veja, 10 nov. 2014.
Disponível em: <https://veja.abril.com.br/politica/hoteis-do-interior-perdem-
-clientes-com-crise-hidrica/>. Acesso em: 1 ago. 2018.
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petrobras.com.br/pt/quem-somos/estrategia/>. Acesso em: 20 ago. 2018.
ROCKSTRÖM, J.; KLUM, Mattias; MILLER, Peter. Big world, small planet.
London: Yale University Press, 2015.
SANTANA, Vitor. Celg lança projeto para troca de eletrodomésticos com 50%
de desconto, em Goiás. Portal G1. 29 set. 2017. Disponível em: <https://g1.
globo.com/goias/noticia/celg-lanca-projeto-para-troca-de-eletrodomesticos-
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VIDAL, John. How developing countries are paying a high price for the global
mineral boom. The Guardian, 15 ago. 2015. Disponível em: <https://www.
theguardian.com/global-development/2015/aug/15/developing-countries-
high-price-global-mineral-boom>. Acesso em: 2 ago. 2018.
WILLARD, Bob. Como fazer a empresa lucrar com sustentabilidade. São Paulo:
Saraiva, 2014.
Novas ferramentas
e modelos: sistemas
de gestão ambiental
143
1 Visão histórica dos sistemas de
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certificação (da qualidade à ambiental)
A década de 1980 assistiu à intensificação de um apelo por práti-
cas empresariais que levassem em conta o meio ambiente, movimen-
to iniciado a partir da década de 1960. Com efeito, nos anos 1980,
ocorreram desastres ambientais de grande magnitude, o surgimento
de legislações mais restritivas, a intensificação das pressões de vários
grupos de stakeholders, – investidores, governo, ONGs e consumido-
res –, e a adoção de uma série de iniciativas ambientais voluntárias
por parte das empresas, como o Responsible Care (atuação responsá-
vel) (ANDREWS et al., 2001), abordado anteriormente.
1 O termo gestão da qualidade total (GQT) foi cunhado em 1969 por especialistas em qualidade japoneses e
começou a ser implementado amplamente por empresas japonesas na década de 1970 e, posteriormente,
por empresas norte-americanas e de outros países, principalmente a partir da década de 1980 (QMS, 2018).
2 A melhoria contínua é baseada no ciclo conhecido como PDCA (plan, do, check e act), que envolve o
engajamento da organização em um fluxo contínuo entre as atividades de planejamento (P), execução (D),
avaliação do desempenho (C) e ação (A) para a melhoria (RIBEIRO NETO et al., 2017).
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cia no desenvolvimento futuro da ISO. Enquanto o Japão se recons-
truía após a Segunda Guerra Mundial, especialistas norte-americanos
de qualidade estiveram no país: Juran e Deming. Durante esse período,
houve um intercâmbio muito grande entre os dois principais sistemas de
qualidade, o japonês e o norte-americano. Deming, por exemplo, levou
aspectos de controle da qualidade e aspectos estatísticos da qualidade
ao modelo japonês e nesse acabou aprendendo a importância do en-
volvimento dos trabalhadores. No modelo japonês, inspirado fortemen-
te nas ideias de Taichi Ono, da empresa Toyota, destaca-se também: a
produção enxuta em que se procurava reduzir ao máximo o desperdício;
o conceito de melhoria contínua (chamado de kaizen), defendido pelo
teórico Masaaki Imai; os famosos círculos de controle de qualidade de
Ishikawa, em que os trabalhadores se reuniam voluntária e periodica-
mente para debater questões relativas à qualidade na empresa.
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Segundo Barbieri (2011), um sistema de gestão ambiental (SGA)3
serve para promover uma gestão integrada, contínua e sistemática das
ações ambientais da empresa, atuando para sanar problemas atuais e
evitar que venham a ocorrer problemas futuros. É diferente, portanto, de
uma abordagem em que a empresa executa uma série de ações pon-
tuais e isoladas para resolver problemas episódicos. Por meio de dire-
trizes formuladas, objetivos definidos, atividades coordenadas e cujos
resultados são avaliados, um SGA coordena os esforços da empresa
em relação às ações ambientais. Esse esforço coordenado tem como
objetivo envolver efetivamente todos na empresa – não somente pes
soas do departamento ou área responsável pelo meio ambiente, inte-
grar as questões ambientais às demais questões da empresa e, em
última medida, alcançar melhores resultados com menos recursos.
IMPORTANTE
3 Segundo Morin (2005, p. 131), um sistema é “uma interrelação de elementos constituindo uma entidade
ou uma unidade global”. Um exemplo clássico de sistema é o corpo humano, constituído por diversos
elementos, que, por sua vez, são sistemas (por exemplo, os sistemas respiratório, digestório e circulatório).
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14001 – NBR versões 2004 e 2015
A ISO 14001 não foi a primeira norma de SGA a ser criada, conforme
explica Whitelaw (2004). Sua origem remonta à criação, em 1992, da
norma BS 7750 pela British Standard Institution (BSI). Ocorre que, após
a criação da BS 7750, diversas organizações que cuidam da normaliza-
ção em diferentes países4 criaram suas próprias normas – outra bas-
tante conhecida que continua em vigor e foi criada em 1993 é a euro-
peia Eco-Management and Audit Scheme (Emas). Isso poderia, na visão
da ISO, criar obstáculos para o comércio internacional. Antecipando-se
a esse problema, a organização já vinha discutindo, desde 1991, a partir
do estabelecimento de um grupo de assessoria sobre o meio ambiente
e, em 1992, de um comitê, com membros de diversos países, para a
elaboração de um padrão internacional de normas destinadas aos sis-
temas de gestão ambiental. Em 1996, após a publicação da primeira
versão da ISO 14001, a BSI cancelou a norma BS 7750 de forma a con-
tribuir para a adoção de um único padrão.
NA PRÁTICA
4 No Brasil, por exemplo, quem faz isso é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Por essa razão,
a tradução e homologação da versão brasileira da ISO 14001 é denominada como ABNT NBR ISO 14001.
mas da ISO são revisados entre três e cinco anos. No caso da ISO
14001, além da versão originalmente publicada em 1996/1997, temos
a versão consolidada de 2004 e a versão mais atualizada, de setembro
2015. O período de transição entre as versões de 2004 e 2015 para as
empresas e os usuários é de três anos, tendo acabado, portanto, em
setembro de 2018.
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seu SGA os processos próprios terceirizados para outras empre-
sas. Isso significa que, quando parte das operações da empresa
é executada por outras empresas, isso não a isenta da responsa-
bilidade por eventuais impactos ambientais gerados.
A ISO 14001 faz parte da chamada família ISO 14000, porque, embora
a ISO 14001 seja a mais famosa, existem diversas outras normas rela-
cionadas à gestão ambiental. Podemos citar, por exemplo, a 14020, que
aborda a questão da rotulagem ambiental, e a ISO 14040, que discorre
sobre avaliação de ciclo de vida.
CLÁUSULAS SUBCLÁUSULAS
(ESTRUTURA DE ALTO NÍVEL) (ESPECÍFICAS APENAS À ISO 14001)
Cláusula 1: Escopo
Estabelece os resultados que a organização deseja
obter com o sistema de gestão, resultados estes que Não há
devem ser alinhados com o contexto da organização
(cláusula 4).
Cláusula 5: Liderança
5.1 Liderança e comprometimento
Aponta que a alta liderança deve ter responsabilidade
5.2 Política
e participação no sistema de gestão da organização,
5.3 Papéis organizacionais, responsabilidades e
inclusive para ressaltar a importância para toda a
autoridades
organização.
(cont.)
Cláusula 6: Planejamento
Representa os planos da organização para aproveitar 6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades
as oportunidades e mitigar os riscos identificados 6.2 Objetivos do sistema de gestão e planejamento
na cláusula 4. O foco é ser mais proativo em vez de para alcançá-los
preventivo.
7.1 Recursos
Cláusula 7: Suporte
7.2 Competência
Consiste no suporte necessário para cumprir o
7.3 Conscientização
planejamento da organização e, assim, alcançar seus
7.4 Comunicação
objetivos.
7.5 Informações documentadas
Cláusula 8: Operação
Representa a maneira como a organização executará
o planejamento para alcançar seus objetivos, 8.1 Planejamento e controle operacional
incluindo a maneira de gerir e controlar as mudanças
planejadas e também as não intencionais
Referências
AMATO NETO, João. A era do ecobusiness: criando negócios sustentáveis.
Barueri: Manole, 2015.
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ISO 14001:2015: seize the opportunity and make efficiencies. 2015a. Disponível
em: <https://www.bsigroup.com/LocalFiles/en-GB/entropy/Integrating%209-
14%20Whitepaper--Feb-2016.pdf >. Acesso em: 14 ago. 2018.
______. Apresentando o anexo SL: a nova estrutura de alto nível para todas
as normas de sistemas de gestão do futuro. 2015b. Disponível em: <http://
www.bsigroup.com/LocalFiles/pt-BR/Entendendo%20o%20Anexo%20SL.pdf>.
Acesso em: 14 ago. 2018.
______. ISO 14001: 2015: your implementation guide. 2016. Disponível em:
<https://www.bsigroup.com/Documents/iso-14001/resources/ISO-14001-
implementation-guide-2016.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2018.
Novas ferramentas
e modelos:
Produção Mais
Limpa (P+L)
159
1 Da abordagem reativa (fim de tubo) à
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abordagem preventiva (P+L)
Os sistemas industriais, historicamente, adotavam uma abordagem
reativa, ou seja, respondiam às questões ambientais somente quando
e se elas surgissem. Segundo essa concepção, não havia problema em
gerar resíduos, efluentes e emissões, desde que suas consequências
fossem tratadas: instala-se um filtro para evitar que a poluição escape
pelas chaminés, reduzir sua emissão ou procura-se o que fazer com
os resíduos gerados e dar destinação a eles. Essa abordagem, por ter
uma natureza reativa e cujas soluções são pensadas após as conse-
quências serem observadas, ficou conhecida como “fim de tubo” (ou
end-of-pipe, em inglês) (AMATO NETO, 2015) e foi predominante entre
as décadas de 1970 e 1980 (UNIDO, 2002).
NA PRÁTICA
Barbieri (2011) ressalta que algumas soluções fim de tubo podem re-
solver o problema dos resíduos industriais apenas temporariamente ou
parcialmente. O autor menciona alguns exemplos, entre eles, o de pro-
cessos de incineração de resíduos industriais sólidos perigosos, que,
em geral, geram gases e cinzas que precisam, mais uma vez, ser objeto
de atenção para que seja dada uma adequada destinação.
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de maneira bastante coloquial: enquanto a abordagem de controle da
poluição consiste em tratar o problema com a mentalidade “depois trato
disso”, a abordagem de prevenção apresenta a mentalidade “é melhor
prevenir do que remediar”. O quadro 1 sintetiza as diferenças entre as
duas abordagens.
ABORDAGENS
CARACTERÍSTICA
CONTROLE DA POLUIÇÃO
PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO (P+L)
(FIM DE TUBO)
Cumprimento da legislação
Preocupação
e atendimento das pressões Uso eficiente dos insumos
básica
dos stakeholders
Corretivas e preventivas
Corretivas Conservação e substituição de insumos
Uso de tecnologias de Substituição de tecnologias, mudanças
Ações típicas
remediação e de controle ao fim de processo
do processo (“fim do tubo”) Qualificação e envolvimento de
funcionários de diversas áreas
IMPORTANTE
O termo Produção Mais Limpa (P+L) foi criado em 1989 pelo Pro-
grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), por meio
da sua divisão de Tecnologia, Indústria e Economia, e também pela
Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, a
Unido (ROBÈRT et al., 2002; GLAVIC; LUKMAN, 2007). As origens do ter-
mo remontam a propostas feitas desde a Conferência de Estocolmo de
1972, sobretudo quanto ao conceito de “tecnologias limpas”, ou seja,
tecnologias que possibilitem a redução da poluição e a economia de
recursos.
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processo, equipamento, layout, etc.)
As estratégias de P+L podem englobar diversas estratégias de ges-
tão ambiental, incluindo o aumento da produtividade de materiais e da
eficiência energética, melhoria da gestão do fluxo de materiais, aborda-
gens de proteção ambiental preventiva, uso sustentável do capital natu-
ral e cumprimento da lei (GLAVIC; LUKMAN, 2007).
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da empresa. Os processos de reciclagem interna incluem a reutilização
de matérias-primas para o propósito em que foram originalmente utili-
zadas (por exemplo, na confecção do mesmo produto) ou para um pro-
pósito diferente do original (por exemplo, na confecção de outras linhas
de produtos) ou ainda para um propósito inferior ao propósito original
(utilização de sobras de matérias-primas para o preenchimento de em-
balagens dos produtos) (CNTL, 2003).
NA PRÁTICA
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de P+L (competências, treinamento)
A Unido (2002) pondera que a P+L é mais do que apenas uma ferra-
menta ou a mera adoção de tecnologias mais limpas. Ela consiste em
uma filosofia ou uma forma de pensamento e, como tal, precisa ser dis-
seminada para as pessoas. Stone (2000), no entanto, chama a atenção
para o fato de que essa constatação ficou relegada a um segundo plano
durante muito tempo por especialistas, que preferiam ressaltar o papel
de aspectos relacionados a materiais, tecnologias e modificações nos
processos e produtos. Sem a dimensão humana e o envolvimento dos
funcionários, pondera o autor, as chances de sucesso de programas de
P+L ficam reduzidas.
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Parte do grande esforço para a disseminação do conceito de P+L no
começo da década de 1990, destaca-se também na criação do perió-
dico acadêmico denonimado Journal of Cleaner Production (ou Revista
de Produção Mais Limpa) em 1993. A publicação concentra até hoje
muitas das informações e conhecimentos mais relevantes produzidos
sobre a temática.
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por qualquer tipo de empresa, de pequeno a grande porte, ou de diferen-
tes indústrias. Como vimos na descrição dos três níveis de atuação, as
práticas de P+L têm um escopo bastante amplo, o que faz também com
que haja diferentes níveis de complexidade e refinamento. Assim, a de-
pender da prática a ser implementada, haverá requerimentos diferentes
em termos de recursos necessários – tecnológicos, técnicos, financei-
ros, organizacionais e de pessoal.
Por essa razão, Barbieri (2011) sugere que as empresas iniciem seus
programas de P+L com práticas que não exijam investimentos eleva-
dos e que tenham potencial de reduzir um volume maior de resíduos.
Algumas delas, pondera o autor, são de baixo custo e podem ser feitas
com relativa facilidade. É o caso das boas práticas operacionais, como
organização do local de trabalho, limpeza e arrumação sistemática, revi-
são do layout da fábrica, manutenção preventiva, entre outras. Para ou-
tras práticas (como o investimento em novas tecnologias e equipamen-
tos), que frequentemente exigem um montante significativo de recursos
e cujo retorno tende a ocorrer em um prazo maior, o autor ressalta que é
fundamental o apoio do governo por meio de políticas públicas e fontes
de financiamento facilitadas.
NA PRÁTICA
Considerações finais
Neste capítulo, estudamos o conceito de Produção Mais Limpa
(P+L). Entendemos como ele se fundamenta em uma nova abordagem,
de prevenção da poluição, surgida em oposição à abordagem de con-
trole, e quais os conceitos e as aplicações que compõem um programa
de P+L. Ressaltamos também que o conceito não tem uma orientação
somente técnica, focando apenas na adoção de tecnologias ou proces-
sos produtivos mais limpos, mas consiste em uma mudança em vários
aspectos da empresa, podendo envolver mudanças no design do produ-
to, passando pelo envolvimento amplo dos funcionários e o suporte do
sistema de gestão ambiental da empresa, até o envolvimento de outros
parceiros externos para contribuir com a destinação dos resíduos re-
manescentes que a empresa não conseguir eventualmente eliminar ou
reaproveitar e reusar internamente.
Referências
AMATO NETO, João. A era do ecobusiness: criando negócios sustentáveis.
Barueri: Manole, 2015.
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
programas de Produção Mais Limpa. Porto Alegre: CNTL, 2003.
STONE, Lesley. When case studies are not enough: the influence of corporate
culture and employee attitudes on the success of cleaner production initiatives.
Journal of Cleaner Production, v. 8, p. 353-359, 2000.
Novas ferramentas
e modelos: análise
de ciclo de vida
175
1 Contexto de surgimento e conceitos
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As primeiras abordagens de análise do ciclo de vida (ACV)1 do pro-
duto surgiram no fim da década de 1960, quando se começou a ma-
nifestar de maneira mais sistemática a preocupação com a poluição
ambiental e com a escassez de material e energia. Iniciado nos EUA,
ganhou posteriormente maior corpo no norte da Europa com base em
esforços conjuntos de universidades e empresas. Naquele momento,
o foco era encontrar uma forma de contabilizar a energia e o uso de
recursos (como petróleo, aço, etc.), as emissões e os resíduos gerados
de cada processo industrial. Não por acaso, os primeiros métodos eram
denominados “análise do perfil ambiental e de recursos” ou “ecobalan-
ços”, nomes pelos quais ficaram assim conhecidos até a década de
1990, quando o termo passou a ser substituído pelo ACV (BJORN et al.,
2018a; KLÖPFER; GRAHL, 2014).
1 Também frequentemente mencionada como LCA, do inglês Life Cycle Analysis ou Life Cycle Assessment.
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
lançada uma norma específica sobre a estrutura e os princípios da ACV,
a ISO 140403 – seguida posteriormente por outras derivadas, como a
ISO 14041 (em 1998), a 14042 e a 14043 (ambas em 2000) (BJORN et
al., 2018a; KLÖPFER; GRAHL, 2014).
NA PRÁTICA
3 Atualmente, em sua segunda versão, a ISO 14040:2006, ou, na versão brasileira, ABNT NBR ISO 14040:2009.
4 O problema de não se ter bases de dados consistentes para realizar a ACV, na prática, é que, por exemplo,
torna-se difícil comparar diferentes empresas, produtos ou processos industriais para saber qual tem um
menor impacto ambiental.
Década
de 1960 1990 1995 2005
Desenvolvimento Expansão do
Surgimento dos
da ISO 14040 escopo do uso para
softwares (Sima
(1997) e de a sustentabilidade
Marcos Nascimento do Pro e GaBi) e de
(LCSA) (2008) e
bases de dados
históricos conceito métodos mais
internacionais crescimento da
sistemáticos para
amplas utilização por parte
realizar a ACV
(ECOINVENT, das empresas
2003)
Desenvolvimento
Consolidação do
de diferentes
conceito de
Evolução métodos e Consolidação e
esforço para o Estabelecimento
adaptação dos expansão do uso
conceitual desenvolvimento de padrões
indicadores da ferramenta
de ferramentas
conforme a
consistentes
opinião pública
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até a produção, uso e destinação final” (KLÖPFER; GRAHL, 2014, p. 1).
Distribuição
(aos varejistas)
Transformação Uso e
de matéria-prima estoque
Extração de
Reciclagem
matéria-prima
Descarte
Bjorn et al. (2018b) explicam que a razão principal pela qual a ACV
considera todo o ciclo de vida é que esforços para reduzir o impacto am-
biental em determinada etapa de um ciclo podem levar, não intencional-
mente, ao aumento do impacto ambiental em outras etapas. Portanto,
é necessária uma visão sistêmica. Por exemplo, os autores comparam
combustíveis fósseis como a gasolina com os biocombustíveis. Por um
lado, usar biocombustível reduz as emissões de gases de efeito estufa
no consumo do combustível quando comparados com combustíveis
fósseis; por outro lado, pode gerar emissões superiores na colheita das
safras dos gêneros agrícolas (como a cana-de-açúcar) usados na pro-
dução e na extração do biocombustível.
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A ACV considera um amplo número de aspectos ambientais em
sua análise, totalizando cerca de 15 diferentes temáticas, que, por sua
vez, apresentam suas próprias subdivisões (Bjorn et al., 2018b). Essas
temáticas consideradas estão em constante evolução, porém é possí-
vel apontá-las como as prevalecentes na maioria das ACVs. São elas
(ROSENBAUM et al., 2018):
•• mudanças climáticas;
•• barulho;
•• patógenos.
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certo espaço para julgamentos de valor por parte dos responsáveis pela
ACV. Isso porque é possível atribuir uma ponderação sobre qual a rele-
vância dos diferentes impactos ambientais e dos seus efeitos ao longo
do tempo. Por exemplo, pode-se atribuir uma ponderação maior para as
emissões em comparação com a eutrofização.
6 Embora a ISO 14040 estabeleça a estrutura e os princípios para a realização da ACV, é a ISO 14044:2006
que detalha os procedimentos para sua realização.
7 O sistema de produto abrange todas as atividades e os processos que estão envolvidos com a produção
de um produto, desde a extração até a destinação final, considerando a limitação de escopo do sistema
estabelecida. Além disso, ele considera a função que o produto executa (KLÖPFER; GRAHL, 2014).
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impacto a serem considerados. Esses impactos podem ser bas-
tante amplos, tendo em conta os 15 que apresentamos acima,
ou mais restrito a alguns, notadamente, os considerados mais
relevantes.
NA PRÁTICA
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
um sistema de produto”.
8 As “unidades de processo” são as menores unidades para as quais os dados são coletados (ISO, 2006).
Um sistema de produto, por sua vez, é composto por diferentes unidades de processo (HEIJUNGS; GUINÉE,
2012). Por exemplo, no exemplo do biodiesel (o sistema de produto), pode-se considerar uma unidade de
processo a produção dos fertilizantes a serem utilizados na produção da cana-de-açúcar ou o processo de
colheita da cana-de-açúcar.
2.4 Interpretação
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2018). Com efeito, busca-se interpretar os aspectos identificados mais
significativos, avaliar a completude e a consistência dos resultados, te-
cer conclusões e recomendações, bem como ponderar limitações da
ACV realizada (ISO, 2006).
Considerações finais
Neste capítulo, abordamos de maneira introdutória os principais
conceitos e ferramentas empregados na ACV. Como mencionamos,
a ACV tem evoluído consideravelmente ao longo dos anos, mais
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ISO 14040: gestão
ambiental – avaliação do ciclo de vida: princípios e estrutura. Rio de Janeiro:
ABNT, 2009.
BJORN, Anders et al. LCA History. In: HAUSCHILD, Michael Z.; ROSENBAUM,
Ralph K.; OLSEN, Stig Irving (Ed.). Life cycle assessment: theory and practice.
Cham: Springer International, 2018a.
CIROTH, Andreas. Software for life cycle assessment. In: CURRAN, Mary Ann
(Ed.). Life cycle assessment handbook: a guide for environmentally sustainable
products. Salem: Wiley, 2012.
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Carnegie Mellon University, 2018. Disponível em: <http://www.eiolca.net/
Method/index.html>. Acesso em: 18 ago. 2018.
HORNE, Ralph; GRANT, Tim; VERGHESE, Karli. The development of life cycle
assessment methods and applications. In: HORNE, Ralph; GRANT, Tim;
VERGHESE, Karli. Life cycle assessment: principles, practices and prospects.
Melbourne: Csiro Publishing, 2009.
KLÖPFER, Walter; GRAHL, Birgit. Life cycle assessment (LCA): a guide to best
practice. Weinheim: Wiley, 2014.
Novas ferramentas
e modelos:
ecodesign
193
1 Contexto de surgimento e conceitos
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As raízes históricas do ecodesign têm certa relação com conceitos
como ecoeficiência e ecologia industrial, sendo todos eles gestados em
um contexto de questionamento sobre os “limites de crescimento” e en
durecimento da legislação ambiental a partir dos anos 1970 e também
de adoção de um comportamento mais proativo e preventivo por parte
das empresas e do crescimento da consciência ambiental por parte dos
consumidores a partir da década de 1980. Tendo em vista justamente
uma abordagem proativa, como esclarecem Vezzoli e Manzini (2008),
seria natural pensar alternativas ambientalmente mais conscientes des
de o início do processo produtivo e do ciclo de vida do produto: o design
e a produção.
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•• aumentar o conhecimento sobre o produto (por exemplo, por
meio da análise do seu ciclo de vida);
1.1 Biomimética
NA PRÁTICA
2 O termo biomimética é originado de duas palavras de origem grega: bio, que significa “vida”, e mimesis, que
significa “imitação”, portanto, “imitação da vida” ou “imitação da natureza”.
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(MCDONOUGH; BRAUNGART, 2002).
NA PRÁTICA
ambiental
Os materiais são os blocos menores por meio dos quais construí
mos os produtos e, consequentemente, movemos a economia. Por
essa razão, a seleção do material a ser utilizado na produção do produto
é fundamental em termos de design. De uma maneira ou de outra, todos
os materiais têm origens biológicas ou geológicas, podendo também
ser classificados como de origem orgânica ou inorgânica. Os orgânicos
se originam de organismos vivos (por exemplo, algodão, madeira e cou
ro), sendo renováveis por serem considerados de relativa rápida regene
ração; os inorgânicos, por sua vez, são obtidos a partir de um processo
de extração da crosta terrestre (vide caso de minerais e petróleo), sendo
considerados não renováveis (FIKSEL, 2009).
3 São passíveis de reciclagem apenas aqueles metais que não possuem moléculas complexas (FIKSEL,
2009).
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duto fique menor, mais fino ou mais leve, mantendo-se as mesmas ca
racterísticas do produto, tendem a ser preferíveis, porque economizam
espaço ou gastam menos energia no transporte. Em termos de pós-uso,
a empresa deve ter consciência de em que medida é economicamente
compensador e tecnologicamente viável reciclá-lo (FIKSEL, 2009).
3 Características do ecodesign
Para conseguir desenvolver o ecodesign, é necessário estabelecer
os princípios que o compõem. Isso inclui não somente o desenvolvi
mento do produto em si como aspectos relacionados, por exemplo, em
balagem, logística e processo produtivo.
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insumos reciclados.
4 O reúso de materiais de maneira criativa e agregando valor é conhecido como upcycling. É o oposto
do downcycling, que consiste em transformar os materiais a serem reutilizados em insumos de menor
qualidade. Ambos são considerados “duas faces” da reciclagem.
5 Um exemplo relevante da questão da compatibilidade é o plástico. Embora, de modo geral, ele possa
ser reciclado, também pode ser composto de diferentes materiais, o que pode tornar a reciclagem mais
ou menos difícil e, em alguns casos, até impraticável. Isso porque o material resultante da reciclagem de
diferentes plásticos incompatíveis pode perder significantemente suas características, como a resistência
(Behrendt et al., 1997).
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• PEAD (polietileno de alta densidade);
• PP (polipropileno);
• PS (poliestireno);
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leção dos meios de transporte mais adequados, gerenciamento
adequado da frota de veículos (garantindo adequada manuten
ção e opção por veículos mais ecoeficientes), seleção dos forne
cedores de acordo com critérios ambientais, entre outras.
Considerações finais
Neste capítulo, estudamos o histórico e a evolução do ecodesign, os
principais conceitos relacionados, os materiais sustentáveis utilizados
e que passaram a ser desenvolvidos principalmente com base na abor
dagem da biomimética e do “berço ao berço” e também suas principais
características, baseadas em 13 princípios.
Referências
ARRUDA, Felipe. 5 tecnologias inspiradas pela natureza. Tecmundo, 28
ago. 2011. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/ciencia/12821-5-
tecnologias-inspiradas-pela-natureza.htm>. Acesso em: 15 out. 2018.
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and sustainability. New York: Springer, 2016.
GIUDICE, Fabio; LA ROSA, Guido; RISITANO, Antonino. Product design for the
environment: a life cycle approach. Boca Raton: Taylor & Francis Group, 2006.
Sustentabilidade e
responsabilidade
socioambiental
209
1 Visão tradicional e moderna da
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responsabilidade social corporativa
As origens do termo “responsabilidade social” remontam a um longo
período passado, quando já se discutia o papel da iniciativa empresa-
rial na sociedade. Contemporaneamente e de modo formal, contudo, o
termo começou a ser discutido apenas no século XX, mais especifica-
mente a partir da década de 1950 (CARROLL, 1999). Nessa década, pes-
quisadores e professores da área de direito, administração e economia
passaram a discutir os limites do capitalismo, pensando na emergência
de um Estado de bem-estar social (BANSAL; SONG, 2017).
1 Em inglês, na versão original de 1953 e relançada múltiplas vezes posteriormente, Social responsabilities of
the businessman. Conforme Carroll (1999) menciona, businessman não seria a terminologia mais adequada
atualmente, já que há muitas mulheres, de maneira crescente, ocupando cargos de liderança ou mesmo
proprietárias de empresas.
2 Quando falamos em “poder econômico”, poderíamos associar sobretudo com o porte da empresa, seja em
termos de faturamento, número de empregados, dentre outros fatores.
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sociedade, tais como o ativismo ambiental, pela segurança dos trabalha-
dores pelos direitos dos consumidores (CARROLL, 1999).
NA PRÁTICA
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com o tema da sustentabilidade, sendo que, em alguns casos, os auto-
res até mesmo passaram a tomar os termos como sinônimos (BANSAL;
SONG, 2017). Nesse período, entre outros trabalhos, podemos desta-
car o de Zadek (2004). O autor afirma que as empresas não podem ser
simplesmente classificadas como socialmente responsáveis ou não.
Tampouco se pode esperar que uma empresa se torne socialmente
responsável de um dia para o outro. Na verdade, ele argumenta que as
empresas se encontram em um processo evolucionário de aprendizado
sobre responsabilidade social que se estende por cinco estágios.
(cont.)
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partir das décadas de 1980 e 1990, com base no reconhecimento por
parte das empresas de que se tratava não somente de algo desejável
eticamente, mas que também poderia trazer resultados econômicos
positivos e que deveria ter um alinhamento com as estratégias da em-
presa. Essa é a visão moderna e predominante atualmente, embora
ainda hoje se encontrem empresas nos diferentes estágios. Por fim,
o estágio civil emergiu a partir da década de 2000, e geralmente é al-
cançado por um número menor de empresas, notadamente, aquelas
que estão à frente das demais e conduzem as principais mudanças,
tentando mobilizar toda a indústria a agir de maneira mais socialmen-
te responsável, até mesmo fornecedores, competidores e contando
com uma colaboração próxima de outros stakeholders, como ONGs
e ativistas.
Responsabilidade filantrópica
(ser um bom cidadão)
Responsabilidade ética
(fazer o que é justo e evitar causar danos aos demais)
Responsabilidade legal
(cumprir a lei)
Responsabilidade econômica
(ser lucrativo)
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rios pelo trabalho realizado) e com os clientes (entregar o produto com
a qualidade esperada e de maneira segura).
IMPORTANTE
3 Em seu modelo original, Carroll (1979) fala em responsabilidade “discricionária” em vez de “responsabilidade
filantrópica”. O termo discricionário é usado na administração para referir-se a decisões ou ações que podem ser
tomadas por um administrador ou funcionário de uma organização com certa liberdade e baseadas em suas
convicções e julgamento, sem que seja limitado por lei ou por uma norma interna da organização, por exemplo.
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de sustentabilidade empresarial (ISE) e do Fórum Amazônia Sustentá-
vel, entre muitas outras iniciativas. Essas atividades são desenvolvidas
por seus membros empresariais (conta com mais de 500 empresas as-
sociadas) em parceria com a academia (universidades e institutos de
pesquisa), outras entidades da sociedade civil e o governo (INSTITUTO
ETHOS, 2017).
NA PRÁTICA
4 Interessante observar que Howard Bowen, um dos precursores da responsabilidade social, produziu seu
livro a pedido de um conselho de igrejas cristãs dos EUA, a propósito de buscar um aprofundamento dos
valores cristãos e da vida econômica (BANSAL; SONG, 2017). Esse fato demonstra o papel dos valores e da
moral no movimento e no debate sobre responsabilidade social.
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como resposta, inicialmente, a questionamentos sobre que impacto os
limites do ecossistema e sua degradação poderiam gerar na empresa e
vice-versa. Posteriormente, outros aspectos mais abrangentes, inclusi-
ve com forte fundo social, como crescimento populacional e segurança
alimentar, foram incorporados à agenda. Baseando-se em evidências
e articulações lógico-racionais, a conclusão a que se chega é que es-
sas questões, se agravadas, poderiam causar significativos prejuízos
à capacidade de sobrevivência da organização. Baseia-se na lógica da
ciência dos sistemas, segundo a qual todas as partes (empresas, meio
ambiente, sociedade) estão interligadas, se influenciam e se moldam
(BANSAL; SONG, 2017).
6 Até a conclusão do livro, no início de 2019, as consequências ainda não tinham sido completamente
identificadas. Avaliações preliminares, contudo, já apontavam a perda de centenas de vidas.
Referências
BANERJEE, Subhabrata Bobby. Corporate social responsibility: the good, the
bad and the ugly. Critical Sociology, v. 34, n. 1, p. 51-79, 2008.
BANSAL, Pratima; SONG, Hee-Chan. Similar but not the same: differentiating
corporate sustainability from corporate responsibility. Academy of Management
Annals, v. 11, n. 1, p. 105-149, 2017.
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
2017. Disponível em: <https://www.ethos.org.br/conteudo/sobre-o-instituto/#.
W9v70OLLd9A> Acesso em: 2 nov. 2018.
Sustentabilidade
e gestão de
stakeholders – visão
externa
225
Este capítulo tem como objetivo compreender o que significa a gestão
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de stakeholders como estratégia de sustentabilidade nas organizações.
Particularmente, estudaremos o papel e o relacionamento da empresa
com alguns dos principais stakeholders externos.
1 Tradução livre da obra original de Freeman de 1984, sem tradução para o português, Strategic management:
a stakeholders approach.
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stakeholders de que a empresa deve manter em vista não somente os
interesses do acionista durante a gestão da empresa.
PARA PENSAR
Alguns autores, como Driscoll e Starik (2004), defendem que o meio am-
biente pode ser considerado um stakeholder. Se pensarmos que o meio
ambiente afeta e é afetado pela organização, faz todo sentido. Contudo,
pensando por outro lado, não é claro se ele pode ser considerado uma
“parte interessada”, pois ele não tem voz própria. Em vez disso, tende a
ser representado por outras partes interessadas em sua defesa, como
organizações ambientalistas, governos e, em alguns casos, até outras
empresas ou stakeholders internos (departamento do meio ambiente).
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ternos, sobretudo os funcionários, podem ser subdivididos em diferen-
tes grupos, e cada qual pode ter interesses diversos e afetar a empresa
de maneira diferente, além de interagir de vários modos com os diferen-
tes stakeholders externos (FREEMAN, 1984; WEISS, 2009). O quadro 1
explora essas diferenças entre objetivos e responsabilidades dos dife-
rentes departamentos.
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do tempo: nem sempre é possível encontrar uma convergência
imediata dos interesses dos stakeholders, mas o objetivo deve
ser buscar a maior convergência possível em uma perspectiva de
longo prazo e duradoura.
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gam até mesmo a evidenciar suas fragilidades e reconhecer que ainda
podem melhorar em muitos aspectos. Essas informações podem ser
fornecidas por meio de relatórios anuais, em que as ações das empre-
sas relativas à sustentabilidade em determinado ano são descritas. No
Brasil, é cada vez mais comum que as empresas, sobretudo as gran-
des, façam isso. Segundo relatório divulgado pela B3, a antiga Bolsa de
Valores de São Paulo (Bovespa), cerca de 75% das maiores empresas
brasileiras de capital aberto (i.e., empresas com ações na bolsa de va-
lores) publicam relatórios tendo como base os objetivos de desenvolvi-
mento sustentável (ODS) (B3, 2018).
IMPORTANTE
IMPORTANTE
2 No Brasil, a certificação do Rainforest Alliance está a cargo do Instituto de Manejo e Certificação Florestal
e Agrícola (Imaflora), sediado em Piracicaba.
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laboração com seus fornecedores com o intuito de estes aprimorarem
seu próprio desempenho socioambiental.
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desempenho ambiental das empresas. Algumas das principais medi-
das que os governos deveriam tomar, segundo os autores:
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tampados com motivos de fauna e flora brasileiros e parte da receita
das vendas vai para a ONG; e a parceria entre a Fundação SOS Mata
Atlântica e o Banco Bradesco, em que parte da anuidade do cartão do
banco estampado com os motivos da ONG é revertida para ela mesma.
Considerações finais
Neste capítulo, apresentamos e explicamos o surgimento do concei-
to de stakeholders. Além disso, discutimos especificamente a gestão de
stakeholders, atualmente utilizada pelas empresas para planejar suas
estratégias e estabelecer como desenvolverá suas ações de forma a
construir um bom relacionamento com as mais variadas partes interes-
sadas nos resultados da empresa e procurar atender seus interesses.
Referências
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Barueri: Manole, 2015.
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Standards. Amsterdam: GRI, 2018. Disponível em: <https://www.globalreporting.
org/standards/gri-standards-download-center/>. Acesso em: 4 nov. 2018.
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Londres: Sage Publications, 2009. p. 288-302.
PARMAR, Bidhan L. et al. Stakeholder theory: the state of the art. The Academy
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sas? WWF, 2018. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/
empresas_meio_ambiente/>. Acesso em: 4 nov. 2018.
Sustentabilidade
e gestão de
stakeholders – visão
interna
243
1 Sustentabilidade e relacionamento com
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públicos internos: acionistas, gerentes,
funcionários, gestão de pessoas
Quando falamos em stakeholders internos, consideramos acio-
nistas, gerentes e funcionários de diversas áreas (FREEMAN, 1984).
Contudo, esse grupo de “stakeholders internos”, como se pode esperar,
está longe de ser homogêneo. De fato, cada um dos stakeholders que
compõe esse grupo têm interesse em um bom desempenho global da
empresa, mas também tem interesses próprios e legítimos que levam
em conta na hora de tomar decisões e realizar ações. Da mesma forma,
cada um desses atores tem o potencial de oferecer contribuições para
aprimorar a sustentabilidade da empresa (SAVITZ; WEBER, 2006).
1 Importante ressaltar que nem sempre essas funções são estruturadas em departamentos dentro das
empresas. Muitas vezes, pode-se falar em áreas com estruturas enxutas, de poucos funcionários e que
interagem com diferentes áreas. Mesmo no caso da sustentabilidade, por exemplo, Savitz e Weber (2006)
defendem que o ideal para algumas empresas é que não exista um “departamento de sustentabilidade”,
com estrutura fixa e papéis formais, mas, sim, um “departamento virtual”, sem estrutura formal e sem
orçamento próprio, composto por pessoas de diferentes departamentos.
IMPORTANTE
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senvolvido por Ottman, Stafford e Hartman (2006), consiste no erro
que algumas empresas cometem de tentar comercializar produtos
que, embora tenham um forte apelo de sustentabilidade, não satisfa-
zem as necessidades básicas dos clientes. Contra isso, os autores su-
gerem que as empresas explorem pelo menos uma das cinco necessi-
dades básicas ao desenvolverem e divulgarem produtos sustentáveis:
3 Em 2018, todos os sete veículos elétricos comercializados no Brasil custavam a partir de R$ 120 mil
(CONHEÇA..., 2018).
4 No Brasil, em julho de 2018, o município do Rio de Janeiro se tornou a primeira capital brasileira a aprovar
uma lei banindo o uso de canudos plásticos. A capital fluminense seguiu o caminho do município de Cotia,
no interior de São Paulo, que sancionou lei semelhante em junho do mesmo ano (BARBOSA, 2018).
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direcionam para o conjunto de stakeholders da empresa (HITCHCOCK;
WILLARD, 2008). Dessa forma, os profissionais desse departamento
circulam pelas diferentes áreas coletando e posteriormente relatando
os dados apurados segundo um conjunto de indicadores definidos pela
empresa, que, em geral, baseiam-se em referências consolidadas como
o padrão do Global Reporting Initiative (GRI).
NA PRÁTICA
5 Mencionando outros autores, Willard (2014) cita que o desempenho do funcionário está diretamente
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Enquanto muitas empresas desenvolvem ações sociais direcionadas a
stakeholders externos, como ONGs e comunidades no entorno da em-
presa, é importante que a empresa também não se esqueça do aspecto
social interno: os funcionários. Isso inclui, por exemplo, oferecer oportu-
nidades de os funcionários se desenvolverem, promover a diversidade,
democratizar a participação na tomada de decisões, ter critérios trans-
parentes e objetivos para a promoção, entre muitos outros aspectos.
1.2.1 Treinamento
relacionado à aptidão para o trabalho e à motivação intrínseca para desempenhar a função e as tarefas que
lhe foram atribuídas.
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Um programa de remuneração baseado em metas ou bônus de
acordo com o desempenho dos funcionários em relação a determina-
das metas e objetivos pode ser um importante aliado das empresas no
sentido de incentivá-las a aprimorar a sustentabilidade em suas áreas
(JABBOUR; SANTOS; NAGANO, 2009). Dessa forma, parte da remunera-
ção variável do funcionário é vinculada ao atingimento de metas como
redução da quantidade de emissões de gases de efeito estufa ou da
toxicidade dos produtos.
IMPORTANTE
1.3 Acionistas
Essa percepção foi confirmada nos últimos anos, por diversas de-
monstrações por parte dos acionistas de que passaram a se preocupar
com ações ambientais das empresas e valorizá-las. Entre os acionistas
com esse novo posicionamento, destacam-se, sobretudo, os chamados
“investidores institucionais”, isto é, fundos que administram investimen-
tos de pessoas físicas e de empresas e que têm políticas específicas
para determinar a maneira como o dinheiro deve ser investido.
6 Dados dão conta de que mais de 1.400 investidores de mais de 50 países, representando valores de quase
59 trilhões de dólares, sejam signatários dos PRI (UNEP-FI, 2016).
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zida pela Associação Brasileira de Mercado Financeiro e de Capitais
(Anbima), que criou uma categoria de fundo de investimento em ações
denominado “sustentabilidade/governança”, em que classifica os fun-
dos que “investem em empresas que apresentam bons níveis de go-
vernança corporativa, ou que se destacam em responsabilidade social
e sustentabilidade empresarial no longo prazo” (ANBIMA, 2016, p. 20).
Bancos como Itaú e Santander, com histórico na área de sustentabilida-
de, por exemplo, têm fundos dessa natureza.
Essa tendência de buscar o lucro de curto prazo pode ter várias mo-
tivações, mas a principal talvez seja o interesse em aumentar o valor
das ações de uma empresa de capital aberto.8 Dentro desse contexto, é
preciso entender que a composição do salário dos principais diretores e
executivos das empresas, embora tenha uma parte fixa, é em sua maior
parte variável, em formato de bônus, ou seja, varia de acordo com o de-
sempenho da empresa em alguns fatores, dentre os quais os lucros, e o
preço da ação tendem a ser o principal (SCHOENMAKER, 2017).
8 Empresas de capital aberto são aquelas empresas que têm ações (isto é, pequenas partes da propriedade
da empresa) em bolsas de valores (no caso do Brasil, a principal é a B3 – antiga Bovespa) que podem ser
compradas e vendidas pelos acionistas segundo o preço pelo qual são avaliadas diariamente pelo mercado.
O somatório do valor das ações, em última medida, é usado por muitos analistas como indicador do valor
da empresa no mercado.
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Quando da decisão em termos de investimentos em sustentabilidade, é
importante considerar na equação, de um lado, os impostos e as taxas
evitados (que evitam aumento de custos); e, por outro lado, incentivos
públicos disponíveis (que geram menor necessidade de investimento)
(SUKHDHEV, 2013). Com isso, pode-se ter uma maneira mais realista de
avaliar o custo-benefício financeiro.
9 Bansal e DesJardine (2014) falam da decisão relativamente ousada da Unilever de publicar relatórios
financeiros semestralmente, indo contra a expectativa do mercado financeiro de ter acesso a relatórios
financeiros quadrimestrais. Segundo os autores, isso ajuda a combater o “curto-prazismo”, pois, mesmo em
investimentos em sustentabilidade com retorno praticamente certo, como os de ecoeficiência, o prazo de
retorno pode ser longo – chegando a diversos anos ou mesmo mais de década. Na prática, isso significa
que a empresa tem de aumentar seus custos no presente (para poder investir) com a expectativa de gerar
maiores lucros/menores custos ao longo do tempo.
10 Nas empresas, geralmente considera-se liderança ou alta liderança os cargos de presidente (ou CEO), os
diretores e os membros do conselho de administração.
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determina os objetivos que a organização assumirá para um futuro não
somente de curto prazo, mas também de longo prazo, e qual estratégia
a organização adotará para conseguir atingi-los, apresentando uma vi-
são de longo prazo. Como consequência prática, a organização destina-
rá recursos e tempo significativos para atingir esses objetivos, integrará
a temática na tomada de decisões e valorizará esforços daqueles que
contribuírem para o sucesso (SAVITZ; WEBER, 2006).
NA PRÁTICA
Assim, uma vez que a alta liderança sinalize uma trajetória em rela-
ção à busca constante do aprimoramento da sustentabilidade, todos
os demais funcionários – por definição, subordinados diretos ou indi-
retos – terão incentivos para desenvolver ações e comportamentos
que aprimorem a sustentabilidade dentro da empresa. Primeiro, serão
recompensados por isso. Segundo, terão recursos para que consigam
desenvolver as ações necessárias. Um terceiro aspecto é que tendem a
ser inspirados a fazer isso.
Financeiro
Produção e operações • Gasto com multas ambientais evitado
• Quantidade de resíduos gerados • Valorização das ações da empresa em
• Redução da quantidade de embalagem consequência da melhoria da reputação quanto à
• Porcentagem de materiais comprados de sustentabilidade
fornecedores com a ISO 14001 • Economia de recursos decorrente da tomada de
medidas de ecoeficiência
Considerações finais
Neste capítulo, discutimos os diferentes papéis que algumas das prin-
cipais áreas da empresa, caracterizadas como stakeholders internos, po-
dem desempenhar para que a sustentabilidade seja implementada e/ou
expandida de maneira efetiva. Especificamente, abordamos o papel das
áreas de marketing, gestão de pessoas, produção e operações e da ges-
tão financeira, responsáveis diretas pelas ações.
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acionistas e investidores estão tomando para incentivar o desenvolvi-
mento da sustentabilidade nas organizações. Por fim, coordenando os
esforços, refletimos sobre o papel da liderança da organização no sen-
tido de apresentar uma visão sobre aonde a empresa quer chegar em
termos de sustentabilidade e dar os incentivos e recursos suficientes
para que todos se mobilizem nessa direção.
Referências
ACCENTURE; GLOBAL COMPACT – UN. The UN Global Compact-Accenture
Strategy CEO Study 2016. Agenda 2030: A Window of Opportunity. Accenture
& Global Compact – UN, 2016. Disponível em: <https://www.accenture.com/
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EPSTEIN, Marc J.; WISNER, Priscilla. Good neighbours: implementing social and
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Dexter et al. (Org.). Sustainability: the corporate challenge of 21st century.
Sydney: Allen & Unwin, 2000.
SAVITZ, Andrew W.; WEBER, Karl. The triple bottom line: how today’s best-run
companies are achieving economic, social, and environmental success and how
you can too. San Francisco: John Wiley & Sons, 2006.
Sustentabilidade
e desempenho
organizacional
265
1 Relatórios de sustentabilidade e sistemas
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de avaliação (GRI/ETHOS)
As razões pelas quais as empresas desenvolvem relatórios de sus-
tentabilidade variam. Algumas das principais razões que podem ser
mencionadas são: necessidade de construir confiança com stakeholders-
-chave como ONGs e comunidades, sobretudo quando a empresa tem
atividades de alto impacto ambiental; influenciar formadores de opinião
sobre a reputação e as ações da empresa; diferenciar-se em relação a
competidores, ou, no caso das empresas que não estejam na vanguar-
da, seguir os competidores; além de facilitar o acompanhamento do de-
sempenho socioambiental ao longo de toda a empresa (ADAMS; FROST,
2008; KOLK, 2010).
Melhoria contínua
Políticas da empresa
Definição da missão, visão
e estratégia global
Planejamento
Objetivos e metas
Plano de ação
Revisão
Implementação e operação
Execução do planejamento,
procedimentos e processos
Monitoramento e avaliação
Acompanhamento dos indicadores
Comparação com padrões de referência
Retroalimentação Realização do diagnóstico
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penho baseados em sustentabilidade. Por exemplo, em seu levanta-
mento, Blass et al. (2015) encontraram mais de 17 tipos diferentes que
podem ser usados por organizações no Brasil. Eles variam de mais ou
menos detalhados, e entre princípios, objetivos e indicadores, podem
variar de 7 a mais de 150 tópicos a serem relatados. Vejamos dois dos
mais importantes sistemas de relato sobre o desempenho em sustenta-
bilidade utilizados por empresas no Brasil: o GRI e o Ethos.
NA PRÁTICA
No Brasil, cerca de 85% das 100 maiores empresas publicam algum tipo
de relatório sobre suas práticas de responsabilidade corporativa (KPMG,
2017). Das 62 maiores empresas com ações na bolsa de valores de São
Paulo (B3), a maior e mais importante bolsa do Brasil, 41 delas publicam
relatórios de sustentabilidade com base nos objetivos do desenvolvi-
mento sustentável (ODS) (B3, 2018).
• Desempenho econômico
• Presença de mercado
• Impactos econômicos indiretos
ECONÔMICOS (GRI 200)
• Práticas de compras
• Práticas anticorrupção
• Comportamento anticompetitivo
(cont.)
1 Os padrões do GRI em sua versão G4 não têm tradução para o português, embora tenham uma
representação no Brasil.
• Emprego
• Relação entre o trabalhador e a administração
• Saúde e segurança ocupacional (do trabalho)
• Educação e treinamento
• Diversidade e igualdade de oportunidades
• Não discriminação
• Liberdade de associação e negociação coletiva
3 Estágio 1: cumprimento e/ou tratativa inicial; estágio 2: iniciativas e práticas; estágio 3: políticas,
procedimentos e distemas de gestão; estágio 4: eficiência; estágio 5: protagonismo.
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DIMENSÃO GOVERNANÇA E GESTÃO
Tema: governança organizacional
DIMENSÃO VISÃO E ESTRATÉGIA Subtema: governança e conduta
Indicadores*: Subtema: prestação de contas
1. Estratégias para a sustentabilidade Tema: práticas de operação e gestão
2. Proposta de valor Subtema: práticas concorrenciais
3. Modelo de Negócios Subtema: práticas anticorrupção
Subtema: envolvimento político responsável
Subtema: sistemas de gestão
DIMENSÃO SOCIAL
Tema: direitos humanos
Subtema: situações de risco para os direitos
humanos
Subtema: ações afirmativas DIMENSÃO AMBIENTAL
Tema: práticas de trabalho Tema: meio ambiente
Subtema: relações de trabalho Subtema: mudanças climáticas
Subtema: desenvolvimento humano, benefícios e Subtema: gestão e monitoramento dos impactos
treinamento sobre os serviços ecossistêmicos e a biodiversidade
Subtema: saúde e segurança no trabalho e qualidade Subtema: impactos do consumo
de vida
Tema: questões relativas ao consumidor
Subtema: respeito ao direito do consumidor
Subtema: consumo consciente
*Observação: a dimensão “visão e estratégia” não tem divisão em tema e subtema, apenas os três
indicadores mencionados.
2 Indicadores socioambientais
Os indicadores de desempenho ou performance,5 de modo geral, são
utilizados para avaliar qual é a situação da empresa segundo alguns as-
pectos considerados como mais importantes (JAMOUS; MÜLLER, 2013).
5 Também conhecidos no cotidiano organizacional como key performance indicators (que podem ser
traduzidos como indicadores-chave de desempenho) ou simplesmente pela sigla KPI.
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Os indicadores de desempenho, ou KPI, são utilizados pela empresa
para comparar seu desempenho em determinado período com seu pró-
prio desempenho no passado, comparar o desempenho de diferentes
unidades da empresa com funções e atuações parecidas ou mesmo
com concorrentes e outras empresas. Essa comparação com empresas
externas é conhecida como benchmarking.
3 Sustentabilidade e competitividade
Epstein e Wisner (2001) defendem que não basta haver uma rela-
ção entre o desempenho socioambiental da empresa e seu desempe-
nho econômico. Os gestores responsáveis pelas iniciativas socioam-
bientais devem estar aptos a comprovar essa relação objetivamente.
Uma das formas de fazer isso, sugerem os autores, é por meio da
construção de um conjunto de indicadores que consiga estabelecer
uma relação entre os aspectos socioambientais e a estratégia da em-
presa e também que permita que esses aspectos sejam desdobra-
dos de forma a serem controlados pelas diferentes áreas da empresa,
como marketing, finanças e operações.
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ambiental
A ISO também conta com uma norma de avaliação do desempenho
ambiental das organizações dentro da chamada “família ISO 14000”, a
ABNT NBR ISO 14031:2015, cuja primeira edição foi lançada em 1999.
Atualmente, vigora a 2a edição, traduzida da versão em inglês de 2013.
Embora a ISO 14031 seja restrita apenas a aspectos ambientais, ela
sugere um número significantemente maior de indicadores ambientais
quando comparada a outros sistemas de indicadores de sustentabili-
dade, como o GRI. Assim, esses indicadores podem ser usados de ma-
neira complementar, visando trazer maior transparência a respeito do
desempenho da empresa (MORHARDT; BAIRD; FREEMAN, 2002).
Os IDAs, por sua vez, dizem respeito diretamente aos impactos gera-
dos pela organização e sob os quais a organização tem controle direto. Os
IDA podem ser de dois tipos. Os Indicadores de Desempenho Gerencial
(IDG), que avaliam o desempenho de ações gerenciais com o potencial
de impactar o desempenho ambiental da empresa. Um exemplo de IDG
é o valor gasto com pesquisas para aprimorar a eficiência energética dos
processos produtivos da empresa. E os indicadores de desempenho ope-
racional (IDO), que avaliam o desempenho ambiental das operações da
empresa. Um exemplo de IDO é a quantidade de água consumida na pro-
dução de uma unidade de produto da empresa (ABNT, 2004).
IMPORTANTE
6 Nesse sentido, diferencia-se da GRI ou do Ethos, que, embora deem alguma liberdade para as empresas,
determinam que elas façam escolhas entre um conjunto de indicadores/critérios predeterminados.
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cação das informações, recomenda que as informações e os indicado-
res sejam relatados e comunicados internamente. Menciona também
a possibilidade de a organização relatar voluntariamente seu desempe-
nho ambiental aos stakeholders externos, tendo, nessa hipótese, o de-
vido cuidado de manter um embasamento de dados, mas procurando
adaptar a linguagem técnica ao nível de conhecimento dos principais
interessados nas informações (ISO, 2004).
Considerações finais
Neste capítulo, apresentamos as motivações e o contexto que vêm
levando as empresas a adotar sistemas de reporte de informações so-
bre a sustentabilidade, especialmente no que tange ao seu desempenho
socioambiental.
Referências
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management practices. Accounting Forum, v. 32, p. 288-302, 2008.
HAHN, Tobias; FIGGE, Frank. Why architecture does not matter: on the fallacy
of sustainability balanced scorecards. Journal of Business Ethics, v. 150,
n. 4, p. 919-935, 2018.
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organisation. London: Earthscan, 2008.
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2017. KPMG, 2017. Disponível em: <https://home.kpmg.com/xx/en/home/
campaigns/2017/10/survey-of-corporate-responsibility-reporting-2017.html>.
Acesso em: 3 dez. 2018.
Tendências em
sustentabilidade
nas organizações
Como resultado, esforços têm sido feitos para expor o problema e pro
por soluções. Esforços seja por acadêmicos, como foi o caso do estudo
Os limites do crescimento, no início da década de 1970; seja por empre
sas, caso da Criação da Comissão Empresarial Conselho Empresarial
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD – World Business
Council For Sustainable Development), seja por organismos multilaterais,
como a ONU e seus órgãos, que criaram convenções importantes como
a Rio 92 ou as convenções do clima, e propuseram os objetivos de desen
volvimento sustentável (ODS) em 2015.
281
Diante desses desafios, este capítulo final discutirá o que as empre
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sas têm feito ou estão se engajando para fazer visando à mudança des
se quadro. Assim, o objetivo é conhecer as principais tendências em
termos de conceitos, ferramentas e práticas relacionadas à sustentabi
lidade nas organizações.
NA PRÁTICA
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banqueiro dos pobres, cuja primeira edição é de 1999. Posteriormente,
Yunus publicou um segundo livro, Um mundo sem pobreza: a empresa
social e o futuro do capitalismo (YUNUS; WEBER, 2008), lançando a base
para o conceito de “negócios sociais”, construído com base em sua ex
periência no Grameen Bank e em outras empresas. Posteriormente,
em 2011, lançou também a organização internacional Yunus Negócios
Sociais, que tem uma filial no Brasil, e visa disseminar o conceito e
apoiar organizações dessa natureza.
NA PRÁTICA
286
Ofertadores de recursos financeiros
Organismos nacionais e Pessoas jurídicas Instituições
Governo Pessoas físicas
internacionais de fomento (fundações e empresas) financeiras
Mecanismos Intermediários
Financiamento Contrato de Monitoramento, Produção e disseminação de
Doações Fundos coletivo performance avaliação e certificação conhecimento e informação
Conectam, facilitam
Utilizados por
e certificam
Negócios/organizações de impacto
ONGs sem Negócios sociais com Negócios sociais sem Empresas
ONGs com ONGs com
geração de Cooperativas restrição à distribuição restrição à distribuição puramente
geração de receita negócio social
receita de lucros de lucros comerciais
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capacidade da natureza e dos recursos naturais de se regenerar
continuamente. Em uma analogia financeira, é você viver da ren
da (juros) em vez de consumir a reserva total;
NA PRÁTICA
3 Também conhecido como servitização (ORSATO, 2012). Envolve pensar o negócio de modo a atender
a necessidade do cliente que consome o produto em vez de focar em vendê-lo. Um caso típico foi o da
Interface, que passou a alugar o serviço de carpete em vez de comercializar carpetes para a empresa,
ou o caso da Xerox, que passou a alugar as máquinas de Xerox às empresas, sendo responsável pela
substituição e manutenção delas.
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sos e tecnologias mantidos pela empresa que contribuem para
gerar e entregar valor.
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nutricional superior ao do açaí tradicional e por meio do qual os
consumidores podem ajudar a gerar renda para a população local
que coleta os frutos e ajudar a manter e expandir o reflorestamen
to da Mata Atlântica no Brasil.
NA PRÁTICA
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onde serão alocadas suas equipes de manutenção para que, uma vez
interrompido o funcionamento por conta de uma queda de energia, elas
consigam resolver mais rapidamente o problema.
NA PRÁTICA
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menos 317 mil pessoas foram afetadas (MACHADO, 2015).5
5 Em janeiro de 2019, ocorreu outro rompimento de barragem de resíduos de mineração em Minas Gerais.
Dessa vez no município de Brumadinho, a barragem da empresa Vale (que também é dona da empresa
Samarco) rompeu-se, deixando um grande rastro de destruição cujas consequências ainda seriam
contabilizadas na época da elaboração desse material. Estimativas preliminares dão conta de que, embora
os prejuízos ambientais tenham sido menores comparados aos da barragem de Mariana, a perda de vidas
foi maior, provavelmente na casa de centenas de pessoas.
6 Segundo o IIRC (2014, p. 11), os capitais são definidos como “repositórios de valor que aumentam,
diminuem ou se transformam por meio de atividades e produtos da organização”. O estoque desses capitais
varia ao longo do tempo e os capitais se influenciam entre si.
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e naturais, por exemplo). Ele tem também uma perspectiva futura e es
tratégica (PWC, 2015).
Considerações finais
Neste capítulo, discutimos algumas das principais tendências rela
cionadas à sustentabilidade nas organizações, apresentando conceitos,
ferramentas e estruturas que as organizações estão adotando como
forma de expandir ainda mais a sustentabilidade em suas atividades.
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rompeu-ha-1-mes-traz-mar-de-lama-e-prejuizos-para-o-es.html>. Acesso em:
19 dez. 2018.
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Sustentabilidade nas organizações
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